monografia fabrício matemática 2011

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA AS RELAÇÕES DA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA DE ALUNOS DAS TURMAS DO 2º ANO DO ENSINO MÉDIO NO COLÉGIO ESTADUAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, EM MIGUEL CALMON, BAHIA Por: Rodson Fabrício Marques Okuyama

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Matemática 2011

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Page 1: Monografia Fabrício Matemática 2011

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

AS RELAÇÕES DA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA DE

ALUNOS DAS TURMAS DO 2º ANO DO ENSINO MÉDIO NO

COLÉGIO ESTADUAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO,

EM MIGUEL CALMON, BAHIA

Por: Rodson Fabrício Marques Okuyama

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Senhor do Bonfim, Bahia2011

Rodson Fabrício Marques Okuyama

AS RELAÇÕES DA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA DE

ALUNOS DAS TURMAS DO 2º ANO DO ENSINO MÉDIO NO

COLÉGIO ESTADUAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO,

EM MIGUEL CALMON, BAHIA

Monografia apresentada ao Departamento de Educação de Senhor do Bonfim – Campus VII da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Matemática.

Orientador(a):Prof. Maria Celeste Souza Castro

Page 3: Monografia Fabrício Matemática 2011

Senhor do Bonfim, Bahia2011

Rodson Fabrício Marques Okuyama

AS RELAÇÕES DA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA DE

ALUNOS DAS TURMAS DO 2º ANO DO ENSINO MÉDIO NO

COLÉGIO ESTADUAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO,

EM MIGUEL CALMON, BAHIA

Monografia apresentada para obtenção do título de Licenciatura em Matemática pela

Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação Campus VII, em

Senhor do Bonfim-BA, submetida a aprovação da banca examinadora composta

pelos seguinte membros:

Prof. (a): Mirian Ferreira de Brito

Prof. (a): Tania Maria Araujo Cardoso

Prof. (a): Geraldo Caetano Souza Filho

Prof. (a) Orientador (a): Maria Celeste Souza Castro

CONCEITO FINAL:________

Page 4: Monografia Fabrício Matemática 2011

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelas bênçãos derramadas em minha vida, que tanto nas

horas de dificuldade quanto nas horas agradáveis tem estado sempre presente,

dando-me forças para superar todas as barreiras, ensinando a me alegrar com Ele

nos momentos bons e a crescer nas dificuldades.

A minha família, em especial meus pais, Moacir Massaaki Okuyama e Clésia-

Ney Marques Okuyama, pelo incentivo que tem dado, pelo apoio e encorajamento,

aos meus irmãos pela força, dedicação e apoio que tanto me fizeram persistir.

A minha namorada que tanto me ajudou encorajando-me nas situações

difíceis, inspirando-me no desenvolver deste trabalho, pelos carinhos e conforto

quando me senti deprimido, desmotivado; pelo amor demonstrado no decorrer do

percurso.

Aos meus amigos que insistentemente me ajudaram dando forças e

conselhos nessa caminhada, aos amigos que conquistei aqui na universidade, aos

quais admiro pelas palavras de incentivo, pelas brincadeiras de descontração em

momentos tumultuados.

A todos os professores que contribuíram, auxiliaram, orientaram minha

formação, àqueles que constantemente ajudaram para a concretização desse

momento. Aos professores Mirian Ferreira, Tânia Maria, Geraldo Caetano por

comporem a banca examinadora. E em especial a professora Maria Celeste pela

paciência, atenção e dedicação com que se propôs a orientar-me.

Enfim, agradeço a todos que de alguma forma me ajudaram a dar mais um

passo em minha vida, de muitos que ainda virão.

Page 5: Monografia Fabrício Matemática 2011

“O mundo é um lugar perigoso de se viver,

não por causa daqueles que fazem o mal,

Page 6: Monografia Fabrício Matemática 2011

mas sim por causa daqueles que

observam e deixam o mal acontecer”.

(Albert Einstein)

RESUMO

A relação com o saber matemático vai muito além do que se aprende em sala de aula. Em se tratando de conteúdos, vai muito além dos saberes geométricos, algébricos e aritméticos. Estes saberes, no entanto, muitas vezes estão diretamente ligados aos diversos influenciadores a que os alunos estão envolvidos. Deste modo, procuramos investigar essas relações através destes estudos. Assim, o presente trabalho visa analisar como os alunos do 2º ano do ensino médio dos turnos, matutino e noturno, relacionam, interagem, exercitam o saber matemático com a escola, professores, com os colegas de classe, bem como com a própria instituição em si. Proporcionando uma real compreensão desses fatores e a importância desses influenciadores no estudo das relações existentes entre o aluno e os meios nos quais ele está inserido. Para tanto, foram pesquisados e analisados dados qualitativos e quantitativos, fundamentados em autores como Bernard Charlot. Percebendo que, de fato, a aprendizagem dos alunos é afetada pelos diversos meios, com os quais o aluno está envolvido.

Palavras - chave: Saber Matemático. Alunos. Relações com o saber.

Page 7: Monografia Fabrício Matemática 2011

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Relação dos alunos com os colegas de classe....................... 26

GRÁFICO 2 – Percentual Geral dos alunos quanto à relação com

os colegas de classe................................................................. 27

GRÁFICO 3 – Relação dos alunos com o professor..................................... 28

GRÁFICO 4 – Percentual Geral dos alunos quanto

à relação com o professor........................................................ 28

GRÁFICO 5 – Condições que a escola oferece aos alunos.......................... 31

GRÁFICO 6 – Percentual Geral dos alunos quanto às condições

que a escola lhes oferece........................................................ 31

GRÁFICO 7 - Gosto pela matemática............................................................ 33

GRÁFICO 8 - Percentual Geral dos alunos quanto

ao gosto pela matemática.......................................................... 33

GRÁFICO 9 - Situação em que estuda em casa............................................ 36

GRÁFICO 10 - Percentual Geral dos alunos quanto à situação em que

estudam em casa....................................................................... 36

Page 8: Monografia Fabrício Matemática 2011

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 9

2 OBJETIVOS............................................................................................ 12

3 RELAÇÕES INERENTES AO PROCESSO DE ENSINO

APRENDIZAGEM................................................................................... 13

3.1 RELAÇÃO COM O SABER: ALUNO X PROFESSOR........................ 15

3.2 RELAÇÃO COM O SABER: ALUNO X INSTITUIÇÃO........................ 17

3.3 RELAÇÃO COM O SABER: ALUNO X ALUNO.................................. 18

4 CAMINHOS METODOLOGICOS............................................................ 20

5 ANÁLISE DE DADOS............................................................................ 23

6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................................ 26

6.1 RELAÇÕES QUE UM SUJEITO MANTÉM COM OS OUTROS......... 26

6.2 RELAÇÕES QUE UM SUJEITO MANTÉM COM UMA PESSOA....... 28

6.3 RELAÇÕES QUE UM SUJEITO MANTÉM COM UMA ATIVIDADE... 30

6.4 RELAÇÕES QUE UM SUJEITO MANTÉM COM UM

OBJETO, UM ‘CONTEÚDO DE PENSAMENTO’................................ 32

6.5 RELAÇÕES QUE UM SUJEITO MANTÉM COM O TEMPO.............. 34

6.6 RELAÇÕES QUE UM SUJEITO MANTÉM COM ELE

MESMO, ENQUANTO MAIS OU MENOS CAPAZ DE REALIZAR

TAL COISA EM TAL SITUAÇÃO........................................................ 35

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 38

REFERÊNCIAS......................................................................................... 40

APÊNDICE 01........................................................................................... 42

Page 9: Monografia Fabrício Matemática 2011

APÊNDICE 02........................................................................................... 43

Page 10: Monografia Fabrício Matemática 2011

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, os estudos sobre aprendizagem matemática, sobre como os

alunos aprendem são mais numerosos. Estudos estes que buscam compreender os

meios que possibilitam ao aluno uma construção significativa do conhecimento.

Estes estudos podem ser determinantes na compreensão desses fatores.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN):

A Matemática contribui para o desenvolvimento de processos de pensamento e a aquisição de atitudes, cuja utilidade e alcance transcendem o âmbito da própria Matemática, podendo formar no aluno a capacidade de resolver problemas genuínos, gerando hábitos de investigação, proporcionando confiança e desprendimento para analisar e enfrentar situações novas, propiciando a formação de uma visão ampla e científica da realidade, a percepção da beleza e da harmonia, o desenvolvimento da criatividade e de outras capacidades pessoais”. (BRASIL, 1999, p. 251)

A razão pela qual se propôs este trabalho, sobreveio quando em um dado

momento da prática docente no Colégio Estadual Nossa Senhora da Conceição em

Miguel Calmon – BA (CENSC), mais especificamente com alunos das turmas de 2º

ano, matutino e noturno, se percebeu a distância que alguns tinham com outros na

medida em que o professor, a escola e os demais colegas, tanto quanto os alunos

em si, traziam sobre cada um e sobre os outros uma grandiosidade de relações que

poderiam ser muito mais significativas. Para tanto, foi feito o seguinte

questionamento: será que certos alunos não desenvolvem sua aprendizagem por

causa das influências que eles sofrem durante todo o processo no ano letivo? Será

que o professor desenvolve em seus alunos e para si mesmo um significado, um

sentido para as atividades propostas em sala de aula? A partir desde momento foi

dado início as leituras e pesquisas sobre as relações e influências que os alunos

sofrem durante todo o processo de construção do conhecimento, proporcionando

real compreensão desses fatores e a importância desses influenciadores no estudo

das relações existentes entre o aluno e os meios nos quais ele está inserido.

E mais, “saber aprender é a condição básica para prosseguir aperfeiçoando-

se ao longo da vida.” (BRASIL, 1999, p. 252).

Page 11: Monografia Fabrício Matemática 2011

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As propostas atuais de ensino-aprendizagem pressupõem alunos ativos na

construção do próprio conhecimento, capazes de interpretar, analisar, discutir, criar

e ampliar idéias. Para que isso ocorra é preciso que tenha professores preparados

para lidar com tal desafio.

Segundo Freire (1997):

Corpo e mente devem ter assento na escola, de modo concomitante, de tal sorte que os dois, agindo em perfeita harmonia, garantam ao indivíduo a possibilidade de emancipar-se. Desta sorte, cabe à escola, independentemente do nível ou modalidade de ensino que ofereça, promover situações de aprendizagem que exijam, da parte do educando, o uso tanto do corpo quanto da mente, com adequado entrosamento. (p. 13; 14)

Com base nisso objetivamos verificar os meios, aos quais, o aluno está

envolvido e se esses meios trazem sobre eles condições favoráveis para um melhor

aprendizado. Tendo como meta analisar se a aprendizagem matemática, dos alunos

do CENSC, é influenciada pelos meios com os quais estão envolvidos. Vale salientar

que o referido trabalho é uma pequena amostragem disto que se pretende refletir.

Ao final será possível analisar, mesmo que a título de experiência, os anseios e

perspectivas desses alunos diante da sociedade.

Este trabalho é composto por etapas, dentre as quais mencionamos:

O Capítulo I refere-se a pesquisa bibliográfica relativa às relações existentes

no processo de construção do conhecimento, subdividido em três outros tópicos: o

primeiro trata das relações entre o aluno e o professor; o segundo das relações

entre o aluno e a instituição, no caso, a escola; e o terceiro das relações entre os

alunos e seus colegas de classe.

O Capítulo II relata aspectos sobre as pesquisas: de campo, qualitativa e

quantitativa, visando firmar os métodos utilizados na análise de dados.

O Capítulo III trás a discussão sobre os dados recolhidos buscando fazer um

elo entre as definições de relação com o saber de Bernard Charlot, mencionando

também alguns relatos importantes de questionários aplicados, a alguns alunos do

2º ano do Ensino Médio, do Colégio Estatual Nossa Senhora da Conceição, em

Miguel Calmon - BA, confrontando com as idéias, citadas por Charlot, essenciais

para o presente trabalho. Este capítulo está subdividido em 6 momentos: o primeiro

Page 12: Monografia Fabrício Matemática 2011

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retrata as relações que um sujeito mantém com os outros, mencionando a relação

entre os alunos e seus colegas de classe; o segundo menciona as relações que um

sujeito mantém com uma pessoa, citando as relações entre os alunos e o professor;

o terceiro refere-se as relações que um sujeito mantém com uma atividade,

relacionada com a escola; o quarto momento relata as relações que um sujeito

mantém com um objeto, um “conteúdo de pensamento”, fazendo menção ao gosto

pela disciplina; o quinto momento trás as relações que um sujeito mantém com o

tempo, citando as expectativas dos alunos durante o ano letivo; e o sexto momento

trazendo as relações que um sujeito mantém consigo mesmo, enquanto mais ou

menos capaz de aprender tal coisa em tal situação, relacionando o interesse dos

alunos pelos estudos.

Ao final, apresentamos as considerações do trabalho desenvolvido, as

Referências utilizadas que especificam as fontes de pesquisa consultadas, e os

Apêndices que complementam a pesquisa.

Page 13: Monografia Fabrício Matemática 2011

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2 OBJTIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem por finalidade verificar os meios com os quais os alunos

estão envolvidos e se esses influenciadores favorecem o aprendizado dos alunos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Analisar qual a relação que os alunos têm com o saber matemático, de

forma que mostre a que ponto os alunos interagem com o saber ou se é apenas

visto como conteúdo obrigatório para conclusão do ano letivo;

- Verificar qual o sentido que eles dão às aulas de matemática. Se estudam

porque gostam ou porque são forçados;

- Entender qual a relação dos alunos entre si e com os professores, de forma

que perceba se há uma interação entre os mesmos.

Page 14: Monografia Fabrício Matemática 2011

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3 RELAÇÕES INERENTES AO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO

DO SABER MATEMÁTICO

A forma como os alunos aprendem matemática tem sido objeto intenso de

estudo por parte dos educadores matemáticos, na busca de meios mais eficazes de

aquisição do conhecimento. Os estudos inerentes às didáticas de ensino tiveram

inicio com VIGOTSKY(1896 – 1934) e PIAGET(1896 – 1980), abordando métodos

ou processos de ensino - aprendizagem. Segundo BESSA (2008) a aprendizagem,

de acordo com Piaget, depende do nível de desenvolvimento do sujeito, já que ele

está constantemente mudando suas ações e operações com base em suas

experiências. Ele busca compreender como o aprendiz passa de um estado de

menor conhecimento para um ulterior de maior conhecimento, o que está

profundamente ligado com o desenvolvimento de cada um. Já para Vigotsky, é o

próprio processo de aprender que gera o desenvolvimento do indivíduo. Seu

pensamento baseia-se fundamentalmente em torno da Zona de Desenvolvimento

Proximal (ZDP) afirmando que a aprendizagem ocorre no intervalo entre o

conhecimento real do indivíduo e o seu conhecimento potencial. É preciso analisar o

impacto que o mundo exterior tem sobre o interior de cada indivíduo, partindo da

interação com a realidade.

A educação deve estar baseada em aspectos que tornem cada vez mais

favoráveis a formação humana. Para tal, é preciso que haja profissionais

competentes de modo que supra a necessidade de apreensão dos conteúdos

específicos de cada área do conhecimento. Assim, espera-se que a escola seja

capaz de promover a construção de uma cidadania cada vez mais consciente e hábil

para a convivência harmoniosa com as outras pessoas. LIBÊNEO (2008, p. 47),

afirma que “[...] a característica mais importante da atividade profissional do

professor é a mediação entre o aluno e a sociedade, entre as condições de origem

do aluno e sua destinação social na sociedade [...]”. E a matemática não está fora

desse processo. Segundo FREIRE (1987, p. 78), "[...] ninguém educa ninguém,

ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo

mundo [...]". A partir da relação de cada um com os outros, da troca de saberes, da

troca de experiências, de vivencias e da aprendizagem adquirida no mundo que o

cerca é que o indivíduo aprende.

Page 15: Monografia Fabrício Matemática 2011

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A relação com o saber envolve uma série de representações. D. JODELET

(2001) conceitua essas representações como sendo “o processo pelo qual se

estabelece a relação entre o mundo e as coisas” (p.22). Ainda M. GILLY (1998)

conceitua representações como sendo “conjuntos organizados de significados

sociais” (p.322). Desta maneira, a relação com o saber inclui representações que

interpretam outros fatos. A aprendizagem dos conceitos ocorre pela interação dos

alunos com o conhecimento, e por tanto “A relação com o saber é relação de um

sujeito com o mundo, com ele mesmo, e com os outros”. (CHARLOT, 2000, p. 78). O

indivíduo aprende à medida que interage com os diversos tipos de influenciadores,

sejam os próprios colegas e familiares, sejam os professores, seja o próprio

ambiente educacional. De modo geral ele afirma que:

A relação com o saber é o conjunto das relações que o sujeito mantém com um objeto, um ‘conteúdo de pensamento’, uma atividade, uma relação interpessoal, um lugar, uma pessoa, uma situação, uma ocasião, uma obrigação, etc., ligados de uma certa maneira com o aprender e o saber, e, por isso mesmo, é também relação com a linguagem, relação com o tempo, relação com a ação no mundo e sobre o mundo, relação com os outros e relação consigo mesmo enquanto mais ou menos capaz de aprender tal coisa, em tal situação. (CHARLOT, 2000, p. 81).

Partindo dessa definição de CHARLOT (2000), a relação com o saber é o

conjunto das relações que um sujeito mantém com:

Os outros, fazemos referência aos colegas de classe;

Com uma pessoa, podemos referir ao professor;

Com uma atividade, podemos relacionar com a escola;

Com um objeto, um ‘conteúdo de pensamento’, podemos mencionar o

gosto pela disciplina;

Com o tempo, relacionamos as expectativas dos alunos para o ano;

Consigo mesmo, enquanto mais ou menos capaz de aprender tal coisa

em tal situação, é possível relacionar com o interesse demonstrado

pelo aluno ao estudar.

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A relação com o saber vai muito além de transmissão e aquisição de

conhecimentos, mas sim, das relações e trocas de experiências, do que se pode

aprender a partir do contato com os outros e com os ambientes em que se vive, é

que serão abordadas algumas considerações a respeito das relações existentes

entre o aluno e o meio com o qual ele está inserido.

3.1. RELAÇÃO COM O SABER: ALUNO X PROFESSOR

Ensinar é um processo no qual tanto professor quanto aluno devem se ajustar

na construção do conhecimento. Esse ajuste é imprescindível para que o saber seja

proveitosamente trabalhado.

PILETTI (1999, p. 44) afirma que “Os alunos e professores assumem, na sala

de aula, posições distintas, de cuja interação podem resultar a aprendizagem e a

educação. Não são posições estáticas, mas dinâmicas, pois o aluno também ensina

e o professor também aprende”. Ambos têm papéis importantes neste processo.

Julga-se essencial que o professor conheça as condições socioculturais, os

propósitos, as necessidades e as capacidades dos seus alunos, bem como

proponha situações que possibilitem a construção de conceitos e procedimentos e

também acompanhe o processo de resolução, caracterizando-se como:

Consultor: aquele que fornece informações que não estão ao alcance dos

alunos, dá explicações e apresenta materiais diversos;

Mediador: aquele que desencadeia discussões sobre processos de

resolução e respostas, orienta as reformulações e destaca as soluções mais

apropriadas;

Controlador: aquele que estabelece condições e prazos para a realização

das atividades;

Incentivador: aquele que acompanha passo a passo o processo de

aprendizagem, estimulando continuamente os alunos.

É natural do ser humano a necessidade de se relacionar com os outros de

diversas formas, seja de forma calorosa, emocionada, arrebatadora, transformadora,

marcante, e isso repercute na educação. As relações marcadas por traumas,

Page 17: Monografia Fabrício Matemática 2011

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tensões, medos, baseada no autoritarismo contrariam PILETTI (1999), pois desta

maneira não há posições dinâmicas, não há troca de experiências, de

conhecimentos.

GADOTTI (1999, p. 2) diz que “O educador, para por em prática o diálogo,

não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na

posição de quem não sabe tudo”.

Assim, o autor reforça ainda mais a idéia de PILETTI (1999), pois há uma

interação entre os envolvidos, o professor deixa de ser o detentor do saber e passa

agora a ser orientador, mediador, passando também a aprender com os alunos.

Segundo ABREU e MASETTO (1990, p. 115) “É o modo de agir do professor

em sala de aula, mais do que suas características de personalidade, que colabora

para uma adequada aprendizagem dos alunos”. De fato, as experiências vividas em

sala, tanto no ambiente da universidade enquanto aluno, quanto em contato com o

professor, mostram que alunos que, em um dado momento se interessam em fazer

as atividades, se empenham em desenvolver cálculos e raciocínios para solucionar

problemas, que participam ativamente da aula, podem, em outra ocasião comportar-

se de maneira contrária: mal conseguem concentrar-se nas discussões, abandonam

a aula por conta do cansaço.

A maneira como o professor conduz a turma leva os alunos a gostarem ou a

odiarem as aulas de matemática, e o que se percebe é que ainda hoje, existem

professores que não conseguem trazer seus alunos para o ambiente prazeroso do

aprendizado.

Para FREIRE (1996):

O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca. (p.73)

O ato de ensinar e aprender não deve ser estático, unidirecional, pois a sala

de aula não é simplesmente um lugar de mera transmissão de conteúdos, é, antes

de tudo um ambiente de aprendizado de comportamentos e valores.

Page 18: Monografia Fabrício Matemática 2011

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3.2. RELAÇÃO COM O SABER: ALUNO X INSTITUIÇÃO

Os tempos hodiernos estão marcados pelas constantes e profundas

mudanças em todos os níveis e contextos, seja social, econômico, ético, cultural,

político e profissional. Mudanças essas que incidem nas instituições de ensino, mais

precisamente, na sala de aula.

Perceber mudanças no que se refere ao aprendizado dos alunos em sala de

aula, remete a uma busca para compreender quais as condições em que os

professores trabalham, pois é a instituição de ensino que apresenta os meios para

que as inovações se tornem cada vez mais freqüentes no que se refere às

condições de trabalho dos professores. De certa maneira, estas condições

interferem incisivamente no aprendizado dos alunos, já que o aprendizado se torna

muito mais significativo quando o professor se utiliza de toda uma estrutura

disponível e necessária para se trabalhar.

Para PILETTI (1989, p. 23):

A realização do professor depende das condições objetivas do trabalho, se a escola não lhe fornece os recursos necessários a seu trabalho educativo, dificilmente ele poderá contribuir para a realização dos alunos. E ainda mais, Na medida em que se sente realizado, o professor tem interesse em evoluir constantemente. Quanto mais o professor se aperfeiçoa, tanto mais alcança sucesso, quanto mais se vê bem sucedido, tanto mais procura aperfeiçoar-se e desenvolver-se.

Quando a instituição de ensino possibilita, ao professor, a utilização de

ferramentas e mais além, quando viabiliza espaço para que os alunos consigam

trabalhar essas ferramentas mediadas pelo professor, o ensino se torna mais eficaz.

Porém não basta que a instituição de ensino dê uma melhor estrutura, é preciso que

o professor, que é agente mediador e motivador, traga ao aluno algo significativo de

forma que o mesmo sinta prazer em aprender.

Segundo PILETTI (1999) “um professor frustrado é um fator de frustração

para os alunos” (p.23). De fato, uma relação entre aprendizes e mestres, que seja

marcada pela tensão ou pelo amedrontamento é a razão de boa parte dos fracassos

dos alunos.

Page 19: Monografia Fabrício Matemática 2011

18

Porém, um motivo, que tem chamado atenção dos pesquisadores, mas que

não será abordado na pesquisa, é a questão da evasão escolar, a partir de

transtornos familiares. Haja vista que fatores sócio-econômicos resultado de

experiências familiares transtornadas sejam um dos motivos para que haja muita

evasão escolar.

O que importa mencionar aqui, em relação aos influenciadores na

aprendizagem, é a questão de o aluno já chegar na escola desmotivado, sem

expectativas, e o contato com o professor marcado pela tensão, acaba acarretando

também, na evasão escolar.

3.3 RELAÇÃO COM O SABER: ALUNO X ALUNO

Muito se tem discutido nas últimas décadas, especialmente, a respeito das

relações entre os alunos, a questão da afetividade no decorrer da vida escolar, o

acompanhamento familiar e até mesmo sobre a educação escolar.

De acordo com SALLES (1998, cit. in MARTINELLI 2006, p. 15) afirma que

“[...] o relacionamento mantido entre os alunos e seus colegas de turma é

fundamental nessa fase da vida, pois segundo pesquisas, a preferência das alunas

se resume em estar com os amigos [...]”. Uma boa relação é imprescindível nessa

fase da vida, pois os alunos tendem a estudar com seu grupo. Esta relação

apresenta algumas influências, pois cada um se sente mais seguro, por tanto, mais

livre para se expressar.

A partir do convívio em grupo, o indivíduo se sente mais determinado. O aluno

se sente motivado porque vai interagir com outras pessoas que falam a sua língua.

O contato com outras maneiras de pensar permitirá ao aluno conhecer e respeitar

diferentes opiniões e buscar soluções em conjunto.

Pensando nisto LIBÊNEO (1994, p. 21) afirma que:

A prática educativa, a vida cotidiana, as relações professor-alunos, os objetivos da educação, o trabalho docente, nossa percepção do aluno estão carregados de significados sociais que se constituem na dinâmica das relações entre classes, entre raças, entre grupos religiosos, entre homens e mulheres, jovens e adultos. São os seres humanos que, na diversidade das

Page 20: Monografia Fabrício Matemática 2011

19

relações recíprocas que travam em vários contextos, dão significado às coisas, às pessoas, às idéias.

Percebe-se então que cada indivíduo está sujeito a ações exercidas pelos

diversos tipos de influenciadores de acordo os significados sociais, os ideais do

grupo a que ele está inserido.

LIBÂNEO (1994, p. 20) ressalta ainda que “[...] a educação corresponde, pois,

a toda modalidade de influências e inter-relações que convergem para a formação

de traços de personalidade social e do caráter [...]”.

São as relações recíprocas entre os alunos que acabam formando a

personalidade dos mesmos, dando um significado para o aprendizado,

proporcionando mais liberdade para que o seu colega ajude-o no entendimento de

determinado assunto. Pois, a partir de uma relação agradável com seus colegas, o

estudante entra em contato com outras idéias, com outras maneiras de pensar,

proporcionando ao aluno uma reflexão e respeito para com as outras opiniões,

buscando desta forma encontrar uma solução em comum.

Ao tentar entender como o aluno aprende, quais meios lhes possibilitam a

construção do conhecimento, remete a uma busca no intuito de compreender os

processos pelos quais o aluno passa ao longo de sua trajetória escolar. Quando se

refere a processos pelos quais o aluno aprende, trata-se dos meios que ele esteve

envolvido, se de alguma forma estes os ajudam a aprender, ou até mesmo, facilitam

no aprendizado.

Page 21: Monografia Fabrício Matemática 2011

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4 CAMINHOS METODOLÓGICOS

O presente trabalho constitui-se em etapas de pesquisa que proporcionaram

um maior entendimento sobre as relações em que os alunos estão envolvidos,

procurando, através deste, sucesso quanto à influência dessas relações, verificando

se favorecem o aprendizado.

Foi realizada pesquisa bibliográfica, com o intuito de conseguir relacionar o

entendimento sobre se a aprendizagem dos alunos é afetada perante os diversos

tipos de influenciadores que os envolvem. Pois segundo Amaral (2007) é

imprescindível, antecipar em todo e qualquer trabalho científico uma esgotante

pesquisa bibliográfica sobre o tema em estudo, e posteriormente iniciar a coleta de

dados.

A segunda pesquisa corresponde à pesquisa de campo, realizada no Colégio

Estadual Nossa Senhora da Conceição. Situado na zona urbana de Miguel Calmon-

BA. Nesse sentido, Neves (2002, p. 1) entende que “os estudos qualitativos são

feitos no local de origem dos dados”.

Participaram da pesquisa alunos das quatro turmas do 2º ano sendo dos

turnos matutino e noturno. Sendo duas turmas do matutino, indicados na pesquisa

como 2º A M e 2º B M. Os estudantes deste turno são, em sua maioria, da zona

urbana e raramente trabalham. E outras duas turmas do noturno, indicados na

pesquisa como 2º A N e 2º B N. Os alunos do noturno são em sua maioria da zona

rural, grande parte trabalha durante o dia para sustentar ou ajudar no sustento da

família. Nesse sentido Duarte (2002, p. 145) alega que:

As situações nas quais se verificam os contatos entre pesquisador e sujeitos da pesquisa configuram-se como parte integrante do material de análise. Registrar o modo como são estabelecidos esses contatos, a forma como o entrevistador é recebido pelo entrevistado, o grau de disponibilidade para a concessão do depoimento, o local em que é concedido (casa, escritório, espaço público etc.), a postura adotada durante a coleta do depoimento, gestos, sinais corporais e/ou mudanças de tom de voz etc., tudo fornece elementos significativos para a leitura/interpretação posterior daquele depoimento, bem como para a compreensão do universo investigado.

A fim de obter informações necessárias no que diz respeito à relação dos

alunos com o saber matemático para se verificar até que ponto uma boa relação

Page 22: Monografia Fabrício Matemática 2011

21

entre os alunos e professores, entre os mesmos e a escola, bem como entre os

próprios estudantes influencia na aprendizagem matemática.

A pesquisa foi ilustrada através de dados qualitativos e quantitativos. De

acordo com os estudos de LUDKE E ANDRÉ (1986, p. 1) para se realizar uma

pesquisa é preciso promover o confronto entre as informações coletadas e o

conhecimento teórico acumulado a respeito dele.

Para GATTI (2004, p. 13):

“Os métodos de análise de dados que se traduzem por números podem ser muito úteis na compreensão de diversos problemas educacionais. Mais ainda, a combinação deste tipo de dados com dados oriundos de metodologias qualitativas, podem vir a enriquecer a compreensão de eventos, fatos, processos”.

Ainda de acordo com GATTI (2004, p. 14):

“O uso de dados quantitativos na pesquisa educacional no Brasil nunca teve, pois, uma tradição sólida, ou uma utilização mais ampla. Isto dificultou, e dificulta, o uso desses instrumentais analíticos de modo mais consistente, bem como dificulta a construção de uma perspectiva mais fundamentada e crítica sobre o que eles podem ou não podem nos oferecer”.

Desta maneira foi priorizado a análise dos dados com ênfase na pesquisa

qualitativa. Haja vista que a pesquisa qualitativa nos permite uma riqueza de dados

aprofundados, “uma variedade de material obtido qualitativamente” (MARTINS,

2004, p. 292).

Codato e Nakama (2006) afirmam que a pesquisa qualitativa trabalha com

aspectos subjetivos, com vastas riquezas e detalhes aprofundados, podendo levar a

resultados objetivos e com coerência, desde que o pesquisador interprete os dados

comunicados pelos sujeitos pesquisados de forma real, e nunca pela sua visão

pessoal do tema em investigação.

Os sujeitos da pesquisa foram 36 alunos do Ensino Médio, sendo treze do 2º

ano A matutino, sete do 2º ano B matutino, oito do 2º ano A noturno e oito do 2º ano

B noturno. Foi aplicado um questionário, contendo questões relacionadas ao

envolvimento dos alunos com a escola, dentro e fora dela, com os professores e

com os colegas. A escolha destes alunos justificou-se pelo fato de ter contato com

estes durante o ano corrente, e assim, perceber alguns questionamentos dos

Page 23: Monografia Fabrício Matemática 2011

22

mesmos sobre o aprendizado, sobre as melhores maneiras de esses alunos

aprenderem.

O instrumento utilizado para coleta de dados foi um questionário (APÊNDICE

01), pois segundo Fiorentini (2009) “[...] a escolha da forma de coleta de dados deve

estar de acordo com a natureza do problema ou a questão da investigação e os

objetos da pesquisa [...]”. O questionário contém onze perguntas relacionadas ao

contexto das relações em que um indivíduo está envolvido, quer seja com o

professor, quer seja com a instituição de ensino, ou ainda entre os próprios colegas

de classe.

A análise dos dados ocorreu através dos relatos obtidos atreves do

questionário. Segundo Fiorentini (2009) “[...] a escolha por uma determinada

abordagem depende fundamentalmente do problema ou questão de investigação e,

sobretudo, do tipo de dados e do modo como esses pretendem ser coletados [...]”.

Desenvolvido pelos sujeitos da pesquisa.

A explanação de gráficos permite esclarecer os dados numéricos e análises

fundamentados sobre cada pergunta e resposta realizada aos objetos pesquisados.

Page 24: Monografia Fabrício Matemática 2011

23

5 ANÁLISE DOS DADOS

Para enfatizar a análise de dados é necessário que se faça alguns

questionamentos sobre a relação com o saber matemático dos alunos, mais

especificamente das relações entre o aluno e o professor, do aluno e a instituição de

ensino e do aluno com seus colegas de classe, fundamentando deste modo a

pesquisa.

Para se obter um resultado favorável, foi necessário antes de tudo, refletir e

agir baseado em um planejamento, verificando possibilidades e limitações dentro da

problemática apresentada.

Foram utilizadas Pesquisas qualitativas, pois analisar qualitativamente remete

a uma análise mais detalhada dos dados, levando em consideração toda e qualquer

informação fornecida pelo sujeito que satisfaça o objeto de estudo. Já a pesquisa

quantitativa permite uma visão ampla da realidade, através da racionalização dos

dados partindo da interpretação dos fatos, traduzindo-o numericamente.

Azevedo (2006 apud LOPES, 1999) afirma que:

Diante da complementaridade das técnicas de coleta, é igualmente possível combinar técnicas de amostragem probabilística e não - probabilística. Por exemplo: numa pesquisa seleciona-se uma amostra aleatória para a qual se utiliza o questionário, devendo-se por isso dar conta da representatividade estatística tanto da amostra como dos dados. Em seguida, seleciona-se uma subamostra de caráter intencional com base no critério da representatividade social (e não mais estatística), à qual se aplica a entrevista. O perfil dessa segunda amostra é de sujeitos típicos, e os dados são essencialmente qualitativos (LOPES, 1999, p. 145).

O intuito da pesquisa não foi em momento algum tentar medir os

conhecimentos referentes aos sujeitos analisados, porém coletar dados que

possibilite uma análise fidedigna quanto as relações do saber existentes entre os

sujeitos e os meios nos quais ele está inserido, refletindo a cerca dos resultados

obtidos.

Foram selecionados aleatoriamente 36 alunos, das turmas do 2º ano do

Ensino Médio, dos turnos matutino e noturno, do C.E.N.S.C. Sendo treze alunos do

2º A matutino, sete alunos do 2º B matutino, outros oito do 2º A noturno e por fim oito

alunos do 2º B noturno, que serão identificados durante o relato da pesquisa como:

Page 25: Monografia Fabrício Matemática 2011

24

A1M, A2M, A3M,..., A13M para alunos do 2º A matutino. B1M, B2M, B3M,..., B7M para

alunos do 2ºB matutino. A1N, A2N, A3N,..., A8N para alunos do 2º A noturno. B1M,

B2M, B3M,..., B8N para alunos do 2º B noturno.

A execução da análise ocorreu no período de duas semanas, entre os dias 15

de agosto de 2011 a 19 de agosto de 2011 e 01 de setembro de 2011 a 09 de

setembro de 2011.

O primeiro momento com os estudantes ocorreu em conversas informais,

relatando os procedimentos resultantes dos fins da pesquisa. No começo a reação

dos alunos não foi favorável, pois ao serem perguntados sobre a disciplina mais

difícil que estudaram em sua vida escolar, a resposta, por boa parte dos alunos, foi:

“Matemática!”. E para agravar ainda mais a situação, o estudante, identificado como

A1M completou: “odiava a matemática”, o estudante indicado por B3N exprimiu:

“detestava essa matéria”, outro aluno apontado como A3M revelou: “é muito

complicada de aprender”. Mas no decorrer das conversas, percebeu-se que esse

“trauma” ocorreu nos anos anteriores por algum motivo, porém atualmente eles

começam a ver a disciplina com outros olhos, quando A3M afirmou: “até que hoje em

dia estou gostando mais dos cálculos” e foi reafirmado por todos os alunos,

acolhendo a causa.

O segundo momento corresponde à entrega dos questionários (Apêndice 1),

contendo 11 questões. Fato ocorrido no ambiente educacional, na sala de aula,

tendo um período de cinqüenta minutos para os alunos do matutino e quarenta

minutos para os alunos do noturno, para a devolução do mesmo devidamente

respondido.

O estudo dos dados recolhidos do questionário possibilita diversas

considerações, embasadas nas definições apresentadas por Bernard Charlot (2000):

“[...] Estudar a relação com o saber é estudar esse sujeito enquanto confrontado

com a necessidade de aprender e a presença de ‘saber’ no mundo [...]” (CHARLOT,

2000, p. 34), e buscando entender esse saber ele afirma: “[...] a idéia de saber

implica a de sujeito, de atividade do sujeito, de relação do sujeito com ele mesmo,

de relação desse sujeito com os outros [...]” (CHARLOT, 2000, p. 61).

Page 26: Monografia Fabrício Matemática 2011

25

A seguir, uma análise das colocações dos alunos a partir das definições de

CHARLOT (2000) sobre os diversos tipos de influenciadores a que os alunos estão

envolvidos.

Page 27: Monografia Fabrício Matemática 2011

26

6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

6.1 RELAÇÕES QUE UM SUJEITO MANTÉM COM OS OUTROS

Uma parte considerável dos alunos que contribuíram para o estudo,

levantaram a questão do bom relacionamento entre os colegas da classe. Percebe-

se isto ao se observar os gráficos referentes a interação dos alunos com seus

colegas:

Os gráficos abaixo mostram a relação que os alunos mantêm com os colegas

de classe, tanto separados por turma, quanto no geral.

ÓTIMO BOM RAZOÁVEL RUIM01234567

Gráfico 1 - Relação dos alunos com os colegas de classe

2º A M

2º B M

2º A N

2º B N

Questionário aplicado aos alunos no intuito de identificar o nível de interação entre os

mesmos.

ÓTIMO BOM RAZOÁVEL RUIM0.00%

5.00%

10.00%

15.00%

20.00%

25.00%

30.00%

35.00%

40.00%

Gráfico 2 - Percentual Geral dos alunos quanto a relação com os colegas de classe

Questionário aplicado aos alunos no intuito de verificar o nível de interação entre os mesmos.

Page 28: Monografia Fabrício Matemática 2011

27

Nota-se claramente que, dos trinta e seis alunos questionados, grande parte

destes possui relações entre os níveis bom e razoável, corresponde a 63,9% do total

de alunos. Segue os comentários de alguns alunos em relação às suas relações

com outros colegas de classe.

“Boa, converso e me dou bem com todos os colegas”. (A5M)

“Pouco amigável”. (A4M)

“Muito boa”. (A6M)

Observemos as respostas de alguns alunos ao serem questionados se os

colegas ajudam nos estudos, note que mesmo com a classe tendo um bom

relacionamento entre os alunos, alguns ainda apresentam características mais

individualistas.

“Não. Cada um por si e Deus por todos...” (A1M)

“Raramente ou nunca.”( A2M

A questão do bom relacionamento entre os colegas e o respeito mútuo entre

eles é um fator importante a ser analisado, cabendo algumas considerações. De

acordo com Libâneo (1994) “[...] os seres humanos que, na diversidade das relações

recíprocas que travam em vários contextos, dão significado às coisas, às pessoas,

às ideias.

6.2 RELAÇÕES QUE UM SUJEITO MANTÉM COM UMA PESSOA

Um ponto importante e crucial na aprendizagem dos alunos é o seu

relacionamento com o professor. É de suma importância que ambos possam ter uma

relação de amizade entre si, o que tornará a aula mais gratificante e prazerosa.

Deste modo perguntamos aos trinta e seis alunos como era sua relação com o

professor de matemática. As respostas foram registradas nos Gráficos 3 e 4, a

seguir.

Page 29: Monografia Fabrício Matemática 2011

28

ÓTIMO BOM RAZOÁVEL PÉSSIMO0

1

2

3

4

5

6

Gráfico 3 - Relação dos alunos com o professor

2º A M

2º B M

2º A N

2º B N

Qua

ntida

de d

e al

unos

Questionário aplicado aos alunos para saber o nível de envolvimento com o professor

ÓTIMO BOM RAZOÁVEL RUIM0.00%

5.00%

10.00%

15.00%

20.00%

25.00%

30.00%

35.00%

40.00%

45.00%

Gráfico 4 - Percentual Geral dos alunos quanto a relação com o professor

Questionário aplicado aos alunos para saber o nível de envolvimento com o professor

Observamos que dos trinta e seis alunos questionados, quinze deles, o que

corresponde a 41,6%, afirmaram que têm um ótimo relacionamento com o professor,

treze, 36,2% do total de alunos, afirmam ter um bom relacionamento, seis,

corresponde a 16,6%, alegam ter uma razoável relação com o professor e apenas

dois alunos, ou 5,6% afirmaram possuir um péssimo relacionamento. Percebe-se

visivelmente o bom relacionamento entre alunos e professores.

Para Freire (1996), ensinar exige crítica sobre a prática, respeito sobre os

saberes e aceitação do novo. Assim, as propostas atuais de ensino-aprendizagem

pressupõem alunos ativos na construção do próprio conhecimento, capazes de

Page 30: Monografia Fabrício Matemática 2011

29

interpretar, analisar, discutir, criar e ampliar idéias. É necessário então, repensar o

papel do professor e redefini-lo.

É isso que devemos considerar quando estamos lecionando: procurar colocar o assunto em um crescendo de formalização. Cada período tem suas características, seu grau de abstração, de elaboração, de acabamento é assim que o aluno deve construir sua matemática (ROSA NETO, 2001, p.19).

O professor deve estimular o aluno a pensar por si mesmo, a levantar e testar

suas próprias suposições e a discutir suas ideias. Assim, o aluno terá oportunidade

de reestruturar e ampliar a compreensão dos conceitos e procedimentos envolvidos

nas situações cotidianas.

Veja algumas das respostas de alguns alunos sobre o que acha de seu

professor de matemática:

“Excelente, ótimo, um cara gente boa, interage com os alunos”. ( B7M)

“Ótimo professor, explica bem e mantém-se alegre com os alunos”. (A13M)

“Super prestativo, ajuda sempre a tentar melhorar nossas notas. Além de

amigo”. (B2N)

“As vezes não consegue ser claro o suficiente.” (A3M)

“Domina o assunto, porém, tem uma certa dificuldade para esclarecê-lo.”

(A4M)

“Explica mal e passa vários assuntos.” (A6N)

“Um bom professor, mas precisa esclarecer mais o assunto.” (B2M)

Porém, uma resposta que chama atenção é a do A7M que trás o seguinte:

“No início não conseguia pegar o assunto com ele, mas agora consigo

pegar o conteúdo, excelente.” (A7M)

Percebemos que existe uma ótima relação entre os alunos e o professor,

porém, nota-se claramente, nas falas dos alunos, que existe uma insatisfação sobre

a prática do professor em sala de aula. Mas reforça ainda mais a necessidade de os

professores estarem repensando sobre seu papel como professor, sobre qual

sentido de estar ajudando os jovens a aprender algo novo. Pois é preciso que o

professor sinta-se realizado, sendo que dessa forma estará em constante

Page 31: Monografia Fabrício Matemática 2011

30

crescimento profissional, consequentemente, deixará de ser um fator de frustração

para os alunos.

6.3 RELAÇÕES QUE UM SUJEITO MANTÉM COM UMA ATIVIDADE

A importância da escola no processo de aprendizado dos alunos é, e tem se

tornado, cada vez mais essencial, pois para que isto ocorra é preciso que “[...] a

escola proporcione todo um ambiente favorável, oferecendo recursos para o

aprendizado dos alunos [...]” (PILETTI, 1989, p. 23).

A seguir, os gráficos, juntamente com as respostas de alguns alunos,

permitem analisar este item.

ÓTIMO BOM RAZOÁVEL PÉSSIMO012345678

Gráfico 5 - Condições que a escola oferece aos alunos

2º A M

2º B M

2º A N

2º B NQua

ntida

de d

e al

unos

Questionário aplicado aos alunos para saber quais condições a escola oferece aos seus alunos.

O gráfico 5 mostra que os alunos percebem que a escola possui toda uma

estrutura e tem se preparado ante ao objetivo cada vez mais urgente no âmbito

educacional, havendo desta maneira mais possibilidades de desempenhar um papel

mais eficaz na busca por uma educação de qualidade.

Page 32: Monografia Fabrício Matemática 2011

31

ÓTIMO BOM RAZOÁVEL PÉSSIMO0.00%5.00%

10.00%15.00%20.00%25.00%30.00%35.00%40.00%45.00%50.00%

Gráfico 6 - Percentual Geral dos alunos quanto às condições que a escola lhes

oferece

Questionário aplicado aos alunos para saber quais condições a escola oferece aos seus alunos.

44,5% dos alunos entrevistados entendem que a escola possui ótimas

condições, 41,7% percebe que a escola oferece boas condições, 13,8% acha que a

escola possui razoáveis condições para o aprendizado. Vale mencionar que nenhum

aluno indicou como péssimas condições que a escola oferece.

Observemos, a seguir, os comentários de alguns alunos quando perguntados

sobre as condições que a escola oferece para o aprendizado dos mesmos.

“Muitos é que não valorizam e não se empenham”. (B3M)

“As vezes sou eu quem não me interesso”. (A7N)

Estas frases e a leitura do gráfico 6 permitem observar que, para os alunos,

de fato a escola possui estrutura para contribuir para um melhor aprendizado dos

mesmos, porém são os próprios alunos que não demonstram esforços por aprender.

Com base no que afirma Freire (1987) os homens se educam entre si, mediatizados

pelo mundo.

6.4 RELAÇÕES QUE UM SUJEITO MANTÉM COM UM OBJETO, UM ‘CONTEÚDO

DE PENSAMENTO’

Page 33: Monografia Fabrício Matemática 2011

32

Muito já se pesquisou sobre a educação, mas seu tema é sempre atual e

indispensável, pois o enfoque básico é o ser humano, com foco principalmente sobre

a aprendizagem. A partir de novas metodologias, de maneiras mais agradáveis,

descontraídas de se ensinar, busca-se reverter o quadro negativo que se tem a

respeito da matemática. Fazendo com que os alunos percam o medo da

matemática, ou desfazendo o mito de esta ser um bicho-de-sete-cabeças. Como se

percebe nos gráficos, a seguir.

Sim Não02468

1012

Gráfico 7 - Gosto pela matemática

2º A M2º B M2º A N2º B NQ

uanti

dade

de

alun

os

Questionário aplicado aos alunos quanto ao gosto pela matemática

SIM NÃO0.00%

10.00%

20.00%

30.00%

40.00%

50.00%

60.00%

70.00%

80.00%

Gráfico 8 - Percentual Geral dos alunos quanto ao gosto pela matemática

Questionário aplicado aos alunos quanto ao gosto pela matemática

Porém, ainda hoje existe, intuitivamente, a rejeição da matemática e isto fica

bastante evidente na resposta de alguns alunos quando perguntados se gostam da

matemática e por que.

Page 34: Monografia Fabrício Matemática 2011

33

“Tenho muita dificuldade, desde criança nunca fui boa em matemática”.

(A7M)

“Nunca gostei por mais que os professores explica bem eu nunca que

consigo aprender. Não por falta de atenção”. (B6N)

“Mas o professor explica muito bem o problema é que eu não gosto mesmo

da disciplina”. (B7N)

Percebe-se nestas frases que são os próprios alunos, influenciados por uma

forte tendência, desde os anos anteriores, de que a matemática é um bicho de sete

cabeças os causadores desta rejeição.

Existem ainda aqueles que gostam da disciplina mesmo não se saindo bem,

ou mesmo tendo dificuldades como é o caso da aluna B3M, quando afirma: “Gosto,

mais é uma dificuldade desde pequena mais não deixo de fazer a minha parte”.

A leitura do Gráfico 8, nos permite observar que 69,4% dos alunos gostam da

matemática por diversos motivos, mas ainda existem aqueles que não gostam,

compreendidos em 30,6%, e que necessitam de um cuidado maior, de um incentivo

para que esses alunos desenvolvam o gosto pela disciplina.

6.5 RELAÇÕES QUE UM SUJEITO MANTÉM COM O TEMPO

Existem muitos fatores envolvidos no processo de aprendizagem, entre eles

encontra-se a expectativa do aluno durante todo o período letivo. Envolve a

preocupação em dar continuidade no processo, anseio em passar de ano,

preocupação com a vida profissional. Nota-se isto nas falas de alguns alunos

quando perguntados sobre as expectativas para o ano letivo.

“Tirar boas notas dessa forma a melhorar o aprendizado”. (A5M)

“Poder crescer mais e ajudar as pessoas com que eu sei”. (B4M)

“Estudar e preservar o meio em que estudo”. (B3M)

“Aprender o máximo que eu puder, para estar preparado, para o 3º ano”.

(A7M)

Page 35: Monografia Fabrício Matemática 2011

34

Em relação a expectativa do aluno durante o ano letivo, percebe-se que há

uma preocupação, principalmente dos alunos do matutino, em estar em constante

aperfeiçoamento. LIBÂNEO (1994, p. 23) afirma que “a educação corresponde a

toda modalidade de influências e inter-relações que convergem para a

personalidade social e do caráter”.

Em geral os alunos contentam-se em tirar notas para passar de ano. Como

mostra as respostas de alguns alunos.

“Minha aprovação tá de bom tamanho”. (B1M)

“Passar”. (A1M)

“Passar direto”. (A2N)

“Passar de ano”. (B1N)

Mas tem aqueles que se esforçam, mas mesmo assim não conseguem, como

é o caso da aluna A7N, que respondeu: “No primeiro dia de aula prometi pra mim

mesma, que não iria tirar nenhuma nota baixa mas não deu, mas não perderei de

ano”.

Acredita-se que o futuro profissional de cada um pode ser importante na sua

relação com a escola. Pois a escola forneceria ao aluno condições de estarem

preparados para o mercado de trabalho. Tornando, desta maneira, a vida escolar

muito mais significativa.

6.6 RELAÇÕES QUE UM SUJEITO MANTÉM CONSIGO MESMO, ENQUANTO

MAIS OU MENOS CAPAZ DE APRENDER TAL COISA EM TAL LUGAR

Neste subitem serão apresentados algumas reflexões dos alunos sobre a

situação em que estudam em casa. Vejamos a seguir, a sintetização das respostas

dos alunos, quando perguntados em que momento estudam em casa, no Gráfico 9 e

no Gráfico 10.

Page 36: Monografia Fabrício Matemática 2011

35

Todos os dias

As vésperas da prova

Quando corre risco

Outra situação

012345678

Gráfico 9 - Situação em que estuda em casa

2º A M2º B M2º A N2º B N

Qua

ntida

de d

e al

unos

Questionário aplicado aos alunos quanto ao interesse em estudar

TODOS OS DIAS

ÀS VESPERAS DA PROVA

QUANDO CORRE RISCO

OUTRA SITUAÇÃO

NÃO OPTOU0.00%

10.00%

20.00%

30.00%

40.00%

50.00%

60.00%

Gráfico 10 - Percentual Geral da situação em que o aluno estuda em casa

Questionário aplicado aos alunos quanto ao interesse em estudar

O gráfico 10 mostra que mais de 50% dos alunos só estudam quando estão

próximos da avaliação. O que trás consigo algumas considerações a respeito do

baixo nível do estudo dos alunos. Desta maneira, vê-se que os próprios alunos não

se preparam para conseguirem seus objetivos, como normalmente seria de se

esperar.

Page 37: Monografia Fabrício Matemática 2011

36

CHARLOT (2000, p. 47) afirma que: “Não há relação com o saber senão de

parte de um sujeito; e o sujeito é desejo. [...] o desejo só pode existir sob forma de

‘um desejo de’: não há desejo sem objeto de desejo”.

Percebe-se, desde modo, que o aluno aprende quando há um desejo em

aprender, quando existe o desejo de algo, seja conseguir um bom emprego, seja

tentar ser “alguém na vida”, seja o interesse em, simplesmente, conseguir nota para

passar de ano.

Torna-se por tanto eminente a necessidade por um cuidado sobre os sujeitos,

alunos, sobre as maneiras em que ele aprende, a atenção sobre todas as formas de

aprender que o aluno está imerso, visando um direcionamento ao processo

educativo mais eficaz, produtivo, significativo.

Page 38: Monografia Fabrício Matemática 2011

37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho, através de estudos feitos sobre as relações com o saber,

analisou alunos das turmas do 2º ano, matutino e noturno, do Ensino Médio do

Colégio Estadual Nossa Senhora da Conceição, em Miguel Calmon - BA. Esta

análise se deu pela observação das relações que os alunos mantêm com a escola,

com os professores, com os colegas e consigo mesmos.

O que se percebe através desta investigação é que o processo de ensino e

aprendizagem ainda está longe do almejado. Pois percebemos que os alunos

possuem boas relações afetivas com os colegas por isso recebem ajuda. Notamos

que os sujeitos possuem ótima relação com o professor apesar de alguns alunos

estarem insatisfeitos com a prática do docente. Dessa forma, ressaltamos a

relevância do professor estar sempre se avaliando, avaliando sua prática, a fim de

verificar e identificar os pontos positivos e negativos em sua metodologia, para

assim, manter o que está favorecendo a eficácia do processo de ensino e

aprendizagem, e mudar o que não favorece.

Compreendemos que a escola oferece ao alunado condições favoráveis para

o aprendizado dos mesmos, mas são os próprios alunos que não se interessam, não

valorizam. Vemos que a maioria dos alunos gosta da matemática e notamos que

aqueles que não gostam, é conseqüência do medo da matemática, o mito do bicho-

de-sete-cabeças. Percebemos que a maioria dos estudantes se preocupa em,

simplesmente, passar de ano e que por conta disto, estudam quando está próximo

da avaliação.

É preciso, por tanto, levarmos em consideração que as relações em que

nossos alunos, hoje, estão inseridos acarretarão futuramente seres humanos

melhores. Pois verificamos que muitos alunos não conseguem aprender por serem

prejudicados perante os diversos influenciadores a que os estudantes estão

envolvidos.

Contudo, importa salientar que a abordagem Relação com o Saber, contribui

para se compreender melhor as relações em que os alunos estão inseridos e para

que nós, professores, enquanto mediadores, tenhamos cuidado, tenhamos

consciência de que educar, vai muito além de mera transmissão de conteúdos, mas

Page 39: Monografia Fabrício Matemática 2011

38

de um processo de desenvolvimento, tanto para si quanto para os alunos, de um

significado, de um sentido para as atividades propostas em sala de aula.

Page 40: Monografia Fabrício Matemática 2011

39

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ROSA NETO, Luis. Didática da matemática. São Paulo: Ática, 2001.

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APÊNDICE 01

Prezado aluno,

O objetivo deste trabalho é recolher dados para reflexões acerca do tema de pesquisa tratado no TCC III.

QUESTIONÁRIO

1. Qual sua idade?

2. Qual turno você estuda?

( ) Matutino( ) Noturno

3. Você trabalha?

( ) Sim( )Não

4. Se não trabalha, por que optou por estudar a noite?

5. Em qual situação você estuda em casa?

( ) Todos os dias?( ) Às vésperas da prova?( ) Quando corre o risco de ser reprovado?( ) Outra situação?

6. O que você acha de seu professor de matemática?

7. Qual sua expectativa para este ano na sua escola?

8. Qual a sua relação com os colegas de sala?

9. Você recebe alguma ajuda dos colegas para estudar?

10.Você gosta da disciplina matemática? Explique o porquê.

( ) Sim( ) Não

11.A escola te dá condições para aprender, em que nível?

( ) Ruim( ) Razoável( ) Bom( ) Excelente

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APÊNDICE 02

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEBDEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO-CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM/BA

CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Este aluno (a) está convidado (a) a participar desta pesquisa. Ao aceitar, estará permitindo a utilização dos dados aqui fornecidos para fins de análise. Você tem liberdade de impedir o (a) aluno (a) sob sua responsabilidade de participar, e ainda, de se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo pessoal.

Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente confidenciais, você ou o (a) aluno (a) não precisará se identificar e somente as pesquisadoras e sua equipe terão acesso as suas informações.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA

Título Provisório do Projeto: AS RELAÇÕES DA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA DE ALUNOS DAS TURMAS DO 2º ANO DO ENSINO MÉDIO NO COLÉGIO ESTADUAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, EM MIGUEL CALMON, BAHIA

Pesquisadora Responsável: Rodson Fabrício Marques Okuyama

Orientadora: Maria Celeste Souza Castro

Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, autorizo a participação do (a) aluno (a) sob minha responsabilidade a participar desta pesquisa.

Assinatura do Responsável pelo (a) Aluno (a)