monografia wellington

77
26 Universidade de Pernambuco Escola Politécnica Programa de Pós-Graduação em Engenharia Wellington Carmo da Silva SOBRECARGA TÉRMICA DO TRABALHO COM ESTUFAS EM FRIGORIFICO INDÚSTRIAL

Upload: alfredo-luiz-costa

Post on 17-Sep-2015

21 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

monografia modelo

TRANSCRIPT

26

PAGE l

Universidade de Pernambuco

Escola Politcnica

Programa de Ps-Graduao em Engenharia

Wellington Carmo da SilvaSOBRECARGA TRMICA DO TRABALHO COM ESTUFAS EM FRIGORIFICO INDSTRIAL Recife - Pernambuco

2008

Wellington Carmo da Silva

SOBRECARGA TRMICA DO TRABALHO COM ESTUFAS EM FRIGORIFICO INDSTRIAL

Projeto de monografia apresentado ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia da Universidade de Pernambuco, como parte dos requisitos necessrios obteno do Ttulo de Especialista em Segurana do Trabalho.

Orientador: Prof. M.Sc. Eliane Maria Gorga Lago..

Recife - Pernambuco

2008

Wellington Carmo da SilvaSOBRECARGA TRMICA DO TRABALHO COM ESTUFAS EM FRIGORIFICO INDSTRIAL

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obteno do Ttulo de Especialista em Engenharia de Segurana do Trabalho, no Programa de Ps-Graduao em Engenharia da Universidade de Pernambuco.

Recife, 29 de Outubro de 2008 Prof.. Dr. Bda Barkokbas Jnior.

Coordenador do Curso

Banca Examinadora

____________________________________

Prof Eliane Maria Gorga Lago, M;Sc.

Orientadora____________________________________

Prof Bda Barkokbas Jnior, Dr

Examinador interno____________________________________

Prof Fbio Romero Virgolino de Barros, Especialista

Examinador externoA Deus e a minha famlia, por todo sacrifcio que fizeram por mim

e pela pacincia nesse perodo.

AGRADECIMENTOS

A Professora Eliane Lago, pela orientao segura, precisa e responsvel, alm da sua amizade.

Aos amigos que ajudaram diretamente na realizao das pesquisas e aos que vibraram positivamente com minha busca a esse ttulo.

Os obstculos so necessrios para conhecermos a nossa foraAntoine de Saint-Exupry

RESUMO

Neste trabalho, foi apresentada a avaliao do agente fsico calor nas atividades com estufas em frigorfico industrial na cidade de Recife PE, na etapa de seu processo produtivo de embutimento de massas, a empresa onde foi realizado o trabalho possui atualmente 1.100 (mil e cem) funcionrios, sendo12 (doze) deles no setor de cozimento. Foram realizadas avaliaes qualitativas e quantitativas do ambiente onde so executadas as atividades com exposio ao calor e analisados os resultados, submetidos aos parmetros do ANEXO 3 da NR-15 e NHO6 da FUNDACENTRO, 2005. O objetivo dessa pesquisa foi de prevenir acidentes e doenas ocupacionais reduzindo a exposio dos trabalhadores ao agente fsico, implantando uma etapa de trabalho no processo de cozimento que exija uma menor Taxa Metablica do trabalhador e o ambiente possua um ndice de Bulbo mido Termmetro de Globo (IBUTG) comparado com a temperatura dos locais onde so desenvolvidas as operaes de cozimento, menor, para que aps uma nova anlise quantitativa o IBUTG mdio fique abaixo do Limite de Tolerncia conseqentemente tornar o ambiente salubre. Os resultados alcanados mostraram economia financeira na empresa pesquisada com a eliminao da insalubridade na tarefa estudada, e diminuio da exposio ao agente fsico - calor, proporcionando qualidade de vida para os envolvidos nas atividades com estufas.

Palavras-chave: Calor; Estufas; Doenas ocupacionais; Atividades.

ABSTRACT

This I work was presented the appraisal of the agent physical hot on the activities with greenhouses in fridge industry on city of Reef PE , being your I sue productive embutimento of masses , has actually 1100 ( eleven hundred ) employees , account with 12 ( twelve ) of this into the sector of cozimento. Was realized appraisals qualitativas & quantitative of the environment where are realized the activities with air exposure hot & analyzed the outcomes , submitted to the parameters of the ENCLOSED 3 from NR -15 & NHO6 from FUNDACENTRO , 2005. The purpose of that research is of averting accidents & diseases ocupacionais reducing the exposition from the workers the agent physical , introduce a stage of I work into the I sue of cozimento what exija a smaller Rate Metablica of the worker & the surroundings has a Index of Bulb Humidity Thermometer of Globe compared with the temperature from the sites where so developed the operations of cozimento , minor , wherefore after only one new analyzed quantitative the IBUTG average stay put below of the Limit of Tolerance consequentemente make the surroundings healthy. The outcomes ranging they show economy financial about to company researcher with the elimination from insalubridade, & decrease from air exposure hot , by delivering quality of life about to the involved on the activities with greenhouses. key words: Hot ; Greenhouses ; Diseases ocupacionais ; Activities.LISTA DE FIGURAS

Pg.

Figura 4.1 Apanhando o carrinho com produto para cozimento.............................................. 37Figura 4.2 Colocando do carrinho na estufa............................................................................ 37Figura 4.3 Retirando carrinho da estufa................................................................................... 38Figura 4.4 Carrinho com produto levando choque trmico..................................................... 38Figura 4.5 Carrinho com produto levando choque trmico..................................................... 39Figura 4.5 Corredor das estufas............................................................................................... 39LISTA DE TABELASPg.

Tabela 2.1 Quadro n 1 anexo 3 da NR-15............................................................................. 21Tabela 2.2 Quadro n 2 anexo 3 da NR-15............................................................................. 21Tabela 2.3 Quadro n 3 anexo 3 da NR-15..............................................................................23Tabela 2.4 Avaliao da sobrecarga trmica comparativo NHO6, NR15 e ACGIH.............26

Tabela 4.4 Medies do calor nas atividades em estufas .......................................................40Tabela 4.5 taxa de metabolismo por atividade........................................................................41Tabela 4.6 quadro 2 limite de exposio ocupacional ao calor..............................................42Tabela 4.7 Medies do calor nas atividades em estufas com nova etapa .............................45SUMRIO

Pg.

Lista de figuras.................................................................................................................................i

Lista de tabelas................................................................................................................................ii

1 INTRODUO............................................................................................................12

1.1 Justificativa................................................................................................................131.2 Delimitao do tema..................................................................................................131.3 Objetivos gerais.........................................................................................................141.4 Objetivos especficos.................................................................................................142 REVISO BIBLIOGRFICA..................................................................................152.1 Segurana do trabalho...............................................................................................152.1.1 Higiene ocupacional............................................................................................16

2.1.2 Agentes ambientais..............................................................................................162.2 Conceitos sobre calor.................................................................................................172.3 Legislaes aplicveis...............................................................................................202.4 Insalubridade.............................................................................................................27

2.5 Efeito do calor no trabalhador...................................................................................292.6 Doenas relacionadas ao calor...................................................................................313 METODOLOGIA DA PESQUISA...........................................................................354 ANLISE DOS RESULTADOS..............................................................................364.1 Situao atual.............................................................................................................364.2 Anlise dos resultados coletados...............................................................................365 CONSIDERAES FINAIS....................................................................................47

6 CONCLUSES E RECOMENDAES.................................................................48

7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS......................................................................49

1 INTRODUO

Em diversas atividades encontramos seus inerentes riscos, estes ligados ao seu elemento crtico. O chamado calor apresenta-se responsvel por doenas ocupacionais, o preocupante que a ocorrncia dos acidentes e doenas envolvendo calor acontecem desde um desconforto trmico a queimaduras de 3 grau. A exposio ao calor exige monitoramento constante evitando-se assim tornarem-se fatigantes os trabalhos nestes locais. Por possuir capacidade bastante desenvolvida de transpirao o homem um ser tropical por excelncia. (VENTCENTER, 2008)

Ainda de acordo com a Ventcenter, em algumas atividades podemos observar indivduos que esto parte do tempo, expostos a temperaturas mais altas do que temperatura ambiente principalmente em seu ambiente ocupacional, onde uma srie de fatores climticos e no climticos conduzem a um ganho ou uma menor dissipao de calor pelo organismo. A esse tipo de estmulo o organismo responde fisiologicamente, refletindo a severidade da exposio ao calor, para cujo equacionamento completo e adequado necessrio medir quantitativamente a ao do calor, bem como a resposta do organismo, correlacionando-as. Essa uma tarefa difcil em funo de vrios parmetros intervenientes, tais como temperatura do ar, umidade relativa, calor radiante, velocidade do ar, tipo de trabalho exercido, aclimatao, roupa utilizada e outros. Dessa forma, torna-se necessria a fixao de critrios que permitem estabelecer os limites de exposio ao calor em diferentes tipos de trabalho e a reduo da exposio para respostas excessivas do organismo.

O homem um animal denominado de homeotrmico, como a maioria dos mamferos, o que significa que pode manter a temperatura interna do corpo relativamente constante, apesar das variaes de temperaturas que ocorrem com o meio ambiente ao redor. Ainda endotrmico, como tambm so os mamferos e as aves, pois produzem e controlam suas prprias fontes de calor. A temperatura interna do ncleo do corpo humano permanece constante, em torno de 37 C a 38 C, em ambientes que podem variar de -50 C a 100 C, desde que adequadamente vestido, e de 10 C a 60 C, quando nu. Apesar das variaes de temperatura que podem ocorrer ao redor do homem no ambiente, no interior do corpo humano no podem acontecer variaes maiores que 4 C, para mais ou para menos, alm da temperatura interna, sob pena de acontecerem complicaes que podem levar a morte. (SILVA, 2007)

Ainda segundo Silva (2007) outro aspecto particular que acontece, diante de exposies a temperaturas elevadas, que muitas das leses produzidas, so reversveis e podem aparecer e desaparecer em curtos espaos de tempo, diferenciando-se das demais doenas do trabalho ou profissionais, cujas aparies acontecem com o transcorrer de tempos longos de exposio e sua extino lenta ou impossvel.

O presente trabalho preza pela preveno a acidentes e doenas ocupacionais nos trabalhos com exposio ao calor, no caso estudado, as estufas para cozimento dos produtos alimentcios do frigorfico industrial.

1.1 JustificativaAs exposies excessivas aos riscos ambientais podem desencadear acidentes e doenas que podero tornar o trabalhador incapacitado para o desenvolvimento de suas atividades. As antecipaes ao desenvolvimento desses riscos se forem tomadas as aes corretivas necessrias, minimizam ou neutralizam a probabilidade de passivos trabalhistas.

A pesquisa realizada apresenta relevncia para rea de segurana do trabalho, pois visa preocupao da exposio dos trabalhadores ao calor nas atividades com estufas no frigorfico industrial estudado, procura trazer atravs de um procedimento a diminuio da exposio ao agente calor e melhorias no ambiente de trabalho que contribuam para o no desenvolvimento de acidentes e doenas ocupacionais.

1.2 Delimitaes do tema

O estudo delimitou a minimizao ou eliminao da sobrecarga trmica nos trabalhadores, de uma empresa de mdio porte (frigorfico industrial) do ramo alimentcio de embutidos na cidade do Recife PE. Possuindo mil e cem funcionrios, com filiais em alguns estados do Nordeste, onde desenvolve o seu processo produtivo nos trs turnos, a empresa apresentando as seguintes etapas na sua linha de produo: preparao de sua matria prima, embutimento da massa preparada, e, em um dos processos, cozimento dos produtos j embutidos. Durante todas as atividades h a utilizao de algumas mquinas e equipamentos.

Dentro do processo produtivo percebem-se os seguintes riscos ambientais especficos: rudo, frio e calor.

O foco da pesquisa foi a avaliao e minimizao/reduo do calor que proveniente das estufas para cozimento da matria prima j embutida. No local encontramos expostos a esse ambiente doze trabalhadores, desenvolvendo atividades no nico ambiente considerado insalubre em toda produo.

1.3 Objetivo geral

O presente trabalho teve por objetivo geral realizar levantamento do agente fsico calor na funo da atividade executada durante o processo de cozimento (estufas) em uma empresa de alimentos embutidos na cidade do Recife PE, com o intuito de minimizar/reduzir o calor existente no ambiente de trabalho para realizao da atividade.1.4 Objetivos especficos

Foi realiza inicialmente uma reviso bibliogrfica na literatura nacional e internacional, com nfase as legislao pertinente ao assunto estudado; estudo dos conceitos sobre calor, doenas causadas pela exposio ao calor; foi determinado o mtodo de avaliao de calor a ser empregado na pesquisa a luz a legislao estudada; comparao dos resultados encontrados com os limites de tolerncia para determinar o grau de insalubridade; e motivar melhorias para atividades em ambientes com sobrecarga trmica.

2 REVISO BIBLIOGRFICA2.1 Segurana do trabalho

Segurana do trabalho pode ser entendida como o conjunto de medidas que so adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenas ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador.

A Segurana do Trabalho definida por normas e leis. No Brasil, a Legislao de Segurana do Trabalho compe-se de Normas Regulamentadoras, Normas Regulamentadoras Rurais, outras leis complementares, como portarias e decretos, e tambm as Convenes Internacionais, da Organizao Internacional do Trabalho (OIT), ratificadas pelo Brasil. (AZEVEDO CONSULTORIA, 2008)

2.1.1 Higiene ocupacional

Segundo Serran (1993) o desenvolvimento tecnolgico da humanidade, alm de trazer enormes benefcios e conforto para o homem do sculo XX, tem exposto o trabalhador a diversos agentes potencialmente nocivos e que, sob certas condies, podero provocar doenas ou desajustes no organismo das pessoas que desenvolvem suas atividades normais em variados locais de trabalho.

De acordo, ainda, com Serran (1993), a Higiene do Trabalho, estruturada como uma cincia prevencionista, vem sendo aperfeioada dia-a-dia e tem como objetivo fundamental atuar no ambiente de trabalho, a fim de detectar o tipo de agente prejudicial, quantificar sua intensidade ou concentrao e tomar medidas de controle necessrias para resguardar a sade e o conforto dos trabalhadores durante toda sua vida de trabalho. Higiene Ocupacional a cincia e a arte que se dedica ao reconhecimento, avaliao e controle dos riscos ambientais (qumico, fsico e biolgico) que podem ocasionar alterao na sade, conforto ou eficincia do trabalhador.

Serran (1993) afirma que Higiene Ocupacional a cincia e a arte dedicada antecipao, reconhecimento, avaliao e controle de riscos ambientais que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em considerao a proteo do meio ambiente e dos recursos naturais.

Prossegue Serran (1993) em dizer que a atuao da Higiene Ocupacional reconhecer os fatores ambientais que podem influir sobre a sade dos trabalhadores, o que implica num conhecimento profundo dos produtos, mtodos de trabalho, processos de produo e instalaes industriais (avaliao qualitativa).

Devemos avaliar quantitativamente os riscos a curto e a longo prazo atravs de medies das concentraes dos contaminantes ou das intensidades dos agentes fsicos e comparar estes valores com os respectivos limites de tolerncia. Para isto necessrio aplicar tcnicas de amostragem e anlises das amostras em laboratrios competentes ou efetuar medies com aparelhos de leitura direta. Ao controlar os riscos, de acordo com os dados obtidos nas fases anteriores, as medidas de controle sero efetuadas de acordo com a aplicao do mtodo mais vivel, geralmente, baseado em procedimentos de engenharia, respeitando as limitaes do processo e recursos econmicos.

2.1.2 Agentes ambientais

De acordo com Serran (1993), a maioria dos processos pelos quais o homem modifica os materiais extrados da natureza, para transform-los em produtos teis, segundo as necessidades tecnolgicas atuais, capaz de dispersar no ambiente dos locais de trabalho substncias que, ao entrarem em contato com o organismo dos trabalhadores, podem acarretar molstias ou danos sua sade.

Para efeito da NR-9, Portaria n. 3.214, de 08 de junho de 1978, consideram-se os Riscos Ambientais os seguintes agentes: fsicos (rudo, vibrao, radiaes ionizantes e no-ionizantes, temperaturas extremas, presses anormais e umidade); qumicos (poeiras, fumos, nvoas, neblinas, gases, vapores, e substncias qumicas diversas); biolgicos (bactrias, protozorios, fungos, bacilos e parasitas) existentes no ambiente de trabalho, que em funo de sua natureza, concentrao ou intensidade e tempo de exposio, so capazes de causar danos sade dos trabalhadores.

Ainda de acordo com a NR-9, Portaria n. 3.214, de 08 de junho de 1978, consideram-se agentes fsicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: rudo, vibraes, presses anormais, temperaturas extremas, radiaes ionizantes, radiaes no ionizantes, bem como o infra-som e o ultra-som.

Consideram-se agentes qumicos as substncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratria, nas formas de poeiras, fumos, nvoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposio, possam ter contato ou serem absorvidos pelo organismo atravs da pele ou por ingesto. (BRASIL, 2008) Consideram-se agentes biolgicos as bactrias, fungos, bacilos, parasitas, protozorios, vrus, entre outros. (BRASIL, 2008) 2.2 Conceitos sobre calor

O calor um risco fsico freqentemente presente em uma srie de atividades profissionais desenvolvidas na indstria siderrgica, indstria de vidros, indstria txtil, e em outros ramos industriais que apresentam processo com liberao de grandes quantidades de energia trmica. Est igualmente presente em atividades executadas ao ar livre, tais como construo civil e trabalho no campo. (ASTETE;GIAMPIOLI;ZIDAN, 1995)

sabido que o homem que trabalha em ambientes de altas temperaturas sofre fadiga, seu rendimento diminui, comete erros de percepo e raciocnio e aparecem srias perturbaes psicolgicas que podem conduzir a esgotamentos e prostaes. H, portanto, a necessidade de conhecer como se processa a interao trmica entre o organismo humano e o meio ambiente; conhecer seus efeitos e determinar como quantificar e controlar esta interao. (ASTETE;GIAMPAOLI;ZIDAN,1995) De acordo com Miranda (2008), quando dois corpos, em temperaturas diferentes, so postos em contato um com o outro, observa-se que a temperatura do corpo mais quente diminui, enquanto que a temperatura do corpo mais frio aumenta. Essas variaes de temperatura cessam quando as temperaturas de ambos se igualam (equilbrio trmico). Portanto, durante esse processo, o nvel energtico (grau de agitao molecular) do corpo mais quente diminui, enquanto que o do corpo mais frio aumenta. Como a energia trmica de um corpo depende, alm da sua massa e da substncia que a constitui, da sua temperatura, entende-se que as variaes de temperatura esto associadas s variaes de energia trmica. Concluindo, a diferena de temperatura entre dois corpos provoca uma transferncia espontnea de energia trmica do corpo de maior temperatura para o corpo de menor temperatura. Essa quantidade de energia trmica que se transferiu chamada de calor.

Ainda segundo Miranda (2008), calor a energia trmica em trnsito de um corpo para o outro ou de uma parte de um corpo para outra parte desse corpo, esse trnsito provocado por diferena de temperatura.

O equilbrio trmico do corpo humano mantido por um sistema orgnico chamado de termorregulador, que atravs de aes fisiolgicas interfere nas trocas trmicas com o ambiente. Conforto e equilbrio trmico do corpo humano esto relacionados, na medida em que a sensao de bem-estar trmico depende do grau de atuao do sistema termorregulador para a manuteno do equilbrio trmico. Isso significa que, quanto maior for o trabalho desse sistema para manter a temperatura interna do corpo, maior ser a sensao de desconforto. Portanto, o conforto trmico depende de fatores que interferem no trabalho do sistema termorregulador, tais como: taxa de metabolismo, isolamento trmico da vestimenta, temperatura radiante mdia, umidade relativa, temperatura e velocidade relativa do ar. O efeito combinado de todos esses fatores que determina a sensao de conforto ou desconforto trmico, embora, por motivo de classificao, os dois primeiros fatores sejam chamados de variveis pessoais e os quatro ltimos de variveis ambientais. Assim, o conforto trmico num determinado ambiente pode ser definido como a sensao de bem estar experimentada por uma pessoa, como resultado de uma combinao satisfatria, nesse ambiente, da temperatura radiante mdia, umidade relativa, temperatura e velocidade relativa do ar com a atividade desenvolvida e a vestimenta utilizada. O conforto trmico uma sensao e, portanto, subjetiva, isto , depende das pessoas. Assim, um ambiente confortvel termicamente para uma pessoa pode ser desconfortvel para outra. Logo, quando tratamos das condies ambientais para o conforto trmico de um grupo de pessoas, entendemos as condies que propiciam bem-estar ao maior nmero possvel de pessoas, mas no necessariamente para todas. (RUAS, 2001).

O ser humano mantm uma temperatura interna aproximadamente constante (em torno de 37C) seja qual for a temperatura externa (do ambiente). Essa caracterstica est ligada existncia de um mecanismo fisiolgico de regulao da temperatura interna do corpo, o qual responsvel pela conservao e dissipao do calor. A temperatura da pele, para que se mantenha o equilbrio trmico entre o corpo e o ambiente, deve ser sempre menor do que a temperatura central do corpo em mais ou menos 1C. O equilbrio trmico entre o corpo e o ambiente baseia-se na igualdade: Quantidade de calor recebida = Quantidade de calor cedida. (NETTO, 2008) As trocas de calor necessrias para que se mantenha essa igualdade dependem, fundamentalmente, das diferenas de temperaturas entre a pele e o ambiente, e da presso de vapor d'gua no ar em torno do organismo, a qual, por sua vez, influenciada pela velocidade do ar. importante ressaltar que a troca de calor sempre ocorre no sentido do corpo com maior temperatura para o de menor temperatura.

So quatro as formas pelas quais se procedem a essas trocas:

Conduo - pelo contato direto do corpo com objeto mais quente;

Conveno - atravs do ar ou de outro fluido em movimento;

Radiao - atravs de ondas eletromagnticas (normalmente o infravermelho).

Esses trs processos podem ocorrer devido existncia de fontes externas com temperaturas mais elevadas do que a da pele. Esse calor transferido chamado de calor sensvel. Existe ainda um quarto processo que est ligado ao calor latente, utilizado para mudana de estado (de gua, em estado lquido para vapor d'gua):

Evaporao - Esse processo de troca ocorre sem que seja modificada a temperatura.

Assim, o calor recebido pelo corpo, nos casos de exposio a temperaturas elevadas, utilizado pelo organismo para evaporar parte da gua interna atravs da sudorese, no permitindo o aumento da temperatura interna.

Como metabolismo entende-se o conjunto de fenmenos qumicos e fsico-qumicos, mediante os quais so feitas a assimilao e desassimilao das substncias necessrias vida.

Calor Metablico - o calor produzido por esse conjunto de reaes. Quando o homem estiver em jejum e em repouso esse calor denomina-se Calor Metablico Basal. (NETTO, 2008). 2.3 Legislaes aplicveis

2.3.1 Norma Regulamentadora -15

De acordo com a Norma Regulamentadora 15, anexo 3, aprovada pela portaria n 3214 de 8 de junho de 1978,a exposio ao calor deve ser avaliada atravs do "ndice de Bulbo mido Termmetro de Globo" IBUTG, definido pelas equaes que se seguem:Ambientes internos ou externos sem carga solar:

IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg (equao 1)

Ambientes externos com carga solar:

IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg (equao 2)

onde: tbn = temperatura de bulbo mido natural,tg = temperatura de globo,tbs = temperatura de bulbo seco.

Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliao so: termmetro de bulbo mido natural, termmetro de globo e termmetro de mercrio comum: As medies devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, altura da regio do corpo mais atingida. Limites de Tolerncia para exposio ao calor, em regime de trabalho intermitente com perodos de descanso no prprio local de prestao de servio. Em funo do ndice obtido, o regime de trabalho intermitente ser definido no Quadro n 1 da NR-15.

Tabela 1 - QUADRO N 1 do ANEXO 3 da NR-15

Regime de Trabalho Intermitente com Descanso no Prprio Local de Trabalho (por hora)TIPO DE ATIVIDADE

LEVEMODERADAPESADA

Trabalho contnuoat 30,0at 26,7at 25,0

45 minutos de trabalho

15 minutos de descanso30,1 a 30,626,8 a 28,025,1 a 25,9

30 minutos de trabalho

30 minutos de descanso30,7 a 31,428,1 a 29,426,0 a 27,9

15 minutos de trabalho

45 minutos de descanso31,5 a 32,229,5 a 31,128,0 a 30,0

No permitido o trabalho sem a adoo de medidas adequadas de controleacima de 32,2acima de 31,1acima de 30,0

FONTE: Ministrio do Trabalho

Os perodos de descanso sero considerados tempo de servio para todos os efeitos legais. A determinao do tipo de atividade (Leve, Moderada ou Pesada) feita consultando-se o Quadro n 3.

Limites de Tolerncia para exposio ao calor, em regime de trabalho intermitente com perodo de descanso em outro local (local de descanso). Para os fins deste item considera-se como local de descanso o ambiente termicamente mais ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo atividade leve. Os limites de tolerncia so dados segundo o Quadro n 2.

Tabela 2 - QUADRO N 2do ANEXO 3 da NR-15

M (Kcal/h)MXIMO IBUTG

17530,5

20030,0

25028,5

30027,5

35026,5

40026,0

45025,5

50025,0

Fonte: Ministerio do Trabalho

Onde: M a taxa de metabolismo mdia ponderada para uma hora, determinada pela seguinte frmula:

M = Mt x Tt + Md x Td(equao 3)

60

Sendo:

Mt - taxa de metabolismo no local de trabalho.

Tt - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho.

Md - taxa de metabolismo no local de descanso.

Td - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de descanso.

______

IBUTG o valor IBUTG mdio ponderado para uma hora, determinado pela seguinte frmula:

______

IBUTG = IBUTGt x Tt + IBUTGd xTd (equao 4)

60

Sendo:

IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho.

IBUTGd = valor do IBUTG no local de descanso.

Tt e Td = como anteriormente definidos.

Os tempos Tt e Td devem ser tomados no perodo mais desfavorvel do ciclo de trabalho, sendo Tt + Td = 60 minutos corridos.

As taxas de metabolismo Mt e Md sero obtidas consultando-se o Quadro n 3.

Os perodos de descanso sero considerados tempo de servio para todos os efeitos legais.

Tabela 3 - TAXAS DE METABOLISMO POR TIPO DE ATIVIDADE

(Quadro n 3)TIPO DE ATIVIDADEKcal/h

SENTADO EM REPOUSO100

TRABALHO LEVE

Sentado, movimentos moderados com braos e tronco (ex.: datilografia).

Sentado, movimentos moderados com braos e pernas (ex.: dirigir).

De p, trabalho leve, em mquina ou bancada, principalmente com os braos.125

150

150

TRABALHO MODERADO

Sentado, movimentos vigorosos com braos e pernas.

De p, trabalho leve em mquina ou bancada, com alguma movimentao.

De p, trabalho moderado em mquina ou bancada, com alguma

movimentao.

Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar.180

175

220

300

TRABALHO PESADO

Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoo

com p).

Trabalho fatigante440

550

Fonte: Ministrio do Trabalho

2.3.2 NHO-6

De acordo com a Coordenao de Higiene do Trabalho da FUNDACENTRO (2002), foi publicada, em 1985, uma srie de Normas Tcnicas denominadas Normas de Higiene do Trabalho - NHT, hoje intituladas Norma de Higiene Ocupacional - NHO. Esta norma se aplica exposio ocupacional ao calor em ambientes internos ou externos, com ou sem carga solar direta, em quaisquer situaes de trabalho, no estando, no entanto, voltada para a caracterizao de conforto trmico. Esta Norma Tcnica tem por objetivo o estabelecimento de critrios e procedimentos para a avaliao da exposio ocupacional ao calor que implique sobrecarga trmica ao trabalhador, como conseqente risco potencial de dano sua sade.

O critrio de avaliao da exposio ocupacional ao calor adotado pela presente Norma tem por base o Indice de Bulbo mido Termmetro de Globo-IBUTG, calculados atravs das equaes abaixo: anexo 3 com a NR-15

Para ambientes internos ou externos sem carga solar direta

IBUTG = 0,7tbn + 0,3tg (equao 5)

Para ambiente externos com carga solar direta

IBUTG = 0,7tbn + 0,2tg + 0,1tbs (equao 6)

Onde

Tbn = temperatura de bulbo mido natural em C

Tg = temperatura de globo em C

Tbs = temperatura de bulbo seco (temperatura do ar) em C

As taxas metablicas relativas s diversas atividades fisicas exercidas pelo trabalhador devem ser estimadas utilizando-se os dados constantes do Quadro 1.

Quando houver dificuldade para o enquadramento da atividade exercida no Quadro 1, podero ser utilizadas outras tabelas disponveis na literatura nacional e internacional. Nos anexos A, B e C so apresentadas tabelas de taxas metablicas extradas da norma ISO 8996/90 e dos Limites de Exposio da ACGIH/1999, que podero ser utilizadas como suporte adicional para o estabelecimento das taxas metablicas.

Quando o trabalhador est exposto a duas ou mais situaes trmicas diferentes, deve ser determinado o IBUTG mdia ponderada IBUTG, a partir da equao abaixo, utilizando-se os valores de IBUTG representativos das distintas situaes trmicas que compem o ciclo de exposio do trabalhador avaliado.

IBUTG =IBUTG1 x T1 + IBUTG2 x T2 ++ IBUTGi x Ti +....+ IBUTGn x Tn

60

Onde :

IBUTG = IBUTG mdio ponderado no tempo em C

IBUTGi = IBUTG da situao trmica i em C

Ti = tempo total de exposio na situao trmica i em minutos no perodo de 60 minutos corridos mais desfavorvel.

I = isima situao trmica

T1 + t2 +....+ ti +.....+ tn = 60 minutos.

Os nossos Limites de Tolerncia foram adaptados da ACGIH (American Conference of Governamental Industrial Hygienists), em 1978. Esperamos que sejam revistos, pois a ACGIH atualiza seus valores anualmente enquanto que nossos valores tm quase 30 anos sem atualizao. Este assunto, inclusive, foi tema principal do Congresso Brasileiro de Higiene Ocupacional promovido pela ABHO (Associao Brasileira de Higienistas Ocupacionais) em agosto passado, lembra Possebon. (CUNHA, 2006) O Quadro 4 apresenta uma representao comparativa da avaliao da sobrecarga trmica usada pela Norma de Higiene Ocupacional (NHO6), Norma Regulamentadora (NR-15) e American Conference of Governamental Industrial Hygienists (ACGIH).

Tabela 4 - Avaliao da sobrecarga trmica usando comparativo NHO6, NR-15 (ANEXO3) e ACGIH.

NHO6NR-15 (ANEXO3)ACGIH

Citada pela Previdncia SocialCitada Ministrio do trabalho e Justia do TrabalhoCitada Programas de PrevenoSobrecarga Trmica x Fisiolgica

Possibilita obter o IBUTG com equipamentos convencional e eletrnico. Possibilita obter o IBUTG com equipamentos convencional e eletrnico.Como o IBUTG um ndice que leva em conta apenas as condies ambientais, so consideradas as contribuies das exigncias do trabalho e vestimentas utilizadas.

Modificaes na tabela de Taxas Metablicas.Apresenta seu Quadro N 2 Taxa Metablica x IBUTG resumido comparado ao da NHO6.Utiliza fluxograma como tomada de deciso, associando com a documentao dos Limites de Exposio Ocupacional TLVs.

Incluso de anexos para estimativa da Taxa Metablica.Incoerncia entre os Quadro 1 e 2 de sua norma. Seus valores so revisados anualmente, visando alteraes ou adies.

Para Taxas Metablicas maiores, os valores de IBUTG decrescem para manter o ncleo do corpo a 38 C.

Fonte: o autor2.4 Insalubridade

De acordo com a NR 15 Atividades e Operaes Insalubres, aprovada pela portaria n 3214, de 08 de junho de 1978.So consideradas atividades ou operaes insalubres as que se desenvolvem: acima dos limites de tolerncia previstos nos Anexos n 1, 2, 3, 5, 11 e 12; nas atividades mencionadas nos Anexos n 6, 13 e 14; comprovadas atravs de laudo de inspeo do local de trabalho, constantes dos Anexos n 7, 8, 9 e 10. Entende-se por "Limite de Tolerncia", para os fins desta Norma, a concentrao ou intensidade mxima ou mnima, relacionada com a natureza e o tempo de exposio ao agente, que no causar dano sade do trabalhador, durante a sua vida laboral. O exerccio de trabalho em condies de insalubridade, de acordo com os subitens do item anterior, assegura ao trabalhador a percepo de adicional, incidente sobre o salrio mnimo da regio, equivalente a:

40 (quarenta) por cento, para insalubridade de grau mximo;

20 (vinte) por cento, para insalubridade de grau mdio;

10 (dez) por cento, para insalubridade de grau mnimo.

No caso de incidncia de mais de um fator de insalubridade, ser apenas considerado o de grau mais elevado, para efeito de acrscimo salarial, sendo vedada a percepo cumulativa.

A eliminao ou neutralizao da insalubridade determinar a cessao do pagamento do adicional respectivo. A eliminao ou neutralizao da insalubridade dever ocorrer:

a) com a adoo de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerncia;

b) com a utilizao de equipamento de proteo individual.

(pausa na reviso)

Cabe autoridade regional competente (Superintendncia Regional do Trabalho), em matria de segurana e sade do trabalhador, comprovada a insalubridade por laudo tcnico de engenheiro de segurana do trabalho ou mdico do trabalho, devidamente habilitado, fixar adicional devido aos empregados expostos insalubridade quando impraticvel sua eliminao ou neutralizao. A eliminao ou neutralizao da insalubridade ficar caracterizada atravs de avaliao pericial por rgo competente, que comprove a inexistncia de risco sade do trabalhador. (BRASIL, 2008)

facultado s empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministrio do Trabalho, atravs das Delegacias Regionais do Trabalho, a realizao de percia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou determinar atividade insalubre. Nas percias requeridas s SRTs, desde que comprovada a insalubridade, o perito do Ministrio do Trabalho (MTb) indicar o adicional devido. O perito descrever no laudo a tcnica e a aparelhagem utilizadas. O disposto no item 15.5. no prejudica a ao fiscalizadora do MTb nem a realizao da percia, quando solicitado pela Justia, nas localidades onde no houver perito. (BRASIL, 2008)

Somente os trabalhadores que prestam servios em atividades ou operaes consideradas insalubres, de acordo com a sua natureza, condies ou mtodos de trabalho, tm direito ao adicional de insalubridade (Consolidao das Leis do Trabalho, artigo 192). Essas atividades e operaes, bem como os agentes insalubres, esto elencados nos anexos da Norma Regulamentadora n 15, da Portaria 3.214/78 do Ministrio do Trabalho e Emprego, tratando o anexo 3 dessa NR das atividades com exposio ao calor excessivo, como exposio temperatura superior a 30C em atividade contnua pesada (a lei prev que, em atividade pesada, o trabalhador s pode se expor a temperatura de 25 C em trabalho contnuo). A insalubridade verificada dependendo do tipo de atividade (leve, moderada e pesada) e do nvel de calor. Dependendo do tipo de atividade (moderada) e do nvel de calor (26,8C a 28,0C), o trabalhador tem direito a um descanso de, por exemplo, 15 minutos, a cada 45 minutos de trabalhados, no prprio local de trabalho; (TOKUMI apud CLT)

Base de clculo o artigo 192 da CLT prev que o adicional de insalubridade calculado sobre o salrio mnimo. Se o trabalhador recebe salrio profissional, como mdico, engenheiro, advogado e alguns outros profissionais, o adicional de insalubridade calculado sobre esse salrio profissional (Smula 17 do Tribunal Superior do Trabalho). Todavia, h discusso sobre se o adicional de insalubridade deve ser calculado sobre o salrio mnimo ou sobre a remunerao do empregado, pois a Constituio Federal, em seu artigo 7, inciso IV, proibiu a vinculao ao salrio mnimo (Smula 228).

Natureza jurdica o adicional de insalubridade tem natureza salarial e se recebido habitualmente includo na remunerao do empregado para fins de pagamento de frias + 1/3, 13 salrio, aviso prvio, horas extras, FGTS e multa de 40%.

Supresso o adicional de insalubridade s devido enquanto o trabalhador presta servios em condies insalubres. Se o empregador elimina os agentes insalubres ou transferido para local no insalubre, perde o direito ao adicional de insalubridade. Caso o empregador fornea EPI (Equipamento de Proteo Individual) capaz de eliminar ou neutralizar a insalubridade e o empregado faz uso dele, no h direito ao recebimento do adicional de insalubridade. O empregador tem que fiscalizar o uso de EPI para no ser obrigado a pagar o adicional, caso fique provado numa reclamao trabalhista que o trabalhador no se utilizava regularmente do equipamento. E se o empregado no usa o EPI fornecido pela empresa, o empregador pode aplicar penalidade disciplinar e inclusive demitir por justa causa.

Reclamao trabalhista o trabalhador pode reivindicar individualmente o adicional de insalubridade na Justia do Trabalho, bem como o sindicato da categoria profissional tem legitimao para postular em nome de todos os trabalhadores de uma empresa os adicionais de insalubridade e periculosidade. Essa segunda opo melhor porque nenhum trabalhador se expe ameaa de uma represlia por parte do empregador por estar ajuizando uma ao trabalhista, quando ainda em curso a relao de emprego.

Proteo ao trabalhador a obrigao principal do empregador adotar medidas que eliminem a insalubridade, e, se isso no ocorrer, o trabalhador pode exigir o cumprimento dessa obrigao por vrios meios.

2.4 Efeito do calor no trabalhador

De acordo com o relatrio elaborado pelos membros da OMS (Organizao Mundial de Sade) e publicado na revista Industrial Medicine and Surgery, os tecidos profundos do corpo devem ser mantidos em uma temperatura razoavelmente constante e a quantidade de calor recebida pelo corpo deve ser equilibrada pela quantidade de calor perdida. A fonte primaria de calor gerada pelo prprio corpo. Este calor aumenta muito com a atividade fsica. O problema da carga de um trabalhador executando um esforo fsico intenso mais grave do que na execuo de um trabalho leve. (CUNHA, 2006) A perda ou ganho do calor do corpo por conveco se d quando a temperatura do ar respectivamente menor ou maior que a temperatura da pele e quando aumenta a movimentao do ar, aumenta tambm a troca de calor por conveco. Este tipo de troca suplementada por uma troca radiante entre o corpo e objetos circundantes, especialmente quando o trabalho efetuado sob o sol ou perto de um forno. (CUNHA, 2006) O mecanismo mais importante de perda de calor pelo corpo a sudorese, que a evaporao da umidade da pele, acompanhada pela queda de temperatura, dentro do mesmo principio fsico da operao de um refrigerador. O ritmo de evaporao de suor depende da umidade, temperatura e movimentao do ar e do tipo de roupa usada.

Outra resposta ao calor o aumento do ritmo cardaco, que, por sua vez, aumenta o ritmo de transferncia de calor dos tecidos profundos para periferia, elevando a temperatura da pele e promovendo perda de calor. Estas mudanas fisiolgicas no so efetuadas sem um custo para o organismo como um todo. Elas produzem, na verdade, distrbios no equilbrio mineral hbrido e nas funes cardiovascular e endcrina.

Ao tentar definir as condies trmicas que do lugar sobrecarga fisiolgica, necessrio medir os nveis de vrias funes corporais associadas termoregulao. Tais indicadores so: o ritmo cardaco e o ritmo de produo de calor. (CUNHA, 2006) Segundo alguns programas da NIOSH, podemos encontrar, entre muitas outras, vrias recomendaes e exames mdicos necessrios para o trabalho sob o calor radiante. Contudo, algumas restries precisam ser destacadas, como trabalhadores com obesidades, enfermidades crnicas, usurios de drogas (mesmo controladas), condies fsicas inadequadas e incapacidade de aclimatao. (CUNHA, 2006) Jos Possebon, da FUNDACENTRO, esclarece que o tempo permitido para trabalho sob exposio ao calor limitado pela diferena entre a quantidade de calor que o trabalhador recebe e pela quantidade que consegue eliminar por vrios mecanismo como vasodilatao, aumento da sudao e reduo do teor salino. Quando o calor recebido maior que o eliminado ocorre a sobrecarga trmica, explica. (CUNHA, 2006) 2.5 Doenas relacionadas ao calor

De acordo com MSD-RAZIL (2008), o corpo pode ser capaz de manter a sua temperatura dentro de uma faixa estreita, tanto em um clima quente quanto em um clima frio, por meio da sudorese, de alteraes da respirao, de tremores e da variao do fluxo sangneo que chega pele e aos rgos internos. Contudo, a exposio excessiva a temperaturas elevadas pode acarretar distrbios como a exausto pelo calor, a intermao e as cimbras causadas pelo calor.

O risco de apresentar um desses distrbios causados pelo calor aumenta com a umidade elevada, que diminui o efeito refrescante da sudorese, e com o esforo fsico prolongado, que aumenta a quantidade de calor produzido pelos msculos. As pessoas idosas, as muito obesas e os alcoolistas crnicos so especialmente suscetveis aos distrbios causados pelo calor, assim como as pessoas que fazem uso de determinados medicamentos (p.ex., anti-histamnicos ou antipsicticos) ou que consomem certas drogas (p.ex., lcool e cocana).

A melhor forma de evitar doenas relacionadas ao calor a utilizao do bom senso. Por exemplo, os esforos fsicos excessivos em um ambiente muito quente ou em um espao mal ventilado devem ser evitados e vestimentas adequadas devem ser utilizadas. Pode ser realizada a reposio de lquido e sais perdidos pelo suor pela ingesto de bebidas e alimentos levemente salgados (p.ex., suco de tomate salgado ou caldo de carne frio). Muitas bebidas comerciais (p.ex., Gatorade) contm uma quantidade adicional de sais. Quando o esforo em um ambiente quente no pode ser evitado, importante que a pessoa ingira muito lquido e refresque a pele, molhando-a com gua fria.

Exausto pelo calor

A exausto (prostrao) pelo calor uma condio resultante da exposio ao calor durante muitas horas, em que a perda excessiva de lquidos em decorrncia da sudorese intensa acarreta fadiga, hipotenso arterial e, algumas vezes, o colapso.

A exposio a temperaturas elevadas pode fazer com que a pessoa perca uma quantidade excessiva de lquido pelo suor, particularmente durante um esforo fsico intenso ou exerccio. Junto com a perda lquida, ocorre a perda de sais (eletrlitos), que altera a circulao e a funo cerebral. Como resultado, pode ocorrer a exausto pelo calor. Esta parece ser grave, mas, raramente, .

Sintomas e Diagnstico

Os principais sintomas so a fadiga crescente, a fraqueza, a ansiedade e a sudorese abundante. A pessoa pode ter sensaes de desmaio ao ficar em p, pois o sangue acumula-se nos vasos sangneos dos membros inferiores, que encontram- se dilatados pelo calor. Os batimentos cardacos tornam-se lentos e fracos; a pele fica fria, plida e viscosa e a pessoa apresenta confuso mental. A perda lquida reduz o volume sangneo, baixa a presso arterial e pode fazer com que a pessoa entre em colapso ou desmaie. Geralmente, a exausto pelo calor pode ser diagnosticada baseando-se nos sintomas.

Tratamento:

O principal tratamento consiste na reposio lquida (reidratao) e de sal. Geralmente, basta a pessoa deitar completamente ou ficar recostada com a cabea mais baixa que o restante do corpo e consumir bebidas frias e levemente salgadas em intervalos de alguns minutos.

Algumas vezes, a reposio lquida administrada pela via intravenosa. Tambm ajuda o fato da pessoa passar para um ambiente fresco. Aps a reidratao, a pessoa freqentemente recupera-se de forma rpida e completa. Quando a presso arterial e a freqncia de pulso permanecem baixas por mais de uma hora apesar do tratamento, deve-se suspeitar de uma outra condio.

IntermaoA intermao uma condio potencialmente letal resultante de uma exposio longa ao calor, em que a pessoa no pode suar o suficiente para fazer baixar a sua temperatura corprea. Freqentemente, esta condio ocorre rapidamente e exige tratamento intensivo imediato. Quando uma pessoa desidrata e no consegue suar o suficiente para resfriar o corpo, a temperatura corprea pode subir para nveis perigosamente elevados, causando a intermao. Determinadas doenas (p.ex., esclerodermia e fibrose cstica) diminuem a capacidade de sudao, aumentando o risco de intermao.

Sintomas

A intermao pode ocorrer rapidamente e nem sempre precedida por sinais de alarme como, por exemplo, cefalia, vertigem (sensao de que tudo est rodando) ou fadiga. A sudorese pode diminuir, mas nem sempre. A pele fica quente, hiperemiada e, comumente, seca. A freqncia cardaca aumenta e pode rapidamente atingir de 160 a 180 batimentos por minuto, em contraste com a freqncia cardaca normal de 60 a 100 batimentos por minuto. A freqncia respiratria geralmente diminui, mas a presso arterial raramente se altera. A temperatura corprea, a qual deve ser medida no reto, sobe rapidamente para 40 a 41 C, causando uma sensao de estar queimando. A pessoa pode apresentar desorientao e confuso mental, podendo rapidamente perder a conscincia ou apresentar convulses. Quando no tratada imediatamente, a intermao pode causar leso permanente ou morte. Uma temperatura de 41 C muito grave e uma temperatura somente um grau mais elevada pode ser mortal. A leso permanente de rgos internos (p.ex., crebro) pode ocorrer rapidamente e, freqentemente, causa a morte. As pessoas muito idosas e aquelas com uma doena debilitante, inclusive os alcolicos, tendem a apresentar um pior prognstico. Geralmente, o diagnstico de intermao baseado nos sintomas.Tratamento:

A intermao uma emergncia e as medidas de salvamento da vida devem ser institudas imediatamente. A pessoa que no puder ser rapidamente levada a um hospital deve ser envolta com roupas ou lenis molhados, imersa em um lago, em um rio ou em uma banheira com gua fria ou resfriada com gelo, enquanto espera o transporte. No hospital, a temperatura corprea controlada constantemente para se evitar um resfriamento excessivo. Pode ser necessria a administrao intravenosa de medicamentos para controlar as convulses. Aps uma intermao grave, o repouso ao leito durante alguns dias aconselhvel. A temperatura corprea pode oscilar anormalmente durante semanas.

Cimbras causadas pelo calor. As cimbras causadas pelo calor so espasmos musculares graves resultantes de uma sudorese intensa durante um esforo fsico intenso em condies de calor extremo. As cimbras causadas pelo calor so decorrentes da perda excessiva de lquidos e sais (eletrlitos), incluindo o sdio, o potssio e o magnsio, resultante da sudorese intensa, como ocorre durante um esforo extenuante. As cimbras causadas pelo calor so comuns entre os trabalhadores manuais (p.ex., pessoal de salas de mquinas, trabalhadores de siderrgicas e mineiros). Muitas camadas de roupas, como as usadas por alpinistas ou esquiadores, podem ocultar uma sudorese intensa. As cimbras causadas pelo calor freqentemente comeam subitamente nas mos, nas panturrilhas ou nos ps. Geralmente, elas so dolorosas e incapacitantes. Os msculos tornam-se duros, tensos e difceis de serem relaxados.

As cimbras causadas pelo calor podem ser prevenidas ou tratadas atravs do consumo de bebidas ou alimentos contendo sal. Raramente, a pessoa afetada tem de receber lquidos e sais por via intravenosa. Os comprimidos de sal podem ajudar a evitar as cimbras causadas pelo calor, mas, freqentemente, causam problemas de estmago. O consumo de sal em excesso pode causar edema (reteno lquida). (MSD, 2008)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Foram tomadas como pilares da pesquisa, referncias bibliogrficas nacionais e internacionais pertinentes ao assunto pesquisado. Realizaram-se visitas in loco onde, atravs de perguntas aos profissionais das atividades em estufas no frigorfico industrial, e aos profissionais da rea de segurana do trabalho, foram relatado o procedimento atual da jornada de trabalho, bem como as aes existentes de neutralizao e eliminao dos riscos, os procedimentos relatados foram tambm checados e constatados durante a visita.

Foi realizada ento uma avaliao qualitativa / quantitativa do agente fsico calor no posto de trabalho que o estudo desta pesquisa.

Utilizamos para as medies deste agente fsico o termmetro de globo QUEST-10 em cada etapa da situao de trabalho, no perodo de uma hora, isto cada etapa com o seu respectivo tempo gasto. As medies foram realizadas por meio da anlise de cada funcionrio no seu ciclo de exposio ao agente calor, as temperaturas medidas foram temperatura de bulbo mido natural (tbn), temperatura de globo (tg) e temperatura de bulbo seco (tbs) a qual no foi utilizada na determinao do IBUTG mdio por no haver carga solar direta. Foram feitas 3 (trs) leituras estando a avaliao das temperaturas dentro do intervalo de mais ou menos 0,2 C e para cada situao trmica registrado o tempo. O termmetro ficou em local plano a altura do trax do funcionrio exposto. Os valores encontrados foram submetidos aos parmetros determinados pela NR-15 e NHO6. Dos dados coletados foi possvel analisar e interpretar o ambiente de trabalho da atividade pesquisada.

4 ANALISE DOS RESULTADOS

4.1 Situao atual

O estudo de caso realizou-se em uma empresa de mdio porte (frigorfico industrial), onde sua atividade a de alimentos embutidos. Localiza-se em Recife-PE, com filiais no Nordeste e possui um quadro funcional de mil e cem colaboradores administrativos mais setores de produo. Os setores so:Almoxarifado de frios onde o trabalhador que realiza sua funo neste ambiente tem a funo de receber, armazenar e/ou distribuir a matria prima; Setor de preparao de massas; Transformar Carne Mecanicamente Separada em massa

Setor de embutimento; coloca a massa preparada grossa ou fina dentro da pele sinttica

Setor de cozimento; cozinha produtos embutidos e com choque trmico dar consistncia

Setor de depelagem; remove a pele sinttica que envolve a massa preparada

Setor de embalagem; embala todos os produtos produzidos no frigorfico industrial

Setor de limpeza de carnes; retira gordura e lava as carnes para preparao do espetinho

Setor de estoque e expedio; e manuteno (industrial e predial) distribui os produtos em caminhes ou estocam, a manuteno cuida de reparar as instalaes da fabrica e mquinas.

Todos os setores, com exceo da manuteno, possuem climatizao e cmaras frigorficas.

Foi escolhido o setor de cozimento (estufas) para nosso estudo por ser o local considerado insalubre do ponto de vista mais critico, estando expostos ao risco fsico (calor) doze trabalhadores em trs turnos, so 07:00 s 17:00, 19:00 s 04:00 e 22:00 s 07:00. O trabalho executado pelos profissionais em estufas do frigorfico estudado realizado em mais de um ponto, comea apanhando mercadoria no setor de embutimento em carrinhos suportes, esses carrinhos so transportados para as estufas onde os trabalhadores entram nelas para colocar o carrinho com o produto j embutido para cozimento, saem das estufas, ocorre o cozimento com temperatura em torno de 94 C. Aps uma hora retiram os carrinhos e, antes de entrarem nas estufas, feita uma despressurizao onde esta temperatura diminui para 50 C dentro das estufas. O operador entra novamente na estufa para retirar o carrinho e transporta o carrinho com produto para o banho (choque trmico), passando um pequeno intervalo de tempo neste local que considerado o final do processo.

4.2 Anlise dos resultados coletados

Como o trabalho realizado em mais de um ponto, o que ocorre no frigorfico industrial estudado, so calculados o IBUTG mdio e Taxa Metablica Mdia (M) a partir das medies e dos IBUTG e M em cada ponto, Foram obtidas as medies do calor e apresentados os resultados na Tabela 5 na pgina 40 . AS medies foram realizadas nos pontos de cada etapa das atividades em estufa do frigorfico industrial estudado. Descrio das atividades executadas no processo do trabalho em estufas nas figuras abaixo.

Fonte:Wellington CarmoFigura 4.1 apanhando o carrinho na produo com produto para cozimento

Fonte: Wellington CarmoFigura 4.2 Colocando o carrinho na estufa

Fonte: Wellington CarmoFigura 4.3 Retirando carrinho da estufa

Fonte: Wellington CarmoFigura 4.4 Carrinho com produto levando choque trmico

Fonte: Wellington CarmoFigura 4.5 Carrinho com produto levando choque trmico

Fonte: Wellington CarmoFigura 4.6 Corredor das estufas

Tabela 5 Medies do calor nas atividades em estufas do Frigorfico Industrial pesquisado.

LOCALPONTO

SITUAO DE TRABALHO MEDIDASTEMPO DE EXPOSIO

(MIN)IBUTG

CMDIAMETABOLISMO

M(Kcal/h)

Tbn TbsTg

ESTUFA1-Apanha mercadoria na produo e leva para estufa27,925.327,824

27,9

29.18300MDIA

296

2- Entra na estufa para colocar carro32,244,749,7637,5300

3- entra na estufa para retirar carro38,552,254,0642,5300

4-Transporta mercadoria p/ banho23,328,330,42025,4300

5- Sala de banho22,425,325,5423,3175

TOTAL60 min

FONTE: PPRA 2008 Frigorfico Industrial

Dos dados obtidos foi calculado o IBUTG mdio:

IBUTG mdio= (27,9x24) + (37,5x6) + (42,5x6) + (25.4x20) + (23,3x4) = 29,18 C

------------------------------------------------------------------

60

Para 300Kcal/h o IBUTG mximo permitido de 27,5 C

A escolha da taxa Metablica pode ser feita atravs de tabelas no caso estudado usamos tabela 2 da NHO6 representada na tabela 6 abaixo.

Tabela 6 - Taxa de metabolismo por atividade

ATIVIDADETaxa Metablica

(Kcal/h)

SENTADO

Em repouso90

Trabalho leve com as mos (Exs.: escrever, datilografar)105

Trabalho moderado com as mos e braos (Exs. Desenhar, trabalho leve de montagem)170

Trabalho moderado de braos e pernas (Exs.: dirigir nibus ou caminhar em trnsito urbano)215

ATIVIDADETaxa Metablica

(Kcal/h)

EM P

Em repouso115

Trabalho leve em mquina ou bancada, principalmente com os braos150

Trabalho leve em mquina ou bancada, com alguma movimentao175

Trabalho moderado de braos e troncos (ex.: limar, passar a ferro, bater pregos)

Trabalho pesado de braos e tronco 225

365

ATIVIDADETaxa Metablica

(Kcal/h)

EM MOVIMENTO

Andando normalmente em plano180

Descer rampa a 5205

Trabalho moderado de braos (ex: varrer, trabalho em almoxarifado)275

Trabalho moderado de levantar ou empurrar300

Trabalho de empurrar carrinhos de mo, em nvel, com carga 335

Trabalho de carregar pesos ou c/ movimentos vigorosos c/ os braos (ex: trabalho com foice)425

Trabalho pesado de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex: remoo c/ p, abertura de valas)450

Subir rampa de 5515

Subir escadas com cargas moderada725

Fonte: (NHO-6, FUNDACENTRO)

O Quadro nmero 2 do ANEXO 3 TAXAS DE METABOLISMO POR TIPO DE ATIVIDADE d os limites de tolerncia, correlacionando o mximo IBUTG mdio permitido para as respectivas taxas metablicas mdias encontradas nos ambientes analisados.

A tabela 7 a seguir representa uma ampliao por interpolao do Quadro N 2 do ANEXO 3 da NR 15.

Tabela 7 Quadro 2 - Limite de exposio ocupacional ao calor

M Kcal/hIBUTG Mx. CM Kcal/hIBUTG Mx. . C

12532,026828,4

12831,927228,3

13231,827728,2

13631,728228,1

13931,628628,0

14331,529027,9

14631,429527,8

15031,329927,7

15431,230327,6

15731,130727,5

16231,031127,4

16530,931627,3

16930,832127,2

17330,732727,1

17630,633327,0

18130,533826,9

18830,335026,7

19230,235626,6

19630,136126,5

20030,036726,4

20429,937326,3

20929,837926,2

21329,738526,1

21829,639126,0

22229,539725,9

22729,440025,8

23129,340625,7

23629,241625,6

24029,142525,5

24429,043425,4

24728,944325,3

25028,845425,2

25428,747025,1

25928,650025,0

26328,5--

FONTE: NHO6 (FUNDACENTRO, 2005)

Nas estufas para as atividades ali desempenhadas, as exposies ao calor apresentavam valores que ultrapassam os limites de tolerncia do anexo n 3 da NR15. Para taxa metablica mdia de aproximadamente 300 Kcal/h (atividades moderadas de empurrar ou puxar os carros com os produtos que entram ou saem das estufas) o mximo IBUTG permitido de 27,5 C (ver Quadro n 3 do anexo 3 da NR 15). Chegou-se ao valor mdio ponderado de 29,18 C o que o torna insalubre.

Para que o trabalhador possa ter sua exposio a este ambiente de trabalho em condies salubres, a proposta seria pr em prtica o seguinte procedimento: durante sua jornada de trabalho desloc-lo em um perodo para execuo de outra atividade relacionada ao processo produtivo do frigorfico industrial em estudo, sendo neste local desenvolvida a nova atividade com caractersticas ambientais amenas, como foi verificado em um setor prximo s estufas, ambiente separado por alvenaria onde se desenvolvem atividades em p e em bancada (embutimento da matria prima preparada). Foram feita medies nesse local onde foi encontrado um IBUTG mdio de 19C e utilizada luva de malha para contato com o produto que envolve a matria prima embutida. Os trabalhadores expostos ao trabalho em estufas poderiam ser deslocados para esta atividade 12 minutos a cada uma hora de sua jornada sendo feito um revezamento sem comprometer o processo produtivo, pois no novo ambiente onde estariam trabalhando exercendo esta funo, onde eles s pegam o carrinho para levar as estufas. (Tendo visto que dos 24 minutos da primeira etapa, 12 minutos os trabalhadores ficavam ociosos expostos a temperaturas prximas do corredor das estufas.)

Foi calculado o IBUTG e sua respectiva taxa metablica para esta nova atividade onde obtivemos os seguintes resultados. (Ver tabela 8)

Tabela 8 Medies do calor nas atividades em estufas com nova etapa do Frigorfico Industrial pesquisado.LOCALPONTO

SITUAO DE TRABALHO MEDIDASTEMPO DE EXPOSIO

(MIN)IBUTG

CMDIAMETABOLISMO

M(Kcal/h)

Tbn TbsTg

ESTUFA1-Apanha mercadoria na produo e leva para estufa19,625.327,812

27,9

29.18300MDIA

266

2- Entra na estufa para colocar carro32,244,749,7637,5300

3- entra na estufa para retirar carro38,552,254,0642,5300

4-Transporta mercadoria p/ banho23,328,330,42025,4300

5- Sala de banho22,425,325,5423,3175

Descanso6-Embutimento20,419,618,51219,0175

TOTAL60 min

Fonte: Wellington Carmo

Analisando os resultados o novo valor do IBUTG mdio ser:

IBUTG mdio= (27,9x12) + (37,5x6) + (42,5x6) + (25.4x20) + (23,3x4) + (19x12) =

--------------------------------------------------------------------------------

60

IBUTG mdio = 27,40C

Como para trabalho leve em mquina ou bancada, com alguma movimentao a Taxa metablica de 175Kcal/h ver tabela 2 NHO6, calculamos a Taxa Metablica mdia:

M mdia = (300x12) + (300x6) + (300x6) + (300x20) + (175x4) + (175x12) = 266kcal/h

----------------------------------------------------------------------------

60

De acordo com a o ANEXO 3 da NR-15, para 266Kcal/h o IBUTG mximo permitido de 28,6C, da teramos o IBUTG mdio dentro do Limite de Tolerncia o que torna o ambiente considerado como salubre.

5 CONSIDERAES FINAIS

Segundo matria publicada na Revista Proteo, embora o artigo 189 da CLT tem estabelecido que a insalubridade ocorrer quando a exposio ao agente for superior ao limite de tolerncia da NR-15, a Norma Regulamentadora 15 definiu trs critrios para a caracterizao dos espaos insalubres atravs da avaliao quantitativa, qualitativa e quantitativa de riscos inerentes atividade. No caso das inspees quantitativas, previstas em sete anexos dos 14 que a Norma Regulamentadora 15 contm, sero feitas atravs da medio da intensidade ou concentrao do agente e comparadas com os limites de tolerncia. Nas avaliaes qualitativas a insalubridade comprovada pela inspeo realizada por perito no local de trabalho como explica o engenheiro de segurana do trabalho Tuffi Messias Saliba. (CARDOSO,2007)

A chave para correta caracterizao da exposio ocupacional, segundo Eduardo Giampaolli, a representatividade dos resultados obtidos na avaliao quantitativa. Para o higienista, ela alcanada quando o estudo desenvolvido realizado de forma a envolver e considerar, adequadamente, as variveis que participam ou interferem na exposio do trabalhador.

6 CONCLUSES E RECOMENDAES

Conclumos com a pesquisa realizada, que se avaliarmos locais onde se encontram expostas pessoas ao calor, e reduzirmos sua exposio ao agente fsico estudado, esperado um enquadramento da temperatura abaixo dos Limites de Tolerncia, resultando assim na neutralizao do risco. Devendo ser levado em considerao reavaliao do local de trabalho e monitoramento at esta reavaliao e tambm ser provocada a melhoria ambiental (ventilao artificial, exaustora) condicionando o ser fisicamente para tal atividade.

Conclumos tambm que a partir do resultado alcanado com a eliminao da insalubridade, a empresa teve um ganho econmico mensal de R$ 996,00 (novecentos e noventa e seis reais), ou seja, ficou isenta do pagamento do adicional insalubridade de grau mdio aos 12 (doze) funcionrios do setor estudado.

Recomendamos disponibilizar gua potvel nas proximidades do local de trabalho, realizaes de treinamentos com funcionrios destas atividades para conhecimento dos riscos, quais os primeiros socorros relacionados exposio ao calor. Como tambm recomendvel que sejam instalados nos corredores das estufas ventilao exaustoras por empresas e tcnicos especializados, eliminando assim fontes de ar quentes, manuteno do sistema de condicionadores de ar, e que durante intervalo o descanso este possa acontecer em salas climatizadas. O ritmo produtivo no ser comprometido, pois recomenda-se adequar aos trabalhos no embutimento durante os 12 minutos, uma continuidade, com revezamento de mais dois funcionrios, entregando os carrinhos com produtos no corredor, sendo dado prosseguimento com os demais funcionrios da atividade para colocao do produto nas estufas e posteriormente retirada e banho (choque trmico).

7 REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ASSOCIAO BRASILEIRA DE HIGIENISTAS OCUPACIONAIS. TLVs e BEIs: Traduo dos limites de exposio (TLVs) para substncias qumicas e agentes fsicos e ndices biolgicos de exposio (BEIs) da ACGIH. So Paulo, 2007. ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 6023: Informao e documentao Referncias Elaborao. Rio de Janeiro, 2002.

______. NBR 10520: informao e documentao - citaes em documento - apresentao. Rio de Janeiro, 2002.______. NBR 15287: Informao e documentao - Projeto de pesquisa - Apresentao. Rio de Janeiro, 2005.

ASTETE, M. W.; GIAMPAOLI, E.; ZIDAN, L. N. Riscos fsicos. So Paulo: Fundacentro,

1995.

ATLAS. Segurana e medicina do trabalho. 60. ed. So Paulo: Atlas, 2007. 692 p.

AZEVEDO CONSULTORIA . Segurana do trabalho. Disponvel em:. Acesso em: 15 set. 2008.

BRASIL, Fundao Jorge Duprat Figueiredo de Segurana e Medicina do Trabalho NHO 06: Norma de higiene ocupacional - avaliao da exposio ocupacional ao calor. So Paulo, 2002. BRASIL. Ministrio do Trabalho e Emprego. NR 9: Programa de Preveno de Riscos Ambientais .Disponvel em:. Acesso em: 13 set. 2008.BRASIL. NR 15: Atividades e Operaes Insalubres. Disponvel em: . Acesso em: 17 jul. 2008.

CARDOSO, Maria. Norma Ultrapassada. Revista Proteo, So Paulo, ano 20, n. 188 p.42-62

CUNHA, Sandra. Altas Temperaturas. Revista CIPA, So Paulo, ano 28, n. 325, p. 22-33, 2006.

MIRANDA, Danielle. Termologia - fsica Brasil escola. Disponvel em: Acesso em 08 de jul. de 2008

MSD. Manual Merck: Distrbios do calor. Disponvel em:< http://www.msd-brazil. com/ms dbrazil/patients/manual_Merck/mm_sec24_280.html>. Acesso em: 27 jun. 2008.

NETTO, Andr Lopes. Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurana. Exposio ao calor. Disponvel em:< http: //www.sobes.org.br/>. Acesso em: 30 jul. 2008.RUAS, A.C. Conforto trmico nos ambientes de trabalho. So Paulo: FUNDACENTRO, 2001.

SILVA, Manoel Ronaldo Francisco da. Curso de temperaturas extremas. Apostilha do curso de Engenharia de Segurana do Trabalho da Escola Politcnica da Universidade de Pernambuco. Recife, 2007.

SERRAN, F. Higiene do Trabalho / Mdulo 1 / Apostila ITSEMAP/ apostila IAC. So Paulo,1993

VENTCENTER. Calor e conforto trmico. Disponvel em:< http://www.ventcenter.com.br/ literatura.html/>. Acesso em: 25 jul. 2008.