mosca das frutas

23
1 MOSCAS-DAS-FRUTAS QUE OFERECEM RISCOS À FRUTICULTURA BRASILEIRA Beatriz Jordão Paranhos Pesquisadora Embrapa Semi-Árido INTRODUÇÃO Moscas-das-frutas, são insetos-praga que atacam diferentes variedades de frutas, são insetos da ordem Diptera e pertencem à família Tephritidae. Esta família possui mais de 4000 espécies distribuídas em 500 gêneros, com cerca de 250 espécies de importância agrícola econômica, sendo 48 dos gêneros Bactrocera, Ceratitis, Anastrepha, Dirioxa e Toxotrypana já relatadas como pragas de manga (White & Elson-Harris, 1992). No Brasil existem dois gêneros mais importantes: Anastrepha, com mais de 94 espécies identificadas até o momento e Ceratitis com somente uma espécie, a Ceratitis capitata. As espécies de Anastrepha são nativas das Américas Central e do Sul, enquanto que C. capitata foi introduzida no Brasil no início do século 20 e hoje é encontrada em todo o Brasil. Existem levantamentos populacionais de espécies de moscas-das-frutas em praticamente todas as regiões do Brasil, verificando-se que as espécies de Anastrepha variam de região para região, de acordo com os frutos hospedeiros e com o clima. Além desses dois gêneros principais, também ocorrem Bactrocera e Rhagoletis, sendo esta última com 4 espécies: R. adusta Foote, R. blanchardi Aczél, R. ferruginea Hendel e R. macquarti (Loew), as quais não tem importância econômica, ocorrem apenas no Sul do país e atacam frutos de caroço e maçã. O gênero Bactrocera, com uma única espécie - B. carambolae ou mosca-da-carambola, está restrita ao estado do Amapá, onde estão sendo aplicados métodos de erradicação para impedir a migração desta espécie para outros estados do Brasil (Zucchi, 2000a). Na região do Vale do Submédio São Francisco foram identificadas até o momento onze espécies de Anastrepha, quais sejam: zenildae, A. obliqua, A. sororcula , A. dissimilis,

Upload: alessandro-casagrande

Post on 20-Oct-2015

114 views

Category:

Documents


14 download

TRANSCRIPT

  • 1

    MOSCAS-DAS-FRUTAS QUE OFERECEM RISCOS FRUTICULTURA BRASILEIRA

    Beatriz Jordo Paranhos Pesquisadora Embrapa Semi-rido

    INTRODUO

    Moscas-das-frutas, so insetos-praga que atacam diferentes variedades de frutas, so insetos da ordem Diptera e pertencem famlia Tephritidae. Esta famlia possui mais de 4000 espcies distribudas em 500 gneros, com cerca de 250 espcies de importncia agrcola econmica, sendo 48 dos gneros Bactrocera, Ceratitis, Anastrepha, Dirioxa e Toxotrypana j relatadas como pragas de manga (White & Elson-Harris, 1992).

    No Brasil existem dois gneros mais importantes: Anastrepha, com mais de 94 espcies identificadas at o momento e Ceratitis com somente uma espcie, a Ceratitis capitata.

    As espcies de Anastrepha so nativas das Amricas Central e do Sul, enquanto que C. capitata foi introduzida no Brasil no incio do sculo 20 e hoje encontrada em todo o Brasil.

    Existem levantamentos populacionais de espcies de moscas-das-frutas em praticamente todas as regies do Brasil, verificando-se que as espcies de Anastrepha variam de regio para regio, de acordo com os frutos hospedeiros e com o clima.

    Alm desses dois gneros principais, tambm ocorrem Bactrocera e Rhagoletis, sendo esta ltima com 4 espcies: R. adusta Foote, R. blanchardi Aczl, R. ferruginea Hendel e R. macquarti (Loew), as quais no tem importncia econmica, ocorrem apenas no Sul do pas e atacam frutos de caroo e ma. O gnero Bactrocera, com uma nica espcie - B. carambolae ou mosca-da-carambola, est restrita ao estado do Amap, onde esto sendo aplicados mtodos de erradicao para impedir a migrao desta espcie para outros estados do Brasil (Zucchi, 2000a).

    Na regio do Vale do Submdio So Francisco foram identificadas at o momento onze espcies de Anastrepha, quais sejam: zenildae, A. obliqua, A. sororcula , A. dissimilis,

  • 2

    A. montei, A. fraterculus, A. pickeli, A. distincta, A. daciformes, A. serpentina e A. manihot (Haji et al., 2001).

    So consideradas pragas quarentenrias na fruticultura do Brasil, as seguintes espcies de mosca-das- frutas, Anastrepha ludens (mosca-das-frutas mexicana), Anastrepha suspensa (mosca-das-frutas do Caribe), Ceratitis rosa (mosca-das-frutas-de-natal), Bactrocera (Dacus) cucurbitae (mosca-do-melo), D. tryoni (mosca-de-Queensland), Toxotrypana curvicauda (mosca-do-mamo) e Bactrocera carambolae (mosca-da-carambola). Todas elas no esto presentes no Brasil, exceto a mosca-da-carambola que considerada praga quarentenria A2, ou seja, com distribuio limitada no territrio brasileiro e oficialmente controlada.

    Dentre as espcies de moscas-das-frutas presentes no Brasil, as que apresentam restries quarentenrias para outros pases so: A. fraterculus, A. obliqua, A. grandis, C. capitata e B. carambolae.

    DESCRIO E BIOLOGIA

    a) Ceratitis capitata

    O adulto de C. capitata mede de 4 a 5 mm de comprimento e de 10 a 12 mm de envergadura; tem colorao predominantemente amarelo escuro, olhos castanho-violceos, trax preto na face superior, com desenhos simtricos brancos; abdome amarelo escuro com duas listras transversais acinzentadas e amarelas (Fig. 1).

    Figura 1. Macho de Ceratitis capitata.

  • 3

    A fmea coloca de 1 a 10 ovos por fruto de preferncia de vez, introduzindo seu ovipositor na casca. Alm da presena do ovipositor, as fmeas so diferenciadas dos machos por no possurem um par de falsas antenas arredondadas nas pontas. A postura tem incio entre 5 a 12 dias aps a emergncia, podendo as fmeas viver at 10 meses e colocar at 800 ovos. Os ovos so alongados em forma de banana, brancos e medem 1 mm de comprimento (Fig. 2 A). O perodo de incubao de 2 a 4 dias e, aps a ecloso, a larva penetra no endocarpo, onde passa os 3 instares, que duram de 6 a 11 dias, deixando, ento, o fruto para empupar no solo, em profundidade varivel de 5 a 7 cm, dependendo da textura e umidade do mesmo. A larva totalmente desenvolvida mede 8 mm, poda, branco-amarelada, afilada na parte anterior e truncada e arredondada na posterior, tendo o hbito de dobrar o corpo e saltar para deixar o seu meio antes de empupar (Fig. 2 B). A pupa marrom em forma de barril, mede 5 mm de comprimento e aps 9 a11 dias emergem os adultos (Fig. 2 C). O ciclo total mdio de 17 a 26 dias (Souza Filho et al., 2004).

    Figura 2. A- Ovos, B- larvas e C- pupas de moscas-das-frutas em geral.

  • 4

    b) Anastrepha spp.

    Os adultos de A. obliqua e de A. fraterculus fazem parte do complexo fraterculus e so as espcies mais estudadas no Brasil. Medem cerca de 6,5 mm de comprimento, possuem colorao amarela, trax marrom e asas com uma faixa sombreada em forma de S, que vai desde a base at a extremidade e outra em forma de V invertido na borda posterior (Fig. 3). A identificao das espcies feita pelo exame do pice do ovipositor da fmea (Gallo et al., 2002).

    Figura 3. Macho (esquerda) e fmea (direita) de Anastrepha fraterculus

    A biologia muito semelhante de C. capitata, porm as fmeas possuem ovipositores maiores que os de C. capitata, podendo colocar de 1 a 3 ovos em frutos de vez ou verdes. Os ovos e as larvas so semelhantes aos de C. capitata, porm quando completamente desenvolvidas, as larvas medem cerca de 12 mm de comprimento e so mais amareladas. A fmea inicia a oviposio entre 7 e 15 dias de idade e continua por 46 a 62 dias, colocando, em mdia, 408 ovos durante sua vida reprodutiva. O ciclo total mdio de 24 a 39 dias, dependendo da espcie (Souza Filho et al., 2004). Existem variaes no ciclo biolgico, de acordo com a temperatura e o hospedeiro. A temperatura de 25C a ideal. Abaixo disso o ciclo pode prolongar e acima, adiantar, sendo os limites mnimos e mximos entre 15 e 35oC. Fora dessa amplitude a mortalidade alta. O fotoperodo no influencia na oviposio e longevidade de A. fraterculus (Sales, 2000).

  • 5

    Plantas hospedeiras

    Segundo Fleisher (2004), C. Capitata possui mais de 200 hospedeiros e classificada como polfaga, por se alimentar de vrias famlias de plantas. As espcies de Anastrepha possuem um nmero de hospedeiros variado, de acordo com a espcie, sendo mais ou menos especficas, podendo ser monfagas (alimentam-se apenas de uma espcie), estenfagas (alimentam-se de plantas do mesmo gnero), oligfagas (alimentam-se de vrios gneros da mesma famlia) e algumas polfagas, como A. fraterculus, A. zenildae, A. sororcula, A. obliqua entre outras (Zucchi, 2000b).

    As moscas-das-frutas infestam a maioria das frutas que possuem polpa carnosa. Destacam-se, como as mais preferidas, as seguintes famlias e espcies de frutferas: Anacardiaceae - manga, caj, caj-mirim, ceriguela; Mirtaceae - goiaba, guabiroba, jaboticaba, jambo, pitanga, uvaia; Oxalicaceae - carambola; Rutaceae - laranja, tangerina; Sapotaceae - abiu, sapoti (Zucchi, 1988).

    Sintomas e Danos

    As larvas se alimentam da polpa dos frutos hospedeiros, reduzindo a produtividade e a qualidade dos frutos, deixando-os imprprios tanto para o consumo in natura, como para a industrializao. Os frutos atacados amadurecem prematuramente e caem das plantas, passando por um processo de podrido generalizada (Medina, 1988) causado por infeco secundria de patgenos.

    c) Mosca-da-abbora -Anastrepha grandis (Diptera: Tephritidae)

    A. grandis (Macquart) uma das espcies de mosca-das-frutas, apresenta colorao amarela e mede de 10 mm a 11 mm de comprimento (Fig.4). As fmeas so facilmente reconhecidas porque possuem um ovipositor longo, com cerca de 5,8 a 6,2 mm de comprimento. Os ovos so brancos leitosos e fusiformes. As larvas so vermiformes, podas, colorao branca e podem atingir 12 mm de comprimento. So de difcil identificao, portanto, devem ser criadas at a fase adulta para o diagnstico da espcie.

  • 6

    As pupas so de colorao marrom avermelhadas com 5 mm de comprimento. As fmeas introduzem o ovipositor na casca de curbubitceas e depositam seus ovos no interior. Preferem frutos verdes, mas algumas variedades podem, eventualmente, ser atacadas quando esto maduros ou de vez.

    Figura 4. Fmea de Anastrepha grandis fazendo postura em curcubitcea.

    A. grandis ocorre em vrios pases da Amrica do Sul e possivelmente no Panam. Na Amrica do Sul se restringem Argentina, Bolvia, Brasil (exceto regio Norte e Nordeste), Colmbia, Equador, Panam, Paraguai, Peru e Venezuela.

    Hospedeiros

    Citrullus lanatus (Thunberg) Matsumura& Nakai (melancia), Cucumis sativus Linnaeus (pepino), Cucurbita maxima Duchesne, Cucurbita pepo Linnaeus, Cucurbota moschata (Duchesne ex Lam.) Duchesne ex Poiret (abbora), Lagenaria siceraria (Molina) Standl. ("camasa"), Cucumis melo L. (melo). Tambm pode atacar goiaba (Psidium guajava) e h relato de um adulto ter sido encontrado em restos de banana no Panam.

    Danos

    As larvas danificam a polpa dos frutos; ocorre infeco secundria por fungos e bactrias e, conseqentemente, o amadurecimento prematuro dos frutos e podrido

  • 7

    generalizada. A sua importncia est mais diretamente relacionada com s restries quarentenrias impostas por pases importadores, podendo ser de pouca, moderada ou de grande importncia econmica, de acordo com a importncia da cultivos de curcubitceas em cada pas. Por exemplo, se esta praga fosse encontrada na regio produtora de melo para exportao, em Mossor-RN, traria muitos problemas econmicos, que seriam desde perdas na produo at embargos na exportao de frutos.

    At 1984, quase todo o melo produzido no Brasil, era destinado ao mercado interno e, uma pequena parcela, ao mercado europeu. Com o incio da exportao ao mercado Norte Americano vieram as exigncias quarentenrias deste pas, entre outras, a necessidade de que o melo fosse produzido em uma rea livre desta espcie de moscas-das-frutas, Anastrepha grandis. Com o objetivo de atender as exigncias quarentenrias dos EUA para exportao de melo, em 1990, foi iniciado o monitoramento da regio de Mossor/Assu-RN para comprovar que a rea era livre desta praga. Decorridos 13 anos ininterruptos de monitoramento na regio, finalmente em janeiro de 2003 foi obtido o reconhecimento do Ministrio da Agricultura e a regio foi reconhecida como livre de A. grandis, o que permitiu a exportao de curcubitceas para os EUA e outros pases com tais exigncias fitossanitrias, sem necessidade de se aplicar o tratamento quarentenrio ps-colheita.

    A certificao fitossanitria dos produtos provenientes da rea Livre da praga Anastrepha grandis o ponto de partida para garantir a conformidade do produto, a possibilidade de rastreabilidade no processo e confiabilidade na qualidade das cucurbitceas colocadas nos mercados nacional e internacional.

    d) Mosca-da-carambola -Bactrocera carambolae (Diptera: Tephritidae)

    A mosca-da-carambola nativa da sia e est presente em Buma, Sri Lanka, Indonsia (Java, Sumatra, Timor), sul da Tailndia, Malsia, Suriname, Guiana Francesa e no Brasil est presente em algumas cidades do estado do Amap.

    Foi detectada pela primeira vez no Brasil, em maro de 1996, no municpio de Oiapoque, no Estado do Amap, estando at agora restrita a este estado. Em nosso pas

  • 8

    considerada praga de importncia quarentenria A2 (apresenta disseminao localizada e est submetida a controle oficial).

    Descrio e Biologia

    Os adultos da mosca-da-carambola tm em geral 8mm de comprimento, parte superior do trax de cor negra e com listras laterais amarelas. O abdome tambm amarelo e possui listras negras que se encontram perpendicularmente, formando um T (Fig. 5) (Brasil, 2002).

    Estima-se que em condies ideais (26 C e 70% de UR) o seu desenvolvimento, de ovo a adulto, leva aproximadamente 22 dias, e o tempo mnimo por gerao (ovo a ovo) de 30 dias (Malavasi, 2000; Brasil, 2002). O adulto atinge sua maturao sexual entre 8 e 12 dias aps a emergncia. As fmeas realizam puncturas em frutos verdes ou prximos maturao, onde depositam de 3 a 5 ovos, imediatamente abaixo do pericarpo. Os adultos vivem, em mdia, 30 a 60 dias, mas podem viver at 6 meses. Durante todo o perodo reprodutivo, as fmeas podem colocar 1200 a 1500 ovos. J em condies de laboratrio uma fmea frtil pode por cerca de 130 ovos/dia (lotes de 10 ovos por local) e 3.000 ovos durante o seu perodo de vida.

    Figura 5. Macho de Bactrocera carambolae.

    As larvas passam por trs estdios no interior do fruto, alimentando-se da polpa e produzindo galerias. O estgio larval pode durar de 6 a 35 dias, isto varia com o hospedeiro e a temperatura. No final do terceiro estdio deixam o fruto aos saltos, antes ou depois da

  • 9

    queda do fruto, e empupam no solo a uma profundidade de 2 a 5 cm. A durao deste perodo depende da temperatura e da umidade do solo, normalmente leva de 10 a 12 dias para ser completado.

    Logo aps a emergncia, aps a expanso plena de suas asas, os adultos iniciam a atividade de vo. Havendo hospedeiros disponveis, as moscas permanecem na rea. Quando h escassez de alimentos, variaes bruscas de clima ou quando so adultos recm-emergidos, podem voar distncias de at 4,8 km. Os perodos de maior atividade so pela manh, para alimentao, e tarde para acasalamento, preferencialmente antes do pr do sol.

    Plantas Hospedeiras

    A principais plantas hospedeiras esto divididas em dois grupos. O primeiro relaciona s plantas hospedeiras primrias: carambola (Averrhoa carambola); manga (Mangiera indica); sapoti (Manikara zapota); gingeira da jamaica (Malpighia glabra); goiaba (Psidium guajava); jambo branco (Syzygium samaranguense). Entre as hospedeiras secundrias encontram-se: caju (Anacardium occidentale); jaca (Antocarpus heterophyllus); gomuto (Arenga pinnata); lkuta-po (Artocapus altilis); bilimbi, carambola amarela, limo cayena (Averrhoa bilimbi); pimenta picante, pimenta do diabo (Capsicum annuum); cainito (Chrysophyllum cainito); laranja carpira (Citrus aurantium); pomelo, toranja (Citrus paradisi); tangerina (Citrus reticulata); laranja doce (Citrus sinensis); pitangueira vermelha (Eugeria unflora); bacupari (Garcinia dulcis); tomate (Licopersicum esculentum); jambo rosa (Syzygium jambos); jambo vermelho (Sypygium malaccensis); jambo d'gua (Sypygium aqueum); amendoeira (Terminalia catappa); jujuba (Ziziphus mauritiana e Z. jujuba). No Brasil, alm da carambola pode atacar potencialmente cerca de 30 espcies de fruteiras, preferindo inclusive a manga, o sapoti, a goiaba e o jambo branco (Van Sauers-Mller, 1996; Malavasi, 2000).

  • 10

    Danos

    A mosca-da-carambola pode ocasionar prejuzos diretos e indiretos. Os prejuzos diretos so causados pela reduo na produo e qualidade dos frutos e pelo aumento no custo da produo, devido utilizao de medidas de controle.

    As frutas infestadas com moscas tm menor tempo de prateleira, isto , apodrecem mais rapidamente. Os prejuzos indiretos esto associados a questes de mercado, ou seja, frutas produzidas em reas consideradas infestadas no podem ser exportadas para pases com barreiras quarentenrias, como os Estados Unidos e o Japo. Deve ser salientada tambm a questo ambiental, quanto ao dano da praga na flora nativa que poder levar a reduo da biodiversidade e, ainda, a sua adaptao a outras espcies comerciais ainda no consideradas hospedeiras.

    Se no for controlada e atingir regies produtoras de frutas frescas para exportao, estima-se que a praga poderia gerar no Brasil um prejuzo com perdas potenciais de US$ 30,8 milhes ao ano inicial e de cerca de US$ 92,4 milhes no terceiro ano de infestao (MAPA, 2006). O Brasil um dos principais alvos de barreiras fitossanitrias impostas por pases importadores de frutas, como EUA e Japo. Caso a mosca-da-carambola se estabelea no Brasil, isto poderia significar a inviabilidade da exportao de frutas frescas brasileiras (Oliveira, 2002).

    MONITORAMENTO DE MOSCAS-DAS-FRUTAS

    O monitoramento o ponto inicial e imprescindvel para detectar o nvel de infestao, os focos e os pontos de entrada das moscas-das-frutas no pomar.

    Para a mosca-do-mediterrneo, C. capitata, o monitoramento realizado com armadilhas do tipo Jackson (Fig. 6), na qual se coloca uma pastilha ou sache do paraferomnio Trimedlure (TMD), ao qual os machos so fortemente atrados. Os pisos das armadilhas devem ser retirados a cada 15 dias para contagem dos machos que ficam grudados e o paraferomnio deve ser substitudo a cada 45 dias.

  • 11

    Figura 6. Armadilha Jackson usada para C. capitata e B. carambolae.

    Com os dados coletados nas armadilhas se calcula o ndice MAD (moscas/armadilha/dia), dividindo-se o nmero de moscas pelo nmero de armadilhas e pelo nmero de dias que ficou em exposio no campo. A populao de C. capitata deve ser suprimida dos pomares de manga e de uva para exportao quando o ndice MAD estiver igual ou acima de 0,5. Os pomares que apresentarem MAD acima de 1 ficam com seus registros para exportao cancelados.

    Para monitorar as espcies do gnero Anastrepha se usa armadilhas do tipo McPhail (Fig. 7) com atrativo alimentar a base de uma soluo de protena hidrolisada de milho + gua + brax (conservante). Moscas-das-frutas de vrios gneros e espcies so atrados para esta armadilha. Elas entram, no conseguem sair e morrem dentro da soluo. Para as espcies A. fraterculus e obliqua deve-se colocar as armadilhas entre 1,5 e 2,5 m de altura, em galhos de plantas hospedeiras, j para A. grandis estas armadilhas devem ser distribudas nas plantaes de curcubitceas, em suportes a 0,5 m de altura do solo.

    Figura 7. Armadilha McPhail usada para moscas do gnero Anastrepha.

  • 12

    Estes insetos devem ser retirados semanalmente, lavados e conservados em soluo de lcool a 70%, para posterior identificao. Apenas as fmeas de Anastrepha podem ser identificadas por um taxonomista especialista na famlia Tephritidae, atravs do ovipositor. J os machos so apenas quantificados.

    No Vale do So Francisco o ndice MAD para o controle de A. fraterculus e obliqua igual ao de C. capitata, entretanto, este ndice pode variar com a espcie e com a regio do Brasil. Por exemplo, nas plantaes de citros no Estado de So Paulo, o ndice MAD para o controle qumico de 7.

    Para A. grandis a tolerncia zero, j que a regio de plantaes de melo para exportao considerao rea livre desta espcie. Desta forma, se for encontrado um nico indivduo o MAPA deve ser avisado e o foco da praga deve ser erradicado, utilizando-se todos os mtodos de controle disponveis.

    A armadilha Jackson tambm utilizada para o monitoramento da mosca-da-carambola, entretanto no lugar do trimedlure se usa o paraferomnio Methil eugenol, pelo qual os machos do gnero Bactrocera so fortemente atrados e ficam colados no piso da armadilha.

    Como no Brasil o programa de monitoramento para esta espcie tem a finalidade de erradicao da praga, quando se encontra uma mosca, deve-se tomar todas as medidas de controle de modo a acabar com o foco de proliferao da praga.

    A vistoria das armadilhas deve ser feita a cada sete ou quinze dias e o paraferomnio Methil eugenol deve ser substitudo a cada 40-45 dias.

    A densidade de armadilhas utilizadas vai depender dos objetivos, se forem usadas para o controle e/ou erradicao da praga deve-se saturar a rea com armadilhas, j para o monitoramento de grandes reas recomenda-se, como no Vale do So Francisco, uma McPhail a cada 10 ha e uma Jackson a cada 5 ha.

    MTODOS DE CONTROLE

    As recomendaes para o controle das moscas-das-frutas deve se basear nos dados obtidos no monitoramento.

  • 13

    a) ENSACAMENTO DOS FRUTOS

    Embora eficiente, um mtodo caro e, muitas vezes, impraticvel. Entretanto, em pomares pequenos, onde a populao de moscas-das-frutas muito alta, fica mais econmico e seguro para a sade do homem e para o meio ambiente, ensacar os frutos no incio da frutificao.

    Entretanto, dependendo da regio e da fruta, o ensacamento poder criar um microclima favorvel ao aparecimento de doenas, portanto, deve-se estudar as vantagens e desvantagens antes de se adotar a tcnica.

    Em regies onde a populao de moscas-das-frutas mantida sempre abaixo do nvel de controle, torna-se mais econmico o tratamento qumico espordico das reas com infestaes altas do que o ensacamento dos frutos.

    b) COLETA E DESTRUIO DOS FRUTOS MADUROS

    Para impedir a procriao de moscas-das-frutas no pomar, deve-se colher os frutos maduros remanescentes nas rvores, coletar os que esto cados no cho e enterr-los em valas com 50 a 70 cm de profundidade, de modo que quando os adultos emergirem das pupas, no possam ultrapassar essa barreira de solo.

    Alm disso, de importncia fundamental realizar o controle das moscas-das-frutas em plantas hospedeiras, cultivadas ou nativas, prximas aos pomares comerciais ou outras, a fim de evitar focos de infestao da praga.

    c) CONTROLE QUMICO

    Quando o MAD atingir o ndice de 0,5 deve-se realizar o tratamento qumico, o qual feito com a asperso de isca txica (um litro de hidrolisado de protena + inseticida + 100 litros de gua). A asperso feita com uma brocha de parede ou pulverizador com bico em leque. Deve-se aspergir a isca num volume de 100 a 200 ml da calda/metro quadrado de copa da rvore, em ruas alternadas (Nascimento & Carvalho, 1998). Recomenda-se utilizar

  • 14

    produtos registrados no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA) e nas dosagens recomendas.

    A aplicao de isca txica, em ruas alternadas ou a cada cinco ruas, um modo de diminuir os efeitos nocivos dos inseticidas, pois no sendo aplicada em rea total, pode reduzir a probabilidade de matar insetos benficos (abelhas polinizadoras, predadores e parasitides) por contato. Entretanto, alguns insetos benficos e outras pragas no alvo podem ser atrados para se alimentar da protena hidrolisada presente na isca txica e se intoxicar. Tambm como efeito indireto, os inimigos naturais ao se alimentarem das pragas intoxicadas com a isca txica podem ter a longevidade e/ou fecundidade afetadas.

    O tratamento qumico tambm pode ser realizado no solo sob as copas das plantas hospedeiras, com o objetivo de eliminar as pupas (Brasil, 2002).

    O inseticida registrado para o controle das mosca-do-mediterrneo (moscamed) em uvas o fenthion (organofosforado de contato e ingesto) (Lebaycid) recomendado na dose de 100 ml/100L gua, usando-se 500-1000L/ha, com 21 dias de perodo de carncia e

    para A. fraterculus o triclorfon (organofosforado de contato e ingesto) (Dipterex) recomendado na dose de 0,3 ml/100L gua, usando-se 700-800L/ha, com 7 dias de perodo de carncia (AGROFIT 2008).

    O espinosade (Success) foi recentemente registrado para o controle de A. obliqua e C. capitata em mangas, recomendado na dose de 1 a 1,6L/ha, com perodo de carncia de

    1 dia. Ainda na cultura de manga, h registro de triclorfon (Dipterex), fention (Lebaycid) e parathion-metlica (Bravik) para C. capitata e de fention (Lebaycid) e parathion-metlica (Bravik) para A. fraterculus. Este ltimo recomendado na dose de 100 ml/100 L de gua, utilizando-se 400 a 600 L/ha, com perodo de carncia de 15 dias.

    Hoje se preza muito a segurana alimentar, onde os alimentos devem ser isentos ou com resduos de agrotxicos abaixo do limite mximo permitido. Isso, associado ao fato da carga de frutas poder ser rechaada por pases importadores quando exceder o LMR (limite mxima residual) permitido, faz com que exportadores de frutas frescas atendam s exigncias ditadas pelo mercado consumidor. Convm lembrar que o prejuzo da carga rechaada nica e exclusivamente dos produtores.

  • 15

    Alguns importadores exigem dos exportadores a anlise residual das frutas e, mesmo assim, quando a carga chega ao destino so coletadas amostras de frutos para se realizar novas anlises de resduos.

    Para a rede de supermercado TESCO na Inglaterra o LMR permitido para o fention de 0,01 mg/kg de fruta e, mais recentemente, foi definido o LMR de 0,5 mg/kg para o triclorfon. Esses 2 produtos so considerados de baixo risco pela TESCO.

    Na tabela 1 (anexa) esto descritos os valores de LMR para os principais ingredientes ativos usados no controle de moscas-das-frutas no Brasil, definido pela Global GAP (Good Agriculture Practice-boas prticas de agricultura).

    d) CONTROLE BIOLGICO:

    1) Parasitides

    O parasitide de mosca-das-frutas, Diachasmimorpha longicaudata (Fig. 8), uma vespa da famlia Braconidae, foi importada da Flrida (EUA) em 1994 pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, em Cruz-das-Almas-BA, para atender o controle biolgico de moscas-das-frutas no pas. Dentro de um programa de manejo integrado da mosca-da-carambola na regio do Oiapoque, o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA) liberou milhes desse parasitide no estado do Amap.

    Este parasitide usado com muito sucesso, por vrios pases, para o controle de larvas de moscas-das-frutas. No Brasil, vem sendo criado em vrios laboratrios para fins cientficos e no estado de So Paulo, j foi usado para o controle biolgico da A. fraterculus em plantaes de citros, mas podem ser utilizados para todas as espcies de moscas-das-frutas da famlia Tephritidae.

  • 16

    Figura 8. Fmea do parasitide D. longicaudata parasitando larvas dentro de uma laranja.

    As fmeas de D. longicaudata localizam as larvas no interior dos frutos, atravs das vibraes emitidas por estas quando esto se alimentando. Ento a fmea introduz o ovipositor na larva da mosca, localizada no interior do fruto, e deposita um ovo. Quando as larvas deixam os frutos para empupar no solo, as larvas do parasitide eclodem dentro da pupa da mosca, que consumida pela larva do parasitide. Ao final do ciclo, ao invs de emergir o adulto de mosca-das-frutas, emerge o parasitide.

    Existem 3 tipos de controle biolgico: o natural que ocorre com os inimigos naturais presentes no campo; o clssico, onde se introduz, em uma regio, pequenas quantidades do inimigo natural extico, e este se procria e adapta-se ao novo habitat, e finalmente o controle biolgico aplicado, no qual se cria uma grande quantidade do inimigo natural em biofbricas e so feitas liberaes semanais inundativas no campo, por longos perodos, at a populao da praga abaixar.

    Na regio do Submdio do Vale do So Francisco a populao de inimigos naturais de moscas-das-frutas quase inexistente e a rea a ser abrangida por este mtodo de controle bastante ampla, a melhor opo seria o controle biolgico aplicado.

    No Vale do So Francisco o controle biolgico ser usado em associao tcnica do inseto estril para o controle de C. capitata. Para tanto, ser instalada na Biofbrica Moscamed Brasil, em Juazeiro-BA, uma criao deste parasitide, para sua multiplicao e liberao semanal de cerca de 15 milhes de parasitides nos pomares.

    2) Entomopatgenos

  • 17

    Entre os entomopatgenos, os fungos e os nematides tm apresentado maior eficincia no controle de moscas-das-frutas. Os fungos Metarhizium anizopliae e Beauveria bassiana so patognicos nas diferentes fases de desenvolvimento de C. capitata e suas principais rotas de infeco so atravs da cutcula, via oral, traquias e feridas (Toledo, 2004). Segundo Correia et al. (2004), o isolado IBCB 497 de M. anizopliae virulento para larvas de terceiro nstar de C. capitata

    Alm dos fungos, existem vrias espcies de nematides com potencial para uso em Controle Biolgico Aplicado. Os estados juvenis dos nematides possuem bactrias simbiontes em seus intestinos, e quando penetram no corpo dos insetos as bactrias podem causar infeco generalizada e morte dos mesmos. No controle de A. ludens, destacam-se Heterorhabditis indica e Steinernema feltiae, que apresentaram eficincia de 50% a 70% no controle de larvas, dependendo da dose utilizada (Toledo, 2002, citado por Toledo, 2004). Para Ceratitis, recomendado S. riobrave com altos nveis de parasitismo, localizados em diferentes condies ambientais, podendo persistir no solo, de forma ativa, por longos perodos (Gazit et al., 2000, citados por Toledo, 2004).

    Os dados encontrados na literatura indicam que a utilizao de patgenos no controle de moscas-das-frutas poder ter sucesso na fruticultura irrigada do Semi-rido. Deve-se, portanto, obter isolados de cepas nativas, bem como realizar estudos de eficincia e formulao para as condies do semi-rido.

    e) TCNICA DO INSETO ESTRIL

    A tcnica do inseto estril - TIE foi idealizada e criada pelo entomologista americano E.F.Knipling, como uma possibilidade de controle ou at mesmo a erradicao da mosca da bicheira, Cochliomyia hominivorax (Coquerel). Na dcada de 40, dois meses aps liberaes semanais e inundativas de moscas da bicheira estreis na Ilha de Curaao, obteve-se a erradicao dessa praga (Knipling, 1955). Hoje, vrios pases possuem programas nacionais de TIE, com biofbricas para criao de Ceratitis capitata (EUA, Mxico, Guatemala, Argentina, Chile, Peru, Portugal, Tunsia, Tailndia e frica do Sul), algumas espcies dos gneros Anastrepha (Mxico e EUA) e Bactrocera curcubitae (EUA, Japo, Malsia) para o controle (supresso) e/ou erradicao.

  • 18

    A expanso do uso desta tcnica tem provado sucesso em proteger reas de fruticultura contra a infestao de mosca-do-mediterrneo, C. capitata, e prevenir embargos de bilhes de dlares em programas de exportao (Malavasi & Nascimento, 2003). O Chile, por exemplo, com a erradicao da C. capitata por meio da TIE, consegue exportar cerca de 40% da produo de frutos, enquanto que o Brasil consegue exportar somente 1,3% de frutos frescos, sendo que o Submdio do Vale do So Francisco, por manter a populao desta praga sob controle (MAD abaixo de 1), responsvel por 95% de toda a manga exportada no pas (Anurio de Fruticultura, 2003).

    Para a utilizao da TIE, o inseto deve apresentar reproduo sexual e facilidade de criao massal em dieta artificial. Desta forma, a TIE consiste na criao massal do inseto praga que se deseja controlar, na sua esterilizao com radiao gama e na liberao semanal de uma populao no mnimo cinco vezes maior do que a selvagem no campo. Este macho estril copula com a fmea selvagem (da mesma espcie presente no campo) e, por ser estril, no gera descendentes.

    A Biofbrica Moscamed Brasil a primeira destinada produo de insetos estreis no pas e foi implantada em Juazeiro-BA, com capacidade de produzir 100 milhes de machos estreis de C. capitata por semana. Para tanto, est sendo utilizada a linhagem mutante pupa branca tsl (sensibilidade letal a temperatura)-Vienna 8, desenvolvida para diferenciar machos de fmeas antes da fase adulta, ou seja, as fmeas possuem pupas brancas e os machos marrons, como os insetos selvagens da mesma espcie. Alm disso, ainda na fase de embrio (ovo), as fmeas possuem sensibilidade letal a temperaturas acima de 34C.

    Desta forma, quando o objetivo produzir machos estreis para a liberao em campo, os ovos so colocados em banho maria a 34C, por 24horas, em seguida so colocados na dieta artificial e as pupas colhidas sero de cor marrom (machos). Atualmente, todas as Biofbricas de Moscamed do mundo j utilizam linhagens mutantes tsl com grande economia em dieta artificial na produo massal.

    Sero liberados cerca de 100 machos estreis para cada macho selvagem presente no campo, de modo a aumentar a competio entre os machos estreis e selvagens pela cpula das fmeas selvagens. Os machos estreis devem atender a um padro de controle de qualidade determinado pela Agncia Internacional de Energia Atmica (IAEA), a fim de

  • 19

    serem capazes de voar, atrair as fmeas, copular e transferir o smen, mesmo sendo infrteis.

    A tcnica do inseto estril deve ser empregada em rea ampla (pomares comerciais, pomares domsticos, matas com hospedeiros nativos, reas urbanas com plantas hospedeiras), com nenhuma contaminao do meio ambiente ou dos operadores e com alta eficincia.

    A TIE ser utilizada com a finalidade de suprimir a populao desta praga, j que difcil obter a erradicao em reas que no sejam geograficamente isoladas, visto que podem ocorrer constantes re-infestaes desta praga, principalmente se no houver barreiras fitossanitrias intermunicipais e interestaduais eficientes.

    f) TRATAMENTO HIDROTRMICO EM MANGA PARA A. obliqua, A. fraterculus e C. capitata

    Esta tcnica utilizada na ps-colheita, tem como finalidade matar ovos e/ou larvas de moscas-das-frutas dentro dos frutos de manga. uma tcnica exigida por alguns pases importadores de frutos frescos para impedir a entrada desta praga quarentenria no pas.

    Segundo as exigncias dos EUA, os frutos devem ficar submersos em gua a 46C por 75 minutos, para frutos com peso at 425 g e por 90 minutos para frutos entre 426 e 650 g (Nascimento & Carvalho, 2000).

    J para o Japo, para o qual a abertura comercial ocorreu recentemente, as exigncias so ainda maiores, ou seja, a gua do tanque de tratamento hidrotrmico deve estar a 47o C, os frutos devem ficar submersos at atingir a temperatura de 46oC prximo ao caroo e, assim, permanecer por 5 minutos. Quanto maior o fruto, maior ser o tempo de tratamento. Normalmente, o tempo varia entre 80 e 95 minutos (Comunicao pessoal Dr. Gilson Cosenza MAPA).

  • 20

    MTODOS DE CONTROLE EXCLUSIVAMENTE USADOS PARA MOSCA DA CARAMBOLA, Bactrocera carambolae.

    a) Aniquilao de Machos:

    A aniquilao de machos tem por objetivo reduzir o potencial reprodutivo da mosca. Os machos de B. carambolae so fortemente atrados pelo paraferomnio conhecido como methyl eugenol. Desta maneira, so feitas iscas com toletes de madeira porosa embebidos com methil eugenol mais inseticida, na proporo de 6:1, ou seja, 6 partes de ME para uma de inseticida (malathion 95CE). Esses toletes so distribudos em espcies de plantas hospedeiras, nas reas de ocorrncia da praga, em geral a dois metros de altura do solo. Os machos de B. carambolae so atrados, alimentam-se e morrem (Brasil, 2002).

    b) Preveno

    A principal medida de preveno no transportar frutos dos locais onde existe a praga para outros onde ela est ausente. Para tanto, necessrio a forte atuao de barreiras fitossanitrias, tanto intermunicipais como interestaduais.

    Alm disso, importante o treinamento de tcnicos e produtores, para transmitir informaes sobre os riscos da introduo da praga, para que possam reconhec-la rapidamente caso venha a ser introduzida.

    A tcnica de aniquilao de machos combinada ao controle rgido do trnsito de material hospedeiro, frutas em geral, de reas infestadas para outras regies tem apresentado excelentes resultados nos trabalhos realizados no Brasil e no Suriname.

    c) Destruio de plantas hospedeiras

    No caso especfico da mosca-da-carambola, recomenda-se erradicar a planta hospedeira principal que a caramboleira. Isto tem dado bons resultados para evitar o

  • 21

    estabelecimento desta praga em reas recm infestadas.

    Os exemplares de larvas e moscas coletados em monitoramento, que sejam suspeitos, devem ser encaminhados s Instituies de Pesquisa ou de Ensino que tenham tcnicos com capacidade para a sua identificao, alm disso, a suspeita deve ser comunicada ao Departamento de Defesa e Inspeo Vegetal DDIV do Ministrio da Agricultura, que orientar sobre as medidas cabveis.

    Tabela 1. Limite mximo de resduos (LMR) definido pela Global Gap exigido por diversos pases, para diferentes ingredientes ativos usados no controle de moscas-das-frutas em diferentes fruteiras no Brasil.

    Ingrediente ativo Pas LMR (mg/kg) fenthion Australia 2 fenthion Belgium 0,01 fenthion Brazil 0,5 fenthion Canada 0,1 fenthion Canada 0,1 fenthion Czech Republic 0,01 fenthion Denmark 0,01 fenthion Estonia 0,01 fenthion EU-MRLs 0,01 fenthion Finland 0,01 fenthion France 0,01 fenthion Germany 0,01 fenthion Greece 0,01 fenthion Indonesia 0,5 fenthion Ireland 0,01 fenthion Italy 0,01 fenthion Japan 2 fenthion Korea, Republic of 0,2 fenthion Latvia 0,01 fenthion Lithuania 0,01 fenthion Luxembourg 0,01 fenthion Netherlands 0,01 fenthion Norway 0,01 fenthion Portugal 0,01 fenthion Singapore 2 fenthion Slovakia 0,01 fenthion Spain 0,5 fenthion Sweden 0,01

  • 22

    fenthion United Kingdom 0,01 malathion CODEX-MRL 5 malathion Colombia 5 malathion Denmark 0,5 malathion Estonia 0,5 malathion EU-MRLs 0,5 malathion Finland 0,5 malathion Indonesia 8 malathion Ireland 0,5 malathion Korea, Republic of 2 malathion Latvia 0,5 malathion Lithuania 0,5 malathion Norway 0,5 malathion Slovakia 0,5 malathion Sweden 0,5 malathion Thailand 8 malathion United Kingdom 0,5 parathion-methyl Australia 0,5 parathion-methyl Austria 0,02 parathion-methyl CODEX-MRL 0,5 parathion-methyl Colombia 0,5 parathion-methyl Denmark 0,02 parathion-methyl Estonia 0,02 parathion-methyl EU-MRLs 0,02 parathion-methyl Finland 0,02 parathion-methyl Germany 0,1 parathion-methyl Indonesia 0,2 parathion-methyl Ireland 0,02 parathion-methyl Korea, Republic of 0,2 parathion-methyl Latvia 0,02 parathion-methyl Lithuania 0,02 parathion-methyl Mexico 1 parathion-methyl Netherlands 0,2 parathion-methyl New Zealand 0,5 parathion-methyl Norway 0,02 parathion-methyl Poland 0,02 parathion-methyl Slovakia 0,02 parathion-methyl Sweden 0,02 parathion-methyl Thailand 0,2 parathion-methyl United Kingdom 0,02 parathion-methyl United States 1 spinosad CODEX-MRL 0,5 spinosad Colombia 0,5 spinosad Italy 0,2 spinosad United Kingdom 0,5 spinosad United States 0,5 trichlorfon Australia 0,1

  • 23

    trichlorfon Austria 0,5 trichlorfon Denmark 0,5 trichlorfon Estonia 0,5 trichlorfon EU-MRLs 0,5 trichlorfon Finland 0,5 trichlorfon Germany 2 trichlorfon Indonesia 0,5 trichlorfon Ireland 0,5 trichlorfon Italy 0,5 trichlorfon Korea, Republic of 0,5 trichlorfon Latvia 0,5 trichlorfon Lithuania 0,5 trichlorfon Malaysia 0,5 trichlorfon Malta 0,5 trichlorfon Netherlands 0,05 trichlorfon Norway 0,5 trichlorfon Poland 0,5 trichlorfon Portugal 0,5 trichlorfon Singapore 0,1 trichlorfon Slovakia 0,5 trichlorfon South Africa 0,2 trichlorfon Spain 0,5 trichlorfon Sweden 0,5