Download - Mostra Tati Por Inteiro
sesc | serviço social do comércio
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SESC | Serviço Social do Comércio
Departamento Nacional
Rio de Janeiro
Junho de 2012
“Antes de tudo, digamos que existe em Tati a definição de uma linguagem. É um dos raros cineastas que inventaram a própria linguagem.”
_Olivier Assayas, cineasta e roteirista
SESC | Serviço Social do ComércioPresidência do Conselho NacionalAntonio oliveirA sAntos
Departamento NacionalDireção-GeralMAron eMile Abi-Abib
Divisão Administrativa e FinanceiraJoão cArlos GoMes roldão
Divisão de Planejamento e DesenvolvimentoÁlvAro de Melo sAlMito
Divisão de Programas SociaisnivAldo dA costA PereirA
Consultoria da Direção-GeralJuvenAl FerreirA Fortes Filho
Mostra Tati por inteiroGerência de Cultura/DPSMArciA leite
Assessoria de cinemaMArco Aurélio loPes FiAlho
CoordenaçãobriGitte veyne nAdiA Moreno
Curadoriacultures FrAncevAlérie Mouroux
ProduçãoAnne-cAtherine louvet, cAMille lebon e nAdiA Moreno
Editoração e copiagemcPrtv
Legendagem4 estAções
Embaixada da França no BrasilEmbaixador da França no Brasilyves sAint-Geours
Serviço de Cooperação e Ação Cultural Pierre coloMbier
Serviço Audiovisual briGitte veyne, cAMille lebon, Michelle Pistolesi, GustAvo AndreottA e serGe noukoué
Cinemateca cAtherine FAudry
Produção EditorialAssessoria de Divulgação e Promoção/DGchristiAne cAetAno
Supervisão EditorialFernAndA silveirA
Projeto GráficoAnA cristinA PereirA (hAnnAh23)
Tradução do FrancêshildA FAGundes-bonnebAsidioMAs & ciA
Revisão de TextoclArisse cintrAMÁrciA cAPellA
Produção Gráficacelso MendonçA
EstagiáriosAdonis nÓbreGA (Produção editoriAl)thiAGo oliveirA (desiGn)
©Fotos:Jour de fête: ©Les Films de Mon Oncle/SPECTA FILMS C.E.P.E.C.Les vacances de Monsieur Hulot: ©Les Films de Mon Oncle/SPECTA FILMS C.E.P.E.C.Mon oncle: ©Les Films de Mon Oncle/SPECTA FILMS C.E.P.E.C.Playtime: ©Les Films de Mon Oncle/SPECTA FILMS C.E.P.E.C.Trafic: ©Les Films de Mon Oncle/Studiocanal Parade: ©Les Films de Mon Oncle/SPECTA FILMS C.E.P.E.C.
©SESC Departamento NacionalAv. Ayrton Senna, 5555 – Jacarepaguá Rio de Janeiro – RJCEP 22775-004Tel.: (21) 2136-5555www.sesc.com.br
Impresso em junho de 2012.Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/2/1998. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida sem autorização prévia por escrito do SESC Departamento Nacional, sejam quais forem os meios e mídias empregados: eletrônicos, impressos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.
rememorando o sucesso da Mostra de Cinema Francês
Contemporâneo em 2009, por ocasião do ano da França
no Brasil, o SESC celebra novamente a cultura francesa
por meio da Mostra Tati por inteiro, prestigiando um dos mais ilus-
tres artistas cômicos não só da França, mas de todo o mundo, o
cineasta Jacques Tati.
O incentivo às diversas manifestações culturais é uma função per-
manente do SESC, e em se tratando de cinema, a entidade pri-
vilegia conteúdos capazes de estimular a profusão intelectual e
reflexiva do público brasileiro, sendo capaz de alcançar plateias
inesperadas e ávidas pelo alimento democrático e lúdico que é
o cinema.
Apoiar a obra de Jacques Tati, com sua personalidade incompará-
vel e suas interpretações memoráveis, se converte em uma profun-
da satisfação para o SESC, além de representar mais um passo para
o reconhecimento do trabalho do cineasta entre o povo brasileiro,
cruzando as fronteiras deste país provocando sorrisos e, ao mes-
mo tempo, reflexão.
Antonio Oliveira SantosPresidente do Conselho Nacional do SESC
Jacques Tati é considerado pela crítica especializada como
um dos comediantes mais originais do cinema, contudo é
desconhecido de grande parte do público brasileiro. Em-
bora atendesse a diversas faixas de público, sua obra ficou restrita
aos grandes centros urbanos, e em raras iniciativas dos chamados
“circuitos de arte”.
O SESC, em parceria com a Embaixada da França e Cultures Fran-
ce, promove a Mostra Tati por inteiro em âmbito nacional e propi-
cia o acesso ao conjunto da obra desse importante cineasta, que
com refinada graça e leveza se propôs a discutir o homem e a so-
ciedade moderna.
Para o SESC, que tem como compromisso contribuir com proces-
sos de transformação social, realizar essa mostra representa opor-
tunizar, também, a reflexão e o debate sobre a obra de Jacques Tati
e sobre o mundo em que vivemos.
Maron Emile Abi-AbibDiretor-Geral do Departamento Nacional do SESC
o ano da França no Brasil passou, mas as sementes plantadas continuam
germinando! O SESC foi um grande parceiro daquele ano inesquecível.
Com o SESC organizamos em 2009 uma Mostra de Cinema Francês
Contemporâneo que circulou em 231 dos seus centros de difusão audiovisual
em todo o país.
Devido ao sucesso desse evento, decidimos continuar com esse formato e or-
ganizar, em parceria com a Cultures France, uma retrospectiva de filmes de
Jacques Tati, para permitir que o público brasileiro conheça a obra genial e úni-
ca desse cineasta francês.
Todos os longas-metragens de Jacques Tati, assim como os curtas-metragens,
estão disponibilizados nesses centros de difusão audiovisual do SESC e apre-
sentados em um formato de mostra em DVD, a partir da restauração das obras
do cineasta, realizada pela Fundação Gan e Technicolor.
O SESC é uma das únicas redes culturais brasileiras com tanta capilaridade no
país. Sabemos que, graças a ele, chegaremos a lugares aonde nunca chegou Tati
e, provavelmente, aonde quase nunca chegou um filme francês. Não devemos
esquecer que o Brasil tem ainda uma rede limitada de salas de cinema, e es-
ses circuitos de difusão em DVD representam uma oportunidade para que as
nossas obras cheguem ao coração do país. Assim, acompanhamos a missão do
SESC, que é espalhar propostas artísticas da máxima qualidade em todo o país.
Ao contrário dos artistas envolvidos na Mostra do Cinema Francês Contem-
porâneo, Jacques Tati é um cineasta já falecido, mas sua obra continua sendo
atual na sua estética, em seu sentido da graça e na sua mensagem sobre o nosso
mundo moderno. Jacques Tati agrada a todos: crianças e adultos, sua mensagem
é universal e inspiradora.
Espero que vocês também curtam a Mostra Tati por inteiro.
Yves Saint-GeoursEmbaixador da França no Brasil
Agradecimentos da Embaixada da França no Brasil
Yves Bergougnoux, Annie Cambe, Jérôme Deschamps (Les Films
de Mon Oncle), Larris DUBOIS-FLAVIEN (INA), Gilles Duval,
(Fondation Groupama Gan pour le Cinéma), Philippe Gigot (Les
Films de Mon Oncle), Nathalie Haurie (INA), Pamela Leu (Films
Distribution), Macha Makeieff (Les Films de Mon Oncle), Dimi-
try Ovtchinnikoff (Consulado da França), Thomas Sparfel, Séve-
rine Waemere (Fondation Technicolor).
Segundo alguns críticos de cinema, Tati queria expressar que a “cultura
da vida moderna” levava à anulação da personalidade em um mundo
cada vez mais mecanizado. Sem dúvida Tati foi um crítico dos costumes
e focou seu discurso em enfatizar a maneira como a modernidade se
refletiu no comportamento humano. Mas Jacques Tati foi mais que um
crítico, ele foi um grande artista.
A cenografia, o posicionamento em cena, a caracterização, a expressão
corporal dos personagens e os efeitos sonoros, assim como o uso
do contraste entre o preto e o branco e as cores, são elementos
meticulosamente explorados por ele.
Tati pouco utilizava a palavra em seus filmes. Criou muitas cenas em
que a fala é apenas mais um elemento de composição gestual e as
palavras proferidas pelos personagens nem chegam a ser entendidas
pelo espectador, mas isso não significa qualquer menosprezo ao diálogo
e ao próprio som do filme. Ao contrário, Tati valorizou o som e o utilizou
com grande maestria para enfatizar situações, provocar comicidade ou
dar sentido aos recursos cenográficos da cena.
Ele brinca com as cores e com a mescla entre cores e preto e branco.
Em Carrossel da esperança (Jour de fête, 1949) e em Curso noturno (Cours du soir, 1967), sua brincadeira chega a ser radical, ao
inserir sequências de Escola dos carteiros (1947) nos diferentes
enredos de modo orgânico, mantendo a construção lógica das histórias
para o espectador.
Além de sua atuação como mímico e como ator, seu legado como diretor
demonstra que, além do cuidado com o detalhe da construção de seus
filmes, ele experimentava e ousava, como só um grande gênio é capaz
de fazer.
Em As férias do sr. Hulot (Le vacances de Monsieur Hulot, 1953), a
função do carteiro François é transferida para o personagem sr. Hulot. Os
dois podem ser lidos como personificações da inocência, da simplicidade,
que está sempre como um contraponto aos costumes cada vez mais
sofisticados, padronizados, às vezes mecanizados, ao mesmo tempo
em que podem ser lidos como “o desajeitado”, “o desajustado”, como
aquele que não se enquadra, que vai sendo “empurrado” de situação em
situação, sem ter o domínio de nada.
Tati parece brincar com a estrutura da narrativa clássica quando conduz
constantemente o personagem central de um lado para outro, por uma
infinidade de personagens que cruzam a história, construindo-a como
uma colcha de retalhos, em que o fim é esvaziado do peso significante
de conclusão de um discurso. Tati faz isso com tanta habilidade que o
espectador se dá por satisfeito com aquele fim não conclusivo, saindo
com a saciedade de um final e ao mesmo tempo com a sensação de que
a história pode perfeitamente continuar dali. É como se ele estivesse
querendo dizer que a vida é uma cadeia de eventos que vão acontecendo
sucessivamente, sem nunca cessar.
Certamente Tati queria dizer muitas coisas e é por isso que, a cada vez
que assistimos a um de seus filmes, descobrimos outras camadas de
informação.
É por esse seu domínio artístico que sua obra agradou a todos os públicos
e se tornou universal.
Nadia MorenoAssessora de Cinema
“Tati era um maníaco por cinza, pelo verdadeiro cinza. Quando a gente filmou a famosa cena das claraboias que transformam a casa em rosto à noite, em Nice, foi uma noite inteira. No dia seguinte, a gente olhou os copiões e ele ficou furioso: era cinza-azul, enfim, noite americana. Ele discutiu com Bourgoin, que lhe disse que era a pintura da parede que produzia esse efeito. Tati mandou pintar a parede inteira de novo! Em seguida, pediu os potes de tinta do primeiro cinza, e era cinza misturado com azul. Mandou repintar tudo, com um cinza misturado com preto…”_Sylvette Baudrot, continuísta de As férias do sr. Hulot, Meu tio e Tempo de diversão
SuMáRIO
TATI POR... 18
QuEM FOI JACQuES TATI? 26
LONGAS-METRAGENS 36
Carrossel da esperança 38
As férias do sr. Hulot 42
Meu tio 46
Tempo de diversão 50
As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco 56
Parada 60
CuRTAS-METRAGENSCuida da tua esquerda!/Escola dos carteiros/Curso noturno 66
DOCuMENTáRIOTati: seguindo os passos do sr. Hulot 70
FILMOGRAFIA 76
REFERêNCIAS 79
ANExOPor trás de As ferias do sr. Hulot 78
“Se a gente olhar o percurso de Tati com relação aos ou-
tros cineastas, ele é atípico, está próximo do burlesco,
pois começou pelo palco, onde fazia apresentações que
já eram abstratas.”
_Michel Gondry, cineasta francês
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Com Tati o poético é alegre, a melancolia é underground. Seu cinema apresenta uma ma-
nifestação da felicidade pela vida rural, pelo furtivo e pela elasticidade, além da exaltação
ao espírito da infância, da falta de jeito e da mudança; a aversão ao tédio, ao espírito de
seriedade e às convenções sociais. Temos como exemplo o próprio Hulot, que ao olhar
para a vida a vê como uma ficção; a modernidade, um parque de diversões; e o destino,
uma festa popular. Um delírio.
Seu cinema é a extensão de um cenário do music hall, onde ele foi a estrela de Impressions
Sportives. Ali, como os grandes cômicos, ele experimentou de tudo: a pantomima, a gag;
a precisão e o minimalismo; a ilusão. Tati nos transporta delicadamente, e em desequilí-
brio, pelos caminhos do inesperado.
Macha Makeïeff, diretora de cinema
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Jacques Tati fez poucos filmes: seis longas e três curtas-metra-
gens em mais de quarenta anos. No entanto, não parou de tra-
balhar, guiado pela obsessão de inventar, de desenhar, de dirigir
gags. Tati era um cineasta burlesco ao estilo de Keaton, Laurel e
Hardy ou Sennett Mack, a quem admirava.
O que vemos nos filmes de Tati? A festa (Carrossel da esperan-
ça, seu primeiro filme), as férias (As férias do sr. Hulot), uma fa-
mília com um tio muito incomum (Meu tio), acontecimentos
excêntricos em um mundo futurista, mas que já está aí (Tempo
de diversão). Na tela, o mundo se mostra sempre à beira do caos,
enquanto, nos bastidores, Tati trabalha como um louco. Esse
homem trabalhou toda a vida para nos fazer rir e aproveitar a
vida simples. Obrigado, Tati! Devemos a você todas essas horas
de prazer e alegria em um mundo reinventado na forma de um
parque de diversões.
Em seus seis filmes, Tati percebeu algo essencial: a passagem do
tempo, o mundo em evolução, da vida rural à cidade moderna
e futurista de Tempo de diversão. Nesse mundo em transforma-
ção surge uma figura, um homem alto, quase como se fosse fei-
to de borracha tal é sua aparência estranha e desconfortável: sr.
Hulot. Ele chega como se tivesse saído de um desenho esboçado
por Tati como uma cópia de si mesmo (Tati também era muito
alto) para encarnar a confusão, o humor, a mudança resultante
do confronto com o mundo moderno feito de objetos incomuns
e às vezes inúteis, que só servem para decorar ou sobrecarregar
a natureza. Tati era um cineasta burlesco; Tati era um filósofo.
A bicicleta do carteiro é substituída pelos carros que correm sem
parar em torno de uma praça circular, porque o mundo perdeu
sua direção. Esse trabalho é genial, generoso e universal. Jacques
Tati é o tio que todos nós gostaríamos de ter.
Serge Toubiana, diretor da Cinemateca Francesa
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É impossível resumir uma obra tão singular como a de Jacques
Tati. No entanto, se fosse preciso medir sua contribuição para a
história da sétima arte, talvez pudéssemos oferecer cinco ideias
em torno das quais gira o cinema de Tati, especialmente Tempo de
diversão, que ele designou como sua “obra-prima”, a mais ousada e
que, segundo ele, “seria para sempre o (seu) último filme”.
Desde Carrossel da esperança, seu primeiro longa-metragem, Tati é
conhecido por seu senso de observação, que dá ao filme a dimen-
são de crônica da vida rural, após o período da Libertação. Essa
olhar cômico sobre o cotidiano distingue Tati dos seus anteces-
sores ao utilizar mais facilmente gags baseadas em códigos e con-
venções, inscritas no limite do fantástico. São raros os cineastas
que, em tão poucos filmes, testemunharam com a mesma força e
propriedade as principais evoluções da identidade francesa duran-
te mais de 25 anos. Tati filma sucessivamente a França rural que
se pensou eterna (Carrossel da esperança), o país das férias curtas
(As férias do sr. Hulot), a modernização característica dos Trinta
Gloriosos e a ameaça de desumanização, que se contrapõem a ob-
sessão de parecer rico, o triunfo do estilo internacional de arquite-
tura e o invasivo automóvel. Tati só se interessou pelo som quando
compreendeu que o diálogo devia, segundo a fórmula esclarece-
dora de Georges Sadoul, ser considerado como “um ruído entre
outros”. Desde então, aparecem todos os ruídos do cotidiano que
são capazes de provocar um sorriso, e ainda que sejam poucos, são
ao mesmo tempo precisos e surpreendentes.
O campo amplo, a rejeição de uma onipresença da cor, a rejeição
da narrativa clássica centrada em um personagem único com o
qual imediatamente nos identificaríamos; todas as escolhas de Tati
convergem para uma grande ideia: jamais transformar nenhuma
gag; criar uma obra aberta, baseada na liberdade do espectador,
na sua inteligência e sensibilidade. Portanto, todos os seus filmes
exigem de cada um o mesmo senso de observação e a mesma ima-
ginação que foram a base dos projetos. A exigência é às vezes a
mais bela forma de generosidade.
Stéphane Goudet, diretor do cinema Méliès e crítico da revista Positif
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AnexoPOR TRáS DE As fériAs do sr. HuLot
Fotos da gravação de As férias do sr. Hulot.
Depois de pesquisar várias locações para rodar As férias do sr. Hulot, Tati finalmente
escolheu Saint-Marc-sur-Mer, um pequeno balneário da costa do Atlântico. Tati
trabalhou com Jacques Lagrange no cenário, na pintura e na decoração, a fim de que
todo o cenário fosse projetado de acordo com suas ideias. Assim, várias fachadas
de casas e, notavelmente, a do Hotel de La Plage, os quiosques, as cabines, tudo foi
reconstruído. Todas as fachadas permaneceram no local durante um ano.
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Tati também realizou diversas pesquisas no desenvolvimento do carro customizado do sr. Hulot,
juntamente com Pierre Aubent, assistente de direção, e Jacques Lagrange.
Descrição dos acessórios do carro do sr. Hulot e os modelos
utilizados.
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Em 1962 e novamente em 1978, Tati trabalhou em novas versões para seus filmes. Depois de assistir ao
filme Tubarão, de Steven Spielberg, ele decidiu filmar mais imagens em Saint-Marc-sur-Mer, mudando o fim
da famosa cena da canoa de 1951-1952. Assim, ele continuou em seu processo criativo de reconstruir seu
personagem por mais de 25 anos.
A cena da canoa na terceira versão do filme lançada em 1978, com a inserção da cena do pânico na praia, na volta a Saint-Marc-sur-Mer.
Rascunho de Jacques Lagrange.
A premiada cena da canoa de 1953.27
“Tati estava sempre querendo fazer coisas novas, evoluindo. Era
dotado de um pensamento de inventor. Ensaiava como no circo, para
melhorar sempre. Ele vivia assim.”
_Marie-France siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras
do sr. Hulot no trânsito louco e Parada
Quem foi Jacques tati?
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Jacques Tati, cujo nome completo era Jacques Tatischeff, nasceu em 9 de
outubro de 1907 em Pecq (uma cidade semirrural da França). Seu pai,
de origem russa, assumiu o comércio de molduragem de seu padrasto,
Van Hoof, famoso por ter recusado de Van Gogh três telas em pagamento de
suas molduras. O “pequeno” Jacques estava naturalmente destinado a sucedê-lo.
Apaixonado por rugby, Tati se inscreveu em 1928, após cumprir o serviço mili-
tar, no Racing Club de France, passando a jogar no time de Alfred Sauvy (futu-
ro economista e demógrafo). Foi quando improvisou suas primeiras pantomi-
mas cômicas e apresentou seu show no campeonato anual do Racing, de 1930
a 1934, que mais tarde passou a se chamar Impressions Sportives, apresentado
no Teatro Michel (1935).
Sua grande chance aconteceu no baile de gala organizado em 1934 para
celebrar o prêmio Ruban Bleu do navio Normandie. Maurice Chevalier
e Mistinguett estavam em cartaz, mas, naquela noite, Tati foi a estrela. O
diretor da ABC ofereceu-lhe o palco. Colette escreveu: “Eu acredito que
nenhuma festa e nenhum espetáculo de arte e acrobacia poderão se pri-
var desse artista incrível que inventou um estilo. Alguma coisa entre o
esporte, a dança e a sátira. Ele inventou colocar juntos o jogador, a bola
e a raquete; a bola e o goleiro; o pugilista e seu oponente; a bicicleta
e seu ciclista.”
Apesar da oposição de seu pai, ele partiu em 1936 em uma turnê
com Marie Dubas e o elenco da ABC, apontado como “revelação
do ano”.
Levando Impressions Sportives por toda a Europa até o início da
guerra, ele começou no cinema em 1932, escrevendo e interpre-
tando Oscar, campeão de tênis, filme que não foi finalizado por
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falta de recursos. Em seguida, Tati filmou com o pequeno e irritadiço
palhaço Rhum, sua antítese perfeita.
On demande une brute (1934), escrito com Sauvy; Gai dimanche
(1935), escrito por Rhum e Tati; e Soigne ton gauche (1936), dirigido
por René Clément e produzido por Fred Orain, foram o prenúncio
da obra que viria a seguir.
Após se desligar do exército em 1943, Tati se mudou para a zona
livre, perto da aldeia de Sainte-Sévère-sur-Indre, com seu amigo
Henri Marquet. Lá eles escrevem o roteiro de Escola de car-teiros (1947), quando René Clément, preso pela filmagem de
La bataille du rail, deixa a direção para Tati. O filme foi um suces-
so, sendo premiado com o Max Linder, em 1949.
Em maio de 1947, Tati começou a filmar seu primeiro longa-
metragem, uma extensão e transformação de Escola de carteiros:
Carrossel da esperança, que só começa a ser distribuí-
do em 1949, mas logo é um sucesso. Em Paris, Londres, Nova
York¸ em todos os lugares celebra-se a aparição não só de um
mímico, mas também de uma nova forma de cinema burles-
co. Insensível às diversas propostas, Tati se recusou a conti-
nuar as aventuras do carteiro François. Tati o considerava
muito francês, mas principalmente desejava seguir um ca-
minho próprio, com um rigor e uma teimosia que compar-
tilha com alguns poucos cineastas franceses do período,
com exceção de Robert Bresson.
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Tati escreveu o roteiro de As férias do sr. Hulot com
Henri Marquet e o pintor Jacques Lagrange, com quem traba-
lhou até o fim da vida. O filme produzido por Fred Orain foi ro-
dado em 1952 em Saint-Marc-sur-Mer, perto de Saint-Nazaire.
Um grande sucesso de público e crítica desde o lançamento em
1953, As férias do sr. Hulot foi premiado com o Louis Delluc, sen-
do selecionado também em Cannes, Bruxelas, Berlim, Nova York,
Argélia, Suécia, Cuba, e indicado ao Oscar em 1955.
Assim, Meu tio contou com um financiamento mais confortá-
vel e, finalmente, foi filmado em cores em duas versões: francesa e
norte-americana (My uncle). Nesse filme, Tati desenvolveu um olhar
crítico sobre a evolução da sociedade, que estava apenas implícito nos
filmes anteriores. Meu tio recebeu o Prêmio Especial do Júri em Can-
nes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1959, consagrando Tati
em todo o mundo.
Tati pôde, então, empreender seu mais ambicioso filme, Tempo de diversão, rodado de outubro de 1965 a outubro de 1967, e que repre-
sentou um empreendimento enorme para o cinema francês: depois de
se recusar a filmar nos Estados Unidos, durante seis meses Tati construiu
um cenário enorme de 15.000 m2 feito em concreto, vidro e aço, perto de
Vincennes. Decidiu filmar em 70 mm com som estereofônico em seis faixas
magnéticas. O orçamento inicial foi totalmente extrapolado e o filme aca-
bou sendo um fracasso comercial em seu lançamento. Tati teve de liquidar
sua produtora Specta Films, perdendo com isso os direitos sobre seus filmes.
Toda aquela cidade, a qual Tati sonhou que se tornaria um Cinecittà fran-
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cês, foi finalmente destruída, apesar de seus pedidos a André
Malraux, então ministro da cultura. Desolado, em 1968, Tati
passou a dirigir comerciais.
Mas, em 1971, Tati concordou em gravar para uma produto-
ra holandesa As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco, uma continuação das aventuras do sr. Hulot, e, em 1974,
Tati trabalhou em seu último filme: Parada, encomendado pela
televisão sueca. Em 1977, Jacques Tati recebeu o Cesar francês
pelo conjunto de sua obra. Na ocasião, ele falou apaixonadamente
em defesa dos jovens diretores e da produção de curtas-metragens.
A convite de Gilbert Trigano, ele gravou um documentário sobre a
final da Copa de futebol da Europa de 1978, disputada por Bastia e
Eindhoven, o qual sua filha Sophie Tatischeff finalizou em 2000 sob o
título de Forza Bastia.
Em 1982, Tati representou a França em uma homenagem prestada pelo
Festival de Cannes aos dez maiores produtores do mundo. Em novem-
bro daquele mesmo ano, morreu de pneumonia, deixando inacabados
os projetos de Confusion, roteiro que havia concluído recentemente com
Jacques Lagrange, e L’Illusionniste.
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“A beleza plástica que ele alcançou em Tempo de diversão é um dos
pontos altos da história do cinema, algo que é ao mesmo tempo habitado
por esse terror diante da desumanização do mundo. A curva que vai de
Carrossel da esperança a Tempo de diversão é a mesma que vai
do mundo antigo ao mundo moderno. Ele documenta o que observa no
dia a dia, no modo pelo qual a sociedade se transforma; as relações hu-
manas se transformam, a arquitetura se transforma. E o mundo se tornou
outra coisa, ao mesmo tempo fascinante e não desejável.”
_Olivier Assayas, cineasta e roteirista
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Quando o carteiro François assiste à projeção de um documentário sobre
o correio na América durante uma sessão de cinema ambulante na praça
da vila, ele compreende imediatamente que se a correspondência não está
chegando rapidamente a Sainte-Sévère (ou melhor, Follainville), é porque foram
negligenciados os “métodos americanos”! Mas François vai cuidar disso. Montado
em sua bicicleta velha, ele dispara para o campo, ultrapassa as carroças de feno,
desvia de uma vaca na esquina, mas encontra um poste resistente, um bode
ignorante, uma abelha irritante e um terrível número de copos de vinho branco
que atrapalham sua demonstração. Pior para os moradores, que receberão sua
correspondência como sempre: atrasada.
Carrossel da esperança, 1949
(Jour de fête)
Versão em francês
em cores, restaurado em 1995
legendas em português
77 min
som mono
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Entrevista com Michel Gondry
“É como se houvesse na obra de Tati uma espécie
de arco que começaria em Carrossel da esperança
e terminaria em Tempo de diversão. Com o primeiro
estamos mais próximos do burlesco, das origens do
cinema de Tati, quando ele avança progressivamente
e vai se descobrindo, se aventurando cada vez mais
longe. É o momento de inocência do cinema de Tati.
É o mundo de Carrossel da esperança que vai ser
progressivamente tomado por uma modernização,
que vai se apagar progressivamente. De certa maneira,
quando Tati fez Carrossel da esperança ele já estava
sentindo essa melancolia. Ele percebe que com os
novos métodos de transporte postal algo muito
poderoso está vindo dos Estados Unidos que vai
mexer com a tranquilidade, a paz, o equilíbrio de uma
vida meio estagnada como a da França do pós-guerra.
Apesar de tudo, há muita beleza naquela inocência.
Há algo de comovente e, de certa forma, é talvez
em Carrossel da esperança que o lado humano está
mais preservado.”
Olivier Assayas, cineasta e roteirista
“A direção de atores de Tati era muito especial
porque ele fazia mímica de todos os papéis.”
Michel Gondry, cineasta francês
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Tati respeitava muito a opi-
nião de sua mãe, tanto que
declarou certa vez: “Foi gra-
ças a ela que eu pude fazer
Carrossel da esperança. Sem
ela, eu teria continuado a fa-
zer o meu espetáculo de tea-
tro de revista. Ganhava bem,
era livre, tinha mulheres, tudo
o que eu queria ao alcance da
mão.”
FICHA TÉCNICA
Elenco_Jacques Tati (François), Guy Decomble (Roger),
Paul Frankeur (Marcel), Santa Relli (esposa de Roger),
Maine Vallee (Jeannette), Roger Rafal (o cabeleireiro),
Jacques Beauvais (o cafeicultor), Delcassan (a fofoqueira),
Vali, Robert Balbo, Andre Pierdel (vários personagens) e os
moradores de Sainte-Sévère
Direção_Jacques Tati
Roteiro_ Jacques Tati e Henri Marquet, com a colaboração
de Rene Wheeler
Diálogos_ Jacques Tati, Henri Marquet
Plano de filmagem_ Jacques Mercanton
Fotografia_ Marcel Franchi, com Nicholas Citovitch e Roger
Moride e colaboração técnica de Jacques Cottin e Andre
Pierdel
Montagem_ Marcel Moreau
Música_ Jean Yatove
Figurino_Jacques Cottin
Cenografia_ Rene Moulaert
Prêmios_Melhor roteiro, Festival de Cinema de Veneza
1949, Grand Prix do cinema francês de 1953
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As férias do sr. Hulot, 1953
(Les vacances de Monsieur Hulot)
Versão em francês
P&B
legendas em português
74 min
som mono
Todo mundo sabe que as férias não são feitas para se divertir. Todo mundo sabe,
exceto o sr. Hulot, que, cachimbo para o alto e rosto ao vento, leva a vida como ela
vem, dirigindo seu velho e barulhento Salmson e perturbando escandalosamente
a tranquilidade dos veranistas que se instalam com seus hábitos urbanos em uma
pequena estação balneária na costa do Atlântico. Sr. Hulot caminha languidamente
pelo balneário, maravilhado com os castelos de areia. De súbito, toda essa languidez
explode em risos.
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“Foi por isso que ele adicionou, em 1978, o projeto do tubarão em As férias do sr. Hulot, inspirado
pela descoberta do filme Tubarão, de Spielberg.”Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada
“O maravilhoso no cinema de Tati é que os
personagens são extremamente verdadeiros.
Quer dizer, tudo aquilo que vemos em Tati,
temos a impressão de já ter visto na vida.
Mas é mostrado com tamanha exatidão,
com tamanha precisão, que, de repente, uma
coisa da vida, da nossa vida cotidiana, que
vemos todos os dias, é isolada e surge ao
mesmo tempo como infinitamente verdadeira
e infinitamente engraçada.”
Olivier Assayas, cineasta e roteirista
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Neste filme, Tati deu vida ao sr. Hulot e co-
meçou a imprimir um estilo particular de tra-
balhar os sons, marcando-os de modo ines-
quecível para o público. Foi o que aconteceu
com o ranger das portas da sala de jantar
do hotel, em As férias do sr. Hulot; da fonte,
em Meu tio; e dos sapatos, em tempo de
diversão.
FICHA TÉCNICA
Elenco_Jacques Tati (s r. Hulot), Nathalie Pascaud (Martine),
Micheline Rolla (tia), Valentim Camax (a senhora inglesa), Louis
Perrault (Fred), André Dubois (comandante), Lucem Frégis (gerente
do hotel), Raymond Carl (garçom), René Lacourt (transeunte),
Marguerite Gérard (transeunte), Suzy Willy (esposa do
comandante), Michelle Brabo (veranista), Georges Adlin (amante
latino), Sr. Schmutz (empresário) é interpretado pelo marido de
Nathalie Pascaud, sem créditos.
Roteiro original, adaptação e diálogos_Jacques Tati e Henri
Marquet, com a colaboração de Pierre Aubert e Jacques Lagrange
Imagens_Jacques Mercanton e Jean Mousselle
Fotografia_Pierre Ancrenaz e A. Villard, com apoio de Chevallier
Fabien Tordjmann e André Marquette
Montagem_Jacques Grassi, Ginou Bretoneiche e Suzanne Baron
Música_Alain Romains
Som_Roger Cosson
Gravação de som_Jacques Carrère
Cenografia_Henri Schmitt e Roger Briaucourt
Figurino_Pierre Clauzel e André Pierdel
Produção_Fred Orain e Cady Films — gerenciamento de Bernard
Maurice
Prêmios_Louis Delluc 1953/Prêmio da crítica Internacional,
Festival de Cannes 1953.
45
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Meu tio, 1954(Mon oncle)
Versão em francês
em cores
legendas em português
110 min
som mono
O sr. e a sra. Arpel têm uma casa incrivelmente funcional em um bairro muito
bem localizado. Infelizmente, a sra. Arpel também tem um irmão, o sr. Hulot, que
a impede não menos incrivelmente de progredir. Hulot, por outro lado, tem um
excessivo amor pelos cães, de preferência de rua. Isso não seria muito grave se o
filho dos Arpel, Gerard, não tivesse uma tendência a imitar o tio, demonstrando,
como ele, uma clara aversão às belezas industriais. Por fim, o sr. Arpel, com ciúmes,
consegue afastar Hulot, após tentativas frustradas de fazê-lo ser contratado em sua
fábrica ou se casar com sua vizinha esnobe.
47
“Mesmo que ele nunca tenha me dito, eu acho que o personagem de Madame Arpel em Meu tio, que é uma caricatura da dona de casa, era a mãe de Tati exagerada.” Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada
Sátira à modernidade vigente na Paris dos anos 1950,
Meu tio é uma crítica contundente ao excesso de
preocupação com bens materiais revelada no consu-
mismo típico do sistema capitalista em ascensão na
sociedade do póssegunda guerra.
Sua estreia mundial aconteceu em 1958, no xI Festival
de Cannes, quando recebeu o Prêmio Especial do Júri.
Meu tio também foi vencedor do Oscar de Melhor Fil-
me Estrangeiro, em 1959.
48
FICHA TÉCNICA
Elenco_Jacques Tati (sr. Hulot), Jean-Pierre Zola (sr. Arpel), Adrienne Servantie
(sra. Arpel), Alain Becourt (Gérard Arpel), Lucien Fregis (sr. Pichard), Dominique
Marie (vizinha), Betty Schneider (filha do porteiro), Jean-François Martial (Walter),
Yvonne Arnaud (empregada), Adelaide Danieli (sra. Pichard), Regis Fontenay
(vendedor de suspensórios), Claude Badolle (catador), Max Martel (bêbado),
Nicolas Bataille (operário), Andre Dino (varredor), Denise Peronne (srta. Février),
Michel Goyot (vendedor de carros), Francomme (pintor), Dominique Derly (secretária
dos Arpel), Claire Rocca (amiga do sr. Arpel), Jean Remoleux (cliente da fábrica),
Mancini (comerciante italiano), Marguerite Grillieres (vizinha) e os moradores da
velha Saint-Maur-des-Fossés
Roteiro original_Jacques Tati com a colaboração artística de Jacques Lagrange
e Jean L’Hote
Assistentes de direção_Henri Marquet e Pierre Etaix
Imagens_Jean Bourgoin (Eastman color)
Montagem_Suzanne Baron
Música_Frank Barcellini e Alain Romain
Cenografia_Henri Schmitt
Produtor executivo_Louis Dolivet
Produtor associado_Alain Terouanne
Diretor de produção_Bernard Maurice
Consultor do filme_Fred Orain
Produção_Specta Films, Gray films, Alter Films, Cady Films,
Film del Centauro
Prêmios_Grande Prêmio do Júri em Cannes, 1958/
Medalha de Ouro da Federazione Italiana del Circolo
del Cinema/Diploma de Honra da Rosena Mundial dos
Festivais Cinematográficos, México/Prêmio Méliès
da Associação Francesa de Crítica de Cinema/Prêmio
de Melhor Filme Estrangeiro de 1958 pela Associação
dos Críticos de Nova York/Oscar de Melhor Filme
Estrangeiro de 1959/Festival do Rio de Janeiro/ Palma
de Ouro para o filme e para Jacques Tati pela atuação/
Kunnikirja Award, Finlândia, 1958/Prêmio de Melhor
Filme Estrangeiro de 1958 projetado na Espanha.
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50
51
Versão em francês
em cores
legendas em português
114 min
Som Dolby SR – Dolby digital e DTS
“Na era da Economic Airlines um grupo de mulheres norte-americanas organiza
uma viagem turística. O programa inclui uma capital por dia. Chegando a Paris,
elas notam que o aeroporto é exatamente o mesmo que tinham acabado de deixar
em Roma, as estradas são as mesmas de Hamburgo e a iluminação pública é
estranhamente semelhante à de Nova York. O cenário não mudou de uma cidade
para outra. Elas se movem nesse cenário internacional que é real, eu não o inventei.
Aos poucos, encontram franceses. Um pouco de calor humano é criado, o que lhes
permite, na falta de estar em um ambiente ‘parisiense’, passar 24 horas com nativos,
entre eles, o sr. Hulot” (Jacques Tati).
Tempo de diversão, 1967
(Playtime)
“Sabe o que Tati dizia quando lhe perguntavam: ‘Quanto custou o filme?’ Ele respondia: ‘Alguém sabia quanto custavam os livros na época de Shakespeare?’ Para se justificar, ele dizia também que o cenário não custava mais caro do que a média do cachê de Sophia Loren (quem, aliás, ele conheceu), e que ele tinha garantido a sobrevivência de famílias inteiras durante anos, e isso era verdade.”
“Tati ficou muito abalado com a destruição do cenário de Tempo de diversão. Pensava, um pouco ingenuamente, que era inconcebível que o demolissem. Acreditava ser possível fazer dele o estúdio mais moderno e fabuloso do mundo! Ele dizia: ‘Poderíamos fazer lá uma formidável comédia musical.’ Havia ruas, semáforos tricolores. Poderíamos colocar alguma maquete atrás e, se quiséssemos, criar um cenário à antiga. Tudo era possível! Além disso, havia no local uma diversidade de duchas, vestiários, restaurantes. Era ideal para um platô de filmagem. Podíamos receber artistas, havia tendas para isso, para a produção.”
Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada
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A mais cara produção francesa da época, segundo historiadores
do cinema, tempo de diversão levou Tati à falência. Naquele
cenário, o diretor praticamente construiu uma cidade, com res-
taurantes, farmácia, prédios comerciais e um aeroporto.
“Ele procurava desesperadamente encontrar
um jeito de fazer o filme funcionar. Foi ele
mesmo quem decidiu os cortes. Havia tantos
compromissos financeiros, que Tati foi obrigado
a procurar soluções. Eu também lembro que,
depois dos cortes, o filme não tinha mais o
mesmo efeito!”
Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada
“Tati tinha isso, ele aumentava os detalhes.
Há pessoas que dizem que não se pode ver
Tempo de diversão em tela pequena porque
não se compreende a metade do que se passa
e, na maior parte do tempo, o importante
é o que se passa ao fundo e em tamanho
pequenininho.”
Michel Gondry, cineasta francês
53
tempo de diversão foi filmado em 70 mm,
um formato épico, que abrange as maiores
telas disponíveis com o máximo de detalhes
imagináveis: com grandes e longos planos;
sem close-ups, sem planos de reação.
“Como os pilares metálicos do cenário corriam o risco de refletir
a luz dos projetores, Tati mandou fotografá-los, ampliar as fotos e
colá-las no cenário. Tudo estava cheio de fotos, inclusive fotos de
figurantes. Teria ficado caro demais manter os figurantes durante
dois ou três dias! Então ele os chamava, colocava-os na posição,
a gente fazia as fotos, ampliava em tamanho natural, colava em
papel e depois em compensado. Daí o ar estático de certos planos.
As pessoas não se mexem, mesmo nos escritórios, já que são fotos
recortadas. Havia também uma questão de ‘leveza’. A partir do
momento em que Tati não queria que eles se mexessem, era inútil
trabalhar com seres de carne e osso. Fazê-los ficar tanto tempo
no mesmo lugar para quê? As fotos têm muito mais paciência do
que os homens.”
Sylvette Baudrot, continuista de As férias do sr. Hulot, Meu tio e Tempo de diversão
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FICHA TÉCNICA
Elenco_Jacques Tati (sr. Hulot), Barbara Dennek (jovem estrangeira), Jacqueline Lecomte (amiga da jovem estrangeira), Valerie Camille (secretária do sr. Lacs), France Rumilly (vendedora de óculos), France Delahalle (cliente), Laure Paillette e Colette Proust (duas senhoras no poste), Erika Dentzler (sra. Giffard), Yvette Ducreux (jovem do vestiário), Rita Maiden (a mulher do sr. Schultz), Nicole Ray (cantora), Jacques Gauthier (guia), Henri Piccoli (homem importante), Leon Doyen (porteiro), Georges Montant (sr. Giffard, chefe de departamento),John Abbey (sr. Lacs), Yves Barsacq (amigo), Tony Andal (caçador do Royal Garden), Andre Fouche (gerente do Royal Garden), Georges Faye (arquiteto), Michel Francini
(primeiro mordomo), Billy Kearns (sr. Schutz)
Roteiro_Jacques Tati, com a colaboração artística de Jacques Lagrange
Diálogos em inglês_Art Buchwald
Diretor de fotografia_Jean Badal (70 mm Eastman color) e Andreas Winding
Imagens_Paul Rodier com Marcel Franchi
Assistentes de direção_Henri Marquet, Jean Lefebvre e Nicolas Ribowski
Cenografia_Eugene Roman
Som_Jacques Maumont
Música_Francis Lemarque
Temas africanos_James Campbell
Tema Take my hand_David Stein
Figurino_Jacques Cottin
Maquiagem_Serge Groffe
Cabelo_Janou Pottier
Montagem_Gerard Pollicand
Assistente de edição_Denise Giton, Sophie Tatischeff e Jean-François Galland
Diretor de produção_Maurice Bernard
Produtor associado_RNE Silvera
Produção_Specta Films
Restauração_dirigida por François Ede para apresentação no Festival de Cinema de Cannes 2002.
Restauração fotoquímica_Jean-René Failliot (Arane/Gulliver)
Supervisão de restauração digital_Pascal Laurent
Prêmios_Grande Prêmio da Academia de Cinema de Paris, 1968 / Medalha de Prata, no Festival de Moscou,
1969 / Festival de Filmes de Viena, 1969 / Oscar do
cinema sueco, 1969 / Kunniarkirja Award,
Finlândia, 1969.
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As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco, 1971
(Trafic)
Versão em francês
em cores
legendas em português
93 min
som mono
Projetista da pequena empresa fabricante de automóveis Altra, sr. Hulot projeta
um caminhão engenhosamente dotado de várias modernidades para ser exibido
no Salão Internacional do Automóvel de Amsterdã. Ele acompanha o protótipo
desde Paris a bordo do caminhão da Altra, escoltado pelo pequeno carro esportivo
amarelo de Maria, a jovem norte-americana relações-públicas da empresa. Um pneu
furado, a falta de combustível, colisões e problemas com funcionários da alfândega
irão retardar a chegada do grupo. Eles viajam pelas estradas rurais flamengas
e holandesas em busca de um mecânico. O carro chegará tarde demais para a
exposição.
“Seu escritório era em um barco, em um dos
canais de Amsterdã. Quando deixávamos
o barco, partíamos pelas estradas, com os
trailers, o caminhão com todos os acessórios.
Sem dúvida, As aventuras do sr. Hulot no
trânsito louco lhe fez bem. Retomava um
pouco o ambiente do circo.”
“Depois de Tempo de diversão, Tati tentava
principalmente se reequilibrar financeiramente.
Era preciso fazer um filme muito rapidamente
e As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco
surgiu bem depressa.”
“Apesar de tudo, Tati se divertiu muito filmando
As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco. Ele
não tinha mais de assumir a responsabilidade e
o peso de Tempo de diversão.”
Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada
“A gente tinha filmado tudo!
Foi um esforço monumental
para filmar o acidente com os
carros destruídos, uma mise
en scène enorme, três dias de
filmagem, depois o laboratório
nos diz que o negativo estava
ruim! Tudo estava granulado…
Foi preciso recomeçar todos
os outros planos! Foi um
horror! Eu vi Tati chorar!”
Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada
As aventuras do sr. Hulot no trân-
sito louco foi filmado na Holanda.
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FICHA TÉCNICA
Elenco_Jacques Tati (sr. Hulot), Maria Kimberley (Maria), Tony Kneppers (Tony
Barenson, o garagista), Marcel Fraval (Marcel, o motorista do caminhão), Honoré
Bostel (Morel, diretor da Altra), François Maisongrosse (vendedor da Altra), Franco
Ressel, Mario Zanuelli
Direção_Jacques Tati
Roteiro_Jacques Tati, com a colaboração de Jacques Lagrange e a participação
de Bert Hanstraa
Imagens_Edward van Den Enden e Marcel Weiss (Eastman color)
Montagem_Maurice Laumain e Sophie Tatischeff
Assistentes_Marie-France Siegler, Alain Fayner e Roberto Giandalia
Som_Ed Pelster e Alain Curvelier
Mixagem_Jean Neny
Sincronização_Claude Plouganou
Música_Charles Dumont
Cenografia_Adrien De Rooy
Diretor de produção_Marcel Mossoti
Produtor executivo_Robert Dorfmann
Produção_Georges Laurent e Wim Lindner
(Films Corona/Gibé Films/Selenia - Cinematografica/Oceania Films)
Prêmios_Seleção dos dez melhores filmes do ano
pela Associação de Críticos de Cinema de Nova
York, 1971/fora da competição no encerramento do
Festival de Cinema de Berlim, 1971/Prêmio Nacional,
1972/Destaque do ano no Festival de Londres, 1972/
Valdotaise Gold Cup, Itália, 1972/Kunniakirja Award,
Finlândia, 1973
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Versão em francês
em cores
legendas em português
85 min
som mono
Apesar de ter sido filmado em sua maior parte em vídeo (Tati pressentiu a transição
gradual para o digital), financiado pela televisão sueca, Parada foi realizado com o
objetivo de ser lançado nos cinemas, mesmo que um espetáculo circense tenha sido
privilegiado neste que seria seu último filme. Interpretando o sr. Loyal, Tati garantiu
a sequência dos números de sua apresentação de circo, dando vida nova às mímicas
de Impressions Sportives, que ele realizava no music hall.
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Parada, 1974(Parade)
“Todo o espetáculo de base foi filmado em vídeo. Parada é também um dos primeiros filmes produzidos em vídeo. Havia
uma câmera móvel do lado de fora para os planos externos e, no interior, várias câmaras fixas.”
Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada
“Filmamos o espetáculo em dois dias, o que foi rápido, porque os espectadores pagavam um preço bem baixo, ou mesmo nada, simples-mente para serem filmados. Estavam todos com roupas de domingo. O espetáculo foi filmado em um dia e em uma longa noite e, em seguida, a gente chamou de volta alguns espectadores, como a garotinha loira, a Karine, que era uma gracinha, especialmente para os raccords. Eu ia de uma câmera à outra, já que Tati estava no palco e eu verificava o que era filmado. A gente ensaiou muito, mas a cada ensaio tinha uma nova equipe, pois na televisão eles nos enviam sempre novas pessoas. E na noite do espetáculo, eram pessoas novas que não conheciam nada
do trabalho feito até aquele momento... Então, eu ia de uma câmera à outra e, quando a gente deveria ter filmado Karine com os balões, descobri horrorizada que o câmera se enganara de garota. Corri até o caminhão onde estava o produtor Karl Haskel, que controlava o dispositivo, e lhe perguntei sobre o que estava contecendo, arrancando-lhe os fones para gritar com ele e dizer qual garotinha era preciso filmar. No entanto, graças a esse erro, houve um plano maravilhoso da garotinha desconhecida que tem medo dos balões. Durante esse tempo, Tati estava no palco. Ele falava aos espectadores, pois a gente estava filmando ao vivo durante o espetáculo.”
Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada
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FICHA TÉCNICA
Elenco_Jacques Tati, Karl Kossmayer, Os Williams, os
veteranos Sipolo, Pierre Bramma e Michèle Brabo
Direção e roteiro_Jacques Tati
Fotografia_Jean Badal, Gunnar Fischer
Montagem_Aline Asséo, Per Carleson, Siv Lundgren,
Jonny Mair e Sophie Tatischeff
Música_Charles Dumont
Produção_Michel Chauvin, Karl Haskel (Gray-Films e
Sveriges Radio TV2 CEPEC)
Prêmios_Grand Prix do cinema francês, 1975/Palma de
Ouro no Festival de Moscou, 1975/Outstanding Film of
the Year, Festival de Cinema de Londres, 1975/Prêmio
do Festival de Teerã, 1975
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“Existem profissionais como Tati que são ao mesmo tempo herdeiros do cinema mudo, pode-se dizer, do cinema puro, e também que vêm do teatro de revista; artistas intuitivos, que pela observação conseguem trazer à tona o essencial. E é justamente na gag que se provoca o confronto entre o humano e o mecânico. Esse é um dos muitos domínios do cinema mudo. Mas isso se manifesta em uma ampla reflexão sobre a sociedade em um momento crucial.”
_Olivier Assayas, cineasta e roteirista
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Curtas-metragensCuida da tua
esquerda!, 1936soigne ton gauche
O agricultor Roger sonha ser boxe-ador. Agora, o curral de sua fazenda é o local de treinamento dos luta-dores. Mas a luta deve parar em breve por falta de combatentes. Pego narrando uma vitória, ele é desc-oberto e levado ao ringue. Mas há um problema: ele nunca lutou boxe em sua vida e não sabe nada sobre a nobre arte. Será que o livro que um carteiro coloca em sua cadeira irá ajudá-lo a desenvolver rapidamente a técnica necessária para a vitória?
Versão em francêsP&B
legendas em português12 min
som mono
Escola dos carteiros, 1947
L’Ecole des facteurs
Velocidade e eficiência, assim é a formação adequada para qualquer carteiro! A missão é simples: reduzir a ronda para chegar a tempo ao avião do correio aéreo. Em um pequeno escritório dos correios da região, três carteiros, entre eles François, pressio-nados pelas ordens estridentes de seu superior, param e depois retomam, junto a suas bicicletas, cada gesto do ritual de entrega dos correios.
Versão em francêsP&B
legendas em português15 min
som mono
Curso noturno, 1967Cours du soir
Em meio aos cenários de Tempo de diversão, Jacques Tati tenta ensinar algo de sua arte a alunos desajeitados e aplicados. “Os homens de negócios se transformam em estudantes es-clarecidos e descobrem as diferentes maneiras de fumar um cigarro, andar a cavalo, ou cair de uma escada. [...] Curso noturno apresenta, pela pri-meira vez, vários números clássicos de Tati e constitui, justamente por sua simplicidade, um comentário pertinente sobre a aventura épica de Tempo de diversão. É a imagem invertida, revelando o avesso de seu cenário e de seu personagem, Tati mostra que o seu senso de observa-ção também se aplica a si mesmo” (Marc Dondey).
Versão em francês em cores
legendas em português27 min
som mono
Sparring por um diaFICHA TÉCNICA
Elenco_Jacques Tati, Max Martell, Robur, Clinville,
J. Aurel, Champel, Van Der.
Direção_René Clement
Roteiro_Jacques Tati com a colaboração de Jean-
Marie Huard
Música_Jean Yatove
Produção_Fred Orain/Cady Films/Specta Films
Escola de carteirosFICHA TÉCNICA
Elenco_Jacques Tati, Paul Demange
Direção_Jacques Tati
Roteiro_Jacques Tati
Direção de fotografia_Louis Felix
Assistente_Jean Quilici
Colaboração técnica_Henri Marquet, Jacques
Cottin e Henry Gansser
Montagem_Marcel Moreau
Música_Jean Yatove
Produtoção_Fred Orain/Cady Films/Specta Films
Prêmio_Max-Linder de Melhor Curta-metragem,
1947
Curso noturnoFICHA TÉCNICA
Elenco_Jacques Tati, Marc Monjou
Direção_Nicolas Ribowsky
Assistente de direção_Marie-France Siegler
Imagens_Jean Badal
Fotografia_Paul Rodier com René Schneider
Som_Jacques Maumont
Montagem_Nicole Guaduchon
Música: Léo Petit
Produção: Télécip/Specta Films
Filmado nos estúdios de tempo de diversão, em
Vincennes.
Deu origem ao longa-metra-
gem Carrossel da esperança,
filmado dois anos depois.
Este foi o primeiro filme
protagonizado por Jacques
Tati. Ele interpretou um pacato
e sonhador habitante de uma
pequena cidade francesa, que
sonhava ser lutador de boxe.
O filme apresenta vários nú-
meros clássicos de Jacques Tati.
Nele, o diretor ministra um curso
para executivos de uma grande
empresa aplicando seu arguto
senso de observação também
com relação a si mesmo.
68
“Que relacionamento devemos ter com os espectadores? O que devemos mostrar, o que devemos esconder? Diálogos ou não, música talvez, uma trilha sonora com que objetivo? Como sugerir mais? São tantas perguntas que nos perseguem, felizmente, graças a ele.”
Jérôme Deschamps, ator, diretor e dramaturgo; um dos fundadores da Les Films de Mon Onlce.69
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Versão em francês
em cores
legendas em português
52 min
som mono
Dirigido por Sophie Tatischeff, filha de Tati, o documentário apresenta um Tati por
trás das câmeras, como autor, produtor e diretor. Vários registros de seu trabalho
foram feitos ao longo de suas viagens pelo mundo. Com base nesses registros,
Sophie deu vida a este material, um retrato da personalidade exigente, determinada
e à frente de seu tempo, características tão marcantes em Tati, que exercia sua
profissão sem se deixar influenciar pelas convenções.
71
Tati: seguindo os passos do sr. Hulot, 1986
(Tati sur les pas de Mr. Hulot)
Documentário
72
Sophie Tatischeff (1946-2001) Trabalhou como editora em vários filmes. Em
2001, criou, com Jérôme Deschamps e Macha
Makeïeff, a Les Films de Mon Oncle, uma
associação que visa preservar, restaurar e difundir
a obra de seu pai. Suas missões artísticas e
patrimoniais permitem tanto ao grande público
quanto aos pesquisadores (re)descobrir a obra
do cineasta e seus arquivos, assegurando sua
influência no mundo.
73
“Quando a França poderia
perder a maioria dos direitos
de seus filmes, reuni-me
com Macha Makeïff e
Sophie Tatischeff, para
retomá-los e criarmos juntos
a Les Films de Mon Oncle
[Os filmes do meu tio].”Jérôme Deschamps, ator, diretor e dramaturgo
“Eu penso que o principal impacto dos filmes de Tati é
nos permitir olhar a vida por uma nova perspectiva.”
_ Michel Gondry, cineasta francês
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Filmografia
“Sei que L’Illusionniste era um projeto que lhe
agradava muitíssimo. Aliás, teria sido um novo
Carrossel da esperança extremamente poético.
Tati era um verdadeiro poeta.”
Marie-France Siegler, assistente de direção em Tempo de diversão, As aventuras do sr. Hulot no trânsito louco e Parada
77
1932 Oscar, champion de tennis [Oscar, o campeão de
tênis]. Curta-metragem escrito e interpretado por Jacques
Tati. Inacabado e extraviado.
1934 On demande une brute [Precisa-se de um bruto].
Curta-metragem escrito por Jacques Tati e Alfred Sauvy.
Dirigido por Charles Barrois. Interpretado por Jacques
Tati.
1935 Gai dimanche [Domingo alegre]. Curta-metragem
escrito por Jacques Tati e o palhaço Rhum. Dirigido por
Jacques Berr. Interpretado por Jacques Tati e pelo palhaço
Rhum.
1936 Sparring por um dia. Curta-metragem escrito por
Jacques Tati. Dirigido por René Clément. Interpretado
por Jacques Tati.
1938 Retour à la terre [Volta a terra]. Escrito e
interpretado por Jacques Tati. Inacabado e extraviado.
1945 Sylvie e o fantasma. Dirigido por Claude Autant-
Lara.Papel do fantasma: Jacques Tati.
1946 Le diable au corps [Com o diabo no corpo].
Dirigido por Claude Autant-Lara. Com Jacques Tati no
papel de soldado.
1947 Escola de carteiros. Curta-metragem escrito,
dirigido e interpretado por Jacques Tati.
1949 Carrossel da esperança. Escrito por Jacques Tati e
Henri Marquet (com a colaboração de René Wheeler).
Dirigido e interpretado por Jacques Tati.
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1953 As férias do sr. Hulot. Escrito por Jacques Tati e
Henri Marquet (com a colaboração de Pierre Aubert e
Jacques Lagrange). Dirigido e interpretado por Jacques
Tati.
1958 Meu tio. Escrito, dirigido e interpretado por
Jacques Tati.
1961 L’Illusioniste [O ilusionista]. Escrito por Jacques
Tati (com a colaboração artística de Jean-Claude
Carrière). Adaptado e dirigido em longa-metragem de
animação por Sylvain Chomet em 2009.
1967 Tempo de diversão. Escrito (com a colaboração
artística de Jacques Lagrange), dirigido e interpretado por
Jacques Tati.
1967 Curso noturno. Curta-metragem escrito e
interpretado por Jacques Tati. Dirigido por Nicolas
Rybowski.
1971 As aventuras do Sr. Hulot no trânsito louco.
Escrito (com a colaboração de Jacques Lagrange e Bert
Haanstra), dirigido e interpretado por Jacques Tati.
1973 Confusion [Caos]. Escrito por Jacques Tati, Jacques
Lagrange, Dominique Bidaubayle e Jonathan Rosenbaum
até 1982. Nunca filmado.
1974 Parade. Escrito, dirigido e interpretado por
Jacques Tati.
1978 Forza Bastia [Força Bastia]. Documentário
dirigido por Jacques Tati e montado por Sophie Tatischeff
em 2000.
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Referências
Catálogo da mostra Jacques Tati, França –
Ministère des Affaires Étrangères et Européennes –
République Française. Cultures France. Paris, de abril a
outubro de 2009.
Folder promocional que acompanhou a fita
restaurada do filme Les vacances de monsieur Hulot. Paris:
julho, 2009,
Jacques tati: deux temps, trois mouvements..., livro de entrevistas produzido por
Macha Makeïeff, com entrevistas feitas por Stéphane
Goudet para a mostra sobre a vida de Jacques Tati,
organizada pela Cinémathèque française de abril a
outubro de 2009 em Paris.
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APOIO ORGANIZAÇÃO E REALIZAÇÃO