monografia romilson matemática 2010

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM BAHIA ROMILSON BARROS DO ROSÁRIO A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E SEU USO DIDÁTICO SENHOR DO BONFIM BA 2010

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Matemática 2010

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Page 1: Monografia Romilson Matemática 2010

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM – BAHIA

ROMILSON BARROS DO ROSÁRIO

A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E SEU USO DIDÁTICO

SENHOR DO BONFIM – BA

2010

Page 2: Monografia Romilson Matemática 2010

ROMILSON BARROS DO ROSÁRIO

A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E SEU USO DIDÁTICO

Monografia apresentada ao departamento de Educação CAMPUS VII, como requisito para obtenção do grau de Licenciatura em Ciências com Habilitação em Matemática. Orientador: prof. Helder Luiz Amorim Barbosa

SENHOR DO BONFIM – BA

2010

Page 3: Monografia Romilson Matemática 2010

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

SENHOR DO BONFIM – BAHIA

ROMILSON BARROS DO ROSÁRIO

A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA E SEU USO DIDÁTICO

Monografia aprovada em 09/09/2010 para obtenção do grau de Licenciatura em

Ciências com Habilitação em matemática.

Banca Examinadora:

_______________________________________ Prof. Esp. Helder Luiz Amorim Barbosa

_______________________________________ Prof.ª. TÂNIA MARIA CARDOSO DE ARAÚJO

_______________________________________ Prof.ª. ELIZETE BARBOSA DE BRITO

Page 4: Monografia Romilson Matemática 2010

DEDICATORIA

Dedico este, ao Senhor Deus, por ter me

sustentado e proporcionado forças para

que com êxito pudesse alcançar mais

uma etapa importante da minha vida.

Page 5: Monografia Romilson Matemática 2010

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me dado forças para continuar até aqui, aminha família pelo amor a

mim demostrado, àqueles professores que me fizeram acreditar que seria possível

chegar a aonde cheguei, a todos os meus amigos pela força.

Page 6: Monografia Romilson Matemática 2010

RESUMO

O presente trabalho visa investigar a importância da história da matemática em seu uso didático e as construções elaboradas no decorrer dos tempos. Assim, o problema de pesquisa que este trabalho apresenta é: como a história da matemática contribui para seu uso didático nas escolas brasileiras? Qual a importância do profissional docente no ensino didático da matemática? A hipótese básica de pesquisa é a de que através do conhecimento da seqüência histórica dos conteúdos o aluno compreenderia melhor o desenvolvimento, do processo da própria matemática. A metodologia está centrada na pesquisa e coleta de informações de ordem teórica viabilizada, portanto, através de levantamento bibliográfico. Palavras-chaves: matemática; didática; história; professores;

Page 7: Monografia Romilson Matemática 2010

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................... 15

INTRODUÇÃO.............................................................................................................9

1 METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................ 11

1.1 Justificativa .................................................................................................... 11

1.2 Objetivos ....................................................................................................... 13

1.2.1 Objetivo principal ........................................................................................... 13

1.2.2 Objetivos secundários ................................................................................... 13

1.3 Problema de pesquisa ................................................................................. 133

1.3.1 Hipótese de pesquisa .................................................................................... 14

1.4 Métodos de investigação ............................................................................... 14

2 A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA......................................................................... 19

2.1 A matemática egípcia .................................................................................... 21

2.2 Matemática mesopotâmica .......................................................................... 233

2.3 A Jônia e os Pitagóricos .............................................................................. 255

2.4 Idade heróica ................................................................................................. 28

2.5 A idade de Platão e Aristóteles......................................................................29

2.6 Prelúdio à matemática moderna .................................................................. 311

3 A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NO BRASIL .................................................. 344

3.1 Os saberes necessários aos professores de matemática na atualidade do

ensino brasileiro ................................................................................................... 344

3.2 A importância de uma nova formação docente ao professor de matemática 38

4 O USO DIDÁTICO DA MATEMÁTICA ............................................................. 455

4.1 Das competências necessárias ................................................................... 466

4.2 A importância da história da Matemática para o seu uso didático ............... 511

5 A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO: ESTUDO DE CASO EM

UMA ESCOLA PÚBLICA ........................................................................................ 53

5.1 Análise dos dados ......................................................................................... 53

Page 8: Monografia Romilson Matemática 2010

5.2 Análise geral dos resultados ......................................................................... 58

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 62

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 63

Page 9: Monografia Romilson Matemática 2010

9

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem o intuito de analisar brevemente a história da matemática

no decorrer dos tempos e seu uso didático na atualidade.

Assim, pensarmos que e como ensinar matemática nos dias de hoje, para o

ensino Médio, exige que se pense a quem ensinar e para que ensinar tal conteúdo.

Este questionamento que os professores devem fazer para definir o papel da

matemática no currículo, assim como orientará na escolha dos conteúdos e do modo

como eles serão trabalhados em cada grau de ensino.

Sendo, no discurso, a escola um direito de todos, seu objetivo principal é a

formação de um homem consciente, crítico e participante.

Segundo PAVANELLO (1989, p. 7):

A matemática tem desempenhado um papel social como instrumento de seleção: Ao se tornar responsável pela determinação de quem permanece ou é eliminado da escola, uma vez que detém, juntamente com Português, a primazia no tocante ao número de reprovações; ao assumir papel preponderante na escolha de uma carreira ou profissão, já que um bom desempenho em Matemática é pré-requisito para o ingresso a vários cursos do 3º grau; ao permitir ou não o acesso a um sem número de ocupações, já que um teste de matemática consta, geralmente, dos exames de seleção para a admissão a vários empregos (públicos ou não).

Muitos matemáticos afirmam que a história da matemática não ajuda no

conhecimento da matemática, enquanto que para outros o conhecimento da história

da matemática como chave para a compreensão da matemática como o matemático

francês Jean Diludonné.

No entanto, de acordo com o currículo de matemática de educação básica, os

livros didáticos trazem pouco da história do desenvolvimento dos conceitos. Estes

são sempre prontos e acabados, acabando por conduzir ao pensamento de que a

matemática está desligada da vida, das coisas feitas pelas pessoas, que ela não tem

história e não é uma construção humana.

Assim, segundo PRADO, (1990, p. 10) diz: ―Em seu desenvolvimento, o

indivíduo passa por todos os estágios do desenvolvimento da espécie‖.

Segundo PRADO (1990, p. 33):

Ao professor caberia a tarefa de colocar a disposição do aluno material histórico pertinente e, de posse de um material desse tipo, o aluno poderia, então, usando sua imaginação, buscar penetrar no espírito da época e compreender seu problema dentro daquele contexto.

Page 10: Monografia Romilson Matemática 2010

10

O professor que se dispuser a trabalhar com história no ensino da matemática

enfrentará algumas dificuldades. O conhecimento histórico é escasso, há poucos

textos históricos que tratam da evolução histórica de conceitos.

Outra dificuldade para o professor é a falta de modelos de ensino adequados,

que possam auxiliá-lo num enfoque histórico.

Ainda outra dificuldade que seria encontrada pelo professor está na sua

própria formação matemática.

O professor não é preparado para pensar historicamente.

Por fim, outra dificuldade relaciona-se com o rigor; se um papel da história da

matemática é lançar luz sobre a natureza da matemática, a escolha da ordem

histórica como ordem de ensino não deveria ser tomada apenas como uma questão

metodológica pré-estabelecida, mas como uma decisão que tem por trás de si uma

concepção educacional abrangente.

Feitas essas considerações sobre o assunto, cada aspecto suscitado será

estudado com mais profundidade no desenrolar do trabalho.

Page 11: Monografia Romilson Matemática 2010

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1 METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo iremos esclarecer as premissas da pesquisa e como a mesma

será elaborada.

1.1 Justificativa

Esta pesquisa se justifica diante da importância do ensino dos conteúdos

matemáticos através de sua história, assim como a importância em se analisar o

aproveitamento do aluno no processo ensino aprendizagem como técnica de contar

a história do conteúdo matemático antes de falar do conteúdo em si, além de fazer

uma avaliação do processo ensino-aprendizagem do conteúdo, a partir da contagem

da sua história e seus precursores.

É neste contexto, que procurar-se-á no decorrer deste estudo, expor a história

da matemática, sua origem e evolução para que o professor de matemática tenha

um material teórico para consultar.

Selecionar os conteúdos por si só não assegurar o alcance dos objetivos, pois

a maneira como os assuntos serão tratados em sala de aula desempenha um papel

decisivo no proporcionamento de condições para que o aluno se aproprie dos

mesmos.

Para VIANNA (1995, p. 14) diz:

(As matemáticas modernas) ..não são um método novo para ensinar matemática; trata-se de ensinar as matemáticas tal como elas estão hoje e tal como poderão servir às crianças que dentro de quinze anos estarão na vida ativa e num mundo diferente ... o que se tinha passado até o presente era o ensino das matemáticas numa ordem histórica e, ao mesmo tempo, com a filosofia da época que as tinha visto brotar: ensinava-se geometria com um estado de espírito grego, ensinava-se álgebra com um estado de espírito dos séculos XVI - XVII, a análise com o espírito do século XVIII, e os vectores, por exemplo, só aparecem no século XIX. Havia um choque entre a concepção geométrica grega e os vectores, que se utilizavam um pouco na geometria, mas introduzidos numa outra óptica.

Page 12: Monografia Romilson Matemática 2010

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O passado da matemática ajudaria o aluno a compreender a matemática

atual, pois o aluno entenderia o momento da concepção criação de determinados

conceitos, assim como o por que de sua criação.

Através do conhecimento da seqüência histórica dos conteúdos o aluno

compreenderia melhor o desenvolvimento, do processo da própria matemática.

LAKATOS, citado por VIANNA (1995, p. 19) diz que:

O formalismo desliga a História da Matemática da filosofia da matemática, uma vez que, de acordo com o conceito formalista de matemática, não há propriamente História da Matemática. O próprio Lakatos vai mais longe ao identificar o formalismo como o baluarte da filosofia do positivismo lógico e insiste: Os dogmas do positivismo lógico têm sido prejudiciais para a história e filosofia da matemática uma vez que... na filosofia formalista da matemática, não há lugar adequado para metodologia como lógica do descobrimento. A conclusão, para Lakatos, é de que a história da matemática e a lógica do descobrimento matemático..., não se podem desenvolver sem a crítica e rejeição definitiva do formalismo.

E VIANNA (1995, p. 20) coloca:

É nesse contexto que podemos situar as mais recentes tentativas de aplicação da história da matemática no ensino, pela via de associações entre a lógica do descobrimento e a fabricação de um significado no âmbito pedagógico. Estes trabalhos no campo da lógica do descobrimento remontam em sua disputa com o empirismo lógico de Carnap cujos trabalhos poderiam ser classificados como lógica da justificação.

Através do ensino da matemática pela sua história é possível motivar o aluno

para o ensino-aprendizagem tornando-se método adequado para o processo de

ensino, assim como uma fonte de seleção para problemas práticos, curioso ou

recreativo a serem incorporados de maneira episódica nas aulas de matemática.

Pela técnica do ensino da matemática através da história o aluno pode

desmistificar a mesma com uma aprendizagem significativa e compreensiva.

A reprovação e a evasão da maioria dos alunos da escola são de

responsabilidade da matemática, tanto nas escolas públicas quanto nas particulares.

A matemática é a disciplina que mais contribui para o fracasso escolar do educando.

Este problema exige a revisão não só dos conteúdos, mas também da forma

de transmissão assimilação desses conteúdos, como questões indissociáveis no

currículo.

Um ponto de partida para uma reflexão, situada nesse domínio é considerar

que o ensino de matemática deve centrar-se na resolução dos problemas, visto não

como aplicação de uma teoria mas como fonte de critério do saber: na medida em

que nessas situações o indivíduo é conduzido a elaborar, com seus parceiros sociais

Page 13: Monografia Romilson Matemática 2010

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- professor, pais e colegas - os conhecimentos que lhe permitem resolvê-las; critério

de saber na medida em que um saber transmitido não é necessariamente apropriado

pelo indivíduo que supomos recebê-lo e na medida em que situações problemas

permitem justamente avaliar essa apropriação.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo principal

O objetivo deste trabalho é, através da revisão de literatura sobre o tema,

proporcionar subsídios para a identificação da importância do ensino dos conteúdos

matemáticos através de sua história, sobretudo para o aproveitamento do aluno no

processo ensino aprendizagem, ou seja, seu uso didático.

1.2.2 Objetivos secundários

a) Investigar como a literatura especializada aborda a historicidade que cerca

a Matemática;

b) Identificar a importância do uso didático da matemática para o processo de

ensino aprendizagem;

1.3 Problema de pesquisa

Como a história da matemática contribui para seu uso didático nas escolas

brasileiras? Qual a importância do profissional docente no ensino didático da

matemática?

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1.3.1 Hipótese de pesquisa

A hipótese básica de pesquisa é a de que através do conhecimento da

seqüência histórica dos conteúdos o aluno compreenderia melhor o

desenvolvimento, do processo da própria matemática.

1.4 Métodos de investigação

Quanto à metodologia adotada nesta pesquisa tem-se que se pretende

proceder a uma pesquisa bibliográfica, bem como, uma pesquisa documental.

Neste estudo a abordagem do objeto de pesquisa demanda a utilização do

Método Hipotético-Dedutivo. Segundo Gil:

Quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar a dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as conseqüências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la. (GIL, 2002, p. 30)

Sobre a metodologia a ser adotada na pesquisa histórica, VALENTE (2005, p.

91) nos diz que "a história não está pronta, devendo ser construída pelo historiador a

partir de suas questões centrais". Segundo o autor, não se pode produzir história

sem fatos, uma vez que:

Os fatos históricos são constituídos a partir de traços, de rastros deixados no presente pelo passado. Assim, o trabalho do historiador consiste em efetuar um trabalho sobre esses traços para construir os fatos. Desse modo, um fato não é outra coisa que o resultado de uma elaboração, de um raciocínio, a partir das marcas do passado, segundo as regras de uma crítica. (VALENTE, 2005, p. 91)

A coleta de dados se iniciará através da análise da documentação indireta,

pela pesquisa bibliográfica que será realizada levando em consideração o tema

Page 15: Monografia Romilson Matemática 2010

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abordado na pesquisa, da seguinte forma: em livros; revistas especializadas em

Direito; em páginas da internet; em periódicos e jornais.

A pesquisa bibliográfica segundo Severino (2000, p. 45) é o estudo

sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas

jornais, redes eletrônicas e etc., fornece instrumental analítico para qualquer tipo de

pesquisa.

Esta pesquisa bibliográfica e documental será organizada através de

fichamentos bibliográficos, de resumo informativo e de citações, conforme o

cronograma.

A última etapa desta observação direta será a realização de um relatório onde

constarão todas as observações efetuadas no decorrer da coleta de dados.

Assim, metodologia desta pesquisa será a fundamentação teórica constituída

pelo levantamento e análise da bibliografia.

Este estudo realizou uma pesquisa exploratória, tendo em vista aprofundar

os conhecimentos sobre o tema a História da Matemática e seu uso didático. Para

tanto foi realizado um estudo de caso no Colégio Estadual de Serrolândia.

Bruyne, Herman e Schoutheete apud Beuren ( 2006, p.84) ―afirmam que o

estudo de caso justifica sua importância por reunir informações numerosas e

detalhadas com vista em apreender a totalidade de uma situação‖. Portanto,

podemos definir que a importância do estudo de caso se concentra na reunião de

várias informações sobre um determinado assunto, assim podendo compreender

toda a situação.

O procedimento de coleta de dados baseou-se numa metodologia

qualitativa e quantitativa que foi composta das seguintes etapas:

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Etapas da Pesquisa

Figura 1: Etapas da pesquisa

Fonte: ROSÁRIO (2010)

Definição

do tema

Pesquisa

bibliográfica

Seleção da

bibliografia para desenvolver o

conteúdo teórico

Definição do objeto da

pesquisa

Definição dos

objetivos da

pesquisa

Definição do

problema da pesquisa

Elaboração do

questionário

Aplicação do

questionário

Análise quantitativa

dos dados

Definição do

instrumento de coleta

de dados

Análise do resultado

da pesquisa

Conclusão

Definição da

população pesquisa

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17

Richardson apud Beuren (2006, p. 91) menciona que: ―os estudos que

empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de

determinado problema, analisar a interpretação de certas variáveis, compreender e

classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais‖. Ressalta também que

podem ―contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em

maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento

dos indivíduos‖.

População e amostra

A coleta de dados foi realizada nas dependências do Colégio Estadual de

Serrolândia, localizada na Praça Antonio Carlos Magalhães, 170 Centro ,no

município Serrolândia no Estado da Bahia.

Esta escola possui 10 salas de aulas, 28 turmas, 35 Professores, 01

coordenador Pedagógico, 19 auxiliar administrativo e 875 alunos.

Fizeram parte da pesquisa 30 alunos ensino médio, da rede pública de

ensino desta localidade.

A coleta de dados foi realizada entre os meses de abril e maio de 2010.

Coleta de dados

A coleta dos dados foi realizada com alunos do Ensino Médio, utilizando um

questionário semiestruturado, contendo 10 questões fechadas. A escolha dos alunos

foi aleatória. O critério de exclusão foi : alunos do Ensino Fundamental.

Os dados foram expostos em gráficos para melhor visualização dos

resultados. As categorias analisadas foram;

1-Qual série você freqüenta?

2-Você tem interesse pela disciplina de matemática?

Page 18: Monografia Romilson Matemática 2010

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3- Você se considera um aluno motivado para aprender o conteúdo de matemática?

4- Você apresenta dificuldade para aprender os conteúdos de matemática?

5- Você tem conhecimento que a matemática é uma ciência que teve sua origem na antiguidade?

6- Você já estudou em sala de aula a origem e a evolução da matemática?

7- Você que já estudou a história da matemática em sala de aula, se sentiu

motivado para aprender o conteúdo?

8- Quando você estudou história da matemática, percebeu que houve interesse

de seus colegas de classe por esse conteúdo?

9- O estudo da história da matemática contribuiu para que você aprendesse

melhor alguns conceitos de matemática?

10- Você que nunca estudou história da matemática, tem interesse em

aprender este conteúdo?

Page 19: Monografia Romilson Matemática 2010

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2 A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Segundo BORGES FILHO e BRITO (2006, p. 35) "a princípio as noções

primitivas de número, grandeza e forma podiam estar relacionadas com contrastes

mais do que semelhanças, pois surgiram integradas as necessidades do homem".

Foi através dessa noção de semelhança em número e forma que nasceu a Ciência

Matemática.

A percepção de propriedade abstrata que certos grupos têm em comum,

chamado número, representa o caminho para a matemática moderna. Nossos

antepassados só contavam até dois, qualquer quantidade era chamada de muitas.

Para TRINTIN (2008, p. 02):

A idéia de número tornou-se ampla e vivida para que se sentisse a necessidade de exprimir a propriedade de algum modo, através da linguagem de sinais. Os dedos de uma mão podem ser usados para indicar um conjunto de dois, três, quatro ou cinco objetos, não sendo o número um para indicar um conjunto de dois, três, quatro ou cinco objetos, não sendo o número um geralmente reconhecido inicialmente como um verdadeiro número. Usando os dedos das duas mãos podem ser representadas coleções contendo até dez elementos; combinando duas mãos podem ser representadas coleções contendo até dez elementos; combinando dados das mãos e dos pés pode-se ir até vinte. Quando os dedos humanos eram inadequados, podiam ser usados montes de pedras para representar uma correspondência com os elementos de um outro conjunto.

Desta forma, nota-se "como Aristóteles observou há muito tempo, o uso hoje

difundido do sistema decimal é apenas o resultado do acidente anatômico de que

quase todos nós nascemos com dez dedos nas mãos e dez nos pés" (Disponível

em: repositorio.uportu.pt/dspace/bitstream/123456789/.../TMMAT%2097.pdf). Do

ponto de vista matemático "é um tanto inconveniente que o homem de Cro-Magnos

e seus descendentes não tivessem quatro ou seis dedos em uma mão" (TRINTIN,

2008, P. 02).

O ser humano se diferencia de outros animais devido a sua linguagem, cujo

desenvolvimento foi essencial para que surgisse o pensamento matemático abstrato;

no entanto palavras que exprimem idéias numéricas aparecerem lentamente. Sinais

para incisões num bastão do que estabelecer uma frase bem modulada para

identificar um número.

Para BOYER (1996): "Se o problema da linguagem não fosse tão difícil talvez

sistemas rivais do decimal tivessem feito maiores progressos. A base cinco foi uma

Page 20: Monografia Romilson Matemática 2010

20

das que deixaram a mais antiga evidência escrita palpável; mas quando a linguagem

se tornou formalizada, o dez já predominava".

Os anos utilizados para que o homem conseguisse distinguir os conceitos

abstratos e repetidas situações concretas nos mostram as dificuldades que devem

ter sido experimentadas para o estabelecimento de uma base para a matemática.

Supõe-se que tal apoio apareceu em réplica a necessidades práticas, contudo

esboços antropológicos recomendam a probabilidade de uma outro origem.

Também foi sugerido segundo BOYER (1994, P. 4):

[...] que a arte de contar surgiu em conecção com rituais religiosos primitivos e que o aspecto ordinal precedeu o conceito quantitativo. Em ritos cerimonias representando mitos da criação era necessário chamar os participantes à cena segundo uma ordem específica, e talvez a contagem tenha sido inventada para resolver esse problema. Se são corretas as teorias que dão origem ritual à contagem, o conceito de número ordinal pode ter precedido o de número cardinal. Além disso, uma tal origem indicaria a possibilidade de que o contar tenha uma origem única, espalhando-se subseqüentemente a outras partes da terra. Esse ponto de vista, embora esteja longe de ser provado, estaria em harmonia com a divisão ritual dos inteiros em ímpares e pares, os primeiros considerados como masculinos e os últimos, como femininos.

Muitas declarações sobre as procedências da matemática, são arriscadas,

pois os primeiros autores sobre o tema são mais remotos que o método de escrever.

Foi apenas nos derradeiros seis milênios, que o homem se demonstrou capaz de por

seus apontamentos e aforismos em forma escrita.

Quanto a origem da Matemática, Heródoto e Aristóteles não arriscariam a

propor origens mais antigas. Para Heródoto a geometria se originou no Egito, pois

acreditava que havia surgido da necessidade prática de fazer novas medidas de

terra após cada sacerdotal com lazeres é que tinha conduzido ao estudo da

geometria.

O fato dos geômetras egípcios serem às vezes chamados ―estiradores de

corda‖ pode ser tomado como apoio de qualquer das duas teorias, pois cordas eram

indubitavelmente usadas tanto para traçar as bases de templos como para realinhar

demarcações apagadas de terras.

O homem neolítico pode ter tido pouco lazer e pouca necessidade de medir

terras, porém seus desenhos e figuras sugerem uma preocupação com relações

espaciais que abriu caminho para a geometria.

A preocupação do homem pré-histórico com configurações e relações pode

ter origem em seu sentimento estético e no prazer que lhe dava a beleza das

Page 21: Monografia Romilson Matemática 2010

21

formas, motivos que muitas vezes propelem a matemática de hoje. Gostaríamos de

pensar que ao menos alguns dos antigos geômetras trabalham pela pura satisfação

de fazer matemática, não como auxílio prático à mensuração; a geometria, como

contagem, tivesse origem em rituais primitivos.

A teoria da origem da geometria numa secularização de práticas rituais não

está de modo nenhum provada. O desenvolvimento da geometria pode também ter

sido estimulado por necessidades práticas de construção e demarcação de terras,

ou por sentimentos estéticos em relação a configurações e ordem. Que os começos

da matemática são mais antigos que as mais antigas civilizações é claro. Ir além e

identificar categorias com história.

É melhor suspender o julgamento nessa questão e ir adiante, ao terreno mais

firme da história da matemática encontrada em documentos escritos que chegaram

até nós.

2.1 A matemática egípcia

É costume dividir o passado da humanidade em eras e períodos, com

particular referência a níveis e características culturais.

O surgimento de civilizações caracterizadas pelo uso de metais teve lugar

primeiro em vales de rios, como os do Egito, Mesopotâmia, Índia e China.

Segundo BOYER (1994, p. 7):

Antes do 4 milênio a. C. uma forma primitiva de escrita estava em uso tanto no vale Mesopotâmico como no Nilo. Lá os primitivos registros pictográficos, evoluíram para a ordem linear de símbolos mais simples. Na Mesopotâmia, onde o barro era abundante, marcas em forma de cunho eram feitas com um estilete sobre moles que depois eram cozidas em fornos ou calor do sol. Escrita cuneiforme por causa da forma dos sinais esses documentos cuneiformes tinham grande durabilidade. Há cerca de um século a mensagem nos tabletes permaneceu muda pois a escrita não fora decifrada. Na década de 1870 foi feito um na leitura, quando se descobriu que Rocha Behistum trazia uma narração trilingüe da vitória de Dário sobre Cambises, a inscrição sendo em persa, elamítico e babilônico, mesmo depois dessa descoberta, a análise e decifração das tabletes com conteúdo matemático permaneceu devagar, só no segunda parte do século vinte que a percepção das contribuições matemáticas da Mesopotâmia se tornou apreciável, devido em grande parte à obra pioneira de Fr. Thureau-Dangin na França e Otto Neugebauer na Alemanha e América.

Page 22: Monografia Romilson Matemática 2010

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As inscrições egípcias revelam familiaridade com grandes números desde

tempos remotos.

As pirâmides exibem tão lato grau de precisão na construção e orientação

que lendas mal-fundamentadas, surgiram em torno delas.

As vezes os dígitos menores eram colocados à esquerda, e às vezes os

dígitos eram dispostos verticalmente. Os próprios símbolos ocasionalmente eram

colocados com orientação invertida, de modo que o laço tanto podia ser convexo

para a direita como para a esquerda.

Os egípcios eram precoces no contar e medir. Os egípcios começaram

cedo a se interessar pela astronomia. Baseados no surgimento da Sirius os

egípcios estabeleceram um bom calendário com doze meses de 30 dias cada um e

mais cinco dias de festa.

Os homens da idade da pedra não usavam frações mas com advento de

culturas mais avançadas durante a Idade do Bronze parece ter surgido a

necessidade do conceito de frações e de notação para frações. As inscrições

hieroglíficas egípcias têm uma notação especial para frações unitárias, com

numerador um. O recíproco de qualquer inteiro era indicado colocando sobre a

notação para o inteiro um sinal oval alongado. Ex: 1/8 = e 1/20 = .

Nos papiros substituiu-se o oval alongado por um ponto, colocado sobre a

cifra para o inteiro correspondente. Ex: 1/8 como e 1/20 como

BOYER (1994, p. 9):

Há um limite para a quantidade de informação matemática que se pode retirar de calendários e pedras tumulares, e nossas idéias sobre a contribuição egípcia seriam muito imprecisas se dependêssemos somente de material de origem cerimonial e astronômica. A matemática é muito mais do que contar e medir, os aspectos que são tratados em inscrições hieroglíficas.

Os numerais e outros assuntos no Papiro de Rhind não são escritos na forma

hieroglífica descrita acima, mas numa escrita mais cursiva, melhor adaptada ao uso

de pena e tinta sobre folhas de papiro preparadas e conhecidas como hierática.

A numeração continua decimal.

Da numeração hieroglífica foi substituído pela introdução de sinais especiais

para representar dígitos e múltiplos de potência de dez.

Page 23: Monografia Romilson Matemática 2010

23

A matemática de Ahmes era a de seus antepassados e descendentes. Para

realizações matemáticas mais progressistas devemos examinar o vale fluvial mais

turbulento conhecido como Mesopotâmia.

Muito de nossa informação sobre a matemática egípcia vem do Papiro Rhind

ou de Ahmes, os mais extenso documento matemático do antigo Egito; mas há

também outras fontes.

Além do Papiro Kahun há o Papiro de Berlim do mesmo período, duas

pranchas de madeira de Akhmin de cerca de 2 000 A.C., um rolo de couro contendo

listas de frações unitárias e datando do fim do período dos hicsos, e um importante

papiro chamado Glonishev ou de Moscou, comprado no Egito em 1893.

O papiro de Moscou tem quase o comprimento do Rhind mas só um quarto da

largura. Foi escrito, menos cuidadosamente que a obra de Ahmes, por um escriba

desconhecido da décima segunda dinastia. Contém vinte e cinco exemplos, quase

toda a vida prática e na diferindo muito dos de Ahmes, exceto dois que significado

especial.

A operação aritmética fundamental no Egito era a adição, e novas operações

de multiplicação e divisão eram efetuadas no tempo de Ahmes por sucessivas

―duplações‖. Nossas palavras ―multiplicação‖, na verdade, sugere o processo

egípcio. Segundo BOYER (1994, p. 11):

Uma multiplicação de, digamos, 69 por 19 seria efetuada somando 69 com ele mesmo para obter 138, depois adicionando a si próprio para alcançar 249, novamente duplicando para obter 552 e mais uma vez, dando 1 104, que é, naturalmente, dezesseis vezes 69.

Os conhecimentos dos ―estiradores de corda‖ egípcios eram admirados por

Demócrito, um matemático de competência e um dos fundadores de uma teoria

atômica, e hoje suas realizações parecem ser demasiadas valorizadas, em parte em

conseqüência da precisão admirável da construção das pirâmides.

2.2 Matemática mesopotâmica

O quarto milênio antes de nossa era foi um período de notável progresso

cultural trazendo o uso da escrita, da roda e dos metais. Nesta época no vale da

Mesopotâmia havia uma civilização de alto nível. Ali os sumérios tinham construído

Page 24: Monografia Romilson Matemática 2010

24

casas e templos decorados com cerâmicas e mosaicos artísticos em desenhos

geométricos.

O tipo de escrita cuneiforme desenvolvido pelos sumérios durante o quarto

milênio, muito antes dos dias de Abraão, pode ser a mais antiga forma de

comunicação escrita, pois provavelmente é anterior à hieroglica egípcia, que pode

derivar dela.

As civilizações antigas da Mesopotâmia são freqüentemente chamadas

babilônias. A cidade de Babilônia não foi a princípio, nem foi sempre em períodos

posteriores, o centro da cultura associada com os dois rios, mas a convenção

sancionou o uso informal de nome ―babilônica‖ para a região durante o período de

cerca de 2000 até aproximadamente 600 a.C.

Quando em 538 a.C. a Babilônia foi dominada por Ciro da Pérsia, a cidade foi

poupada mas o império babilônico terminou. A matemática ―babilônia‖, no entanto,

continuou através do período salêucida na Síria, quase até o surgimento do

cristianismo.

Sargão estabeleceu um império, que começou uma gradual absorção pelos

invasores da cultura sumérica indígena inclusive da escrita cuneiforme que formou

um forte laço.

Leis, registros de impostos, estórias, lições de escola, cartas pessoais eram

incisas em tabletes de barro mole, mais vulneráveis aos estragos que os papiros

egípcios por isso hoje se tem mais documentação sobre matemática Mesopotâmia

que sobre a do Egito.

Porém a escrita hieroglífica foi decifrada antes da cuneiforme, nos tempos

modernos.

Algum progresso na leitura da escrita babilônia tinha sido feito no começo do

século dezenove por Grotefend, mas somente no segundo quarto do século vinte

começaram a aparecer nas histórias da Antigüidade, exposições substanciais da

matemática mesopotâmica.

Segundo BOYER (1994, p. 19):

Quando os acadianos adotaram a escrita suméria, léxicos foram compilados dando equivalentes nas duas línguas, e as formas das palavras e numerais se tornaram menos variadas. Milhares de tabletas do tempo da dinastia Hamurabi, ilustram um sistema numérico que estava estabelecido. O sistema decimal, comum à maioria das civilizações tanto antigas quanto modernas, tinha sido submerso da Mesopotâmia sob uma notação que dava a base sessenta como fundamentais.

Page 25: Monografia Romilson Matemática 2010

25

A numeração cuneiforme babilônia, para os inteiros menores, seguia as

mesmas linhas que a hieroglífica egípcia, com repetições dos símbolos para

unidades e dezenas.

A eficácia da computação babilônia não resultou somente de seu sistema de

numeração.

Os matemáticos mesopotâmicos foram hábeis no desenvolver processos

algorítmicos, entre os quais um para extrair a raiz quadrada freqüentemente

atribuindo a homens que viveram bem mais tarde.

Muitas tabletas do tempo da dinastia Hamurabi (1800-1600 a.C.) ilustram um

sistema numérico bem estabelecido, o sistema decimal, tinha sido submerso da

Mesopotâmia sob uma notação que dava base sessenta como fundamental que até

hoje ainda é usado nas unidades de tempo, ângulos apesar da forma fundamental

decimal de nossa sociedade.

As culturas pré-helenicas também‚ um tem sido estigmatizada como

puramente utilitárias, com pouco ou nem um interesse pela matemática por ela

mesmo.

O lazer era muito mais raro do que hoje, mas mesmo assim havia no Egito e

na Babilônia problemas que tem as características de matemática de recreação.

Muito da matemática pré-helênica era prática, mas não toda. Recentemente

dois historiadores da matemática fizeram publicações sobre a verdade da

matemática pré-helênica. Um deles afirma que a matemática babilônica se orientava

unicamente para fins práticos, o outro defende que a matemática sumérica não era

usada para a resolução de problemas da vida prática, mas somente para o prazer ou

exaltação do espírito.

Na prática de cálculos, que se estendeu por um par de

milênios, as escolas de escribas usaram muito material de exercícios,

freqüentemente, talvez, como puro divertimento.

2.3 A Jônia e os Pitagóricos

A atividade intelectual das civilizações potâmicas no Egito e Mesopotâmia

tinha perdido sua verve bem antes da era cristã mas quando a cultura nos vales

Page 26: Monografia Romilson Matemática 2010

26

dos rios estava declinando, e o bronze cedendo lugar ao ferro na fabricação de

armas, vigorosas culturas novas estavam surgindo ao longo de todo o litoral do

Mediterrâneo.

Os estudiosos e egípcios e babilônios continuaram a produzir textos em

papiro e cuneiforme durante muitos séculos após a.C., mas enquanto isso uma

nova civilização se preparava rapidamente para assumir a hegemonia cultural, não

só na região mediterrânea mas, finalmente, também nos principais vales fluviais.

A história grega pode ser recuada até o segundo milênio A.C. quando, como

invasores iletrados, vindos do norte, abriram caminho até o mar.

Não trouxeram tradição matemática ou literária consigo; no entanto, tiveram

desejo ansioso de aprender, e não demoraram a melhorar o que lhes ensinaram.

O alfabeto parece ter-se originado entre os mundos babilônio e egípcio, talvez

na região da Península do Sinai, por um processo de redução drástica do número de

símbolos cuneiformes ou hieráticos. Esse alfabeto chegou às novas colônias -

gregas, romanas e cartaginesas - graças a atividade dos mercadores.

Durante o sexto século A.C, apareceram dois homens, Tales e Pitágoras, que

tiveram na matemática o papel de Homero e Hesíodo na literatura.

Não sobreviveu nenhuma obra de qualquer deles, nem se sabe se Tales ou

Pitágoras jamais compuseram tal obra. O que fizeram deve ser reconstruindo com

base numa tradição, não muito digna de confiança, que se formou em torno desses

dois matemáticos antigos. Certas frases-chaves lhes são atribuídas, tais como

―Conhece a ti mesmo‖ no caso de Tales e ―Tudo é número‖ de Pitágoras - as mais

antigas referências gregas à história da matemática, que sobrevivem, atribuem a

Teles e Pitágoras um bom número de descobertas matemáticas definidas.

No Egito diz-se que aprenderam geometria; na Babilônia, sob o esclarecido

governante caldeu Nabucodonosor, Tales provavelmente entrou em contato com

tabelas e instrumentos astronômicos. Diz a tradição que em 585 A.C. Tales

assombrou seus contemporâneos ao predizer o eclipse solar dessa ano.

Pitágoras é uma figura pouco menos discutida que Tales, pois foi mais

completamente envolto em lenda e apoteose. Tales era um homem de negócios,

mas Pitágoras era um profeta e um místico, nascido em Samos, uma das ilhas do

Decaneso, não longe de Mileto, o lugar de nascimento de Tales.

Embora alguns relatos afirmam que Pitágoras foi discípulo de Tales, isto é

improvável dada a diferença de meio século entre suas idades. Algumas

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27

semelhanças entre os seus interesses pode ser facilmente explicada pelo fato de

Pitágoras ter também viajado pelo Egito e Babilônia possivelmente indo até a Índia.

A escola pitagórica era conservadora e tinha um código de conduta antigo.

Para BOYER (1994, p. 39):

Muitas civilizações primitivas partilham vários aspectos da numerologia, mas os pitagóricos levaram a extremos a adoração dos números, baseando neles sua filosofia e modo de viver. O número um, diziam eles, é o número da opinião; três é o primeiro número masculino verdadeiro, o da harmonia, sendo composto de unidade e diversidade; quatro é o primeiro número da justiça ou retribuição indicando o ajuste de contas; cinco é o número do casamento, união dos primeiros números verdadeiros feminino e masculino; e seis é o número da criação. Cada número por sua vez tinha seus atributos peculiares. O mais sagrado era o dez ou o tetractys, pois representava o número do universo, inclusive, a soma de todas as possíveis dimensões geométricas.

Na Mesopotâmia a geometria não tinha sido muito mais do que uma aplicação

dos números a extensão espacial; a princípio era mais ou menos para os

pitágoricos, mas com uma modificação. Número no Egito significava o domínio dos

números naturais e frações unitárias; entre os babilônios o corpo das frações

racionais.

A história da matemática durante o tempo de Tales e dos pitagóricos depende

necessariamente, em grau indesejável, de conjecturas e inferências, pois faltam

inteiramente documentos da época.

Há muito mais incerteza quanto à matemática grega de 600 A.C. a 450 A.C.

do que acerca da álgebra babilônia ou da geometria egípcia de cerca de 1.700 A.C.

Nem mesmo artefatos matemáticos dos primeiros tempos da Grécia se

preservavam.

É evidente que algum tipo de ábaco era usado nos cálculos, mas a natureza

e a maneira de operar de tal ábaco devem ser inferidas do ábaco romano e de

algumas referências casuais em autores gregos. Heródoto, escrevendo no começo

do quinto século A.C. diz que, ao contar com pedrinhas, a mão dos gregos ia da

esquerda para a direita e a dos egípcios da direita para a esquerda.

Um vaso de um período um pouco posterior mostra um coletor de tributos

com um ábaco que era usado não só para múltiplos decimais inteiros do dracma

mas para subdivisões não decimais. Começando da esquerda, as colunas designam

miríades, molhares, centenas e dezenas de dracmas, respectivamente, sendo os

símbolos expressos em notação herodiana.

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28

2.4 Idade heróica

Os relatos sobre a origem da matemática se concentram nas chamadas

escolas Jônia e pitagórica e no representante oficial de cada uma: Tales e Pitágoras

- embora as reconstruções de seu pensamento se baseiem em narrações

fragmentárias e tradições elaboradas nos séculos posteriores.

Até certo ponto essa situação permanece durante todo o quinto século a.C.

Segundo BOYER (1994, p. 47):

Havia Arquitas de Tarento (nasceu em 428 a.C. aproximadamente) e Hipasus de Metapontum (viveu por volta de 400 a.C.); em Abdera na Trácia achamos Demócrito (nasceu em 460 a.C.); e em Atenas viveram em tempos diferentes durante a segunda metade, a crítica, do quinto século a.C., três matemáticos de outras regiões: Hipocrátes de Chios (viveu por volta de 430 a.C.), Anaxágoras de Clazomene (morreu em 428 a.C.), e Zeno ele Elea (viveu por volta de 450 a.C.).

O quinto século a.C. foi um período crucial na história da civilização ocidental,

pois iniciou-se com a derrota dos invasores persas e terminou com a rendição de

Atenas e Esparta. Entre esses dois acontecimentos situa-se a grande Idade de

Péricles, com suas realizações na literatura e na arte.

A prosperidade e a atmosfera intelectual de Atenas durante esse século

atraíram estudiosos de todas as partes do mundo grego, e uma síntese de vários

aspectos foi conseguida.

O nome Idade Heróica da Matemática, deve-se a um período em que os

matemáticos voltaram suas atenções para problemas que formaram a base para o

desenvolvimento da Geometria.

Esse período produziu meia dúzia de grandes figuras e entre eles Demócrito

de Alderra, mais conhecido como filósofo da química.

Os relatos sobre origens da matemática grega se concentram nas chamadas

escolas jônia e pitagórica e no representante principal de cada uma Tales e

Pitágoras.

Durante a segunda metade do quinto século circularam relatos persistente e

consistentes sobre um punhado de matemáticos que evidentemente estavam

intensamente preocupados com problemas que formam a base da maior parte dos

desenvolvimentos posteriores na geometria.

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29

Neste período a matemática já não se centrava quase inteiramente em

duas regiões quase em extremidades opostas do mundo grego; floresceu à volta

do Mediterrâneo todo.

O teorema de Hipócrates sobre as áreas de círculos parece ser o mais

antigo enunciado sobre mensuração curvilínea no mundo grego. Ele deduziu a

primeira quadratura rigorosa de uma reacurvilínea, da história da matemática.

Há três opiniões quanto ao que Hipócrates deduziu de suas quadras todas

as lunas, logo também o círculo, outros acham que ele percebia as limitações de

sua obra, que lidara só com certos tipos de lunas. A quem afirma que ele sabia não

ter quadrado o circulo mas tentou enganar seu compatriota. Há dúvidas quanto a

contribuição de Hipócrates.

O principal legado matemático da Idade Heróica pode ser condensado em

seis problemas: quadratura do círculo, duplicação do cubo, trissecção do ângulo,

razão de grandezas incomensuráveis, paradoxos do movimento e validade dos

métodos infinitesimais.

Até certo ponto eles podem ser associados, embora não exclusivamente,

com homem estudados neste capitulo: Hipócrates, Arquitas, Hípias, Hipasus, Zeno

e Demócrito.

Outras épocas deviam produzir uma comparável coleção de talentos, mas

talvez nunca mais em qualquer época se faria um ataque tão audacioso a tantos

problemas matemáticos fundamentais com recursos metodológicos tão insuficientes.

É por isto que chamamos esse período, de Anaxágoras a Arquitas, a Idade Heróica.

2.5 A idade de Platão e Aristóteles

A idade heróica se situa no quinto século A.C. e desse período quase nem

uma evidência direta restou sobre o desenvolvimento da matemática.

O quarto século a.C. iniciou-se com a morte de Sócrates, um filósofo que

adotou o método dialético de Zeno e repudiou o pitagorismo de Arquitas. Sócrates

reconhecia que na juventude fora atraído por questões como por que a soma 2 + 2 é

igual ao produto 2 x 2, bem como pela filosofia da natureza de Anaxágoras; porém,

percebendo que nem a matemática nem a ciência podiam satisfazer seu desejo de

Page 30: Monografia Romilson Matemática 2010

30

conhecer a essência das coisas, ele se entregou à sua característica busca do

homem.

BOYER (1994, p. 62):

Isso torna ainda mais surpeendente que seu discípulo e admirador, Platão, se tornasse a inspiração para a matemática do quarto século A.C. Nesse capítulo vamos nos concentrar nas realizações matemáticas de meia dúzia de homens que viveram entre a morte de Sócrates em 399 A.C. e a morte de Aristóteles em 322 A.C. Os seis homens cujo trabalho descreveremos (além do de Platão e Aristóteles) são Teodoro de Cirene (viveu por volta de 390 A.C.), Teaetetus (morreu em 368 A.C.), Eudoxo de Cnido (morreu por volta de 355 A.C.) Menaecmus (viveu por volta de 350 A.C.) e seu irmão Dinóstrato (viveu por volta de 350 A.C.) e Autolicus de Pitane (viveu por volta de 330 A.C.).

Esses seis matemáticos, estavam associados, mais ou menos de perto, com

a Academia de Platão em Atenas. Embora o próprio Platão não tenha dado

contribuição específica digna de nota a resultados matemáticos técnicos, ele era o

centro da atividade matemática da época e guiava e inspirava seu desenvolvimento.

Sobre as portas de sua escola lia-se.

Arquitas estabeleceu o quadrivium-artmética, geometria, música e

astronomia como núcleo da educação liberal nisto suas opiniões iriam dominar

muito do pensamento pedagógico até nossos dias.

Platão é importante na história da matemática principalmente por seu papel

como inspirador e guia de outros, e talvez a ele se deva a distinção clara que se fez

na Grécia antiga entre aritmética (no sentido de teoria dos números e logística (a

técnica de computação).

Platão considerava a logística adequada para negociantes e guerreiros, que

―precisam aprender a arte dos números, ou não saberão dispor suas tropas‖.

O filósofo, de outro lado, deve conhecer a aritmética ―porque deve subir acima

do mar das mudanças e captar o verdadeiro ser‖.

Platão foi o centro da atividade matemática da época e guiava e inspirava

seu desenvolvimento seu entusiasmo pela geometria o fez ficar conhecido como "o

criador da matemáticos". Platão considerava a logística adequada para

negociantes e guerreiros. O filósofo deve conhecer aritmética.

A academia platônica de Atenas tornou-se o centro matemático do mundo, e

dessa escola provieram os principais mestres e pesquisadores durante os meados

do quarto século A.C.. Desses o maior foi Eudoxo de Cnido que tornou-se o mais

célebre matemático e astrônomo de seu tempo.

Page 31: Monografia Romilson Matemática 2010

31

Eudoxo foi o melhor matemático da Idade Helênica mas suas obras foram

perdidas. Ele já tinha calculado o diâmetro do sol. Mas o que justifica sua fama e a

teoria das proporções e o método de exaustão.

Associados a Academia de Platão em Atenas, seis matemáticos que viveram

entre a morte de Sócrates em 399 a.C. e a morte de Aristóteles em 322 a.C.

(Teodoro de Cirene, Teaetetus, Eudoxo de Enido, Menaecmus, Dinóstrato e Atolicus

de Pitane) muito contribuíram para o desenvolvimento matemático.

Platão era conhecido como criados de matemáticos e pela distinção que fez

entre a matemática aritmética e logística.

A Pitágoras se atribuiu a instituição da matemática em disciplina liberal, mas

Platão influenciou para que ela fosse introduzida nos currículos educacionais de

homens de estado. Ele também discutiu os fundamentos matemáticos, esclareceu

algumas definições e reorganizou as hipóteses.

2.6 Prelúdio à matemática moderna

Quando em 1575, Maurolico e Commandino morreram, a Europa Ocidental

tinha recuperado a maior parte das principais obras matemáticas da Antigüidade

agora existentes.

A álgebra árabe fora perfeitamente dominada e tinha sido aperfeiçoada,

tanto pela resolução das cúbicas e quárticas quanto por um uso parcial de

simbolismo, e a trigonometria se torna uma disciplina independente.

Há na história da matemática um alto grau de continuidade de um período

para o seguinte; a transição da Renascença para o mundo moderno também ser faz

através de um grande número de figuras intermediárias. Dois desses homens,

Galileu Galilei (1564-1642) e Banoventura Cavalieri (1598-1647) vieram da Itália;

vários outros, como Henry Biggs (1561-1639), Thomas Harriot (1560-1621) e Willian

Oughtred (1574-1660), eram ingleses; dois deles, Simon Stevin (1548-1620) e Albert

Girard (1590-1633), eram flamengos; outros vieram de vários países - John Napier

(1550-1617) da Escócia, Jobst Burgi (1552-1632) da Suíça, e Johann Kleper (1571-

1630) da Alemanha.

Page 32: Monografia Romilson Matemática 2010

32

A maior parte da Europa Ocidental participava agora do desenvolvimento da

matemática, mas a figura central e mais magnífica na transição foi um francês,

François Viète (1540-1603) ou, em latim, Franciscus Vièta.

Viète, não era matemático por vocação. Seu sucesso foi decifrando as

mensagens em códigos do inimigo que os espanhóis o acusavam de ter um pacto

com o demônio. Só o tempo de lazer de Vinte era dedicado, no entanto fez

contribuições à aritmética, à álgebra, trigonometria e geometria, na matemática ele

deve ser lembrado por seu apelo ao uso das frações decimais em lugar de

sexagesimais. Dedicou-se á álgebra pois chegou mais perto das idéias modernas.

Sem dúvida foi à álgebra que Viète deu suas mais importantes contribuições,

pois foi aqui que chegou mais perto das idéias modernas.

A matemática é uma forma de raciocínio, e não uma coleção de truques,

como Diofante possuíra; no entanto a álgebra durante o tempo dos árabes e o

começo do período moderno não tinha ido longo no processo de libertação do uso

de tratar casos particulares.

Não poderia haver grande progresso na teoria da álgebra enquanto a

preocupação principal fosse a de encontrar a coisa numa equação com coeficientes

numéricos específicos. Tinham sido desenvolvidos símbolos e abreviações para uma

incógnita e suas potências. Bem como para operações e a relação de igualdade.

BOYER (1994, p. 224):

Tendo em vista o tipo de raciocínio tão freqüente usado na álgebra Viète denominou o assunto ―a arte analítica‖. Além disso, ele percebia claramente o largo alcance do assunto, vendo que a quantidade desconhecida não precisava ser nem número nem segmento de reta. A álgebra raciocina sobre ―tipos‖ ou espécies, por isso Viète estabeleceu contraste entre logística especiosa e logística numerosa.

A trigonometria de Viète, como sua álgebra, era caracterizada por uma ênfase

maior sobre generalidade e largueza de visão. Assim como Viète foi o verdadeiro

fundador de uma álgebra literal, também como uma justificação pode ser chamado o

pai de uma abordagem analítica generalizada para a trigonometria que às vezes é

chamada goniometria.

Aqui Viète partiu da obra de seus predecessores, notadamente independente

da matemática; como o segundo ele em geral trabalhava sem referência direta e

meias cordas num círculo. Viète no Canon mathematicus (1579) preparou extensas

tabelas de todas as seis funções de ângulos aproximados até minutos.

Page 33: Monografia Romilson Matemática 2010

33

Napier foi de fato o primeiro a publicar uma obra sobre logaritmos, mas idéias

muito semelhantes foram desenvolvidas independentemente na Suíça por Jobst

Burgi mais ou menos ao mesmo tempo.

Na verdade, é possível que a idéia de logaritmo tenha ocorrido a Burgi em

1588, o que seria meia dúzia de anos antes de Napier começar a trabalhar na

mesma direção. Porém Burgi só publicou seus resultados em 1620, meia dúzia de

anos depois de Napier publicar seu Descriptio.

A invenção dos logaritmos veio a ter tremendo impacto sobre a estrutura da

matemática, mas na época não podia ser comparada em significado teórico com a

obra de Viète, por exemplo.

Os logaritmos foram saudados alegremente por Kepler não como uma

contribuição às idéias, mas porque aumentavam enormemente a capacidade de

computação dos astrônomos.

Viète não era exatamente uma ―voz clamando no deserto‖ mas é verdade

que a maior parte de seus contemporâneos estava preocupado principalmente com

os aspectos práticos da matemática.

O chamado Renascimento na Ciência, ilustrado pela obra de homens como

Leonardo da Vinci e Copérnico, era um fermento que em grande parte vinha do

contato entre idéias antigas e novas e entre os pontos de vista dos artesãos e dos

eruditos.

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3 A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NO BRASIL

Na história do ensino de matemática no Brasil notamos, portanto que,

segundo PINHEIRO SANTOS (2007 p. 138):

A dinâmica cultural, após o contato dos europeus com as civilizações americanas, privilegiou a ciência do vencedor e nunca ou raramente a do vencido. Como conseqüência disso, as matemáticas das civilizações subjugadas foram marginalizadas e em sua maioria esquecidas.

No mais, como mostram D‘AMBROSIO (2003), VALENTE (2005), entre

outros, houve uma insipiente produção de matemática no Brasil entre a chegada dos

portugueses e a vinda da Corte. Além disso, é possível afirmar que a matemática

tinha mais característica de importada do que de nativa. E seu ensino tinha como

principal objetivo as questões bélicas.

Ou, como coloca VALENTE (2005, p. 19), ―localizamo-nos bem no meio de

bombas e fortificações para a defesa da antiga colônia de Portugal e lá

encontraremos as mais remotas origens de nossa matemática escolar‖.

Segundo PINHEIRO SANTOS (2007, p.139):

Não podemos deixar de ressaltar que essas questões, relacionadas à matemática escolar no Brasil colônia dizem muito sobre aquilo que era reservado à maior colônia portuguesa em termos de seu desenvolvimento cultural e político. As formas educativas, além dos conteúdos de ensino de matemática, não estavam endereçadas a uma transformação da realidade da colônia. Ao contrário, um incremento no desenvolvimento das pesquisas matemáticas aqui representaria, tudo nos leva a crer, um caminho aberto em direção ao desenvolvimento e à autonomia política. Nesse sentido, a proibição da indústria gráfica representou uma grande barreira para o desenvolvimento da matemática e de seu ensino, assim como para o desenvolvimento cultural e científico em geral no Brasil colonial, deixando tristes heranças a serem superadas.

3.1 Os saberes necessários aos professores de matemática na atualidade

do ensino brasileiro

As mudanças na escola solicitam uma nova formação docente que possibilite

o acompanhamento do aluno e favoreça o desenvolvimento do professor. Para

tanto, defendemos a formação reflexiva, com convicção de que a melhoria na

qualidade do trabalho do professor possibilita um ensino mais qualitativo. No mais, a

sociedade atual passa por momentos de crises em todas as esferas humanas.

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Na esfera educacional, o papel da escola e o do professor vem sendo

debatido desde o início do século XX. Nesse período, o processo educativo sofre o

impacto das medidas políticas e econômicas da sociedade capitalista e neoliberal,

possibilitando a discussão sobre os novos princípios educativos e para a formação

docente.

Por anos, a função da escola consistiu em transmitir conhecimentos; a função

do professor era repassar esses conhecimentos para o aluno que, por sua vez,

comportava-se como espectador e tudo recebiam de forma passiva. Com a

valorização do pensamento, mais especificamente do pensamento infantil, exigiu-se

mudanças na organização do ensino.

O conhecimento, antes entendido como algo estático, agora é compreendido

como dinâmico construído coletivamente no interior da escola. Essas mudanças

apontam para a necessidade de fazer uma reforma na estrutura e na organização da

escola, além de repensar a formação inicial dos professores.

A partir dos anos de 1990 e início do século XXI, com a discussão da

construção da cidadania, da democracia, e com o debate sobre a qualidade no

ensino, novas atribuições são postas à escola, sendo necessário repensar a sua

função social, o papel dos docentes em uma perspectiva de reconstrução de sua

prática, de sua formação e da forma como lidam com a produção e a transmissão do

conhecimento.

Nesse sentido, colocam-se em pauta as reais limitações presentes no

cotidiano da escola e no trabalho do professor. Para dar conta das exigências de

renovação da escola e da necessidade de se investir em um novo perfil do

professor, o debate na educação se volta para os aspectos políticos e pedagógicos,

com a finalidade de oferecer uma educação que corresponda às necessidades dos

alunos e que possa reduzir a evasão escolar e possibilitar a melhoria do ensino

público.

A discussão da formação docente está inserida na crise da profissionalização

em geral, refletindo sobre o papel do professor no processo educativo, bem como as

atribuições que devem ser consideradas em sua prática, ou seja, aos saberes e

competências necessários para desenvolver sua ação pedagógica.

Esse movimento, segundo TARDIF (2002), aponta para a crise da perícia

profissional, o qual envolve os conhecimentos, as estratégias e as técnicas utilizadas

na resolução de problemas concretos de trabalho; o impacto na formação

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36

profissional, provocado por essa crise, que se traduz em críticas e insatisfação

quanto à formação universitária; a crise do poder profissional e da confiança que o

público deposita neles; e a crise da ética profissional, dos valores que deveriam

guiar os profissionais.

Em meio a essa crise, desenvolveu-se o movimento pela formação docente,

destinado a debater e refletir a formação dos professores que estão iniciando a

profissão e daqueles que já exercem a docência. Desse modo, a formação docente

deve considerar a dimensão social e humana do professor, bem como a sua conduta

e concepção quanto à própria prática educativa.

Nesse sentido, entende-se que a formação dos professores acontece em

múltiplos espaços e através de suas relações inter-pessoais, ao longo de suas

experiências pessoais e profissionais. Os professores aprendem na interação com

outros, em Universidades, através dos cursos de graduação e programas de Pós-

graduação, dando início ao processo formativo acadêmico, bem como na escola,

onde desenvolve sua atividade profissional. Portanto, o próprio ambiente de trabalho

é concebido como um espaço para desenvolver a formação contínua e em serviço.

GARCIA (1995) nos alerta sobre a ―necessidade de conceber a formação de

professores como um continuum”, e também da ―necessidade de existir uma forte

interconexão entre o currículo da formação inicial de professores e o currículo da

formação permanente‖ (GARCIA, 1995, p. 55). Nesta perspectiva, a formação inicial

e continuada se completa proporcionando o desenvolvimento profissional dos

professores.

Em meio a essas razões, as novas proposições, defendidas por NÓVOA

(1995); SCHÖN (1995); ZEICHNER (1995) para a formação de professores,

enfatizam a necessidade de uma proposta reflexiva, tanto na formação inicial quanto

na continuada e em serviço, concebendo os professores como profissionais

reflexivos.

Esse discurso teórico e o desenvolvimento prático do professor ganham

espaço em âmbito mundial. De acordo com Pérez GÓMEZ (1998), as perspectivas

que norteiam a formação de professores sugerem diferentes caminhos, os quais

devem ser considerados em relação aos diferentes modos de conhecer a prática

educativa.

A primeira é a Perspectiva Acadêmica, na qual o ensino é visto como

transmissão de conhecimento e o professor como um especialista na área que lhe

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37

cabe ensinar. Essa perspectiva apresenta dois enfoques de formação: o ‗enfoque

enciclopédico‘ e o ‗compreensivo‘. Sendo que nos dois enfoques ―a formação do

docente firma-se na aquisição da investigação científica, seja disciplinar ou de

didática das disciplinas‖ (PÉREZ GÓMEZ, 1998, p. 356).

O enfoque enciclopédico propõe "a formação dos professores como a de um

especialista num ou vários ramos do conhecimento acadêmico, historicamente

acumulado, enfatizando o processo de transmissão do conhecimento. Sendo tarefa

do professor fazer a exposição de conhecimentos e dos conteúdos" (PÉREZ

GÓMEZ, 1998).

E o autor ainda explica:

Embora o enfoque compreensivo também priorize a estrutura epistemológica das disciplinas como alvo da formação, amplia a compreensão e o alcance desta formação e da atuação dos professores ao incorporar conhecimentos pedagógicos. Concebe o educador como um intelectual a partir da aquisição do conhecimento acadêmico produzido pela investigação científica. Portanto, o professor, entendido como o responsável pelo ensino, precisa dominar os conteúdos e os aspectos históricos, pois deve facilitar a compreensão dos conteúdos para o aluno.( PÉREZ GÓMEZ, 1998, p. 358)

A terceira proposta, a Perspectiva Prática, "fundamenta-se no pressuposto de

que o ensino é uma atividade complexa e se desenvolve em cenários singulares,

determinados pelo contexto e carregado de conflitos de valor que requerem opções

éticas e políticas". Nesse caso, o professor é visto como um artesão, cuja formação

está baseada na ―aprendizagem da prática, para a prática e a partir da prática”

(PÉREZ GÓMEZ,1998, p. 363).

Desse enfoque, emerge o enfoque tradicional e o enfoque reflexivo. O

primeiro acentua o caráter reprodutor da escola e concebe o ensino como uma

atividade artesanal O enfoque reflexivo abriga a reflexão sobre a ação docente; nela

―está subjacente o desejo de superar a relação linear e mecânica entre o

conhecimento científico-técnico e a prática na aula‖ (PÉREZ GÓMEZ, 1998, p. 365),

procura-se superar a tendência da prática mecânica buscando identificar o fazer

pedagógico, reconhecendo ser necessário estudar a atuação dos professores em

sala de aula. Acredita-se que dessa forma é possível oferecer subsídios para os

professores intervirem e transformarem sua prática.

A última, a Perspectiva de Reflexão na Prática para a Reconstrução Social,

diferentemente das demais defende o ensino como uma atividade crítica, ética, uma

prática social, apresentando o ―enfoque de crítica e reconstrução social‖ e ―enfoque

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38

de investigação-ação e formação do professor para a compreensão”. (PÉREZ

GÓMEZ, 1998)

No primeiro, os programas de formação se estruturam na aquisição de uma

bagagem cultural de clara orientação política e social; e o desenvolvimento de

capacidades de reflexão crítica sobre a prática com intuito de modificá-la.

No segundo enfoque, de acordo com PÉREZ GÓMEZ (1998, p. 379), a

prática docente é considerada como uma prática intelectual e autônoma, na qual o

professor reflete ―sobre sua intervenção, exerce e desenvolve a sua própria

compreensão‖. Dentro dessa concepção, o professor é um profissional autônomo

que reflete criticamente sobre a sua prática docente. Assim, ele usa essa prática

como elemento de reflexão, procurando entender as situações vividas e construindo

saberes desse fazer. Outro aspecto apontado é o diálogo, a contribuição de outros

colegas no debate reflexivo.( PÉREZ GÓMEZ, 1998)

Essas perspectivas de formação apontam as concepções existentes sobre o

papel do professor: de técnico, de profissional reflexivo e de intelectual crítico.(

PÉREZ GÓMEZ, 1998)

Além disso, observamos que tais estudos recomendam a reflexão como

estratégia de formação, mostrando que o professor necessita refletir sobre sua

prática pedagógica, para conhecer suas dificuldades e aprofundar os conhecimentos

necessários ao desenvolvimento de sua atuação em sala de aula, diante das

incertezas e dos problemas que enfrentam.

3.2 A importância de uma nova formação docente ao professor de

matemática

Dessa forma, as mudanças que ocorrerem na sociedade e na educação vêm

apontando a necessidade de uma nova proposta educativa para dar sentido à

escola, especificamente às diferentes realidades vivenciadas pelos alunos.

É com tal propósito que o documento ―Educação: um tesouro a descobrir‖ de

autoria de J. DELORS (1998), publicado pela UNESCO, tem como fundamento os

‗pilares para a educação‘ do novo milênio: aprender a conhecer, adquirir os

instrumentos da compreensão; aprender a fazer, agir no ambiente; aprender a

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39

conviver, participar e cooperar; aprender a ser, via essencial que integra os outros

pilares.

Nesse sentido, o esse documento sugere repensar o currículo, a função da

escola e a formação dos professores. Entre outras ações, porque a realidade da

escola exige dos professores novos saberes e competências para compreender

melhor o processo de aprendizagem do novo alunado. Aponta, também, a

importância do papel do professor enquanto agente de mudança.

Podemos deduzir que a formação docente precisa considerar os ―pilares da

educação‖, visto que o saber/fazer/ser do professor é construído por ele, através de

interações em práticas coletivas. No processo de formação docente, que ―supõe

troca, experiência, interações sociais, aprendizagens‖ (MOITA, 1995, p. 115), pode-

se considerar que o professor vai reconhecendo-se como pessoa e como

profissional.

ANTUNES (2001), ao discutir sobre "as competências em sala de aula,

denomina os pilares de aprendizagens essenciais". Para o autor,

as quatro aprendizagens são essenciais para a formação dos alunos e professores, chamando atenção especial para a aprendizagem ―aprender a fazer‖, pois esta segunda aprendizagem enfatiza a questão da formação profissional e o preparo para o mundo do trabalho.

Para ANTUNES, aprender a fazer significa― despertar e estimular a

criatividade para que se descubra o valor construtivo do trabalho, sua importância

como forma de comunicação entre o homem e a sociedade‖ (ANTUNES, 2001, p.

34).

PERRENOUD (2000, p. 15), ao discutir a formação de professores, defende

que as formações iniciais e contínuas devem ser orientadas para o desenvolvimento

de competências como um ―instrumento para pensar as práticas‖. Segundo esse

autor, para aprender o movimento da profissão, os professores precisam

desenvolver competências

de organizar e dirigir situações de aprendizagem; administrar a progressão das aprendizagens; conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho; trabalhar e envolver os pais; utilizar tecnologias; enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão; administrar sua própria formação contínua (PERRENOUD, 2000, p. 14).

Sobre a questão dos saberes indispensáveis à prática educativa, FREIRE

(2001) considera que "ensinar exige saberes que são definidos em função do saber-

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fazer-pensar, que coerentes entre si, auxiliam na formação do educador crítico e

transformador".

Nessa perspectiva, "a formação do professor está baseada na reflexão, em

sua formação intelectual, para que diante das novas situações e das incertezas,

venha a procurar novas respostas" (FREIRE, 2001). De acordo com Freire, ensinar

exige risco e aceitação do novo, a "disponibilidade ao risco, ao novo que não pode

ser negado ou acolhido só porque é novo, assim como o critério de recusa ao velho

não é apenas o cronológico. O velho que preserva sua validade ou que encarna uma

tradição ou marca uma presença no tempo continua novo‖ (FREIRE, 2001, 39).

De fato, as inovações na educação precisam sair do plano do discurso, e

enfrentar as incertezas. Concordamos com Edina Oliveira que ―de nada adianta o

discurso competente se a ação pedagógica é impermeável à mudanças‖ (OLIVEIRA,

2001 apud FREIRE, 2001, p. 11).

Dentro dessa compreensão, não comporta mais uma formação de saberes

fragmentados, fundamentados em transmissão de técnicas e procedimentos, não

contextualizados.

No âmbito da formação inicial e continuada, esses saberes são fundamentais

para a atuação docente, por possibilitar ao professor a construção de novos

conhecimentos, criando novas formas de articular a teoria e a prática, gerando ―a

rede que integra os domínios do saber e do agir intercomunicando-os num diálogo

aberto e promissor‖ (TARDIF, 2002, p, 16).

Pensando nesse processo,

a formação de professores está direcionada à formação do cidadão ideal para a sociedade na qual se encontra inserido, sendo esta formação permeada pelo papel que ele precisa desempenhar, assim como pela função do conhecimento cientifico, dos mecanismos de ação e pela clientela que precisa alcançar com seu trabalho. Em outras palavras, essa formação está situada na interface entre o individual e o social como um todo devendo estar articulado entre o fazer individual e de partilha entre os outros atores na escola. (TARDIF, 2002, P. 16)

Concordamos com NÓVOA (1995, p. 25) ao afirmar que a ―formação deve

estimular uma perspectiva crítico-reflexiva que forneça aos professores os meios de

um pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada‖.

Nesse sentido, "o importante é valorizar a formação de professores reflexivos, que

assumam a responsabilidade do seu desenvolvimento profissional" (NOVOA, 1995).

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41

Não basta o acúmulo de cursos, de conhecimentos e de técnicas que constitui

a formação docente, mas, ao contrário, essa formação deve ser construída através

de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas dos docentes, numa

coletividade. Isto significa a produção de saberes e valores os quais fortaleçam a

autonomia e a reflexão no trabalho do professor, porém sem encorajar o

desenvolvimento de práticas de formação individuais.

Nesse aspecto, a formação docente deve ter como ponto de partida a pessoa

do professor, a sua experiência e o trabalho coletivo. Na tentativa de responder às

demandas da formação de professores, novas políticas foram estabelecidas para

esses cursos, no sentido de mobilizar os professores a repensarem sua prática, de

modo que se percebam sujeitos de sua própria formação. Além disso, é proposto um

projeto de formação na própria escola, como parte integrante do projeto político

pedagógico desta.

Do ponto de vista de CONTRERAS (2002), é preciso que se compreenda o

significado da autonomia do professor. Esse autor destaca que, na visão da

concepção Intelectual crítico, a autonomia é considera como

Emancipação, superação das distorções ideológicas, consciência crítica. Autonomia como processo coletivo (configuração discursiva de uma vontade comum), dirigido à transformação das condições institucionais e sociais do ensino (CONTRERAS, 2002, p. 192).

Para CONTRERAS (2002) é importante o entendimento de que a autonomia

não significa isolamento e nem é possível sem apoio. É construída num processo

dinâmico e coletivo. Podemos dizer que o seu pensamento se assemelha ao de

FREIRE (2001), pela defesa de um parâmetro de formação reflexiva, dialógica

epartilhada, na construção de uma pedagogia da autonomia.

De certo modo, ao se pensar na formação contínua dos professores, nos dias

atuais, é impossível ignorar a ―trilogia desenvolvimento pessoal, profissional e

organizacional‖ (NÓVOA, 2002, p. 61). Essa formação deve buscar uma educação

comprometida com a emancipação dos seus sujeitos. Deve-se dar, também, no

âmbito das políticas públicas, de modo a oferecer melhores condições de trabalho.

Em suma, concordamos com RAMALHO (2003, p. 26), quando afirma que a

prática reflexiva ―não deve ser solitária do professor, essa prática deve estar inserida

nas relações institucionais e sociais, sob pressupostos explícitos dos projetos

educativos‖.

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42

Nesse debate, NÓVOA (2001, p. 63-65) pontua cinco práticas da formação

contínua:

1. deve alimentar-se de perspectivas inovadora e procurem investir do ponto de vista educativo as situações escolares. 2. valorizar as actividades de (auto) formação participada e de formação mútua. 3. alicerça-se numa ―reflexão na prática e sobre a prática‖, valorizando os saberes de que os professores são portadores. 4. insentivar a participação e realização de todos os professores na concepção, realização e avaliação de programas de formação. 5. deve capacitalizar as experiências inovadoras e as redes de trabalho que já existem no sistema escolar.

Nesse contexto, a proposta para a formação contínua tem um novo sentido.

Deve motivar o professor a reconhecer o sentido de sua prática, como

também, aponta a escola como espaço de formação, sobretudo à prática docente

como conteúdo a ser estudado, visto que, as ações e decisões da prática

pressupõem um saber e um fazer, fundamentado em crenças e intencionalidades.

No exercício docente, o professor vive intensas situações didáticas, problemas com

a transmissão de conteúdos, dificuldades no relacionamento com alunos, pais e

colegas de trabalho, dentre outras.

Essas questões sobre as condições de trabalho que merecem ser

aprofundadas e redimensionadas no coletivo. Para isso, é necessário criar redes de

convivência e de trabalho, nas quais os professores possam refletir, e tomar ciência

dos valores, concepções e crenças que são atribuídos a sua prática e à escola. Que

possam aceitar, questionar e criar as inovações na educação.

A formação continuada e em serviço, na perspectiva reflexiva e dialógica, é

um processo que conduz os professores à articulação entre o pensar e o fazer.

Demanda de o professor tomar ciência de seu movimento profissional,

especificamente do conhecimento sobre as questões educativas. Esse tipo de

formação é importante, pois nem sempre estamos atentos a perceber os

pensamentos que sustentam a nossa ação pedagógica. O diálogo vai favorecer a

consciência da totalidade da sala de aula e da escola, uma vez que existe

resistência de pensamento em mudar as ações e posturas diante da realidade

vivida.

As provocações do diálogo precisam enfatizar a formação a partir da prática,

sem deixar de considerar o contexto social. Entendemos que o diálogo é um

elemento importante no processo de formação docente e no desenvolvimento da

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escola. Podemos desenvolver atitude de diálogo em pequenos grupos, em duplas e

individualmente. O importante é pôr em prática, estabelecendo o significado

compartilhado, para que a escola passe a funcionar de maneira menos incoerente.

Temos presenciado uma formação continuada e em serviço fragmentada,

caminhado para uma formação ―bancária‖, pois os cursos oferecidos não

possibilitam o diálogo e nem a reflexão para que, de fato, os professores

compreendam as necessidades de sua prática pedagógica. Acrescentamos que as

proposta de formação continuada e em serviço, precisam oferecer uma ―experiência

dialógica‖, de modo que os educadores desenvolvam uma consciência crítica de sua

tarefa e do lugar social; e se apaixonem pelo ato de ensinar.

O desafio que se coloca neste momento é o de tornar a escola um espaço de

formação numa perspectiva de diálogo e reflexão. Esse desafio pode ser superado

se a escola estabelecer espaço/tempo para estudos e discussões, o que favorecerá

a troca entre os educadores, coordenadores e diretores. Outro fator importante é ter

um serviço de apoio pedagógico para os professores e para seus alunos.

Ressaltamos, mais uma vez, que diante da perspectiva de educação voltada

para a inclusão de todos alunos na escola regular, torna-se fundamental a

articulação de espaço/tempo de formação, através de políticas públicas de formação

continuada e em serviço, bem como também aos professores assumirem a

responsabilidade pela sua formação.

É importante destacar que os órgãos governamentais podem contribuir para a

consolidação da inclusão, através da elaboração de políticas públicas de formação

em serviço. Assim, o tempo de estudo pode estar inserido dentro dos horários de

trabalho, para que os professores possam participar, visto que a maioria trabalha em

outras instituições para poderem se manter/sobreviver. Portanto, é impossível estar

na escola mais cedo para planejar ou participar de estudos. E mais, a formação,

acontecendo no horário de trabalho, possibilita maior envolvimento dos professores

em atividades e discussões coletivas, a respeito de estratégias pedagógicas e

teorias que respaldam o trabalho.

Constatamos que a formação docente deve ter uma perspectiva de

continuidade, enfatizando aspectos que permitam ao professor superar os

obstáculos inerentes à sua ação. Essa formação continuada e em serviço não deve

ser só institucional, mas também pessoal. Nós, professores, cada vez mais nos

deparamos com novos conhecimentos, novas descobertas tanto com relação ao

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desenvolvimento humano quanto à dinâmica social; cada vez mais as questões da

escola são emergentes, urgentes.

Trata-se de dar sentido à formação, de maneira que permita ao professor lidar

adequadamente com o contexto escolar, ao refletir sobre as questões reais,

associadas a sua sala de aula. Isto o auxilia a perceber as incoerências do

pensamento expostas nas ações cotidianas, de modo a transformar sua ação

docente e a desenvolver sua criatividade ao pensar nas estratégias pedagógicas.

Cremos que o processo de formação continuada e em serviço é importante

para o aprendizado contínuo do professor, possibilitando a ressignificação dos

saberes pedagógicos, auxiliando-os na construção da docência crítica, consciente e

mais humana, frente às mudanças e incertezas que, por ventura, venham a se

deparar.

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4 O USO DIDÁTICO DA MATEMÁTICA

AUSUBEL et al. (1980), coloca que a aprendizagem significativa ocorre

―quando nova informação adquirida ‗ancora-se‘ em conceitos relevantes previamente

existentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Nesse processo, a nova informação

interage com uma estrutura de conhecimento específica‖.

Para SANTOS (2007, p. 17):

Ultimamente, os professores estão se dando conta de que o interesse da maioria de seus alunos aumenta consideravelmente quando o que está sendo ensinado faz parte de seu cotidiano, ou, pelo menos, o aluno consegue vislumbrar uma aplicação prática do que aprendeu no seu cotidiano. Se sentem motivados ao perceber que poderão usar esse conhecimento também fora da sala de aula. Daí a necessidade de se contextualizar o que está sendo ministrado em sala de aula, trazendo o ensino da Matemática para as vivências do aluno. Entretanto, não é tão simples quanto parece. Alguns equívocos são cometidos nesse processo, por exemplo, quando se acredita que contextualizar é usar o meio do aluno para ser cenário dos exercícios dados em sala de aula. Assim, alguns acreditam que nos ―probleminhas‖, deve-se usar futebol, coleção de figurinhas da moda, cachorros, gatos, bolas de gude, por estarem sempre presentes na vida da criança. Na verdade, os desafios implícitos nesses ―probleminhas‖, não interessam aos alunos, pois eles não se sentem responsáveis por aquilo que se propõe.

Hoje, a escola vive uma dicotomia quanto à sua função, de um lado temos o

entendimento de que a escola deve oferecer mais que a escolarização formal, cabe

a esta também respeitar as idiossincrasias de seus atores, despertar a curiosidade,

desenvolver a autonomia e estimular o rigor intelectual (PERRENOUD, 1999); de

outro lado, temos que o papel da escola é, de forma muito mais estreita, formar

indivíduos aptos ao trabalho, prontos para favorecer o crescimento econômico.

Percebe-se, portanto, a divisão entre a função da escola para a educação de um

cidadão crítico-reflexivo e a função da escola para o mercado de trabalho.

Assim, nota-se que se atribui à educação uma função muito ampla que se

estende aos professores e, em conseqüência, a sua formação.

Diante destas colocações, somos conduzidos a acreditar que a aprendizagem

de modo comum e, particularmente a aprendizagem em matemática apenas

acontecerá realmente no momento em que esta tiver algum sentido prático para o

aluno.

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A procura desse significado objetivo e do seu sentido atravessa alguns

caminhos e probabilidades, e, dentre elas, a possibilidade do uso da História da

Matemática se faz presente.

4.1 Das competências necessárias

Note-se que ―O processo de ensinar, que implica o de educar e vice-versa,

envolve a ―paixão de conhecer‖ que nos insere na busca prazerosa, ainda que nada

fácil.‖ (FREIRE, 2006, p. 11)

De acordo com D‘AMBROSIO (1999), "a formação de um professor é vista

como resultado de um processo histórico-cultural. Um dos problemas mais graves

enfrentados pela educação diz respeito à falta de capacitação para conhecer o aluno

e a obsolescência dos conteúdos adquiridos nas licenciaturas".

Assim, conforme PIMENTA (2002) "reconhecendo a quantidade e a

velocidade das informações na sociedade de hoje, cabe estabelecer a diferença

entre a informação e conhecimento". E mais:

Conhecer é mais do que obter as informações. Conhecer significa trabalhar as informações. Ou seja, analisar, organizar, identificar suas fontes, estabelecer as diferenças destas na produção da informação, contextualizar, relacionar as informações e a organização da sociedade, como são utilizadas para perpetuar a desigualdade social. Trabalhar as informações na perspectiva de transformá-las em conhecimento é uma tarefa primordialmente da escola. Realizar o trabalho de análise crítica da informação relacionada à constituição da sociedade e seus valores, é trabalho para professor e não para monitor. (PIMENTA, 2002, P. 352)

Ou seja, para um profissional preparado científica, técnica, tecnológica,

pedagógica, cultural e humanamente. Um profissional que reflete sobre seu fazer,

pesquisando-o nos contextos nos quais ocorre.

Desta forma, o professor que almejamos para promoção desta educação de

qualidade é um professor crítico-reflexivo, que somente assim será se for

inicialmente formado com competências e saberes necessários para tanto.

As competências profissionais que este ensino de qualidade requer já foram

postas em nossa legislação. O Conselho Nacional de Educação analisando os

artigos 62 e 63 da LDB indicou normas e orientações para a organização dos

Institutos Superiores de Educação e estabeleceu as Diretrizes Curriculares

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Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica em nível superior,

aprovadas pelo Conselho Pleno em agosto de 2001 – o Parecer n. 09/2001 do CNE.

Quanto a formação de professores o Parecer n. 09/2001 estabelece como

competência profissional a capacidade ―de mobilizar múltiplos recursos numa

mesma situação, entre os quais os conhecimentos adquiridos na reflexão sobre as

questões pedagógicas e aqueles construídos na vida profissional e pessoal para

responder às diferentes demandas das situações de trabalho‖(p. 28), ou seja, é

necessário que o professor tenha domínio não só dos conhecimentos específicos em

torno dos quais deverá agir, mas, também, tenha a compreensão das questões

envolvidas em seu trabalho, sua identidade e resolução, autonomia para tomar

decisões, responsabilidade pelas opções feitas, necessitando, ainda que ele saiba

avaliar criticamente a própria atuação e o contexto em que atua e que saiba,

também, interagir cooperativamente com a comunidade profissional a que pertence

e com a sociedade (p. 27).Todo este desenvolvimento das competências do

professor, segundo a legislação, deverão incidir na ação teórico-prática (p. 28).

Assim, os cursos de formação de professores, segundo DI GIORGI, LEITE E

RODRIGUES (2005),

Devem possibilitar ao profissional docente saber lidar com o processo formativo dos alunos em suas várias dimensões: cognitiva, psicológica, afetiva, ética e dos valores universais. E para isso, além de uma formação inicial que promova o desenvolvimento destas capacidades, o docente em exercício deverá estar vinculado a uma formação contínua que propicie o avanço a outras formas de trabalho, estimule o trabalho coletivo e interdisciplinar.

A autora coloca que se trata de pensar na ―parte que nos cabe‖, lembrando

sempre que esta parte esta ligada a outros componentes de um todo. (RIOS, 2003)

CONTRERAS (2002) dimensiona esta problemática em três perspectivas:

a obrigação moral, que é o comprometimento do professor com todos os seus alunos em seu desenvolvimento como pessoas, é a prática de uma ética que requer o compromisso com juízos profissionais contínuos; o compromisso com a comunidade que é ter a educação não como um problema da vida privada do professor, mas uma ocupação socialmente encomendada e responsabilizada publicamente; e a competência profissional que é decorrente deste comprometimento com os alunos, já que como qualquer outro trabalho, o ensino necessita de um certo domínio de habilidades, técnicas e, em geral, recursos para a ação didática, da mesma forma que deve conhecer aqueles aspectos da cultura e do conhecimento que constituem o âmbito ou o objeto do que se ensina, mas isto transcende os conhecimentos meramente didáticos, pois o professor deve combinar as habilidades com os princípios e a consciência do sentido e das conseqüências destas práticas pedagógicas.

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No mais, o Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre

educação para o século XXI – ―Educação: um tesouro a descobrir‖ (2001), conhecido

por Relatório Delors, cita como rastros e conselhos para a educação, que esta se

fundamente em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a

viver juntos, aprender a ser. Assim, apresentando:

• Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que também significa: aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida. • Aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente uma qualificação profissional mas, de uma maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Mas também aprender a fazer, no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho que se oferecem aos jovens e adolescentes, quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacional, quer formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho. • Aprender a viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências — realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos — no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz. • Aprender a ser, para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir com cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para isso, não negligenciar na educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se. (UNESCO, 2001)

Seguindo estes pilares, Isao AMAGI (UNESCO, 2001) considera três

aspectos relevantes quando se aborda a qualidade do ensino:

A melhoria das competências dos professores, a concepção e elaboração de programas e a gestão das escolas. O que deixa claro que não é somente a aquisição de melhores competências na formação dos professores que aumentará a qualidade do ensino, mas isto é extremamente importante.

Temos ainda descrito pelo autos a aquisição de ―melhoria das competências

dos professores‖ dividida em seis políticas que devem ser implementadas, a quais,

pela sua relevância, passamos a citar:

I. Melhoria das competências dos professores, mediante a adoção das seis políticas ou medidas seguintes: 1) O nível de formação inicial dos professores é, atualmente, em alguns países, o dos estudos secundários; esta formação deveria ser revalorizada e passar a ser de nível superior, como é o caso de numerosos países industrializados onde os professores são formados em institutos pedagógicos ou na universidade. Em alguns destes países, existem cursos do segundo ciclo superior que preparam para o ensino da pedagogia.

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2) Os certificados de aptidão para o ensino deviam indicar para que nível e para que tipo de educação — primário, secundário, ensino técnico ou profissional, educação especial etc. — a formação inicial do titular o habilita. 3) O recrutamento e a destinação de professores deviam deixar transparecer o cuidado em garantir um justo equilíbrio entre as diversas áreas, entre professores com mais e com menos experiência, entre zonas urbanas e zonas rurais etc. 4) A formação em serviço é uma forma de educação permanente altamente recomendada, por permitir a todos os membros do corpo docente melhorar suas competências pedagógicas, tanto no plano da teoria como no da prática. Esta formação em serviço deverá ter em conta a elaboração de programas e os seus aspectos conexos. 5) As condições de trabalho dos professores — como a dimensão da turma, as horas ou dias de trabalho e os meios de que dispõem — deveriam ser tidas em consideração. 6) A remuneração dos professores deveria ser suficientemente elevada, a fim de levar jovens talentosos a abraçar a profissão e atingir um nível razoavelmente comparável ao de outras categorias da função pública. Uma das principais preocupações das autoridades competentes deveria ser a definição de uma política de conjunto para os professores, combinada com as medidas acabadas de mencionar.(AMAGI apud UNESCO, 2001)

Assim, segundo as Diretrizes Curriculares do Ministério da Educação temos

as seguintes competências:

I- Representação e comunicação: leitura, transmissão de idéias, interpretação

e produção de textos nas diversas formas características da Matemática. Algumas

habilidades referentes a esta competência são:

a) ler e interpretar dados apresentados em tabelas, gráficos, diagramas,

fórmulas, equações, ou representações geométricas;

b) Traduzir informações de uma dessas formas de apresentação para outra;

c) Utilizar essas formas de apresentação de informações selecionando, em

cada caso, as mais adequadas;

d) ler e interpretar diferentes tipos de textos com informações apresentadas

na forma de linguagem matemática como, por exemplo, artigos de conteúdo

econômico, social ou cultural, que aparecem em jornais e revistas, em propagandas

de promoções e vendas, apresentados em folhetos ou na mídia;

f) expressar-se com clareza sobre temas matemáticos, oralmente ou por

escrito.

II - Investigação e compreensão: capacidade de enfrentar desafios e

resolução de situações-problema, utilizando-se de conceitos e procedimentos

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peculiares (experimentação, abstração, modelagem). Algumas habilidades

referentes a esta competência são:

a) Identificar os dados relevantes numa situação-problema, para buscar

possíveis resoluções;

b) Elaborar estratégias para resolver uma dada situação-problema; Identificar

regularidade em dadas situações;

c) Fazer estimativas;

d) Interpretar, fazer uso e elaborar modelos e representações matemáticas

para analisar situações;

e) Reconhecer relações entre a Matemática e as outras áreas do

conhecimento.

III - Contextualização no âmbito histórico ou sócio-cultural, na forma de

análise crítica das idéias e dos recursos da área, para questionar, modificar ou

resolver problemas propostos. Algumas habilidades referentes a esta competência

são:

a) compreender a construção do conhecimento matemático como um

processo histórico, em estreita relação com as condições sociais, políticas e

econômicas de uma determinada época;

b) Compreender a responsabilidade social associada à aquisição e ao uso do

conhecimento matemático, sentindo-se mobilizado para diferentes ações que

envolvam seu interesse como cidadão ou de sua comunidade;

c) Utilizar as ferramentas matemáticas para analisar situações de seu entorno

real e propor soluções; etc.

O objetivo é criar condições para uma aprendizagem motivadora, que leve a

superar o distanciamento entre os conteúdos estudados e a experiência do aluno,

estabelecendo relações entre os tópicos estudados e trazendo referências que

podem ser de natureza histórica, cultural ou social, ou mesmo de dentro da própria

Matemática.

Na visão de Paulo FREIRE, ser professor ou professora não é ser uma figura

estática e descomprometida. Nesse sentido ele ressalta:

Um professor que não leva a sério a sua prática docente, que por isso mesmo, não estuda e ensina mal o que mal sabe, que não luta para que disponha de condições materiais indispensáveis à sua prática docente, se proíbe de concorrer para a formação da imprescindível disciplina intelectual dos estudantes. Se anula, pois, como professor. (FREIRE, 2002, p. 83).

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FREIRE (2000, p. 43), esclarece:

É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática.

Para ISHII (2008, p. 71) o importante é observar, no que tange ao ensino de

matemática e as competências dos profissionais desta área, que:

Quando a prioridade do ensino é o aprendizado, a postura de quem ensina modifica-se. O aporte pedagógico recebido pelos professores possui outra ênfase. No que diz respeito ao processo ensino-aprendizagem de Matemática, percebemos um consenso entre nossos depoentes: os conhecimentos devem ser construídos.

4.2 A importância da história da Matemática para o seu uso didático

Na atualidade, diversos e pesquisas têm sido realizados no campo do ensino

da matemática, a fim de demonstrar a importância da utilização da história da

matemática como prática pedagógica. Segundo SANTOS (2007, p. 14-15):

Um dos recursos que o professor tem para tirar o aluno da condição de expectador passivo é o tratamento contextualizado do conhecimento. Em Matemática, a contextualização pode ser bastante útil e leva o aluno a uma aprendizagem significativa. O ensino fora de contexto tem se mostrado ineficaz, pois os alunos, de forma geral, memorizam as informações recebidas durante as aulas de Matemática e as reproduzem nos instrumentos de avaliação, sem desenvolver competências para aplicá-las em situações distintas das abordadas em sala de aula. A História da Matemática pode levar à contextualização. Essa é uma maneira de aproximar o mundo matemático ao universo do aluno e a realidade que o cerca. A aprendizagem contextualizada é um contexto relativamente recente da ciência cognitiva, em contraposição às teorias essencialmente direcionadas como o behaviorismo, que predominaram por muitas décadas na educação. No ensino contextualizado de Matemática, os alunos adquirem conhecimentos que podem ser aplicados ou mesmo associados à situação real de seu cotidiano. A partir daí, o aluno é capaz de aplicá-lo a novas situações, e poderá ser associado para a resolução de novos problemas que apareçam.

Viana (1995), defende que "não apenas o estudo da História da Matemática

pode contribuir para uma melhor compreensão do conteúdo matemático, como o

estudo da História e dos problemas teóricos e metodológicos a ela associados pode

lançar alguma luz sobre o conhecimento deste conteúdo matemático".

Segundo D‘AMBRÓSIO (1997), algumas das finalidades principais da História

da Matemática seriam:

Page 52: Monografia Romilson Matemática 2010

52

Para situar a Matemática como uma manifestação cultural de todos os povos em todos os tempos, como a linguagem, os costumes, os valores, as crenças e os hábitos, e como tal diversificada nas suas origens e na sua evolução;

Para mostrar que a Matemática que se estuda nas escolas é uma das muitas formas de Matemática desenvolvidas pela humanidade;

Para destacar que essa Matemática teve sua origem nas culturas da Antigüidade mediterrânea e se desenvolveu ao longo da Idade Média e somente a partir do século XVII se organizou como um corpo de conhecimentos, com um estilo próprio;

Para saber que desde então a Matemática foi incorporada aos sistemas escolares das nações colonizadas, se tornou indispensável em todo o mundo em conseqüência do desenvolvimento científico, tecnológico e econômico, e avaliar as conseqüências sócio-culturais dessa incorporação.

É pela História da Matemática que se tem possibilidade do estudante

entender como o conhecimento matemático é construído historicamente.

Segundo Jean Paul GUICHARD,

Ao despir a Matemática das suas longas tradições para a vestir com conjuntos e estruturas, muitos assuntos perderam todo o encanto e atração.. Talvez não tenhamos despejado o bebê juntamente com a água da banheira ao retirar as matemáticas o conjunto dos assuntos e dos capítulos mais antigos e menos coerentes, mas perdemos com certeza o sabão: sabemos como é fácil encontrar estudantes que pensam que as matemáticas cheiram mal. (apud MIGUEL E MIORIM, 2004, p. 74)

E SANTOS (2007, p. 35), prioriza:

De fato, sem a perspectiva crítica que a História nos dá, a Matemática ensinada transforma-se pouco a pouco no seu próprio objeto, e os objetos matemáticos ficam desnaturados: já não são mais do que objetos de ensino. Aprendem-se os casos notáveis para eles mesmos, a noção de distância para ela mesma: está-se então em presença do fenômeno da transposição didática em que o objeto de ensino é o resultado de uma descontextualização, está separado da problemática que lhe deu origem e que faz viver a noção como saber. O saber toma o aspecto de uma realidade anti-histórica, intemporal, que se impõe por si mesma e que, sem produtor, aparecendo livre em relação a qualquer processo de produção, não se lhe pode contestar a origem, a utilidade, a pertinência. Por tudo isso, tem-se buscado uma maneira de reencontrar o sentido do que se ensina e uma das ferramentas para isso tem sido a história da matemática.

Page 53: Monografia Romilson Matemática 2010

53

5 A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO: ESTUDO DE

CASO EM UMA ESCOLA PÚBLICA

5.1 Análise dos dados

1-Qual série você freqüenta?

0

2

4

6

8

10

12

1º ano

EM

2º ano

EM

3º ano do

EM

1º ano EM

2º ano EM

3º ano do EM

Fonte: ROSÁRIO (2010)

Conforme mostra o gráfico acima, dos 30 alunos entrevistados 7 estão no

1° ano do Ensino Médio, 11 no 2° ano e 12 estão no 3° ano do Ensino Médio.

2-Você tem interesse pela disciplina de matemática?

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Sim Não Um pouco

Sim

Não

Um pouco

Fonte: ROSÁRIO (2010)

Page 54: Monografia Romilson Matemática 2010

54

De acordo com o gráfico acima, 17 dos 30 alunos entrevistados gostam

apresentam interesse pela disciplina de matemática. Os dados coletados

demonstraram que 7 não gostam, e que a minoria (6 ) gostam um pouco.

3- Você se considera um aluno motivado para aprender o conteúdo de matemática?

0

2

4

6

8

10

12

Sim Não Um pouco

Sim

Não

Um pouco

Fonte: ROSÁRIO (2010)

Os dados do gráfico 3 evidenciam que a maioria dos alunos se sentem

motivados para aprender o conteúdo de matemática, sendo 10 alunos consideram

que não se sentem motivados para aprendizagem e 8 alunos se sentem apenas um

pouco motivados.

Page 55: Monografia Romilson Matemática 2010

55

4- Você apresenta dificuldade para aprender os conteúdos de matemática?

0

2

4

6

8

10

12

14

Sim Não Alguns

conteúdos

Sim

Não

Alguns conteúdos

Fonte: ROSÁRIO (2010)

De acordo com o gráfico 5, dos alunos que responderam ao questionário 14

não têm dificuldade em aprender os conteúdos de matemática. Já 9 afirmam ter

dificuldades e 7 apenas em alguns conteúdos da disciplina.

Page 56: Monografia Romilson Matemática 2010

56

5- Você tem conhecimento que a matemática é uma ciência que teve sua origem na antiguidade?

0

5

10

15

20

25

Sim Não

Sim

Não

Fonte: ROSÁRIO (2010)

O gráfico acima demonstra que dos 30 alunos entrevistados apenas 6 tem

conhecimento que a matemática é uma ciência que teve origem na antiguidade. Os

outros 24 alunos não têm esse conhecimento.

Page 57: Monografia Romilson Matemática 2010

57

6- Você já estudou em sala de aula a origem e a evolução da matemática?

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Sim Não

Sim

Não

Fonte: ROSÁRIO (2010)

De acordo com os dados do gráfico 6 a maioria dos alunos (17) declarou

que não estudou a origem e a evolução da matemática em sala de aula e 13 alunos

confirmaram que já estudaram este conteúdo.

Page 58: Monografia Romilson Matemática 2010

58

7- Você que já estudou a história da matemática em sala de aula, se sentiu

motivado para aprender o conteúdo?

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Sim Não

Sim

Não

De acordo com o gráfico acima, 9 dos alunos entrevistados que já

estudaram a história da matemática se sentiram motivados para aprender o

conteúdo e 4 responderam o contrário.

Page 59: Monografia Romilson Matemática 2010

59

8- Quando você estudou história da matemática, percebeu que houve interesse

de seus colegas de classe por esse conteúdo?

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Sim Não

Sim

Não

Analisando o gráfico acima, constata-se que 10 dos 13 alunos que

responderam ao questionário perceberam que houve interesse de seus colegas de

classe pelo conteúdo da história da matemática, e 3 dentre eles, responderam que

não.

Page 60: Monografia Romilson Matemática 2010

60

9- O estudo da história da matemática contribuiu para que você aprendesse

melhor alguns conceitos de matemática?

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Sim Não

Sim

Não

De acordo com os dados do gráfico acima, dos 3 alunos que tiveram aula de

história da matemática10 afirmam que esse conhecimento contribuiu para que

aprendessem alguns conceitos da matemática e 3 responderam o contrário.

Page 61: Monografia Romilson Matemática 2010

61

10- Você que nunca estudou história da matemática, tem interesse em

aprender este conteúdo?

0

2

4

6

8

10

12

14

Sim Não

Sim

Não

O gráfico acima mostra que 13 dos alunos que responderam ao questionário

que nunca estudaram história da matemática tem interesse em aprender este

conteúdo e 4 não tem interesse.

Page 62: Monografia Romilson Matemática 2010

62

5.2 Análise geral dos resultados

A História da Matemática como ferramenta no processo ensino-

aprendizagem tem sido um tema muito debatido por profissionais desta área. Devido

à sua importância, este estudo buscou conhecer a percepção dos alunos em relação

ao o ensino da História da Matemática e sua importância para estes.

Neste sentido VAILATI & PACHECO (2008, p.2) salientam que:

Atualmente, no campo da Educação Matemática, as discussões e investigações quanto a práticas pedagógicas indicam a necessidade de superação da visão fragmentada e a-histórica da matemática. A partir de certas metodologias pode-se propiciar uma formação mais ampla do aluno, observando-se os aspectos lógicos, históricos e culturais das produções matemáticas.

A pesquisa realizada entre estudantes de uma escola pública que

freqüentam as séries do Ensino Médio evidenciou que a maioria dos alunos gosta de

estudar.

Deste resultado pode-se deduzir que estes alunos estão motivados para a

aprendizagem, pois a motivação influencia no processo de aprendizagem do ser

humano, levando-o a sair em busca de novas aprendizagens, a partir das quais será

capaz de internalizar os conteúdos transmitidos de maneira significativa. Segundo

Lima (2007, p.1) ―não há aprendizagem sem motivação, assim um aluno está

motivado quando sente necessidade de aprender o que está sendo tratado. Por

meio dessa necessidade, o aluno se dedica às tarefas inerentes até se sentir

satisfeito‖.

A motivação é, portanto o processo que mobiliza o organismo para a

ação, a partir de uma relação estabelecida entre o ambiente, a necessidade e o

objeto de satisfação. Isso significa que, na base da motivação está sempre um

organismo que apresenta uma vontade ou uma predisposição para agir.

O professor, ao construir propostas metodológicas de trabalho adequadas

à realidade de seu aluno, está inserindo o mesmo em uma nova maneira de pensar

a matemática, que não está restrita a aplicação de procedimentos sistematizados.

Ao explorar esse recurso metodológico é possível conceber o ensino da

matemática em um caráter dinâmico e motivador além de abrir caminhos que levem

Page 63: Monografia Romilson Matemática 2010

63

o aluno à redescoberta dos conteúdos através de investigações e discussões com

os colegas, para que, a partir daí, haja a reconstrução do conhecimento produzido

em períodos anteriores à da história

Para Moraes & Varela (2006, p.9) ―a motivação é energia para a

aprendizagem, o convívio social, os afetos, o exercício das capacidades gerais do

cérebro, da superação, da participação, da conquista, da defesa, entre outros‖.

Os dados analisados permitiram concluir que a matemática é uma disciplina

de interesse entre os alunos do Ensino Médio. Também se constatou que maioria

deles as consideram bons alunos de matemática e que têm uma boa percepção em

relação ao seu desempenho e à aprendizagem em relação aos conteúdos de

matemática.

Diante destes dados, deve-se ressaltar que os conteúdos trabalhados a

partir da História da Matemática possibilita que os alunos compreendam seus

significados, passando a ver a matemática como uma construção da humanidade

(LIMA et al, 2008).

Esta realidade está concordância com o pensamento de VAILATI &

PACHECO (2008, p.1) que afirmam que:

No âmbito da escola, muitas vezes a matemática é apresentada aos alunos sem qualquer referência à sua história, enfatizando-se procedimentos e técnicas, em detrimento da reflexão acerca das idéias matemáticas e da percepção de significados para os algoritmos, tornando-se uma atividade mecânica.

Os argumentos favoráveis para o ensino da história da matemática em

sala de aula são apontados por Baroni & Bianchi apud VAILATI & PACHECO (2008)

como

A história da matemática constitui um elo entre a matemática e outras

áreas do conhecimento.

Os estudos históricos da evolução dos conceitos matemáticos produzem

discussões referentes a inúmeros temas e propiciam uma formação mais

ampla.

Pode tornar-se mais interessante por meio de problemas históricos e

episódios intrigantes que motivam a aprendizagem.

Page 64: Monografia Romilson Matemática 2010

64

Permite a compreensão da matemática como uma construção humana, com

influências sociais e culturais.

Ocorre a desmistificação da matemática muitas vezes vista como um produto

a-histórico, fruto de uma estrutura lógica rígida.

Nesta direção VIA & SILVA (2009) sugerem que uso da História da

Matemática fornece elementos necessários para a construção de caminhos lógicos

com vistas à construção de conteúdos que se deseja ensinar. Além disto

proporciona ao aluno uma visão do significado e da totalidade da matéria, isto é,

sem reduzi-la a simples instrumento metodológico.

Para SILVA (2009) ensino da matemática tem grande relevância no

processo ensino-aprendizagem, pois:

Satisfaz o desejo de saber como é que os conceitos matemáticos apareceram e se desenvolveram;

O estudo dos autores clássicos pode oferecer grande satisfação em si, mas também pode servir de guia no trabalho matemático;

Ajuda a compreender a nossa herança cultural, não só através das aplicações que a matemática teve e ainda tem à astronomia, física e outras ciências, mas também através da relação que teve e ainda têm com campos tão variados como a arte, a religião, a filosofia e os ofícios

Oferece um campo de discussão comum com estudantes e professores de outras áreas

Fornece um pano de fundo para se compreenderem as tendências no ensino da matemática no passado e no presente

Pode-se temperar o ensino com conversas e anedotas

Fonte: SILVA (2009)

Cabe ressaltar que a matemática enquanto ciência base de várias áreas

do conhecimento. Dessa forma, seu domínio por parte dos alunos. Por isso é

necessário procurar novas métodos para transmiti-la, visando maior eficiência no

processo de ensino-aprendizagem (LIMA et al, 2008).

LIMA et al (2008) explica que trabalhar o conteúdo da História da

Matemática não significa repassar para o aluno datas e nomes que fizeram parte da

história da matemática, mas sim ―vincular as descobertas matemáticas aos fatos

Page 65: Monografia Romilson Matemática 2010

65

sociais e políticos, às circunstâncias históricas e às correntes filosóficas que

determinaram o pensamento e influenciaram o avanço científico de cada época‖.

Os dados analisados nesta pesquisa demonstraram que os alunos têm

interesse em aprender a História da Matemática e que acreditam que ela é

importante para o processo ensino-aprendizagem. Além disto, expressaram que

transmitiriam estes conhecimentos para outras pessoas.

Pode-se concluir que os alunos atribuem à História da Matemática

importância significativa dentro dos conteúdos ensinados dentro da disciplina de

matemática. Esta visão está de acordo com as ―Diretrizes Curriculares de

Matemática‖ que consideram que a História da Matemática deve orientar a

elaboração de atividades com problemas históricos, para que o aluno possa

compreender os conceitos e conceber a matemática como campo do conhecimento

em construção.

Complementando este pensamento MIGUEL & MIORIN apud LIMA et al

(288) a História da Matemática pode levar os a perceber a matemática como uma

criação humana e também as conexões existentes entre matemática e filosofia,

matemática e religião, matemática e lógica.

Face aos resultados apresentados nesta pesquisa é importante que a

escola e os professores de matemática busquem na História da Matemática uma

metodologia, visando estabelecer relação entre os conteúdos que fazem parte do

currículo e sua origem histórica.

Page 66: Monografia Romilson Matemática 2010

66

CONCLUSÃO

Por tudo que foi descrito neste trabalho o uso didático da história da

matemática deve ser difundido como um exemplo objetivo e pedagógico no

procedimento de ensino-aprendizagem da matemática nas escolas brasileiras.

Tanto que historicamente comprovamos que:

A par dos diferentes sistemas de numeração já empregados pela humanidade, contata-se também uma enorme variação do significado do número ao longo da historia. Basta considerar a crise da Escola Pitagórica causada pela descoberta dos Incomensuráveis por volta do século V a.C. A perplexidade dos matemáticos pitagóricos não decorre da dificuldade de representação simbólica dos Irracionais, mas da apreensão do seu significado. A incorporação da noção de grandeza incomensurável não representou uma alteração nos símbolos numéricos, mas no significado de Número. Compreender essa evolução dos significados ao longo da historia é fundamental para a elaboração de um ensino com significado, pois permite que se construam novamente os significados junto com os alunos. (SANTOS, 2007, P. 18)

A historia da matemática, aliada a valorização do conhecimento informal do

aluno e dos saberes matemáticos valorizando as diferentes formas de apropriação

do conhecimento matemático nas diferentes comunidades e nos diferentes contextos

socioculturais, tornaria mais motivador o aprendizado da matemática no âmbito

escolar.

Tornar evidente a presença e a importância da historia da matemática no

mundo tornou-se uma necessidade no ensino dessa disciplina. Abordá-la numa

perspectiva moderadora, onde o aluno é visto como um agente social transformador,

pode contribuir decisivamente para a construção da vida do aluno.

É necessário que a matemática e a história da matemática não seja tratadas

de forma única nos diversos contextos culturais. Cada comunidade possui

características próprias, relações diferentes de convivência e saberes individuais.

A história da matemática deve ser de fundamental importância para a prática

do professor, pois o mesmo deve reconhecer a necessidade de uma mudança

curricular que sirva para desenvolver e integrar diversos tipos de raciocínios na

produção de conjecturas e contribuam para desenvolver estratégias diferentes ou

selecionar as mais adequadas.

Assim, entende-se que se deve primar por desenvolver um espaço para a

discussão, reflexão e estudo dos conceitos aritméticos que privilegiem o

Page 67: Monografia Romilson Matemática 2010

67

desenvolvimento de estratégias para a prática docente, incentivando o estudo da

história da Matemática como recurso didático.

Somente através do diálogo é possível a compreensão da complexidade dos

problemas vividos na sala de aula/na escola. E isso requer do professor um

amadurecimento intelectual, no sentido de refletir sobre o seu pensar/fazer. A

capacidade de auto-reflexão proporcionaria aos professores apropriação de

conhecimentos, ao mesmo tempo, ressignificar sua prática docente.

Desta forma, é importante levar em conta também a importância da formação

pedagógica que obtiveram ao buscar outras fontes para compreender o processo de

ensino-aprendizagem, a importância de se saber como os alunos aprendem, como o

conhecimento é construído e assimilado.

No mais, um ensino com significado só pode ser construído por pessoas que

realmente gostam de aprender e de ensinar Matemática. Pessoas que realizam uma

educação para além dos conteúdos escolares.

Esse gosto pelo ensinar Matemática nos reporta aos ensinamentos de Paulo

Freire:

E o que dizer, mas sobretudo que esperar de mim, se, como professor, não me acho tomado por este outro saber, o de que preciso estar aberto ao gosto de querer bem, às vezes, à coragem de querer bem aos educandos e a própria prática educativa de que participo (FREIRE, 2000, p. 159).

Page 68: Monografia Romilson Matemática 2010

68

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