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A importncia da tica empresarial e da responsabilidade social corporativa nas empresas privadas do setor turstico face ao turismo sustentvel

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CINCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CINCIAS ADMINISTRATIVAS

CURSO DE TURISMO

Cntia Maria da SilvaEDUCAO E TICA: UMA ABORDAGEM TERICA-CONCEITUAL SOBRE A FORMAO HUMANISTA DO BACHAREL EM TURISMONATAL

2008

Cntia Maria da SilvaEDUCAO E TICA: UMA ABORDAGEM TERICA-CONCEITUAL SOBRE A FORMAO HUMANISTA DO BACHAREL EM TURISMOTrabalho de Concluso de Curso apresentado Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Bacharel em Turismo.

Orientadora: Pamela de Medeiros Brando NATAL

2008

Catalogao da Publicao na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Cntia Maria da SilvaEDUCAO E TICA: UMA ABORDAGEM TERICA-CONCEITUAL SOBRE A FORMAO HUMANISTA DO BACHAREL EM TURISMOTrabalho de Concluso de Curso apresentado Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Bacharel em Turismo.

Natal/RN, ___ de ____________ de 2008

___________________________________________________________________

Pamela de Medeiros Brando, Graduada Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Orientadora

___________________________________________________________________

Heidi Gracielle Kanitz - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Banca Examinadora

___________________________________________________________________

Salete Gonalves - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Banca Examinadora

DEDICATRIAA Deus

A meus pais Isaas e Dbora pelo apoio e carinho com que me incentivaram a concluir meus estudos

Ao meu namorado Wagner e as amizades que surgiram e que torcem por mimAGRADECIMENTOS

Agradeo a minha orientadora Pamela Brando que acreditou em mim e me incentivou a concluir este curso, me auxiliando com toda presteza e principalmente com muito carinho.A todos os professores e mestres que participaram da vida acadmica e que com muita tica me ensinaram a construir o saber.RESUMOO presente estudo trata sobre tica e formao acadmico-profissional no mbito do Ensino Superior em Turismo. Num primeiro momento, apresentado, de maneira sucinta, a tica como uma questo de educao, ou seja, a relevncia da tica no ensino-aprendizagem. Pontua-se que o universitrio est inserido numa realidade onde cada vez mais, a tica est sendo abordada como assunto a ser refletido, analisado e absorvido no dia-a-dia deixando de ser meramente filosfico. Por isso, o profissional de turismo deve refletir sobre a atividade turstica, seus impactos na sociedade e no meio ambiente e como tal chamado a contribuir eticamente para a construo de um turismo sustentvel em que o desenvolvimento local est correlacionado com a atividade. Assevera-se, diante disso, a educao como fonte de disseminao da reflexo tica, na formao acadmica que se encontram oportunidades de discusso e fundamentao de questes relacionadas tomada de decises, qualidade e competitividade embasadas na tica. Aps a apresentao dos termos tica, educao, turismo sustentvel, tica e profisso como meio de estabelecer parmetros para compreenso do tema, o presente trabalho aborda importncia da tica na educao como uma fomentadora do turismo sustentvel atravs da formao da conscincia tica dos alunos do curso de bacharis em turismo a partir das competncias do professor e de sua posio tica ante as questes sociais.Palavras-Chaves: tica, educao, turismo sustentvelABSTRACT The present essay deals with the ethics and academic-professional development within university level education in Tourism the ethics as a matter of education, namely the importance of ethics in the teaching-learning. Punctuation is that the university is set in a reality where increasingly, ethics is being addressed as a matter to be reflected, analyzed and absorbed the day-to-day life no longer merely philosophical. Therefore, the business of tourism should reflect on the tourist activity, their impacts on society and the environment and as such is ethically required to contribute to building a sustainable tourism where local development is correlated with the activity. It is pointed, the spread of education as a source of ethical reflection in education is that it is opportunity for discussion and justification of issues related to decision-making, quality and competitiveness based on ethics. After the presentation of the words ethics, education, sustainable tourism, ethical and profession as a means of establishing parameters for understanding of the subject, this paper addresses the importance of ethics in education as a promotion of sustainable tourism through the ethical awareness of students of the course university student of tourism in from the teacher's skills and ethics of their position before social issues.

Key Words: Ethics. Education. sustainable tourismSUMRIO

1 CONSIDERAES INICIAIS102 TICA: UMA QUESTO DE EDUCAO162.1 tica: Conceitos e princpios162.2 A educao na busca de uma sociedade tica213 TICA NO TURISMO: UMA QUESTO DE QUALIDADE253.1 tica nas organizaes253.2 tica como um promotor da qualidade em empreendimentos tursticos263.3 tica como instrumento para o desenvolvimento turstico sustentvel

283.4 tica como fator de competitividade293.5 tica profissional no turismo313.5.1 Cdigo de tica do Turismo324 TICA NA EDUCAO EM TURISMO: UMA QUESTO DE FORMAO354.1 tica na educao acadmica do turismo

354.2 As competncias do professor do turismo

405 CONSIDERAES FINAIS46REFERNCIAS491 CONSIDERAES INICIAISSegundo Aires (2007) o turismo tem cada dia mais se consolidado como um setor de grande importncia socioeconmica. Para a Organizao Mundial do Turismo OMT (2007) o turismo internacional est em crescimento e excedeu as expectativas para o turismo internacional com o recorde que configura em 900 milhes de turistas. O Instituto Brasileiro de Turismo EMBRATUR (2008) afirma que o Brasil recebeu, no mesmo ano, 5 milhes de turistas do fluxo de receptivo internacional e em agosto de 2008 recebeu 3.370.273 milhes de passageiros em vos nacionais. Num levantamento de desempenho econmico do turismo no Brasil, atividade turstica movimentou em 2008 cerca de R$ 4,288 bilhes e tem grandes perspectivas de crescimento.

O turismo hoje visto como forma de diversificar as economias, estimular investimentos e gerar divisas para os pases em desenvolvimento. Acredita-se que a atividade turstica deve ser identificada como uma fora econmica que pode tornar-se, num elemento novo nos meios da macroeconomia, certamente em setores onde at pouco tempo no se pensava em desenvolvimento ou no se via uma sada para problemas locais, o turismo est surgindo como uma possibilidade para dinamizar a economia local (AIRES, 2007).

O paradigma de que o turismo suprfluo, comeou a ser quebrado. Cada vez mais o setor de servios comea a ser visto como gerador de empregos, pois os setores primrios e secundrios da economia esto sendo robotizados e mecanizados, e a globalizao trouxe uma competio bastante acirrada para estes setores, alm da tecnologia utilizada, onde muitos empregos so cortados como forma de reduo de custos, pois as margens de lucro esto cada vez mais reduzidas (DELPHINO, 2007). Concluindo, ponto pacfico reconhecer no turismo uma alternativa vivel e de grande poder de transformao social, buscando o caminho do desenvolvimento sustentado. Para que ocorra essa evoluo, tornar-se necessrio o envolvimento do poder pblico, dos empresrios, produtores rurais, estudantes e de toda populao (AIRES, 2007)A Atividade Turstica deixou de ser, h muito tempo, encarada como simples deslocamento de pessoas. O turismo planejado hoje um instrumento de crescimento econmico, de preservao do patrimnio histrico e cultural de melhoria da qualidade de vida da populao e, por utilizar-se principalmente da mo-de-obra, grande gerador de emprego e renda. Nos municpios tursticos, a demanda gerada pelos visitantes atrai novos investimentos (hotis, restaurantes, casas de espetculos, comrcio, etc.), que acabam envolvendo e beneficiando a populao local (AIRES, 2007)Todavia, mesmo em face s novas concepes do turismo, no se pode negar os efeitos negativos que este causa, pois ao mesmo tempo em que apresenta perspectiva de promover contribuies para a sociedade, para a economia e para o meio ambiente, uma das atividades menos regulamentadas no mundo, com graves implicaes para ecossistemas, comunidades e culturas.E devido a isto, emerge-se a preocupao em promover a capacitao dos profissionais envolvidos, visto que assim sendo feito, reduziria os riscos promovidos pela atividade e aumentaria as oportunidades de ampliar as potencialidades do setor. Alm de que a capacitao profissional de acordo com Rodrigues (2006) um dos fatores chave para a competitividade do setor turstico, portanto, a qualidade da capacitao deve ser prioridade para suprir do mercado com profissionais competentes para o exerccio da profisso de bacharel em turismo. Pois j que o produto turstico possui particularidades prprias, consequentemente, a formao profissional precisa estar baseada em competncias que atendam as necessidades e expectativas do consumidor turista. Diante deste cenrio, houve uma considervel expanso dos cursos superiores de formao em Hotelaria no Brasil, segundo Oliveira (2004), esse crescimento se deu principalmente a partir do final da dcada de 1990 e incio de 2000, perfazendo um total de 195 cursos em 2004, com uma gama variada de nomenclaturas, que podem ser agrupados em cinco categorias: "Hotelaria", "Administrao com Habilitao em Hotelaria", "Turismo e Hotelaria", "Turismo com nfase em Hotelaria" e "Tecnologia em Hotelaria". Os cursos de Hotelaria oferecidos como Habilitao de Administrao so a modalidade mais oferecida, com 47% do total. As instituies que oferecem esses cursos so, na sua grande maioria, instituies particulares em sentido estrito, indicando a mesma tendncia de mercantilizao que h no ensino superior brasileiro. A expanso ocorrida se deu principalmente na regio Sudeste, que oferece 51% dos cursos existentes no pas. O destaque ficou para o Estado de So Paulo, onde, somadas as vagas oferecidas pelas Instituies de Ensino Superior (IES), estas ultrapassam 8.000. A relao candidato/vaga vem diminuindo nos ltimos trs anos na maioria das instituies pesquisadas e que tambm trabalham com elevadas taxas de ociosidade de vagas (OLIVEIRA, 2004) O turismo cresce com o aumento da renda per capita e da populao, mas o turismo exige gesto, planejamento, respeito e principalmente profissionais que estejam compromissados em buscar uma perspectiva mais coerente com a realidade local, ou seja, necessrio um mnimo de competncia e informao, pautada nos valores humanos e no respeito ao meio ambiente (AIRES, 2007).

Toda a fase de formao profissional, o aprendizado das competncias e habilidades referentes prtica especfica no turismo, deve incluir a reflexo da tica profissional, desde antes do incio dos estgios prticos (GOLDIN, 2003).

A atividade turstica no apenas econmica, sabe-se que numa experincia turstica ocorrem trocas simblicas, afetivas, de modos de ver o mundo, jeitos de falar, de se comportar, ou seja, so elementos da cultura de cada regio ou grupo que so expostos e trocados.O turismo ocasiona impactos positivos e negativos comunidade local e ao meio ambiente. Para que o turismo seja sustentvel, Regules (2007, p.13) afirma que o importante que os turistas e profissionais de forma tica e cidad cuidem e zelem pelo modo como se estabelece a relao com a comunidade receptora.

Uma vez que a tica na atividade turstica expressa importante papel, pois sugere as aes que devem ser desempenhadas para o andamento positivo desta atividade. Mas, devido ao crescimento acelerado do turismo, e a gerao de problemas sociais e ambientais, como a degradao do meio ambiente e o desrespeito com as populaes locais e com os prprios turistas, surgiu a necessidade de criar cdigos que elaborassem leis pautadas no turismo sustentvel como o Cdigo Mundial de tica do Turismo que teve sua aprovao no ano de 1999 (SILVA; CID, 2007).

Neste sentido, evidencia-se a necessidade de formar profissionais ticos que venham atender aos objetivos do desenvolvimento do turismo sustentvel e ao mesmo tempo os interesses empresariais. A necessidade de formar profissionais que compreendam a complexidade da atividade turstica, reconhecendo o turismo como um fenmeno complexo e essencialmente humano. E que assim sendo fundamenta-se a formao de qualidade em todos os nveis como indispensvel para obter profissionais flexveis, que sejam capazes de satisfazer as necessidades dos clientes e os do prprio setor turstico, sentindo-se ao mesmo tempo motivados e envolvidos na organizao em que trabalham. Em outras palavras necessrio uma educao tica que conduza a atitudes ticas de seus profissionais.Desse modo, relevante ter conscincia de que toda a sociedade vai se beneficiar atravs da tica e da responsabilidade social aplicada no campo da formao acadmica suscitando a questo de: Como a educao tica contribui na formao acadmica dos bacharis em turismo de forma a desenvolver competncias e valores que possibilitem um desenvolvimento turstico sustentvel de destinos tursticos?Para tanto, busca-se neste estudo realizar uma anlise atravs de uma abordagem terico-conceitual, luz dos principais tericos que enfocam a tica no campo do turismo, verificando os princpios ticos inerentes a este setor, bem como as principais competncias do docente de instituies de ensino superior em turismo, de maneira que se realize uma reflexo sobre as potencialidades e condicionantes na formao acadmica tica em turismo para o desenvolvimento turstico sustentvel e para a gerao de vantagens competitivas em destinos tursticos.

Tal abordagem apresenta sua relevncia ao tratar de um tema novo e pouco discutido que a educao tica, ou seja, a formao tica nos cursos de turismo das instituies de ensino superior. Como tambm diante a necessidade de se aplicar os princpios ticos no turismo, que possam vislumbrar a sustentabilidade to apregoada e discutida em todas as esferas, quer sejam empresarias, acadmicas e poltico-sociais.De modo que corrobora com a perspectiva de que se necessrio ter tica no que est se fazendo, necessrio que o profissional de turismo esteja preparado para representar a localidade de forma tica. E tal preparao resultado da formao acadmica que tal profissional submeteu-se, de maneira que demonstra a importncia de fazer um estudo no mbito de base na educao do bacharel em turismo que a Universidade.

A universidade tem o objetivo de preparar o aluno, colocar e expor idias e conceitos sobre o que o cerca, formar pensadores e crticos do turismo visando melhorar, maximizar as potencialidades tursticas com o diploma na mo o turismlogo deve estar apto a ter conscincia tica do seu trabalho A sociedade s tem a ganhar com a educao tica do profissional que consciente de seu papel perante a sociedade local, se predispe a tomar atitudes com responsabilidade social visando sempre o turismo sustentvel. Esse ponto abrange a relevncia econmica do tema j que toma uma atitude sustentvel. Percebe-se, ento o papel dos docentes bem formados para a capacitao eficaz de profissionais, para que estes possam atender s demandas do mercado. O estudo da tica talvez tenha se iniciado com filsofos gregos h 25 sculos. Hoje em dia, seu campo de atuao ultrapassa os limites da filosofia e inmeros outros pesquisadores do conhecimento dedicam-se ao seu estudo. Socilogos, psiclogos, bilogos e muitos outros profissionais desenvolvem trabalhos no campo da tica. Contudo, pouco vem sendo trabalhado nos estudos em turismo enaltecendo a necessidade de fazer uma reviso do papel de educao no campo do turismo e a considerao da grande importncia que tem o investimento estratgico no capital humano na atividade turstica, num processo dirigido a obteno de preos de custos e preos competitivos, combinando inovao com sistema organizado de recursos humanos. Nesse contexto tem-se de considerar como avanar no processo educativo detectando as necessidades e exigncias do mundo turstico. Cada vez mais evidente que no se pode pensar num desenvolvimento equilibrado do setor ou num processo de melhora de qualidade se no se realiza um esforo de investimento em educao

Com base nestas premissas, o estudo apresenta-se dividido em 4 captulos alm das consideraes finais, sendo abordado primeiramente numa viso mais ampla da tica, pontuando seus conceitos e princpios , correlacionando-a com a educao voltada para a formao de uma sociedade tica. Dentro desta abordagem o estudo apresenta no captulo 3 e subdivises a educao voltada para a tica nas organizaes tursticas, ou seja, a conscincia das organizaes de que o conjunto dos atores do desenvolvimento turstico tm o seu papel.

Segundo Badar (2003, p.136):

dever de todos os agentes envolvidos no desenvolvimento turstico salvaguardar o ambiente e os recursos naturais, na perspectiva de um crescimento econmico sadio, contnuo e sustentvel, capaz de satisfazer eqitativamente as necessidades e as aspiraes das geraes presentes e futuras. Nesse mbito tambm apresentado a formao tica atravs da educao como um fator de competitividade, como promotor de qualidade e como instrumento de sustentabilidade e de profissionalismo.Incluso no universo das organizaes est o profissional de turismo que deve estar com o interesse ou a preocupao voltada para tica. Diante disto, revela-se a importncia do estudo sobre a tica na formao acadmica no turismo, pois o profissional, no s da rea de turismo, deve ser preparado para planejamentos e aes embasados em conceitos ticos. O captulo 4 trata deste assunto afirmando de acordo com alguns autores a importncia da tica na formao acadmica assim como a responsabilidade do professor como agente difusor de princpios ticos e orientadores no conhecimento e formao de uma conscincia tica profissional nos futuros bacharis. Por ltimo, nas consideraes finais, tomando como referncia a qualidade tica dos gestores, evidenciada a importncia da tica na educao e formao acadmica do profissional de turismo dentro do contexto do turismo sustentvel.2 TICA: UMA QUESTO DE EDUCAO

2.1 TICA: CONCEITOS E PRINCPIOSO homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe-lhe pensar e responder seguinte pergunta: Como devo agir perante os outros?. Trata-se de uma pergunta fcil de ser formulada, mas difcil de ser respondida (LEMOS, 2006, p.31).Ora, esta a questo central da Moral e da tica. Moral e tica, s vezes, so palavras empregadas como sinnimos: conjunto de princpios ou padres de conduta. tica pode tambm significar a reflexo sobre os valores e as normas que regem as condutas humanas. Em outro sentido, tica pode referir-se a um conjunto de princpios e normas, escritas em formas de cdigo, que um grupo estabelece para seu exerccio profissional.

As Instituies de Ensino Superior devem formar seus alunos para que possa tomar parte na construo de uma conscincia crtica, serem livres e autnomos para pensarem e julgarem (PCN,1997).

Todo estudo sobre tica comea com a compreenso do que tica e moral. Moore (1975) considera tica, partindo da etimologia, como uma palavra de origem grega, com duas origens possveis. A primeira a palavra grega thos, com e curto, que pode ser traduzida por costume, a segunda tambm se escreve thos, porm com e longo, que significa propriedade do carter. A primeira a que serviu de base para a traduo latina Moral, enquanto a segunda, de alguma forma, orienta a utilizao atual que se d a palavra tica. Sendo assim, so palavras sinnimas.Para Singer (1994) a tica pode ser um conjunto de regras, princpios ou maneiras de pensar que guiam, ou chamam a si a autoridade de guiar, as aes de um grupo em particular (moralidade), ou o estudo sistemtico da argumentao sobre como ns devemos agir (filosofia moral). Esse conceito equipara moral e tica sem alguma distino. No conceito do autor as duas palavras tanto denotam reflexo das atitudes do ser humano quanto s regras, costumes e ideologias.Tugendhat (2007) apresenta a origem da palavra tica com o estudioso Aristteles. Este tinha designado suas investigaes terico-morais - ento denominadas como ticas - como investigaes sobre o ethos, sobre as propriedades do carter, porque a apresentao das propriedades do carter, boas e ms (das assim chamadas virtudes e vcios) era uma parte integrante essencial destas investigaes. No latim o termo grego thicos foi ento traduzido por moralis. Mores significa: usos e costumes. Ento, segundo Tugendhat (2007) ocorre um erro de traduo, pois na tica aristotlica no apenas ocorre o termo thos (com 'e' longo), que significa propriedade de carter, mas tambm o termo thos (com 'e' curto) que significa costume, e para este segundo termo que serve a traduo latina.Segundo Boelter (2008) na introduo tica, h explcito que nos costumes, manifesta-se um aspecto fundamental da existncia humana: a criao de valores. Os diversos grupos e sociedades criam formas peculiares de viver e elaboram princpios e regras que regulam seu comportamento. Esses princpios e regras especficos, em seu conjunto, indicam direitos, obrigaes e deveres. No h valores em si, mas sim propriedades atribudas realidade pelos seres humanos, a partir das relaes que estabelecem entre si e com a realidade, transformando-a e se transformando continuamente. Assim, valorizar significa relacionar-se com a natureza, atribuindo-lhe significados que variam de acordo com necessidades, desejos, condies e circunstncias em que se vive. Pela criao cultural, instala-se a referncia no apenas ao que , mas ao que deve ser. O que se deve fazer se traduz numa srie de prescries que as sociedades criam para orientar a conduta dos indivduos. Este o campo da moral e da tica. (BOELTER , 2008)J Saviani (2000) diz que tica significa os princpios e normas da boa conduta ou a prpria conduta quando guiada por regras que conduzem a praticar o bem e evitar o mal. Em sentido tcnico, porm, a tica se refere aos princpios e normas enquanto tais e, mais especificamente, cincia ou parte da filosofia que estuda esses princpios e normas buscando distinguir entre o bem e o mal.Rosas (2002) diferencia tica e moral de vrios modos:1. tica princpio, moral so aspectos de condutas especficas;

2. tica permanente, moral temporal;

3. tica universal, moral cultural;

4. tica regra, moral conduta da regra;

5. tica teoria, moral prtica. Etimologicamente falando, tica vem do grego "ethos", e tem seu correlato no latim "morale", com o mesmo significado: Conduta, ou relativo aos costumes. Pode-se concluir que etimologicamente tica e moral so palavras sinnimas

No apenas agi-se ou executa-se afazeres, mas tambm necessita-se refletir sobre os atos quer em sua realizao ou avaliao. Conforme Vsquez (2005, p. 07) argumenta ao dizer que: O ser humano reflete sobre seu comportamento prtico. O ser humano um ser reflexo, ou seja, reflete sobre suas atitudes e comportamentos. Quando o ser humano tem essa atitude de reflexo ele est no campo da tica: o que bom? No um problema moral cuja soluo caiba ao indivduo em cada caso particular, mas um problema de carter reflexivo, terico de competncia do investigador do tico. Portanto, conceitualmente, o campo da tica est circunscrito pela reflexo do comportamento moral. A tomada de decises e a realizao de atos para a resoluo de algum dilema abrangem o que Vasquez (2005) denominou de prtica moral, j a reflexo sobre os comportamentos prticos de sua deciso o que chamou de tica.De forma mais objetiva Vasquez (2005, p.21) diferencia tica e moral da seguinte forma: A tica explicao daquilo que foi ou , e no uma simples descrio. Cabe-lhe explicar a razo de ser da pluralidade e das mudanas de moral.

Na concepo de Pereira, Moulin (2006) a tica no algo superposto conduta humana, pois todas as atividades envolvem uma carga moral. Idias sobre o bem e o mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido definem a realidade do homem. Diante dos dilemas da vida, tem-se a tendncia de conduzir aes de forma quase que instintiva, automtica, fazendo uso condutas presente no meio social, de normas que julga-se mais adequadas de serem cumpridas, por terem sido aceitas intimamente e reconhecidas como vlidas e obrigatrias. Faz-se uso de normas, praticam-se determinados atos e, muitas vezes, serve-se de determinados argumentos para tomar decises, justificar aes e que faz com que o indivduo sinta-se dentro da normalidade.

As normas tm relao com os valores morais. So os meios pelos quais os valores morais de um grupo social so manifestos e acabam adquirindo um carter normativo e obrigatrio. A palavra moral tem sua origem no latim "mos" / "mores", que significa "costumes", no sentido de conjunto de normas ou regras adquiridas por hbito. (VZQUEZ,2000, p.24)De acordo com Boelter (2008) a moralidade tida como o conjunto de crenas, princpios, regras que norteiam o comportamento humano, a moral o campo em que dominam os valores relacionados ao bem e ao mal, como aquilo que deve ser buscado ou de que se deve afastar. O contedo dessas noes ganha concretude no interior de cada contexto social especfico e varia enormemente de sociedade para sociedade, de cultura para cultura, em cada situao concreta, intervm interesses, estabelecem-se poderes, emergem conflitos. O que importante assinalar que a moralidade componente de todas as culturas e a dimenso moral est presente no comportamento de cada pessoa em relao com as outras, das culturas e dos povos entre si. (PCN, 1999, p.43).A tica est acima da moralidade. Sua reflexo a reflexo a respeito da moralidade. Segundo o PCN (1998, p. 52 ) a tica a reflexo crtica sobre a moralidade. Ela no tem um carter normativo, pois, ao fazer uma reflexo tica, pergunta-se sobre a consistncia e a coerncia dos valores que norteiam as aes, busca-se esclarecer e questionar os princpios que orientam essas aes, para que elas tenham significado autntico nas relaes. H uma multiplicidade de doutrinas morais que, pelo fato de serem histricas, refletem as circunstncias em que so criadas ou em que ganham prestgio. Assim, so encontradas doutrinas morais cujos princpios procuram fundamentar-se na natureza, na religio, na cincia, na utilidade prtica.

A distino que se faz contemporaneamente entre tica e moral tem a inteno de salientar o carter crtico da reflexo, que permite um distanciamento da ao, para analis-la constantemente e reformul-la, sempre que necessrio. Boelter (2008) afirma que por ser reflexiva, a tica tem, sem dvida, um carter terico. Isso no significa, entretanto, que seja abstrata, ou metafsica descolada das aes concretas. No se realiza o gesto da reflexo por mera vontade de fazer um "exerccio de crtica". A crtica provocada, estimulada, por problemas, questes-limites que se enfrentam no cotidiano das prticas. A reflexo tica s tem possibilidade de se realizar exatamente porque se encontra estreitamente articulada a essas aes, nos diversos contextos sociais. nessa medida que se pode afirmar que a prtica cotidiana transita continuamente no terreno da moral, tendo seu caminho iluminado pelo recurso tica.Loch (2002) afirma que os princpios ticos so parte de um sistema articulado de valores, cuidadosamente examinados e constantemente seguidos. Estes princpios so princpios universais de justia.

Segundo Zajdsznajder (1994) tanto a tica quanto a moral buscam captar algo complexo e multifacetado. So, elementos numerados a seguir, parte de um todo que inclui a vida interior e social das pessoas, o que se apresenta no discurso, nas aes e se encontra corporificado em instituies.

1. Conjunto de normas codificadas ou no sobre como se devem conduzir as pessoas e as instituies.

2. Conjunto de idias acerca de como deve ser conduzida a vida humana para que seja considerada boa ou feliz.

3. Maneira como as pessoas e instituies comportam-se realmente na prtica.

4. Reflexo e raciocnio que ocorrem quando se tomam decises ou se resolve agir, segundo o que correto ou incorreto, no sentido de bom ou mau.

5. Sentimentos das pessoas diante de seus prprios comportamentos ou de outros.

6. Reflexo sobre a origem das normas, o seu fundamento, a sua justificativa.

Camargo (1999, p. 20) parte do pressuposto de que a tica existe para realizao humana quando afirma que:

A construo da tica parte das exigncias ou necessidades fundamentais da natureza humana; estas so aleatrias, mas existem no ser humano, limitando-o e identificando-o para que ele possa descobrir-se a satisfazer o que lhe solicitado para a sua realizao.Com essa afirmao, Camargo (1999) mostra que a tica aponta novos rumos e age como norteadora das realizaes do prprio ser humano. a busca pelo que favorece natureza do homem.2.2 A EDUCAO NA BUSCA DE UMA SOCIEDADE TICA De acordo com Caria (2002) educar, para a maioria dos interlocutores do assunto, corresponde a duas idias centrais: ensinar, no sentido de transmitir informao e conhecimentos escolares disciplinares, e socializar, no sentido de inculcar normas de conduta de "bom comportamento" no trato com as pessoas. Trata-se, como os prprios reconhecem, de uma definio de educao que est muito prxima da sua prtica, isto , uma pedagogia obrigatria, centrada no ensino do currculo formal, e uma pedagogia implcita sobre as normas e regras escolares (CARIA, 2002).Em sua mais larga acepo, compreende mesmo os efeitos indiretos, produzidos sobre o carter e sobre as faculdades do homem, por coisas e instituies cujo fim prprio inteiramente outro: pelas leis, formas de governo, pelas artes industriais, ou ainda, por fatos fsicos independem da vontade do homem, tais como o clima, o solo; a posio geogrfica. Essa definio engloba como se v, fatos inter diversos, que no devem estar reunidos num mesmo vocbulo, sem perigo de confuso. (DURKHEIM, 1969)Demo (2007) defende a idia de que educar modificar as posies sociais dos sujeitos nos processos de interao pedaggica. Modificao esta que (para alm das implicaes que poder ter ao nvel psicolgico de auto-desenvolvimento pessoal) gerar uma diferenciao nos processos de construo social das desigualdades escolares fomentando e ampliando o aparecimento de processos de mobilidade escolar, individual e grupal.

Ainda segundo Demo (2007) a educao passa a ser o espao e o indicador crucial de qualidade, porque representa a estratgia bsica de formao humana. No h como chegar qualidade sem educao, bem como no ser educao aquela que no se destinar a formar o sujeito histrico crtico e criativo. fundamental a dimenso de saber pensar para cada um, parte integrante da sociedade, a fim de inovar e tomar distancia crtica dos fatos, ou seja, o ser humano deve ser cidado e para isso precisa-se de processos educativos que faam surgir o cidado.Para Thums (2005) a educao uma ao reguladora e estimuladora do processo de desenvolvimento humano e da personalidade humana. Educa-se sempre com uma idia de homem, de cultura, de sociedade. A educao consiste essencialmente em sua forma de compreender o mundo e transform-lo.

Um novo conceito com uma nfase maior e mais conseqente quanto ao desenvolvimento espiritual do homem, que passa a ser bsico no processo educativo, proposto por Nrici (2006, p.10):

Educao o processo que visa levar o indivduo a explicitar e desenvolver as suas virtualidades, em contato com a realidade, tendo em vista promover o seu desenvolvimento espiritual, a fim de leva-lo atuar na mesma realidade com conhecimento, eficincia e responsabilidade, para serem atendidas necessidades pessoais, sociais e transcendentais da criatura humana.Dando importncia educao no enfoque social e tico apresenta-se a definio de educao concebida por Durkheim (1990, p.73)A educao a ao exercida pelas geraes adultas sobre as geraes que no se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criana, certo nmero de estados fsicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade poltica no seu conjunto e pelo meio especial a que a criana, particularmente, se destine.

por a, alis, que melhor se revela a importncia e a fecundidade do trabalho educativo. Na realidade, esse ser social no nasce com o homem, no se apresenta na constituio humana primitiva, como tambm no resulta de nenhum de espontneo.

Durkheim (1969) afirma ainda que espontaneamente, o homem no se submeteria autoridade poltica; no respeitaria a disciplina moral, no se devotaria, no se sacrificaria. Nada h em nossa natureza congnita que nos predisponha a tornar-nos, necessariamente, servidores de divindades ou de emblemas simblicos da sociedade, que nos leve a render-lhes culto, a nos privarmos em seu proveito ou em sua honra. Foi a prpria sociedade, na medida de sua formao e consolidao, que tirou de seu prprio seio essas grandes foras morais, diante das quais o homem sente sua fraqueza e inferioridade. preciso que, pelos meios mais rpidos, ela agregue ao ser egosta e a - social, que acaba de nascer, uma natureza de vida moral e social. Eis a, a obra da educao. Basta enunci-la dessa forma para que percebamos toda a grandeza que encerra. A educao no se limita a desenvolver o organismo, no sentido indicado pela natureza, ou tornar tangveis os germes, ainda no rev embora procura de oportunidade para isso. Ela cria no homem um ser novo. Um homem consciente da existncia da tica. (DURKHEIM, 1952)Diante disto, a educao na criao do homem como um novo ser, cria-se um elo com as trs dimenses da educao propostos pelos estudos de Boff (2005 p.10) para que o novo ser gerado a partir da educao seja um cidado. So elas: o pensamento crtico que se revela quando cada texto ou evento situado num contexto biogrfico, social e histrico e capacita a formao de opinio e de crtica; o pensamento criativo que permite a descoberta de novas maneiras de se expressar e de pronunciar o mundo; e

o pensamento o criativo e o cuidante: que abrange a ateno aos valores, objetividade ao que realmente interessa e preocupao com os impactos que nossas idias e aes podem causar aos outros. Em outras palavras, ser cuidante ser tico, isto , colocar o bem comum acima do bem prprio, se responsabilizar pela qualidade de vida social e ecolgica e, que d valor dimenso espiritual, importante para o sentido da vida e da morte. A educao tem um papel decisivo na sociedade do conhecimento Segundo Demo (2006 apud Neto, Maciel, 2006) a caracterstica mais visvel da sociedade do conhecimento sua crescente capacidade de autogoverno, tornando-se cada vez menos dependente de intempries supervenientes ou de destinos fechados. Consegue criar espaos e oportunidades dentro das circunstncias dadas.Na concepo de Demo (2006 apud Neto, Maciel, 2006) o suporte mais visvel dos rumos futuros da educao est em sua relao cada vez mais palpvel com a cidadania.

Espera-se que a educao saiba apontar para a crtica pertinente unio entre conhecimento, mercado e sociedade pelo menos no que diz respeito as causas da desigualdade social e contra a destruio do meio ambiente (DEMO 2006 apud Neto, Maciel, 2006). 3 TICA NO TURISMO: UMA QUESTO DE QUALIDADEA questo da tica dentro do turismo constitui uma reflexo importante para a compreenso do turismo sustentvel, tanto na esfera acadmica, sociedade civil organizada e rea empresarial.Uma conduta tica no turismo, segundo Regules (2007) representa uma demanda voltada a todos os agentes envolvidos nas atividades tursticas: o turista, o poder pblico, as empresas e a comunidade receptora levando em considerao os princpios ticos de valorizao da vida, o respeito mtuo, o respeito a diferena, cultura local e preservao do meio ambiente.3.1 TICA NAS ORGANIZAES

Assuntos sobre tica tm lugar importante na economia atual. A importncia da tica nas relaes de negcios est cada vez mais patente na sociedade. Perante isso, as empresas esto, mais e mais, achando que precisam avaliar suas aes no somente em termos econmicos, mas tambm em termos de consideraes ticas, vitais para o crescimento sustentvel do seu negcio (BENEDICTO, SALAZAR, 2004).No Brasil h uma preferncia pelo uso das expresses tica nas organizaes ou organizacional e tica nos negcios, provavelmente pela mencionada influncia do idioma ingls que utiliza business ethics e organizational ethics. (Zabole,1999 apud Instituto Ethos Reflexo, 2001)O interesse ou a preocupao com a tica organizacional de seus dirigentes e empregados, tem crescido, sendo alvo da mdia e da literatura sobre administrao. J se encontram, nos jornais, anncios selecionando supervisores ou consultores ticos, sinal de que a empresa est incluindo a preocupao com a tica formalmente em sua estrutura organizacional. A tica das empresas vai se mostrando indispensvel a capacidade gerencial e, conseqentemente, a figura do executivo que pouco a pouco vai se tornando um personagem central do mundo social atual. (Zaboli,1999 apud Instituto Ethos Reflexo, 2001)Segundo MATOS (2000) a tica verdadeira muda a cultura empresarial e traz a questo da predisposio tica nos dias atuais, pois a cultura tica nas empresas atribui respeitabilidade como forte diferencial de qualidade e conceito pblico. Ainda refora que a mudana tica organizacional deve ter o foco no homem, em dignidade e oportunidades e na sua interao e trabalho em equipe com os outros. neste cenrio de ampliao do conceito tico na empresa que o gestor se apresenta com base para a implantao da tica na organizao, pois o gestor uma pessoa com claros objetivos que se prope a alcan-los atravs do desenvolvimento de grande habilidade para imaginar e criar meios que permitam isto. De comportamento pr-ativo, criativo e com capacidade inovadora no se prende a solues j conhecidas, mas com instinto de adaptao imagina possibilidades e estratgias novas, sempre no marco da negociao, menos custoso que o do conflito; responsabilidade tica para com a sociedade (Zaboli,1999 apud Instituto Ethos Reflexo, 2001.) Neste sentido, a educao e a preocupao com um atuar eticamente correto dos bacharis em Turismos, com habilitao em gesto devero formar parte do desenvolvimento da organizao.A estrutura tica de uma empresa , antes de tudo, fruto da convico coletiva, isto , das diretrizes resultantes de ampla discusso entre as lideranas e consolidadas junto a todos que dela fazem parte, para que se tornem fonte de todas as polticas organizacionais.De acordo com a autora Cortina (1994) para o desenho de uma tica nas organizaes faz-se necessrio determinar o objetivo, misso e viso da organizao para que os hbitos a ela inerentes tomem formato baseado num carter tico, tambm no mbito interno da empresa quanto da sociedade na qual est inserida identificando os valores ticos da mesma.3.2 TICA COMO UM PROMOTOR DA QUALIDADE EM EMPREENDIMENTOS TURISTICOS A tica uma caracterstica inerente a toda ao humana e, por esta razo, um elemento vital na produo da realidade social. Todo homem possui um senso tico, uma espcie de "conscincia moral", estando constantemente avaliando e julgando suas aes para saber se so boas ou ms, certas ou erradas, justas ou injustas. ( JR. ORRICO,1994)O comportamento tico e organizacional baseia-se na aplicao dos princpios ticos a todos os relacionamentos que a organizao mantm (interno e externo) e na formao da conscincia tica social dos colaboradores perante seus parceiros e seu pblico alvo. Conclui-se que a riqueza de uma organizao est associada qualidade tica de seus gestores. (MURARO, LIMA, 20003)A tica, como base de qualquer iniciativa empreendedora, est fundamentalmente associada ao perfil profissional dispensado ao comportamento humano e o relacionamento com o cliente. O resultado da aplicao deste conceito est associado qualidade dos servios e a satisfao da clientela ( CREFSC,2004)Segundo Oakland (2007) qualidade ento simplesmente o atendimento das exigncias do cliente. Qualidade , fundamentalmente, a adequao ao uso; ou ainda, a totalidade das caractersticas de um produto ou servio que se relacionam com sua capacidade de atender s necessidades do Consumidor. E ainda o atributo que faz as coisas ou pessoas distinguveis entre si. Pode-se dizer que qualidade um conceito abstrato, que varia de acordo com o tempo, os costumes, a tecnologia e a cultura. Longo (1996) afirma que qualidade, enquanto conceito, um valor conhecido por todos e, no entanto, definido de forma diferenciada por diferentes grupos ou camadas da sociedade a percepo dos indivduos diferente em relao aos mesmos produtos ou servios, em funo de suas necessidades, experincias e expectativas. J o termo qualidade total tem inserido em seu conceito seis atributos ou dimenses bsicas que lhe conferem caractersticas de totalidade.

Essas seis dimenses, correlacionando-as com a atividade turstica, so (LONGO, 2006): Qualidade intrnseca:pode-se dizer que a qualidade intrnseca diz respeito ao atendimento da finalidade do destino turstico ou servio, ou seja, o viajante compra sonhos e nele so geradas expectativas que devem ser satisfeitas de acordo com o que foi apresentado e proposto Custo: o custo-benefcio do servio importante para que tanto o empresrio quanto o turista no se sinta prejudicado, mas certo de que o que est adquirindo realmente tem um preo justo

Atendimento, com o foco no cliente, por se s demonstra sua importncia na prestao de servios de excelncia

Moral: diz respeito a um procedimento justo, motivacional dentro do ambiente organizacional;

Segurana: refere-se a integridade fsica do turista, da proteo e respeito comunidade e ao meio ambiente

tica.: Finalmente, a sexta dimenso do conceito de qualidade total, a tica, representada pelos cdigos ou regras de conduta e valores que tm que permear todas as pessoas e todos os processos de todas as organizaes e profissionais que pretendem sobreviver no mundo competitivo de hoje.A qualidade passou a ser o produto final da organizao, o seu objetivo maior, uma de suas metas final e; paradoxalmente, ao mesmo tempo, a meta que - devido ao mesmo aprimoramento contnuo - nunca alcanada completamente, uma vez que no gerenciamento pela qualidade total, as metas so por si s dinmicas.

Inserido num contexto de tica para o alcance da qualidade, o profissional demanda certo estudo dos princpios e cdigos de condutas aplicveis para atingir a qualidade e por meio da educao que se pode disseminar o conhecimento para a prtica e assim, atingir a qualidade.3.3 TICA COMO INSTRUMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO TURSTICO SUSTENTVEL

Segundo Bursztyn (2001) a sustentabilidade demanda uma nova concepo: um pacto entre desiguais e diversos, como se pode caracterizar de modo exemplar na dimenso temporal futurista, ou seja, preciso hoje assegurar a qualidade de vida das geraes futuras.

O conjunto dos atores do desenvolvimento turstico tm o dever de salvaguardar o ambiente e os recursos naturais, na perspectiva de um crescimento econmico so, contnuo e sustentvel, capaz de satisfazer equitativamente as necessidades e as aspiraes das geraes presentes e futuras. Todos os tipos de desenvolvimento turstico que permitam economizar os recursos naturais raros e preciosos, nomeadamente a gua e a energia, evitar na medida do possvel a produo de dejetos, devem ser privilegiados e encorajados pelas autoridades pblicas nacionais, regionais e locais. A repartio no tempo e no espao dos fluxos de turistas e de visitantes, especialmente o que resulta das licenas de frias e das frias escolares, e um melhor equilbrio entre locais freqentados devem ser procurados por forma a reduzir a presso da atividade turstica sobre o meio ambiente, e a aumentar o seu impacto benfico na indstria turstica e na economia local.

As infra-estruturas devem estar concebidas e as atividades tursticas ser programadas por forma a que seja protegido o patrimnio natural constitudo pelos ecossistemas e a biodiversidade, e que sejam preservadas as espcies ameaadas da fauna e flora selvagens. Os atores do desenvolvimento turstico, nomeadamente os profissionais, devem permitir que lhes sejam impostas limitaes ou obstculos s suas atividades quando elas sejam exercidas em zonas particularmente sensveis: regies desrticas, polares ou de alta montanha, zonas costeiras, florestas tropicais ou zonas midas, propcias criao de parques naturais ou reservas protegidas.

Sobre o tema, Regules (2007) afirma:

Com relao ao meio ambiente tambm existem normas fundadas na tica, na declarao dos direitos humanos e em outras legislaes mais especficas nas quais se colocam limites relao dos povos com os recursos naturais. O nosso agir sobre a natureza deve ser regulado por princpios ticos, j que se trata do patrimnio da humanidade, das geraes presentes e das geraes futuras.O turismo de natureza e o ecoturismo so reconhecidos como formas de turismo especialmente enriquecedoras e valorizadoras, sempre que respeitem o patrimnio natural e as populaes locais se ajustem capacidade de acolhimento dos lugares tursticos.

3.4 TICA COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE

A tica contribui para a boa imagem da empresa, pois nenhuma das grandes e excelentes companhias distingue-se pela falta de princpios ticos, mas pela qualidade do produto que colocam disposio do mercado.

As empresas tm uma imagem a resguardar, patrimnio essencial para a continuidade do prprio negcio. A imagem da empresa no pode ser vilipendiada ou reduzida simples pea publicitria uma vez que ela representa um ativo econmico sensvel credibilidade que inspira. A dimenso tica uma parte decisiva dentro do conceito de qualidade que a empresa apresenta sociedade.

Ghilardi (2007) um dos aspectos mais marcantes do atual contexto social a intensa competio impregnada nas relaes humanas. Embora essa tenha sido uma caracterstica e uma preocupao tambm de outros tempos, podemos notar que hoje a sua presena to forte em nossas vidas, como nos parece ser a inteno de desenvolv-la na conscincia das pessoas.

Muitas so as manifestaes da idia de competio nas sociedades humanas. Provavelmente, o homem esteja mais e mais longe do seu equilbrio ao supervalorizar a competitividade e se distanciar da tica e de toda a coleo de virtudes que a compem. Em alguns momentos, chega-se a acreditar na impossibilidade da coexistncia da competitividade e da tica.

Segundo Ghilardi (2007) a competitividade um dos princpios da economia liberal em que muitas vezes, procurando um ganho individual maior, a pessoa trabalha, coincidentemente, para elevar ao mximo possvel a produtividade das organizaes e, conseqentemente, a renda anual de uma pequena parte da sociedade. Por uma espcie de mo invisvel, a pessoa misteriosamente levada a alcanar objetivos que jamais fizeram parte de suas intenes, mas mesmo assim se engaja em certas misses em que as metas so intangveis e as presses incontrolveis, sob uma bandeira virtual e ufanista, que estampa crenas e valores que na prtica se revelam irreais.

Em primeira ordem, verifica-se que as virtudes do homem e a integridade do seu carter que o tornam essencialmente competitivo, e que as organizaes so formadas por pessoas; numa extenso desse raciocnio, pode-se afirmar que indivduos ticos formam empresas no s ticas, mas tambm competitivas e vencedoras em seus objetivos, quando os tm claros em benefcio amplo da sociedade Ghilardi (2007).Na atualidade, a competitividade sem dvida essencial sobrevivncia e continuidade das empresas, mas de nada valem esses esforos se deixarmos a tica ao largo, pois, segundo a filosofia do utilitarismo, a tica, quando bem aplicada, reverte no maior benefcio a um maior nmero de pessoas.

Partindo de uma reflexo sobre a administrao correta do tempo no desempenho de nossas atividades e tambm o exerccio, com convico, da tica, consubstanciada to-somente em dez das virtudes humanas desejveis, quais sejam: a justia, a honestidade, a liberdade, a responsabilidade, o respeito, a veracidade, a confiana, a disciplina, a solidariedade e a espiritualidade. Pode-se afirmar que cada gestor exercer de forma plena a competitividade, e conseguir mudar o conceito selvagem de competio sempre emoldurado por termos rebuscados, contundentes e estereotipados, para uma nova equao simples, que possibilitar a existncia de empresas mais prsperas e sociedades mais justas e felizes (GHILARDI, 2007).3.5 TICA PROFISSIONAL NO TURISMO

Segundo Moraes (1996) na era da qualidade, a universidade assume papel decisivo na formao de profissionais de nvel universitrio uma vez que o novo modelo da flexibilizao exige a formao de indivduos tambm flexveis, aptos a ser polivalentes enquanto fora de trabalho. Com isto, o ensino superior, de forma geral, deve evocar para si uma mudana radical na produo do conhecimento que ele prope sociedade, tendo em vista o novo perfil da fora de trabalho que o mercado de trabalho exige atualmente. Tais mudanas nesse grau de ensino devem se realizar em funo das constantes transformaes por que passa o mercado, tendo a universidade de estar instrumentalizada, atravs de mecanismos eficientes, de forma a no defasar o conhecimento que ela emana. Assim, o "aprender a aprender" necessita pautar a educao superior atual, com a finalidade de formar adequadamente a nova fora de trabalho, luz do momento tico (Moraes, Borges, 2008).

Esta reflexo sobre as aes realizadas no exerccio de uma profisso deve iniciar bem antes da prtica profissional. Toda a fase de formao profissional, o aprendizado das competncias e habilidades referentes prtica especfica numa determinada rea, deve incluir a reflexo, desde antes do incio dos estgios prticos.

As leis de cada profisso so elaboradas com o objetivo de proteger os profissionais, a categoria como um todo e as pessoas que dependem daquele profissional, mas h muitos aspectos no previstos especificamente e que fazem parte do comprometimento do profissional em ser eticamente correto, aquele que, independente de receber elogios, age com tica.Uma conduta tica representa a viso do bem comum para todos os agentes envolvidos na atividade turstica - o turista, o poder pblico, as empresas e a comunidade receptora - dinamizando a economia e colaborando com o desenvolvimento sustentvel (REGULES, 2007).

3.5.1 Cdigo de tica do Turismo sempre um desafio refletir sobre tica, principalmente quando associada educao. Todos os envolvidos na atividade turstica turistas, agentes, populaes autctones e autoridades pblicas devem corroborar para uma experincia saudvel no desenrolar da vivncia turstica. Cada parte deve ser responsvel e tico para compreender o diferente, aceitar o novo e preservar para as geraes futuras.Alguns dos mais importantes documentos encontrados que demonstram a inerncia dos valores ticos para os profissionais que trabalham no turismo, dentre eles o Cdigo de tica dos Bacharis em Turismo e o Cdigo Mundial de tica do Turismo. Cdigo Mundial de tica do Turismo

Este cria um marco de referncia para o desenvolvimento responsvel e sustentvel do Turismo Mundial no incio do novo milnio. O seu texto inspirou-se em numerosas declaraes e cdigos profissionais similares que o precederam e aos quais juntou novas idias que refletem a mudana da nossa sociedade nos finais do sculo XX. (REGULES,2007)A preparao deste cdigo advm de uma resoluo adotada na Assemblia Geral da OMT, em Istambul, em 1997. Nos dois anos subseqentes, constituiu-se um Comit Especial para preparar o Cdigo Mundial de tica do Turismo, tendo como base um documento preliminar que foi elaborado pelo Secretrio Geral e o Conselheiro Jurdico da OMT, posterior consultas feitas ao Conselho Empresarial, s Comisses Regionais e ao Conselho Executivo da Organizao (REGULES,2007)O Cdigo refere-se sistematicamente ao desenvolvimento sustentvel e da tica relacionada com qualidade (WYSE, 2006). De acordo com Regule (2007, p.18-20) compreende 10 princpios que enunciam as "regras do jogo" para os destinos, governos, operadores tursticos, promotores, agentes de viagens, empregados e para os prprios turistas.1. Contribuio do turismo para a compreenso e o respeito mtuo entre homens e sociedades.2. Turismo, instrumento de desenvolvimento individual e coletivo.3. Turismo, fator de desenvolvimento sustentvel4. Turismo, fator de aproveitamento e enriquecimento do patrimnio cultural da humanidade5. Turismo, atividade benfica para os pases e para as comunidades de destino.6. Obrigaes dos agentes de desenvolvimento turstico7. Direito do turismo8. Deslocamento turstico9. Direito dos trabalhadores e dos empresrios na indstria turstica10. Aplicao dos princpios do Cdigo Mundial de tica do Turismo.No campo do turismo, 10 princpios ticos so colocados como referencia para o desenvolvimento responsvel e sustentvel do turismo mundial, retirados do Cdigo mundial de tica do Turismo criado por membros da Organizao Mundial de Turismo (OMT), em outubro de 1999 Cdigo de tica dos Bacharis em Turismo

Este documento denominado Cdigo de tica do Bacharel em Turismo a 1 verso de um conjunto de orientaes destinadas a estimular a reflexo do profissional acerca da conduta adequada, no cotidiano de sua atividade laboral, que foi apresentado e aprovado por unanimidade em reunio ordinria, do Conselho Nacional da ABBTUR (Associao Brasileira de Bacharis em Turismo) em 28 de maio de 1999 e apresentado categoria em seo plenria, durante o Congresso Brasileiro de Turismo , em 29 de maio de 1999.O Cdigo composto de 7 captulos e 13 artigos apresentados em sntese a seguir:

1. Da compreenso do fenmeno : O bacharel em turismo deve compreender a magnitude da atividade de maneira multidisciplinar.2. Dos princpios fundamentais :

3. Pressupostos do modelo de turismo sustentvel

4. Dos compromissos com a defesa da categoria

5. Do relacionamento com o cliente

6. Das proibies

7. Da relao com os colegas

Os captulos 2 ao 5 resume-se a um comportamento tico do bacharel em turismo quando se refere a conduta integra para consigo mesmo, com o meio ambiente, com o cliente e com seus colegas de maneiras que o turismo seja desenvolvida para todos num entorno de justia, comprometimento e equidade. O capitulo 6 prev proibies de atitudes que vo contra o carter tico na profisso.Deve levar em considerao, ante os direitos e deveres do bacharel em turismo a importncia e a valorizao do Bacharel em Turismo, estabelecendo padres de conduta a serem observadas pela categoria, garantindo, assim, uma insero cada vez maior no processo de desenvolvimento do turismo brasileiro.

4 TICA NA EDUCAO EM TURISMO: UMA QUESTO DE FORMAO

Esse captulo demonstra a abordagem da tica na Educao, bem como a importncia as conseqncias da insero desse tema na educao. Sendo que tica, segundo Boelter (2008) princpios morais e os valores que norteiam os seres humanos nas suas aes com outros membros da coletividade.

Baseado num enunciado de Kant (1993, p 99) apud Rodrigues (2001, p.240) que diz: o homem a nica criatura que precisa ser educada o autor afirma que a educao constitui o homem. Como concluso Rodrigues (2001, p. 241) afirma:

A educao um ato intencional imposto de fora sobre uma criatura que deve ser formada como ser humano. Sendo um ato intencional e externo, ele desempenhado primeiramente pelos que antecedem na vida social os que esto sendo formados.Acredita-se, pois que a tica na educao de maneira que venha a trazer uma conscincia tica para um resultado positivo, isto , para uma sociedade mais justa e um turismo sustentvel deve ser uma questo de compreenso, reflexo e crtica para que a tica seja inserida no cotidiano da aprendizagem e esteja arraigada aos conhecimentos e atitudes do profissional de turismo.

Diante do exposto, Gonzlez (2002, p.245) conclui:

A formao no deveria realizar a tarefa tradicional de transmitir o conhecimento objetivo, mas deveria dar mais importncia ao conhecimento subjetivo, assumindo um compromisso que vai alm do meramente disciplinar e tcnico para afetar os mbitos pessoal, cooperativo e social.

4.1 TICA NA EDUCAO ACADMICA DO TURISMO.As pessoas so produtos da sociedade. Se transformando de acordo com os preceitos e os valores impostos. Muitas so as instituies responsvel pela educao moral dos indivduos, a igreja, a famlia, a poltica, o Estado. preciso deixar claro que ela no deve ser considerada onipotente, nica instituio social capaz de educar moralmente as novas geraes Boelter (2008)Tambm no se pode pensar que a Universidade garanta total sucesso em seu trabalho de formao. Na verdade, seu poder limitado Boelter (2008).Todavia, tal diagnstico no justifica uma desero. Mesmo com limitaes, a Universidade participa da formao moral de seus alunos. Valores e regras so transmitidos pelos professores, pelos livros didticos, pela organizao institucional, pela forma de avaliao, pelos comportamentos dos prprios alunos. Assim, em vez de deix-las ocultas, melhor que tais questes recebam tratamento explcito, que sejam assuntos de reflexo da universidade como um todo, e no apenas de cada professor. Da a proposta da presena da tica na organizao curricular Boelter (2008).

Segundo o PCN (1998, p. 61) trazer a tica para o espao acadmico significa:

enfrentar o desafio de instalar, no processo de ensino e aprendizagem que se realiza em cada uma das reas de conhecimento, uma constante atitude crtica, de reconhecimento dos limites e possibilidades dos sujeitos e das circunstncias, de problematizao das aes e relaes e dos valores e regras que os norteiam. Configura-se, assim, de acordo com Boelter (2008) a proposta de realizao de uma educao moral que proporcione condies para o desenvolvimento da autonomia, entendida como capacidade de posicionar-se diante da realidade, fazendo escolhas, estabelecendo critrios, participando da gesto de aes coletivas. O desenvolvimento da autonomia um objetivo de todas as reas e temas transversais e, para alcan-lo, preciso que elas se articulem. A mediao representada pela tica estimula e favorece essa articulao.

Ao trabalhar a tica na educao em sala de aula, o professor se depara com a questo do choque de valores. Os diversos valores, normas, modelos de comportamento que o indivduo compartilham nos diferentes meios sociais a que est integrado ou exposto colocam-se em jogo nas relaes cotidianas. A percepo de que determinadas atitudes so contraditrias entre si ou em relao a valores ou princpios expressos pelo prprio sujeito no simples e nem bvia (BOELTER, 2008). A instituio acadmica pela qual espera-se que passem todos os membros da sociedade, coloca-se na posio de ser mais um meio social na vida desses indivduos. Tambm ela veicula valores que podem convergir ou conflitar com os que circulam nos outros meios sociais que os indivduos freqentam ou a que so expostos. Deve, portanto, assumir explicitamente o compromisso de educar os seus alunos dentro dos princpios democrticos(BOELTER, 2008). Se entendida como apenas mais um meio social que veicula valores na vida das pessoas que por ela passam, a escola encontra seu limite na legitimidade que cada um dos indivduos e a prpria sociedade conferir a ela. Se entendida como espao de prticas sociais em que os alunos no apenas entram em contato com valores determinados, mas tambm aprendem a estabelecer hierarquia entre valores, ampliam sua capacidade de julgamento e a conscincia de como realizam escolhas, ampliam-se as possibilidades de atuao da escola na formao moral, j que se ocupa de uma formao tica, para formao de uma conscincia moral reflexiva cada vez mais autnoma, mais capaz de posicionar-se e atuar em situaes de conflito. (BOELTER, 2008)Os valores ticos ou morais se constituem, em suma, num processo de carter educativo. A educao emerge, pois, como uma mediao atravs da qual os indivduos tomam conscincia da moralidade de suas aes elevando-a ao nvel tico, isto , compreenso terica de seus fundamentos, critrios, regras e princpios gerais.

Faz-se necessrio compreender a relao existente entre a tica e a educao para se compreender melhor o aspecto da primeira no contexto educacional. Segundo Pereira e Silva (2008) tica na educao, alm de formar, tambm constri o indivduo, permitindo que o mesmo se compreenda como um membro da sociedade, assumindo dessa forma as responsabilidades que lhe cabem como cidado. Conclui tambm que praticamente impossvel pensar no processo de ensino-aprendizagem sem uma referncia tica, pois ambos se entrelaam.

Para Pereira e Silva (2008) a tica no apenas uma teorizao do agir moral, ela uma prtica que est vinculada diretamente ao humana na sociedade. Logo, ela vivenciada em contextos diferentes na sociedade, como por exemplo, no poltico, no social, no econmico e no educacional. Assim, contribui de uma forma abrangente no que se refere a uma perspectiva coletiva e no puramente individual.

O acesso ao conhecimento e s habilidades constitui parte do processo de formao humana na educao, o que no deve ser confundido com a totalidade do processo. A tica inserida na educao desenvolve no indivduo a capacidade de estabelecer relaes entre esses conhecimentos e habilidades, orientando-o para a prtica da cidadania (PEREIRA, 2008).

No novo contexto da globalizao, a educao que se baseava na transmisso de contedos e na memorizao de regras j no mais consegue preparar o ser humano para a vida cotidiana, que cheia de desafios e exigncias. A educao assume ento uma responsabilidade que vai alm de ensinar contedos (PEREIRA, 2008). O novo modelo de educao deve preparar o indivduo para uma convivncia saudvel e til na comunidade. Hoje, ter um diploma no sinnimo de sucesso. Alm da formao acadmica o indivduo tem que ser verstil e ter a capacidade de adquirir um aprendizado contnuo. Alm do que o mesmo tem que ser hbil e tico em suas relaes inter-pessoais. Nesse aspecto aumenta a importncia e a responsabilidade das instituies educacionais, como uma referncia marcante na vida dos jovens e adultos. Pois a mesma possui um espao onde valores so vivenciados e compartilhados (PEREIRA, 2008)

No ambiente educacional deve haver a integrao das disciplinas com os valores ticos, ensinando dessa forma o ser humano a pensar multiculturalmente. Isso leva a exigir dos educadores uma postura de ao com responsabilidade, ou seja, habilidades para atender as demandas, medida que elas se apresentam (PEREIRA, 2008)

Relacionado a tica na educao acadmica no curso de turismo Trigo (2002) apresenta um crescimento dos cursos e da produo literria neste segmento acadmico como forma de ressaltar a importncia de uma maior reflexo e prtica da tica na formao acadmica resultando num conjunto maior de pesquisas, conhecimentos discusso e reflexo sobre o tema.

Segundo Trigo (2002), no campo da educao e pesquisa surge um diferencial importante para o turismo nacional que ainda pouco conhecido pela populao em geral e pelos empresrios em particular. Hoje o Brasil o pas que mais produz conhecimento acadmico na rea. Nos ltimos anos foram publicados mais de duas centenas de livros cientficos especficos, uma quantidade (e qualidade) maior do que em qualquer pais da Amrica Latina.

Treze bacharis em turismo j defenderam seu doutorado, cerca de 40 especialistas de outras reas defenderam teses de doutorado e cerca de 350 dissertaes de mestrado foram produzidas, sendo toda essa produo cientfica com o foco em turismo. Vrias editoras possuem colees especficas a respeito (editoras Papirus, Contexto, Senac-SP, Senac-Nacional. Aleph, Futura, etc.) e dezenas de trabalhos estrangeiros foram traduzidos e publicados no Brasil.

Comentando especificamente os cursos de bacharel em turismo, Trigo (2002) contradiz o que algumas pessoas afirmam criticando que os cursos so muito "tericos" e pouco ligados ao "mercado" e defende que os cursos de bacharelado devem ser tericos mesmo, pois pretende dar condies iniciais para que o profissional tenha uma viso tica e estratgica do fenmeno turstico, possa fazer um planejamento articulado e sustentvel, tenha condies de exercer um trabalho de gesto e uma postura crtica e reflexiva sobre a rea. Em sntese, um embasamento terico slido e fundamental dentro das perspectivas da tica que garanta maturidade e conhecimento ao futuro profissional.A formao acadmico-profissional de qualquer instituio, hoje, no Brasil ou no exterior, necessita refletir sobre a formao acadmica e profissional de seus alunos. Em contrapartida, o aluno que inicia a carreira universitria tem o direito e o dever de refletir sobre a sua formao acadmico-profissional. Tem o direito de saber o que ser profissional. Por que ser profissional. Para que profisso. Ou elaborado de outra forma: tem o direito e o dever de refletir sobre quais as implicaes de sua profisso no contexto psicolgico, social, poltico, econmico e religioso. Sem isso, o acadmico mutilado em sua dignidade humana. Sem uma compreenso crtica, podemos asseverar que a formao desse profissional est seriamente comprometida.

Portanto, a formao acadmico-profissional deve ser pensada, levando em conta as mais diversas reas da vida em sociedade, bem como ser pensada e refletida por educadores, educandos e profissionais das respectivas reas, afinal de contas estamos todos juntos nesta casa chamada planeta terra e os problemas, cada vez, parecem que esto se tornando comuns e necessitam, por conseguinte, ser enfrentados de forma conjunta, solidria e fraterna. mister um esprito de cooperao multidisciplinar para construirmos sadas plausveis e eficazes para os nossos problemas. (MARIANO, 2000)Mariano, (2000) aponta a importncia da formao acadmico-profissional no apenas nos campos do saber terico, da prtica, da tcnica, pois o educador, educando e profissionais so pessoas complexas, formadas por sentimentos e opinies e isso aponta para outros campos da existncia humana. Dentre esses campos encontramos o agir moral e tico.Algumas atitudes interligadas a quatro reas, necessrias dimenso tica da formao acadmico-profissional com a finalidade de contribuir para a carreira universitria so pontuadas por Mariano (2000). So elas: A atitude de querer crescer em conhecimento acadmico para exercer bem a profisso; Conviver em esprito de equipe com os colegas; respeito para com os professores e; assumir uma atitude de compromisso com a sociedade.Lemos (2006 p.143 apud Neto, Maciel, 2006) complementa afirmando que:

o mercado tambm quer que o bacharel em turismo tenha uma slida formao, pautada em conhecimentos tcnicos, em valores ticos e de cidadania e, principalmente, que ele seja um profissional reflexivo.Portanto, para se falar em formao acadmico-profissional tica no turismo imprescindvel est consciente da realidade associativa que marca a todos tanto como indivduo quanto como sociedade.

4.2 AS COMPETNCIAS DO PROFESSOR DO TURISMO

O professor ator especial na definio da prtica pedaggica do ensino superior, embora no seja o nico elemento significativo, o agente principal das decises no campo. De acordo com Cunha (1998,p33): [...] o professor quem concretiza a definio pedaggica e, na estrutura acadmica de poder, representa a maior fora.

Ricardo Young (2008) acredita que desde o incio da revoluo tecnolgica, vivemos uma ruptura de paradigmas em vrios setores, e o impacto dessas inovaes especialmente sentido na rea da educao. At poucos anos atrs, o profissional da educao era apenas um depositrio do conhecimento em determinada rea. Sua funo era transmiti-lo ao aluno de forma seqencial e linear, em sesses com hora marcada. Se havia alguma reflexo coletiva, era em poucos estabelecimentos cujas propostas de ensino eram mais avanadas, ou em nvel de mestrado e doutorado, longe do dia-a-dia das universidades.Neste tempo de transformaes, observa-se que se tem perdido os fins ticos e culturais que a educao deve empreender. Por esse motivo, os profissionais da educao tm que oferecer ferramentas necessrias apropriao crtica de conhecimentos, que no visem somente uma relao funcional com novas tecnologias, mas que consolidem os valores ticos e atitudes socialmente responsveis, qualificaes essas bsicas ao indivduo inserido num processo de globalizao Boelter (2008).

Com isso, ao mergulhar na discusso sobre a contribuio do professor na formao tica do indivduo, Pode-se considerar a moral como um ponto de partida entendida como um conjunto de regras e normas, que so socialmente aceitas e consideravelmente adequadas para a vida em coletividade. Isso tanto como normas e regras na forma de leis, quanto na forma de costumes e hbitos sociais que se impem ao grupo ao longo de sua histria Boelter (2008). neste contexto social que o indivduo define sua eticidade, principalmente nas instituies educacionais onde ocorre o contato direto com educador, que tem por incumbncia educar de forma integral o indivduo. Isso levando em considerao que os professores so pessoas morais, o que no significa que os mesmos tenham uma postura tica em todo momento. Pois tica situa-se acima da moralidade podendo assim question-la e lanar diferentes alternativas sociais. Da a importncia em qualificar o trabalho do professor como uma atividade que ultrapasse a dimenso moral na direo da postura tica Boelter (2008).Masetto (2005, p.11) afirma: O exerccio docente no ensino superior exige competncias especficas, que no se restringem a ter um diploma de bacharel, ou mesmo de mestre ou doutor, ou ainda, apenas o exerccio de uma profisso. Exige tudo isso, alm de outras competncias prprias.

Ainda Masetto (2005, p.13) afirma que:

Os cursos de ensino superior no Brasil, vm-se caracterizando pela formao de profissionais das mais diferentes reas de conhecimento e dos mais diversos servios de que a sociedade precisa. Diante disto, a aprendizagem como objetivo central da formao dos alunos, requer que o professor pergunte a si prprio o que os meus alunos precisam aprender para se tornarem cidados profissionais competentes para a sociedade contempornea?A autora partir do princpio de que as instituies de ensino superior, como instituies educativas, so parcialmente responsveis pela formao de seus membros como cidados (seres humanos e sociais) e profissionais competentes. necessrio que a dimenso tica seja um dos pilares da formao acadmica, no como mais uma disciplina, mas como uma dimenso que est presente em todas as atividades estudantis e profissionais do profissional de turismo.

Conforme Masetto (2005 p.17): [...] com a atual sensibilizao da sociedade para valores ticos, polticos e sociais, todas as profisses se vm na obrigao de rever as caractersticas de seus profissionais bem como sua formao. Leva-se em considerao que nesse aspecto est envolvido uma questo de sobrevivncia das empresas inerente tambm ao Turismo por ser, em sua grande parte, prestao de servios e dos destinos tursticos: a qualidade e a competitividade, pois a partir de um comportamento tico que as empresas agregaro valor ao seu servio resultando em qualidade e consequentemente, tornando-se competitiva no mercado turstico.

Masetto (2005) pontua as competncias para a docncia do ensino superior para se obter uma mudana na questo do ensino trazendo uma reflexo sobre os valores ticos para a sala de aula.8. Competncia em uma determinada rea do conhecimento: o domnio dos conhecimentos bsicos numa determinada rea bem como experincia profissional de campo adquirido, em geral, por meio dos cursos de bacharelado, abrange tambm, os conhecimentos e prticas atualizados por participaes em cursos de aperfeioamento, congressos, simpsios entre outros;9. Domnio na rea pedaggica: O professor deve ter o domnio do conceito de ensino-aprendizagem para que o seu papel de proporcionar a aprendizagem dos alunos se faa com maior eficcia e maior fixao. Tambm importante para que o aluno aprenda conhecimentos, informaes, desenvolva-se intelectualmente alm de desenvolver suas habilidades humanas e profissionais e de seus valores como profissionais e cidados comprometidos com os problemas e a evoluo de sua sociedade utilizando a interdisciplinaridade.10. Ser conceptor e gestor do currculo: refletindo quais disciplinas podem interagir e pensar nas possibilidades de organizar um currculo que abra espaos para novos temas emergentes e atuais. 11. O domnio da tecnologia educacional:Tambm competncia do professor dento do raciocnio da rea pedaggica para que o processo de aprendizagem atinja seu objetivo de forma mais completa e adequada possvel.12. O exerccio da dimenso poltica imprescindvel no exerccio da docncia universitria: fundamental para o professor compreender como se pratica e como se vive a cidadania nos tempos atuais, buscando formas de inserir esses aspectos em suas salas de aulas, tratando de diversos temas, selecionando textos de leitura, escolhendo estratgias que, ao mesmo tempo permitam ao aluno adquirir informaes, reconstruir seu conhecimento, debater aspectos cidado que envolvam o assunto, e manifestar opinies a respeito. Com a popularizao da Internet via Web, a partir do incio da dcada de 90, o conhecimento j no mais um monoplio de poucos, e o professor deixou de ser um guardio do saber. Hoje impossvel algum deter toda a informao, que pode ser encontrada em toda parte, num fluxo que se constri e se renova o tempo todo. A rede mundial permitiu que o conhecimento acumulado pelas instituies fosse reunido num nico meio, deixando-o disposio de todos os interessados. Permitiu ainda que esse riqussimo contedo passasse a ser atualizado e renovado permanentemente, o que conferiu construo do conhecimento uma nova dinmica.

Essa mudana radical e veloz traz grandes desafios tanto para os alunos quanto para as instituies de ensino. O primeiro deles que o processo de aprendizado deixa de ocorrer apenas num certo espao de tempo ou num determinado local, passando a ser contnuo e ininterrupto. Essa nova dinmica exige que professores e alunos reajam mais prontamente, respondam com maior rapidez.

Outro desafio que se apresenta a adoo de uma nova postura em relao ao ato de ensinar. O professor se tornou ao mesmo tempo aprendiz e consultor do processo de construo do conhecimento. Na verdade, todas as pessoas passaram a ser potencialmente aprendizes e consultoras desse processo. Assim, professor e aluno esto sendo desafiados a lidar com sua relao de maneira diferente, j que ambos so agentes do conhecimento e essa condio exige outro grau de interao. Essa nova postura imprime uma qualidade diferenciada no processo de aprendizagem, permitindo outras formas de colaborao entre educador e educando, bem como uma maior sociabilizao do aluno caminho para a construo da cidadania.

Para a nova educao que se prope, muito mais importante que repassar conhecimento desenvolver no aluno a capacidade de aprender. Isso redefine o papel do professor, atribuindo-lhe outros objetivos, entre os quais: Masetto(2005 ) estimular e aprofundar as habilidades cognitivas do aluno; incentivar sua capacidade de discernimento, de trabalhar com processos lgicos e sistmicos que lhe permitam correlacionar as informaes obtidas e distinguir o que de fato relevante;

encoraj-lo a buscar seus valores e os da comunidade que o cerca, e a refletir sobre eles;

desenvolver suas habilidades de comunicao.Portanto, mais do que passar conhecimento, a nova educao forma indivduos que aprendem a aprender, a tornar-se ativos na busca da informao, utilizando como ferramentas bsicas a filosofia, a matemtica e outras lnguas alm de seu prprio idioma. A dimenso filosfica conduz o aluno lgica formal e ao desenvolvimento de valores, que a base para a formao da cidadania; a matemtica o capacita a operar o pensamento abstrato aplicado na prtica; desenvolver a linguagem falada e escrita permite ao educando expressar suas idias com mais eficcia e entender melhor o que ouve, enquanto o aprendizado de lnguas estrangeiras o auxilia a lidar com outras sociedades e outros valores, aproximando-o do mundo globalizado.

uma educao para o desenvolvimento, que capacita as pessoas continuamente nesse novo conjunto de habilidades. O grande desafio criar condies para que o educando se aproprie desse novo ferramental e desenvolva sua criatividade, seu senso de observao, tornando-se uma pessoa mais produtiva e realizada. O novo educador menos responsvel pela transmisso de conhecimento e mais pela instigao investigao filosfica e pelo monitoramento da maneira como o aluno est usando o ferramental colocado sua disposio. Seu papel o de navegador do educando na aventura de buscar o conhecimento em toda parte, inclusive na sala de aula. Cabe tambm ao professor criar condies para que o aluno amplie seu relacionamento, tanto no plano social como no virtual.A educao para a vida exige dos educadores uma postura de ao com responsabilidade, ou seja, habilidades de oferecer respostas mais adequadas s demandas, medida que essas se apresentam. O conhecimento atual aponta para atitudes criativas, para a busca de solues inditas, para a liderana tica, para o resgate dos valores. O estudo da tica vai complementar o trabalho formativo que realizamos no dia-a-dia e isso pode ser efetivado atravs de atividades prticas que possibilitem real vivncia dos valores esquecidos por muitos. A tica, antes de mais nada, deve estar impregnando as aes de cada dia, seja dentro da sala de aula ou fora dela. Nunca se deve perder a oportunidade de formar a mente e o corao dos alunos.

5 CONSIDERAES FINAISA primeira considerao que se chega neste estudo sobre a importncia de se inserir a tica na formao acadmica dos profissionais de turismo. Cada vez tem-se percebido o crescimento da atividade turstica, o que termina por resultar conseqentemente em maiores possibilidades de efeitos negativos sobre as sociedades e sobre o meio ambiente.

Muito se tem discutido, sobre a questo da sustentabilidade do setor, contudo pouco se tem encontrado inferncias prticas da necessidade de se promover a tica como um fator promotor da sustentabilidade. De modo que este estudo apresenta uma abordagem terico-conceitual que coloca a competitividade, a qualidade e a sustentabilidade como resultado da insero da tica na educao dos profissionais de turismo.Tal perspectiva parte da percepo que a educao tica (ou, a tica na educao) acontece quando os valores no contedo e no exerccio do ato de educar so valores humanos e humanizadores. Neste sentido emerge a necessidade de se adotar na educao modelos de ensino mais humanizantes, de maneira que os gestores do turismo formado nas universidades venham a contribuir para a reduo no apenas de seus impactos, mas, sobretudo contribuir para uma sociedade mais justa, na qual questes como o combate pobreza seja meta fundamental de suas atividades.No ensina-se moral e tica, vivencia-se. Se a universidade deixa de cumprir o seu papel de educadora em valores, a referncia tica de seus alunos estar limitada convivncia humana que pode ser rica em se tratando de vivncias pessoais, mas pode estar tambm carregada de desvios de postura, atitude comportamento ou conduta.Buscou-se neste estudo realizar uma anlise atravs de uma abordagem terico-conceitual, luz dos principais tericos que enfocam a tica no campo do turismo, verificando os princpios ticos inerentes a este setor. O tema abrange vrios conceitos e pensamentos variados, porm pode-se ter uma noo do conceito de tica, atravs das discusses sobre o tema aqui apresentados e conclui-se a esse respeito que tica uma reflexo sobre os atos do homem e que deve ser analisado para que haja, como resultado, respeito mtuo e valorizao do bem comum. Partindo dessa discusso foi introduzido a tica num contexto educacional enfocando a importncia do tema na formao profissional dos bacharis em turismo como um meio de se obter um turismo sustentvel. Confere-se que para se chegar a uma atividade turstica que resulte em benefcios para todos os envolvidos, os agentes desenvolvedores (autoridades pblicas, empresas e profissionais) da atividade deve estar ciente do seu papel e de sua responsabilidade em agir com tica, conscientes de que a atividade depende de sua posio tica diante dos fatos para atingir a qualidade dos servios e a sustentabilidade.Acredita-se que para se obter uma conscincia tica para a qualidade e sustentabilidade da atividade turstica necessrio que a formao profissional dos bacharis em turismo seja embasada nos valores ticos, no somente em sua grade curricular, mas a sala de aula transformar-se num espao para discusso e reflexo de casos do cotidiano, pois alm de despertar a pesquisa sobre a tica, os valores ticos vo se arraigando ao carter do futuro profissional.Para isso, o educador no caso, o docente dos cursos de turismo, possui um papel fundamental na formao tica e moral do indivduo, pois acredita-se que o trabalho de ensino-aprendizagem, baseado na tica e na moral, vivenciando-as, demonstrando-as aos alunos atravs dos atos, da postura, das atitudes e dos valores que realmente favorecem natureza humana ponto primordial para a formao tica dos alunos.

Apresentou-se tambm a preocupao com as principais competncias do professor por ser ele o elo entre o conhecimento e a aprendizagem. Pois mostrou-se neste estudo que a discusso, os conceitos trazidos sala de aula so refletidos e valorizados com a atitude tica do professor. A perspectiva deste estudo corroborou com a assertativa de que se necessrio ter tica no que est se fazendo, necessrio que o profissional de turismo esteja preparado para representar a localidade de forma tica para que se concretize o turismo sustentvel. E tal preparao resultado da formao acadmica que tal profissional submeteu-se, de maneira que demonstra a importncia de fazer um estudo no mbito de base na educao do bacharel em turismo que a Universidade.

A sociedade s tem a ganhar com a educao tica do profissional que consciente de seu papel perante a sociedade local, e se predispe a tomar atitudes com responsabilidade social visando sempre o turismo sustentvel. Esse ponto abrange a relevncia econmica do tema j que toma uma atitude sustentvel. Percebe-se, ento o papel dos docentes bem formados para a capacitao eficaz de profissionais, para que estes possam atender s demandas do mercado principais competncias do docente de instituies de ensino superior em turismo, de maneira que se realize uma reflexo sobre as potencialidades e condicionantes na formao acadmica tica em turismo para o desenvolvimento turstico sustentvel e para a gerao de vantagens competitivas em destinos tursticos.

Com base nessa argumentao acredita-se que cursos superiores de turismo e hotelaria so responsveis pelo aumento da qualidade profissional do turismo, por uma gesto tica do turismo resultando no turismo sustentvel. O presente estudo trata-se de uma abordagem terico-conceitual, o que se constitui como uma pesquisa exploratria a que pode-se conduzir a partir dos conceitos e definies expostas a realizao de outros estudo na rea do turismo, buscando verificar experincias e vivencias que reflitam a esta teoria. O estudo por isto no pretendeu neste momento apresentar uma dimenso emprica. Fato que pressupe a realizao de futuros estudos que vem complementar. Entre estes pode-se ser realizada uma pesquisa nas universidades que possuem o curso de turismo de modo a pode verificar em que medida seus projetos polticos, pedaggicos e sua grade curricular, bem como os programas de disciplinas abordam a tica no turismo; ou ainda verificar sobre a perspectiva do professor como tambm dos alunos.

Este estudo corrobora com uma abordagem exploratria, ante a incipincia de estudos de tica no turismo, fato que apresentou dificuldades para a aplicao descritiva de algum fato, fenmeno ou acontecimento.E apresenta a importncia da tica na educao como uma fomentadora do turismo sustentvel atravs da formao da conscincia tica dos alunos do curso de bacharis em turismo a partir das competncias do professor e de sua posio tica ante as questes sociais. Conciliar o tcnico com o tico na vida profissional fundamental para o professor e para o aluno (MASETTO, 2007).

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Orientador: Profa. Pamela de Medeiros Brando.

Monografia (Graduao