mostra tati por inteiro

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SESC | Serviço Social do Comércio 1

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Catálogo Mostra Tati por Inteiro

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Page 1: Mostra Tati Por Inteiro

sesc | serviço social do comércio

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Page 2: Mostra Tati Por Inteiro
Page 3: Mostra Tati Por Inteiro

SESC | Serviço Social do Comércio

Departamento Nacional

Rio de Janeiro

Junho de 2012

Page 4: Mostra Tati Por Inteiro
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“Antes de tudo, digamos que existe em Tati a definição de uma linguagem. É um dos raros cineastas que inventaram a própria linguagem.”

_Olivier Assayas, cineasta e roteirista

Page 6: Mostra Tati Por Inteiro

SESC | Serviço Social do ComércioPresidência do Conselho NacionalAntonio oliveirA sAntos

Departamento NacionalDireção-GeralMAron eMile Abi-Abib

Divisão Administrativa e FinanceiraJoão cArlos GoMes roldão

Divisão de Planejamento e DesenvolvimentoÁlvAro de Melo sAlMito

Divisão de Programas SociaisnivAldo dA costA PereirA

Consultoria da Direção-GeralJuvenAl FerreirA Fortes Filho

Mostra Tati por inteiroGerência de Cultura/DPSMArciA leite

Assessoria de cinemaMArco Aurélio loPes FiAlho

CoordenaçãobriGitte veyne nAdiA Moreno

Curadoriacultures FrAncevAlérie Mouroux

ProduçãoAnne-cAtherine louvet, cAMille lebon e nAdiA Moreno

Editoração e copiagemcPrtv

Legendagem4 estAções

Embaixada da França no BrasilEmbaixador da França no Brasilyves sAint-Geours

Serviço de Cooperação e Ação Cultural Pierre coloMbier

Serviço Audiovisual briGitte veyne, cAMille lebon, Michelle Pistolesi, GustAvo AndreottA e serGe noukoué

Cinemateca cAtherine FAudry

Produção EditorialAssessoria de Divulgação e Promoção/DGchristiAne cAetAno

Supervisão EditorialFernAndA silveirA

Projeto GráficoAnA cristinA PereirA (hAnnAh23)

Tradução do FrancêshildA FAGundes-bonnebAsidioMAs & ciA

Revisão de TextoclArisse cintrAMÁrciA cAPellA

Produção Gráficacelso MendonçA

EstagiáriosAdonis nÓbreGA (Produção editoriAl)thiAGo oliveirA (desiGn)

©Fotos:Jour de fête: ©Les Films de Mon Oncle/SPECTA FILMS C.E.P.E.C.Les vacances de Monsieur Hulot: ©Les Films de Mon Oncle/SPECTA FILMS C.E.P.E.C.Mon oncle: ©Les Films de Mon Oncle/SPECTA FILMS C.E.P.E.C.Playtime: ©Les Films de Mon Oncle/SPECTA FILMS C.E.P.E.C.Trafic: ©Les Films de Mon Oncle/Studiocanal Parade: ©Les Films de Mon Oncle/SPECTA FILMS C.E.P.E.C.

©SESC Departamento NacionalAv. Ayrton Senna, 5555 – Jacarepaguá Rio de Janeiro – RJCEP 22775-004Tel.: (21) 2136-5555www.sesc.com.br

Impresso em junho de 2012.Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/2/1998. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida sem autorização prévia por escrito do SESC Departamento Nacional, sejam quais forem os meios e mídias empregados: eletrônicos, impressos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.

Page 7: Mostra Tati Por Inteiro

rememorando o sucesso da Mostra de Cinema Francês

Contemporâneo em 2009, por ocasião do ano da França

no Brasil, o SESC celebra novamente a cultura francesa

por meio da Mostra Tati por inteiro, prestigiando um dos mais ilus-

tres artistas cômicos não só da França, mas de todo o mundo, o

cineasta Jacques Tati.

O incentivo às diversas manifestações culturais é uma função per-

manente do SESC, e em se tratando de cinema, a entidade pri-

vilegia conteúdos capazes de estimular a profusão intelectual e

reflexiva do público brasileiro, sendo capaz de alcançar plateias

inesperadas e ávidas pelo alimento democrático e lúdico que é

o cinema.

Apoiar a obra de Jacques Tati, com sua personalidade incompará-

vel e suas interpretações memoráveis, se converte em uma profun-

da satisfação para o SESC, além de representar mais um passo para

o reconhecimento do trabalho do cineasta entre o povo brasileiro,

cruzando as fronteiras deste país provocando sorrisos e, ao mes-

mo tempo, reflexão.

Antonio Oliveira SantosPresidente do Conselho Nacional do SESC

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Page 9: Mostra Tati Por Inteiro

Jacques Tati é considerado pela crítica especializada como

um dos comediantes mais originais do cinema, contudo é

desconhecido de grande parte do público brasileiro. Em-

bora atendesse a diversas faixas de público, sua obra ficou restrita

aos grandes centros urbanos, e em raras iniciativas dos chamados

“circuitos de arte”.

O SESC, em parceria com a Embaixada da França e Cultures Fran-

ce, promove a Mostra Tati por inteiro em âmbito nacional e propi-

cia o acesso ao conjunto da obra desse importante cineasta, que

com refinada graça e leveza se propôs a discutir o homem e a so-

ciedade moderna.

Para o SESC, que tem como compromisso contribuir com proces-

sos de transformação social, realizar essa mostra representa opor-

tunizar, também, a reflexão e o debate sobre a obra de Jacques Tati

e sobre o mundo em que vivemos.

Maron Emile Abi-AbibDiretor-Geral do Departamento Nacional do SESC

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Page 11: Mostra Tati Por Inteiro

o ano da França no Brasil passou, mas as sementes plantadas continuam

germinando! O SESC foi um grande parceiro daquele ano inesquecível.

Com o SESC organizamos em 2009 uma Mostra de Cinema Francês

Contemporâneo que circulou em 231 dos seus centros de difusão audiovisual

em todo o país.

Devido ao sucesso desse evento, decidimos continuar com esse formato e or-

ganizar, em parceria com a Cultures France, uma retrospectiva de filmes de

Jacques Tati, para permitir que o público brasileiro conheça a obra genial e úni-

ca desse cineasta francês.

Todos os longas-metragens de Jacques Tati, assim como os curtas-metragens,

estão disponibilizados nesses centros de difusão audiovisual do SESC e apre-

sentados em um formato de mostra em DVD, a partir da restauração das obras

do cineasta, realizada pela Fundação Gan e Technicolor.

O SESC é uma das únicas redes culturais brasileiras com tanta capilaridade no

país. Sabemos que, graças a ele, chegaremos a lugares aonde nunca chegou Tati

e, provavelmente, aonde quase nunca chegou um filme francês. Não devemos

esquecer que o Brasil tem ainda uma rede limitada de salas de cinema, e es-

ses circuitos de difusão em DVD representam uma oportunidade para que as

nossas obras cheguem ao coração do país. Assim, acompanhamos a missão do

SESC, que é espalhar propostas artísticas da máxima qualidade em todo o país.

Ao contrário dos artistas envolvidos na Mostra do Cinema Francês Contem-

porâneo, Jacques Tati é um cineasta já falecido, mas sua obra continua sendo

atual na sua estética, em seu sentido da graça e na sua mensagem sobre o nosso

mundo moderno. Jacques Tati agrada a todos: crianças e adultos, sua mensagem

é universal e inspiradora.

Espero que vocês também curtam a Mostra Tati por inteiro.

Yves Saint-GeoursEmbaixador da França no Brasil

Page 12: Mostra Tati Por Inteiro

Agradecimentos da Embaixada da França no Brasil

Yves Bergougnoux, Annie Cambe, Jérôme Deschamps (Les Films

de Mon Oncle), Larris DUBOIS-FLAVIEN (INA), Gilles Duval,

(Fondation Groupama Gan pour le Cinéma), Philippe Gigot (Les

Films de Mon Oncle), Nathalie Haurie (INA), Pamela Leu (Films

Distribution), Macha Makeieff (Les Films de Mon Oncle), Dimi-

try Ovtchinnikoff (Consulado da França), Thomas Sparfel, Séve-

rine Waemere (Fondation Technicolor).

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Page 14: Mostra Tati Por Inteiro

Segundo alguns críticos de cinema, Tati queria expressar que a “cultura

da vida moderna” levava à anulação da personalidade em um mundo

cada vez mais mecanizado. Sem dúvida Tati foi um crítico dos costumes

e focou seu discurso em enfatizar a maneira como a modernidade se

refletiu no comportamento humano. Mas Jacques Tati foi mais que um

crítico, ele foi um grande artista.

A cenografia, o posicionamento em cena, a caracterização, a expressão

corporal dos personagens e os efeitos sonoros, assim como o uso

do contraste entre o preto e o branco e as cores, são elementos

meticulosamente explorados por ele.

Tati pouco utilizava a palavra em seus filmes. Criou muitas cenas em

que a fala é apenas mais um elemento de composição gestual e as

palavras proferidas pelos personagens nem chegam a ser entendidas

pelo espectador, mas isso não significa qualquer menosprezo ao diálogo

e ao próprio som do filme. Ao contrário, Tati valorizou o som e o utilizou

com grande maestria para enfatizar situações, provocar comicidade ou

dar sentido aos recursos cenográficos da cena.

Ele brinca com as cores e com a mescla entre cores e preto e branco.

Em Carrossel da esperança (Jour de fête, 1949) e em Curso noturno (Cours du soir, 1967), sua brincadeira chega a ser radical, ao

inserir sequências de Escola dos carteiros (1947) nos diferentes

enredos de modo orgânico, mantendo a construção lógica das histórias

para o espectador.

Além de sua atuação como mímico e como ator, seu legado como diretor

demonstra que, além do cuidado com o detalhe da construção de seus

filmes, ele experimentava e ousava, como só um grande gênio é capaz

de fazer.

Page 15: Mostra Tati Por Inteiro

Em As férias do sr. Hulot (Le vacances de Monsieur Hulot, 1953), a

função do carteiro François é transferida para o personagem sr. Hulot. Os

dois podem ser lidos como personificações da inocência, da simplicidade,

que está sempre como um contraponto aos costumes cada vez mais

sofisticados, padronizados, às vezes mecanizados, ao mesmo tempo

em que podem ser lidos como “o desajeitado”, “o desajustado”, como

aquele que não se enquadra, que vai sendo “empurrado” de situação em

situação, sem ter o domínio de nada.

Tati parece brincar com a estrutura da narrativa clássica quando conduz

constantemente o personagem central de um lado para outro, por uma

infinidade de personagens que cruzam a história, construindo-a como

uma colcha de retalhos, em que o fim é esvaziado do peso significante

de conclusão de um discurso. Tati faz isso com tanta habilidade que o

espectador se dá por satisfeito com aquele fim não conclusivo, saindo

com a saciedade de um final e ao mesmo tempo com a sensação de que

a história pode perfeitamente continuar dali. É como se ele estivesse

querendo dizer que a vida é uma cadeia de eventos que vão acontecendo

sucessivamente, sem nunca cessar.

Certamente Tati queria dizer muitas coisas e é por isso que, a cada vez

que assistimos a um de seus filmes, descobrimos outras camadas de

informação.

É por esse seu domínio artístico que sua obra agradou a todos os públicos

e se tornou universal.

Nadia MorenoAssessora de Cinema

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“Tati era um maníaco por cinza, pelo verdadeiro cinza. Quando a gente filmou a famosa cena das claraboias que transformam a casa em rosto à noite, em Nice, foi uma noite inteira. No dia seguinte, a gente olhou os copiões e ele ficou furioso: era cinza-azul, enfim, noite americana. Ele discutiu com Bourgoin, que lhe disse que era a pintura da parede que produzia esse efeito. Tati mandou pintar a parede inteira de novo! Em seguida, pediu os potes de tinta do primeiro cinza, e era cinza misturado com azul. Mandou repintar tudo, com um cinza misturado com preto…”_Sylvette Baudrot, continuísta de As férias do sr. Hulot, Meu tio e Tempo de diversão

Page 17: Mostra Tati Por Inteiro

SuMáRIO

TATI POR... 18

QuEM FOI JACQuES TATI? 26

LONGAS-METRAGENS 36

Carrossel da esperança 38

As férias do sr. Hulot 42

Meu tio 46

Tempo de diversão 50

As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco 56

Parada 60

CuRTAS-METRAGENSCuida da tua esquerda!/Escola dos carteiros/Curso noturno 66

DOCuMENTáRIOTati: seguindo os passos do sr. Hulot 70

FILMOGRAFIA 76

REFERêNCIAS 79

ANExOPor trás de As ferias do sr. Hulot 78

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Page 19: Mostra Tati Por Inteiro

“Se a gente olhar o percurso de Tati com relação aos ou-

tros cineastas, ele é atípico, está próximo do burlesco,

pois começou pelo palco, onde fazia apresentações que

já eram abstratas.”

_Michel Gondry, cineasta francês

Page 20: Mostra Tati Por Inteiro

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Page 21: Mostra Tati Por Inteiro

Com Tati o poético é alegre, a melancolia é underground. Seu cinema apresenta uma ma-

nifestação da felicidade pela vida rural, pelo furtivo e pela elasticidade, além da exaltação

ao espírito da infância, da falta de jeito e da mudança; a aversão ao tédio, ao espírito de

seriedade e às convenções sociais. Temos como exemplo o próprio Hulot, que ao olhar

para a vida a vê como uma ficção; a modernidade, um parque de diversões; e o destino,

uma festa popular. Um delírio.

Seu cinema é a extensão de um cenário do music hall, onde ele foi a estrela de Impressions

Sportives. Ali, como os grandes cômicos, ele experimentou de tudo: a pantomima, a gag;

a precisão e o minimalismo; a ilusão. Tati nos transporta delicadamente, e em desequilí-

brio, pelos caminhos do inesperado.

Macha Makeïeff, diretora de cinema

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Page 22: Mostra Tati Por Inteiro

Jacques Tati fez poucos filmes: seis longas e três curtas-metra-

gens em mais de quarenta anos. No entanto, não parou de tra-

balhar, guiado pela obsessão de inventar, de desenhar, de dirigir

gags. Tati era um cineasta burlesco ao estilo de Keaton, Laurel e

Hardy ou Sennett Mack, a quem admirava.

O que vemos nos filmes de Tati? A festa (Carrossel da esperan-

ça, seu primeiro filme), as férias (As férias do sr. Hulot), uma fa-

mília com um tio muito incomum (Meu tio), acontecimentos

excêntricos em um mundo futurista, mas que já está aí (Tempo

de diversão). Na tela, o mundo se mostra sempre à beira do caos,

enquanto, nos bastidores, Tati trabalha como um louco. Esse

homem trabalhou toda a vida para nos fazer rir e aproveitar a

vida simples. Obrigado, Tati! Devemos a você todas essas horas

de prazer e alegria em um mundo reinventado na forma de um

parque de diversões.

Em seus seis filmes, Tati percebeu algo essencial: a passagem do

tempo, o mundo em evolução, da vida rural à cidade moderna

e futurista de Tempo de diversão. Nesse mundo em transforma-

ção surge uma figura, um homem alto, quase como se fosse fei-

to de borracha tal é sua aparência estranha e desconfortável: sr.

Hulot. Ele chega como se tivesse saído de um desenho esboçado

por Tati como uma cópia de si mesmo (Tati também era muito

alto) para encarnar a confusão, o humor, a mudança resultante

do confronto com o mundo moderno feito de objetos incomuns

e às vezes inúteis, que só servem para decorar ou sobrecarregar

a natureza. Tati era um cineasta burlesco; Tati era um filósofo.

A bicicleta do carteiro é substituída pelos carros que correm sem

parar em torno de uma praça circular, porque o mundo perdeu

sua direção. Esse trabalho é genial, generoso e universal. Jacques

Tati é o tio que todos nós gostaríamos de ter.

Serge Toubiana, diretor da Cinemateca Francesa

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Page 23: Mostra Tati Por Inteiro

É impossível resumir uma obra tão singular como a de Jacques

Tati. No entanto, se fosse preciso medir sua contribuição para a

história da sétima arte, talvez pudéssemos oferecer cinco ideias

em torno das quais gira o cinema de Tati, especialmente Tempo de

diversão, que ele designou como sua “obra-prima”, a mais ousada e

que, segundo ele, “seria para sempre o (seu) último filme”.

Desde Carrossel da esperança, seu primeiro longa-metragem, Tati é

conhecido por seu senso de observação, que dá ao filme a dimen-

são de crônica da vida rural, após o período da Libertação. Essa

olhar cômico sobre o cotidiano distingue Tati dos seus anteces-

sores ao utilizar mais facilmente gags baseadas em códigos e con-

venções, inscritas no limite do fantástico. São raros os cineastas

que, em tão poucos filmes, testemunharam com a mesma força e

propriedade as principais evoluções da identidade francesa duran-

te mais de 25 anos. Tati filma sucessivamente a França rural que

se pensou eterna (Carrossel da esperança), o país das férias curtas

(As férias do sr. Hulot), a modernização característica dos Trinta

Gloriosos e a ameaça de desumanização, que se contrapõem a ob-

sessão de parecer rico, o triunfo do estilo internacional de arquite-

tura e o invasivo automóvel. Tati só se interessou pelo som quando

compreendeu que o diálogo devia, segundo a fórmula esclarece-

dora de Georges Sadoul, ser considerado como “um ruído entre

outros”. Desde então, aparecem todos os ruídos do cotidiano que

são capazes de provocar um sorriso, e ainda que sejam poucos, são

ao mesmo tempo precisos e surpreendentes.

O campo amplo, a rejeição de uma onipresença da cor, a rejeição

da narrativa clássica centrada em um personagem único com o

qual imediatamente nos identificaríamos; todas as escolhas de Tati

convergem para uma grande ideia: jamais transformar nenhuma

gag; criar uma obra aberta, baseada na liberdade do espectador,

na sua inteligência e sensibilidade. Portanto, todos os seus filmes

exigem de cada um o mesmo senso de observação e a mesma ima-

ginação que foram a base dos projetos. A exigência é às vezes a

mais bela forma de generosidade.

Stéphane Goudet, diretor do cinema Méliès e crítico da revista Positif

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Page 24: Mostra Tati Por Inteiro

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AnexoPOR TRáS DE As fériAs do sr. HuLot

Fotos da gravação de As férias do sr. Hulot.

Depois de pesquisar várias locações para rodar As férias do sr. Hulot, Tati finalmente

escolheu Saint-Marc-sur-Mer, um pequeno balneário da costa do Atlântico. Tati

trabalhou com Jacques Lagrange no cenário, na pintura e na decoração, a fim de que

todo o cenário fosse projetado de acordo com suas ideias. Assim, várias fachadas

de casas e, notavelmente, a do Hotel de La Plage, os quiosques, as cabines, tudo foi

reconstruído. Todas as fachadas permaneceram no local durante um ano.

25

Page 26: Mostra Tati Por Inteiro

Tati também realizou diversas pesquisas no desenvolvimento do carro customizado do sr. Hulot,

juntamente com Pierre Aubent, assistente de direção, e Jacques Lagrange.

Descrição dos acessórios do carro do sr. Hulot e os modelos

utilizados.

26

Page 27: Mostra Tati Por Inteiro

Em 1962 e novamente em 1978, Tati trabalhou em novas versões para seus filmes. Depois de assistir ao

filme Tubarão, de Steven Spielberg, ele decidiu filmar mais imagens em Saint-Marc-sur-Mer, mudando o fim

da famosa cena da canoa de 1951-1952. Assim, ele continuou em seu processo criativo de reconstruir seu

personagem por mais de 25 anos.

A cena da canoa na terceira versão do filme lançada em 1978, com a inserção da cena do pânico na praia, na volta a Saint-Marc-sur-Mer.

Rascunho de Jacques Lagrange.

A premiada cena da canoa de 1953.27

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Page 29: Mostra Tati Por Inteiro

“Tati estava sempre querendo fazer coisas novas, evoluindo. Era

dotado de um pensamento de inventor. Ensaiava como no circo, para

melhorar sempre. Ele vivia assim.”

_Marie-France siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras

do sr. Hulot no trânsito louco e Parada

Page 30: Mostra Tati Por Inteiro

Quem foi Jacques tati?

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Page 31: Mostra Tati Por Inteiro

Jacques Tati, cujo nome completo era Jacques Tatischeff, nasceu em 9 de

outubro de 1907 em Pecq (uma cidade semirrural da França). Seu pai,

de origem russa, assumiu o comércio de molduragem de seu padrasto,

Van Hoof, famoso por ter recusado de Van Gogh três telas em pagamento de

suas molduras. O “pequeno” Jacques estava naturalmente destinado a sucedê-lo.

Apaixonado por rugby, Tati se inscreveu em 1928, após cumprir o serviço mili-

tar, no Racing Club de France, passando a jogar no time de Alfred Sauvy (futu-

ro economista e demógrafo). Foi quando improvisou suas primeiras pantomi-

mas cômicas e apresentou seu show no campeonato anual do Racing, de 1930

a 1934, que mais tarde passou a se chamar Impressions Sportives, apresentado

no Teatro Michel (1935).

Sua grande chance aconteceu no baile de gala organizado em 1934 para

celebrar o prêmio Ruban Bleu do navio Normandie. Maurice Chevalier

e Mistinguett estavam em cartaz, mas, naquela noite, Tati foi a estrela. O

diretor da ABC ofereceu-lhe o palco. Colette escreveu: “Eu acredito que

nenhuma festa e nenhum espetáculo de arte e acrobacia poderão se pri-

var desse artista incrível que inventou um estilo. Alguma coisa entre o

esporte, a dança e a sátira. Ele inventou colocar juntos o jogador, a bola

e a raquete; a bola e o goleiro; o pugilista e seu oponente; a bicicleta

e seu ciclista.”

Apesar da oposição de seu pai, ele partiu em 1936 em uma turnê

com Marie Dubas e o elenco da ABC, apontado como “revelação

do ano”.

Levando Impressions Sportives por toda a Europa até o início da

guerra, ele começou no cinema em 1932, escrevendo e interpre-

tando Oscar, campeão de tênis, filme que não foi finalizado por

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Page 32: Mostra Tati Por Inteiro

falta de recursos. Em seguida, Tati filmou com o pequeno e irritadiço

palhaço Rhum, sua antítese perfeita.

On demande une brute (1934), escrito com Sauvy; Gai dimanche

(1935), escrito por Rhum e Tati; e Soigne ton gauche (1936), dirigido

por René Clément e produzido por Fred Orain, foram o prenúncio

da obra que viria a seguir.

Após se desligar do exército em 1943, Tati se mudou para a zona

livre, perto da aldeia de Sainte-Sévère-sur-Indre, com seu amigo

Henri Marquet. Lá eles escrevem o roteiro de Escola de car-teiros (1947), quando René Clément, preso pela filmagem de

La bataille du rail, deixa a direção para Tati. O filme foi um suces-

so, sendo premiado com o Max Linder, em 1949.

Em maio de 1947, Tati começou a filmar seu primeiro longa-

metragem, uma extensão e transformação de Escola de carteiros:

Carrossel da esperança, que só começa a ser distribuí-

do em 1949, mas logo é um sucesso. Em Paris, Londres, Nova

York¸ em todos os lugares celebra-se a aparição não só de um

mímico, mas também de uma nova forma de cinema burles-

co. Insensível às diversas propostas, Tati se recusou a conti-

nuar as aventuras do carteiro François. Tati o considerava

muito francês, mas principalmente desejava seguir um ca-

minho próprio, com um rigor e uma teimosia que compar-

tilha com alguns poucos cineastas franceses do período,

com exceção de Robert Bresson.

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Page 33: Mostra Tati Por Inteiro

Tati escreveu o roteiro de As férias do sr. Hulot com

Henri Marquet e o pintor Jacques Lagrange, com quem traba-

lhou até o fim da vida. O filme produzido por Fred Orain foi ro-

dado em 1952 em Saint-Marc-sur-Mer, perto de Saint-Nazaire.

Um grande sucesso de público e crítica desde o lançamento em

1953, As férias do sr. Hulot foi premiado com o Louis Delluc, sen-

do selecionado também em Cannes, Bruxelas, Berlim, Nova York,

Argélia, Suécia, Cuba, e indicado ao Oscar em 1955.

Assim, Meu tio contou com um financiamento mais confortá-

vel e, finalmente, foi filmado em cores em duas versões: francesa e

norte-americana (My uncle). Nesse filme, Tati desenvolveu um olhar

crítico sobre a evolução da sociedade, que estava apenas implícito nos

filmes anteriores. Meu tio recebeu o Prêmio Especial do Júri em Can-

nes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1959, consagrando Tati

em todo o mundo.

Tati pôde, então, empreender seu mais ambicioso filme, Tempo de diversão, rodado de outubro de 1965 a outubro de 1967, e que repre-

sentou um empreendimento enorme para o cinema francês: depois de

se recusar a filmar nos Estados Unidos, durante seis meses Tati construiu

um cenário enorme de 15.000 m2 feito em concreto, vidro e aço, perto de

Vincennes. Decidiu filmar em 70 mm com som estereofônico em seis faixas

magnéticas. O orçamento inicial foi totalmente extrapolado e o filme aca-

bou sendo um fracasso comercial em seu lançamento. Tati teve de liquidar

sua produtora Specta Films, perdendo com isso os direitos sobre seus filmes.

Toda aquela cidade, a qual Tati sonhou que se tornaria um Cinecittà fran-

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Page 34: Mostra Tati Por Inteiro

cês, foi finalmente destruída, apesar de seus pedidos a André

Malraux, então ministro da cultura. Desolado, em 1968, Tati

passou a dirigir comerciais.

Mas, em 1971, Tati concordou em gravar para uma produto-

ra holandesa As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco, uma continuação das aventuras do sr. Hulot, e, em 1974,

Tati trabalhou em seu último filme: Parada, encomendado pela

televisão sueca. Em 1977, Jacques Tati recebeu o Cesar francês

pelo conjunto de sua obra. Na ocasião, ele falou apaixonadamente

em defesa dos jovens diretores e da produção de curtas-metragens.

A convite de Gilbert Trigano, ele gravou um documentário sobre a

final da Copa de futebol da Europa de 1978, disputada por Bastia e

Eindhoven, o qual sua filha Sophie Tatischeff finalizou em 2000 sob o

título de Forza Bastia.

Em 1982, Tati representou a França em uma homenagem prestada pelo

Festival de Cannes aos dez maiores produtores do mundo. Em novem-

bro daquele mesmo ano, morreu de pneumonia, deixando inacabados

os projetos de Confusion, roteiro que havia concluído recentemente com

Jacques Lagrange, e L’Illusionniste.

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Page 35: Mostra Tati Por Inteiro

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Page 36: Mostra Tati Por Inteiro
Page 37: Mostra Tati Por Inteiro

“A beleza plástica que ele alcançou em Tempo de diversão é um dos

pontos altos da história do cinema, algo que é ao mesmo tempo habitado

por esse terror diante da desumanização do mundo. A curva que vai de

Carrossel da esperança a Tempo de diversão é a mesma que vai

do mundo antigo ao mundo moderno. Ele documenta o que observa no

dia a dia, no modo pelo qual a sociedade se transforma; as relações hu-

manas se transformam, a arquitetura se transforma. E o mundo se tornou

outra coisa, ao mesmo tempo fascinante e não desejável.”

_Olivier Assayas, cineasta e roteirista

Page 38: Mostra Tati Por Inteiro

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Page 39: Mostra Tati Por Inteiro

Quando o carteiro François assiste à projeção de um documentário sobre

o correio na América durante uma sessão de cinema ambulante na praça

da vila, ele compreende imediatamente que se a correspondência não está

chegando rapidamente a Sainte-Sévère (ou melhor, Follainville), é porque foram

negligenciados os “métodos americanos”! Mas François vai cuidar disso. Montado

em sua bicicleta velha, ele dispara para o campo, ultrapassa as carroças de feno,

desvia de uma vaca na esquina, mas encontra um poste resistente, um bode

ignorante, uma abelha irritante e um terrível número de copos de vinho branco

que atrapalham sua demonstração. Pior para os moradores, que receberão sua

correspondência como sempre: atrasada.

Carrossel da esperança, 1949

(Jour de fête)

Versão em francês

em cores, restaurado em 1995

legendas em português

77 min

som mono

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Page 40: Mostra Tati Por Inteiro

Entrevista com Michel Gondry

“É como se houvesse na obra de Tati uma espécie

de arco que começaria em Carrossel da esperança

e terminaria em Tempo de diversão. Com o primeiro

estamos mais próximos do burlesco, das origens do

cinema de Tati, quando ele avança progressivamente

e vai se descobrindo, se aventurando cada vez mais

longe. É o momento de inocência do cinema de Tati.

É o mundo de Carrossel da esperança que vai ser

progressivamente tomado por uma modernização,

que vai se apagar progressivamente. De certa maneira,

quando Tati fez Carrossel da esperança ele já estava

sentindo essa melancolia. Ele percebe que com os

novos métodos de transporte postal algo muito

poderoso está vindo dos Estados Unidos que vai

mexer com a tranquilidade, a paz, o equilíbrio de uma

vida meio estagnada como a da França do pós-guerra.

Apesar de tudo, há muita beleza naquela inocência.

Há algo de comovente e, de certa forma, é talvez

em Carrossel da esperança que o lado humano está

mais preservado.”

Olivier Assayas, cineasta e roteirista

“A direção de atores de Tati era muito especial

porque ele fazia mímica de todos os papéis.”

Michel Gondry, cineasta francês

40

Tati respeitava muito a opi-

nião de sua mãe, tanto que

declarou certa vez: “Foi gra-

ças a ela que eu pude fazer

Carrossel da esperança. Sem

ela, eu teria continuado a fa-

zer o meu espetáculo de tea-

tro de revista. Ganhava bem,

era livre, tinha mulheres, tudo

o que eu queria ao alcance da

mão.”

Page 41: Mostra Tati Por Inteiro

FICHA TÉCNICA

Elenco_Jacques Tati (François), Guy Decomble (Roger),

Paul Frankeur (Marcel), Santa Relli (esposa de Roger),

Maine Vallee (Jeannette), Roger Rafal (o cabeleireiro),

Jacques Beauvais (o cafeicultor), Delcassan (a fofoqueira),

Vali, Robert Balbo, Andre Pierdel (vários personagens) e os

moradores de Sainte-Sévère

Direção_Jacques Tati

Roteiro_ Jacques Tati e Henri Marquet, com a colaboração

de Rene Wheeler

Diálogos_ Jacques Tati, Henri Marquet

Plano de filmagem_ Jacques Mercanton

Fotografia_ Marcel Franchi, com Nicholas Citovitch e Roger

Moride e colaboração técnica de Jacques Cottin e Andre

Pierdel

Montagem_ Marcel Moreau

Música_ Jean Yatove

Figurino_Jacques Cottin

Cenografia_ Rene Moulaert

Prêmios_Melhor roteiro, Festival de Cinema de Veneza

1949, Grand Prix do cinema francês de 1953

41

Page 42: Mostra Tati Por Inteiro

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Page 43: Mostra Tati Por Inteiro

As férias do sr. Hulot, 1953

(Les vacances de Monsieur Hulot)

Versão em francês

P&B

legendas em português

74 min

som mono

Todo mundo sabe que as férias não são feitas para se divertir. Todo mundo sabe,

exceto o sr. Hulot, que, cachimbo para o alto e rosto ao vento, leva a vida como ela

vem, dirigindo seu velho e barulhento Salmson e perturbando escandalosamente

a tranquilidade dos veranistas que se instalam com seus hábitos urbanos em uma

pequena estação balneária na costa do Atlântico. Sr. Hulot caminha languidamente

pelo balneário, maravilhado com os castelos de areia. De súbito, toda essa languidez

explode em risos.

43

Page 44: Mostra Tati Por Inteiro

“Foi por isso que ele adicionou, em 1978, o projeto do tubarão em As férias do sr. Hulot, inspirado

pela descoberta do filme Tubarão, de Spielberg.”Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada

“O maravilhoso no cinema de Tati é que os

personagens são extremamente verdadeiros.

Quer dizer, tudo aquilo que vemos em Tati,

temos a impressão de já ter visto na vida.

Mas é mostrado com tamanha exatidão,

com tamanha precisão, que, de repente, uma

coisa da vida, da nossa vida cotidiana, que

vemos todos os dias, é isolada e surge ao

mesmo tempo como infinitamente verdadeira

e infinitamente engraçada.”

Olivier Assayas, cineasta e roteirista

44

Neste filme, Tati deu vida ao sr. Hulot e co-

meçou a imprimir um estilo particular de tra-

balhar os sons, marcando-os de modo ines-

quecível para o público. Foi o que aconteceu

com o ranger das portas da sala de jantar

do hotel, em As férias do sr. Hulot; da fonte,

em Meu tio; e dos sapatos, em tempo de

diversão.

Page 45: Mostra Tati Por Inteiro

FICHA TÉCNICA

Elenco_Jacques Tati (s r. Hulot), Nathalie Pascaud (Martine),

Micheline Rolla (tia), Valentim Camax (a senhora inglesa), Louis

Perrault (Fred), André Dubois (comandante), Lucem Frégis (gerente

do hotel), Raymond Carl (garçom), René Lacourt (transeunte),

Marguerite Gérard (transeunte), Suzy Willy (esposa do

comandante), Michelle Brabo (veranista), Georges Adlin (amante

latino), Sr. Schmutz (empresário) é interpretado pelo marido de

Nathalie Pascaud, sem créditos.

Roteiro original, adaptação e diálogos_Jacques Tati e Henri

Marquet, com a colaboração de Pierre Aubert e Jacques Lagrange

Imagens_Jacques Mercanton e Jean Mousselle

Fotografia_Pierre Ancrenaz e A. Villard, com apoio de Chevallier

Fabien Tordjmann e André Marquette

Montagem_Jacques Grassi, Ginou Bretoneiche e Suzanne Baron

Música_Alain Romains

Som_Roger Cosson

Gravação de som_Jacques Carrère

Cenografia_Henri Schmitt e Roger Briaucourt

Figurino_Pierre Clauzel e André Pierdel

Produção_Fred Orain e Cady Films — gerenciamento de Bernard

Maurice

Prêmios_Louis Delluc 1953/Prêmio da crítica Internacional,

Festival de Cannes 1953.

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Page 46: Mostra Tati Por Inteiro

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Page 47: Mostra Tati Por Inteiro

Meu tio, 1954(Mon oncle)

Versão em francês

em cores

legendas em português

110 min

som mono

O sr. e a sra. Arpel têm uma casa incrivelmente funcional em um bairro muito

bem localizado. Infelizmente, a sra. Arpel também tem um irmão, o sr. Hulot, que

a impede não menos incrivelmente de progredir. Hulot, por outro lado, tem um

excessivo amor pelos cães, de preferência de rua. Isso não seria muito grave se o

filho dos Arpel, Gerard, não tivesse uma tendência a imitar o tio, demonstrando,

como ele, uma clara aversão às belezas industriais. Por fim, o sr. Arpel, com ciúmes,

consegue afastar Hulot, após tentativas frustradas de fazê-lo ser contratado em sua

fábrica ou se casar com sua vizinha esnobe.

47

Page 48: Mostra Tati Por Inteiro

“Mesmo que ele nunca tenha me dito, eu acho que o personagem de Madame Arpel em Meu tio, que é uma caricatura da dona de casa, era a mãe de Tati exagerada.” Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada

Sátira à modernidade vigente na Paris dos anos 1950,

Meu tio é uma crítica contundente ao excesso de

preocupação com bens materiais revelada no consu-

mismo típico do sistema capitalista em ascensão na

sociedade do póssegunda guerra.

Sua estreia mundial aconteceu em 1958, no xI Festival

de Cannes, quando recebeu o Prêmio Especial do Júri.

Meu tio também foi vencedor do Oscar de Melhor Fil-

me Estrangeiro, em 1959.

48

Page 49: Mostra Tati Por Inteiro

FICHA TÉCNICA

Elenco_Jacques Tati (sr. Hulot), Jean-Pierre Zola (sr. Arpel), Adrienne Servantie

(sra. Arpel), Alain Becourt (Gérard Arpel), Lucien Fregis (sr. Pichard), Dominique

Marie (vizinha), Betty Schneider (filha do porteiro), Jean-François Martial (Walter),

Yvonne Arnaud (empregada), Adelaide Danieli (sra. Pichard), Regis Fontenay

(vendedor de suspensórios), Claude Badolle (catador), Max Martel (bêbado),

Nicolas Bataille (operário), Andre Dino (varredor), Denise Peronne (srta. Février),

Michel Goyot (vendedor de carros), Francomme (pintor), Dominique Derly (secretária

dos Arpel), Claire Rocca (amiga do sr. Arpel), Jean Remoleux (cliente da fábrica),

Mancini (comerciante italiano), Marguerite Grillieres (vizinha) e os moradores da

velha Saint-Maur-des-Fossés

Roteiro original_Jacques Tati com a colaboração artística de Jacques Lagrange

e Jean L’Hote

Assistentes de direção_Henri Marquet e Pierre Etaix

Imagens_Jean Bourgoin (Eastman color)

Montagem_Suzanne Baron

Música_Frank Barcellini e Alain Romain

Cenografia_Henri Schmitt

Produtor executivo_Louis Dolivet

Produtor associado_Alain Terouanne

Diretor de produção_Bernard Maurice

Consultor do filme_Fred Orain

Produção_Specta Films, Gray films, Alter Films, Cady Films,

Film del Centauro

Prêmios_Grande Prêmio do Júri em Cannes, 1958/

Medalha de Ouro da Federazione Italiana del Circolo

del Cinema/Diploma de Honra da Rosena Mundial dos

Festivais Cinematográficos, México/Prêmio Méliès

da Associação Francesa de Crítica de Cinema/Prêmio

de Melhor Filme Estrangeiro de 1958 pela Associação

dos Críticos de Nova York/Oscar de Melhor Filme

Estrangeiro de 1959/Festival do Rio de Janeiro/ Palma

de Ouro para o filme e para Jacques Tati pela atuação/

Kunnikirja Award, Finlândia, 1958/Prêmio de Melhor

Filme Estrangeiro de 1958 projetado na Espanha.

49

Page 50: Mostra Tati Por Inteiro

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Page 51: Mostra Tati Por Inteiro

51

Versão em francês

em cores

legendas em português

114 min

Som Dolby SR – Dolby digital e DTS

“Na era da Economic Airlines um grupo de mulheres norte-americanas organiza

uma viagem turística. O programa inclui uma capital por dia. Chegando a Paris,

elas notam que o aeroporto é exatamente o mesmo que tinham acabado de deixar

em Roma, as estradas são as mesmas de Hamburgo e a iluminação pública é

estranhamente semelhante à de Nova York. O cenário não mudou de uma cidade

para outra. Elas se movem nesse cenário internacional que é real, eu não o inventei.

Aos poucos, encontram franceses. Um pouco de calor humano é criado, o que lhes

permite, na falta de estar em um ambiente ‘parisiense’, passar 24 horas com nativos,

entre eles, o sr. Hulot” (Jacques Tati).

Tempo de diversão, 1967

(Playtime)

Page 52: Mostra Tati Por Inteiro

“Sabe o que Tati dizia quando lhe perguntavam: ‘Quanto custou o filme?’ Ele respondia: ‘Alguém sabia quanto custavam os livros na época de Shakespeare?’ Para se justificar, ele dizia também que o cenário não custava mais caro do que a média do cachê de Sophia Loren (quem, aliás, ele conheceu), e que ele tinha garantido a sobrevivência de famílias inteiras durante anos, e isso era verdade.”

“Tati ficou muito abalado com a destruição do cenário de Tempo de diversão. Pensava, um pouco ingenuamente, que era inconcebível que o demolissem. Acreditava ser possível fazer dele o estúdio mais moderno e fabuloso do mundo! Ele dizia: ‘Poderíamos fazer lá uma formidável comédia musical.’ Havia ruas, semáforos tricolores. Poderíamos colocar alguma maquete atrás e, se quiséssemos, criar um cenário à antiga. Tudo era possível! Além disso, havia no local uma diversidade de duchas, vestiários, restaurantes. Era ideal para um platô de filmagem. Podíamos receber artistas, havia tendas para isso, para a produção.”

Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada

52

Page 53: Mostra Tati Por Inteiro

A mais cara produção francesa da época, segundo historiadores

do cinema, tempo de diversão levou Tati à falência. Naquele

cenário, o diretor praticamente construiu uma cidade, com res-

taurantes, farmácia, prédios comerciais e um aeroporto.

“Ele procurava desesperadamente encontrar

um jeito de fazer o filme funcionar. Foi ele

mesmo quem decidiu os cortes. Havia tantos

compromissos financeiros, que Tati foi obrigado

a procurar soluções. Eu também lembro que,

depois dos cortes, o filme não tinha mais o

mesmo efeito!”

Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada

“Tati tinha isso, ele aumentava os detalhes.

Há pessoas que dizem que não se pode ver

Tempo de diversão em tela pequena porque

não se compreende a metade do que se passa

e, na maior parte do tempo, o importante

é o que se passa ao fundo e em tamanho

pequenininho.”

Michel Gondry, cineasta francês

53

Page 54: Mostra Tati Por Inteiro

tempo de diversão foi filmado em 70 mm,

um formato épico, que abrange as maiores

telas disponíveis com o máximo de detalhes

imagináveis: com grandes e longos planos;

sem close-ups, sem planos de reação.

“Como os pilares metálicos do cenário corriam o risco de refletir

a luz dos projetores, Tati mandou fotografá-los, ampliar as fotos e

colá-las no cenário. Tudo estava cheio de fotos, inclusive fotos de

figurantes. Teria ficado caro demais manter os figurantes durante

dois ou três dias! Então ele os chamava, colocava-os na posição,

a gente fazia as fotos, ampliava em tamanho natural, colava em

papel e depois em compensado. Daí o ar estático de certos planos.

As pessoas não se mexem, mesmo nos escritórios, já que são fotos

recortadas. Havia também uma questão de ‘leveza’. A partir do

momento em que Tati não queria que eles se mexessem, era inútil

trabalhar com seres de carne e osso. Fazê-los ficar tanto tempo

no mesmo lugar para quê? As fotos têm muito mais paciência do

que os homens.”

Sylvette Baudrot, continuista de As férias do sr. Hulot, Meu tio e Tempo de diversão

54

Page 55: Mostra Tati Por Inteiro

FICHA TÉCNICA

Elenco_Jacques Tati (sr. Hulot), Barbara Dennek (jovem estrangeira), Jacqueline Lecomte (amiga da jovem estrangeira), Valerie Camille (secretária do sr. Lacs), France Rumilly (vendedora de óculos), France Delahalle (cliente), Laure Paillette e Colette Proust (duas senhoras no poste), Erika Dentzler (sra. Giffard), Yvette Ducreux (jovem do vestiário), Rita Maiden (a mulher do sr. Schultz), Nicole Ray (cantora), Jacques Gauthier (guia), Henri Piccoli (homem importante), Leon Doyen (porteiro), Georges Montant (sr. Giffard, chefe de departamento),John Abbey (sr. Lacs), Yves Barsacq (amigo), Tony Andal (caçador do Royal Garden), Andre Fouche (gerente do Royal Garden), Georges Faye (arquiteto), Michel Francini

(primeiro mordomo), Billy Kearns (sr. Schutz)

Roteiro_Jacques Tati, com a colaboração artística de Jacques Lagrange

Diálogos em inglês_Art Buchwald

Diretor de fotografia_Jean Badal (70 mm Eastman color) e Andreas Winding

Imagens_Paul Rodier com Marcel Franchi

Assistentes de direção_Henri Marquet, Jean Lefebvre e Nicolas Ribowski

Cenografia_Eugene Roman

Som_Jacques Maumont

Música_Francis Lemarque

Temas africanos_James Campbell

Tema Take my hand_David Stein

Figurino_Jacques Cottin

Maquiagem_Serge Groffe

Cabelo_Janou Pottier

Montagem_Gerard Pollicand

Assistente de edição_Denise Giton, Sophie Tatischeff e Jean-François Galland

Diretor de produção_Maurice Bernard

Produtor associado_RNE Silvera

Produção_Specta Films

Restauração_dirigida por François Ede para apresentação no Festival de Cinema de Cannes 2002.

Restauração fotoquímica_Jean-René Failliot (Arane/Gulliver)

Supervisão de restauração digital_Pascal Laurent

Prêmios_Grande Prêmio da Academia de Cinema de Paris, 1968 / Medalha de Prata, no Festival de Moscou,

1969 / Festival de Filmes de Viena, 1969 / Oscar do

cinema sueco, 1969 / Kunniarkirja Award,

Finlândia, 1969.

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Page 56: Mostra Tati Por Inteiro

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Page 57: Mostra Tati Por Inteiro

57

As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco, 1971

(Trafic)

Versão em francês

em cores

legendas em português

93 min

som mono

Projetista da pequena empresa fabricante de automóveis Altra, sr. Hulot projeta

um caminhão engenhosamente dotado de várias modernidades para ser exibido

no Salão Internacional do Automóvel de Amsterdã. Ele acompanha o protótipo

desde Paris a bordo do caminhão da Altra, escoltado pelo pequeno carro esportivo

amarelo de Maria, a jovem norte-americana relações-públicas da empresa. Um pneu

furado, a falta de combustível, colisões e problemas com funcionários da alfândega

irão retardar a chegada do grupo. Eles viajam pelas estradas rurais flamengas

e holandesas em busca de um mecânico. O carro chegará tarde demais para a

exposição.

Page 58: Mostra Tati Por Inteiro

“Seu escritório era em um barco, em um dos

canais de Amsterdã. Quando deixávamos

o barco, partíamos pelas estradas, com os

trailers, o caminhão com todos os acessórios.

Sem dúvida, As aventuras do sr. Hulot no

trânsito louco lhe fez bem. Retomava um

pouco o ambiente do circo.”

“Depois de Tempo de diversão, Tati tentava

principalmente se reequilibrar financeiramente.

Era preciso fazer um filme muito rapidamente

e As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco

surgiu bem depressa.”

“Apesar de tudo, Tati se divertiu muito filmando

As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco. Ele

não tinha mais de assumir a responsabilidade e

o peso de Tempo de diversão.”

Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada

“A gente tinha filmado tudo!

Foi um esforço monumental

para filmar o acidente com os

carros destruídos, uma mise

en scène enorme, três dias de

filmagem, depois o laboratório

nos diz que o negativo estava

ruim! Tudo estava granulado…

Foi preciso recomeçar todos

os outros planos! Foi um

horror! Eu vi Tati chorar!”

Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada

As aventuras do sr. Hulot no trân-

sito louco foi filmado na Holanda.

58

Page 59: Mostra Tati Por Inteiro

FICHA TÉCNICA

Elenco_Jacques Tati (sr. Hulot), Maria Kimberley (Maria), Tony Kneppers (Tony

Barenson, o garagista), Marcel Fraval (Marcel, o motorista do caminhão), Honoré

Bostel (Morel, diretor da Altra), François Maisongrosse (vendedor da Altra), Franco

Ressel, Mario Zanuelli

Direção_Jacques Tati

Roteiro_Jacques Tati, com a colaboração de Jacques Lagrange e a participação

de Bert Hanstraa

Imagens_Edward van Den Enden e Marcel Weiss (Eastman color)

Montagem_Maurice Laumain e Sophie Tatischeff

Assistentes_Marie-France Siegler, Alain Fayner e Roberto Giandalia

Som_Ed Pelster e Alain Curvelier

Mixagem_Jean Neny

Sincronização_Claude Plouganou

Música_Charles Dumont

Cenografia_Adrien De Rooy

Diretor de produção_Marcel Mossoti

Produtor executivo_Robert Dorfmann

Produção_Georges Laurent e Wim Lindner

(Films Corona/Gibé Films/Selenia - Cinematografica/Oceania Films)

Prêmios_Seleção dos dez melhores filmes do ano

pela Associação de Críticos de Cinema de Nova

York, 1971/fora da competição no encerramento do

Festival de Cinema de Berlim, 1971/Prêmio Nacional,

1972/Destaque do ano no Festival de Londres, 1972/

Valdotaise Gold Cup, Itália, 1972/Kunniakirja Award,

Finlândia, 1973

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Page 60: Mostra Tati Por Inteiro

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Page 61: Mostra Tati Por Inteiro

Versão em francês

em cores

legendas em português

85 min

som mono

Apesar de ter sido filmado em sua maior parte em vídeo (Tati pressentiu a transição

gradual para o digital), financiado pela televisão sueca, Parada foi realizado com o

objetivo de ser lançado nos cinemas, mesmo que um espetáculo circense tenha sido

privilegiado neste que seria seu último filme. Interpretando o sr. Loyal, Tati garantiu

a sequência dos números de sua apresentação de circo, dando vida nova às mímicas

de Impressions Sportives, que ele realizava no music hall.

61

Parada, 1974(Parade)

Page 62: Mostra Tati Por Inteiro

“Todo o espetáculo de base foi filmado em vídeo. Parada é também um dos primeiros filmes produzidos em vídeo. Havia

uma câmera móvel do lado de fora para os planos externos e, no interior, várias câmaras fixas.”

Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada

“Filmamos o espetáculo em dois dias, o que foi rápido, porque os espectadores pagavam um preço bem baixo, ou mesmo nada, simples-mente para serem filmados. Estavam todos com roupas de domingo. O espetáculo foi filmado em um dia e em uma longa noite e, em seguida, a gente chamou de volta alguns espectadores, como a garotinha loira, a Karine, que era uma gracinha, especialmente para os raccords. Eu ia de uma câmera à outra, já que Tati estava no palco e eu verificava o que era filmado. A gente ensaiou muito, mas a cada ensaio tinha uma nova equipe, pois na televisão eles nos enviam sempre novas pessoas. E na noite do espetáculo, eram pessoas novas que não conheciam nada

do trabalho feito até aquele momento... Então, eu ia de uma câmera à outra e, quando a gente deveria ter filmado Karine com os balões, descobri horrorizada que o câmera se enganara de garota. Corri até o caminhão onde estava o produtor Karl Haskel, que controlava o dispositivo, e lhe perguntei sobre o que estava contecendo, arrancando-lhe os fones para gritar com ele e dizer qual garotinha era preciso filmar. No entanto, graças a esse erro, houve um plano maravilhoso da garotinha desconhecida que tem medo dos balões. Durante esse tempo, Tati estava no palco. Ele falava aos espectadores, pois a gente estava filmando ao vivo durante o espetáculo.”

Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada

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Page 63: Mostra Tati Por Inteiro

FICHA TÉCNICA

Elenco_Jacques Tati, Karl Kossmayer, Os Williams, os

veteranos Sipolo, Pierre Bramma e Michèle Brabo

Direção e roteiro_Jacques Tati

Fotografia_Jean Badal, Gunnar Fischer

Montagem_Aline Asséo, Per Carleson, Siv Lundgren,

Jonny Mair e Sophie Tatischeff

Música_Charles Dumont

Produção_Michel Chauvin, Karl Haskel (Gray-Films e

Sveriges Radio TV2 CEPEC)

Prêmios_Grand Prix do cinema francês, 1975/Palma de

Ouro no Festival de Moscou, 1975/Outstanding Film of

the Year, Festival de Cinema de Londres, 1975/Prêmio

do Festival de Teerã, 1975

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Page 64: Mostra Tati Por Inteiro
Page 65: Mostra Tati Por Inteiro

“Existem profissionais como Tati que são ao mesmo tempo herdeiros do cinema mudo, pode-se dizer, do cinema puro, e também que vêm do teatro de revista; artistas intuitivos, que pela observação conseguem trazer à tona o essencial. E é justamente na gag que se provoca o confronto entre o humano e o mecânico. Esse é um dos muitos domínios do cinema mudo. Mas isso se manifesta em uma ampla reflexão sobre a sociedade em um momento crucial.”

_Olivier Assayas, cineasta e roteirista

Page 66: Mostra Tati Por Inteiro

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Page 67: Mostra Tati Por Inteiro

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Curtas-metragensCuida da tua

esquerda!, 1936soigne ton gauche

O agricultor Roger sonha ser boxe-ador. Agora, o curral de sua fazenda é o local de treinamento dos luta-dores. Mas a luta deve parar em breve por falta de combatentes. Pego narrando uma vitória, ele é desc-oberto e levado ao ringue. Mas há um problema: ele nunca lutou boxe em sua vida e não sabe nada sobre a nobre arte. Será que o livro que um carteiro coloca em sua cadeira irá ajudá-lo a desenvolver rapidamente a técnica necessária para a vitória?

Versão em francêsP&B

legendas em português12 min

som mono

Escola dos carteiros, 1947

L’Ecole des facteurs

Velocidade e eficiência, assim é a formação adequada para qualquer carteiro! A missão é simples: reduzir a ronda para chegar a tempo ao avião do correio aéreo. Em um pequeno escritório dos correios da região, três carteiros, entre eles François, pressio-nados pelas ordens estridentes de seu superior, param e depois retomam, junto a suas bicicletas, cada gesto do ritual de entrega dos correios.

Versão em francêsP&B

legendas em português15 min

som mono

Curso noturno, 1967Cours du soir

Em meio aos cenários de Tempo de diversão, Jacques Tati tenta ensinar algo de sua arte a alunos desajeitados e aplicados. “Os homens de negócios se transformam em estudantes es-clarecidos e descobrem as diferentes maneiras de fumar um cigarro, andar a cavalo, ou cair de uma escada. [...] Curso noturno apresenta, pela pri-meira vez, vários números clássicos de Tati e constitui, justamente por sua simplicidade, um comentário pertinente sobre a aventura épica de Tempo de diversão. É a imagem invertida, revelando o avesso de seu cenário e de seu personagem, Tati mostra que o seu senso de observa-ção também se aplica a si mesmo” (Marc Dondey).

Versão em francês em cores

legendas em português27 min

som mono

Page 68: Mostra Tati Por Inteiro

Sparring por um diaFICHA TÉCNICA

Elenco_Jacques Tati, Max Martell, Robur, Clinville,

J. Aurel, Champel, Van Der.

Direção_René Clement

Roteiro_Jacques Tati com a colaboração de Jean-

Marie Huard

Música_Jean Yatove

Produção_Fred Orain/Cady Films/Specta Films

Escola de carteirosFICHA TÉCNICA

Elenco_Jacques Tati, Paul Demange

Direção_Jacques Tati

Roteiro_Jacques Tati

Direção de fotografia_Louis Felix

Assistente_Jean Quilici

Colaboração técnica_Henri Marquet, Jacques

Cottin e Henry Gansser

Montagem_Marcel Moreau

Música_Jean Yatove

Produtoção_Fred Orain/Cady Films/Specta Films

Prêmio_Max-Linder de Melhor Curta-metragem,

1947

Curso noturnoFICHA TÉCNICA

Elenco_Jacques Tati, Marc Monjou

Direção_Nicolas Ribowsky

Assistente de direção_Marie-France Siegler

Imagens_Jean Badal

Fotografia_Paul Rodier com René Schneider

Som_Jacques Maumont

Montagem_Nicole Guaduchon

Música: Léo Petit

Produção: Télécip/Specta Films

Filmado nos estúdios de tempo de diversão, em

Vincennes.

Deu origem ao longa-metra-

gem Carrossel da esperança,

filmado dois anos depois.

Este foi o primeiro filme

protagonizado por Jacques

Tati. Ele interpretou um pacato

e sonhador habitante de uma

pequena cidade francesa, que

sonhava ser lutador de boxe.

O filme apresenta vários nú-

meros clássicos de Jacques Tati.

Nele, o diretor ministra um curso

para executivos de uma grande

empresa aplicando seu arguto

senso de observação também

com relação a si mesmo.

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Page 69: Mostra Tati Por Inteiro

“Que relacionamento devemos ter com os espectadores? O que devemos mostrar, o que devemos esconder? Diálogos ou não, música talvez, uma trilha sonora com que objetivo? Como sugerir mais? São tantas perguntas que nos perseguem, felizmente, graças a ele.”

Jérôme Deschamps, ator, diretor e dramaturgo; um dos fundadores da Les Films de Mon Onlce.69

Page 70: Mostra Tati Por Inteiro

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Page 71: Mostra Tati Por Inteiro

Versão em francês

em cores

legendas em português

52 min

som mono

Dirigido por Sophie Tatischeff, filha de Tati, o documentário apresenta um Tati por

trás das câmeras, como autor, produtor e diretor. Vários registros de seu trabalho

foram feitos ao longo de suas viagens pelo mundo. Com base nesses registros,

Sophie deu vida a este material, um retrato da personalidade exigente, determinada

e à frente de seu tempo, características tão marcantes em Tati, que exercia sua

profissão sem se deixar influenciar pelas convenções.

71

Tati: seguindo os passos do sr. Hulot, 1986

(Tati sur les pas de Mr. Hulot)

Documentário

Page 72: Mostra Tati Por Inteiro

72

Sophie Tatischeff (1946-2001) Trabalhou como editora em vários filmes. Em

2001, criou, com Jérôme Deschamps e Macha

Makeïeff, a Les Films de Mon Oncle, uma

associação que visa preservar, restaurar e difundir

a obra de seu pai. Suas missões artísticas e

patrimoniais permitem tanto ao grande público

quanto aos pesquisadores (re)descobrir a obra

do cineasta e seus arquivos, assegurando sua

influência no mundo.

Page 73: Mostra Tati Por Inteiro

73

“Quando a França poderia

perder a maioria dos direitos

de seus filmes, reuni-me

com Macha Makeïff e

Sophie Tatischeff, para

retomá-los e criarmos juntos

a Les Films de Mon Oncle

[Os filmes do meu tio].”Jérôme Deschamps, ator, diretor e dramaturgo

Page 74: Mostra Tati Por Inteiro
Page 75: Mostra Tati Por Inteiro

“Eu penso que o principal impacto dos filmes de Tati é

nos permitir olhar a vida por uma nova perspectiva.”

_ Michel Gondry, cineasta francês

Page 76: Mostra Tati Por Inteiro

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Page 77: Mostra Tati Por Inteiro

Filmografia

“Sei que L’Illusionniste era um projeto que lhe

agradava muitíssimo. Aliás, teria sido um novo

Carrossel da esperança extremamente poético.

Tati era um verdadeiro poeta.”

Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada

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Page 78: Mostra Tati Por Inteiro

1932 Oscar, champion de tennis [Oscar, o campeão de

tênis]. Curta-metragem escrito e interpretado por Jacques

Tati. Inacabado e extraviado.

1934 On demande une brute [Precisa-se de um bruto].

Curta-metragem escrito por Jacques Tati e Alfred Sauvy.

Dirigido por Charles Barrois. Interpretado por Jacques

Tati.

1935 Gai dimanche [Domingo alegre]. Curta-metragem

escrito por Jacques Tati e o palhaço Rhum. Dirigido por

Jacques Berr. Interpretado por Jacques Tati e pelo palhaço

Rhum.

1936 Sparring por um dia. Curta-metragem escrito por

Jacques Tati. Dirigido por René Clément. Interpretado

por Jacques Tati.

1938 Retour à la terre [Volta a terra]. Escrito e

interpretado por Jacques Tati. Inacabado e extraviado.

1945 Sylvie e o fantasma. Dirigido por Claude Autant-

Lara.Papel do fantasma: Jacques Tati.

1946 Le diable au corps [Com o diabo no corpo].

Dirigido por Claude Autant-Lara. Com Jacques Tati no

papel de soldado.

1947 Escola de carteiros. Curta-metragem escrito,

dirigido e interpretado por Jacques Tati.

1949 Carrossel da esperança. Escrito por Jacques Tati e

Henri Marquet (com a colaboração de René Wheeler).

Dirigido e interpretado por Jacques Tati.

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1953 As férias do sr. Hulot. Escrito por Jacques Tati e

Henri Marquet (com a colaboração de Pierre Aubert e

Jacques Lagrange). Dirigido e interpretado por Jacques

Tati.

1958 Meu tio. Escrito, dirigido e interpretado por

Jacques Tati.

1961 L’Illusioniste [O ilusionista]. Escrito por Jacques

Tati (com a colaboração artística de Jean-Claude

Carrière). Adaptado e dirigido em longa-metragem de

animação por Sylvain Chomet em 2009.

1967 Tempo de diversão. Escrito (com a colaboração

artística de Jacques Lagrange), dirigido e interpretado por

Jacques Tati.

1967 Curso noturno. Curta-metragem escrito e

interpretado por Jacques Tati. Dirigido por Nicolas

Rybowski.

1971 As aventuras do Sr. Hulot no trânsito louco.

Escrito (com a colaboração de Jacques Lagrange e Bert

Haanstra), dirigido e interpretado por Jacques Tati.

1973 Confusion [Caos]. Escrito por Jacques Tati, Jacques

Lagrange, Dominique Bidaubayle e Jonathan Rosenbaum

até 1982. Nunca filmado.

1974 Parade. Escrito, dirigido e interpretado por

Jacques Tati.

1978 Forza Bastia [Força Bastia]. Documentário

dirigido por Jacques Tati e montado por Sophie Tatischeff

em 2000.

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Referências

Catálogo da mostra Jacques Tati, França –

Ministère des Affaires Étrangères et Européennes –

République Française. Cultures France. Paris, de abril a

outubro de 2009.

Folder promocional que acompanhou a fita

restaurada do filme Les vacances de monsieur Hulot. Paris:

julho, 2009,

Jacques tati: deux temps, trois mouvements..., livro de entrevistas produzido por

Macha Makeïeff, com entrevistas feitas por Stéphane

Goudet para a mostra sobre a vida de Jacques Tati,

organizada pela Cinémathèque française de abril a

outubro de 2009 em Paris.

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APOIO ORGANIZAÇÃO E REALIZAÇÃO