motivaÇÕes cristÃs · 2019-09-19 · nos-sas doutrinas são bíblicas. nossa identidade...

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Pr. Samuel Mury de Aquino MOTIVAÇÕES CRISTÃS (Estudo em 1 e 2 Pedro) Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense Ano 16 - n° 62 - Julho / Agosto / Setembro - 2019

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Pr. Samuel Mury de Aquino

MOTIVAÇÕES CRISTÃS(Estudo em 1 e 2 Pedro)

Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense

Ano 1

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LIÇÕESSUMÁRIO LIÇÕES

02 52o CONGRESSOESTADUAL DA MCM

03 PALAVRA DO PRESIDENTEPR. ELILDES JUNIO

05 MISSÕES ESTADUAIS

10 VIRA CRIANÇAESCOLA BÍBLICA DE FÉRIAS

11APRESENTAÇÃOPR. SAMUEL MURY DE AQUINO

09 CAPACITAÇÃOPARA ESCOLA BÍBLICA

07 PRIMEIRAS PALAVRASPR. AMILTON VARGAS

LIÇÃO 1 – BENEFÍCIOS

EXTRAORDINÁRIOS PARA VENCER12LIÇÃO 2 – A GRANDIOSIDADE

DA NOSSA SALVAÇÃO16LIÇÃO 3 – O SEGREDO PARA

UMA VIDA SANTA20LIÇÃO 4 – AS MARCAS DA NOVA VIDA

24LIÇÃO 5 – A VIDA CRISTÃ E AS

AUTORIDADES28LIÇÃO 6 – CHAMADOS PARA

FAZER DIFERENÇA32LIÇÃO 7 – ASPECTOS DO

SERVIÇO CRISTÃO36LIÇÃO 8 – A VIDA CRISTÃ

E O SOFRIMENTO40LIÇÃO 9 – O PADRÃO PARA UMA

LIDERANÇA APROVADA44LIÇÃO 10 – CONHECIMENTO QUE

FORTALECE E PRODUZ FRUTOS48LIÇÃO 11 – A PALAVRA DE DEUS É O

ALICERCE PARA A FÉ CRISTÃ52LIÇÃO 12 –ADVERTÊNCIAS CONTRA

OS FALSOS MESTRES56LIÇÃO 13 – CRESCIMENTO ESPIRITUAL:

UM ALVO PERMANENTE60

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PALAVRA DO PRESIDENTEQuerido(a) irmão(ã), é uma

honra chegar até você, como pre-sidente da Convenção Batista Flu-minense, através da revista Palavra e Vida. Não há mérito em mim para tamanho privilégio! Estou no exercí-cio da função unicamente pela bon-dade de Deus. A glória é dele!

Reconhecemos o trabalho rea-lizado pelas diretorias anteriores, bem como pelo nosso diretor exe-cutivo e pela equipe de gestores e colaboradores, pois chegamos até aqui pela instrumentalidade de ser-vos valiosos. Como diretoria atual, temos consciência da grande res-ponsabilidade diante de nós e nos comprometemos a fazer o melhor pela causa.

Por essa razão, pedimos as ora-ções de todo o povo batista flumi-nense. Precisamos mais de oração do que de água para beber.

Temos uma linda história. Nos-sas doutrinas são bíblicas. Nossa identidade denominacional é em-polgante. Somos o povo da perfeita e inerrante Palavra de Deus. Somos aqueles que creem piamente no po-der do Senhor e que se dedicam à oração, nutrindo um estilo de vida devocional e testemunhal.

São essas verdades que ca-racterizam a nossa Convenção, que vai muito além de estruturas.

A Convenção é a expressão da cooperação das igrejas batistas. E nós sabemos que as igrejas não são os templos, mas as pessoas. Igreja é gente, logo, a Convenção somos nós. A Convenção somos eu e você cooperando no Reino.

A Bíblia ensina que “assim como em um corpo temos muitos mem-bros, e todos os membros não têm a mesma função, assim também nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo e, individual-mente, membros uns dos outros” (Romanos 12.4-5).

A beleza da cooperação é saber que Deus nos capacita para dife-rentes funções, visando o mesmo propósito. Temos a mesma missão. Estamos aqui, como Convenção,

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para anunciar a mensagem da sal-vação em Jesus.

Deus tem movido o coração da diretoria. Estamos empolgados e queremos contagiar as igrejas, mo-tivando-as, juntamente com seus pastores, a avançarmos ainda mais.

Nós, batistas, temos uma marca incontestável: o ardor evangelístico. Somos uma denominação missio-nária. Temos sentido o direciona-mento do Espírito Santo, levando as Igrejas ao engajamento com a obra da expansão missionária. O alinhamento da Convenção Batis-ta Brasileira com a visão de Igreja Multiplicadora tem sido uma grande bênção para o Brasil batista e não será diferente no nosso campo.

Em 2020, a Convenção realiza-rá a Campanha de Evangelização “Sim, Eu Creio!” e, desde já, Mis-sões Estaduais está à disposição das Igrejas e Associações para rea-

lizar treinamentos. Se envolva com essa causa! Vamos evangelizar as cidades fluminenses!

A solução é Jesus. Por isso, como Convenção, contribuiremos para termos Igrejas cada vez mais fortes. Igrejas doutrinárias e relacio-namentos saudáveis, desenvolven-do os dons espirituais nos múltiplos ministérios, sensíveis à voz do Es-pírito e obedientes no cumprimento da missão.

Deus está nos concedendo um abençoado ano convencional, que culminará com o maior encontro da família batista fluminense, a 112ª Assembleia da CBF, na cida-de de Campos, em julho de 2020. A Ele, portanto, sejam honra, gló-ria e louvor!

Elildes Junio Macharete FonsecaPresidente da Convenção Batista Fluminense

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PRIMEIRAS PALAVRAS

SIM, EU CREIO!Concebida por nossa liderança de

Missões Estaduais, a Campanha Esta-dual de Evangelização tem como tema a declaração de fé: SIM, EU CREIO!

Esse tema me lembra o texto do evangelho em Marcos 9.14-24, regis-tando a história de um pai que levou seu filho à presença dos discípulos para ser curado de uma enfermidade espiritual, pois ele sofria pela ação de um demônio que o humilhava intensa-mente, tentava matá-lo jogando-o no chão, no fogo e na água, tirava-lhe o direito de falar, emudecendo-o. Quando Jesus chegou ao lugar, viu uma discus-são. Ao perguntar sobre o assunto que motivava a discussão, “17 Um homem, no meio da multidão, respondeu: Mestre, eu te trouxe o meu filho, que está com um espírito que o impede de falar. 18 Onde quer que o apanhe, joga-o no chão. Ele espuma pela boca, range os dentes e fica rígido. Pedi aos teus discípulos que expul-sassem o espírito, mas eles não con-seguiram”.

Jesus criticou a instabilidade na fé de seus discípulos e mandou trazer o menino que manifestou a possessão demoníaca. Jesus perguntou ao pai so-bre o tempo de sofrimento do menino, ao que o pai informou que era desde a infância, pedindo que tivesse compai-xão deles, ajudando-os. Respondendo--o Jesus disse: “Tudo é possível àque-le que crê.” 24 Imediatamente o pai do menino exclamou: “Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade!”

Esse texto é um grande desafio para a minha e para sua vida, pois...

SIM, EU CREIO! É UM DESAFIO A COLOCAR A FÉ EM PRÁTICA – Quando somos desafiados a colocar a fé em prática corremos o mesmo risco dos discípulos: eles fracassaram mes-mo tendo recebido do Senhor o poder para expulsar demônios. Para a decep-ção do pai, eles falharam. Da mesma forma que a Igreja falha, os crentes falham, os líderes falham, os diáconos falham e o pastor também falha, pois falta-nos o poder, o amor, a sabedoria e a fé. Precisamos ter em nossas mentes e corações a certeza de que a melhor atitude é permanecer na presença do Mestre, pois é imperioso colocar a fé em ação.

SIM, EU CREIO! É UM DESAFIO A PERSEVERAR, NÃO DESISTIR – O pai daquele jovem não desistiu, pois quando alguém como aquele pai, per-

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manece esperando em Jesus, colocan-do a fé em prática, é vencedor, mesmo diante da incredulidade dos outros!

Hoje, nós também fracassamos, mas à semelhança dos discípulos, pre-cisamos refletir sobre a razão do fra-casso, onde e por que erramos? Assim seremos edificados e cresceremos em poder, misericórdia, amor e graça. Pre-ciso ser sincero e perguntar a mim mes-mo: onde estou falhando? Com quem tenho falhado? Por que tenho falhado? Talvez com humildade preciso reconhe-cer que estou falhando em minha cami-nhada espiritual. Quando temos a sin-ceridade de reconhecer nossas falhas, confessando-as, restauramos a possi-bilidade de alcançar, pela fé, as vitórias que o Senhor quer dar a cada um de nós, porém é preciso que aprendamos essa preciosa lição.

SIM, EU CREIO! É UM DESAFIO A RECONHECER A RAZÃO DE NOSSAS FALHAS – Reconhecemos que falhamos com você que não é cren-te, ao sonegar-lhe a oportunidade de conhecer a Jesus como Salvador, Se-nhor e Mestre. Falhamos com você que é membro afastado, espiritualmente en-fermo, magoado por causa dos discípu-los que não têm fé e que estão desco-nectados, embora na Igreja. Ao refletir sobre o porquê faltou a fé, encontramos a origem de nossas falhas (inconstân-cia e incredulidade), como disse Jesus no texto correlato, em Mateus 17.17: “Ó geração incrédula e perversa! até quando estarei eu convosco, e até quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui.”

Nesse texto Jesus usa a palavra grega διιστραμίνη (diestrammine) que se traduz por “perversa, má”, derivado de Strefw (dar a volta, mudar de lado,

torcer pelo time adversário, “virar a ca-saca”). Hoje de um lado; amanhã de outro. A inconstância permanente tor-na-se perversão, dissimulação. Quan-do, onde e em que fomos inconstantes? Uma resposta sincera que nos leve a confessar nossas faltas, talvez nos leve ao reconhecimento de que não temos mais intimidade com o Pai. Isso nos impõe a obrigação de renunciar e viver a constância na prática da fé. Não são apenas palavras, mas vida!

Jesus está ensinado que fé é muito mais do que proferir palavras de efeito emocional, como se fossem mágicas, tipo: o sangue de Jesus tem poder, tá amarrado, vade retro. Sem a fé que me leve a testemunhar de Jesus, minha vida não terá sentido. Viver pela fé é mais do que aprender doutrinas difíceis, participar de cerimônias, ou ter hábitos religiosos e certos costumes.

Dizer SIM, EU CREIO! é estar disposto a ser um com o Pai através de Jesus Cristo. A relevância do ensino no texto citado no início não está no tama-nho da fé, mas sim no poder sobrenatu-ral da fé: “Tudo é possível ao que crê” (Mc 9.23).

Dizer SIM, EU CREIO! É Descansar em Deus, confiar totalmente em Cris-to, crer integralmente no Seu infinito poder... Então faça como aquele pai: diga SIM, EU CREIO! AJUDA-ME NA MINHA INCREDULIDADE (falta de fé).

Restaure aquilo que está quebrado, busque intimidade com o Senhor, dei-xando-o encher a sua vida com amor e graça, que vem pela fé no Cristo Vivo.

Pr. Amilton VargasDiretor Executivo da Convenção Batista

Fluminense e Pastor Interino da PIB Universitária do Brasil

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QUEM ESCREVEU

APRESENTAÇÃOEstudaremos neste trimestre sobre

motivações cristãs, a partir das cartas do apóstolo Pedro. Pois diante da per-seguição e sofrimento que os cristãos estavam passando, era necessário aju-dá-los e encorajá-los, fortalecendo-os para que pudessem continuar firmes como seguidores de Jesus Cristo.

São cartas com muitas orienta-ções práticas para a vida cristã, e po-demos afirmar que sua mensagem é extremamente atual. Como Igreja cristã temos muitos desafios e, neste trimes-tre, receberemos ensinamentos pro-fundos para nos auxiliarem em nossa caminhada de fé, com fundamentação bíblico-teológico e alicerçado em ensi-nos recebidos pelo apóstolo diretamente do Senhor Jesus.

Somos motivados pelos temas prin-cipais das cartas, como a salvação e a nova vida, a submissão, o sofrimento, a perseguição, o relacionamento como cristãos e Igreja, o crescimento e a ma-turidade espiritual, o desenvolvimento na fé, o combate aos falsos mestres e a triunfante volta de Cristo. A primeira carta tem sua ênfase no fortalecimento da fé para enfrentar a perseguição e o sofrimento. E a segunda, no conheci-mento para enfrentar os falsos mestres e os ensinos heréticos que vêm grande poder de destruição para a Igreja.

Que o Senhor nos fortaleça através da Sua poderosa Palavra e seja um tempo de desenvolvimento e cresci-mento espiritual!

Pastor Samuel Mury de Aquino, pastor Batista há 22 anos, dos quais quase 20 destes na Terceira Igreja Ba-tista em São Fidélis. Formado em Teo-logia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, com convalidação pela Faculdade Unida de Vitória, formado em Psicologia pela Universidade Está-cio de Sá e Pós-Graduado em Gestão de Pessoas e Liderança Avançada pelo Instituto Haggai.

Na denominação, foi presidente da ABACENF (Associação Centro Flumi-nense); presidente da OPPBB - Sub-se-ção Centro Fluminense; presidente da OPBBFL por dois mandatos; presidente

da JUNED (Junta de Educação da CBF), hoje JUNEDAS; atualmente é membro do Conselho Deliberativo da CBF.

Casado com a Profª Carla Verônica Romão Neto Mury de Aquino e pai do João Vitor, Júlia e Juliane, todos servos do Rei Jesus.

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BENEFÍCIOS EXTRAORDINÁRIOS PARA VENCER

LIÇÃO 1DATA DO ESTUDO

Texto Básico: 1Pedro 1.1,2

O apóstolo Pedro escreve para os cristãos que estavam disper-sos, ou seja, todos que habitavam fora da Palestina e, por conse-quência, todo cristão que habita-va em meio aos gentios, sendo o local que hoje conhecemos como Turquia, com o objetivo de pre-pará-los para o enfrentamento de dias difíceis, de perseguição e duras provações. A menção aos locais, como sendo as províncias da Ásia Menor, nos revela a forma-ção de um círculo e a carta como uma circular deveria alcançar todo o povo de Deus naquelas regiões, provavelmente em lugares onde Paulo não havia atuado.

A carta foi escrita provavelmente entre os anos 62 a 67 d.C., sendo limitada pelo fato da morte do após-tolo Pedro, neste período. A respeito da autoria, existem controvérsias e objeções sobre ter sido realmente escrita por Pedro. Mas é possível refutá-las fundamentado nos se-guintes fatos: declaração em 1 Pe-dro 5.1, que era uma “testemunha das aflições de Cristo”; a partir da origem e localização da moradia de Pedro; crescimento a partir de um conhecimento inicial no grego koinê e um aprofundamento nos estudos; influência de Silvano, um homem culto que facilmente poderia ter in-fluenciado a vida de Pedro e revi-

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sado o texto original com uma mar-ca expressiva de um grego culto no estilo e linguagem; reconhecimento da tradição de escritores do segundo século; utilização da carta sem obje-ções à autoria do apóstolo Pedro e à ação e capacitação do Espírito Santo para a escrita da carta.

A carta tem profundidade teológi-ca, doutrinária e revela ensinamentos práticos para o povo enfrentar todo tipo de adversidades e receber o encorajamento e fortalecimento ne-cessários para alcançar a vitória em meio a uma sociedade não cristã. O apóstolo Pedro estava preparando o povo de Deus para uma situação que viria de sofrimentos e perseguições muito mais severas do que estavam experimentando e que teriam a opor-tunidade de demonstrar que de fato eram leais a Cristo, independente do sofrimento e de toda provação.

O que era importante para os cris-tãos dispersos daquela época para serem fortalecidos e encorajados a suportarem a perseguição, assim como para os nossos dias? Como compreender a dimensão da cida-dania celeste na terra? Quais os re-cursos que estavam disponíveis para o enfrentamento dos dias difíceis? Quais os benefícios que poderiam auxiliar um cristão em meio às perdas e ao sofrimento?

1 – FORASTEIROS NESTE MUNDOO conceito de forasteiro é conhe-

cido pelo povo de Deus desde o An-tigo Testamento, quando por diversas

vezes tiveram que viver desta ma-neira literalmente, desde o chamado de Abraão para fazer parte do povo eleito de Deus e residir em Canaã. Assim, ele habitou em tendas e cla-ramente foi revelado pelo escritor aos Hebreus, a sua real condição: “Pela fé peregrinou na terra prometida como se estivesse em terra estranha; viveu em tendas, bem como Isaque e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa. Pois ele esperava a cidade que tem alicerces, cujo arquiteto e edificador é Deus”. (Hb 11.9,10)

O tempo que o povo viveu no Egito como escravos também nos mostra que eram forasteiros naquela terra, bem como o tempo de pere-grinação no deserto revela uma vez mais a condição do povo de Deus como estrangeiros e peregrinos nes-ta terra. É interessante notar que em nenhum momento o povo de Deus, vivendo como forasteiros, ficaram de-samparados. Apesar das limitações impostas tanto no Egito como no deserto, o povo desfrutou de um cui-dado todo especial de Deus, sendo sempre supridas as suas necessida-des. Viver na presença e na vontade de Deus em qualquer lugar significa que desfrutaremos das suas maravi-lhosas bênçãos e, consequentemen-te, teremos sempre o melhor para as nossas vidas.

O Novo Testamento apresenta o conceito de forasteiros de duas ma-neiras distintas: o homem forasteiro para com Deus e o homem forastei-ro para com o mundo. Em Efésios 2.11,12, o apóstolo Paulo fala da con-

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dição espiritual do homem sem Deus e o chama de estrangeiro, não perten-cendo ao povo de Deus, numa condi-ção tenebrosa e assustadoramente separado de Deus. Mas em Cristo, o homem tem sua condição modificada e assim passa a fazer parte da famí-lia de Deus e não mais é forasteiro no sentido espiritual, mas passa a ser um forasteiro para este mundo (Ef 2.19-21). Estão no mundo, mas não pertencem ao mundo (Jo 17).

Pedro enfatiza em sua mensagem que seus leitores eram forasteiros neste mundo e que por mais que so-fressem em diversos aspectos seria algo passageiro e temporário. Aqui somos apenas hóspedes na terra, pois a nossa “pátria está nos céus”.

2 – DISPERSOS POR UM PROPÓSITO

A dispersão do povo de Deus sem-pre teve um propósito especial a ser atingido, seja na disciplina, seja no testemunho para outros povos, seja no ensino. O certo é que Deus se uti-lizou desse expediente para conduzir o seu povo ao Egito e por lá foram es-cravizados por mais de 400 anos até saírem em direção à Terra Prometida, servindo de grande testemunho para outros povos sobre o Deus de Israel. O reino de Israel sendo espalhado pelas terras e depois o reino de Judá sendo levado à Babilônia como cati-vos, visando uma ação disciplinar e corretiva pelo envolvimento com ou-tros deuses, mostra novamente uma dispersão disciplinar.

A dispersão provocada pela per-seguição (At 8.1-4), conduz a Igreja à uma ação missionária e evange-lística por toda a parte e pela con-sequente salvação de muitas vidas. Talvez a acomodação atual exija uma perseguição.

Pedro se dirige “aos dispersos no Ponto, na Galácia, na Capadócia, na província da Ásia e na Bitínia”, en-corajando-os a viverem plenamen-te a vida cristã e aproveitando para demonstrar no testemunho de uma vida prática a qualidade da vida com o Senhor. Existe um propósito no fato de vocês estarem dispersos nas di-versas regiões e misturados com os gentios, pois vocês são diferentes por pertencerem a Cristo. A Igreja de Cristo está espalhada no ambiente social para testemunhar.

3 – EXCLUSIVIDADE DOS CRISTÃOS

Na saudação de sua primeira car-ta, Pedro apresenta alguns detalhes que fazem parte da vida de um cris-tão autêntico. Seus destinatários de-veriam entender que eram privilegia-dos e com alegria deveriam cumprir a parte que lhes cabia como testemu-nhas de Cristo.

ERAM ELEITOS EM DEUS PAI – A eleição era um conceito comum para os cristãos do primeiro século. Diferentemente das questões que envolvem intermináveis discussões ao longo do tempo, para os primeiros leitores era algo muito natural a com-preensão de que os salvos eram elei-tos desde a fundação do mundo, pois

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não se trata de um desvio de plano e rota, mas um plano estabelecido pelo Senhor desde a eternidade e concre-tizado no tempo pela proclamação do evangelho. A certeza de serem eleitos segundo a presciência de Deus Pai deveria ser o recurso para enfrentar todo tipo de dificuldade e perseguição, prosseguindo firme e leal ao Senhor.

ERAM SANTIFICADOS NO ES-PÍRITO – Não há salvo que viva in-dependente de sua vida cristã, pois há uma implicação direta na vida de um cristão e a demonstração de um comportamento ético e moral na prática da justiça e na expectativa de agradar a Deus, e isso só é possível pela presença exclusiva, maravilhosa e extraordinária do Espírito Santo.

ERAM CHAMADOS PARA A OBEDIÊNCIA – A eleição e a san-tificação estavam diretamente liga-das ao relacionamento que deveria ser desenvolvido pelos cristãos de obediência irrestrita aos ensinos e mandamentos de Jesus, suportando com determinação e perseverança as perseguições em busca de uma tão grande vitória.

ERAM LAVADOS E REMIDOS PELO SANGUE DE JESUS – O con-ceito do sacrifício do Antigo Testa-mento está na mente de Pedro de-monstrando por semelhança o que acontecia com o sangue dos animais que eram oferecidos para o perdão dos pecados do povo de Israel. Agora o pecador que recebe a Cristo como salvador recebe a purificação comple-ta dos seus pecados pelo sangue de Jesus. Nada e ninguém pode substituir

o sangue de Jesus em nossas vidas. Que benefício extraordinário!

CONCLUSÃOEm meio às lutas e perseguições

que o povo de Deus tem que enfren-tar, Deus sempre enviou os recursos necessários para que todos alcan-cem grandes vitórias. Embora muitas vezes o contexto aponte para o de-sespero, preocupações, desânimo e enfraquecimento na fé, Deus sempre envia uma mensagem de esperança.

PARA PENSAR E AGIR:1º - Pedro escreveu aos cristãos

peregrinos em determinados lugares. Como você entende a sua peregrina-ção neste mundo?

2º - O povo de Deus disperso tem um propósito a cumprir, sendo que geralmente a dispersão ocorre em ambiente hostil. O que leva um cris-tão a cumprir o propósito de Deus em tais condições?

3º - Todo cristão desfruta de ma-neira exclusiva de benefícios ex-traordinários para alcançar a vitória – “graça e paz abundantes”, através do Senhor Jesus.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 1Pedro 1.1-9

Terça: Hebreus 11.8-16

Quarta: Efésios 2.11-22

Quinta: Atos 8.1-13

Sexta: Efésios 1.1-14

Sábado: Colossenses 2.9-15

Domingo: 1João 1.5-2.2

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A GRANDIOSIDADE DA NOSSA SALVAÇÃO

LIÇÃO 2DATA DO ESTUDO

Textos Básicos: 1Pedro 1.3-12

Diante do quadro de perseguição e sofrimento que o povo estava en-frentando, e a tendência era piorar, o apóstolo Pedro envia uma carta para conforto e fortalecimento da fé a partir da experiência pessoal de cada um com o Senhor. Depois de uma saudação enfática sobre bene-fícios desfrutados pelos cristãos, o autor passa a contrapor o sofrimen-to com os benefícios da salvação; e as dificuldades e perseguições com a segurança e satisfação profundas em Cristo no céu. O dualismo está presente na carta apontando para a difícil realidade vivida no presente e a esperança da glória eterna nos céus com alegria, segurança e satisfação.

Diante dos sofrimentos e das perseguições, muitos se amargu-ram e se revoltam contra Deus, por um erro de interpretação bíblica ou por maldade de algum líder no ensi-no de um evangelho falso, herético e antibíblico que, com uma teolo-gia focada e voltada para o aqui e agora, e completamente descarac-terizada dos ensinos de Jesus e do Novo Testamento, diminuem o sacri-fício de Jesus e a grandiosidade da nossa salvação.

É preciso considerar todos os benefícios que os cristãos desfru-tam a partir de sua experiência com Cristo e a presença constante de

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bênçãos que recebemos através da salvação em Cristo. Vejamos:

1 – A SALVAÇÃO NOS PROPORCIONA UMA NOVA VIDAUm dos conceitos presentes na

salvação é a regeneração, ou seja, o ser gerado de novo, o novo nas-cimento exigido pelo Senhor Jesus. Este é um tema importante para o apóstolo Pedro, uma vez que os seus leitores estavam sendo atacados e perseguidos, tendo que habitar em lugares isolados e vivendo como refu-giados e forasteiros. Assim, o ensino tinha como intenção mostrar-lhes que a nova vida é um presente de Deus, que muda a essência e consequen-temente, transforma completamente a realidade espiritual. Jesus instruiu Nicodemos sobre a necessidade de nascer de novo (Jo 3.1ss). A mensa-gem do evangelho é uma mensagem que proclama a nova vida em Cristo.

Para Louis Berkof, regeneração é “o ato de Deus pelo qual o princípio da nova vida é implantado no ho-mem, e a disposição dominante da alma é tornada santa, e o primeiro exercício santo desta nova disposi-ção é assegurado”1.

O que se percebe é uma mudan-ça ocasionada pela ação do Espírito Santo na vida produzindo o resultado espiritual, mudança que atinge o ser como um todo, no que diz respeito às emoções, à vontade e ao intelecto. A qualidade de vida do cristão é com-pletamente antagônica aos costumes vividos na sociedade pagã e Pedro sinaliza para os seus leitores/ouvin-1 - BERKHOF, L. Teologia Sistemática. Luz para o Caminho Publicações, Campinas SP, 1990, pág. 471

tes que esta mudança inquieta e in-comoda os não cristãos, que no caso podem ser o cônjugue, parentes, ami-gos, patrão, empregado, enfim, todo aquele que não tem uma experiência pessoal com o Senhor Jesus. A res-surreição de Jesus é a garantia da nossa regeneração!

2 – A SALVAÇÃO NOS GARANTE UMA HERANÇA

Diante de perdas e sofrimento dos cristãos, Pedro os encoraja e os for-talece apontando para os benefícios que eles haviam recebido pela salva-ção e também revelando a promessa de Cristo aos seus de uma herança eterna nos céus. Em contraste com as perdas em vários aspectos, eles tinham motivos suficientes para uma tranquilidade interior pautado na pro-messa de uma herança de qualida-de infinitamente superior a todas as conquistas alcançadas nesta terra. O convite era para tirar os olhos dos problemas e dificuldades enfrentadas na terra e olhar com alegria para os benefícios prometidos nos céus; dei-xar o transitório pelo permanente.

A carta oferece o valor da herança para os cristãos em três aspectos:

INCORRUPTÍVEL – (aftharton, em grego) significa o que não é pe-recível, passível de morte. Jesus de-clarou que uma herança em termos terrenos pode ser alvo de traça e ferrugem, e de ser roubada por la-drões (Mt 6.19-21), mas a herança celestial do cristão nunca poderá so-frer qualquer tipo de dano ou ação de corrupção.

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INCONTAMINÁVEL – (amiantos, em grego) refere-se ao que é puro, que não pode ser contaminado, sem mácula ou qualquer mancha. Uma herança terrena pode sofrer conta-minação, pode ser de origem ilícita, pode provocar contendas e divisões no âmbito familiar, enfim, pode ser uma herança suja. Mas a herança do povo de Deus é livre de contaminação e jamais poderá ser alcançada pelos poderes do mal.

IMARCESCÍVEL – (amarantos, em grego) com o significado de não murchar ou perder o seu valor, em contraste com as lindas flores que murcham e caem, nossa herança per-manece, é indestrutível por sua natu-reza, e jamais sofrerá algum dano ou estrago. Que herança maravilhosa nós temos assegurada nos céus!

O apóstolo Pedro faz questão de registrar que a nossa herança está guardada nos céus e que um dia certamente haveremos de recebê-la das mãos do nosso Senhor. A nossa herança está guardada pelo próprio Deus.

Um dos nossos hinos diz de for-ma belíssima: “No poder de Cristo, o Mestre; minha vida, salva está! Do perigo que cercá-la, Ele poderá livrá--la; seu poder eterno sempre a suste-rá” 2. Você está seguro em Cristo!

3 – A SALVAÇÃO NOS SUSTENTA NAS PROVAÇÕES

A nossa fé é testada através das provações e dificuldades, ao que o apóstolo Pedro apresenta uma com-

2 - SOUZA, Manuel Avelino - (1886-1962). Hino 324 - REFÚGIO VERDADEIRO - Cantor Cristão

paração com o ouro refinado pelo fogo, e que recebe uma aprovação ao fim do teste. Assim também, a fé dos cristãos depois de testada é compro-vada ser uma fé genuína, autêntica, produzindo ao contrário de revolta e decepção, uma ação profunda de louvor, honra e glória a Jesus Cristo quando do seu retorno. Uma manifes-tação de exaltação a Cristo em sua volta triunfal.

Em vez de derrota e fracasso nas provações, em vez de tristeza perma-nente e desânimo, o cristão se apre-senta diante do seu Senhor com de-monstrações mais profundas do seu amor e da sua alegria incomparável, produzidas pela salvação.

As provações servem para mos-trar o quanto nós confiamos em Cris-to, como a nossa fé está fundamenta-da na experiência da salvação e não em fantasias e equívocos de uma fal-sa religiosidade ou erro de interpre-tação bíblica. Assim, a essência da nossa fé é provada e aprovada diante das perseguições que se apresentam de diversas maneiras com requintes de crueldade. Temos um exemplo em 1Pedro 4.12: “Amados, não es-tranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo”. Sofri-mento para o cristão não é novidade, pois Cristo já havia ensinado a res-peito, com o propósito de prepará-los para os dias futuros.

O apóstolo Pedro diz que era pos-sível viver alegre como resultado da salvação, mas por um breve tempo

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seriam atingidos por algumas prova-ções, sendo que é possível inferir do texto o aspecto temporário de qual-quer sofrimento e dor. Com uma visão bíblica e correta, todo cristão pode desfrutar de paz interior em meio a todo tipo de perseguição. Jesus nos ensinou: “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33).

4 – A SALVAÇÃO NOS REVELA A SUA GRANDEZA

Na revelação bíblica tem uma li-nha de pensamento que perpassa todo o Antigo Testamento que fala da salvação da humanidade. Os profetas indagaram sobre esta tão grande sal-vação, houve um exame cuidadoso para conferir as promessas sobre a vinda do Messias e a consequente salvação. Os apóstolos anunciaram a salvação por todos os lugares, o que podemos perceber como ênfase da carta, assim como da pregação de Pedro em Atos 2; 4 e 10, apontando que não há salvação a não ser em Cristo (At 4.12). O texto de 1Pedro 1.12 diz que a grandeza da salvação são “coisas que até os anjos anseiam observar”, numa demonstração de algo maravilhoso que foi concedido aos homens e era necessário retratar em oposição às situações vividas de sofrimento e perseguições.

Quando lemos os textos paralelos de Efésios 2 e Colossenses 1, perce-bemos a grandeza da nossa salvação pela ação poderosa e extraordinária de Deus, trazendo libertação e reden-ção a todos os homens na pessoa do Seu Filho Jesus Cristo.

CONCLUSÃOA salvação não apenas tira o ho-

mem do inferno e da condenação eterna, mas oferece inúmeros bene-fícios que são desfrutados desde já e continuam por toda a eternidade. Desfrutamos do relacionamento com Deus e com os nossos irmãos, rece-bemos o cuidado amoroso de Deus em todas as circunstâncias e vivemos pautados em uma viva esperança da glória eterna com uma herança ma-ravilhosa.

PARA PENSAR E AGIR:1º - Você já percebeu que algumas

pessoas recebem uma herança e, passado algum tempo, ficam sem nada? Perdem tudo o que ganha-ram? Ainda bem que nossa herança é indestrutível, incomparável, incor-ruptível, enfim, uma herança eterna nos céus!

2º - A salvação não é resultado de boas ações ou boas obras, não é pelo nosso merecimento, mas é a mani-festação da graça de Deus median-te a nossa fé depositada em Cristo. Como você valoriza a sua salvação?

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 1Pedro 1.3-12

Terça: Atos 2.14-41

Quarta: Jeremias 31.1-28

Quinta: Atos 4.1-13

Sexta: João 3.1-21

Sábado: Hebreus 12.1-11

Domingo: Tiago 1.1-15

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O SEGREDO PARA UMA VIDA SANTA

LIÇÃO 3DATA DO ESTUDO

Texto Básico: 1Pedro 1.13-16

Por que há um distanciamento entre a teologia e a prática, entre doutrina e vivência? Como desen-volver uma vida santificada em um mundo completamente dominado pelo pecado e contrário aos valores estabelecidos na Palavra de Deus? O que estava impedindo ou dificul-tando os primeiros leitores, para que Pedro os chamasse para uma vida de santidade? Quais eram as ques-tões envolvidas que seriam capazes de influenciá-los para uma derrota e retorno às práticas antigas, antes da conversão? Atualmente, o que leva os cristãos a terem uma vida dúbia em que exaltam o pertencimento a uma determinada Igreja, mas trata com desprezo e negligência o seu testemunho e compromisso com o evangelho?

Responder a essas perguntas pode nos ajudar, neste tempo tão complexo para a vida cristã, a al-cançarmos um padrão elevado e es-perado para um seguidor de Cristo e, consequentemente, atingir a ex-pectativa de Deus para nós. Destas e outras perguntas podemos extrair o segredo para uma vida santa e agradável a Deus. Vejamos:

1 – A SANTIDADE E AS ATITUDES RESULTANTES DE ESCOLHAS

(1Pe 1.13)

1.1 – A importância de “CIN-GIR OS LOMBOS DO VOSSO EN-TENDIMENTO” - Traduzido na NVI como “estejam com a mente pre-parada, prontos para agir”, assim, o contexto nos ensina que era co-

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mum um homem levantar a sua ves-timenta longa até a cintura e ficar em condições de desenvolver uma ação rapidamente, seja andar, correr ou entrar numa batalha, e de igual forma a mente vigilante.

O cristão precisa estar atento àquilo que ocupa o seu pensamen-to e, de alguma forma, o seduz para produzir um resultado negativo na vida, agindo para uma realidade de erro e desobediência. John Stott, afir-ma que “o uso responsável da nossa mente enriquece a nossa vida cristã”1. O apóstolo Paulo escreve em Filipen-ses 4.7,8: “E a paz de Deus, que ex-cede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amá-vel, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas”. Em Colossenses 3.1,2, o convite era para pensar nas coisas que são de cima e ocupar a mente com as coisas do alto. Em 1Coríntios 2.16, ele diz que temos “a mente de Cristo”. A mente é uma parte importante no processo de uma vida santa e podemos escolher o que deve ocupá-la.

1.2 - A importância da SO-BRIEDADE – “Sejam sóbrios”, foi a exortação de Pedro no sentido de manterem-se no equilíbrio, atentos, vigilantes. Como exemplo, podemos citar uma pessoa que utiliza algum tipo de bebida alcoólica ou entorpe-

1 - STOTT, J. Ouça o Espírito Ouça o Mundo, ABU Editora, São Paulo SP, 1997, pág. 129

centes, perde o seu controle e, como consequência, comete muitos erros e equívocos. Diante da ordem da Pala-vra de Deus podemos concluir que ser sóbrio é uma escolha da nossa parte.

1.3 - A Importância de ESPE-RAR NA GRAÇA – Somos confron-tados com a realidade de abandonar nossas capacidades e conceitos de que conseguimos vencer por nós mesmos, e compreendemos a neces-sidade de viver na dependência com-pleta e total da graça, pois pela gra-ça somos salvos, pela graça somos santificados, pela graça vencemos e prosseguimos, pela graça superamos as adversidades e provações. Todo cristão é convidado a esperar inteira-mente na graça e atingir o estado per-feito prometido pelo Senhor Jesus.

2 – A SANTIDADE E AS ATITUDES RESULTANTES DA OBEDIÊNCIA

(1Pe 1.14)

No passado, antes da conversão, eles tinham um comportamento que era regido pela ignorância e sepa-ração da vida com Deus. Paulo, em Efésios 2, declara que os homens sem Cristo são “filhos da ira e filhos da desobediência”, algemados por Satanás e inclinados a viver para agradar a carne e os pensamentos, portanto, incapazes de viver para obedecer a Palavra de Deus e os seus mandamentos.

1.1 - A obediência marca um novo estilo de vida – Transformados em novas criaturas, agora os cristãos

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têm uma nova maneira de pensar, de viver e agir. Pedro diz: “não vos amoldeis às paixões que tínheis an-teriormente”, chamando o povo para manter o seu novo estilo de vida, e não fraquejar diante das dificuldades, mas de forma absoluta obedecer a Palavra de Deus. É uma advertência para não imitar o padrão do mundo e rejeitar qualquer tentativa de uma imposição ao modelo mundano de vida. A palavra “paixões”, aqui, indica anelos distorcidos e pervertidos, de-sejos sexuais impuros. O nosso estilo de vida marca a nossa obediência a Cristo ou não.

1.2 - A obediência marca um novo procedimento – “Do grego anastrophe, que significa conduta, comportamento, modo de vida, esse termo é usado comumente para de-signar a forma anterior de vida” 2. Das treze vezes que esta palavra apare-ce no NT, oito delas são nas cartas de Pedro, indicando a importância do procedimento do cristão.

Todo aquele que ainda não foi alcançado pela salvação vive preso nas amarras do pecado e do poder das trevas e, como consequência, vive para a prática do pecado e toda influência do mal que resulta em uma vida de desobediência. Os cristãos foram advertidos por Pedro para que demonstrassem um novo procedi-mento, uma nova maneira de viver e, pela obediência, viver a santidade em 2 - CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Candeia, São Paulo - SP, V. 6, 1995, pág. 1043 - CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Candeia, São Paulo - SP, V. 6, 1995, pág. 105

tudo que fizessem. Temos vivido um novo procedimento em nossa vida?

3 – A SANTIDADE E AS ATITUDES RESULTANTES DO RELACIONAMENTO

Fazer parte do povo de Deus requer algumas condições bem es-pecíficas e uma delas é que para relacionar-se com Ele a exigência é de uma vida santa. “Está escrito” nos revela um detalhe importante na aceitação das Escrituras do AT como sendo inspirada, assim como outros apóstolos e escritores do NT fize-ram uso dos textos, validando a sua inspiração e aplicação à nossa vida. Tanto no AT quanto no NT, o que se pode concluir é que o povo de Deus deve demonstrar na sociedade que vive a realidade desse Deus santo. O comentarista R. N. Champlin, diz: “Os santos são exortados a ocupa-rem um lugar singular na história, evidenciando o fato de que há um Deus santo que impõe condições à vida humana, e que pode, se for obe-decido, elevar infinitamente o nível da vida humana. O evangelho é a mensagem de como Deus pode fa-zer isso, e de como o fará”3.

Para relacionar-se com Deus, o convite para o povo de Israel era de santificação, no entanto o povo de Deus não a buscava verdadei-ramente, apenas usava os rituais,

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cerimônias e seguia a letra da Lei, num falso processo de santificar-se. Sabemos que essa concepção era falha, e que era insuficiente no pro-cesso de purificação e de uma vida santa. A nova vida em Cristo ofere-ce ao homem a oportunidade de re-lacionar-se intimamente com Deus pelo processo que compõe toda a salvação e santificação (conversão, justificação, redenção, regeneração, filiação, santificação), em que somos reconciliados com Deus através de Cristo. Assim, o sangue de Cristo e a obra do Espírito Santo nos concede o privilégio do relacionamento.

Portanto, ser santo é uma ordem a ser aplicada na vida de todo cristão, tanto no padrão de comportamento e conduta, quanto na identificação e aproximação do Deus santo. “O alvo da santidade na vida cristã deve mo-ver todo cristão a viver de maneira diferenciada” (Itamir N. S.). O nosso Deus é Deus perfeitamente santo, por isso devemos ansiar pela busca de uma vida de santidade e perfeição.

CONCLUSÃOPertencemos a Deus através dos

méritos de Jesus Cristo, mediante a fé para compor os membros da famí-lia de Deus, fazer parte da sua Igreja e do seu Reino. Chamados das trevas para a luz; da morte para a vida; da perdição para a salvação; do pecado para a santidade.

Embora no mundo, não pertence-mos a ele. Uma vez transformados

na essência da alma para um novo procedimento de vida, de conduta e comportamento, abrimos mão e renunciamos aos apelos ilusórios e temporários de uma vida de satisfa-ção para este mundo e vivemos ple-namente em abundância a nova vida em Cristo, separados para um rela-cionamento santo com o Deus santo.

PARA PENSAR E AGIR:1º - Por que é tão discrepante na

vida de alguns cristãos modernos as verdades espirituais e a vida prática?

2º - O conhecimento da Palavra de Deus oferece ao cristão recursos para moldar-se a uma vida agradável a Deus pela conduta e comportamen-to na demonstração do Fruto do Es-pírito.

3º - Relacionar-se com Deus é um grande privilégio! É o resultado das nossas escolhas e da nossa obediên-cia, aceitando as suas exigências e aplicando-as em nossa vida. Tenho como alvo em minha vida a busca da santidade?

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 1Pedro 1.13-16

Terça: Levítico 11.44-47

Quarta: Colossenses 3.1-17

Quinta: Romanos 13.11-14

Sexta: Efésios 5.1-20

Sábado: Hebreus 13.20,21

Domingo: João 17.8-19

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AS MARCAS DA NOVA VIDA

LIÇÃO 4DATA DO ESTUDO

Texto Básico: 1Pedro 1.22-25; 2.1-12

A nova vida traz algumas marcas que são demonstradas pelas ações e decisões na vida diária, contra-pondo um estilo de vida anterior marcado por aspectos negativos. O apóstolo Pedro apresenta algu-mas figuras ilustrativas a respeito dessa nova natureza que são muito profundas e cheias de significados, exemplos comparativos com símbo-los conhecidos por seus ouvintes.

As orientações foram dadas para pessoas que necessitavam de forta-lecimento na fé e de ensinamentos que os ajudassem a caminhar com base sólida em meio aos perigos e ciladas do caminho, além das prova-ções e dificuldades experimentadas. A partir da regeneração que experi-mentaram e da mudança na essên-cia da alma, agora havia uma ne-cessidade de prosseguir nos ajustes da nova vida através dos elementos

oferecidos como recursos que são fundamentais para todos os cristãos de todos os tempos e culturas.

Vejamos as características da nova vida:

1 – A NOVA VIDA SE FUNDAMENTA NO SACRIFÍCIO DE CRISTO

(1Pe 1.17-21)

A nova vida não estava pautada em coisas temporárias e passagei-ras, nem mesmo herdadas dos pais, ou de qualquer outro aspecto, mas Pedro faz questão de mostrar o va-lor da nova vida e a necessidade de que cada cristão reconheça a sua real importância.

Alguns aspectos da nova vida:

1.1 O preço do resgate – Pedro se utiliza de uma figura conhecida por todos: o resgate dos escravos. Com o termo que eles estavam fa-

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miliarizados, uma vez que existia a forma de um escravo se tornar livre, assim os exorta que por mais impor-tância que os homens dão ao ouro e à prata, são insignificantes no que diz respeito à salvação e à vida eterna. Não há dinheiro que pague o resgate da alma humana.

1.2 O precioso sangue de Cris-to – Não foi com coisas corruptíveis e contamináveis que alcançamos o benefício da nova vida, mas Pedro aponta para a cruz de Cristo, o Cor-deiro, à semelhança da Páscoa, sem mancha e sem mácula, que foi en-tregue como oferta substitutiva para remir os pecadores através do seu sangue derramado.

1.3 A libertação da influência do pecado – A maneira de viver daque-le que não tem Jesus é considerada inútil e vã, assim como todas as pos-sibilidades de mudança no aspecto espiritual. A pessoa pode ter tudo nesta vida em termos financeiros e intelectuais, mas sem Jesus a vida está completamente vazia.

1.4 A manifestação do plano eterno da salvação – A morte de Je-sus na cruz não foi um acidente no percurso ou um plano B pautado na ação humana, nem mesmo estabe-lecido após o Éden (Gn 3), mas foi um plano conhecido por Deus antes da fundação do mundo e manifesto no tempo por amor. Assim, a nossa nova vida se fundamenta neste amor de Deus por nós através do sacrifício do Seu Único Filho, Jesus Cristo. Es-tamos seguros e alicerçados pela fé no Senhor!

Portanto, valorize a nova vida e se paute pelo sacrifício de Cristo na cruz; procure uma vida diária cons-ciente e completamente devotada a Cristo, como manifestação de adora-ção e gratidão.

2 – A NOVA VIDA SE DESENVOLVE NA MANIFESTAÇÃO DO AMOR

(1Pe 1.22-25)

O amor é resultado de uma vida transformada e purificada por Jesus para habitação do Espírito Santo de Deus, bem como, pela obediência aos mandamentos do Senhor reve-lados por sua Palavra. Em 1João 4.7,8, lemos que a demonstração de amor da nossa parte declara se so-mos do Senhor ou não, se de fato já experimentamos uma nova vida, por-que “Deus é amor”. Uma vida salva e santificada deve demonstrar amor tanto para com Deus como para com o próximo.

O amor mencionado por Pedro não é apenas da boca para fora, me-ras palavras produzidas e repetidas sem sentido e valor. Pelo contrário, ele fala de um amor intenso, não fingido; ardente, não superficial; per-manente, não passageiro; “amor que jamais acaba” (1Co 13), algo que ele tinha conhecimento pessoal, uma vez que foi assim amado pelo Senhor e confrontado sobre o quanto amava ao Senhor (Jo 21.15-17).

O amor de Deus foi demonstrado pela morte de Cristo na cruz por toda a humanidade e incentivado para que fosse uma marca presente na vida

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dos discípulos de Cristo que deveriam amar-se mutuamente. Uma vez que os cristãos foram inseridos na família de Deus e gerados por uma semen-te incorruptível, pela proclamação do evangelho, a Palavra de Deus que per-manece para sempre, não teriam que ter qualquer medo em amar, pois o amor de Cristo deve nos constranger.

3 – A NOVA VIDA SE FORTALECE NO TESTEMUNHO (1Pe 2.1-4,11,12)

Os cristãos, ao serem transforma-dos, recebem novos valores a serem desenvolvidos na vida diária em vá-rios aspectos, seja na forma de fa-lar, de pensar, de agir; seja no trato com a família, com o cônjuge, com os companheiros do local de trabalho ou escola/faculdade e com os vizinhos.

Mas ao receber coisas novas, é preciso deixar outras (2Co 5.17), abrir mão de uma forma anterior de viver (1Pe 4.2-4). E na recomenda-ção de Pedro e dos demais apóstolos todos os traços e práticas da velha vida precisam ser abandonados, toda “malícia, engano, fingimentos, inveja e murmurações”. A presença de ví-cios imundos são incompatíveis com a nova vida e, portanto, são comple-tamente reprovados. A metáfora utili-zada pelo apóstolo se compara com o tirar roupas velhas e sujas, jogá-las fora e vestir uma roupa nova. O co-mentarista bíblico R. N. Champlin nos ajuda no entendimento desse conjun-to de palavras: “A malícia (kakia) se

1 - CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Candeia, São Paulo - SP, V. 6, 1995, pág. 1122 - KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: 1 Pedro, 2 Pedro e Judas. Editora Cultura Cristã, São Paulo SP, 2006, pág. 132

deleita em ferir a outrem; a inveja (ph-thonos) se dói da vantagem alheia; o dolo (dolos) empresta duplicidade ao coração; a hipocrisia (hupokrisis) ou lisonja forma duplicidade à língua; a maledicência (katalalia) fere o cará-ter alheio”1.

O testemunho é a marca dos ver-dadeiros discípulos do Senhor Jesus em qualquer contexto, por aquilo que falam ou praticam. Simon Kistemaker diz: “os cristãos estão vivendo numa vitrine; estão à mostra. Sua conduta, obras e palavras são constantemente avaliadas pelos não cristãos que que-rem ver se os cristãos vivem aquilo que professam”2.

O recurso que eu e você temos para viver a nova vida é a ação do Espírito Santo e a poderosa Palavra de Deus. A metáfora do recém-nas-cido é fortíssima para nós, uma vez que devemos de forma ardente nos alimentar da Palavra de Deus e sentir a sua falta como um bebê sente do leite materno.

4 – A NOVA VIDA CUMPRE O PROPÓSITO DE DEUS

(1Pe 2.5,9,10)

Somos o templo vivo! Na descri-ção de Pedro: “casa espiritual”, e não mais a presença de Deus em templos de alvenaria, mas em nosso cora-ção. Outra comparação importante é o desenvolvimento da Igreja no acréscimo dos novos crentes, “quais

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pedras vivas”, em que somos colo-cados no corpo de Cristo, sua Igre-ja, com propósitos definidos. Somos pedra da grande Pedra que é Cristo. Somos o “sacerdócio santo”, em que não se restringe a um pequeno grupo de pessoas, pelo contrário, todo cris-tão é um sacerdote diante de Deus, tem competência para se apresentar diante de Deus, tem livre acesso a Ele mediante Jesus Cristo. Aqui está o princípio do sacerdócio universal de todos os crentes.

Você tem competência para apresentar sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo, seja pelo “louvor de lábios que con-fessam o seu nome” ou pelas boas obras como demonstração de amor (Hb 13.15,16).

Temos uma missão singular para cumprir neste mundo como cristãos. Pedro escreve aos gentios converti-dos que eram peregrinos e disper-sos e que receberam uma condição especial, brilhantemente chamados: povo eleito. Assim como Israel ha-via sido eleito para testemunhar de Deus para o mundo, agora a Igreja tinha essa responsabilidade; sacer-dócio real perante Deus em favor do mundo (Êx 19.6); nação santa para fazer diferença neste mundo como filhos de Deus e pertencentes a uma pátria de outra dimensão, pois temos uma nova identidade (Fp 3.20; Hb 13.14); povo adquirido por um alto preço (Cl 1.20-22; Ef 2.11-19), para um propósito bem definido: anunciar as grandezas de Deus a to-das as pessoas, em todos os lugares

e de todas as épocas. Que maravi-lha, que privilégio, que bênção temos em Cristo!

CONCLUSÃOAtravés da nova vida em Cristo

somos chamados para fazer diferen-ça em um mundo avesso a Deus e à sua Palavra; somos chamados para influenciar pessoas pelo testemunho de uma vida santificada e separada para servir ao Senhor; somos chama-dos para ser bênção de Deus na vida de outras pessoas.

PARA PENSAR E AGIR:1º - Elementos mundanos são in-

compatíveis com a vida cristã. Como alguém que nasceu de novo permite uma série de vícios em sua vida?

2º - Em que se fundamenta a sua nova vida? Na autojustificação? Na religiosidade? Nas boas obras?

3º - Somos salvos por Deus me-diante Jesus Cristo para o cumpri-mento de um propósito, em que ex-perimentamos vários privilégios. A sua nova vida cumpre os propósitos de Deus?

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 1Pedro 1.17-25

Terça: 1Pedro 2.1-12

Quarta: Filipenses 3.7-21

Quinta: 1João 4.7-21

Sexta: Mateus 4.18-25

Sábado: Efésios 4.17-32

Domingo: Romanos 12.1-10

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A VIDA CRISTÃ E AS AUTORIDADES

LIÇÃO 5DATA DO ESTUDO

Textos Básicos: 1Pedro 2.13-25

Vivemos em um tempo de gran-des conflitos por questões ideoló-gicas e partidárias, em que muitas vezes o resultado são brigas, divi-sões, contendas, desarmonias, se-parações e infelizmente, em alguns casos, até morte. Muitas amizades são desfeitas, familiares rompem o relacionamento e os posiciona-mentos de ambos os lados, muitas vezes é contraditório em relação às Escrituras.

O apóstolo Pedro está tratando de um aspecto importante para os cristãos que estavam vivendo como forasteiros e peregrinos, dispersos por regiões difíceis e montanhosas por questão das autoridades ro-manas. Ensinou-os para que tives-sem uma compreensão profunda a

respeito da vontade de Deus e de como deveriam relacionar-se com as autoridades.

Temos aqueles que julgam que o cristão deve ter um comportamen-to de total subserviência ao poder do Estado sem qualquer questio-namento, pois há uma dificuldade permanente na vida dos cristãos em relação ao comportamento idea-lizado pela Palavra de Deus sobre como ele deve se relacionar com as autoridades.

1 – SUBMISSÃO ÀS AUTORIDADESAs orientações de Pedro aos

cristãos sobre a questão da obe-diência às autoridades, inicialmente, tratam do problema de interpretação judaica que não era possível qual-

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quer tipo de obediência aos impera-dores, reis, governadores, autorida-des ímpias, pois a única autoridade a ser obedecida é Deus. Nenhuma autoridade civil pode reivindicar qual-quer tipo de submissão e o cristão verdadeiro também não pode aceitar esse tipo de conduta.

Vemos que o próprio Senhor Je-sus fez questão de romper com o en-sinamento equivocado da submissão, ao tratar dos impostos dizendo “dai a César o que é de César ...” (Lc 20.25), bem como, reconheceu a investidura de autoridades dadas por Deus Pai. Assim, o cristão tem as obrigações no que diz respeito à sua cidadania ter-rena em cumprir com os seus direitos e deveres.

Pedro está falando das autorida-des instituídas de forma legítima, que são levantadas por Deus para gover-nar sobre determinado povo e para o bem do cidadão. Estas merecem respeito e obediência por parte dos cristãos.

1.1 - A motivação na submissão é uma questão importante, pois não trata de livrar-se do castigo, da puni-ção, das perdas, mas está relaciona-da com o Senhor. Pedro diz: “sujeitai--vos, pois, a toda autoridade humana por amor do Senhor” (1Pe 2.13). Não se tratava de uma questão qualquer, mas de uma identificação com Cristo e seus ensinos, era algo muito mais profundo a ser observado.

1.2 - O equilíbrio na submissão deve ser outra questão a ser com-preendida, pois temos a consciência de leis gerais para toda a população,

bem como, para a Igreja. Se uma Igre-ja tem em suas dependências áreas construídas ilegalmente, o governo tem todo o direito de agir contra ela. No que diz respeito às construções, temos hoje uma legislação com crité-rios bem definidos quanto ao número de portas, tubulação hidráulica para emergência de incêndio, extintores com prazo de validade e em locais visíveis, saídas de emergências, em-pregados registrados com todos os direitos assegurados, planta assina-da por engenheiros e arquitetos, en-fim, temos leis que orientam as Igre-jas, bem como, todos os cidadãos em suas vidas particulares.

1.3 - As autoridades cruéis é um grande desafio para ser entendido e aceito, pois o próprio Nero era alguém classificado não só pelos cristãos como alguém mal e cruel, mas a pró-pria história o declara em seus regis-tros. Como aceitar que pessoas dessa natureza sejam “ministros de Deus” diante do seu povo? Como reconhe-cer que homens como Adolf Hitler, Mao Tse Tung, Stalin e tantos outros ditadores foram colocados e permiti-dos por Deus como autoridade?

O grande exemplo vem do Se-nhor Jesus que diante das autorida-des romanas e judaicas não se opôs a nenhuma delas, mesmo diante da tortura e do plano para crucificá-lo. Ele reconheceu que eram autori-dades constituídas por Deus e não fariam nada, se Ele não permitisse. A orientação de Pedro era imitar o exemplo de Cristo. Ele diz: “pois ele, quando ultrajado, não revidava com

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ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àque-le que julga retamente” (1Pe 2.23). Jesus não fez nada para se opor às autoridades da sua época no que diz respeito à sua prisão, julgamento, condenação, tortura e morte.

2 – A SUBMISSÃO E O CONFLITO ENTRE A LEI DE DEUS E DOS HOMENS

Tanto o apóstolo Pedro como o apóstolo Paulo não apresentam ne-nhum ponto que limita a obediência ao Estado, deixando em aberto uma submissão absoluta e total. O que fica explícito no texto é a obediência às autoridades por amor a Cristo, pois toda autoridade foi instituída por Deus e que os cristãos são encorajados a uma vida de submissão na conduta e comportamento para glorificar a Cris-to. Independente de qualquer situa-ção, o cristão é exortado a obedecer? Mesmo que haja um conflito entre a lei de Deus e a lei dos homens?

Essa concepção produz algumas considerações, especialmente quan-do nos lembramos da atitude de Pe-dro diante das autoridades. Após ser preso juntamente com João, ele diz: “Julguem os senhores mesmos se é justo aos olhos de Deus obedecer aos senhores e não a Deus. Pois não podemos deixar de falar do que vi-mos e ouvimos” (At 4.19,20).

A submissão às autoridades hu-manas tem restrições a partir do li-mite de atuação de cada esfera de poder, pois as leis humanas servem

para regular a maneira da sociedade se comportar e se desenvolver nas diversas áreas, mas quando o Estado quer legislar contra os princípios da Palavra de Deus o cristão precisa se manifestar. Hoje temos questões sé-rias que afrontam a família idealizada por Deus e que estão sendo conduzi-das pelos órgãos oficiais do governo, requerendo uma submissão por parte de toda a população com consequên-cias perante a justiça.

Na Bíblia, encontramos exemplos que são encorajadores para se posi-cionar quando o conflito aparecer. Da-niel, diante do decreto do rei exigindo adoração por 30 dias, não teve dúvi-da em se posicionar. Diante de uma ação do “governo/autoridade” Daniel não negociou a sua fidelidade a Deus: “Finalmente esses homens disseram: Jamais encontraremos algum motivo para acusar esse Daniel, a menos que seja algo relacionado com a lei do Deus dele” (Dn 6.5); “Quando Da-niel soube que o decreto tinha sido publicado, foi para casa, para o seu quarto, no andar de cima, onde as ja-nelas davam para Jerusalém. Três ve-zes por dia ele se ajoelhava e orava, agradecendo ao seu Deus, como cos-tumava fazer (Dn 6.10). Daniel ficou com a Lei de Deus, não teve medo da punição e condenação à morte na cova dos leões.

Portanto, todo cristão precisa de discernimento para definir quando é o limite de obediência ao governo civil à luz das Escrituras Sagradas, apli-cando o conceito da dupla cidadania. É importante também lembrar que a

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submissão está ligada ao nosso rela-cionamento com Cristo, uma vez que Ele foi obediente até a morte na cruz.

3 – A SUBMISSÃO DIVERSIFICADAA questão dos escravos foi tra-

tada pelo apóstolo Pedro dentro do contexto da escravidão, uma vez que a população no primeiro sécu-lo era composta entre 25 a 40% de escravos na sociedade romana. Era uma mensagem dirigida aos cristãos de como deveriam se comportar em relação aos seus senhores. Ele diz: “Escravos, sujeitem-se a seus senho-res com todo o respeito, não apenas aos bons e amáveis, mas também aos maus” (1Pe 2.18). Um novo mo-delo de vida está sendo proposto aos servos a partir do ensino e exemplo deixado pelo próprio Senhor Jesus: “Amem, porém, os seus inimigos, façam-lhes o bem e emprestem a eles, sem esperar receber nada de volta. Então, a recompensa que terão será grande e vocês serão filhos do Altíssimo, porque ele é bondoso para com os ingratos e maus” (Lc 6. 35). O apóstolo Paulo escreveu nesta mesma direção: “Escravos, obede-çam em tudo a seus senhores ter-renos, não somente para agradar os homens quando eles estão observan-do, mas com sinceridade de coração, pelo fato de vocês temerem ao Se-nhor” (Cl 3.22).

CONCLUSÃOSomos exortados à submissão

às autoridades que foram levantadas por Deus, independente se são boas

ou ruins, sejam os governantes nas esferas (federal, estadual ou munici-pal); sejam os superiores (patrões ou diretores), enfim, o cristão é chama-do para dar o exemplo de que serve verdadeiramente a Cristo, pois mira o seu exemplo, que sofreu injustamen-te, tendo todos os motivos para re-belar-se, mas ficou mudo diante das autoridades romanas e judaicas. Je-sus é o nosso exemplo de submissão! Somos submissos não a homens e instituições, mas a Deus!

PARA PENSAR E AGIR:1º - Por que os cristãos devem su-

jeitar-se às autoridades?

2º - Existe um limite para que os cris- tãos se submetam às autoridades?

3º - A escravidão, em todas as épocas, nos envergonha e nos cons-trange, mas faz parte da história hu-mana. À luz da Bíblia, como conciliar o ensino cristão e a submissão aos senhores na escravidão?

4º - A submissão a Deus oferece sabedoria ao homem para viver bem com todos.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 1Pedro 2.13-25

Terça: Daniel 1

Quarta: Romanos 13.1-7

Quinta: Lucas 6.27-36

Sexta: 1Timóteo 2.1-3

Sábado: Filemom 1

Domingo: 1Coríntios 7.20-22

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LIÇÃO 6DATA DO ESTUDO

Texto Básico: 1Pedro 3

O assunto principal do capítulo 3 é a continuação da submissão do cristão, sendo que agora apresen-tado em três níveis diferentes, ao qual o cristão é convocado para fa-zer diferença.

Os conflitos estavam se avolu-mando à medida que as pessoas se convertiam a Cristo e não sa-biam como deveriam se comportar e como tomar decisões que fossem de acordo com a vontade de Deus em Cristo, seja em relação ao casa-mento, seja em relação ao mundo e também o posicionamento em rela-ção ao Reino. Pedro então oferece aos cristãos alguns ensinos práticos para um viver de consciência pura e santa, para uma compreensão cor-reta do cristão no mundo “que jaz no maligno” e para um viver de sujeição a Cristo de forma plena.

1 - MACARTHUR, J. Comentário do Novo Testamento. 1 Pedro, 2004

1 – A DIFERENÇA DO CRISTÃO NO LAR (1Pe 3.1-7)

O apóstolo Pedro apresenta al-guns conselhos práticos para uma vida feliz e harmoniosa no lar como resultado direto das ações de uma esposa cristã para com o seu mari-do, bem como, do marido cristão e sua esposa. Podemos entender um pouco melhor sobre a submissão no contexto do lar, por uma analogia feita por John MacArthur, que disse: “Um comandante não é necessariamente superior em caráter às tropas sob seu comando, mas a sua autoridade é vital para o bom funcionamento da unidade”1. Foi Deus quem instituiu a estrutura hierárquica na família.

1.1 - A esposa cristã através das suas atitudes pode ganhar o seu marido para Cristo. Pedro diz

CHAMADOS PARA FAZER DIFERENÇA

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que mesmo sem usar palavras para pregar o evangelho, mas com sabe-doria, aproveitando cada oportunida-de para testemunhar da presença de Cristo em sua vida, mostrando res-peito e submissão. Pedro ensina que é possível manter o casamento e continuar sendo fiel ao Senhor Jesus, sendo a mulher sábia descrita em Provérbios 14.1. O procedimento da mulher cristã será uma bênção para o seu marido.

1.2 - A esposa cristã e o seu compromisso com Deus – A preo-cupação em ser uma boa esposa está no fato de que isso glorifica a Deus, e são atitudes que apontam para o Senhor. A mulher cristã tem consciência de que Deus é soberano sobre tudo e todos.

1.3 - A esposa cristã que obe-dece a Palavra de Deus tem uma oportunidade extraordinária para ganhar o seu marido pelo seu bom testemunho. Pedro diz: “sejam gan-hos sem palavras, pelo procedimento de sua mulher, observando a con-duta honesta e respeitosa de vocês” (1Pe 3.1,2). Que belo ensino para vencer!

1.4 - O esposo cristão também tem a sua parte a ser feita – O após-tolo Pedro declara alguns aspectos específicos, e de responsabilidade para o marido: a) “a vida comum do lar com discernimento” – aqui está em questão a vida plena dentro de um quarto. No AT a palavra se refe-re à relação sexual no casamento, à intimidade mais profunda e Pedro está falando da união. b) “tendo con-sideração para com a vossa mulher”

– tratando-a com amor, respeito, su-prindo as suas necessidades em vá-rios aspectos, seja ela cristã ou não. c) “tratem-nas com honra, como par-te mais frágil” – o marido deve tratar a mulher com dignidade, não como alguém inferior ou superior, mas como alguém que merece cuidado e prote-ção. d) “como co-herdeiras do dom da graça da vida” – numa demonstração de que ambos serão beneficiados com o casamento e a mulher tem os mesmos direitos espirituais que o ho-mem. e) “de forma que não sejam in-terrompidas as vossas orações” – aqui Pedro salienta que o marido que não vive bem com sua esposa, que não a trata com cordialidade e respeito, como alguém especial diante de Deus, que não procura ter um bom relacio-namento em casa, pautado no amor sincero, doador, altruísta, não terá as suas orações atendidas por Deus.

2 – A DIFERENÇA DO CRISTÃO NO MUNDO (1Pe 3.8-12)

As regras de conduta cristã são exortações gerais apresentadas pelo apóstolo Pedro, mas é interessante observar a repetição da exortação ao amor fraternal na carta em 1.22 e 3.8, sendo que o texto está em conexão com Romanos 12.9-21.

Uma vez que foram alcançados por Cristo para uma nova vida, a maneira de se comportar diante da sociedade deveria ser marcada por valores e princípios diferentes do mundo, e as virtudes pela presença do Espírito Santo deveria moldar e prevalecer na vida do cristão.

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Os ensinamentos apresentados seriam colocados em prática a partir da realidade do amor, uma vez que experimentaram o grandioso amor de Deus na pessoa de Cristo. Portanto, amar rompe com todo o anseio de vingança e de contrariedade quanto ao sofrimento injustificado, mesmo praticando o bem. A vida cristã deve ser vista na ótica proposta pelo Se-nhor, pois mesmo fazendo o bem a perseguição nos alcança, mas ela não pode provocar o mal para sempre e nem mesmo atingir a nossa alma, pois estamos seguros em Cristo.

O povo de Deus deveria consi-derar profundamente o que estava acontecendo e o propósito para o qual haviam sido alcançados, pois Pedro diz que “para isso vocês foram chamados”, ou seja, para testemu-nhar da presença de Cristo em suas vidas e da sua graça maravilhosa. O ensino de Jesus foi na contramão da vingança, do retribuir mal com mal, de revidar as ofensas e agressões, pelo contrário, Ele abençoava os seus ofensores. Seguindo o exemplo de Jesus, nós também podemos aben-çoar aqueles que estão à nossa volta (Mt 5.43-48).

3 – A DIFERENÇA DO CRISTÃO PARA O REINO (1Pe 3.13-22)

Através das ações de Cristo e da sua vitória completa sobre os pode-res das trevas e do diabo, o apóstolo Pedro fundamenta para os seus leito-res que eles também seriam vitorio-sos diante de todas as provações e sofrimentos impostos pelos poderes

do mal. A partir do exemplo de Cristo que sofreu injustamente, cada cristão é orientado a resignar-se diante da soberana vontade de Deus (v.17).

O ímpeto missionário e a com-preensão da responsabilidade de testemunhar de Cristo ao mundo da primeira geração de cristãos após a ressurreição estava em baixa, e diante de tantos perigos e sofrimen-tos, como deveriam viver e praticar o evangelho? A geração que recebeu a mensagem estava disposta a ca-lar-se diante de todas as zombarias, ameaças e perseguições impostas pelos inimigos. Portanto, ao fazer de Cristo o nosso Senhor, precisamos dar a Ele o trono do nosso coração e, consequentemente, testemunharmos de forma ousada e corajosa do nosso Senhor, preparados para responder a razão da nossa esperança.

O apóstolo Pedro fundamenta o sofrimento com a vitória do cristão to-mando como exemplo o Senhor Jesus, com o propósito de fortalecer a nossa fé e nos ajudar em nosso testemunho. O fundamento do seu ensino fala do reinado soberano de Cristo sobre a morte, sobre o pecado, sobre o inferno, sobre tudo e todos.

A sua morte foi atestada pelos sol-dados à sua volta, rompendo com as objeções em relação à sua humani-dade e ressurreição. O ensino é que nós também teremos o triunfo sobre a morte à semelhança de Jesus e viveremos com Ele. A sua morte foi consequência do nosso pecado, uma vez, que Ele nunca cometeu pecado.

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Jesus conquistou a vitória sobre o pe-cado através da cruz e da ressurreição (1Co 15.54-57).

A vitória de Jesus sobre o inferno tem sido objeto de grandes discus-sões e diversas interpretações. Mas podemos afirmar que não foi uma se-gunda chance dada pelo Senhor Je-sus aos “espíritos em prisões”, nem tampouco que eram os anjos caídos na referência de Gênesis 6.1-8, mas Pedro se refere aos contemporâneos de Noé que ouviram a mensagem da pregação, rejeitaram e impuseram dificuldades a Noé que manteve-se fiel a Deus na construção da arca e na transmissão da mensagem de Deus para o povo. Assim, o espírito vivificado de Cristo estava presen-te na mensagem de Noé aos seus contemporâneos anunciando o juízo dEle que estava para vir ao mundo ímpio (1Pe 1.10,11).

Jesus, com a sua ressurreição, declara a todos os poderes e potes-tades que Ele venceu e triunfou com-pletamente trazendo uma tão grande salvação (não como consequência do batismo) a todos que nEle crê e man-tém-se fiéis em todas as circunstân-cias. A pregação foi a sua declaração de vitória completa!

CONCLUSÃOO tema sujeição está diretamente

relacionado com o chamado de Cristo para fazermos diferença neste mundo como suas testemunhas. Desta for-ma, temos a oportunidade de fazer

a diferença em nosso lar, no mundo pela nossa conduta e testemunho e para o Reino, pela vitória completa de Cristo na cruz sobre a morte, o pe-cado e o inferno. Faça a diferença!!! Jesus Cristo venceu e vivo está!

PARA PENSAR E AGIR:1º - Em um tempo com tantas dis-

cussões em relação ao homem e à mulher, aos papéis do marido e da esposa, como conciliar os ensinos de Pedro sobre o casamento cristão na atualidade?

2º – O sofrimento foi uma marca no ministério de Jesus e dos após-tolos, bem como da Igreja, não só no primeiro século, mas ao longo da história. Como o cristão deve com-preender o sofrimento e a sujeição à luz da Bíblia?

3º - A nossa fidelidade a Deus tem uma recompensa, assim como foi com Noé, que creu em Deus e atuou em uma sociedade completa-mente contrária a Deus e à sua von-tade, mas Noé foi salvo juntamente com a sua família como mensageiro da justiça.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 1Pedro 3.1-7

Terça: Efésios 5.21-33

Quarta: 1Pedro 3.8-13

Quinta: Efésios 4.17-32

Sexta: 1Pedro 3.14-22

Sábado: Atos 4.29-31

Domingo: Hebreus 11.1-7

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LIÇÃO 7DATA DO ESTUDO

Texto Básico: 1Pedro 4.7-11

De forma recorrente, o Novo Testamento apresenta os ensinos sobre a expectativa da Igreja em relação à volta de Jesus. Não que fixe uma data para este grande acontecimento, mas segue o ensino do próprio Senhor Jesus que disse que o dia está determinado por Deus Pai, e ninguém sabe o dia e nem a hora. O apóstolo Pedro segue a linha da necessidade de prepara-ção para este grande dia.

A perspectiva da volta de Jesus condiciona todos os aspectos da nossa vida e do nosso serviço. A vida diária oferece muitas dificulda-des para um cristão, mas ao mesmo tempo muitas oportunidades para demonstrar o compromisso e a fi-delidade ao Senhor através de um viver pautado no servir.

Embora a perseguição e o sofri-mento estivessem levando cristãos à morte, Pedro mostra a real condi-ção de cada pessoa diante de Deus e o que cada um pode esperar no juízo final, aconselhando a todos, quanto à conduta e a prática do serviço cristão. Como um pastor ca-rinhoso, ele encoraja os cristãos a perseverarem, revelando que cada pessoa terá que prestar contas diante de Deus no juízo final.

1 – O SERVIÇO TEM COMO MOTIVAÇÃO UNIR A IGREJA

O apóstolo Pedro orienta sobre a necessidade da Igreja se fortalecer na união através de duas ações bem específicas: vigilância e sobriedade. Vigilante em oração para não cair nas armadilhas do inimigo, nas tentações

ASPECTOS DO SERVIÇO CRISTÃO

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do pecado e insensatez com relação às coisas deste mundo; e com sobrie-dade, fazendo boas escolhas e aguar-dando fielmente “o fim de todas as coisas”, o grandioso retorno de Cristo.

A comunhão da Igreja deve ser desenvolvida em três aspectos: Amor, Oração e Hospitalidade. O amor é um tema recorrente na carta, um incenti-vo aos cristãos para que demonstras-sem verdadeiro amor uns para com os outros. Pedro utiliza a expressão “amor intenso” (αγαπην εκτενη), ou seja, não é só a manifestação do amor, mas o termo grego ektenes se refere ao esforço máximo dos mús-culos de um atleta na corrida. Assim, cada cristão deve se esforçar ao má-ximo para demonstrar amor verda-deiro para com os outros, mesmo que seja diante de afrontas, perdas ou injustiças, uma demonstração de amor sacrificial, pautado no exemplo de Jesus.

A oração vem com a convocação para a dedicação, pois Pedro sabia muito bem como ele e os amigos apóstolos deixaram o Senhor Jesus orando sozinho e foram dormir. Não vigiaram e foram advertidos pelo Senhor que sem vigilância estavam sujeitos à tentação e, consequen-temente, à derrota e queda. Pedro deseja, a partir de sua experiência, despertar os seus leitores para a im-portância da oração como recurso para o fortalecimento na vida cristã e a unidade da Igreja. Com a oração o cristão estabelece uma ligação com Deus que o aproxima da relação com os homens.

A hospitalidade sempre foi reco-mendada e elogiada pelos ensinos do Senhor Jesus (Mt 25.35-40). Na-queles dias não havia muitas hos-pedagens e os cristãos perseguidos precisavam de amparo, acolhimento e ajuda mútua para que pudessem encarar as provações.

Paulo também fala de hospitali-dade (Rm 12.13), e podemos citar o exemplo em que foi instado e cons-trangido a ficar na casa de Lídia, a vendedora de púrpura, após a sua conversão (At 16.14,15). Paulo fala da hospitalidade como critério para o pastorado (1Tm 3.2) e também fala às viúvas para que demonstrem suas boas obras sendo hospitaleiras (1Tm 5.9,10).

Vivemos dias em que o relacio-namento está difícil, e por causa de diversos fatores existe uma dificulda-de para se receber alguém em casa, seja conhecido da Igreja, do bairro, da cidade, enfim, o fato de ter alguém em nossa casa, atualmente, surge como uma preocupação, um “ensino estranho” para um cristão, especial-mente por causa da violência. Ainda há aqueles que nunca recebem nin-guém, nem mesmo os parentes em suas casas, vivendo somente para si mesmos.

2 – O SERVIÇO TEM COMO RECURSO OS DONS ESPIRITUAIS

O cristão recebe na conversão o dom do Espírito, que é a presen-ça do Espírito Santo em sua vida; é conduzido a demonstrar o Fruto do

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Espírito na nova vida diária, atra-vés de várias características em seu comportamento e atitudes; e ainda recebe a capacitação sobrenatural de Deus que são os dons espirituais, para desenvolver-se espiritualmente na vida cristã. No NT temos uma lista de dons em Romanos 12.4-8; Efésios 4.8-14 e 1Coríntios 12.

O ensino de Pedro está de acor-do com o objetivo para o qual cada cristão é capacitado com pelo me-nos um dom, e que deve ser usa-do para o benefício de todos. Ele diz: “Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros” (1Pe 4.10). Este ensino está alinhado com o ensino de Paulo em 1Coríntios 12.4-7 em que o dom espiritual é para o “proveito comum”, nunca para or-gulho e vaidades pessoais, mas para servir à Igreja e promover a edificação do corpo de Cristo.

Na Igreja “há diversidade de dons, (...) há diversidade de operações, (...) há diversidade de ministérios” (1Co 12.4-7), para assegurar que haja espaço para todos se envolverem na dinâmica do Reino, para servir ao Senhor em áreas específicas, contri-buindo assim para o crescimento es-piritual da Igreja.

Os dons espirituais são distribuí-dos particularmente pelo próprio Se-nhor, não concedendo ao cristão a escolha por um ou outro dom: “Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, conforme quer. Mas agora Deus co-

1 - ROBINSON, Darrell W. IGREJA: Celeiro de Dons. JUERP, Rio de Janeiro RJ, 2000, pág. 144

locou os membros no corpo, cada um deles como quis” (1Co 12.11,18). Isso contribui para que cada cristão saiba da sua importância e significado para o corpo de Cristo, que é a Igreja, bem como, valorizando a coletividade em detrimento do particular.

O serviço é prestado a Deus para o benefício do próximo, mesmo que este próximo ainda não seja um filho de Deus, mas que deve ser alcança-do por uma atitude de serviço como resultado dos dons espirituais. Darrell W. Robinson, diz: “Os dons devem ser usados para evangelizar aqueles que estão perdidos, levá-los a Cristo, tra-zê-los para dentro do corpo, e equi-pá-los para evangelizar os outros. Os dons são usados de muitas maneiras para cumprir Sua missão por meio do corpo de Cristo, mas, de uma manei-ra especial, Deus usa os dons para o evangelismo”1.

O desafio para cada cristão é des-cobrir o seu dom e colocar-se à in-teira disposição de Cristo para servir a Igreja. Envolva-se! Comprometa-se! Faça a sua parte!!! Sirva ao Senhor!

3 – O SERVIÇO SE DESENVOLVE PELA MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA

O serviço que deve ser ministrado uns aos outros como dom recebido oferece uma ideia aos cristãos que foram beneficiados de forma extraor-dinária com uma capacitação sobre-natural de Deus, que não fazia parte deles mesmos, portanto, era uma manifestação da multiforme graça de

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Deus. As diversas possibilidades de servir estavam diretamente ligadas ao fato de que cada pessoa recebe um dom para ser usado para a glória de Deus e para a edificação e cresci-mento da Igreja. A multiforme graça de Deus em relação aos dons nos reve-la que Deus supre todas as áreas na vida da Igreja, como sendo uma varie-dade de dons para o proveito de todos.

O apóstolo Pedro ensina sobre dois aspectos fundamentais na ma-neira como os cristãos poderiam evi-denciar o dom como favor recebido de Deus: pelo falar (lalei) e pelo servir (diaconei) (1Pe 4.11).

Aquele que havia recebido o dom de Deus para falar, deveria com cora-gem e ousadia transmitir a Palavra de Deus com fidelidade, pois a mensa-gem não é da própria pessoa, mas é a divina e inspirada Palavra de Deus. Uma vez sendo fiel no testemunho ao compartilhar a Palavra de Deus, qual-quer pessoa terá a convicção de que Deus fala por intermédio dele.

Assim também, os cristãos com o dom de servir, deveriam fazê-lo na força que vem de Deus, com a depen-dência de Deus, para que Ele seja sempre glorificado. A ideia principal, no original, tem a ver com a vida de serviço do diácono, mas de forma am-pliada e não ferindo o texto, todos os cristãos são convocados a servirem ao Senhor através do serviço presta-do aos semelhantes. Deus dá força suficiente a todos para a realização da sua vontade soberana e graciosa.

CONCLUSÃOO cristão tem o chamado para ser-

vir ao Senhor, mas diante dos desafios e dificuldades em vários aspectos, so-mente encorajados pelo Espírito San-to e pela poderosa Palavra de Deus é que conseguimos viver como Igreja unida do Senhor. Só assim podemos desenvolver o nosso serviço através dos dons espirituais e cumprirmos com a vontade de Deus pela demonstração da sua graça.

A nossa motivação no serviço, no uso dos dons espirituais, no amor e nas orações só tem significado e rele-vância se forem para a glória de Deus.

PARA PENSAR E AGIR:1º - Sua vida de serviço a Deus

tem fortalecido a comunhão da sua Igreja?

2º - As injustiças, decepções, má-goas e dificuldades obstruem o seu serviço a Deus?

3º - Você tem utilizado os dons espirituais para servir ao Senhor fiel-mente?

4º – A variedade de dons tem como propósito suprir todas as ne-cessidades da Igreja. Você tem feito a sua parte?

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 1Pedro 4.7-11

Terça: Efésios 4.1-13

Quarta: Romanos 12.1-7

Quinta: 1Coríntios 12.1-11

Sexta: 1Coríntios 12.12-31

Sábado: Lucas 12.41-48

Domingo: Mateus 25.14-30

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LIÇÃO 8DATA DO ESTUDO

Textos Básicos: 1Pedro 4.12-19

Os judeus, por natureza, sempre estiveram envolvidos em algum tipo de perseguição ou dificuldade. No primeiro século foram perseguidos cruelmente, especialmente a partir da atitude de Nero em incendiar a ci-dade de Roma, no ano de 64 d.C., e colocar a culpa nos cristãos. Os cris-tãos foram queimados vivos, joga-dos para as feras, decapitados, so-freram todo tipo de tortura e morte.

A questão é que os gentios convertidos a Cristo estavam pas-sando por provações por causa do nome de Cristo, sofrendo também as perseguições por causa da fé cristã, sem entender bem o que estava acontecendo. O apóstolo Pedro, então, escreveu uma carta para ajudá-los e fortalecê-los na fé, encorajando-os para os propósitos eternos de Cristo para a sua Igreja e seus servos.

O ensino de Pedro quanto ao so-frimento, se fundamenta no ensino do próprio Senhor Jesus Cristo que disse “no mundo tereis aflições, ten-de bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33), e contradiz os ensinos modernos da Igreja, especialmen-te o evangelho da prosperidade. O ensino aponta algumas verdades de forma bem objetivas para os cristãos enfrentarem todo tipo de provação e dificuldade e serem fortalecidos.

1 – SER CRISTÃO NÃO NOS ISENTA DO SOFRIMENTO

Não devemos estranhar a pre-sença do sofrimento em nossa vida. Este foi o conselho de Pedro, como se fosse alguma coisa nova, como algo que não fazia parte dos ensinos do Senhor Jesus para os seus discípulos. Pelo contrário,

A VIDA CRISTÃ E O SOFRIMENTO

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existem várias advertências quanto à presença do sofrimento na vida dos cristãos.

O apóstolo Pedro se identifica com eles no sofrimento, chama-os carinhosamente de “amados” e se coloca ao lado deles para ajudá-los a compreenderem o que estão passan-do. Ele diz: “não se surpreendam com o fogo que surge entre vocês” (v.12), ou seja, com a perseguição dura e cruel, pois é natural o ódio do mundo incrédulo para com os seguidores de Cristo (Jo 15.18-23).

Há sempre um propósito maior estabelecido por Deus em nosso sofrimento, para testar, por meio da provação, a nossa fidelidade e amor. Tanto no AT quanto no NT, vemos os servos de Deus enfrentando todo tipo de provação e sofrimento de for-ma injusta, mas sobretudo, estavam cônscios de que Deus sempre tinha um propósito a ser cumprido na vida de cada um deles. Deus não é um sádico que brinca com o sofrimen-to em nossa vida, mas estabelece--o como uma escola para o nosso aprendizado e crescimento, é uma oportunidade para crescermos em nossa fé (Rm 5.1-6).

O apóstolo Pedro está preocupa-do em mostrar aos cristãos que há um propósito no sofrimento e que por meio da “prova” eles são testa-dos. Para isso, utiliza a figura do pro-cesso de purificação do ouro. Assim também acontece na vida do cristão, pois o sofrimento é para testar a au-tenticidade da fé e eliminar as devi-das impurezas.

2 – SER CRISTÃO NO SOFRIMENTO É UMA IDENTIFICAÇÃO COM CRISTO

O verso 13 nos indica um parado-xo da vida cristã diante do sofrimen-to, pois acrescenta a alegria: “Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo”. Uma coi-sa é saber que a provação e o so-frimento fazem parte da vida cristã, mas ter alegria no sofrimento é algo estranho para qualquer pessoa. Na verdade, podemos dizer que é raro e quase impossível.

Alegrar-se por sofrer pelo nome de Cristo foi para os apóstolos uma grande honra e privilégio, sendo na atualidade uma coisa totalmente es-tranha à vida cristã, que busca so-mente o prazer, a satisfação e real-mente não considera o sofrer pelo nome de Cristo.

A história está repleta de exem-plos tanto no NT quanto na história da Igreja. Pedro experimentou sofrer pelo nome de Cristo: “Eles foram con-vencidos pelo discurso de Gamaliel. Chamaram os apóstolos e mandaram açoitá-los (...) Os apóstolos saíram do Sinédrio, alegres por terem sido considerados dignos de serem humi-lhados por causa do Nome de Jesus” (At 5.40,41).

O ilustre missionário Salomão Luiz Ginsburg, quando estava no nor-te do Estado do Rio de Janeiro, na cidade de São Fidélis, foi apedrejado e se alegrou em sofrer pelo Nome de Jesus. No começo do trabalho, uma

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casa foi alugada e o missionário dian-te de uma multidão de mais de 1000 pessoas e em conversa com o polí-tico mais influente, lhe convida para entrar. Eis o diálogo: “- Se eu entrar, é para quebrar a tua cabeça”. O mis-sionário responde: “pois bem, entre e quebre a minha cabeça, mas primeiro ouça o que eu tenho para lhe dizer”. Uma pedra foi atirada e acertou a ca-beça do auxiliar de Salomão L. Gins-burg. Em São Fidélis, o missionário foi preso por pregar o evangelho do Senhor Jesus1.

A alegria vem com uma pro-messa a ser desfrutada “na glória futura”. Pedro está transmitindo aos cristãos uma palavra de segurança e certeza, que estariam recebendo do Senhor algo muito mais valioso. Ele diz: “para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exul-tem com grande alegria” (1Pe 4.13b). Jesus, através das bem-aventuran-ças, também assegurou aos discí-pulos que após o sofrimento vem a recompensa futura (Mt 5.10-12). O ensino do apóstolo Paulo foi na mesma direção em Romanos 8.18.

A alegria no sofrimento revela a presença do Espírito Santo de Deus em nós, “o Espírito da glória, o Espírito de Deus, repousa sobre vocês” (1Pe 4.14). É justamente a presença consoladora do Espírito que nos ajuda e nos fortalece para resistir ao sofrimento e saber que não estamos sozinhos, pois o Senhor está conosco!1 - FERREIRA, Ebenézer Soares - História dos Batistas Fluminenses. Juerp. Rio de Janeiro, 1991, p54.

3 – CAUSAS REAIS DO SOFRIMENTO NA VIDA DOS CRISTÃOS

Nem todo sofrimento está as-sociado à questão da fé, do rela-cionamento com Cristo. É preciso reconhecer o sofrimento como causa de escolhas erradas, de caminhos maus, de comportamento equivocado, de participação e en-volvimento em coisas ilícitas. Muitas pessoas sofrem porque cometeram algum crime e são tolhidos da liber-dade, outros sofrem pela infração da lei. Por isso, preciso avaliar sincera-mente e descobrir qual o motivo do meu sofrimento.

O sofrimento na vida dos cris-tãos é uma oportunidade de glori-ficar a Deus. Pedro chama a atenção dos cristãos para aproveitar as opor-tunidades na perseguição e no so-frimento para testemunhar de Cristo e do evangelho. Que não seja como assassino ou ladrão, mas fazendo o bem. “Contudo, se sofre como cris-tão, não se envergonhe, mas glori-fique a Deus por meio desse nome” (1Pe 4.16). John Piper escreveu um importante artigo intitulado “Não des-perdice seu câncer”, por ocasião de uma cirurgia, declarando que uma enfermidade pode ser uma extraor-dinária oportunidade para glorificar a Deus. Paulo fala dessa honra: “Por-que vos foi concedida a graça de pa-decerdes por Cristo e não somente de crerdes nele” (Fp 1.29).

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O sofrimento é um convite para uma avaliação sincera em relação à vida cristã, é a correção que auxi-lia no ajustamento para a eternidade no juízo final. Tem como propósito a purificação, o quebrantamento e a mudança em nossas atitudes.

4 – O SOFRIMENTO E A VONTADE DE DEUS NA VIDA DO CRISTÃO

Existem situações em nossas vi-das que não entendemos muito bem o que está acontecendo. Assim também era com os cristãos destinatários des-ta carta, e Pedro ensina que o cristão, ao sofrer por causa do Nome de Cris-to, sofrer injustamente, experimenta a vontade de Deus, pois sabe que Deus está no controle de todas as coisas e nada foge ao seu domínio (Rm 8.28).

Pedro estabelece aos cristãos a necessidade de submeterem-se à vontade de Deus. Aos que “sofrem de acordo com a vontade de Deus devem confiar suas vidas ao seu fiel Criador” (v.19). Independentemente da situação em que se encontra, seja boa ou ruim, a convocação é para entregar-se aos cuidados de Deus (Lc 23.46).

Outro ensino importante destina-do aos leitores sofredores é que a realidade difícil não deve impedi-los de praticarem o bem, ou seja, para quem está sofrendo afrontas, injúrias, calúnias, difamação, provação ou perseguição, a orientação do após-tolo Pedro é para continuar fazen-do o bem. Só com a ajuda do Deus Criador é possível!!!

CONCLUSÃOA vida pecaminosa traz consigo

as devidas consequências de sofri-mento e morte, mas como entender um cristão autêntico e fiel passar por provações e sofrimento? O apóstolo Pedro nos revela os motivos reais pe-los quais passamos por adversidades e como devemos aproveitá-las para glorificar a Deus. Que não soframos por ações erradas e escolhas con-trárias à Palavra de Deus, e sim, por confiarmos de forma absoluta e plena no Senhor Jesus Cristo.

PARA PENSAR E AGIR:1º - Quando sofremos, principal-

mente de forma injusta, o que vem pri-meiro à nossa mente? Como nos po-sicionamos em relação à vida cristã?

2º - Por que na atualidade alguns cristãos não aceitam o sofrimen-to como sendo a vontade de Deus? Como entender um Deus que nos deixa sofrer?

3º - A dinâmica do relacionamen-to com o Senhor demonstra até que ponto estamos dispostos a manter o nosso compromisso com Ele.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 1Pedro 4.12-19

Terça: Daniel 3.1-23

Quarta: Daniel 6

Quinta: Isaías 53.7-12

Sexta: Tiago 1.1-17

Sábado: Atos 27.14-44

Domingo: Atos 28.1-10

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LIÇÃO 9DATA DO ESTUDO

Texto Básico: 1Pedro 5.1-4

O apóstolo Pedro orienta os lí-deres para que estivessem com-prometidos com o Senhor e agindo com responsabilidade, especial-mente diante do difícil quadro que os cristãos estavam passando e necessitavam de todo o carinho, apoio, ajuda e proteção, além de um ensino coerente com a fé cris-tã e encorajamento para uma vida cristã vitoriosa. Os líderes deveriam auxiliar as ovelhas, compreendendo sua própria realidade.

Pedro usa suas experiências com o Senhor para compartilhar do chamado e exercício do ministério, bem como a maneira que cada um deveria se comportar como líder do povo de Deus. Ele se apresenta como alguém que viu os sofrimen-tos de Cristo, seja a agonia do Ge-tsêmani ou da prisão e tortura an-tes da crucificação. Portanto, Pedro apresenta um padrão a ser seguido para ser aprovado pelo Senhor.

1 – CONVOCADOS PARA UMA NOBRE MISSÃO

“Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuida-dos”. (1Pe 5.2a) Esta foi a reco-mendação do apóstolo Pedro aos pastores, a partir da sua própria experiência de ter sido chamado pelo Senhor Jesus para que esti-vesse apascentando o Seu rebanho (Jo 21.16). A primeira missão de um pastor é cuidar das ovelhas, é prover o alimento certo e necessá-rio para o sustento de cada uma, é evitar que as ovelhas se alimentem de coisas venenosas e, consequen-temente, sejam levadas à enfermi-dades e morte.

Há um destaque especial no tex-to para a questão do pertencimen-to. As ovelhas pertencem a Deus, o rebanho é do Senhor, e se em ter-mos humanos uma pessoa tem res-ponsabilidades diante da lei como

O PADRÃO PARA UMA LIDERANÇA APROVADA

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depositário fiel (“aquele que assume a guarda de determinado bem. Sob pena de responder por perdas e da-nos”), que precisa zelar com fidelida-de, é preciso considerar o quão sério é cuidar das ovelhas do Senhor.

Cuidar do rebanho do Senhor é uma nobre responsabilidade, é um grande privilégio altamente gratifican-te, por isso deve ser encarado como uma tarefa excelente. O apóstolo Paulo, ao se despedir dos anciãos da Igreja em Éfeso, diz: “Cuidem de vocês mesmos e de todo o reba-nho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pas-torearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20.28). Que zelo e cuidado o pas-tor precisa ter, protegendo as ovelhas dos inimigos que se aproximam para devorar e destruir o rebanho!

2 – MOTIVAÇÃO E DISPOSIÇÃO PARA O MINISTÉRIO

“Não façam isso por ganân-cia, mas com o desejo de servir”. (1Pe 5.2b) O pastor deve servir ao Senhor não pela recompensa, pelo salário, pelo pagamento, mas de boa vontade, com um coração disposto. O apóstolo Pedro está se referindo aos pastores que tinham, entre tantas res-ponsabilidades, a supervisão e con-trole das finanças e poderiam, moti-vados pela ganância, se apropriarem do dinheiro consagrado para a obra. A orientação bíblica é que “digno é o obreiro do seu salário” (Lc 10.7), e o apóstolo Paulo reforça essa ideia, dizendo: “Assim ordenou também o

Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho” (1Co 9.14).

Portanto, Pedro estabelece uma orientação muito importante, tanto para aqueles dias quanto para o nos-so. Há muitos pastores que se emba-raçam com o dinheiro, seja o seu ou o da Igreja, por falta de sabedoria e por não se submeterem aos preceitos da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo também ensina sobre o cuidado que o pastor deve ter em relação ao dinheiro. Em Atos dos Apóstolos 20.33, o evangelista Lucas registrou a orientação de Paulo aos líderes da Igreja em Éfeso: “Não cobicei a prata nem o ouro nem as roupas de nin-guém”. Para o Jovem pastor Timóteo, ele disse: “Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mer-gulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desvia-ram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos” (1Tm 6.9,10). O pastor deve ter um cuidado permanente e constante, a- tenção redobrada quanto ao dinheiro.

O trabalho do pastor não pode estar pautado no prestígio, na au-topromoção, na busca pelo poder, mas sempre disposto a fazer o me-lhor para o Senhor Jesus e para o seu Reino. O pastor não deve ser preguiçoso nem indiferente ao traba-lho que tem para ser realizado, pois deve fazê-lo com boa vontade e com alegria em servir.

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3 – A CONSCIÊNCIA NAS ATITUDES PARA COM O REBANHO

“Não ajam como dominado-res dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o reba-nho” (1Pe 5.3), é uma exortação muito importante para apontar que os pastores não eram os senhores do rebanho, eles não devem usurpar a posição dAquele que de fato “domi-na sobre tudo e todos”. A dominação apontada por Pedro trata daqueles que, após assumirem o rebanho do Senhor, se apossam de uma autori-dade que não tem e, como ditadores arbitrários, atropelam todos que es-tão pela frente com exigências anti-bíblicas, ações e estratégias munda-nas, com um padrão completamente diferente daquele apresentado pelo Senhor para um líder, para um pastor chamado para cuidar do rebanho do Senhor, visando apenas seus fins.

As ovelhas foram confiadas aos pastores (presbíteros, bispos) para que recebam todo o cuidado e pro-teção necessária e, para isso, a orientação do apóstolo Pedro é que os pastores sejam exemplos, sirvam de modelo, de referenciais. O escritor aos Hebreus deixou-nos um claro en-sino neste aspecto: “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver” (Hb 13.7). Cada líder é chamado para servir de exemplo para o rebanho, e a palavra grega utilizada é (τυποι – typoi), em que o líder deve ser um modelo, uma vez que segue o modelo

de Cristo. As atitudes corretas men-cionadas por Pedro para cada pastor são servir e liderar de boa vontade, sendo modelo.

4 – A GARANTIA DE UMA RECOM-PENSA NÃO TRANSITÓRIA, MAS PERMANENTE

“Quando se manifestar o Su-premo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da glória” (1Pe 5.4), retrata um ensino sobre a recompensa que é constante no NT, desde os ensinos de Jesus nos evan-gelhos, bem como nos dos apóstolos, culminando no livro do Apocalipse. Há uma recompensa prometida!

O apóstolo Pedro reitera o ensino da volta de Cristo e reforça aos leito-res que há um dia determinado por Deus Pai, em que o Supremo Pastor Jesus voltará e trará consigo a re-compensa para cada um de forma especial.

O contraste utilizado no que diz respeito à recompensa é muito in-teressante, pois naqueles dias, nos jogos olímpicos gregos era comum o vencedor ganhar uma coroa, uma guirlanda confeccionada de hera, sal-sa, murta, azeitona ou carvalho, uma coroa que logo murchava e desapa-recia. Porém, a coroa prometida pelo Senhor é imperecível, indestrutível, incorruptível, incontaminável, uma recompensa que durará para sempre. Temos o desafio da perseverança e da fidelidade para com o Senhor.

Conta-se que um missionário, após décadas de serviço no campo,

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retorna ao seu país, e quando o avião aterrissa, havia uma multidão com faixas, cartazes, banda de música, tapete vermelho e uma autoridade então é recebida, ao que o pastor missionário com sua esposa saem sem serem notados, não havia nin-guém os esperando. Então o pastor ouviu a doce voz do Senhor que dizia: “Meu filho, você ainda não chegou em casa! A sua festa e recompensa es-tão garantidas!”

CONCLUSÃOSer líder aprovado requer seguir

o exemplo do Mestre, do Supremo Pastor Jesus Cristo, que nos oferece o padrão, a referência, o ideal a ser atingido. Cada pastor é um co-pastor do Senhor Jesus Cristo.

O rebanho, que é do Senhor, deve ser tratado com amor, carinho, res-peito, proteção, e deve ser conduzido aos pastos verdejantes da inerrante e inspirada Palavra de Deus, ao ver-dadeiro alimento para a alma. Cada pastor tem a responsabilidade de cui-dar com zelo do rebanho que perten-ce ao Senhor.

Cada ovelha, na compreensão de sua realidade de pertencimento ao Senhor, deve, com alegria, aceitar e submeter-se ao pastor que foi comis-sionado e enviado por Jesus Cristo para cuidar e protegê-la dos perigos na caminhada.

A recompensa está garantida para aquele que desenvolve o seu chama-do de forma exemplar, em obediên-cia e submissão ao Supremo Pastor.

Porém, é certo que haverá de sofrer maior rigor diante do Senhor pela res-ponsabilidade do chamado (Tg 3.1).

O apóstolo Pedro oferece orien-tações práticas para a administração eclesiástica, para o ofício pastoral e, principalmente, para ser um líder aprovado.

PARA PENSAR E AGIR:1º - Ao longo do tempo, muitos lí-

deres se perderam na condução do povo de Deus e passaram a liderar pela imposição, opressão e perse-guição. Por que muitos pastores não cumprem verdadeiramente com a sua missão em cuidar do rebanho do Senhor?

2º - Por que alguns líderes se pau-tam por aspectos negativos e munda-nos na condução do povo de Deus?

3º - Os pastores comprometidos com o Supremo Pastor submetem-se à Palavra de Deus e dão um ótimo exemplo para as ovelhas através de atos e palavras. O pastor foi chamado para ser uma bênção para a Igreja, para cada ovelha.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 1Pedro 5.1-4

Terça: 1Pedro 5.5-7

Quarta: 1Pedro 5.8-14

Quinta: João 21.15-19

Sexta: Marcos 10.35-45

Sábado: João 13.1-17

Domingo: Hebreus 12.1-3

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LIÇÃO 10DATA DO ESTUDO

Texto Básico: 2Pedro 1.1-11

Os temas propostos por Pedro também faziam parte dos ensina-mentos de Paulo sobre erros que estavam presentes em Colossos, Éfeso e Corinto.

A carta foi escrita provavelmente na década de 60d.C., antes da mor-te de Pedro (64 – 67 d.C.), e dirigida aos cristãos judeus e gentios espa-lhados por conta da perseguição e das dificuldades impostas por razão da fé em Cristo. Assim, a preocupa-ção pastoral do apóstolo Pedro para com os cristãos é para manterem o foco no conhecimento e no cresci-mento, auxiliando-os no combate aos erros e apontando para a volta triunfante do Senhor Jesus e a ne-cessidade de preparação.

1 – O CONHECIMENTO PLENO DE DEUS RESULTA EM GRAÇA E PAZ

O autor se apresenta como Si-mão Pedro, apóstolo e servo. Mui-

to diferente de alguns nos dias de hoje que se apresentam como lí-deres do povo de Deus, mas não tem nada de servo, e sim de dono e patrão. A palavra apóstolo tem o sentido de mensageiro enviado, e somente os doze e Paulo são re-conhecidos como tais, não existem outros apóstolos ao longo da Igreja, nem tampouco em nossos dias. Em Atos 1.20-26 tem os critérios para alguém ser apóstolo.

Os destinatários são pessoas que foram alcançadas pela salva-ção em Cristo e “receberam co-nosco uma fé igualmente valiosa” (2Pe 1.1c), ou seja, Pedro se identi-fica com os cristãos, revelando que não existe, no Reino de Deus, uma pessoa que seja superior ou inferior a outra; pelo contrário, todos são iguais perante o Senhor.

O relacionamento com Deus através de Cristo Jesus proporcio-na ao cristão alcançar o “pleno co-nhecimento” (epignõsis) de Deus,

CONHECIMENTO QUE FORTALECE E PRODUZ FRUTOS

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declarado por D. A. Carson, “como o meio pelo qual a graça e a paz po-dem transbordar na vida do crente”1, contrastando com o conhecimento (gnõsis) dos gnósticos (Adeptos de uma heresia iniciada no primeiro sé-culo que se desenvolveu nos séculos seguintes, dentre os seus postulados, defendiam uma espécie de conheci-mento misterioso e mais elevado para a salvação, ensinavam que a salvação nada tinha com relação à vida física e não criam na divindade de Jesus Cristo)2.

A graça (do grego χαρις - charis) é o favor imerecido de Deus para cada um de nós, é o meio pelo qual somos salvos. Somos justificados gratuita-mente pela graça, que nos fortalece diante das nossas fraquezas e nos livra do pecado. Enfim, Pedro deseja que a graça seja multiplicada na vida dos cristãos.

A paz (do grego ειρηνη – eirênê) é uma palavra que se origina no meio do povo de Deus no AT (Shalon). Essa paz não significa ausência de tribulações, dificuldades, problemas, lutas, adversidades; a paz na vida do cristão não depende das circunstân-cias externas, do contexto de vida, da movimentação de governantes através de passeatas, caminhadas e mobilização popular, não é fruto de uma droga medicamentosa ou da meditação oriental. A PAZ É FRUTO DA GRAÇA DE DEUS EM CRISTO, é uma ação de Jesus em nós e por nós, “deixo-vos a paz, a minha paz

1 - CARSON, D. A., Comentário Bíblico Vida Nova. Edições Vida Nova, São Paulo SP, 2009, pág. 20782 - BROADMAN, Trad. Adiel Almeida de Oliveira, Juerp, Rio de Janeiro,1985, p 207

vos dou; não vo-la dou como o mun-do a dá” (Jo 14.27). A graça de Cristo promove a paz com Deus, promoven-do a mudança real no coração do pe-cador pelo perdão dos pecados, para que seja desfrutada a verdadeira paz.

A declaração de Pedro aos cris-tãos é que desfrutassem de graça e paz multiplicadas através do conhe-cimento pleno de Deus. Conhecer a Deus de forma profunda e pessoal, somente pelo relacionamento com Cristo, e não por um conhecimento superficial, teórico e vazio de signifi-cado e vida.

2 – O PROGRESSO ESPIRITUAL SE REVELA NA VIDA PRÁTICA

Pedro ensina que Deus proveu os cristãos com todos os recursos neces-sários para o progresso espiritual, a partir do pleno conhecimento de Deus, para que todos tenham não só a com-preensão da fé, mas o resultado prático da fé, que oferece segurança e fortale-cimento na vida cristã e condição para enfrentar os erros.

2.1 – OS RECURSOS PARA O CRESCIMENTO JÁ FORAM CON-CEDIDOS POR DEUS

O desenvolvimento na vida cristã se pauta em dois aspectos conce-didos por Deus como recurso, para que cada cristão tenha a condição de aplicar em sua vida diária, que são: O poder de Deus e suas promessas.

Pedro declara: “Seu divino poder nos deu todas as coisas de que ne-

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cessitamos para a vida e para a pie-dade” (v.3). Sendo bem objetivo, ele afirma que a presença da graça de Cristo em nós por meio da salvação e pela ação do Espírito Santo, propicia a nós o poder de Deus que produz a iluminação para uma vida de santida-de e justiça.

Pedro ensina que o Espírito Santo nos oferece recursos poderosos para desfrutar de uma vida abundante ofe-recida em Cristo e para viver de for-ma piedosa, a fim de desenvolver em sua vida diária uma conduta certa, que tenha como alvo agradar a Deus.

O segundo aspecto menciona-do são as promessas de Deus como recurso de Deus para nós. Pedro tem a intenção de ajudar-nos na dinâmi-ca da vida, no combate à sedução de uma vida pecaminosa incentivada por falsos mestres e suas heresias. Ele orienta os cristãos e enfatiza a impor-tância das promessas quanto à uma vida piedosa, vivendo semelhantes a Cristo, “no mundo, mas não do mun-do”, mostrando claramente que atra-vés da Palavra de Deus temos tudo que necessitamos para uma vida cristã autêntica e vitoriosa: “ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem participantes da natu-reza divina e fugissem da corrupção que há no mundo” (v.4).

2.2 – OS RECURSOS PARA O CRESCIMENTO TEM COMO ALVO A FRUTIFICAÇÃO

Pedro enfatiza que a presença do poder e das promessas de Deus na vida do cristão deve levá-lo a uma

dinâmica de desenvolvimento espi-ritual constante, tendo como alvo a frutificação.

A fé salvadora produz o novo nas-cimento em Cristo, mas devemos acrescentar à nossa fé algumas ca-racterísticas muito importantes para nos ajudar em nossa caminhada. São sete qualidades mencionadas pelo apóstolo para o nosso crescimento constante (Veja os versos 5-7):

A Virtude tem a ver com excelên-cia moral, com uma vida que rejeita os vícios e comprova a nossa fé.

O Conhecimento nos indica um discernimento moral, para que o cris-tão saiba discernir entre o certo e o errado, o caminho bom e o mau, en-tre o que agrada e o que não agrada a Deus.

O Domínio Próprio é a demons-tração do fruto do Espírito, sendo es-pecialmente, neste caso, um elemen-to muito importante para o cristão agir diante do sofrimento e perseguição, agir com temperança e paciência, mostrando equilíbrio nas decisões. É o autocontrole, a palavra tem o sen-tido de poder, da pessoa saber se controlar.

A Perseverança tem o significa-do de constância espiritual. Pedro conclama seus leitores a resistirem as investidas das doutrinas e práticas do gnosticismo e continuarem leais ao Senhor.

A Piedade está relacionada à reverência para com Deus. O cristão deve viver de acordo com a adoração e os padrões da vida cristã. Piedade

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significa “adoração certa” e depen-dência de Deus.

A Fraternidade nos remete à necessidade de aplicarmos o princí-pio do amor cristão à nossa família cristã, que é a Igreja, aos amigos e familiares. Assim, com este conselho evita-se muitos conflitos e experimen-tamos uma verdadeira comunhão.

O Amor é o resumo de toda a lei. Pedro foi amado pelo Senhor e con-frontado na demonstração do amor sincero e verdadeiro para com Ele: “Tu me amas? Tu sabes que te amo”. Nos escritos de Paulo o “amor é o vínculo da perfeição” (Cl 3.14).

CONCLUSÃOO pleno conhecimento de Deus

concede ao cristão a oportunidade de desenvolver-se espiritualmente e, através desse crescimento, gerar frutos. Quando o cristão está com-prometido com Cristo e alicerçado na Palavra, automaticamente revela aqueles que não estão se desenvol-vendo ou crescendo no Senhor.

Pedro fala de quatro caracterís-ticas negativas dessas pessoas na Igreja (Veja os versos 8 e 9):

1º - são estéreis, inativos e ocio-sos, não querem servir ao Senhor;

2º - são improdutivos e inoperan-tes, não há frutos na vida deles;

3º - são cegos espiritualmente, e o resultado é um viver de trevas;

4º - são esquecidos, têm memória fraca e não se lembram dos ensinos do Senhor e dos benefícios alcança-

dos em Cristo. Esquecem principal-mente a Palavra de Deus.

A frutificação revela que genuina-mente temos a salvação em Cristo, que nascemos de novo e vivemos para o Senhor. É uma comprovação da pessoa do Espírito Santo habitan-do em nós, promovendo e produzindo resultados para a glória de Deus. Todo cristão deve esperar ansiosamen-te pela entrada no “Reino eterno de Cristo” e aguardar a sua gloriosa vol-ta, procurando viver sempre para Ele.

PARA PENSAR E AGIR:1º - O conhecimento que tenho de

Cristo e o meu relacionamento com Ele me proporciona graça e paz?

2º - Qual o impacto do poder de Deus e das suas promessas em mi-nha vida?

3º - Tenho me empenhado por acrescentar à minha fé as qualidades propostas pelo apóstolo Pedro, para ser um cristão frutífero?

4º - O pleno conhecimento de Deus na pessoa de Cristo deve ser o alvo de todos nós!

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 2Pedro 1.1-11

Terça: Romanos 5.20-6.18

Quarta: Gálatas 5.16-26

Quinta: Romanos 5.1-8

Sexta: Salmos 1

Sábado: Judas 1

Domingo: Lucas 13.6-9

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LIÇÃO 11DATA DO ESTUDO

Texto Básico: 2Pedro 1.12-21

A vida cristã tem um alicerce, uma fundação, uma base que sus-tenta nossa caminhada de fé. A nos-sa salvação tem Cristo como alicer-ce e fundamento, mas a nossa vida cristã se desenvolve e fundamenta--se na Palavra de Deus, na revela-ção pelas Escrituras Sagradas, pela iluminação do Espírito.

Pedro contrapõe os ensinos equivocados e distorcidos que es-tavam chegando para os cristãos e os falsos mestres com a sua própria experiência com o Senhor e com a verdade genuína do Evangelho, ali-cerçado na Palavra de Deus.

Muitos cristãos na atualidade es-tão fundamentando suas vidas em ensinos corrompidos, fontes conta-minadas, em ensinos pautados no

conhecimento de homens declara-damente ateístas, espíritas ou em religiões contrárias ao Evangelho de Cristo, aceitando-os como legítimos ensinos para a vida e ignorando os ensinos da Palavra de Deus. Alguns que conhecendo a Cristo como Se-nhor, mas se deixando levar por conselhos maus, promovem dissen-ções e divisões no meio da Igreja, afetando diretamente a comunhão entre os irmãos.

1 – VERDADES QUE FUNDAMENTAM NOSSA FÉ

Os cristãos tinham consciência da mudança que havia ocorrido em suas vidas e da necessidade de desenvolver-se na vida espiritual, sendo um processo constante na

A PALAVRA DE DEUS É O ALICERCE PARA A FÉ CRISTÃ

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maturidade cristã. Pedro convoca os cristãos para que “empenhem-se ain-da mais, em consolidar o chamado e a eleição” (v.10), a fim de terem con-dições de evitar o erro e o tropeço.

O apóstolo fala de coisas que eles já conheciam, que já fazia par-te da dinâmica de vida deles. Mas havia uma necessidade de reafirmar as verdades para os leitores/ouvin-tes, de forma constante, a fim de que estivessem fortalecidos contra todas as investidas do mal, seja através da perseguição, do sofrimento ou pelo equívoco dos ensinos heréticos, para que se lembrassem da origem e da essência da salvação alcançada.

A garantia da entrada no Reino de Deus se dá através da suficiência de Cristo, pela salvação que resulta da manifestação da graça pela fé. Há um propósito em viver de forma san-ta e pura, aplicando a mensagem do Evangelho à vida diária, uma vez que “estão solidamente firmados na ver-dade que receberam” (2Pe 1.12).

O fato de conhecer um ensino da Palavra de Deus não significa que os cristãos não tenham necessidade de serem lembrados das verdades fun-damentais da fé cristã, pois uma ca-racterística negativa citada por Pedro anteriormente foi justamente o fato da-quele que não busca a maturidade es-piritual se esquecer da purificação dos seus pecados e negligenciar a busca por uma vida digna do evangelho.

A verdade histórica da morte, se-pultamento e ressurreição de Jesus

1 - KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: 1 Pedro, 2 Pedro e Judas. Editora Cultura Cristã, São Paulo SP, 2006, pág. 349

são ensinos lembrados por Pedro, ao escrever sua carta para encorajar os cristãos.

O apóstolo Paulo também se uti-lizou da repetição do ensino para fortalecer a Igreja do Senhor. Em Fili-penses 3.1, ele diz: “Escrever-lhes de novo as mesmas coisas não é can-sativo para mim e é uma segurança para vocês”; e em Romanos 15.15 diz: “A respeito de alguns assuntos, eu lhes escrevi com toda a franque-za, como para fazê-los lembrar-se novamente deles, por causa da graça que Deus me deu”. O apóstolo João seguiu na mesma direção: “Não lhes escrevo porque não conhecem a ver-dade, mas porque vocês a conhecem e porque nenhuma mentira procede da verdade” (1Jo 2.21).

O apóstolo Pedro fala que é im-portante ajudar os cristãos a respeito de verdades que já foram aceitas e assimiladas, mas que por alguma ra-zão, os cristãos estavam desatentos, então o apóstolo utiliza o termo grego que significa despertar, acordar, como falta de atenção. Um cristão pode se acomodar com as conquistas, vitó-rias e glórias do passado e viver aco-modado com o presente, aceitando passivamente as induções do diabo, abrindo brechas para uma vida de transgressão. Calvino declara que “so-mos ensinados pelo exemplo de Pe-dro que, quanto menos tempo de vida nos resta, mais diligentes devemos ser ao executar nosso ofício”1. Mesmo com a morte próxima, Pedro demons-trou o seu compromisso com Cristo.

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2 – O TESTEMUNHO QUE FUNDAMENTA NOSSA FÉ

Os ensinos que estão sendo compartilhados têm uma base só-lida, um fundamento, um alicerce. Diferente dos ensinos que estavam se infiltrando nas Igrejas, que se ba-seavam em mitos, lendas, histórias inventadas e fábulas, Pedro alertava aos cristãos para que pudessem se ancorar em ensinos verdadeiros, de uma pessoa que presenciou a glória e a majestade do Salvador. Não era um ensino fruto de histórias huma-nas, mas resultado da revelação de Deus aos homens. Ele fala da auto-ridade do evangelho em detrimento dos ensinos mundanos e diabólicos. O apóstolo utiliza o termo grego para fábulas que significa mito, que era ensinado pelos falsos mestres.

“Fomos testemunhas oculares da sua majestade” (...) lhe foi dirigida a voz que disse: “Este é o meu filho ama-do, em quem me agrado” (v.16,17). Este ensino do apóstolo tem como meta revelar a fonte da experiência de Pedro e a autenticidade da men-sagem do evangelho em que foram alcançados, revelando que a vinda do Senhor não era uma história sem fun-damentos, inventada para enganar os cristãos, pelo contrário, era fruto do ensino do próprio Senhor Jesus. Pedro apresenta sua experiência no monte da transfiguração, quando ou-viu a voz de Deus confirmando a di-vindade de Cristo, e ele estava acom-

2 - KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: 1 Pedro, 2 Pedro e Judas. Editora Cultura Cristã, São Paulo SP, 2006, pág. 359

panhado de outros apóstolos – Tiago e João, por isso a expressão “E ouvi-mos esta voz dirigida do céu” (v.18).

Simon J. Kistemaker comenta so-bre o fato de Pedro usar a transfigu-ração de Jesus para demonstrar que a “entrada no Reino eterno do nosso Senhor” está plenamente suprida. Ele diz: “Como testemunhas humanas, foi permitido aos apóstolos um rápido olhar do céu no qual Jesus governa com poder, honra e glória, e onde é o Filho de Deus que recebe o amor e a aprovação do Pai”2.

O testemunho e o ensino de Pe-dro estão abalizados em sua expe-riência com o próprio Senhor Jesus, o que fundamenta a nossa fé.

3 – A PALAVRA QUE FUNDAMENTA NOSSA FÉ

Através da sua Palavra, Deus revelou o seu plano de salvar a hu-manidade, utilizando os profetas na transmissão de sua soberana vonta-de. Pedro conclama seus ouvintes/leitores a se atentarem ao que es-tava escrito nos profetas como uma luz brilhante nas trevas; não como uma palavra dos homens a respeito de Deus, mas a Palavra de Deus revelada aos homens.

Pedro fundamentava o seu teste-munho, como vimos no verso 18, na palavra falada por Deus, agora, ver-so 19 em diante, ele se volta para a Palavra escrita, as Escrituras Sagra-das do AT como fundamento para a

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fé. Era a palavra dos apóstolos sendo confirmada pelo estudo sistemático do AT. O apelo do apóstolo é para que os cristãos prestem bastante atenção a todas as profecias que estão nas Escrituras, pois todas se cumprirão. Se as promessas do AT se cumpri-ram, é necessário que os cristãos es-tejam atentos às profecias que ainda irão se cumprir.

A expressão no verso 19 “até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em seus corações” são simbólicas, uma descrição poética, apontando para o dia da volta gloriosa de Jesus e não para a referência ao amanhe-cer quando desponta Vênus, conhe-cida como a estrela da alva. Esse conhecimento da volta de Jesus deve ser guardado pelo cristão em seu co-ração com expectativa e confiança.

As Escrituras não são o resulta-do da ação humana em escrevê-la, a sua origem não está no homem, mas em Deus pela ação do Espírito Santo. Aqui nos versos 20 e 21, Pedro não está falando que é impossível ao ho-mem interpretar a Palavra de Deus, mas aponta para a fonte completa e total das Escrituras. Deus usou ho-mens santos ao longo dos séculos para transmitir a sua vontade revela-da através das Escrituras.

O apóstolo Pedro transmite aos cristãos que os seus ensinos tinham como fundamentação a Palavra de Deus, oriunda não como um projeto humano, não como fruto da invenção e desejos humanos, mas a sua ori-gem está em Deus.

CONCLUSÃOA fundamentação da nossa fé

está nas verdades compartilhadas pelos apóstolos, que conviveram com o Senhor Jesus sendo assim teste-munhas oculares dos seus ensinos, viveram aquilo que ensinaram e re-gistraram tais ensinos nas Escrituras para que estes chegassem até nos-sos dias. Portanto a nossa fé está na Palavra de Deus que é infalível, iner-rante, inspirada, divina e que chegou até nós pela ação do Espírito Santo em todos os tempos.

PARA PENSAR E AGIR:1º - As verdades contidas na Pala-

vra de Deus são lembradas na dinâ-mica de sua vida diária, em momen-tos de decisões e escolhas? Você vive pautado por ela?

2º - Você duvida da Palavra de Deus, dos seus ensinos e profecias, julgando que é puramente uma escri-ta de homens? Você questiona a ins-piração da Bíblia?

3º - Devemos agradecer diaria-mente pela Palavra de Deus estar disponível em todos os momentos da nossa vida.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 2Pedro 2.12-21

Terça: 2Timóteo 3.8-17

Quarta: Atos 17.10-14

Quinta: João 1.1-14

Sexta: Hebreus 10-1-10

Sábado: Hebreus 10.32-29

Domingo: Tiago 5.7-11

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LIÇÃO 12DATA DO ESTUDO

Texto Básico: 2Pedro 2

Em oposição aos ensinos de-clarados sobre a vida autêntica do apóstolo Pedro, fundamentada e comprovada pelas Escrituras do NT, sua experiência pessoal com o Senhor Jesus e a autoridade da palavra proclamada como fruto da revelação do próprio Deus na ação do Espírito Santo, a carta traz o retrato dos falsos mestres e dos seus ensinos, que estavam atuan-tes nas Igrejas.

O comentarista bíblico Warren Wiersbe diz que “os falsos ensina-mentos dentro da Igreja são muito mais perigosos que a perseguição externa (At 20.28-32)”1. O falso mestre não é aquele que ensina a Palavra de Deus de forma equivo-cada por ignorância ou desconheci-mento, mas um cristão que conhe-ce a verdade, mas deliberadamente

1 - WIERSBE, W. W., Comentário Bíblico Wiersbe Novo Testamento. Geográfica Editora Ltda, Santo André SP, 2008, pág. 805

ensina mentiras com motivos e in-teresses pessoais para, de alguma forma, enganar os seus seguidores e levá-los a satisfazerem os seus próprios desejos.

Pedro orienta a Igreja a buscar o progresso espiritual para ter con-dições de conhecer, refutar e com-bater os ensinos errados dos falsos mestres. Uma maneira de vencer o erro e a mentira é através da verda-de revelada nas Escrituras. “Cuida-do, para que ninguém vos engane” (Mt 24.4).

Há quem defenda que Pedro uti-lizou-se dos escritos de Judas para escrever a sua carta; outros defen-dem que foi o contrário, Judas usou os ensinos de Pedro; ainda alguns comentaristas defendem que am-bos tiveram uma mesma fonte para

ADVERTÊNCIAS CONTRA OS FALSOS MESTRES

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compor a carta. O certo é que ambos apresentam uma mensagem de ad-vertência e conclama a todos a bata-lharem pela fé numa guerra espiritual.

1 – A PRESENÇA DOS FALSOS MESTRES

O apóstolo Pedro envia uma ad-vertência aos cristãos sobre as di-ficuldades que teriam de enfrentar, além das perseguições e sofrimento. Ele diz: “surgirão entre vocês falsos mestres” (v.1), numa coerência com os ensinos de Jesus, apontando para um tempo em que os mestres esta-riam satisfazendo de forma ilusória as pessoas. Jesus advertiu em Mateus 24.11: “e numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos”.

O apóstolo Paulo, por diversas vezes, alertou os cristãos a respei-to da presença de falsos pastores e mestres. Em Éfeso, reunido com os líderes da Igreja, ele traz uma dura advertência: “Sei que, depois da mi-nha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos. Por isso, vigiem!” (At 20.29-31).

Por que tantos alertas sobre a presença dos falsos mestres na dinâ-mica da Igreja ou na vida da Igreja? Por que tanta preocupação com pes-soas que ensinam coisas erradas? D. A. Carson fala sobre o perigo dos fal-sos mestres para a Igreja. Ele diz: “Os falsos profetas são perigosos por três

2 - CARSON, D. A., Comentário Bíblico Vida Nova. Edições Vida Nova, São Paulo SP, 2009, pág. 2086

razões: 1º) o seu método é traiçoeiro e conduz a meios vergonhosos, le-vando a fé a ser difamada; 2º) o seu ensino é uma completa negação da verdade e 3º) o seu destino é causar destruição tanto a si mesmos quanto aos seus seguidores”2.

O apóstolo Pedro diz que os fal-sos mestres surgem no meio do povo de Deus, eles estão na rotina da Igre-ja, eles fazem parte da Igreja como membros. Talvez uma pessoa que passa a fazer parte da Igreja recen-temente seja “olhada”, seja vista com desconfiança, mas alguém conhe-cido, envolvido e até respeitado no meio da Igreja tenha facilidade para cumprir o papel de falso mestre.

Sobre a forma de agir, diz-nos o texto que “Estes introduzirão secre-tamente heresias destruidoras”, ou seja, trabalham nas sombras, nos bastidores, fingem ser o que não são, pois agem com hipocrisia. Apresen-tam os seus ensinos heréticos sem-pre de forma próxima à verdade, bus-cando enganar os que ouvem.

2 – O ENSINO DOS FALSOS MESTRES

O apóstolo Pedro defende que as heresias destruidoras têm a ver com o ensino gnóstico, uma seita que atuava dentro das Igrejas provocando todo tipo de divisões, em que o ensino atingia diretamente a pessoa de Cris-to, a obra expiatória, a criação, o rela-cionamento direto com Deus, a reali-dade do pecado ou inexistência dele.

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Para os gnósticos, Jesus não era o soberano Filho de Deus, não era o Senhor como afirmado nas Escri-turas, mas um senhor como muitos outros existentes. Jesus era apenas um homem comum com uma mente elevada. Por isso, Pedro afirma: “che-gando a negar o Soberano Senhor que os resgatou” (v.1), ao contrário de obedecer a Cristo, e utiliza a pa-lavra resgate, que está relacionada à compra de escravos para que seja um servo obediente.

Portanto, assim como Pedro, o apóstolo Paulo combateu intensa-mente o ensino dos gnósticos que es-tavam presentes na Igreja em Corinto, Colossos e Éfeso, apontando para os erros através das suas cartas. Os en-sinos heréticos defendiam a criação não sendo atribuída a Deus, a ênfa-se na libertação pelo conhecimento e a indiferença quanto à questão da moralidade, pois julgavam que esta-vam em um nível elevado (Cl 1.15-16; Cl 2.8,9).

Outra vertente do ensino dos gnósticos está relacionada com a questão da existência humana. Sen-do o corpo feito de matéria, que é essencialmente má, este deve ser destruído e assim a alma será liberta pelo conhecimento humano. Ensina-vam que a depravação não atinge a alma e assim promovia, no meio da Igreja, os erros para a inclinação de uma vida sexual impura, de uma vida de devassidão, e seduzia os instáveis, como Pedro havia advertido: “Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens” (v.2).

Os gnósticos distorceram a Pala-vra de Deus com uma sutileza teo-lógica, transformando a graça em uma licenciosidade pecaminosa; e isso era, na visão deles, uma ajuda no crescimento espiritual e na des-truição do corpo, unindo o comporta-mento pagão tomado pelos vícios e pecados, fazendo com que as imo-ralidades se tornassem uma prática normal no meio da Igreja. Cuidado!!!

Infelizmente os falsos mestres sempre encontram alguém no meio da Igreja para enganar e se submeter a toda forma de depravação, promis-cuidade e devassidão, aceitando os falsos ensinos.

3 – A CONDENAÇÃO DOS FALSOS MESTRES

O propósito pelo qual os falsos mestres ensinavam é advertido por Pedro. Revelando a sua ganância e avareza, eles enganavam o povo e os conduzia por uma vida imoral e sexualmente pervertida, visando o dinheiro e o lucro. Pedro utiliza uma expressão bem comum no comércio, ao dizer: “E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas”(v.3). Não é muito diferente do que aconte-ce em nossos dias.

Muitas pessoas são atraídas por palavras bonitas que incentivam a vitória e tantas promessas vazias e equivocadas por erro de interpre-tação bíblica e maldade. Com isso, esses líderes religiosos querem o dinheiro e, ao mesmo tempo, man-ter cada um sem o conhecimento da verdade por um ensino envenenado.

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Eles prometem muito, mas cumprem pouco, no dizer de Pedro “são fontes sem água”, que na verdade é inútil; são “nuvens carregadas pelo vento”, bonitas para apreciar, mas sem pro-duzir a chuva necessária; falando de liberdade, mas escravizando os se-guidores e sendo eles mesmos es-cravos também.

Eles não eram salvos, eram pes-soas que ouviram a mensagem do evangelho e passaram a fazer parte da comunidade, mas não houve con-versão, arrependimento, submissão a Cristo. A parábola do Semeador mos-tra que três partes das sementes se perderam (beira do caminho, entre es-pinhos e terreno pedregoso). O cristão autêntico, é um salvo para sempre, tem a vida eterna e nunca perecerá.

A condenação dos falsos mestres é certa, assim como os exemplos uti-lizados por Pedro na carta, eles so-frerão a pena do pecado. O julgamen-to já está marcado e a condenação virá pela determinação de Deus Pai na pessoa do Seu Filho Jesus. Por-tanto, toda desobediência e rebelião receberão justa retribuição. Pode pa-recer que estão enganando a todos sem qualquer consequência, mas a recompensa pelo erro e por conduzir pessoas ao erro será dada no grande Dia do Senhor.

CONCLUSÃOInfelizmente, a falsa doutrina será

mais popular que o caminho da ver-dade. O comentarista Warren Wiesr-be, diz: “As pessoas escolhem seguir

3 - WIERSBE, W. W., Comentário Bíblico Wiersbe Novo Testamento. Geográfica Editora Ltda, Santo André SP, 2008, pág. 809

falsos mestres porque exaltam-se a si mesmos, em vez de a Cristo, e muitas amam, adorar pessoas popu-lares e de sucesso. Além disso, o ca-minho falso facilita o viver em pecado e, ao mesmo tempo, o fingir ter uma vida religiosa”3.

Cuidado com os falsos mestres e os falsos ensinos! Busquem o conhe-cimento através da leitura, do estudo, da meditação na Palavra de Deus, para que não sejam levados pelos er-ros nos “ventos de doutrinas”.

PARA PENSAR E AGIR:1º - Os falsos mestres se apro-

veitam da boa fé das pessoas e sor-rateiramente ensinam suas mentiras e seus erros. Por que parece mais fácil seguir os falsos mestres e seus ensinos do que mestres e ensinos verdadeiros?

2º - Qual a melhor maneira para combater os falsos mestres e seus ensinos?

3º - Você consegue detectar os falsos mestres com seus ensinos atualmente?

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 2Pedro 2.1-11

Terça: 2Pedro 2.12-22

Quarta: 1Timóteo 4.1-10

Quinta: 2Tessalonicenses 2.1-17

Sexta: Judas 1

Sábado: Colossenses 2.1-15

Domingo: 2Timóteo 4.1-8

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LIÇÃO 13DATA DO ESTUDO

Textos Básicos: 2Pedro 3

Ao terminar suas orientações de forma amorosa, o apóstolo Pedro volta-se para a importância da Palavra de Deus, em que o foco é a fundamentação das verdades contidas nas Escrituras. Lembrando que todas as promessas de Deus se cumpriram e este é justamente o motivo pelo qual deveriam se pau-tar: Deus cumpre a sua Palavra!

Podemos perceber o encoraja-mento para os cristãos e o incentivo à uma vida cristã em crescimento constante, para refutar os ensinos errados dos falsos mestres e ter condições de fazer boas escolhas. Pedro estava preocupado em re-petir ensinos que já anteriormente haviam sido ensinados, seja por ele ou por algum dos apóstolos. A repe-

tição de um ensino era uma prática comum naquele tempo. O apóstolo Paulo mesmo disse: “irmãos meus, (...) no Senhor. Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós” (Fp 3.1).

O progresso espiritual se funda-menta em algumas lições. Vejamos:

1 – CRESCIMENTO ESPIRITUAL PELO PODER DA PALAVRA

A ênfase da carta está no des-pertamento dos cristãos a respeito de promessas feitas pelo Senhor no decorrer da história e como elas se cumpriram. Ele fala da necessidade dos cristãos se lembrarem das pa-lavras anunciadas pelos profetas do AT e que apontavam para a vinda do

CRESCIMENTO ESPIRITUAL: UM ALVO PERMANENTE

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Salvador Jesus Cristo. As profecias do AT se cumpriram plenamente na história e servem como fundamenta-ção para a Igreja, bem como, para os não crentes como uma advertência que todas as promessas de Deus se cumprem.

O apóstolo Pedro queria lembrar aos cristãos da criação dos céus e da terra, declarando: “pela palavra de Deus já desde a antiguidade existi-ram os céus, e a terra” (v. 5), em con-sonância com Salmos 33.6: “Pela pa-lavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca” e Hebreus 1.1-3 que diz: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou--nos nestes últimos dias pelo Filho, (...) por quem fez também o mundo... e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder”.

Ele queria lembrá-los também do cumprimento da Palavra de Deus na execução do juízo, no dilúvio, des-truindo o mundo e todos os ímpios. Assim, deveriam saber que os céus e a terra estão reservados “para o fogo, guardados para o dia do juízo e para a destruição dos ímpios” (v.7). Preste atenção na Palavra de Deus!

2 – O CRESCIMENTO ESPIRITUAL CONFRONTA OS INCRÉDULOS

Em vários momentos ao longo da história podemos constatar a pre-sença dos zombadores, dos incré-dulos e dos ímpios em relação às 1 - KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: 1 Pedro, 2 Pedro e Judas. Editora Cultura Cristã, São Paulo SP, 2006, pág. 434

promessas de Deus. O apóstolo Pe-dro registra sua ação junto aos cris-tãos, tentando persuadi-los quanto à tolice de acreditar em promessas que não se cumpriram. Eles diziam: “O que houve com a promessa da sua vinda? Desde que os antepassados morreram, tudo continua como desde o princípio da criação” (2Pe 3.3,4). A orientação e a advertência do apóstolo era para que seus leitores/ouvintes estivessem alertas e vigilan-tes contra os escarnecedores e zom-badores que trariam falsos ensinos.

Simon J. Kistamaker diz que “O escárnio não deve ser confundido com a zombaria. A zombaria retrata frivolidade, mas o escárnio é um pe-cado intencional. Ocorre quando, de-liberadamente, a pessoa mostra des-prezo por Deus e seu Filho”1.

Pedro diz “Não se esqueçam dis-to, amados”, numa referência direta como o Senhor governa a história. Deus é atemporal. Para Ele passado, presente e futuro são a mesma coi-sa, “um dia como mil anos e mil anos como um dia” (v.8). Na visão dos escarnecedores Deus estava indife-rente à situação humana e o mundo estava à própria sorte. Numa visão deísta, o mundo foi criado e abando-nado; jamais acabará.

A Bíblia atesta que Deus não demora para cumprir a sua Palavra, mesmo que em nossa concepção es-teja demorando. Deus tem um dia em que executará a sua vontade sobera-na e diz que será como a vinda de um

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ladrão à noite, de forma repentina, quando menos as pessoas estiverem esperando.

O povo de Deus não será sur-preendido na segunda vinda de Cris-to, porque vive pautado pelos ensinos da Palavra de Deus e está preparado para qualquer dia e horário estar para sempre com o Senhor na glória ce-lestial. Não esqueça da Palavra!

3 – O CRESCIMENTO ESPIRITUAL FORTALECE NA PRONTIDÃO

Um dos temas recorrentes nos ensinos do Senhor Jesus e dos após-tolos trata da necessidade de viver preparado para a morte ou para a triunfante volta do Senhor Jesus. A preparação para o encontro com Deus no AT era algo de muita impor-tância e levado a sério pelo povo de Deus. No NT, a ideia não é se preparar para um dia especial de festividades, rituais e cerimoniais, mas viver prepa-rado a cada dia, como sendo o último dia vivido nesta terra, compreenden-do que um dia a morte chegará e não sabemos quando será, então há a necessidade de viver preparado para estar com o Senhor eternamente.

Prontidão e vigilância são adver-tências para os discípulos de Jesus, a fim de que aproveitem ao máximo para servir e honrar ao Senhor a cada dia com alegria. Pelo fato de não se pre-pararem, muitos vivem na negligência e na omissão, deixam para depois um compromisso mais profundo com o Senhor. Adiam o aspecto da prepara-ção e deixam passar o tempo com ba-

nalidades. O Senhor Jesus, no sermão profético, em Mateus 24 e 25, proferiu vários ensinos com exemplos sobre a necessidade de preparação. Jesus virá e nós esperamos a sua vinda!

Diante de todo o exposto, Pedro deixa os escarnecedores e zomba-dores de lado e foca nos cristãos, para que reflitam sobre a importância de suas vidas, a motivação que im-pulsiona a caminhada, as mudanças que se fazem necessárias, enfim, se o fim está próximo, e este mundo vai terminar, como devemos aproveitar a nossa vida? Que tipo de pessoa de-vemos ser? A ordem é que vivamos em santidade e piedade (v.11), para que haja empenho na busca de uma vida agradável diante de Deus, não importando o dia e a hora da volta de Jesus, pois o cristão vive de maneira imaculada e irrepreensível para Deus todos os dias.

4 – CRESCIMENTO ESPIRITUAL: UM ALVO PERMANENTE

O autor retoma o ensino principal da carta com foco no conhecimento e nas condições ideais para vencer os falsos ensinos e os falsos mestres. O recurso que cada cristão tem para progredir na vida espiritual é buscar na inerrante, infalível, inspirada e di-vina Palavra de Deus de forma cons-tante e permanente.

Para evitar as ações contrárias dos homens abomináveis que atuam dentro das Igrejas para proliferar o engano e conduzir pessoas para o caminho errado, cada cristão preci-

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sa ter cuidado, viver vigilante, tendo a consciência de que o foco precisa estar na Palavra de Deus, nos ensi-nos recebidos pelas Escrituras e re-jeitarem qualquer tentativa de menos-prezar Deus, Jesus, a Sua Palavra ou qualquer um dos seus apóstolos.

O alvo permanente para o cristão é o crescimento e com dois aspectos muito importantes: graça e conheci-mento, sabendo que ambos vêm de Deus para nós na pessoa de Cristo. Não adianta conhecer a verdade de forma teórica, ter embasamento bíblico de forma sistemática, mas negligenciar a vida espiritual, as disciplinas espiri-tuais, o viver de forma santa e piedosa. É preciso ter conhecimento da Palavra para produzir proximidade, intimidade com Jesus, e assim as duas coisas acontecem: o conhecimento bíblico se manifesta na vida prática. Aquilo que cremos será desenvolvido através das nossas atitudes e comportamentos.

CONCLUSÃOOs cristãos são chamados por

Pedro de “amados”, mas ao mes-mo tempo são advertidos. Uma vez que deseja que sejam vitoriosos na vida cristã, ele os encoraja: 1º) a se lembrarem constantemente da Pala-vra de Deus, seja pelos profetas ou pelos apóstolos; 2º) a não se esque-cerem do cumprimento da Palavra e das promessas ao longo dos séculos, especialmente com o nascimento do Salvador Jesus Cristo; 3º) a fazerem um esforço para viver neste mundo mal aguardando a triunfante volta de

Jesus de maneira santa, irrepreensí-vel e imaculada; e, por fim, 4º) a es-tabelecerem como alvo permanente a busca pelo crescimento espiritual através das disciplinas espirituais: Bíblia e Oração.

PARA PENSAR E AGIR:1º - O crescimento é uma ação

natural na vida e deve ser também na vida cristã.

2º - Por que algumas pessoas acabam sendo vítimas dos falsos en-sinos e falsos mestres?

3º - Os zombadores e os escar-necedores conhecem a Palavra de Deus, mas distorcem as Escrituras para enganarem os discípulos instá-veis. Como manter-se em condições de resistir os homens abomináveis e seus ensinos?

4º - O crescimento espiritual deve ser um alvo permanente na vida do cristão. Assumo diante de Deus o com-promisso de persistir em busca deste alvo permanente em minha vida, pela leitura diária da Bíblia e na separação de um tempo para a oração?

Leitu

ra Di

ária

Segunda: 2Pedro 3.1-7

Terça: 2Pedro 3.8-14

Quarta: 2Pedro 3.15-18

Quinta: Colossenses 1.3-11

Sexta: Mateus 24.36-42

Sábado: Mateus 24.43-51

Domingo: Efésios 4.1-16

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Revista da Convenção Batista Fluminense

Ano 16 - n° 63 - Outubro / Novembro / Dezembro - 2019

Diretor Executivo: Pr. Dr. Amilton Ribeiro Vargas

Diretoria da Convenção Batista Fluminense:

Presidente: Pr. Elildes Junio Macharete Fonseca

Primeiro Vice-Presidente: Pr. Geraldo Geremias

Segundo Vice-Presidente: Dcª Lindomar Ferreira Da Silva

Terceiro Vice-Presidente: Pr. Dario Francisco De Oliveira

Primeira Secretária: Lilia Matilde Freichos Godoy

Segunda Secretária: Lina Silvana De Abreu Xavier De Oliveira

Terceiro Secretário: Pr. Paulo Cesar Conceição Dos Santos

Quarto Secretário: Pr. Ozéas Dias Gomes Da Silva

Diretor de Educação Religiosa:

Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda

Redator: Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda

Revisão Bíblico Doutrinária: Pr. Jailton Barreto Rangel

Pr. Elias Muniz dos Santos

Pr. Pedro Salvador de Azevedo

Revisão e copidesque: Edilene Oliveira

Produção Editorial, Diagramação e Impressão:

Print Master Editora (22) 3021-3091

Distribuição:

Print Master Editora

Convenção Batista Fluminense

Rua Visconde de Morais, 231 - lngá - Niterói - RJ

CEP 24210-145

Tel.: (21) 2620-1515

E-mail: [email protected]

Currículo 2020

Primeiro TrimestreTRATAMENTO BÍBLICO: Ansiedade e DepressãoPr. Eduardo Luiz de Carvalho Faria

Segundo TrimestreOS DEZ MANDAMENTOS PARA OS DIAS ATUAISPr. Romilton Lourenço

Terceiro TrimestreEXERCENDO A MORDOMIA CRISTÃPr. Mauro Stélio Sanches

Quarto TrimestreCARTAS DE PAULOPr. Ronaldo Silveira Mota

Algumas Igrejas poderão estar recebendo mais revistas que o número de jovens e adultos matriculados na EBD ou em outro grupo de estudo bíblico. Por favor, avise a Convenção

se for este o seu caso. Queremos investir seu dízimo também em outros projetos.

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