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D O S S I Ê T É C N I C O Mosca-das-frutas: entraves no cultivo de frutíferas Luciane Gomes Batista Pereira Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais / CETEC dezembro 2007

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D O S S I Ê T É C N I C O

Mosca-das-frutas: entraves no cultivo de

frutíferas

Luciane Gomes Batista Pereira

Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais /

CETEC

dezembro 2007

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DOSSIÊ TÉCNICO

Sumário 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................2

2. POSIÇÃO SISTEMÁTICA......................................................................................................3

3. NOME COMUM ......................................................................................................................3

4. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA.............................................................................................4

5. PLANTAS HOSPEDEIRAS....................................................................................................4

6. ASPECTOS BIOLÓGICOS ....................................................................................................5

7. DANOS DAS MOSCAS-DAS-FRUTAS.................................................................................7

8. MÉTODOS DE CONTROLE ..................................................................................................9

8.1. Monitoramento...................................................................................................................9

8.2. Controle Químico.............................................................................................................11

8.3. Controle Cultural .............................................................................................................12

8.4. Controle Biológico...........................................................................................................12

8.5. Utilização da técnica do macho estéril..........................................................................13

8.6. Tratamento Hidrotérmico................................................................................................13

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................................................................14

REFERÊNCIAS........................................................................................................................14

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DOSSIÊ TÉCNICO

Título Moscas-das-frutas: entrave no cultivo de frutíferas Assunto Cultivo de outras plantas de lavoura permanente não especificadas anteriormente Resumo A mosca-sul-americana, Anastrepha sp. e a mosca-do-mediterrâneo, Ceratitis capitata, são abundantes nos pomares do Brasil. Estes insetos-praga ocorrem preferencialmente nas frutas do pessegueiro, goiabeira, ameixeira, guabirobeira, cerejeira, araçazeiros, jabuticabeira, citros, pitangueira, macieira e mamoeiro. Estes dípteros são considerados pragas economicamente importantes, devido aos danos que causam, exigindo constante monitoramento populacional e intervenções oportunas para reduzir as suas populações nos pomares. Os frutos atacados pelas larvas ficam imprestáveis para o consumo, uma vez que amadurecem precocemente e sofrem um processo de podridão generalizada. Além de provocar danos diretos aos frutos, prejudicando sua comercialização, elas também limitam as exportações brasileiras através de implicações quarentenárias, pois os países que importam frutas não querem produtos que possam transportar este inseto-praga. Este dossiê tem como objetivos principais apresentar os aspectos biológicos das principais espécies de moscas-das-frutas: A. fraterculus e C. capitata e os métodos tradicionais e alternativos de controle usados para reduzir a incidência desses insetos-praga em frutíferas. Palavras chave Anastrepha fraterculus; Anastrepha sp.; Ceratitis capitata; controle biológico; controle de praga; feromônio; fruta; inseticida natural; MIP; manejo integrado de pragas; mosca-das-frutas; mosca-do-mediterrâneo; praga Conteúdo 1. INTRODUÇÃO O Brasil destaca-se como o maior produtor mundial de frutas, mas sua participação nas exportações ainda é pequena em decorrência dos problemas fitossanitários ocasionados pelas moscas-das-frutas, que são limitantes à produção frutícola e motivo de restrições quarentenárias impostas pelos países importadores. A importância econômica das moscas-das-frutas pode variar segundo o país, a região, o hospedeiro e a época do ano. Em algumas regiões elas chegam a comprometer 100% da produção de frutos e podem infestar mais de 400 espécies de frutas, sendo considerada uma das principais pragas, que afeta a fruticultura em todo o mundo (CARVALHO, 2006). As moscas-das-frutas de importância econômica no Brasil, pertencem ao gênero Anastrepha e à espécie Ceratitis capitata. Estes insetos-praga ocorrem preferencialmente nas frutas do pessegueiro, goiabeira, ameixeira, guabirobeira, cerejeira, araçazeiros, entre outras, enquanto que as frutas da jabuticabeira, citros, pitangueira, macieira e mamoeiro são considerados hospedeiros alternativos destas moscas.

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Os frutos atacados pelas larvas das moscas-das-frutas ficam imprestáveis para o consumo, uma vez que amadurecem precocemente e sofrem um processo de podridão generalizada. Elas causam danos econômicos significativos, mesmo em pequenas populações, o que requer atenção especial. O problema é ampliado à medida que a infestação deste inseto-praga se localiza em áreas próximas aos pomares comerciais, ocorrendo a migração e infestação de frutos naqueles locais, dificultando o controle da praga e inviabilizando a comercialização de frutas frescas. Este dossiê tem como objetivos principais apresentar os aspectos biológicos das principais espécies de moscas-das-frutas: A. fraterculus e C. capitata e os métodos tradicionais e alternativos de controle usados para reduzir a incidência desses insetos-praga em frutíferas. 2. POSIÇÃO SISTEMÁTICA Reino: Animal Reino: Animal Filo: Arthropoda Filo: Arthropoda Classe: Insecta Classe: Insecta Ordem: Diptera Ordem: Diptera Suborder: Brachycera Suborder: Brachycera Infraorder: Muscomorpha Infraorder: Muscomorpha Família: Tephritidae Família: Tephritidae Sub família: Trypetinae Gênero: Ceratitis Tribo: Toxotrypanini Espécie: Ceratitis capitata Gênero: Anastrepha Espécie: Anastrepha fraterculus, A. obliqua, A. pseudoparallela,, A. grandis, A. sororcula, A. striata, A. turpiniae, A. zenildae, etc.

3. NOME COMUM Os insetos pertencentes à família Tephritidae são conhecidos como moscas-das-frutas porque suas larvas se desenvolvem dentro do fruto, alimentando-se geralmente de sua polpa. As moscas do gênero Anastrepha são denominadas vulgarmente de mosca-sul-americana e a Ceratitis capitata de mosca-do-mediterrâneo (FIG. 1).

FIGURA 1 - Adulto fêmea de: Anastrepha fraterculus (à esquerda) e

Ceratitis capitata (à direita) Fonte: MEGAAGRO.

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4. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA O gênero Anastrepha está presente na América do Sul, exceto no Chile onde ocorre esporadicamente, ao norte do deserto de Atacama na fronteira com o Peru. Ocorre na América Central e Caribe, na América do Norte está restrito ao México, sul do Texas e centro-sul da Flórida. A moscas-das-frutas do gênero Anastrepha ocorre em todo o território brasileiro. O gênero Anastrepha contém 198 espécies descritas, das quais 95 ocorrem no Brasil. As espécies consideradas mais importantes sob o ponto de vista econômico são: A. fraterculus (Wied.), A. obliqua Macquart, A. pseudoparallela (Loew), A. grandis (Macquart) A. sororcula Zucchi, A. striata Schiner, A. turpiniae Stone, A. zenildae Zucchi. Entretanto, dependendo da região outras espécies poderão ser importantes economicamente, em razão da frutífera atacada e de sua abundância relativa. Os níveis de infestação das espécies variam de região para região (ZUCCHI, 2000). C. capitata é uma espécie de origem africana e considerada muito invasora, ocorrendo em todas as regiões biogeográficas da Terra, exceto na Oriental. No Brasil, ela é encontrada com maior frequência nas regiões Sul e Sudeste, onde se cultiva um maior número de frutíferas introduzidas, as quais se constituem em seus principais hospedeiros. Porém, já se verifica a presença deste inseto nas regiões Centro-Oeste (ZAHLER, 1990) e Nordeste (CARVALHO et alii, 1991; MORGANTE, 1991; COSTA et alii, 1993), parasitando diversas espécies vegetais. O gênero Ceratitis, apresenta uma única espécie, C. capitata. Esta espécie ocorre em toda a África, sul da Europa, todas as Américas, Caribe, Austrália e Ilhas do Pacífico. 5. PLANTAS HOSPEDEIRAS As moscas-das-frutas ocorrem preferencialmente nas frutas do pessegueiro (Prunus persica L.), ameixeira (Prunus salicina Lindl.), guabirobeira (Campomanesia xanthocarpa Berg), goiabeira (Psidium guayava L.) (FIG. 2), cerejeira (Eugenia involucrata DC.), araçazeiros (Psidium spp.), entre outras. As frutas da jabuticabeira (Myrciaria trunciflora Berg), citros (Citrus spp.), pitangueira (Eugenia uniflora L.), macieira (Malus domestica L.) e mamoeiro (Carica papaya L.) são consideradas hospedeiros alternativos destas moscas (VELOSO et al., 1998; NASCIMENTO et al., 2000).

FIGURA 2 – Larva da mosca-da-fruta em goiaba

Fonte: GRAVENA, 2007. Atualmente nos pólos de fruticultura do nordeste brasileiro, destacam-se os seguintes hospedeiros das moscas-das-frutas: goiabeira, mangueira, aceroleira, cajueiro, videira, a árvore de sombra conhecida comumente de castanhola ou amendoeira e a planta silvestre maniçoba.

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6. ASPECTOS BIOLÓGICOS O conhecimento da biologia e do comportamento das moscas-das-frutas são importantes para a compreensão do ciclo de vida e das estratégias reprodutivas desses tefritídeos. Estas informações são fundamentais para dar suporte à implementação de técnicas de manejo integrado, principalmente as que incluem o monitoramento, a coleta massal e a supressão populacional de insetos-praga por métodos biológicos e/ou que empregam infoquímicos (FACHOLI-BENDASSOLLI & UCHÔA-FERNANDES, 2006). A mosca ataca preferencialmente frutos maduros, onde deposita seus ovos (MALAVASI et al., 1980). Depois da eclosão, que se dá no interior dos frutos, a larva completa o ciclo, saindo apenas para se transformar em pupa, o que ocorre no solo. Normalmente há mais de uma larva no interior do fruto. Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830) a) Ovo Os ovos são postos no interior dos frutos, em cavidades abertas pela fêmea através de seu robusto ovipositor. Os ovos são fusiformes, levemente curvados e de coloração branca. Medem cerca de 1,0mm de comprimento e são postos em grupos de até 9 ovos, embora prevaleçam posturas com poucos ovos (1 a 3) por cavidade. O período de incubação dos ovos da A. fraterculus varia de 2,5 a 3,5 dias, à temperatura de 25oC. b) Larva

FIGURA 3 - Larva de Anastrepha fraterculus

Fonte: FUNDECITRUS, 2004. As larvas são vermiformes, ápodas, sem cápsula cefálica definida e de coloração branco-amarelada (FIG. 3). No seu completo desenvolvimento atingem de 8,0 a 10mm de comprimento e abandonam os frutos para se transformarem em pupa no solo. O desenvolvimento larval se completa em 11 a 14 dias. As larvas das moscas-das-frutas diferem das lagartas da mariposa oriental (Grapholita molesta), que também ataca os frutos, pois estas apresentam cabeça, pernas torácicas e pseudópodos bem definidos. c) Pupa Após o período larval, que varia de 9 a 13 dias, as larvas abandonam os frutos e deixam-se cair no solo; em seguida, aprofundam-se de 1 a 10cm, de acordo com a consistência do solo, transformando-se em pupa.

FIGURA 4 - Pupa de Anastrepha fraterculus

Fonte: FUNDECITRUS, 2004.

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A pupa tem a forma de um pequeno barril, mede cerca de 5 mm de comprimento e é de coloração marrom escura. O período pupal varia de 10 a 12 dias, no verão, e até 20 dias no inverno (FIG. 4). d) Adulto

FIGURA 5 - Adulto fêmea de Anastrepha fraterculus

Fonte:TODAFRUTA, 2006. Os adultos de A. fraterculus são de coloração predominante amarela e asas maculadas (FIG. 5). Medem cerca de 8,0 mm de comprimento e apresentam, como característica do gênero, duas manchas amarelas sombreadas nas asas; uma em forma de "S", que vai da base à extremidade da asa, e outra em forma de "V" invertido no bordo posterior. A longevidade de adultos é de aproximadamente 160 dias. O período de pré-oviposição, em que a fêmea desenvolve e viabiliza os órgãos do sistema reprodutivo, varia de 7 a 30 dias. A fase de oviposição tem duração de 65 a 80 dias, sendo que neste período a fêmea oviposita de 278 a 437 ovos. Ceratitis capitata (Wiedemann,1824) a) Ovo O ovo é alongado, apresenta 1 mm de comprimento. São colocados verticalmente na câmara. O período de incubação é de 2 a 6 dias. b) Larva A larva completamente desenvolvida mede cerca de 8 mm de comprimento, é de coloração branco-amarelada, afilada na parte anterior, truncada e arredondada na posterior. O período larval varia de 9 a 13 dias c) Pupa Terminado o período larval, caem no solo e em seguida, aprofundam-se de 1 a 10 cm transformando-se em pupa. Esta mede cerca de 5 mm de comprimento e é de coloração marrom escura. O período pupal varia de 10 a 12 dias, no verão, e até 20 dias no inverno.

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d) Adulto

FIGURA 6 - Adulto fêmea de Ceratittis capitata

Fonte:TODAFRUTA, 2006. O adulto é uma mosca que mede de 4 a 5 mm de comprimento por 10 a 12 mm de envergadura, apresentando coloração predominantemente amarela e as manchas nas asas não formam figuras características (FIG. 6). O ciclo evolutivo completo é de 31 dias. 7. DANOS DAS MOSCAS-DAS-FRUTAS As moscas-das-frutas ovipositam nos frutos perfurando a epiderme com o ovipositor, e muitas posturas podem ser feitas em um único fruto. A mosca-das-frutas pode fazer puncturas de "prova", não ovipositando se as condições do fruto não forem adequadas. As perfurações são imperceptíveis no início mas logo as células dos tecidos danificados morrem, e uma zona de aproximadamente 0,5 mm de diâmetro fica escurecida. Em frutos verdes de maçã, o crescimento do tecido circunvizinho à postura, origina depressões que deixam o fruto deformado (FIG. 7). Em frutos que já completaram seu desenvolvimento estes sintomas de deformação não aparecem.

FIGURA 7 – Frutos de maçã deformados devido a oviposições da mosca-das-frutas

Fonte:TODAFRUTA, 2006.

As larvas se alimentam da polpa dos frutos, inicialmente em galerias, depois numa área única, que se decompõe e apodrece, depreciando ou inutilizando o produto, tanto para comercialização como para consumo (FIG. 8 e 9). Quando as condições da polpa são propícias para o desenvolvimento das larvas, o dano se dá logo abaixo do local de postura. Quando isto não ocorre, as larvas tendem a percorrer a polpa, abrindo galerias em busca de locais mais adequados para alimentação (TODAFRUTA, 2007).

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(a) (b)

FIGURA 8 – a) Dano interno de mosca-das-frutas em pêssego b) Dano interno de mosca-das-frutas em maçã.

Fonte:TODAFRUTA, 2006. Em certos frutos, como, ameixa, goiaba, laranja e pêssego não se percebe externamente a possível presença de larvas da mosca. Apalpando o fruto nota-se a perda de sua consistência. Quando as larvas saem dos frutos, percebe-se o orifício de sua saída nas cascas e ao pressionar-se o fruto, o extravasamento de suco por esse orifício indica que houve infestação .

FIGURA 9 – Dano interno de mosca-das-frutas em kiwi

Fonte:TODAFRUTA, 2006. As lesões causadas pelas moscas-das-frutas não devem ser confundidas com aquelas decorrentes da ação do bicho-furão, Ecdytolopha aurantiana (Lepidoptera: Tortricidae). Saber diferenciá-las ajudará a combater os dois insetos (FIG. 10).

(a) (b) (c)

FIGURA 10 – a) Fruto atacado pela mosca-da-fruta. b) Lesão provocada pela mosca-da-fruta c) Fruto atacado pelo bicho-furão

Fonte:TODAFRUTA, 2006.

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A principal diferença é que no local da fruta atacada pela mosca-da-fruta fica mole e apodrecido enquanto o atacado pelo bicho-furão torna-se endurecido. O bicho-furão após penetrar no fruto, lança excrementos e restos de alimentos para fora da casca. Esse excremento endurece e fica bem visível, grudado à abertura da casca. Além disso, o bicho furão consegue se desenvolver em frutos verdes e maduros, ao contrário das moscas-das-frutas que se desenvolvem em frutos maduros (FUNDECITRUS, 2007). 8. MÉTODOS DE CONTROLE 8.1. Monitoramento O monitoramento deve ser efetuado com armadilhas caça-moscas utilizando atraentes alimentares. Segundo Nakano et al. (1981), o monitoramento com atraente alimentar é considerado importante por relacionar-se diretamente com o instinto primário desses insetos, cujas fêmeas necessitam de compostos protéicos para atingirem sua maturidade sexual. Os atrativos alimentares mais utilizados são melaço de cana-de-açúcar, suco de frutas, açúcar mascavo ou feromônios (Trimedlure) (LIMA, 1992; NASCIMENTO & CARVALHO, 1998). O monitoramento da população de moscas-das-frutas é feito utilizando-se armadilhas McPhail e Jackson (FIG. 11, 12 e 13). A armadilha McPhail é utilizada para a coleta de adultos de Anastrepha spp.. A armadilha Jackson, confeccionada em papelão parafinado e de cor branca, para a coleta de adultos de C. capitata. Modelos alternativos de armadilhas McPhail podem ser confeccionados com embalagens plásticas descartáveis do tipo frasco de soro, garrafas de água mineral, garrafas tipo pet e outros recipientes.

FIGURA 11 - Armadilha McPhail e armadilha Jackson

Fonte: MEGRAAGRO, As coletas, e contagem das moscas são semanais para McPhail e quinzenais para Jackson. É utilizado o índice Mosca Armadilha Dia - MAD, para medir a flutuação populacional das moscas, dando subsídios para início de controle (MAD=0,5), registro de pomares (MAD<1,0) e, até servir para interdição da produção do pomar para exportação visando o mercado americano (MAD>1,0).

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FIGURA 12 - Armadilha tipo McPhail empregada no monitoramento da mosca-das-frutas.

Fonte: BOTTON et al., 2003. Na armadilha McPhail utiliza-se o atrativo alimentar hidrolisado de proteína enzimático na concentração de 5%. Outros atrativos também são utilizados nessas armadilhas, como vinagre de vinho e sucos de uva, de pêssego, goiaba, manga e outros.

FIGURA 13 - Armadilha Jackson - Detalhe de moscas presas nas armadilhas

que são espalhadas nos pomares. Fonte: Disponível em: <http://www.sct.embrapa.br/diacampo/2006/img/Controle_mosca_da_fruta.gif>.

Acesso em:26 nov. 2007.

Para atrair C. capitata, utiliza-se feromônio sexual (Trimedlure) na armadilha tipo Jackson, que é específico para machos desta espécie. Em intervalos de três a quatro semanas, o atrativo é substituído, assim como o cartão adesivo colocado na parte interna inferior da armadilha (BARBOSA, 2007). Os modelos de frascos caça-moscas McPhail e Jackson, capturam um número muito maior de moscas do que as garrafas de álcool, água mineral ou soro, comumente adaptados para captura desses insetos. No entanto, verifica-se que o frasco caça-moscas modelo garrafa plástica é mais prático para o monitoramento das moscas-das-frutas, por ser de fácil aquisição, adequação, reposição, uso específico em pomares e oferecer perspectivas promissoras para o uso extensivo no meio rural (LORENZATO, 1984).

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FIGURA 14 - Adulto fêmea (à esquerda) e macho (à direita) de Anastrepha

Fonte: Disponível em: <http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/sprod/PessegodeMesaRegiaoSerraGaucha/imagens/fig4pr

ag.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2007. As avaliações das armadilhas devem ser realizadas duas vezes por semana, peneirando os insetos, e contando o número de moscas capturadas, machos e fêmeas (FIG. 14). Recomenda-se trocar o suco semanalmente e apenas completando o volume na avaliação intermediária. O número de armadilhas deve variar em função do tamanho e localização do pomar. Pomares pequenos requerem mais armadilhas (por exemplo, em um pomar de 1ha o produtor deve instalar 4 armadilhas) assim como pomares próximo a áreas nativas (BARBOSA, 2007). O controle deve iniciar quando observar mais de 0,5 mosca/frasco/dia e o fruto estiver na fase de maturação. 8.2. Controle Químico Para o menor impacto dos inseticidas sobre os inimigos naturais, recomenda-se que o controle químico seja realizado com a aplicação de iscas tóxicas, isto é, atrativo alimentar. A isca tóxica consiste em uma mistura composta por substância atrativa (proteína hidrolisada ou melaço de cana-de-açúcar ou suco de frutas, na diluição de 5%), mais inseticida e água. A aspersão da isca-tóxica é feita com uma brocha de parede ou pulverizador com bico em leque. Deve-se aspergir a isca num volume de 150 a 200ml da calda em cada metro quadrado de copa da árvore. A aplicação deve ser feita em ruas alternadas e na periferia do pomar. Recomenda-se a utilização de produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. Alguns inseticidas recomendados para utilização em iscas tóxicas são: chlorpyriphos, deltamethrin, diazinon, dimetoato, ethion, fenthion, parathion methyl e triclorfonque Além da isca tóxica é necessário efetuar tratamentos complementares com inseticidas que apresentam ação de profundidade. Aplicar somente os produtos registrados para a cultura (intervalo entre a última aplicação e colheita) e observar o residual (intervalo entre aplicação dos inseticidas) e a carência para evitar resíduos na fruta colhida.

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8.3. Controle Cultural Devem ser realizadas a coleta e a destruição dos frutos atacados presentes nas plantas ou caídos no chão, para impedir a emergência de adultos das moscas-das-frutas. Estes frutos deverão ser derrubados com ganchos e triturados ou enterrados, interrompendo assim o ciclo de vida do inseto e a formação de novas gerações. Se a opção for enterrar os frutos, estes deverão ser enterrados de 50 a 70 cm de profundidade, ou serem destinados à alimentação animal. É também muito importante o controle das moscas-das-frutas em plantas hospedeiras, cultivadas ou nativas, próximas aos plantios comerciais, assim como a eliminação de hospedeiros alternativos que possam favorecer o desenvolvimento populacional da praga. Não deixar nas árvores frutos temporões que não serão aproveitados economicamente, pois nestes frutos o bicho-furão poderá se reproduzir até a chegada dos frutos da florada principal, iniciando-se assim uma safra já com altas populações da praga. 8.4. Controle Biológico O controle natural das moscas-das-frutas, por meio de parasitóides e predadores, não é suficiente para regular a população, pois a ação desses inimigos naturais é bastante prejudicada pelo uso intensivo e por aplicações não-criteriosas de inseticidas. A população de parasitóides é extremamente baixa e a única espécie nativa encontrada até o momento é Doryctobracon areolatus (Hymenoptera: Braconidae). Diachasmimorpha longicaudata (Ashmead) (Hymenoptera: Braconidae) Recentemente, a EMBRAPA Mandioca e Fruticultura introduziu D. longicaudata (FIG. 15) no Brasil, tendo sido iniciadas as multiplicações do parasitóide nos laboratórios da EMBRAPA, em Cruz das Almas, BA (CARVALHO et al. 2000) e no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), Piracicaba, SP (WALDER et al. 1995). Liberações massais do parasitóide têm sido realizadas em áreas-pilotos, em algumas regiões do País, para controlar populações de Anastrepha spp. (NASCIMENTO et al. 1998). Na região do Recôncavo Baiano, onde foram feitas liberações inoculativas, D. longicaudata parece já estar estabelecida, o que vem confirmar a relativa facilidade de adaptação do parasitóide nas diferentes regiões onde é liberado (CARVALHO et al. 2000).

FIGURA 15 - Diachasmimorpha longicaudata (Ashmead) (Hymenoptera: Braconidae)

Fonte: MEGAAGRO A ação do D. longicaudata ocorre com a localização da larva no interior do fruto. A larva ao se alimentar produz vibrações que são percebidas pelo parasitóide através de suas antenas. A fêmea introduz o ovipositor no fruto e realiza a postura no interior do corpo da larva.

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Ao entrar em fase de pupa no solo, o conteúdo corpóreo é consumido pela larva do parasitóide, que finalizada sua fase larval, transforma-se em pupa dentro do pupário da mosca. Assim, ao invés de emergir um adulto de mosca-das-frutas, emerge um parasitóide. 8.5. Utilização da técnica do macho estéril A técnica consiste em liberar, na área de produção, machos de C. capitata (FIG. 16) esterilizados com radiação gama. Os machos esterilizados irão competir com os machos férteis, da mesma espécie, presentes no pomar. As fêmeas que acasalam o fazem uma única vez por toda vida, por isso quando a cópula é feita com um macho estéril estas colocarão ovos inférteis.

FIGURA 16 - Adulto de Ceratittis capitata

Fonte: AMBIENTE EM FOCO, 2007.

Como a liberação de machos estéreis é semanal e em população até 100 vezes maior que a selvagem, a população da praga diminui a cada geração. Isto deverá manter a população da praga em níveis abaixo do exigido, permitindo assim a livre comercialização de frutos in natura. A primeira biofábrica de insetos estéreis do país é a Biofábrica Moscamed Brasil, localizada em Juazeiro-BA. Ela tem capacidade inicial para produzir 200 milhões de moscas-das-frutas por semana. 8.6. Tratamento Hidrotérmico O tratamento hidrotérmico é um tratamento pós-colheita, que consiste em imergir os frutos em água a 46ºC por 75 ou 90 minutos, para frutos com pesos até 425 g e de 426 a 650 g, respectivamente, com o objetivo de matar ovos e/ou larvas de moscas-das-frutas presentes. Este tipo de tratamento é uma das exigências impostas pelos Estados Unidos e pelo Japão com o objetivo de minimizar os riscos de introdução de espécies exóticas de moscas-das-frutas. Este tratamento consiste em uma das barreiras quarentenárias para a entrada da manga brasileira nesses países.

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Conclusões e recomendações CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Em razão das exigências do mercado consumidor, recomenda-se aos produtores adotarem medidas que visem reduzir as pulverizações com inseticidas químicos convencionais no controle das moscas-das-frutas, Anastrepha sp. e C. capitata. As medidas mais utilizadas são: • Monitorar os pomares com armadilhas caça-moscas; • Usar variedades e porta-enxertos resistentes; • Realizar a coleta e a destruição dos frutos atacados, presentes nas plantas ou caídos no

chão, para impedir a emergência de adultos das moscas-das-frutas; • Enterrar os frutos que estão caídos no chão na profundidade de 50 a 70 cm, ou destiná-

los à alimentação animal; • Não deixar nas árvores frutos temporões que não são aproveitados economicamente. • Ensacar os frutos para evitar o ataque das moscas-das-frutas (ex.: goiaba para mesa); • Preservar os inimigos naturais das moscas-das-frutas; • Utilizar produtos químicos seletivos. Referências referências AMBIENTE EM FOCO. Brasil produz mosca para combater praga da fruta. 2007. Disponível em: http://www.ambienteemfoco.com.br/index.php?s=capitata&submit=>. Acesso em: 02 dez. 2007. BARBOSA, F. R. Moscas-das-Frutas. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia22/AG01/arvore/AG01_99_24112005115224.html>. Acesso em: 02 dez. 2007 BOTTON, M. et al. Sistema de produção de pêssego de mesa na Região da Serra Gaúcha: principais pragas. Disponível em: <http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/sprod/PessegodeMesaRegiaoSerraGaucha/pragas.htm>. Acesso em: 02 dez. 2007 CARVALHO, R. P. L. Biocontrole de moscas-das-frutas: histórico, conceitos e estratégias. Bahia Agríc., v. 7, n. 3, nov. 2006. CARVALHO, R. S.; HAJI, F. N. P.; MIRANDA, I. G. Levantamento de moscas-das-frutas na região do submédio São Francisco. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 13., 1991, Recife. Resumos... Recife: Sociedade Entomológica do Brasil, 1991. 672p. CARVALHO, R. S.; NASCIMENTO, A. S.; MATRANGOLO, W. J. R. Controle biológico, p. 113-117. In: Malavasi, A. & R.A. Zucchi, (eds.), Moscas-das-frutas de importância econômica no Brasil: conhecimento básico e aplicado. Ribeirão Preto, Holos, 2000, 327p. COSTA, G. M. M.; MACEDO, F. P.; MAIA LIMA, F. A.; MEDEIROS, M. A. A.; SOUZA, J. M. G. A., MAIA, S. C. A.; MALVASI, A. Ocorrência da moscas-das-frutas Ceratitis capitata (Diptera, Tephritidae) em Natal-RN. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 14, 1993, Piracicaba. Anais ..., Piracicaba: SEB, p. 177. (Resumo). 1993. FACHOLI-BENDASSOLL, M. C. N; UCHÔA-FERNANDES, M. A. Comportamento sexual de Anastrepha sororcula Zucchi (Díptera, Tephritidae) em laboratório. Rev. Bras. Entomol, v. 50 n. 3, p. 406-412, jul.-set. 2006.

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Nome do técnico responsável Luciane Gomes Batista-Pereira - Doutora em Entomologia Nome da Instituição do SBRT responsável Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais – CETEC/MG Data de finalização 04 dez. 2007