monografia caroline farinazzo o marketing de guerrilha e sua aceitação em juiz de fora

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE JUIZ DE FORA CAROLINE FARINAZZO OLIVEIRA O MARKETING DE GUERRILHA E SUA ACEITAÇÃO EM JUIZ DE FORA Juiz de Fora 2009

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Baseado nos pilares da Comunicação, do Marketing e da Publicidade e Propaganda,o Marketing de Guerrilha surge em meio à saturação midiática, com um carátertransgressor que implica em uma delicada relação com os ideais da moral e da éticaprofissional. Ainda muito fragmentada no que diz respeito à sua conceituaçãoteórica, essa ousada forma de Marketing transforma o processo comunicacional,oferecendo soluções originais, criativas e de custo vantajoso a aqueles que a elarecorrem. O objetivo do presente estudo era descobrir porque esse Marketing não étão utilizado em Juiz de Fora pelas agências e profissionais de Publicidade ePropaganda. Dessa forma, buscou-se uma identificação do panorama atual doMarketing de Guerrilha na cidade, bem como sua aceitação, conhecimento eaplicação locais.

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Page 1: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE JUIZ DE FORA

CAROLINE FARINAZZO OLIVEIRA

O MARKETING DE GUERRILHA E SUA ACEITAÇÃO EM JUIZ DE FORA

Juiz de Fora 2009

Page 2: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

CAROLINE FARINAZZO OLIVEIRA

O MARKETING DE GUERRILHA E SUA ACEITAÇÃO EM JUIZ DE FORA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, como requisito parcial para a conclusão do Curso de Graduação em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda.

Orientador: Paula Gomes Quintão Co-orientador: Sebastião Luiz Alves

Juiz de Fora 2009

Page 3: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

FOLHA DE APROVAÇÃO

OLIVEIRA, Caroline Farinazzo. O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora. Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito parcial à conclusão do curso Graduação em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, realizada no 1° semestre de 2009.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Ms. Paula Gomes Quintão Orientador

Prof. Sarah Daibert Couri Membro convidado 1

Prof. João Paulo de Oliveira

Membro convidado 2

Examinado(a) em: 20/06/2009.

Page 4: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

Dedico este trabalho com muito amor, à minha família, aos meus queridos amigos

e também, a todos aqueles que confiantes em mim, foram verdadeiros estímulos ao

longo de todo o curso de minha vida.

Page 5: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a toda minha família, pelo amor, carinho e dedicação ao

longo de minha vida.

Em especial, à minha mãe, Rejane Farinazzo Oliveira, figura mais guerrilheira que

conheço na face da Terra e que tanto amo e admiro; companheiríssima, sempre ao

meu lado.

Ao meu pai, Tércio Luiz de Oliveira, um grande e amado amigo que em toda sua

simplicidade me fez compreender o quão importante é lutar desde pequena:

“Caroline, a vida é uma guerra! Lute para ser a melhor! Lute, lute e lute!”

Aos meus irmãos, Fernanda, Raphael e Sammuel, não somente pelas horas cedidas

no computador, mas por toda a admiração e respeito que demonstram por mim,

apesar de alguns momentos difíceis para nós, meu amor por vocês é incondicional.

À Paula, pela força, amizade e confiança em mim depositadas e também, ao

professor Sebastião, pelo carinho e interesse sinceros demonstrados ao longo

desses anos de faculdade.

Aos verdadeiros amigos e amigas de faculdade, alunos, professores e funcionários,

que de alguma forma batalharam comigo na conquista pelos diplomas de Jornalismo

e Publicidade e Propaganda.

Como não podia faltar, a um grande guerrilheiro nato, Chico Cavalcante, que apesar

de quilômetros de distância, tornou-se um querido amigo e fez-se uma pessoa

especial ao possibilitar um conhecimento ainda mais aprofundado sobre o Marketing

de Guerrilha, sendo assim um verdadeiro ícone para mim nesse segmento.

Agradeço também a todos os entrevistados que colaboraram significativamente com

o desenvolvimento deste trabalho.

E por fim, ao amor da minha vida, que está por aí em algum lugar, mas que no

momento certo irá ler e compreender o meu agradecimento.

Meu sincero, muito obrigada!

Page 6: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

Nada é permanente, exceto a mudança. Heráclito 450 a.C.

Page 7: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

RESUMO

OLIVEIRA, Caroline Farinazzo. O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora. 155 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda). Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2009.

Baseado nos pilares da Comunicação, do Marketing e da Publicidade e Propaganda,

o Marketing de Guerrilha surge em meio à saturação midiática, com um caráter

transgressor que implica em uma delicada relação com os ideais da moral e da ética

profissional. Ainda muito fragmentada no que diz respeito à sua conceituação

teórica, essa ousada forma de Marketing transforma o processo comunicacional,

oferecendo soluções originais, criativas e de custo vantajoso a aqueles que a ela

recorrem. O objetivo do presente estudo era descobrir porque esse Marketing não é

tão utilizado em Juiz de Fora pelas agências e profissionais de Publicidade e

Propaganda. Dessa forma, buscou-se uma identificação do panorama atual do

Marketing de Guerrilha na cidade, bem como sua aceitação, conhecimento e

aplicação locais. A metodologia escolhida para obtenção dos resultados baseou-se

em livros, materiais impressos, consultas à Internet e, posteriormente, pesquisa de

campo através de questionários aplicados a uma amostra não probabilística por

julgamento. Realizada com 14 agências juizforanas (13 delas certificadas pelo

Conselho Executivo das Normas-Padrão - CENP), a pesquisa revelou que a maioria

destas não tem conhecimento teórico e prático suficiente sobre o Marketing de

Guerrilha e suas ferramentas. E também, falta mão-de-obra especializada não só

para criação, como para execução dessa atividade. Apesar de possuírem certa

noção sobre o tema, poucas agências entrevistadas já utilizaram recursos de

guerrilha. Muitos atribuem a dificuldade de aplicação ao conservadorismo do

empresariado local, ao baixo retorno financeiro face às mídias tradicionais e à falta

de mão-de-obra qualificada para o desenvolvimento das ações. Percebe-se que

embora seja uma oportunidade para se sobressair em meio à concorrência, os

profissionais locais ainda necessitam de embasamento teórico, vivência e coragem

para oferecer o Marketing de Guerrilha à Juiz de Fora, já que cabe a cada um a

responsabilidade de preparar o mercado local para uma melhor recepção das

inovações comunicacionais.

Page 8: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

Palavras-chave: Marketing de Guerrilha. Ferramentas do Marketing de Guerrilha. Saturação midiática. Agências de Publicidade e Propaganda de Juiz de Fora.

Page 9: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

ABSTRACTO Segun lãs bases de la Comunicación, del Marketing y de la Publicidad y

Propaganda, el Marketing de Guerrilla surge en médio a la saturaciòn midiática, con

un caráter transgressivo que se desarolla em una delicada relación con los ideales

morales y éticos de la sociedad. Aún muy fragmentada em su conceptuación teórica,

essa informal comunicación de Marketing transforma el processo comunicacional,

ofreciendo soluciones originales, creativas y de buen custeo aquellos que a ella

recorren. El objetivo del presente estudio és investigar por que esta forma de

Marketing no era tan utilizada en Juiz de Fora por las agencias y demás

profissionales de Publicidad y Propaganda. Para ello, se ha buscado una

identificación em el panorama actual de Marketing de Guerrilla en Juiz de Fora y

tanbién su aceptación, su conocimiento y aplicación locales. La metodología elegida

para la obtención de los resultados se basa en libros, material impreso, consultas em

la Internet y, a continuación, investigación de campo, con muestra no probabilística

por juzgamiento. Hecha en 14 agencias de Juiz de Fora (13 de ellas certificadas por

el Conselho Exexcutivo de Normas Padrões - CENP), la encuesta reveló que la

mayoría de estos no tienen suficientes conocimientos teóricos y prácticos sobre la

guerrilla y sus herramientas de marketing. A pesar de tener una idea sobre el tema,

son pocas las empresas entrevistadas que han utilizado los recursos de la guerrilla.

Muchos atribuyen la dificultad, por la baja rentabilidad financiera en comparación con

los medios de comunicación tradicionales y la falta de mano de obra cualificada para

las acciones de desarrollo. Se observó que, si bien una oportunidad para destacarse

en medio de la competencia, los profesionales locales necessitan todavia

conocimientos teóricos, experiencia y ganas de ofrecer la guerrilla de Marketing en

el mercado de Juiz de Fora.

Palabras-clave: Marketing de Guerrilla. Herramientas de Marketing de Guerrilla. Saturación de los medios de comunicación. Agencias de Publicidad y Propaganda de Juiz de Fora.

Page 10: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

LISTA DE TABELAS TABELA 1 As dez primeiras marcas no ranking geral do Índice de Marcas em

Mídias Sociais (Imms)......................................................................

39

TABELA 2 As três primeiras marcas no ranking por segmento do Índice de

Marcas em Mídias Sociais (Imms)....................................................

39

TABELA 3 Participação da propaganda nas verbas de comunicação de

Marketing..........................................................................................

52

TABELA 4 Agências juizforanas certificadas pelo CENP................................... 112

TABELA 5 Quantidade de entrevistados por agência........................................ 113

Page 11: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

ILUSTRAÇÃO 1 Twitter de Marcelo Tas com a logo do Speedy estampada

ao fundo.................................................................................

36

ILUSTRAÇÃO 2 Esquema de transmissão da mensagem publicitária

tradicional..............................................................................

37

ILUSTRAÇÃO 3 Esquema de transmissão da mensagem publicitária atual... 38

ILUSTRAÇÃO 4 Espectro de tendências......................................................... 44

ILUSTRAÇÃO 5 Hotsite da Oi www.bloqueionao.com.br................................ 62

ILUSTRAÇÃO 6 Hotsite da operadora Oi........................................................ 64

ILUSTRAÇÃO 7 Hotsite da operadora Claro................................................... 64

ILUSTRAÇÃO 8 Romário segurando a taça da Copa e fazendo menção ao

“número 1” da Brahma..........................................................

67

ILUSTRAÇÃO 9 Ação de emboscada na Maratona de São Paulo.................. 69

ILUSTRAÇÃO 10 Blog e perfil no Orkut da noiva abandonada......................... 73

ILUSTRAÇÃO 11 Eventos promovidos pela Red Bull no Brasil......................... 77

ILUSTRAÇÃO 12 Stencil da face do Zico.......................................................... 81

ILUSTRAÇÃO 13 Stencil da face do Zico acrescida de corpo e frase

revolucionária........................................................................

82

ILUSTRAÇÃO 14 Cartaz original do projeto Gum Election................................ 83

ILUSTRAÇÃO 15 Cartaz do projeto Gum Election já com os “votos” do

público...................................................................................

83

ILUSTRAÇÃO 16 Plataforma Espiral (Spiral Jetty), de Robert Smithson......... 85

ILUSTRAÇÃO 17 Homer Simpson gigante desenhado com tinta

biodegradável ao lado do Gigante de Cerne Abbas, figura

histórica feita em giz com mais de 50 metros de

comprimento que teve seu primeiro registro oficial no

século XVII, no sul da Inglaterra............................................

86

ILUSTRAÇÃO 18 Performance para Clean & Clear.......................................... 87

ILUSTRAÇÃO 19 Fotos Amyr Klink para a NatGeo........................................... 90

ILUSTRAÇÃO 20 Bonecão do Posto ALE......................................................... 92

ILUSTRAÇÃO 21 Balls Marketing no Centro de São Paulo............................... 93

ILUSTRAÇÃO 22 Print screen do site SubservientChicken.com……………… 97

Page 12: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

ILUSTRAÇÃO 23 Imagem retirada do Gawker, um dos blogs que receberam

cartinha dos advogados da Puma.........................................

99

ILUSTRAÇÃO 24 Mídia alternativa para a loja de lingerie Blush Dessous........ 100

ILUSTRAÇÃO 25 Mídia alternativa que a Carlsberg fez para o Primeiro

Campeonato Mundial de Pebolim (Ou Totó) em 2006 na

Alemanha..............................................................................

100

ILUSTRAÇÃO 26 Mídia alternativa que a revista masculina, Ché Men’s

Magazine, fez apostando em seu principal público-alvo:

homens solteiros...................................................................

101

ILUSTRAÇÃO 27 Bueiros transformados em ábacos, com um adesivo da

ONG e a mensagem “Make every child count.”....................

101

ILUSTRAÇÃO 28 Gráfico P2.............................................................................. 114

ILUSTRAÇÃO 29 Gráfico P3.............................................................................. 115

ILUSTRAÇÃO 30 Gráfico 4.1............................................................................. 117

ILUSTRAÇÃO 31 Gráfico P10: aspectos positivos............................................ 120

ILUSTRAÇÃO 32 Gráfico P10: aspectos negativos........................................... 121

ILUSTRAÇÃO 33 Gráfico P11............................................................................ 121

ILUSTRAÇÃO 34 Gráfico P17............................................................................ 124

Page 13: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

LISTA DE SIGLAS ABMN Associação Brasileira de Marketing e Negócios

A.C. Antes de Cristo

AMA American Marketing Association

ATL Above the line

BTL Bellow the line

CASE Estudo de caso.

CENP Conselho Executivo de Normas-Padrão

CONAR Comissão Nacional de Autorregulamentação Publicitária

ESPM Escola Superior de Propaganda e Marketing

EUA Estados Unidos da América

IABC Associação Internacional de Comunicadores de Negócios

IBOPE Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística

IMMS Índice de Marcas em Mídias Sociais

JF Juiz de Fora

MCM Meio de Comunicação de Massa

PA Público-Alvo

PR STUNT Public Relations Stunt

PRSA Public Relations Society of America

RJ Rio de Janeiro

RP Relações Públicas

RTV Departamento de produção em rádio, televisão e cinema de uma

agência

SIC Sic et simpliciter (desta forma).

SP São Paulo

TV Televisão

Page 14: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 15

2 MARKETING DE GUERRILHA .................................................................. 17

2.1 A EXPLICAÇÃO DO TERMO..................................................................... 17

2.2 O MARKETING DE GUERRILHA E SUA CONCEITUAÇÃO..................... 20

2.3 SOBRE A SUPERSATURAÇÃO DAS MÍDIAS E O PROCESSO

COMUNICACIONAL...................................................................................

23

2.4 A CRIATIVIDADE DE GUERRILHA E O PODER DOS MEMES................ 28

3 BUZZ E BUZZ MARKETING ...................................................................... 32

3.1 A IMPORTÂNCIA DAS REDES SOCIAIS PARA O BUZZ EM GERAL...... 33

3.2 O PODER DO BUZZ MARKETING E SUA UTILIZAÇÃO NA

ATUALIDADE..............................................................................................

40

3.3 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO E TIPOS DE CONSUMIDORES

(ESPECTRO DO BUZZ).............................................................................

43

4 DO MARKETING TRADICIONAL PARA O MARKETING DE

GUERRILHA ...............................................................................................

49

4.1 PRINCIPAIS CONCEITOS E FERRAMENTAS DO MARKETING

CLÁSSICO..................................................................................................

49

4.2 A IMPORTÂNCIA DA ASSESSORIA DE IMPRENSA PARA O

MARKETING DE GUERRILHA...................................................................

58

4.3 FERRAMENTAS DO MARKETING DE GUERRILHA................................ 60

4.3.1 ASTROTURFING……………………………………………………………….. 61

4.3.2 AMBUSH MARKETING (MARKETING DE EMBOSCADA)……………….. 65

4.3.3 BLOG.......................................................................................................... 70

4.3.4 EVENTOS E PATROCÍNIOS...................................................................... 76

4.3.5 GUERRILHA URBANA: ARTE DE RUA, FLASH MOBS, GRAFITE,

GUERRILLA, LAND ART, MÍDIA HUMANA, PERFORMANCES,

STENCILS...................................................................................................

78

4.3.6 MARKETING INVISÍVEL............................................................................. 87

4.3.7 PR STUNT.................................................................................................. 90

4.3.8 MARKETING VIRAL.................................................................................... 93

Page 15: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

4.3.9 MÍDIAS ALTERNATIVAS / MÍDIAS INTELIGENTES.................................. 98

4.4 A ÉTICA NA UTILIZAÇÃO DO MARKETING DE GUERRILHA................. 102

5 ANÁLISE DA PESQUISA DE CAMPO (QUESTIONÁRIOS

APLICADOS) ..............................................................................................

111

5.1 METODOLOGIA.......................................................................................... 111

5.2 RESULTADOS............................................................................................ 113

6 CONCLUSÃO ............................................................................................ 126

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 128

APÊNDICES........................................................................................................... 136

APÊNDICE A – Texto de apresentação e solicitação para colaborar com o TCC

(Via1 e Via 2)..........................................................................................................

136

APÊNDICE B – Modelo do questionário de pesquisa do

TCC........................................................................................................................

137

APÊNDICE C – Gráficos e tabelas dos questionários

aplicados................................................................................................................

141

Page 16: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

15

1 INTRODUÇÃO

Com a evolução tecnológica e a difusão da Publicidade e Propaganda após a

segunda metade do século XX, as pessoas naturalmente se habituaram às

estratégias convencionais de persuasão, que até hoje são utilizadas massivamente.

A saturação das mídias tradicionais (televisão, rádio e impresso) e a quantidade de

informação compartilhada - principalmente graças ao advento da Internet -

modificam constantemente os processos comunicacionais, interferindo de modo

significativo na relação de interatividade com o consumidor contemporâneo. Criou-se

uma disputa pela atenção do público, que está cada vez mais seletivo em função

das inúmeras possibilidades de consumo e publicação de conteúdo, não existindo

mais a mesma ingenuidade de antigamente. Meisen (2007, p.13) explica que “temos

uma séria desconfiança por parte dos consumidores nas grandes corporações e

uma propaganda tradicional maçante e interruptiva, destoante das novas

possibilidades à mão do homem moderno”.

O que antes era uma massa padronizada, hoje se fragmenta em

comunidades, tribos, participativas e exigentes. E frequentemente, essa

segmentação interfere na recepção da mensagem.

Dentro desse contexto, as empresas precisam de soluções inovadoras para alcançar ou manter suas vantagens competitivas. Afinal, as técnicas de propaganda e Marketing precisam evoluir para se adaptarem a novos comportamentos do consumidor e do mercado. (SANTOS; ATHAYDES, 2008, p.1).

Para aparecer, além de focada corretamente no público-alvo, diversas vezes

uma marca tem que ser ou estar invisível, e ao mesmo tempo incorporada ao dia-a-

dia do consumidor e de seu ciclo social, causando momentos de interação on-line e

off-line, promovendo o boca a boca e gerando mídia espontânea. Na verdade, esse

é o paradoxo no qual os comunicadores, publicitários e profissionais de Marketing se

deparam atualmente, ou seja, para se sobressair em meio à selva, é preciso se

camuflar.

Page 17: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

16

Citado pela primeira vez em 1982, no livro homônimo de Jay Conrad

Levinson, o termo “Marketing de Guerrilha” tem sido cada vez mais difundido por se

tratar de um conjunto de ferramentas diferenciadas. Baseado nos pilares da

Comunicação, do Marketing e da Publicidade e Propaganda, o Marketing de

Guerrilha oferece soluções criativas, de custo vantajoso, ousadas e originais a todos

aqueles que recorrem aos seus conceitos. Seu caráter transgressor é sua

característica mais notável, principal motivo pelo qual se defronta muitas vezes com

os ideais da moral e da ética profissional. Paula (2003, p.5) destaca que “a própria

transgressão presente na ação da Guerrilla já admite a inexistência de regras para

sua transmissão; isto é, onde não há um dono da mensagem, tampouco haverá um

receptor programado para recebê-la”.

Portanto, para compreensão desse caráter transgressor e de todos os demais

elementos que compõem esse Marketing, iremos discorrer o tema de maneira

significativa nos capítulos a seguir.

No primeiro capítulo, pretendemos mostrar a trajetória histórica do Marketing

de Guerrilha, desde a origem do termo, sua conceituação até sua importância no

processo comunicacional face à super saturação das mídias. Nesse capítulo

também faremos uma análise a respeito da importância da criatividade de guerrilha,

que utiliza variados elementos como os chamados “memes”.

O segundo capítulo irá apresentar uma das formas mais exploradas pelo

Marketing de Guerrilha para driblar as adversidades da saturação midiática e ainda

conquistar mídia espontânea. O buzz e o buzz Marketing serão objetos de estudo,

desde sua origem nas redes sociais até a segmentação mercadológica atual.

A transição das estratégias de Marketing tradicionais para as estratégias de

guerrilha será o foco principal do terceiro capítulo, que de maneira breve irá retomar

os principais conceitos de Marketing que originaram as atuais ferramentas de

guerrilha, bem como as adversidades encontradas por quem pretende recorrer a

esse tipo de Marketing (questões éticas que inegavelmente se relacionam com o

tema).

O quinto e último capítulo irá apresentar os dados da pesquisa de campo e

questionários aplicados. Através desta, buscaremos uma identificação do panorama

atual do Marketing de Guerrilha em Juiz de Fora, bem como sua aceitação,

conhecimento e aplicação por parte das agências de Publicidade e Propaganda da

cidade.

Page 18: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

17

2 MARKETING DE GUERRILHA

2.1 A EXPLICAÇÃO DO TERMO

A palavra guerrilha originou-se do termo espanhol guerrilla, significando

“pequena guerra”. Embora as técnicas de guerrilha sejam conhecidas desde tempos

remotos, presume-se que a palavra em si tenha sido utilizada pela primeira vez

durante a guerra de independência espanhola, mais precisamente na invasão

napoleônica, por volta de 1808.

Segundo Cavalcante (2003), a resistência daquele país, baseada em

combates de unidades irregulares comandadas por lideranças populares, enfrentou

as grandes tropas de Napoleão.

Denomina-se guerrilha a toda modalidade de campanha militar de caráter limitado, na qual pequenas unidades irregulares, utilizando a mobilidade e a surpresa, atacam as tropas regulares do inimigo, quase sempre pelos flancos ou pela retaguarda, retirando-se em seguida para abrigos, geralmente na selva, montanhas ou outros locais de difícil acesso. Um tipo de guerra só possível com o apoio da população civil. (CAVALCANTE, 2003, p.9-10).

A Guerra do Vietnã é um dos exemplos mais mencionados para

compreendermos a essência do termo Marketing de Guerrilha.

Na época do conflito, o país asiático estava dividido em dois territórios

conhecidos como República Democrática do Vietnã (Vietnã do Norte) e a República

do Vietnã (Vietnã do Sul). O governo comunista do Vietnã do Norte possuía como

aliados os chamados “vietcongues”, que nada mais eram do que guerrilheiros da

Frente de Libertação Nacional. Já os vietnamitas do Sul, viviam inspirados pelo

capitalismo ocidental, portanto receberam o apoio de diversas nações como

Austrália, Nova Zelândia, Coréia do Sul e, principalmente, dos Estados Unidos.

Logo, o exército americano foi enviado para evitar uma invasão do Norte no território

Sul. O temor principal era de que os guerrilheiros visavam uma unificação territorial

para a construção de uma única república, sob o regime socialista.

Page 19: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

18

O exército americano possuía tropas treinadas e preparadas, além do poder

de fogo terrestre e aéreo, consideravelmente maior do que o exército vietnamita do

Norte. Mesmo assim, os vietcongues venceram a guerra. Resistiram graças às

táticas de guerrilha. A grande virada1 comunista aconteceu por conta de estratégias

traçadas meses antes. Através de trilhas na selva e diversos caminhos subterrâneos

- desconhecidos pelos sul-vietnamitas - os guerrilheiros provocaram ataques

surpresas às principais cidades do Vietnã do Sul, de maneira simultânea.

Inicialmente, a estratégia funcionou, mas após poucos dias, os soldados americanos

e os sul-vietnamitas reagiram e expulsaram os invasores. Porém, já era tarde.

Segundo matéria publicada no site da revista Mundo Estranho:

A cobertura dos combates feita pela TV deixou em muita gente a impressão de que os Estados Unidos e seus aliados estavam em situação desesperadora”, diz o historiador americano Ronald Spector, da Universidade George Washington. Dentro dos Estados Unidos, aumentaram os protestos contra a guerra. Com o filme queimado, o governo americano ainda segurou seus soldados no Vietnã por quatro anos, mas acabou retirando as tropas em 1972. Diante do abandono americano, o exército e os guerrilheiros do Norte ganharam terreno. Acabaram tomando a capital Saigon em 1975, vencendo a guerra e unificando o Vietnã sob o regime comunista. (RETIRADO DO SITE DA REVISTA MUNDO ESTRANHO. ACESSO EM 21 DE FEV. 2009).

A mídia, principalmente televisiva, ajudou a disseminar massivamente os

massacres da guerra. A informação veiculada foi o estopim para criar desespero na

opinião pública. Como um vírus, se alastrou rapidamente, mobilizando cada vez

mais pessoas.

Cabe destacar que o importante não é valorizar a Guerra do Vietnã como algo

louvável, tampouco dizer que um guerrilheiro é comunista enquanto os adeptos das

mídias tradicionais, capitalistas. Pelo contrário. A Guerra do Vietnã foi um episódio

terrível de nossa história, responsável pelo sofrimento sem fronteiras que acometeu

milhares de pessoas. Mesmo assim, ao conhecer um pouco sobre o passado,

podemos visualizar o quão importante pode ser uma estratégia bem elaborada,

pautada em um planejamento detalhado, organizado e que usufrua de elementos

impactantes e surpreendentes, para conquistar o apoio popular.

1 Site da revista Mundo Estranho, editora Abril. Disponível: <http://mundoestranho.abril.com.br/historia/pergunta_287311.shtml>. Acesso em 21 de fev. 2009.

Page 20: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

19

O termo “Marketing de Guerrilha” originou-se justamente nessa associação

com a guerrilha bélica. Ele surgiu na década de 802, nos Estados Unidos da

América, em resposta às grandes campanhas de publicidade e propaganda das

mídias convencionais (TV, impresso e rádio), que exigiam cada vez mais gastos

exorbitantes e celebridades para representar produtos, marcas, serviços e/ou ideias.

Os pequenos empresários necessitavam se manter e prosperar no mercado, mas

encontravam grandes dificuldades em função dos altos custos que as mídias

tradicionais despendiam. Assim, a livre concorrência acabou por sufocar as

pequenas classes de empresários, praticamente “obrigando-os” a guerrilhar para

obter ou manter um espaço no mercado.

Em 1982, o termo foi apresentado pela primeira vez no livro homônimo de Jay

Conrad Levinson. O autor foi pioneiro na iniciativa de expor o assunto, conceituando-

o, listando suas ferramentas, bem como suas principais características. Após o

sucesso do primeiro livro, Levinson especializou-se no tema e publicou outras obras

relacionadas ao assunto. Assim, podemos dizer que Levinson se tornou tão

prestigiado na área do Marketing de Guerrilha quanto Philip Kotler é na área do

Marketing tradicional.

Os guerrilheiros sabem que o seu Marketing não existe no vácuo e que é necessário competir pela atenção das pessoas, não apenas contra a concorrência, mas também contra tudo mais que demande seu tempo, atenção e disponibilidade de recursos. Eles também sabem como fazer os ajustes necessários para se defrontarem com as realidades do Marketing de hoje: uma barafunda de mensagens, uma entropia maior do que nunca, e a necessidade de muita sabedoria para se destacar da multidão. (LEVINSON, 2004, p. 137).

Em 1986, outros dois autores internacionais, Al Ries e Jack Trout, abordaram

o mesmo tema no livro “Marketing de Guerra”, destacando as grandes mudanças em

relação ao Marketing, o que certamente deveria ser revisto. Para eles, o Marketing

deve ser encarado como uma guerra, e “as guerrilhas de sucesso operam com um

formato e uma intensidade diferente” (1986, p.92).

2 Disponível em: <http://www.blogdeguerrilha.com.br/wiki/index.php5?title=Marketing_de_Guerrilha>. Acesso em: 02 de out. 2008.

Page 21: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

20

2.2 O MARKETING DE GUERRILHA E SUA CONCEITUAÇÃO

Infelizmente, mesmo se passando mais de duas décadas desde a primeira

abordagem deste tema, a literatura sobre o Marketing de Guerrilha ainda deixa muito

a desejar. Um vasto conteúdo pode ser encontrado na Internet, porém, nem sempre

é possível distinguir informação de opinião. Essa “defasagem” do acervo literário

pode ser explicada pelo fato de que esse assunto ainda é muito recente se

comparado às estratégias de Marketing convencionais.

Por isso, o Marketing de Guerrilha é algo bastante fragmentado, no que diz

respeito à sua conceituação teórica. Os autores que ousam desvendar essa área

específica concordam no ponto em que vivemos sob um império de imagens, sons e

tudo aquilo que pode ser comandado pelas mídias tradicionais. Nenhuma lacuna de

comunicação foge dos estímulos e apelos da Publicidade, da Propaganda e do

Marketing, mas ainda assim não só esses autores, como também profissionais da

área de Comunicação, Marketing, Publicidade e Propaganda divergem muito entre

si, sobre o que seria realmente considerado Marketing de Guerrilha, bem como o

que seria ou não uma ferramenta de guerrilha e suas consequências.

Com o passar dos anos e a evolução desse tipo de Marketing, é possível

afirmar que atualmente ele é conhecido por ser um conjunto de ferramentas

diferenciadas de Comunicação, Marketing, Publicidade e Propaganda, ou

simplesmente no media, no advertising ou below the line3. Ao contrário das

estratégias convencionais, o Marketing de Guerrilha é assim denominado justamente

em função do seu alto impacto, feito através de atividades incomuns que provocam

experiências únicas com o target (público-alvo). Geralmente essas ações de

Marketing são altamente inusitadas, criativas, de fácil mobilidade e custo vantajoso.

Suas diversas ferramentas se integram umas às outras, muita vezes se confundindo.

Já faz algum tempo que ouvimos falar da tendência de migração das verbas de publicidade tradicional (conhecida pela sigla ATL, da expressão em inglês above the line) para as chamadas “ações no media”, como o Marketing promocional e o Marketing direto, entre outras, conhecidas por BTL (below the line). Hoje, se percebe que essa migração está deixando de

3 Não mídia, não propaganda e abaixo da linha, ou seja, tudo aquilo que não é conhecido como comunicação de massa, mídia tradicional/convencional (TV, impresso, rádio, Outdoor, etc.)

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ser uma tendência e está se tornando uma realidade. Segundo dados da AMPRO (Associação Brasileira de Marketing Promocional), os investimentos em comunicação no Brasil se dividem em 57% para a propaganda e 43% para o Marketing promocional. É uma proporção muito equilibrada. Outro indicativo é o levantamento feito pelo jornal Meio & Mensagem, que aponta um crescimento médio de 35,5% nos negócios das empresas especializadas em BTL durante o ano de 2008. (HILLEBRAND, 2008).

Com base no primeiro livro publicado sobre o tema em questão, podemos

identificar as principais diferenças entre o Marketing de Guerrilha e o Marketing

tradicional. Levinson (1998) descreveu doze táticas importantes que orientam e

facilitam na compreensão teórica sobre o Marketing de Guerrilha:

- investe energia, tempo, imaginação e informação ao invés de dinheiro;

- é voltado normalmente para pequenas empresas, e não para grandes

corporações4;

- mede os retornos através dos lucros, ao invés de medir através do aumento

de vendas;

- baseia-se na psicologia, no comportamento humano, e não através da

experiência e de julgamentos;

- tem o foco na busca por um alto padrão de excelência, e não na ampliação

de linhas de produtos e serviços;

- busca aumentar cada vez mais o número de transações com o mesmo

cliente, ao invés de buscar novos clientes;

- trabalha em cooperação com outras empresas, ao invés de vê-las como

concorrentes;

- combina diversas ferramentas de Marketing, ao invés de utilizá-las

isoladamente;

- analisa quantos relacionamentos a mais a empresa fez, ao invés de quantas

vendas;

- vê a tecnologia como uma grande ferramenta, fácil de usar, barata e

limitada, ao invés de achar que é algo extremamente complicado;

- utiliza armas de baixo custo ou até gratuitas, ao invés de ferramentas

onerosas;

4 Apesar disso, atualmente o marketing de guerrilha já é utilizado por grandes corporações mundiais como a Nike, Burger King, dentre outras.

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- acaba com os paradigmas e medos, ao invés de se apresentar como algo

complexo e misterioso.

Os autores Ries e Trout (1986) dedicam um capítulo inteiro de seu livro para

listar três importantes princípios de guerrilha. O primeiro seria encontrar um

segmento de mercado bastante pequeno para defender e manter-se nele de

maneira concentrada, além de procurar reduzir o tamanho do campo de batalha para

conseguir uma superioridade de força.

No segundo princípio, os autores afirmam que não importa o quanto sucesso

se alcance, nunca se deve agir como um líder. Inclusive fazem uma crítica severa à

burocracia que envolveu a estrutura organizacional do exército americano enviado à

Guerra do Vietnã:

Seguimos para o Vietnã com milhares de cozinheiros, padeiros, escriturários, motoristas, capelões, militares formados em relações públicas. O inimigo não tinha nada disso. Virtualmente, cada soldado inimigo tinha uma arma que usava contra nós. Uma grande proporção de nossos soldados, por outro lado, foi utilizada para administrar, suprir e servir às necessidades de nossos combatentes. (Quem vai fazer suas refeições quentes após um dia duro no campo?) (Em 1968, quando tínhamos 543.000 soldados no Vietnã, somente cerca de 80.000 eram combatentes. O resto estava nas funções de abastecimento e serviço.) (RIES; TROUT, 1986, p.92-93).

Ries e Trout (1986) perceberam nesse episódio que as guerrilhas devem

explorar ao máximo os pontos fracos do inimigo. No caso do Vietnã, o exército

americano falhou por não levar o maior número possível de pessoas para a linha de

frente, enquanto optou pela criação de organogramas formais, descrições de cargo,

planos de carreira e outros hábitos das grandes organizações, como um pesado

quadro de assessores. A principal mensagem de Ries e Trout é que uma

organização enxuta não é apenas uma tática para colocar uma percentagem mais

alta de força na batalha, ela também melhora de modo impressionante a "rapidez"

de uma guerrilha para responder às mudanças no próprio mercado.

E por fim, o terceiro princípio: “Esteja preparado para cair fora, logo ao

primeiro aviso.” (RIES; TROUT, 1986, p. 94).

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Uma guerrilha não dispõe de recursos para gastar em uma causa perdida. Ela deve ser rápida em desistir e passar adiante. É aqui que a vantagem da flexibilidade e a organização magra compensam. Muitas vezes uma guerrilha pode tomar uma nova posição sem a dor interna e o desgaste por que passa uma grande empresa. (RIES; TROUT, 1986, p.94).

2.3 SOBRE A SUPERSATURAÇÃO DAS MÍDIAS E O PROCESSO

COMUNICACIONAL

A população gradualmente adaptou-se às mídias tradicionais, tornando-se por

si só uma grande seletora. O fato é que com a supersaturação do que é

convencional, muitos se cansam e criam bloqueios naturais na recepção de

informações.

As palavras acima sintetizam uma das mensagens mais banalizadas na área

da Comunicação e seria um excelente argumento para defender a utilização do

Marketing de Guerrilha. Inúmeros textos, artigos, trabalhos de conclusão de curso e

afins podem ser encontrados com a mesma opinião, ou seja, que na atual sociedade

da informação, as pessoas estão supersaturadas, sendo atingidas por “x”

mensagens publicitárias ao dia e que, naturalmente, evitam-nas.

Apesar de essa onipresença midiática ser visível aos olhos de qualquer um, é

difícil precisar quando foi que isso se tornou algo tão natural. E mais difícil ainda é

analisar como a afirmação de que as pessoas bloqueiam as mídias é paradoxal,

uma vez que dificilmente vivemos sem elas.

Em seu livro “Mídias sem limite”, Todd Gitlin mostra como a supersaturação

audiovisual não se esgota nunca, mesmo em meio a tantas críticas e à vida

acelerada do nosso cotidiano. O autor diz que “é fácil perceber como os indivíduos

crescem esperando que suas vidas sejam acompanhadas de plenitude, fluxo e

escolha de imagens” (2003, p.39). Além disso, defende a premissa de que a famosa

sociedade de informação é sem dúvida uma sociedade de sentimento e sensação.

Assim sendo, ponto positivo para o Marketing de Guerrilha, já que uma de suas

principais características é justamente despertar algum sentimento no consumidor,

seja através da surpresa, da interatividade ou o que for.

Gitlin (2003) enfatiza que não é certo afirmar que a tecnologia e a

globalização são as únicas responsáveis pela torrente das mídias. O autor (2003,

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p.40) considera que “as mídias ilimitadas resultam de uma fusão entre expansão

econômica e desejo individual, preparada durante séculos [...]”.

Nada disso é novo, nem a produção e a ampla difusão da cultura popular. Poesias e canções migraram pela Europa medieval de mão em mão, de boca em boca. Folhetos circulavam. A partir da segunda metade do século XV, os tipos móveis de Gutenberg tornaram possíveis as Bíblias impressas em massa e uma grande onda de literatura, quer instrutiva, quer chula. Mesmo quando a alfabetização era rara, os livros costumavam ser lidos em voz alta. (GITLIN, 2003, p. 42).

Algumas teorias da comunicação também são importantes para

compreendermos como o processo de supersaturação aconteceu. E são mais

importantes ainda para entendermos que Marketing de Guerrilha, muito além do

campo do Marketing, diz respeito à Comunicação.

Para Oliveira (2003, p.9), “a Teoria da Agulha Hipodérmica, surgida no campo

da Psicologia, influenciou todo o pensamento comunicacional da primeira metade do

século passado”, tornando-se um ponto de partida essencial.

Fruto de um conceito behaviorista5, essa teoria baseia seu modelo

comunicativo em estímulo e resposta. Ou seja, se existe estímulo por parte da mídia,

ele chegaria até o indivíduo sem encontrar resistências, do mesmo modo que uma

agulha hipodérmica penetraria a pele e introduziria uma medicação sem dificuldades

no corpo de um indivíduo.

Esta teoria também é conhecida como “Teoria da Bala”, pois a mensagem da

mídia atuaria com tanto poder na mente do consumidor, quanto uma bala de arma

de fogo penetraria a pele.

Ainda de acordo com Oliveira (2003, p.9), nessa teoria “a audiência é vista

como uma massa amorfa, que responde de maneira imediata e uniforme aos

estímulos recebidos”. Já os indivíduos, seriam compreendidos como átomos

independentes, mas que fariam parte de um corpo maior, a massa, criada pelos

meios de comunicação.

5 Behaviorismo é o conjunto das teorias psicológicas (dentre elas a Análise do Comportamento, a Psicologia Objetiva) que consideram o comportamento o mais desejável objeto de estudo da Psicologia.

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Assim, ao enviar um estímulo (uma propaganda no caso) os MCM6 teriam

como resposta uma conduta desejada pelos emissores, desde que o estímulo fosse

aplicado da forma correta. Logo, ocorreu o “boom” do mass media. Uma época em

que o fluxo de comunicação era unilateral e a interatividade era praticamente igual a

zero. Milhares de anúncios foram disseminados, na esperança de que a grande

massa simplesmente os receberia de “braços abertos”.

A Teoria da Agulha Hipodérmica é muito simplista, pois peca ao levar em

consideração as diferenças individuais a respeito da interpretação das mensagens,

variando com o grau de instrução e/ou cultura de cada um. Além disso, esta teoria

não se prestou a pesquisar as consequências que cada mensagem ocasionava no

receptor. Ela até poderia ter sido suficiente para explicar o processo comunicacional

de toda uma época, mas certamente não corresponde à realidade do século XXI.

Esse conceito de que a mídia teria um poder soberano sobre a população foi

compartilhado por outras correntes de pensamento como a Teoria Funcionalista7 e a

Teoria Crítica8, da Escola de Frankfurt, salvo as diferenças de cada uma.

Entretanto, Oliveira (2003) afirma que desde a primeira metade do século XX,

a hipótese hipodérmica tem sido contestada por quase todas as teorias da

comunicação. O autor revela o seguinte:

As evidências demonstram que os indivíduos não são tão atomizados quanto criam os primeiros teóricos da comunicação, ganhando importância a atuação dos grupos primários. O funcionalista Lazarsfeld, por exemplo, descobriu que os grupos com os quais as pessoas convivem vão direcionar a leitura que elas têm dos meios de comunicação de massa. Essa teoria foi chamada de Two Step Flow e prega que as mensagens midiáticas passam por dois degraus. O primeiro deles é formado pelos formadores de opinião, que podem reforçar ou anular as mensagens enviadas pelos meios de comunicação de massa. Além disso, os estudos demonstram que a possibilidade de leituras dos meios de comunicação não é limitada aos objetivos dos emissores. (OLIVEIRA, 2003, p.10).

No Brasil, a Two Step Flow também é conhecida por dois outros nomes:

modelo dos dois tempos e teoria do fluxo comunicacional em duas etapas. 6 Meios de comunicação de massa. 7 A Teoria Funcionalista estuda as funções exercidas pela mídia na sociedade, e não os seus efeitos. Em lugar de pesquisar o mero comportamento do indivíduo, estuda-se a sua ação social enquanto consumidor de valores e modelos que se adquire comunitariamente. (Wikipédia, 2009). 8 A Teoria Crítica parte do pressuposto das teorias marxistas e investiga a produção midiática como típico produto da era capitalista. (Wikipédia, 2009).

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Nela, a influência dos meios de comunicação é seletiva, pois depende de

fatores diversos como opiniões preexistentes e relações interpessoais do receptor.

Essa hipótese conclui que a eficácia da informação e seus efeitos nos

indivíduos estão sujeitas à credibilidade de um indivíduo intermediário - detentor do

poder de sensibilizar os seus receptores, distribuídos em pequenos grupos,

conhecidos como grupos de referência. Então, baseando-se nisso, investimentos em

pesquisas com grupos diversificados foram feitos por todo o mundo, rotulando

pessoas e situações. O que os anunciantes tinham que fazer agora, era

simplesmente usar o mass media de acordo com os horários nos quais esses

grupos estariam focados nos mesmos.

Para Natal (2005, p.4), “este intermediário foi chamado posteriormente de

formador de opinião e ainda melhor identificado por Marshal McLuhan, com sua

explicação denominada ‘Galáxia de Gutenberg’”.

Nessa teoria, os emissores de massa seriam como sóis, repletos de planetas

(os formadores de opinião) ao seu redor. Estes por sua vez rodeados por satélites,

(os receptores). Mas ainda assim, existe falha ao não considerar o feedback do

receptor.

O óbvio desta questão, curiosamente, é o que não foi observado: sempre haverá consumidores que foram influenciados diretamente pelo MCM, outros por formadores de opinião (que, se agora são intermediários, há pouco foram receptores influenciáveis), outros por pessoas que já tenham sido previamente influenciadas por formadores de opinião, e assim infinitamente em diante, de uma forma geral diminuindo o poder de influência à medida que nos afastamos da fonte dita inicial do estímulo. Quando falamos aqui de influência, entenda-se também a apreensão de qualquer informação. Ou seja: a comunicação é difusa. (NATAL, 2005, p.11).

É claro que muitas teorias vieram após essas, mas o importante é destacar

que nenhuma das teorias surgidas até o momento será definitiva. Com a chegada do

Marketing de Guerrilha, por exemplo, que cria meios e formas de comunicação que

até então eram inimagináveis, sempre teremos novas maneiras e conceitos de

comunicação que anulam, confrontam ou completam os anteriores.

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O século XX assistiu a mudanças tecnológicas notáveis e decisivas. Mas, talvez a mais importante (e cujo verdadeiro alcance ainda não foi totalmente entendido) tenha sido a passagem gradual, atualmente a decorrer, do estado atômico/analógico para o estado digital/virtual. A era digital avança, ultrapassando todos os obstáculos, e não poderá ser impedida de prosseguir. Esta passagem marca também a transição presente dos mass media para os self media, o que implica um percurso do extenso e quantitativo para o intenso e qualitativo. (CÂMARA, 1998/1999. ACESSO EM 24 FEV. 2009).

Ou seja, mesmo em se tratando da supersaturação das mídias convencionais

(mass media / mídias de massa), podemos afirmar que nada em comunicação será

definitivo. Os self media referem-se aos novos meios individualizados de

comunicação digital. A Internet e os adventos tecnológicos em geral nos fazem

questionar as teorias da Agulha Hipodérmica, Two Step Flow, Galáxia de Gutenberg

e muitas outras. A tecnologia de hoje pode se tornar obsoleta amanhã, bem como as

teorias de comunicação.

Com a revolução da mídia, ocorrida por efeito das novas tecnologias, o cenário da comunicação mudou radicalmente. Não se trata apenas do consumo virtual, mas de toda uma gama de nichos encontrados na rede. Pessoas que produzem o seu próprio conteúdo e que são capazes de influenciar o comportamento de compra. Esses são os “prosumers” - indivíduos produtores e consumidores de informação. (VIANA, 2008. ACESSO EM 24 DE FEV. 2009).

O equívoco dos mass media e das teorias de comunicação mais difundidas

está na peculiaridade de que a mensagem é direcionada principalmente no sentido

emissor - receptor. Assim, o consumidor dificilmente poderia oferecer alguma

resistência. Porém, esse simplório padrão emissor - receptor se perdeu. O

Marketing de Guerrilha se aproveita dessa falta de padrões para criar novas

maneiras de se comunicar com o target, sempre fazendo com que a mensagem

transmitida caia em campo de decodificação.

Na verdade, o desafio irônico de todos os empresários culturais, todos os anunciantes, estúdios, distribuidores de filmes e música, editoras, jornais, revistas, fábricas de brinquedos, redes de televisão, provedores de Internet e outros é “romper a bagunça”. Mas, claro, a bagunça não é uma força da natureza; é um produto do frenesi da competição. A bagunça nada mais é

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que a soma de todas as tentativas anteriores de romper a bagunça. Assim, a bagunça de imagens e sons criados é o motor que leva os anúncios para espaços até então virgens. (GITLIN, 2003, p.93-94).

A supersaturação das mídias e o processo comunicacional provavelmente

ainda serão fruto de estudo por parte de muitos teóricos. É necessária uma reflexão

sobre essas teorias para compreender o diferencial proposto pelo Marketing de

Guerrilha não só no mercado, mas também, dentro da atual atividade publicitária.

2.4 A CRIATIVIDADE DE GUERRILHA E O PODER DOS MEMES

A supersaturação das mídias e a evolução do processo comunicacional

implicam em soluções criativas para driblar as adversidades encontradas não

somente pelo Marketing tradicional, Publicidade e Propaganda, mas também, pelo

Marketing de Guerrilha. Logo, torna-se necessário compreender a criatividade de

guerrilha, que se apropria de diversos elementos para efetivamente cumprir sua

função, dentre eles, os memes9.

De acordo com o dicionário, criatividade é a faculdade ou atributo de quem ou

do que é criativo; capacidade de criar coisas novas; espírito inventivo: criatividade

artística.

A origem da pesquisa sobre criatividade também é objeto de estudo da

Psicologia. A psicóloga Erika Landau (2002) divide o processo do pensamento

criativo em quatro estágios, destacando que ainda é impossível determinar com

exatidão seu início e fim:

1. A fase de preparação: começa com uma descrição do problema e a

coleta de informações sobre ele. Essas informações seriam o material bruto que o

indivíduo trabalharia para conseguir uma solução científica, uma criação artística ou

outro produto criativo.

2. O período de incubação: este estágio ocorre no subconsciente e

poderia ser definido como uma avaliação inconsciente do problema, sob efeito das

9 Meme é um signo autoexplicativo que pode empregar palavras, ações, sons, imagens ou tudo isso para transmitir uma ideia.

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informações recém-adquiridas. É nesse período que ocorre a maturação de uma

ideia que não chegou ainda à consciência.

3. Momento do insight: A experiência do “heureca10!”. Um momento

súbito e involuntário em que a maturação da ideia aconteceu, se tornando clara e

significativa.

4. A fase final de verificação: esta seria a última parte do processo

criativo. Ela é muito importante, pois nela o indivíduo assume a difícil tarefa de dar

ao reconhecimento subjetivo formas simbólicas objetivas.

Além das artes e da ciência, o pensamento criativo surge mediante a

necessidade de solucionar questões.

Definitivamente, o Brasil é um país conhecido por sua criatividade. Muitos

atribuem isso ao famoso “jogo de cintura”, ao “jeitinho brasileiro11” para superar as

inúmeras desventuras das esferas sociais. E assim como em diversas áreas, a

criatividade é uma palavra muito comum no meio publicitário. Ela designa até

mesmo funções em agências, como a utilização do termo “O Criativo da Agência”,

para diretores de criação.

No Marketing de Guerrilha, a criatividade também recebeu sua própria

definição. Em seu livro “Criatividade de Guerrilha”, Levinson (2004, p. 14) destaca

que “a criatividade, que nas artes é iluminadora, encanta, comove e satisfaz,

aplicada ao Marketing pode mudar o comportamento humano”. E ao mudá-lo, pode

ser entendida como criatividade de guerrilha.

A sugestão dada pelo autor para desenvolver a criatividade de guerrilha não

difere muito daquilo que a maioria de nós ouve com frequência:

O nascedouro da criatividade de guerrilha é o conhecimento. Quanto mais você souber, mais criativo poderá ser. Quanto mais você souber, mais inspirado poderá ser. Quanto mais você souber, maiores serão as possibilidades de sucesso dos propósitos verdadeiros da criatividade de guerrilha. [...] A curiosidade sempre foi uma das chaves da criatividade. Tenho absoluta certeza de que os gênios criativos do passado eram extremamente curiosos. Suspeito que eles, assim como os guerrilheiros,

10 Interjeição que significa “achei!”, “encontrei!”, “descobri!”. Exclamação atribuída a Arquimedes ao descobrir, no banho, o peso específico dos corpos. 11 Aqui, a expressão nacional “jeitinho brasileiro” foi utilizada para exaltar a criatividade nativa. Porém, ela é conhecida pejorativamente como um modo de agir, usado para driblar normas e convenções sociais, onde o indivíduo utiliza-se de recursos emocionais – apelo e chantagem emocional, laços emocionais e familiares, recompensas, promessas, dinheiro, etc. – para obter favores para si ou para outrem, às vezes confundido com suborno ou corrupção.

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possuíam um afiadíssimo senso investigativo. A maioria deles aprendeu que quanto maior fosse o contato com o mundo que os cercava, mais criativos seriam. (LEVINSON, 2004, p.16-17).

Levinson (2004) ainda destaca que uma das maneiras de salvar um negócio,

colocando-o num patamar de alta lucratividade, seria utilizar o poder dos memes. Os

memes estão presentes na sociedade desde tempos remotos e criatividade de

guerrilha significa usar o poder destes em prol do Marketing de uma empresa,

priorizando os lucros.

Richard Dawkins (1976 apud LEVINSON, 2004, p.11), “um biólogo da

Universidade de Oxford, que cunhou a palavra meme, em 1976, no livro ‘O Gene

Egoísta’, a define como uma unidade básica de transmissão ou imitação cultural”.

Ainda segundo Levinson (2004, p.44), a palavra meme também foi dicionarizada na

quarta edição do American Heritage Dictionary, em que é definida como “uma

unidade de informação cultural, como uma prática ou ideia cultural, que é transmitida

verbalmente ou por alguma ação repetitiva de uma mente para a outra”.

Enfim, um meme seria como um análogo cultural do que o gene é para a

genética. Memes sintetizam conceitos e não se limitam com fronteiras. De maneira

rápida, como que um vírus, os memes economizam a verba de uma empresa porque

implantam nas mentes dos clientes uma mensagem que é repetida ao ponto de não

restar nenhuma dúvida sobre o que um produto e/ou serviço oferece.

Os memes têm sido os arquitetos do comportamento humano desde o começo dos tempos. A invenção da roda significou um enorme avanço para os transportes e movimentação de cargas, mas também representava uma ideia completa. Quando alguém vê uma roda, sabe imediatamente para que serve e porque é tão útil. Não é necessário explicar. (LEVINSON, 2004, p.13).

O autor também nos dá outros exemplos de memes e explica que na maioria

das vezes, eles não têm ligação com vendas ou Marketing, pois estão simplesmente

cumprindo seu papel de transmissor cultural, como a cruz; ou uma vegetação

mastigada por animais ou até mesmo um polegar estendido de quem pede carona

na estrada, dentre muitos outros.

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Na linguagem da Internet, o significado de meme é potencialmente

aumentado, principalmente quando relacionado aos blogs12. Como a palavra “viral”

tem uma estreita relação com a Internet, um hábito comum na blogosfera13 é a

criação de temas específicos, nos quais um autor inicial escreve sobre determinado

assunto e depois convida outras “x” pessoas a escreverem sobre o mesmo assunto,

sucessivamente. Dessa forma, o meme causa uma criativa cadeia de informação

cultural.

12 Blog (abreviatura de weblog) é uma página de Internet organizada de maneira cronológica, registrando informações de todo e qualquer tipo de conteúdo que se queira publicar. 13 Blogosfera é uma gíria para definir o universo dos blogs.

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3 BUZZ E BUZZ MARKETING

Como vimos no capítulo anterior, com a supersaturação das mídias e o

processo comunicacional em evolução permanente, o processamento seletivo de

informação e de estímulos prenuncia tempos ruins para os meios tradicionais de

atingir o público, mas oferece, em contrapartida, uma oportunidade para a

abordagem não-convencional (SALZMAN; MATATHIA; O’REILLY, 2003, p.13).

À medida que os consumidores atuais foram compreendendo os publicitários,

bem como seu repertório de estratégias persuasivas, a propaganda encontrou

dificuldade para atingir os formadores de opinião. Logo, “descobriu-se” uma nova

maneira de se realizar a propaganda, de forma muito mais eficiente do que grandes

campanhas com orçamentos astronômicos. Como muitos dizem, “o boca a boca é a

melhor propaganda”.

Conhecido no Brasil como burburinho, boca a boca, o buzz está presente na

sociedade há séculos, pois existe desde que as pessoas começaram a partilhar

ideias.

De acordo com Salzman, Matathia e O’Reilly (2003, p.8), convém estabelecer

a diferença entre buzz e buzz Marketing. O buzz é o efeito de transferir informações

através das chamadas redes sociais e pode ocorrer de forma espontânea, sem

interferências de Publicidade, Propaganda e/ou Marketing. Já o buzz Marketing, por

sua vez, consiste no uso roteirizado da ação para promover buzz, de maneira

deliberada.

O buzz não chega a ser um conceito novo - há séculos que os cantores de ópera contratam pessoas para gritar “Bravo!” ao final das árias, a fim de atiçar o aplauso. [...] A Ford Motor Company, sempre ciosa da imagem e uma das empresas mais bem-sucedidas hoje em dia no buzz Marketing, começou a espalhá-lo em 1964, quando ofereceu seu novo Mustang a personalidades influentes e “figurões do campus”, inclusive editores de jornais universitários. Hoje, as personalidades influentes são DJs, estilistas de moda e assistentes pessoais de celebridades, sendo o carro o Focus. Os resultados, porém, não mudaram: um reforço vigoroso e não-convencional para estimular vendas e criar buzz. (SALZMAN; MATATHIA; O’REILLY, 2003, p.8).

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Os autores (2003, p.9) explicam que o buzz funciona a partir do pressuposto

de que “as redes naturais e espontâneas do universo social constituem os meios

mais eficazes de atingir as pessoas” de maneira expressiva, pois “as pessoas

gostam de vínculos”, bem como “gostam de partilhar informações, ideias e opiniões”.

3.1 A IMPORTÂNCIA DAS REDES SOCIAIS PARA O BUZZ EM GERAL

O estabelecimento de redes sociais inicia-se desde o nosso nascimento e se

amplia com o decorrer de nossas vidas. Antes de penetrar numa rede social para

efeitos de guerrilha, é preciso primeiramente descobrir os agentes influenciadores da

mesma e até onde a informação chegará. “Entender a composição e a razão de ser

de uma rede aumenta as chances de atingir consumidores de um modo significativo”

(SALZMAN; MATATHIA; O’REILLY, 2003, p.9).

Através das redes sociais, pode-se efetivar o compartilhamento de ideias

entre pessoas que possuem interesses, objetivos e valores em comum. As redes

sociais são popularmente conhecidas como algumas das formas de representação

dos relacionamentos (afetivos ou profissionais) dos seres humanos entre si, ou entre

seus agrupamentos de interesses mútuos14.

Não necessariamente elas se dão no ambiente Web, porém, atualmente sua

concentração principal ocorre na rede, pois a Internet possibilita uma disseminação

infinita das ideias, devido a fatores como rapidez, absorção de novos elementos,

conectividade pessoal, etc. Alguns teóricos, e até mesmo profissionais ligados à

Comunicação, adotam para as redes sociais a terminologia “mídias sociais”,

alegando que a eficiência da comunicação nesses ambientes de interação entre

usuários é inquestionável.

Nestes canais, as pessoas podem dialogar e compartilhar informação. O conteúdo de uma Mídia Social tende sempre ao infinito, uma vez que qualquer membro pode contribuir a qualquer momento. Este diálogo entre usuários constitui blocos colaborativos de opinião. Vivemos recebendo mensagens publicitárias de todos os gêneros. Segundo dados da

14 Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_social> Acesso em: 29 mar. 2009.

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consultoria inglesa ID Magasin, somos impactados por 3.600 por dia, em média. Esta massa de informações torna o consumidor mais desconfiado e menos suscetível aos métodos tradicionais de propaganda. No contexto das Mídias Sociais, este discurso poderá ser debatido, criticado e filtrado pela relevância que ele terá para a comunidade. Assim, a Estratégia em Mídias Sociais é uma imersão neste universo de transparência nas relações entre empresa e consumidores. Mais do que anunciar, é analisar as opiniões sobre um tema. Mais do que divulgar, é discutir os aspectos positivos e negativos de um serviço, afim de direcionar os esforços de uma campanha publicitária ao encontro dos anseios de seu target. (RIOT, 2009. ACESSO EM 05 MAI. 2009).

A mais popular rede social no Brasil (também chamada de site de

relacionamento) é o Orkut15. De acordo com matéria publicada na Folha On-line,

uma pesquisa16 aponta que o Orkut é a rede social mais acessada no país, com 21

milhões de acessos únicos em setembro de 2008. Os visitantes passaram uma

média de 496 minutos no site no mesmo mês. Fotologs17, blogs, Youtube, Flickr, e-

groups18, instant messengers19, wikis20, etc., também podem ser classificados como

redes e/ou mídias sociais.

A mesma pesquisa citada acima informou que o Brasil também ultrapassou o

Reino Unido e se tornou em 2008 o segundo país em acessos a redes sociais no

mundo. De acordo com dados da consultoria ComScore, o país só perde para o

Canadá, em termos percentuais, considerando os países com mais de 10 milhões

de usuários mensais de Internet.

Outra rede que merece destaque em função das proporções mundiais e de

sua pró-atividade, é o MySpace. Criado em 2003, o site utiliza a Internet para

comunicação on-line através de uma rede interativa de fotos, blogs e perfis de

usuários. Atualmente, o MySpace21 é a maior rede social do Estados Unidos e do

15 O Orkut é uma rede social filiada ao Google, criada em 24 de Janeiro de 2004, com o objetivo de ajudar seus membros a criar novas amizades e manter relacionamentos. Para utilizar, basta acessar www.orkut.com. 16 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u469739.shtml>. Acesso em: 05 mai. 2009. 17 Um flog (também fotolog, fotoblog ou fotoblogue) é um registo publicado na World Wide Web com fotos colocadas em ordem cronológica, ou apenas inseridas pelo autor sem ordem, de forma parecida com um blog. Ainda podem-se colocar legendas retratando momentos bons de lazer. É parecido com um blog, mas a diferença é que predomina fotos ao invés de texto. 18 Grupos on-line com afinidades e interesses em comum. 19 Comunicadores instantâneos, como MSN Messenger, ICQ, etc. 20 Os termos wiki (também conhecidos como WikiWiki) são utilizados para identificar um tipo específico de coleção de documentos em hipertexto ou o software colaborativo usado para criá-lo. O que faz o Wiki tão diferente das outras páginas da Internet é certamente o fato de poder ser editado pelos usuários que por ele navegam. 21 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/MySpace> Acesso em: 29 mar. 2009.

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mundo, com mais de 110 milhões de usuários. Inclui um sistema interno de e-mail,

fóruns e grupos. A crescente popularidade do site e sua habilidade de hospedar

MP3 fizeram com que muitas bandas e músicos se registrassem, algumas vezes

fazendo de suas páginas de perfil, seu site oficial.

MyspaceMan.net é a primeira agência de publicidade especializada em redes sociais (Social networking). Seu foco é na página Myspace.com que é concorrente direto do Orkut com mais de 60 milhões de usuários internacionais. Eles utilizam o seu próprio perfil do MySpace.com para atrair amigos, e depois eles deixam comentários na página deles com contéudo promocional, que pode ser visto por milhares de pessoas. Quer saber quanto custa ter 1000 amigos? 79 dolares!!!!! A hamburgueria Wendys contratou os serviços para a sua campanha “Good to be Square” e a MySpaceMan criou este perfil que já contém mais de 90,000 amigos. [sic] (AGÊNCIA BAMBUZADA TEAM, 2006. ACESSO EM 05 MAI. 2009).

O Twitter22 também é uma ferramenta que merece destaque. Ele tem

recebido muita atenção por parte da mídia, em função do crescente número de

usuários que estão se cadastrando para usufruir da nova ferramenta. O blogueiro

Jacob (2009) publicou um artigo mencionando o fato do jornal americano Wall Street

Journal - que é referência entre os veículos de finanças do mundo todo - ter

publicado uma matéria sobre a nova proposta da empresa Telefônica Brasil para

divulgar o Speedy Xtreme (serviço de televisão interativa e banda larga que utiliza

fibra ótica), através do Twitter.

A pessoa escolhida para ser o garoto propaganda deste novo serviço foi

Marcelo Tas, que trabalha como diretor, apresentador, escritor e roteirista de

televisão brasileiro, sendo considerado por muitos um dos grandes formadores de

opinião da atualidade. Seu perfil no Twitter possui mais de 52 mil seguidores,

argumento suficientemente plausível para a contratação de Tas para promover o

Speedy a todos os seus followers23.

22 Twitter é um serviço de microblog. Permite o envio de atualizações pessoais contendo apenas texto de até 140 caracteres, respondendo a pergunta básica "o que você está fazendo?" Ele pode ser útil para ler notícias e se manter informado, localizar pessoas, comentar eventos, divulgar eventos, etc. Para participar, basta realizar um cadastro em www.twitter.com. 23 Followers são os “seguidores” no Twitter. Correspondem aos usuários que acompanham determinado perfil.

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O apresentador, blogueiro e humorista terá que mencionar sobre o novo produto durante 20 vezes ao mês, em uma estratégia da agência iThink que prevê divulgar o Speedy Xtreme para um público altamente qualificado, e que eu chamaria de “massa segmentada“. Dizem que um logo do Speedy Xtreme também estampará uma parte do fundo da página de @marcelotas. (JACOB, 2009. ACESSO EM 04 MAI. 2009).

ILUSTRAÇÃO 1 – Twitter de Marcelo Tas com a logo do Speedy estampada ao fundo. FONTE: Disponível em: <http://twitter.com/marcelotas>. Acesso em: 04 mai. 2009.

A revista Meio & Mensagem On-line publicou uma matéria em outubro de

2008, afirmando que o Twitter é a rede social que mais cresce nos últimos tempos.

Mesmo sem a versão em português, o microblogue tem sido mais um canal de

comunicação que as empresas escolhem para estreitar relações com seus

respectivos públicos. Daí, já é comum a utilização da terminologia “Twitter

corporativo”:

[...] Ao mesmo tempo, empresas de conteúdo como BBC Brasil, G1, etc, começaram a utilizar para divulgar links de matérias, como seus similares estrangeiros. Empresas como a Fiat criou um Twitter para cobrir a SPFW em janeiro de 2008. Em maio do mesmo ano, uma iniciativa criou o Siga seu Time com perfis de times de futebol para ser seguido pelo publico brasileiro. Em junho surgiu o perfil Twit Elegante, com um usuário aberto, criado para o envio de recados amorosos anônimos. Quase

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37

simultâneamente o Correio Elegante Twitter intermediava mensagens e fazia listas de usuários solteiros/as em seu blog. Dia 17/06/2008 a editora Agir (ou Ediouro) criou o Twitter Leitor Voraz, que divulgava lançamentos e premiava seus seguidores (77 no dia 23/06) com livros e descontos [sic]. (GUERRILHAPÉDIA: TWITTER CORPORATIVO. ACESSO EM 10 MAI. 2009).

A Internet24, mais precisamente as redes sociais, estão modificando a forma

que a mensagem publicitária é transmitida. O esquema de transmissão da

mensagem deixa de ser unilateral, do anunciante para o consumidor apenas. Para

Godin (2003), a comunicação tradicional de interrupção é direcionada para o maior

número possível de consumidores, tendo como único intermediário a empresa de

mídia. Na prática, o autor afirma que o objetivo do anunciante acaba tornando-se

gastar dinheiro à toa, enquanto o objetivo do consumidor é evitar ouvir o anunciante.

ILUSTRAÇÃO 2 – Esquema de transmissão da mensagem publicitária tradicional. Fonte: Disponível em: <http://idegasperi.wordpress.com/2008/10/01/o-impacto-das-redes-sociais/>. Acesso em: 04 abr. 2009.

Godin (2003) ainda diz que o esquema atual de trabalho dos homens de

Marketing que investem no buzz como ferramenta de comunicação é utilizar os

disseminadores como transmissores da mensagem, através da relevância e de uma

boa ideia.

24 Disponível em: <http://idegasperi.wordpress.com/2008/10/01/o-impacto-das-redes-sociais/>. Acesso em: 04 abr. 2009.

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ILUSTRAÇÃO 3 – Esquema de transmissão da mensagem publicitária atual. Fonte: Disponível em: <http://idegasperi.wordpress.com/2008/10/01/o-impacto-das-redes-sociais/>. Acesso em: 04 abr. 2009.

Até pouco tempo era impossível mensurar o quanto esse esquema repercutia

em relação a um produto ou serviço nas redes sociais. Hoje, com as novas

tecnologias, é possível fazê-lo e de maneira bem precisa.

O IBOPE em parceria com o NetRatings criou o software Redes Sociais para medir esse impacto. Através deste programa, que nada mais é do que um funcionário virtual que coleta dados nos perfis dos internautas foi possível quantificar que o impacto gerado por uma marca nas redes sociais (por enquanto utilizado somente no Orkut) é de 50% a mais do que numa mídia tradicional. (DEGÁSPERI, 2008. ACESSO EM 04 ABR. 2009).

Em abril de 2009, a revista Meio & Mensagem On-line publicou os resultados

do Índice de Marcas em Mídias Sociais (Imms) da agência Frog. O Imms25 é um

indicador da densidade de referências a determinado termo na Internet. Focado no

conteúdo e nos debates em português, o estudo é estruturado a partir dos hábitos

de uso do internauta brasileiro.

“É um índice referenciado, como os famosos índices BigMac ou iPod (que comparam o custo desses produtos em diversos países)", afirma Roberto Cassano, diretor de estratégias e mídias sociais da Frog. O ponto de referência do Imms é a marca Google, pois, segundo Cassano, é a que tende a ter a maior quantidade de referências em todas as ferramentas. Com a ajuda de robôs, a agência levanta a quantidade de ocorrências de cada uma das marcas no universo de abrangência da pesquisa. O resultado é comparado à performance da marca Google e ponderado com base em

25 Disponível em: <http://www.meioemensagem.com.br/novomm/br/Conteudo/?Coca_Cola_no_topo_das_midias_sociais>. Acesso em: 12 abr. 2009.

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indicadores definidos de acordo com a importância de cada rede social para o mercado brasileiro. "Damos o devido peso às menções. Sabemos que uma citação no Orkut, uma no Twitter e uma no Youtube não podem ter pesos iguais, já que indicam sentimentos diferentes e têm possibilidades de disseminação e alcances distintos", explica Cassano. (RETIRADO DO SITE DA REVISTA MEIO E MENSAGEM ON-LINE. ACESSO EM 12 ABR. 2009).

Os resultados a seguir se referem à exposição das marcas nos sites de

relacionamento no mês de março. São acompanhadas 150 marcas de 18 segmentos

- como automóveis, celulares, bancos, operadoras e cervejas - em quatro tipos de

redes: redes sociais (Orkut e Facebook), blogs, micro-blogs (Twitter) e vídeos

(Youtube).

1º Coca-Cola 6º Adidas

2º iPhone 7º Nokia

3º Mcdonalds 8º Nike

4º Sony 9º Chevrolet

5º Apple 10º Skol

TABELA 1 – As 10 primeiras marcas no ranking geral do Índice de Marcas em Mídias Sociais (Imms). FONTE: Agência Frog, 2009.

TABELA 2 – As 3 primeiras marcas no ranking por segmento do Índice de Marcas em Mídias Sociais (Imms). FONTE: Agência Frog, 2009.

Os autores Salzman, Matathia e O’Reilly, (2003) também valorizam um fruto

das redes sociais, chamado de worm26, que nada mais é do que resultado do boca a

boca. “Worm é o responsável por aquele momento no qual, como que do nada, uma 26 Worm significa verme. Essa é uma metáfora que transmite o conceito do buzz, como um verme que se insinua na consciência de cada um, deslizando e rastejando pela comunidade, pela mídia e pelas nossas casas.

CATEGORIAS 1° lugar 2° lugar 3° lugar

Operadoras Oi Claro Vivo

Celulares iPhone Nokia Motorola

Automóveis Chevrolet Ford Fiat

Cervejas Skol Brahma Bohemia

Banco Itaú Bradesco ABN Real

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ideia, uma pessoa ou produto parece estar em toda parte ao mesmo tempo”

(SALZMAN; MATATHIA; O’REILLY, 2003, p.39). As pessoas nem imaginam onde

ouviram falar a respeito pela primeira vez, mas sabem que todos estão discutindo o

assunto. A sensação de onipresença espontânea é o principal indício de que um

worm entrou em cena.

Dessa forma, percebemos que tanto o buzz, quanto o buzz Marketing e até

mesmo o worm podem ser positivos e/ou negativos, não sendo necessariamente,

criados e/ou controlados por agências, empresas, etc. Basta que as pessoas sintam-

se estimuladas a falar sobre algo, em algum lugar, estabelecendo o processo

comunicacional. Porém, aqueles dotados de capacidade e conhecimento para criar,

disseminar, controlar e mensurar qualquer tipo de buzz, certamente possuem um

poder diferenciador em relação aos demais “guerrilheiros” do “campo de batalha”.

3.2 O PODER DO BUZZ MARKETING E SUA UTILIZAÇÃO NA ATUALIDADE

Com o advento das novas tecnologias, o comportamento humano pode ser

facilmente alterado, principalmente no que diz respeito à comunicação, ao consumo

e à produção de informações. Portanto, o avanço tecnológico e as evoluções no

segmento da Comunicação Social são fundamentais para moldar aquilo que hoje é

conhecido como Marketing.

De acordo com Cavalcante (2001), várias pessoas confundem as áreas de

Propaganda e Marketing. Mas Marketing não é Propaganda. Marketing se trata de

uma das atividades ou serviços que as agências têm que oferecer aos clientes para

ajudá-los a vender mais e a preços melhores. Sobre isso, a melhor definição,

segundo Cavalcante (2001, p.54), foi feita pelos autores Al Ries e Jack Trout, ao

dizer que “Marketing não é uma batalha de produtos. É uma batalha de percepções”.

Ou seja, as pessoas compram percepções e não produtos. A propaganda é

parte integrante do Marketing, mas na estratégia mercadológica, “é apenas uma das

potentes armas do processo de Marketing que a agência disponibiliza aos seus

clientes” (CAVALCANTE, 2001, p.55).

Salzman, Matathia e O´Reilly (2003) dizem que é aqui que entra o buzz

Marketing. Os autores concluem que a Propaganda e o Marketing tradicionais foram

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41

os grandes responsáveis pelo poder incrível de diversas marcas importantes, como

Nike, Pepsi, Mc’Donalds e Coca-Cola. Mas essas grandes marcas também são alvo

de defensores do anticonsumismo, da antiglobalização. Campanhas e exposições

espalhafatosas mais prejudicam atualmente, do que beneficiam uma marca,

transformando em ofensa o que antes não passava de incômodo. “O buzz

Marketing, por outro lado, em geral é veiculado por uma fonte confiável, no formato

interpessoal” (SALZMAN; MATATHIA; O´REILLY; 2003, p.37).

A nova geração de serviços on-line, denominada de Web 2.0, bem como as

ferramentas utilizadas atualmente, suas formas de interação e, também, o internauta

contemporâneo, nos permite uma compreensão panorâmica do que está

acontecendo nas relações interpessoais e no poder referente ao buzz Marketing.

Primo (2007) conceitua a Web 2.0 como sendo a segunda geração de

serviços on-line, caracterizada por potencializar as formas de publicação,

compartilhamento e organização de informações. Nela, os espaços interativos entre

participantes e o processo são extremamente ampliados.

Além disso, Primo (2007) também ressalta que a Web 2.0 não se restringe a

apenas uma combinação de técnicas de informática, mas também, a uma era do

período tecnológico, na qual ocorre um conjunto de novas estratégias

mercadológicas e processos de comunicação mediados por computador. “A Web 2.0

tem repercussões sociais importantes, que potencializam processos de trabalho

coletivo, de troca afetiva, de produção e circulação de informações, de construção

social de conhecimento apoiada pela informática”. (PRIMO, 2007, p.1).

Salzman, Matathia e O’Reilly (2003) defendem a utilização do buzz Marketing

como a maneira mais barata e eficiente de colocar o nome de uma marca na boca

do povo, além de transformar os consumidores potenciais em compradores reais.

Atualmente, as técnicas de buzz Marketing têm sido muito valorizadas e

facilmente disseminadas graças aos constantes avanços tecnológicos. Segundo

Salzman, Matathia e O’Reilly (2003), foram três grandes vantagens as responsáveis

por impulsionarem essa mudança:

1) O buzz Marketing é barato: os autores afirmam que o buzz Marketing

requer apenas uma fração dos recursos necessários à consecução dos

planos tradicionais de Marketing.

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42

2) O buzz Marketing é imediato: a velocidade e o alcance da Internet

permitem que nos comuniquemos com qualquer pessoa, em qualquer

lugar e a qualquer hora.

Embora seja rápido, o boca a boca exige contato humano direto e chega só até o círculo interno do comunicador. As comunidades on-line e as salas de chat, porém, ensejam um fórum anônimo onde se pode partilhar e aprender lições comum número praticamente infinito de pessoas com interesses semelhantes. O e-mail tornou a comunicação instantânea com grande número de pessoas tão fácil quanto um clicar de botão. [...] A informação é disseminada com rapidez incrível no ciberespaço. (SALZMAN; MATATHIA; O’REILLY, 2003, p.16-17).

É importante frisar que a imediaticidade não é privilégio da Internet. A atenção

dos consumidores pode ser despertada a qualquer instante, de acordo com o que for

mais “atrativo” para cada um, e se tornar motivo para que as pessoas iniciem um

burburinho.

3) O buzz Marketing é direto: ao dizer que o buzz Marketing é direto, os

autores na verdade estão se referindo à característica de personalização

que ele possui. “A percepção individual da mensagem, a recomendação

de um amigo ou colega, a sensação de fazer parte de um grupo seleto de

iniciados, tudo isso tem grande apelo para o consumidor exigente de hoje”.

(SALZMAN; MATATHIA; O’REILLY, 2003, p.17)

Cavallini (2008) também reforça a exigência atual do consumidor e o poder de

buzz que o mesmo possui, principalmente com a utilização da Internet. “Ao exigir a

mudança, o consumidor torna-se um agente e não mais apenas um target27”

(CAVALLINI, 2008, p.25). Hoje, isso é parte da realidade da grande massa e,

utilizando a Internet, o consumidor se torna “capaz de interagir de forma rápida,

barata e assíncrona com outros consumidores e com as marcas”.

Cavallini (2008) explica que o consumidor deixa de ser passivo para se tornar

ativo, passando a tomar a iniciativa no relacionamento e tendo voz ativa. Ele fala

mais e também é mais ouvido.

27 Target é o mesmo que dizer público-alvo.

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A máxima que diz que um consumidor insatisfeito reclama para 11 pessoas deixou de ser verdadeira. Maritônio Barreto de Almeida, professor universitário em Mato Grosso do Sul, um estado conhecido por seus jacarés, cobras gigantes e capivaras, sentiu-se lesado pela FIAT. Vestiu-se de palhaço e produziu o site chamado “Fui iludido, agora é tarde”, contando sua história. A montadora tentou tirar o site do ar algumas vezes, mas o resultado não foi o esperado. Maritônio virou case em palestras e congressos, seu site foi visitado mais de 463 mil vezes28 e noticiado em inúmeros outros sites, jornais e revistas. Foi entrevistado pela televisão e conseguiu visibilidade em veículos de peso com alta tiragem e alcance como o jornal O Globo (tiragem estimada de 300 mil exemplares), revista IstoÉ Dinheiro (tiragem estimada de 96 mil exemplares) e o MSTV, jornal televisivo local da afiliada da TV Globo, o maior grupo de mídia do Brasil29. (CAVALLINI, 2008, p.25).

O buzz negativo instigou outros clientes da FIAT a fazerem o mesmo. A

consequência foi que o site de Maritônio virou um portal de reclamações contra a

montadora e seu fórum continua ativo até hoje.

É justamente por esse e outros motivos, que Salzman, Matathia e O´Reilly

(2003) afirmam que apesar de não ser um conceito novo, o buzz atualmente tem

mais valor. E tem mais valor, porque nunca, em nenhuma outra época, se produziu

tanto, compartilhou tanto, se consumiu tanto. E “em mercados cada vez mais

fragmentados, o buzz oferece possibilidades a marcas e produtos tão diversos

quanto os públicos a atingir” (SALZMAN; MATATHIA; O´REILLY, 2003, p.37).

3.3 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO E TIPOS DE CONSUMIDORES (ESPECTRO

DO BUZZ)

Para se trabalhar com qualquer atividade de Marketing, Publicidade e

Propaganda, precisa-se fundamentalmente ter conhecimento e definição do target.

No caso do buzz, além de tudo isso, existe a necessidade de identificação dos

grandes consumidores, de todo o público-alvo, e principalmente, dos formadores de

opinião.

Cavalcante (2003) explora o conceito de micromarketing ou

microsegmentação, que no caso seria uma especialização setorial. O autor defende 28 Fonte: http://www.maritonio.com.br. 29 Fonte: ALAP – Associação Latino-Americana de Agências de Publicidade. A tiragem é estimada por não ser a mesma época da reportagem.

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a necessidade de dirigir a comunicação para grupos de consumidores divididos de

acordo com o estilo de vida, poder socioeconômico e localização geográfica.

Transmita sua mensagem para pequenos grupos selecionados e abandone a ideia de mercado de massas. A estratégia tem que ser desenvolvida para um nicho identificado. Isso elimina o desperdício – pessoas que são expostas à sua comunicação, mas não apresentam nenhuma chance de se tornarem clientes, embora você pague o “custo por mil” exorbitante para atingi-las. (CAVALCANTE, 2003, p.41-42).

Após muitas pesquisas, Salzman, Matathia e O´Reilly (2003) começaram a

identificar consumidores e agrupá-los de acordo com as características

predominantes de cada um. Assim, criou-se o chamado “Espectro do Buzz”, com

cinco padrões distintos de consumidores da população como um todo:

ILUSTRAÇÃO 4 – Espectro de tendências. Fonte: SALZMAN; MATATHIA; O´RELLY, 2003, p.55.

Os autores Salzman, Matathia e O´Reilly (2003) garantem que nesse

espectro, dois são os alvos eminentes das mensagens, possíveis geradores de

buzz.

Agora você conhece o valor do boca a boca. Mas como alimentar o buzz? Tudo é questão de escolher as pessoas certas. Ou, pelo menos, de saber onde encontrá-las... A primeira coisa que você deve se perguntar é: “quem são os bocas-grandes?” Não, porém, os faladores de sempre: você precisa, isso sim, de pessoas que abrem a boca para dizer algo consistente. Pessoas que atraem ouvintes. Em suma, pessoas com influência. Sim, estamos nos referindo aos Alfas e Abelhas. (SALZMAN; MATATHIA; O´REILLY, 2003, p.42).

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Ainda de acordo com as definições de Salzman; Matathia e O´Reilly (2003)

podemos destacar as seguintes características dos Alfas e Abelhas:

Alfas: intuitivos e curiosos, dispõem de uma ampla rede de contatos, mas são

consideradas pessoas “frias”, pois em situações sociais, optam por estar em

conversas mais íntimas com algum amigo, do que com um grupo vasto. Mas

mostram-se quase sempre acessíveis e generosos com os seus contatos,

desde que sejam solicitados. Eles não partilham informações

espontaneamente, mas gostam de demonstrar que conhecem de maneira

aprofundada algum assunto determinado. São pessoas que estão sempre à

procura de novidades, buscando estímulos constantes e desprezando

convenções e tradições. Possuem ânsia por correr riscos, não pela adrenalina

dos mesmos, mas sim pelo desafio de modificar o status quo30. Além de

sentirem uma forte necessidade de exclusividade naquilo que consomem, os

Alfas também possuem um apetite constante e insaciável por ideias novas,

encontradas em todos os lugares possíveis (jornais, revistas, televisão, rádio,

Internet, etc.), que os possibilitem criar tendências que não escapam à mídia

e que certamente induzirão outros a comprar.

Abelhas: solidários e comunicativos, apropriam-se das ideias dos Alfas e

traduzem-nas em dados utilizáveis e digeríveis para serem disseminados ao

grande público. Funcionam como ponte entre a origem das tendências e sua

proliferação nos demais consumidores. São eles quem verdadeiramente

movimentam ideias e produtos, pois desejam ver-se rodeados de pessoas,

tornando-se muitas vezes o centro dos círculos sociais. Possuem um senso

de estilo pautado na imitação, seguindo abertamente tendências e estilos.

Vivem ansiosos por aprovação e afirmação do meio em que estão inseridos,

não hesitando em gastar dinheiro para obter paz de espírito, tendo a certeza

de que compraram algo “aceitável”.

30 Statu quo (da frase completa in statu quo res erant ante bellum) é uma expressão latina que designa o estado atual das coisas, seja em que momento for. Emprega-se esta expressão, geralmente, para definir o estado de coisas ou situações. Na generalidade das vezes em que é utilizada, a expressão aparece como "manter o statu quo", "defender o statu quo" ou, ao contrário, "mudar o statu quo". Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Status_quo>. Acessado em: 04 abr. 2009.

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Segundo Salzman, Matathia e O´Reilly (2003), os Alfas e Abelhas se

completam e, normalmente, costumam ser vistos aos pares, sempre juntos. Os

autores recomendam ao leitor, que caso ele se identifique como um Alfa, pense em

seu melhor amigo, pois provavelmente, ele será um Abelha. Os Abelhas alimentam

a criatividade dos Alfas; os Alfas apreciam a natureza acessível e sociável dos

Abelhas, que os mantém ligados a grupos maiores e mais diversificados de pessoas.

Os demais integrantes do espectro do buzz são:

Fímbria de lunáticos: conhecidos como os radicais, visionários que agem

fora das convenções para alcançar resultados inéditos. Esse grupo

geralmente inspira os Alfas, mas suas ideias, produtos e comportamentos

nunca são considerados “seguros”. Eles estão muito distantes da massa e

costumam ser ignorados pelos homens de Marketing. Salzman, Matathia e

O´Reilly (2003) exemplificam esse grupo com nomes como Prince, Picasso,

Hitler, Van Gogh, dentre outras personalidades. Apesar de a fímbria ter

responsabilidade pela criação de algumas ideias radicais, seus integrantes

pouco colaboram com o buzz e a propagação de informações.

Grande público: consiste na maior fatia do espectro do buzz, sendo a grande

maioria do mercado consumidor. Compõe se de pessoas comuns, nem muito

antenadas, nem muito desinformadas, mas que representam a prioridade de

muitas campanhas de mass media.

Retardatários: geralmente tomam conhecimento de uma suposta novidade

quando esta já se encontra ultrapassada até mesmo para o grande público.

São aquelas pessoas que falam entusiasmadas: “nossa, hoje vou num lugar

legal demais!” E quando se vê é um lugar que esteve na moda há séculos.

Para fechar a classificação dos indivíduos, os autores Salzman; Matathia e

O´Reilly (2003) reforçam a importância do público na equação do buzz.

Parece óbvio, mas muitos profissionais de Marketing não chegam a compreender que tentar provocar buzz sem ter em mira o usuário final é como tentar acender fogo com um fósforo molhado. Ao longo deste livro,

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aplicamos o termo consumidor ao objeto dos esforços de buzz. E, em verdade, os consumidores representam a população compradora, que sustenta as empresas. Mas, igualmente verdadeiro, os consumidores que iniciam e dirigem os esforços de buzz constituem a porção da população consumidora mais acuradamente denominada prossumidores. Eles são as almas empreendedoras, curiosas, indagadoras que influenciam não apenas o comportamento de consumo, mas também as práticas e ofertas empresariais. (SALZMAN; MATATHIA; O´REILLY, 2003, p.185).

No primeiro capítulo, vimos uma breve citação dos “prosumers” ou

prossumidores. Agora, torna-se fundamental conceituá-los principalmente por

entendermos “que o boca a boca é, hoje em dia, uma das mais poderosas formas de

comunicação mercadológica” (SALZMAN; MATATHIA; O’REILLY, 2003, p. 186).

Graças aos efeitos das novas tecnologias, o cenário da comunicação se

transformou radicalmente. Romaní e Kuklinski (2007) mostram que no ambiente da

Web 2.0, os usuários atuam da maneira que bem entendem, seja de forma

tradicional e passiva, navegando através dos conteúdos; ou de forma ativa, criando

e apontando seus conteúdos. Esses usuários são pessoas que produzem o seu

próprio conteúdo e que são capazes de influenciar comportamentos. Eles são os

prosumers - indivíduos produtores e consumidores de informação.

Para concluir o assunto, Salzman, Matathia e O’Reilly (2003) ressaltam que a

disseminação de informação por parte dos prossumidores indica que estes

entendem de buzz. Os prossumidores sabem que disseminam mensagens e

Marketing, não se incomodam com isso e sentem-se orgulhosos por tal. Eles não só

gostam de trocar informações, como permutam buzz.

Para Gladwell31, ao se comparar o fenômeno social do alastramento de ideias

simples com a disseminação de epidemias, encontramos três tipos de agentes

específicos e alguns conceitos que ajudam a explicar o fenômeno da disseminação

endêmica de ideias.

O primeiro agente estudado no processo é chamado de conector (connector).

Extremamente bem relacionado nos círculos de influência, esse indivíduo estreita

relacionamentos com as pessoas de amplo poder de círculos específicos, sendo

influente por si mesmo. Ele faz a ideia chegar aos demais círculos da esfera social, e

ser adotada pelos grandes influenciadores das mesmas. A partir daí, as demais

31 Resenha do livro “O ponto de desequilíbrio: Como Pequenas Coisas Podem Fazer uma Grande Diferença”, de Malcolm Gladwell, partes 1 e 2. Publicado em 23 ago. 2006. Disponível em: <http://www.playit.com.br/leia.asp?id=34>. Acessado em: 04 abr. 2009.

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pessoas têm muito mais chances de entrar em contato com a ideia em questão e

adotá-la, pela simples influência indireta que os conectores geralmente exercem

sobre todos.

O segundo agente mencionado pelo autor é o especialista (maven). O

especialista é aquele que domina um determinado assunto de maneira aprofundada.

Os especialistas são aqueles que dão contribuições técnicas para a proliferação de

uma ideia. São influenciadores específicos para aquela opinião, e ao contrário dos

conectores, preocupam-se com o conceito em que são especialistas e não com as

pessoas que podem ou não querem adotá-lo, ou disseminá-lo para um grupo maior.

O último agente mencionado por Gladwell é o vendedor (salesman). Este

indivíduo detém autoridade suficiente para difundir uma ideia sem a utilização

proposital de persuasão. Possui poder sutil de negociação e algumas vezes se

baseia em tendências subconscientes de que seus interlocutores concordam com

ele. Os vendedores esbanjam carisma, possuem uma personalidade extremamente

calorosa e fazem com que suas ideias pessoais ou profissionais sejam vistas como

sendo excelentes e, inconscientemente, dignas de imitação por parte das pessoas

ao redor.

Neste capítulo, vimos que uma das principais funções do Marketing de

Guerrilha é a promoção do buzz ou do buzz Marketing. Ainda assim, não é possível

classificar se buzz seria uma ferramenta do Marketing (ou do Marketing de

Guerrilha), ou mesmo uma consequência, uma finalidade. Por isso, foi necessária a

especificação do tema para que cada um tire suas conclusões. O fato é que o buzz -

ou o buzz Marketing - consegue promover mídia espontânea, sempre ultrapassando

o bloqueio da saturação das mídias, através dos próprios indivíduos capazes de

disseminar as informações.

No capítulo seguinte, pretendemos esmiuçar as inúmeras ferramentas e

estratégias utilizadas pelo Marketing clássico e as ferramentas do Marketing de

Guerrilha, também conhecidas como “armas”, originadas a partir dos conceitos

tradicionais.

Page 50: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

49

4 DO MARKETING TRADICIONAL PARA O MARKETING DE GUER RILHA

Assim como o Marketing clássico, o Marketing de Guerrilha também

compreende uma série de ferramentas peculiares ao seu propósito. Cada qual, com

sua função. Para compreendê-las, iremos abordar brevemente os principais

conceitos que englobam o Marketing tradicional, bem como suas ferramentas e

variáveis que possibilitam a efetivação das estratégias de guerrilha.

4.1 PRINCIPAIS CONCEITOS E FERRAMENTAS DO MARKETING CLÁSSICO

Segundo Kotler e Armstrong (1993), a definição de Marketing seria o

processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm aquilo de que

necessitam e desejam por meio da criação e troca de produtos e valores. Nesse

processo, encontram-se interligados alguns conceitos conhecidos como conceitos

centrais do Marketing. De acordo com os autores, são eles:

Necessidades: referentes às necessidades humanas. São uma parte básica

da constituição do ser humano e quando uma delas não é satisfeita, o indivíduo

procura um objeto que o faça ou a reduza.

Desejos: os desejos humanos são as necessidades humanas moldadas pela

cultura e pelas características individuais. À medida que uma sociedade se

desenvolve, os desejos de seus membros crescem. Quanto mais as pessoas são

expostas a objetos que despertam o seu interesse e atenção, mais as empresas

tentarão fornecer produtos e serviços que satisfaçam melhor os desejos.

Demandas: as pessoas desejam escolher produtos que proporcionem o

máximo de satisfação e benefícios possíveis de acordo com seus desejos e recursos

financeiros. Assim, viabilizados pelo poder de compra de cada um, os desejos se

transformam em demandas.

Page 51: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

50

Produtos: um produto é qualquer coisa que possa ser oferecida a um

mercado para satisfazer uma necessidade ou desejo, sendo que o conceito de

produto não se restringe a um objeto físico. Tudo aquilo capaz de satisfazer uma

necessidade pode ser denominado produto, ou seja, bens, serviços, pessoas,

lugares, organizações, atividades e ideias.

Troca: é o ato de se obter um objeto desejado oferecendo algo como retorno.

Nada mais é do que uma das várias maneiras pelas quais as pessoas podem obter

um objeto que desejam. A troca é o conceito central do Marketing e, para ocorrer,

várias condições devem ser satisfeitas. Ela cria valor e dá às pessoas mais

possibilidades de consumo.

Transações: é a unidade de medida do Marketing, composta de uma troca de

valores entre partes.

Mercados: é o grupo de compradores reais e potenciais de um produto. Eles

não precisam ser locais físicos, podendo crescer em torno de um produto, um

serviço ou qualquer outra coisa de valor.

Kotler e Armstrong (1993) dizem que esses conceitos nos levam a concluir

que Marketing significa trabalhar com mercados para conseguir trocas com o

propósito de satisfazer necessidades e desejos humanos. Assim, os autores

também popularizaram um dos mais importantes conceitos de Marketing, conhecido

como o composto de Marketing ou mix de Marketing, responsável por nortear muitos

dos diversos tipos de Marketing existentes na atualidade.

Definimos o mix de Marketing como o grupo de variáveis controláveis de Marketing que a empresa utiliza para produzir a resposta que deseja no mercado-alvo. O mix de Marketing consiste em ações que a empresa pode fazer para direcionar a demanda para seu produto. As diversas possibilidades podem ser reunidas em quatro grupos de variáveis conhecidos como “quatro Ps”: produto, preço, praça e promoção. (KOTLER; ARMSTRONG, 1993, p. 29).

Page 52: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

51

A variável produto refere-se à combinação de bens e serviços oferecidos por

uma empresa a um mercado-alvo. A essa variável são associados conceitos como a

variedade de produtos, qualidade, design, características, marca, embalagem,

tamanho, serviços, garantias e retornos.

A variável preço determina a quantidade de dinheiro que os clientes devem

pagar para obter o produto e/ou serviço. Ela engloba listas de preços, descontos,

subsídios, período para pagamento e termos de crédito.

A variável praça, ponto ou local, significa as atividades da empresa que fazem

com que o produto esteja à disposição dos consumidores-alvo. A ela, atribuem-se os

canais de distribuição, a cobertura, sortimentos, localização, estoque e transporte.

E por fim, a promoção, que constitui as atividades que comunicam os

atributos do produto e persuadem consumidores-alvo a adquiri-lo. É neste P que

encontramos os elementos básicos do composto promocional, formado por

ferramentas fundamentais para a estruturação do Marketing de Guerrilha. São elas:

Publicidade: a palavra deriva do latim, publicus (público). Designa aquilo que

é tornado público, ou seja, que é levado ao conhecimento de todos (CAVALCANTE,

2001, p.22). Publicidade32 diz respeito a qualquer divulgação espontânea, em algum

veículo de mídia, não paga e de forma não sistemática. Obviamente que as

empresas percebendo o valor da publicidade, em muitos casos, têm como prática

gerar "notícias" para divulgação na imprensa sob a forma de press releases. Como

as ações de guerrilha são geralmente surpreendentes e atrativas, atraem a atenção

da mídia e fazem com que essa ferramenta constantemente beneficie o Marketing

de Guerrilha. Logo, o mesmo não despende de recursos financeiros para obter

visibilidade.

Propaganda: “ No Brasil, considera-se ‘propaganda’ qualquer forma

remunerada de difusão de ideias, mercadorias, produtos ou serviços, por parte de

um anunciante identificado. É o que diz a Lei” (CAVALCANTE, 2001, p. 21-22). Para

Kotler e Armstrong (1991), a propaganda pode ser definida como qualquer forma

paga de apresentação e promoção não pessoal de ideias, produtos ou serviços,

efetuada por um patrocinador identificado, que possui objetivos classificados de

32 Disponível em: <http://www.dearaujo.ecn.br/cgi-bin/asp/compostoPromocional.asp>. Acesso em: 12 abr. 2009.

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acordo com o propósito, seja informar, persuadir, comparar ou lembrar. A

propaganda informativa deve ser utilizada quando se tem a introdução de uma nova

categoria de produto/serviço no mercado, visando a criação de uma demanda

primária. Já a propaganda persuasiva, se torna mais importante à medida que a

concorrência aumenta e o objetivo é criar uma demanda seletiva. Uma parte da

propaganda persuasiva se tornou propaganda comparativa que procura estabelecer

a superioridade de uma marca através da comparação específica com outra(s)

marca(s) da mesma classe de produtos.

E finalmente, a propaganda de lembrança, faz com que os consumidores

mantenham o produto em mente, sendo importante na fase de maturidade do

produto. Cavalcante (2003) diz que um guerrilheiro deve saber que propaganda é

uma arma potente e faz parte do arsenal de Marketing, mas atua melhor quando

equilibrada com outros esforços.

Palma (2007) ressalta que segundo a pesquisa “tendências do mercado

publicitário”, realizada em 2005 pelo instituto InterScience, encomendada pela

revista Meio & Mensagem, que entrevistou os cem maiores anunciantes do Brasil, a

participação da propaganda nas verbas de comunicação de Marketing sofre queda

desde o ano de 2002.

Grandes Anunciantes Participação nas vendas (%)

Ano 2002 2003 2004

Valor Médio (x mil) 29.228 31.148 34.680

Valor Total (%) 100 100 100

Propaganda 48.5 48,1 46,6

Promoção 17,5 16 16

Marketing Direto 5,4 6 6,3

Internet 2,7 3,1 3,8

Merchandising 6,6 6,7 6,9

Eventos 7,9 7,5 7,8

Marketing Social 2,3 2,3 2,7

Patrocínio 4,3 4,5 4,3

Pesquisa de Mercado 4,7 5,3 5,1

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53

Outros 0,3 0,5 0,5

TABELA 3 – Participação da propaganda nas verbas de comunicação de Marketing. FONTE: PALMA, 2007, p. 7.

Cavalcante (2003) destaca que a redatora da Meio & Mensagem, Regina

Augusto, também concorda que a diminuição do espaço da propaganda dentro do

Marketing mix deve-se, em parte, à maior capacidade de mensuração dos

resultados que as demais ferramentas possuem.

Nota-se que os anunciantes têm preferido investir verbas em outras ferramentas de comunicação, tais como Marketing Direto, Internet, merchandising e Marketing social. Percebemos que o atual mercado tem preferido formas de comunicação que apresentem caráter inovador, que garantam mais credibilidade e fidelidade ao cliente, aumentando o retorno de seus investimentos. Esta tendência é, aparentemente, irreversível e tende a se tornar um caminho obrigatório para a criação publicitária. (PALMA, 2007, p. 7-8).

Promoção de vendas: segundo Kotler e Armstrong (1993), a promoção de

vendas consiste num conjunto diversificado de ferramentas de incentivo de curto

prazo, visando o estímulo de compra ou venda de um produto/serviço. Ela age

pautada no imediatismo e busca incrementar as vendas e fortalecer a oferta de

produtos, normalmente sendo recomendada a produtos desconhecidos pelo

consumidor. Pode ser direcionada aos clientes (amostras grátis, cupons, descontos,

reduções de preços, prêmios, brindes, selos de troca, demonstrações, etc.), aos

intermediários (subsídios para compra, produtos gratuitos, subsídios de

mercadorias, propaganda cooperativa, descontos em dinheiro, competições de

vendas de distribuidores, etc.) e/ou à força de vendas (oferecendo bônus,

competições, sorteios e afins). Kotler e Armstrong (1993) dizem que a promoção de

vendas é uma das aliadas da propaganda, sendo que enquanto esta última oferece

razões para a compra de um produto/serviço, a promoção de vendas oferece razões

para fazê-lo imediatamente. Seu período de tempo deve ser muito bem determinado.

Apesar de ser considerada uma ferramenta aliada às mídias de massa, a promoção

tem sido muito explorada pelo Marketing de Guerrilha, ao realizar campanhas que

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54

exigem resposta imediata do público-alvo, oferecendo benefícios como vale brindes,

descontos, etc.

Merchandising: está intimamente ligado à promoção de vendas, servindo de

apoio para a mesma. Cavalcante (2003) denomina o merchandising como sendo

uma operação de planejamento e supervisão da comercialização, necessária para

se colocar no mercado o produto/serviço certo, no lugar certo, no tempo certo, em

quantidades certas e ao preço certo. O merchandising33 visa atingir os consumidores

em situação de compra (no entorno e dentro do ponto de venda, de modo a

complementar o esforço de propaganda, tendo como objetivo criar o máximo de

diferenciação do produto, especialmente com relação a produtos competidores).

Cabe destacar que no Brasil costuma-se denominar, erroneamente, como

merchandising, o uso de produtos/bens/serviços dentro de programas de TV ou

rádio, mais comumente nas novelas. A denominação mais correta para o termo seria

colocação de produto (product placement) no original.

Relações públicas: segundo Jay (2000, p.79), Relações Públicas (ou

simplesmente RP), “trata do desenvolvimento e da manutenção de um bom

relacionamento com o público”, compreendendo não somente os clientes, mas

também os fornecedores, a comunidade local e qualquer indivíduo com quem se

tenha de tratar. Jay (2000) enfatiza que o bom RP deve fortificar a imagem

corporativa, possibilitando a ocorrência de publicidade espontânea. Kotler e

Armstrong (1993) recomendam as relações públicas para a promoção de produtos,

pessoas, locais, ideias, atividades, organizações e até mesmo para restabelecer o

interesse por produtos em declínio.

As relações públicas podem ter um forte impacto na percepção do público por um custo muito inferior ao da propaganda. A empresa não paga por espaço ou tempo de mídia. Ela paga para que um relações públicas desenvolva e circule informações e gerencie eventos. Se a empresa desenvolve uma história interessante, ela pode ser escolhida para ser apresentada por vários veículos diferentes, com o mesmo efeito que teria uma propaganda que custaria milhões de dólares. E ela obteria maior credibilidade do que com propaganda. Os resultados do trabalho de

33 Disponível em: <http://www.dearaujo.ecn.br/cgi-bin/asp/compostoPromocional.asp>. Acesso em: 12 abr. 2009.

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55

relações públicas, algumas vezes, podem ser espetaculares. (KOTLER; ARMSTRONG, 1993, p. 317).

As relações públicas são extremamente exploradas pelo Marketing de

Guerrilha, uma vez que também através delas, as ações de guerrilha ganham mídia

espontânea, atingindo proporções consideráveis.

Para que isto aconteça de forma efetiva, é necessário realizar um trabalho em conjunto entre a agência de guerrilha e a agência de RP. A agência de guerrilha criará um conceito forte e, junto com a agência de relacionamento com a imprensa, construirá a ação de forma que gere mídia espontânea, além do boca a boca. Na operação, a agência de RP terá o objetivo de fazer sair no máximo de veículos possíveis, respeitando, é claro, o público-alvo da ação. (RETIRADO DO BLOG DE GUERRILHA. ACESSO EM 14 ABR. 2009).

Vendas pessoais: Segundo Kotler e Armstrong (1993), as vendas pessoais

dizem respeito à apresentação oral em uma conversação com um ou mais

compradores em potencial, com o propósito de fazer vendas. Os autores afirmam

que esta é a ferramenta mais eficiente em certos estágios do processo de compra,

particularmente na criação de preferências, convicções e ações do comprador.

Assim, a venda pessoal é considerada por muitos a mais personalizada dentro do

composto promocional e utiliza-se de uma equipe de vendas para operacionalizar

seus serviços.

Comparada com a propaganda, a venda pessoal tem várias características únicas. Ela envolve confronto pessoal entre duas ou mais pessoas, de modo que cada uma delas pode observar as necessidades e características da outra e realizar ajustes rápidos. A venda pessoal também permite o surgimento de todos os tipos de relacionamentos, variando de um relacionamento simples de vendas até uma profunda amizade pessoal. O vendedor eficiente mantém os interesses do consumidor em mente, de modo a criar um relacionamento de longa duração. Finalmente, com a venda pessoal o comprador geralmente sente uma necessidade maior de escutar e responder, mesmo se a resposta é um educado “não, obrigado”. (KOTLER; ARMSTRONG, 1993, p. 295).

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56

O Marketing de Guerrilha usufrui muito do contato direto com o público, e

inclusive, em algumas ferramentas que veremos a seguir, como o Marketing

Invisível, as vendas pessoais são feitas e sem deixar que o consumidor perceba ser

influenciado por uma estratégia de Marketing.

Toda comunicação no Marketing está contida no composto promocional e

atualmente, o conceito de comunicação integrada de Marketing é muito trabalhado

para fazer com que todos os elementos do composto promocional atuem em

conjunto, como uma força unificada que vise à sinergia. Esse fenômeno (sinergia)

acontece quando o resultado alcançado é maior do que a soma de seus

componentes. Ou seja, muito além de se atingir expectativas é necessário superá-

las.

Com o passar dos anos, surgiram diversos outros modelos de interpretação

do mix de Marketing. Além dos 4Ps tradicionais, alguns autores reforçam a

necessidade de outras variáveis, que frisem principalmente as pessoas, o

consumidor, o relacionamento com o mesmo na pré-venda e na pós-venda, e a

visão do mesmo em relação ao Marketing. Daí, surgiram alguns outros compostos

como os 4Cs (necessidades e desejos do consumidor, custo para satisfazer o

consumidor, conveniência para comprar e comunicação34) de Robert Lauterborn

(apud POSSAMAI, 2007, p.15), os 4As (análise, adaptação, ativação e avaliação)35

de Raimar Richers (apud POSSAMAIS, 2007, p. 16) e os 5Rs (relevância,

reconhecimento, receptividade, responsividade e relacionamento)36 do brasileiro

Carlos Alberto de Faria (2008).

Possamai (2007) ressalta que apesar de existirem diferentes formas de

analisar o composto de Marketing, é importante considerar cada uma delas e a

necessidade de integração entre si, para se obter os resultados esperados.

Apesar de serem apresentados modelos diferentes de interpretação do composto de Marketing, os profissionais da área devem usar estas variáveis para traçar o caminho que a empresa deve seguir. O alinhamento de todos os fatores, ordenados estrategicamente e voltados ao mesmo objetivo são

34 Tradução nossa: consumers wants and needs, cost to satisfy, convenience to buy and communication. 35 Retirado do Site Portal do Marketing. Disponível em: <http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/4_As_do_Marketing.htm>. Acesso em: 12 abr. 2009. 36 Responsividade é a satisfação aos anseios dos clientes de forma rápida e sem alterações no nível de qualidade. Retirado do Site “Os fatores chave de sucesso nos negócios”. Disponível em: < http://merkatus.com.br/02_os5rs/index.htm>. Acesso em: 12 abr. 2009.

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responsáveis por melhores resultados econômicos, financeiros e sociais. (POSSAMAI, 2007, p. 17).

Cavalcante (2003) diz que o Marketing, seus conceitos e ferramentas, podem

ser aplicados em diferentes ramos do conhecimento. Marketing político, social,

esportivo, religioso e pessoal são apenas alguns exemplos dessa aplicação.

Sempre que o investimento for extremamente baixo e o retorno consideravelmente alto, o processo deve ser chamado de Marketing de guerrilha. O Marketing de Guerrilha é, assim, a aplicação dos preceitos de Marketing orientados para a concorrência aberta, onde aquele que disputa com você seu território (nicho de mercado) é o “inimigo” a combater e o objetivo é ganhar a batalha. (CAVALCANTE, 2003, p. 40).

O Marketing de Guerrilha se apropria de todas as ferramentas e variáveis do

Marketing convencional, mas, sem dúvida alguma, se pudéssemos destacar o

grande “P” que faz a diferença em todas as ações de guerrilha, seria o “P” de

pessoas. “O Marketing de Guerrilha tem por base a ideia diferenciadora e de baixo

custo e parte do princípio de que essa diferenciação só se estabelece na mente das

pessoas quando você consegue capturar a atenção delas” (CAVALCANTE, 2003,

p.19).

Para se alcançar com excelência o objetivo da comunicação de guerrilha,

Cavalcante (2003) afirma que não se trata, portanto, de saber o que se quer. Trata-

se de saber o que a concorrência vai permitir que se faça. O autor garante que essa

capacidade de escolher a arma certa para o confronto, está sendo exercitada pelo

mercado de maneira cada vez mais racional.

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58

4.2 A IMPORTÂNCIA DA ASSESSORIA DE IMPRENSA PARA O MARKETING DE

GUERRILHA

A Assessoria de Imprensa37 é um instrumento dentro do composto de

comunicação, desenvolvido para as organizações. Sua principal função é cuidar da

gestão de relacionamento entre uma pessoa física, entidade, empresa ou órgão

público e a imprensa. No Brasil, os assessores de imprensa normalmente são

formados em Relações Públicas ou em Jornalismo.

Chinem (2003) destaca que uma Assessoria de Imprensa e uma Agência de

Publicidade têm muito em comum, pois ambas fazem a comunicação institucional,

promocional ou publicitária de um produto ou de uma empresa, além de trabalharem

com dois produtos fundamentais: Marketing e Comunicação.

A publicidade trabalha com material que visa a sua promoção, e a empresa nesse caso está pagando para constar na publicação. A Assessoria de Imprensa trabalha com material redacional, que não é pago; ele é enviado para a mídia, que o aproveita dependendo do seu valor, o qual, por sua vez, leva em conta unicamente o interesse do leitor. Em uma redação de jornal nunca se pensa em incrementar vendas nem em impulsionar negócios dos outros. O importante é a notícia. E notícia não tem preço. (CHINEM, 2003, p. 14).

Justamente por saber que “notícia não tem preço”, que o Marketing de

Guerrilha utiliza estratégias extremamente inusitadas, impactantes, que promovam o

boca a boca e sejam suficientemente interessantes para serem publicadas

gratuitamente, sob forma de notícias. Possamai (2007) ressalta que as agências

especializadas em guerrilha trabalham fortemente com Assessoria de Imprensa,

para ter certeza de que suas ações aparecerão na mídia da melhor forma possível.

Cavalcante (2003,p. 101-102) diz que “criar e manter bons relacionamentos com a

mídia são atitudes que ajudam a consolidar sua imagem e a passar a mensagem de

maneira indireta para o mercado”, sob forma de notícia ao invés de anúncio. Um

bom guerrilheiro tem que estar sempre atento às mídias, como o rádio, a TV, os

jornais, as revistas, etc., para se familiarizar com o estilo das publicações e,

37 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Assessoria_de_imprensa>. Acesso em: 14 abr. 2009.

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principalmente, conhecer a maneira de trabalho dos jornalistas. Assim, ele consegue

potencializar o impacto das ações de guerrilha na mídia e mensurá-las

posteriormente.

Portanto, podemos destacar que as principais atividades que envolvem a

assessoria de imprensa relacionada ao Marketing de Guerrilha são:

• Envio de releases;

• Aconselhamento perante a estratégia de comunicação, colaborando diretamente

na estratégia de produtos e serviços;

• Estabelecer a parceria da empresa com os veículos de comunicação, difundindo

a marca positivamente;

• Potencializar e ter capacidade de gerar fatos relevantes;

• Media training com pessoal e porta-vozes, desenvolvimento da prática de ser

entrevistado, simulações gravadas e analisadas por profissionais de imprensa

(acertos e erros devem ser apontados e dicas devem ser dadas para um melhor

desempenho);

• Análise de dados de mercado, pesquisas e objetivos do cliente;

• Auditoria de imagem com análise de clipping retrospectivo e mapeamento dos

veículos e profissionais de imprensa-alvo do cliente

• Pesquisa com esses jornalistas para buscar impressões sobre a empresa,

identificar os porta-vozes da empresa;

• A assessoria tem que ter uma equipe capacitada para elaborar conteúdo e texto

para impressos e web;

• Possuir um núcleo de eventos que identifica as melhores oportunidades e

oferece aos clientes todo o apoio necessário na realização e coordenação de

atividades como: coletiva de imprensa, seminários, congressos, feiras,

patrocínios esportivos e culturais, festas de lançamento, vídeos institucionais,

dentre outras;

• Gerenciamento de crises: estratégias de comunicação e treinamento de

executivos para lidarem com situações de crise de imagem para empresa e sua

marca, minimizando e até extinguindo fatos negativos que podem ser publicados

na imprensa (comunicação integrada). Por meio do relacionamento com a

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60

imprensa, a agência abre um canal para que todos os pontos delicados sejam

esclarecidos;

• Responsabilidade social: a assessoria oferece uma extensa linha de programas,

políticas e ideias que discorrem sobre o processo de formação de uma empresa

estruturada e respeitada por seus valores sociais.

4.3 FERRAMENTAS DO MARKETING DE GUERRILHA

Como vimos anteriormente, as técnicas de Propaganda e Marketing passam

por constante evolução para se adaptarem ao comportamento do consumidor.

Ajustar as táticas e estratégias em relação à concorrência, ao invés de fazê-lo em

relação a si mesmo, é a grande chave para o Marketing de Guerrilha, segundo

Cavalcante (2003).

O Marketing de Guerrilha é um dos muitos ramos do Marketing e de acordo

com Santos e Athaydes (2008, p.2), “os meios utilizados pela guerrilha podem até

ser os mesmos usados pelo Marketing comum, mas a diferença está na forma com

que ela o Marketing de Guerrilha os vê e os utiliza”.

A forma de comunicação da sociedade se transforma à medida que os meios evoluem. E as novas tecnologias chegaram para revolucionar também os métodos utilizados para viabilizar as táticas do Marketing. [...] As ações de Marketing de Guerrilha, obviamente, são diferentes das praticadas na década de 80. O que era considerado audacioso naquela época, hoje pode ser encarado como algo normal. A essência permanece, os princípios de guerrilha, a tática, a estratégia, todo este conhecimento continua sendo utilizado para determinar a melhor ação. E, visto que o mercado atual é muito mais competitivo que há 20 anos atrás, uma característica do Marketing de Guerrilha torna-se ainda mais importante: o baixo custo. [sic] (SANTOSS; ATHAYDES, 2008, p. 2-3).

Dessa forma, procuramos listar a seguir as principais ferramentas específicas

do Marketing de Guerrilha e algumas ferramentas de Marketing tradicional, que

quando utilizadas de forma ousada e criativa, impactam, geram mídia espontânea,

boca a boca e promovem experiências ímpares com o target, destacando-se em

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61

meio à multidão de informações. Veremos que muitas são bem semelhantes na

forma de aplicação, motivo pelo qual diversas pessoas confundem-nas entre si.

4.3.1 ASTROTURFING

O termo astroturfing originou-se de uma famosa marca de gramas sintéticas

utilizada nos Estados Unidos, denominada AstroTurf. Ele foi criado38 pelo ex-

senador norte-americano Lloyd Bentsen, num jogo de palavras carregado de ironia

com o termo grassroots39, expressão que se refere aos movimentos espontâneos de

comunidades, sem caráter político, governamental ou corporativo, com a função de

chamar a atenção da imprensa para um problema local. Normalmente, o termo é

utilizado para indicar ações políticas e/ou publicitárias que tentam criar a impressão

de que são movimentos espontâneos e populares.

Ou seja, astroturfing nada mais é do que uma ação fake40, que apesar de

parecer um movimento espontâneo e popular, foi pensada, elaborada e colocada em

prática com objetivos de promover uma marca, um produto, um serviço e/ou uma

ideia. Para isso, utiliza-se de profissionais (responsáveis pela criação),

figurantes/atores (contratados para tal) e até mesmo voluntários (que aderem à

causa, pensando ser algo natural).

De acordo com o blog de guerrilha (2009), esta ferramenta é comumente

utilizada para tocar o sentimento das pessoas, podendo ser praticada a partir da

formação de pequenos grupos de ativistas infiltrados em grandes manifestações de

uma causa específica. A utilização da tecnologia e dos novos meios de comunicação

- como a Internet - facilita e viabiliza financeiramente a organização desses

movimentos e o envolvimento de voluntários, gerando entusiasmo por uma causa,

associada a alguma marca.

Ao aproximarmos os termos dos conceitos do Marketing de Guerrilha, Jay Conrad Levinson escreve que ações que utilizam as comunidades (sejam

38 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Astroturfing>. Acesso em: 19 abr. 2009. 39 Popular. 40 Falso (a).

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62

elas off-line ou on-line, atualmente), resultam no envolvimento dos membros participantes em torno de um propósito, fazendo da empresa presença importante naquele meio. Sempre é válido na utilização desta ferramenta vincular os interesses da comunidade aos da empresa, ou incutir na comunidade uma motivação que também possa promover a marca de alguma forma. (GUERRILHAPÉDIA: ASTROTURFING. ACESSO EM: 19 ABR. 2009).

Um dos cases recentes e mais famosos de astroturfing no Brasil foi iniciado

pela Oi em 2007 e perdurava até o início de 2009 (no início deste ano, a lei da

portabilidade41 numérica entrou em vigor).

ILUSTRAÇÃO 5 – Hotsite da Oi www.bloqueionao.com.br Fonte: POSSAMAI, 2007, p. 39.

Há algum tempo já se falava na criação de uma lei que proibisse o bloqueio

de celulares, visando o direito de livre escolha do consumidor, denominado hoje de

portabilidade. Assim, a Oi observou nisso a oportunidade de promover diversas

ações que causassem a impressão de que esse anseio seria oriundo da própria

41 A portabilidade numérica é a facilidade que possibilita ao cliente de serviços de telefonia fixa e móvel manter o número do telefone (código de acesso) a ele designado, independentemente da operadora do serviço a que esteja vinculado. Retirado do site da Anatel. Disponível em: <http://www.anatel.gov.br/Portal/exibirPortalPaginaEspecial.do?acao=&codItemCanal=1362&codigoVisao=4&nomeVisao=Cidad%E3o&nomeCanal=Telefonia%20Fixa&nomeItemCanal=Portabilidade>. Acesso em: 19 abr. 2009.

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operadora que, a partir de então, originou uma campanha com o mote “bloqueio

não”, promovendo ações diversificadas na Internet (www.bloqueionao.com.br), nas

ruas, nos pontos de vendas, dentre outros.

Para se diferenciar dos concorrentes, a Oi saiu na frente e, como acontece lá fora, ofereceu celulares desbloqueados para os seus clientes. Em paralelo à campanha de propaganda, e com o objetivo de criar um levante popular contra as concorrentes, fazendo as pessoas se indignarem e trocarem de operadora, a Oi recorreu a uma estratégia de Astroturfing. [...] Para dar peso ao movimento, a Oi usou celebridades como o seu contratado Ronaldinho Gaúcho e alguns globais. Também contratou blogs, como o Brainstorm 9, para espalhar o selo do movimento levando para o hotsite onde são coletadas assinaturas on-line para o manifesto [...]. Também colocaram vans nas ruas para coletar assinaturas off-line. (FORTES, 2007. ACESSO EM: 19 ABR. 2009).

Com a lei em vigor, as demais operadoras de celular do Brasil começaram a

utilizar o conceito de portabilidade para estreitar a relação com o público, porém, a

batalha entre elas ainda é motivo de polêmica. A operadora Claro obteve uma

liminar judicial proibindo a operadora Oi de continuar com a divulgação de

informações sobre o desbloqueio, como mostra o hotsite42 da Oi em 19 de abril de

2009:

42 hotsite, Micro-site ou Mini-site é um pequeno site planejado para apresentar e destacar uma ação de comunicação e marketing pontual. Tecnicamente não há nenhuma diferença entre um "website" e um chamado "hotsite"; sua diferenciação está apenas na estratégia de comunicação utilizada para concebê-lo. Usualmente os hotsites possuem tempo de vida útil determinado e são ligados a uma ação de marketing ou comunicação específica, com duração ligada a esta ação mercadológica, como lançamento de produtos, eventos, novas edições de produtos ou serviços, ações de CRM (Customer Relationship Management), entre outras. Geralmente possuem um apelo visual maior e são mais focados em um público específico, traduzindo a expectativa deste alvo. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Hotsite>. Acesso em: 19 abr. 2009.

Page 65: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

64

ILUSTRAÇÃO 6 – Hotsite da operadora Oi FONTE: Disponível em: <www.bloqueionao.com.br>. Acesso em: 19 abr. 2009.

ILUSTRAÇÃO 7 – Hotsite da operadora Claro FONTE: Disponível em: <www.portabilidade.com.br>. Acesso em: 19 abr. 2009.

Page 66: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

65

A utilização do astroturfing está intimamente relacionada ao buzz Marketing,

ao Marketing Viral e também, ao Marketing Invisível. Por estar facilmente associada

à manipulação da formação de opinião, a prática43 do astroturfing é expressamente

proibida pelo código de ética da Public Relations Society of America (PRSA), a

associação nacional para os membros da profissão de relações públicas nos

Estados Unidos. Como uma organização privada, a mais significativa punição que a

PRSA pode distribuir aos membros que se dedicam a astroturfing é a revogação da

adesão à associação. Apesar da Association of Business Communicators

(Associação Internacional de Comunicadores de Negócios - IABC) não mencionar

especificamente o termo astroturfing, ela também preza pela comunicação honesta.

4.3.2 AMBUSH MARKETING (MARKETING DE EMBOSCADA)

Maxwell (2005) conta que a expressão ambush Marketing foi criada e

comercializada no início dos anos 90 pelo guru de Marketing Jerry Welsh, enquanto

trabalhava para a American Express Company. A percepção original de Welsh sobre

o ambush Marketing foi a ideia de uma concorrência saudável em um ambiente

repleto de cotas caras de patrocínio. Ao longo do tempo, no entanto, a expressão

assumiu muito mais um sentido negativo, agora usualmente pensada como uma

espécie de “roubo comercial”. A palavra emboscada significa "um ataque a partir de

uma posição oculta”.

O autor explica que, a grosso modo, a emboscada (ou ambush) é uma festa

onde alguém convida muitas pessoas e se empenha ao máximo para lhes

providenciar boa comida e bebida. Mas, de repente, enquanto os convidados

conversam tranquilamente, alguém que não tem nada a ver com a organização faz

algo que chama muito a atenção dos convidados, virando assunto e levando os

créditos pela organização da festa.

43 Tradução nossa: “This practice is specifically prohibited by the code of ethics of the Public Relations Society of America, the national association for members of the public relations profession in the United States. As a private organization, the most significant punishment PRSA can hand out to members who engage in astroturfing is revocation of membership in the association. Although the International Association of Business Communicators (IABC) does not specifically mention astroturfing, it does require honest communication”. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Astroturfing>. Acesso em: 19 abr. 2009.

Page 67: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

66

De acordo com a Guerrilhapédia (2009), na teoria, a emboscada consiste na

criação de ações no entorno ou dentro de eventos (principalmente desportivos) que

chamem a atenção para outra marca. Isso, obviamente, sem pagar pelas cotas de

patrocínio e dentro da lei. Possamai (2007, p.34) completa que o Marketing de

emboscada também faz “a associação de uma marca a um evento e aos valores a

ele incorporados, sem autorização dos organizadores”, proporcionando à marca

guerrilheira os mesmos benefícios que as marcas oficiais. “A emboscada pode

confundir o consumidor acerca de quem é efetivamente o patrocinador oficial do

evento, minimizando o impacto das ações dos que pagaram” (POSSAMAI, 2007, p.

34).

Em relação à origem e ao desenvolvimento da prática, Reis (1996) nos conta

que durante os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, a empresa Fuji

conseguiu os direitos de patrocínio exclusivo, fazendo com que sua concorrente

Kodak, procurasse brechas para participar do evento. A estratégia da Kodak foi

simples, mas muito eficiente: a empresa tornou-se patrocinadora da transmissão dos

jogos pela rede ABC e obteve os direitos olímpicos oficiais para algumas das

câmeras da empresa.

Para compreender a essência do Marketing de Emboscada é preciso

observar um fenômeno curioso: enquanto os investimentos em propaganda de

massa tendem à estagnação, os investimentos de patrocínio de eventos aumentam

vertiginosamente (BARR, 1993 apud REIS, 1996). Assim, “o Marketing de

Emboscada enxerga nesse crescimento diversas oportunidades de atuação,

podendo ser utilizado amplamente através de cinco métodos possíveis”

(MEENAGHAN, 1994 apud REIS, 1996):

(1) Patrocinar a transmissão do evento, atingindo um público maior do que

aquele presente no local do mesmo;

(2) Patrocinar subcategorias do evento, como times, atletas, artistas,

explorando essa associação através de um significativo esforço promocional;

(3) Comprar um espaço durante a transmissão do evento, o que é cada vez

mais raro atualmente devido às exigências de exclusividade;

(4) Desenvolver grandes promoções que coincidam com o evento, diminuindo

o impacto do patrocinador oficial;

(5) Demais estratégias de emboscada que se associem ao tema do evento,

que não são enquadradas nos itens acima (como o exemplo da Brahma, a seguir).

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67

No Brasil, um dos mais famosos cases de emboscada aconteceu durante a

Copa do Mundo de Futebol, de 1994. A Rede Globo de Televisão concedeu os

privilégios de transmissão à marca de cervejas Kaiser, patrocinadora da Copa de

1990. Ao não conseguir penetração no evento, a concorrente Brahma investiu cerca

de US$ 25 milhões em torcidas organizadas, estandartes, painéis e demais

materiais promocionais, focando seus esforços dentro de campo. “Grandes dedos

remetendo ao slogan ‘A número 1’ da Brahma eram vistos espalhados por toda a

torcida nos jogos da seleção brasileira” (MEISEN, 2007, p. 60). Além disso, a

Brahma ainda pagou a todos os jogadores da seleção brasileira para que

levantassem o dedo indicador em cada gol que marcassem, levando assim a uma

referência: a campanha da "Brahma, a cerveja nº 1".

ILUSTRAÇÃO 8 – Romário segurando a taça da Copa e fazendo menção ao “número 1” da Brahma. FONTE: Disponível em: <http://www.pakua-it.com.br/blog/?tag=/marketing>. Acesso em: 19 abr. 2009.

O resultado foi muito mais favorável à Brahma que à própria Kaiser ou demais

patrocinadores oficiais:

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68

No meio de toda a confusão, a Globo cortou a transmissão de jogadas que envolvessem o material da Brahma e acabou prejudicando o telespectador e empresas anunciantes, como a Freios Varga, que pagaram vultosas verbas para colocar placas no campo de futebol onde os jogos foram realizados. (REIS, 1996, p. 3).

Mesmo após esse episódio, as Copas ainda continuam sendo alvo fácil dos

guerrilheiros que praticam a emboscada. Na Copa do Mundo de 2006, o jogador

Ronaldinho Gaúcho apareceu com uma faixa da Nike na cabeça, sendo que a

patrocinadora oficial da Copa era a concorrente Adidas, cujo investimento chegou a

35 milhões de dólares. Segundo a pesquisa da Global Market Insite Inc., as pessoas

tiveram a percepção que a Nike era a patrocinadora oficial do evento. Aliás, a Nike é

uma das grandes corporações que investem pesado em Marketing de Guerrilha,

principalmente no segmento de viral.

Segundo a Guerrilhapédia (2009), outro grande evento esportivo que

despertou o interesse dos guerrilheiros, foi a Olimpíada de Pequim 2008. Até hoje,

ela foi a Olimpíada mais cara da história, tanto no que diz respeito ao investimento

voltado para a construção de estádios e da infraestrutura necessária para abrigar os

jogos, como nos investimentos em publicidade e propaganda. Estima-se que as

marcas patrocinadoras oficiais desembolsaram cerca de US$ 2,6 bilhões para assim

serem - um valor nunca antes gasto (EXAME, Matéria da revista. 13 ago. 2008, ano

42, n° 15, p. 72).

Grandes empresas vêem na emboscada uma alternativa de custo

infinitamente menor para a mesma exposição de marca que uma patrocinadora

oficial. Por isso, para garantir uma exposição limpa das marcas oficiais, o governo

chinês preparou-se para uma verdadeira guerra contra a emboscada:

- Foram escalados 100 mil policiais, guardas-civis e voluntários que se

responsabilizaram em relação à fiscalização;

- Foi criado um site para receber denúncias de violações ao direito dos

patrocinadores;

- Apenas os patrocinadores oficiais puderam anunciar em outdoors

localizados em ruas, estradas, metrôs e aeroportos próximos aos ginásios;

- Os atletas foram expressamente proibidos de circular pelos ginásios com

uniformes e objetos com o logotipo de outros patrocinadores que não fossem os

oficiais;

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69

- Os espectadores não puderam entrar nos ginásios e estádios com latinhas

de bebidas de marcas que não fossem patrocinadoras oficiais e;

- As emissoras de TV foram proibidas de filmar em close quaisquer pessoas

que estivessem trajando roupas ou portando objetos com logotipos não oficiais.

Em Junho de 2008, o canal FOX realizou diversas ações de guerrilha para

divulgar a série “9mm São Paulo”. Dentre as ações, estavam mídias alternativas /

inteligentes, Marketing Viral, buzz Marketing e, claro, o Marketing de Emboscada. A

ação de ambush promoveu uma invasão na Maratona de São Paulo, prova que

reuniu 12 mil atletas e não-atletas e com uma grande audiência presencial e

televisiva. Além de divulgar a série, o objetivo era mostrar que na cidade de São

Paulo, para cada policial, existem 47 bandidos. A série foi inspirada livremente em

casos policiais e no resultado de vários meses de pesquisa, que incluíram

entrevistas e depoimentos de policiais verdadeiros. Assim, 48 pessoas

uniformizadas (47 vestidas com camisetas pretas com a palavra “bandido” e apenas

uma pessoa com uma camiseta branca escrita “policial”) invadiram o evento,

conquistando mídia espontânea.

ILUSTRAÇÃO 9 – Ação de emboscada na Maratona de São Paulo. FONTE: Disponível em: <http://www.blogdeguerrilha.com.br/2008/06/17/emboscada-na-maratona-internacional-de-sao-paulo/>. Acesso em: 21 abr. 2009.

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70

4.3.3 BLOG

A palavra WebLog44 foi cunhada em 17 de dezembro de 1997 pelo americano

Jon Barger, primeiro blogueiro45 a estabelecer a forma original do que é um blog.

Barger ficou conhecido por ser editor de uma página com conteúdo diversificado na

qual postava46 todas as coisas interessantes que encontrava na Internet. Ela se

entitulava “Robot Wisdom WebLog”. A utilização da maiúscula indica que se trata de

uma palavra composta por outras duas: web + log, sendo que “log” significa diário,

livro de anotações periódicas.

O termo blog (abreviatura de weblog) surgiu em meio a uma brincadeira feita

por Peter Merholz, que em 1999 desmembrou a palavra WebLog para formar a frase

“We Blog” (“nós blogamos”), na barra lateral de seu blog Peterme.com. Mas a

popularização dos termos só ocorreu após Evan Williams, da Pyra Labs47, os utilizar

tanto como substantivo quanto como verbo (“to blog” ou “blogar”, significando “editar

ou postar em um weblog”) aplicando a palavra "blogger" em conjunção com o

serviço Blogger.

Eu odeio o termo “blog”. Ele não soa como uma coisa revolucionária, avançada tecnologicamente ou de vanguarda. Mas é exatamente isto o que os blogs são. Os blogs mudaram para sempre a maneira pela qual a informação é disseminada em nossa sociedade. Eles são rápidos. Interativos. Livres. Podem ser perigosos. Eles já são poderosos e a cada dia que passa estão ficando ainda mais fortes e influentes. (BRIGGS, 2007, p.55).

O blog ou weblog nada mais é do que uma página de Internet organizada de

maneira cronológica inversa (os fatos mais recentes entram no topo da página), que

registra informações de todo e qualquer tipo de conteúdo que se queira publicar.

Essas informações podem se dar através de textos, fotos, vídeos, material

audiovisual e tudo mais que o blogueiro quiser publicar. Os blogs encontram-se na

44 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Blog>. Acesso em: 03 mai. 2009. 45 Aquele que cria, escreve e/ou mantém um blog no ar. 46 O termo postar refere-se à publicação de conteúdo na Internet, via blogs. 47 Empresa que desenvolveu e administra o Blogger, serviço de publicação de blogs.

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“blogosfera” (é uma gíria para definir o universo dos blogs) e de acordo com Briggs

(2007) constituem-se de três características principais:

(1) são frequentemente atualizados, escritos num estilo de conversa próprio,

com entradas apresentadas numa ordem cronológica inversa;

(2) apresentam links com outras notícias e informações encontradas na Web,

que podem ser complementadas com comentários e análises feitas autor do blog;

(3) permitem a participação dos leitores através de comentários, nos quais

colocam suas próprias ideias a respeito do que o blogueiro está escrevendo.

O’Reilly (2006, p.12) atenta para o fato de que um dos aspectos mais

intensamente comentados da era Web 2.048 é o crescimento dos blogs. Na

realidade, “páginas pessoais sempre existiram desde os primórdios da rede, e o

diário pessoal e as colunas de opinião diária existem desde antes disso [...]”.

Para Cavallini (2008), a tecnologia oferece ferramentas e cria possibilidades.

Isso permite que uma alternativa de bom conteúdo, como os blogs, seja gerada aos

montes diariamente por centenas de milhares de pessoas, transformando o

consumidor em mídia.

A Internet causou bagunça na cadeia de valor; qualquer um pode vender para o consumidor, o próprio consumidor pode vender para o consumidor. Agora presenciamos o mesmo com o conteúdo. E uma das ferramentas que possibilitou isso foram os blogs. Quando existe algum evento pelo qual eu me interesso e não posso ir, minha fonte principal de notícia acaba sendo um blog, que recebe o conteúdo através de um jornalista amador mandando fotos, vídeos e notícias via celular diretamente do evento. (CAVALLINI, 2008, p. 36).

O autor ressalta que entre as vantagens de um blog perante as mídias

tradicionais estão a velocidade da notícia e a relevância, já que os mesmos

oferecem conteúdos especializados. “E por serem resultados de um esforço pessoal,

eles trazem uma perspectiva única sobre o assunto, o que é visto por muitos como

vantagem”. (CAVALLINI, 2008, p.37).

48 O termo Web 2.0 é utilizado para descrever a segunda geração da World Wide Web, tendência que reforça o conceito de troca de informações e colaboração dos internautas com sites e serviços virtuais. A ideia é que o ambiente on-line se torne mais dinâmico e que os usuários colaborem para a organização de conteúdo. Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u20173.shtml>. Acesso em: 03 mai. 2009.

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A última grande vantagem da mídia tradicional para o consumidor era a confiança. Mas ter confiança na mídia tradicional está cada vez mais difícil. No Brasil, pelo menos 130 deputados e senadores são sócios de empresas de comunicação, 24% das 250 concessões de TV comercial são controladas por políticos17. O governo Bush, por sua vez, ficou famoso por fazer matérias pagas que não são veiculadas como tal. Revistas, jornais e programas como 60 Minutes, Newsweek e Washington Post tiveram grandes escândalos que macularam sua imagem. Sem contar Jayson Blair, o repórter do New York Times que ficou famoso ao ser desmascarado em sua mania de inventar matérias e fontes. (CAVALLINI, 2008, p. 37).

Possamai (2007) também compartilha da opinião de que, atualmente, os

blogs são formadores de opinião. Ela conta que de acordo com pesquisas realizadas

pela American Marketing Association (AMA), os conteúdos postados por blogueiros

influenciaram consideravelmente a opinião dos consumidores no momento de

compra, revelando que diversos destes deixaram de comprar determinados produtos

depois de lerem comentários negativos postados em blogs. Meisen (2007) também

frisa a importância de se observar que o blogueiro vive da credibilidade e, portanto,

deve ser sempre verdadeiro com seus leitores.

É justamente nesse ponto que o Marketing de Guerrilha se apropria da

ferramenta dos blogs para atingir seus objetivos. Os blogs podem ser a ferramenta

principal de uma estratégia de guerrilha, ou simplesmente, apenas mais uma das

muitas utilizadas para uma finalidade. A velocidade em publicar informações

diversificadas, o baixo custo e a proximidade que se estabelece com os leitores

proporcionando credibilidade, permitem ao Marketing de Guerrilha atuar com grande

eficiência nesse universo.

Um case que merece destaque no que diz respeito à utilização dos blogs no

Marketing de Guerrilha é o polêmico “Lúcia – A Noiva Abandonada”. O objetivo

principal da ação foi gerar buzz para o site do filme “5 frações de uma quase

história”. A Comunicação e Publicidade ficaram por conta da agência ID&A de Belo

Horizonte e a produção web por conta da Mkt Virtual. Através de ações on-line

(Youtube, blog e Orkut), Marketing Viral e Marketing Invisível, essas empresas

conseguiram a atenção de milhares de curiosos, blogueiros e orkuteiros,

interessados em uma história trágica. No dia 27 de fevereiro de 2008, foi criado o

blog e um perfil no Orkut. Além de dar o pontapé inicial da campanha, o blog foi de

extrema importância para mantê-la no ar com veracidade, oferecendo artifícios

suficientes para instigar e alimentar a curiosidade do público. No dia 1° de março,

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uma atriz foi contratada para sair vestida de noiva, pelas ruas de São Paulo e Belo

Horizonte, agindo como uma mulher abandonada pelo ex-noivo na porta da igreja.

A noiva abandonada distribuiu panfletos com a caricatura do ex-noivo, além

de uma breve descrição do ocorrido e colocou o endereço de seu blog, deixando

claro que queria conhecer o máximo de pessoas possível para se vingar do ex. Ideia

inspirada nos Speaker’s Corner, que tem por objetivo aglomerar pessoas para ouvir

pregações ou protestos, no caso da noiva.

ILUSTRAÇÃO 10 – Blog e perfil no orkut da noiva abandonada. FONTE: Disponível em: <http://www.mktvirtual.com.br/cases/noivaabandonada/>. Acesso em: 04 mai. 2009.

Os interessados precisavam apenas se cadastrar no blog e esperar para sair

com a noiva, que prometia sair com um homem diferente por semana.

[...] E foi com essa estratégia que a grande mídia ficou sabendo de sua história, contribuindo para o caso da Noiva Abandonada se espalhar ainda mais. O Tablóide da UOL foi o primeiro a procurar Lúcia e conseguir entrevistá-la. Logo em seguida, o programa da Márcia também a procurou e fizeram uma entrevista. Além deles, a Rádio Capital AM, no dia 8 de abril,

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fez uma entrevista, ao vivo, no programa do Eli Corrêa e o jornal A Tribuna do ES também a entrevistou, sendo publicado dia 15 de abril. Em nenhum momento a personagem da noiva buscou qualquer tipo de divulgação ou promoção que não fosse as ações de viral e guerrilha. Todo o buzz foi gerado em cima de um fim de relacionamento com uma forma inusitada de dar a volta por cima. (AGÊNCIA MKT VIRTUAL. ACESSO EM: 03 MAI. 2009).

Do dia 29 de fevereiro de 2008 até 30 de abril de 2008, o blog da noiva

abandonada obteve quase 100.000 visualizações e citações em inúmeros outros

blogs. O tempo médio de permanência de cada usuário no blog foi de três minutos.

Em seus dois perfis no orkut, a noiva possuía mais de 2000 amigos e pessoas

interessadas em sua história.

Através do monitoramento constante dos blogs, uma empresa também

consegue mensurar com bastante precisão qual o posicionamento do público em

relação aos seus produtos/serviços/ideias, a partir do acompanhamento dos

conteúdos postados, dos comentários produzidos, etc.

Weblog é Marketing de guerrilha na essência. Em 4 milhões de blogs publicados na web, milhões de pessoas expõem seus pontos de vista para uma audiência potencialmente gigante, sem o filtro dos grandes veículos de imprensa. Até aqui, nenhuma novidade. O que é novo é que grandes corporações estão utilizando a ferramenta para criar comunidades e divulgar sutilmente as suas marcas. Gerando simpatia e criando laços com seus consumidores. O interessante é quando a coisa toda é tão sutil que ninguém percebe que se trata de comunicação corporativa. (BLOG DE GUERRILHA. ACESSO EM 03 MAI. 2009).

Cipriani (2006) recomenda que as empresas ou negócios devem tirar proveito

da participação dos internautas dispostos a se comunicar. O autor ressalta que a

blogosfera pode ser utilizada para espalhar a mensagem de maneira rápida e

eficiente, através do boca a boca, que é catalisado pelos blogs. Além disso, o blog é

uma ótima ferramenta de RP para a empresa, pois quando escrito por funcionários

da empresa, confere à mesma uma face humana, estreitando o relacionamento com

os clientes. “Admitindo a blogosfera como uma cadeia de blogs interligados em

conversações, é possível ver que o blog é uma cascata de interações espalhando e

divulgando mensagens que despertam o interesse da comunidade” (CIPRIANI,

2006, p.132).

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De acordo com o blog de guerrilha (2009), os chamados blogs corporativos

são mantidos e/ou patrocinados por empresas, marcas, etc. e oferecem uma

capacidade de comunicação bidirecional instantânea, com um alto valor agregado,

por diversos motivos. Dentre eles, uma leitura agradável, rápida, fácil e com um

custo de manutenção muito baixo. Além disso, podem ser facilmente atualizados e

personalizados, prevalecendo sempre a agilidade na comunicação. A colaboração

dos leitores através da troca de comentários e links fomenta o sentido de

relacionamento e diálogo, o que permite a criação de comunidades em torno de

temas específicos.

Um blog não tem a função de tornar-se uma vitrine da loja, um quadro de avisos para os colaboradores ou um anúncio para apresentar um novo produto da companhia. Ele deve ser escrito sem formalidades, por alguém de dentro da empresa. Além disso, é necessário também investir tempo e fosfato em conteúdo relevante, que faça com que o leitor - seja ele cliente, fornecedor ou funcionário - sinta a vontade de ler e de espalhá-lo. Para isso o assunto explorado deve ir além da marca e dos seus produtos, abrangendo áreas de interesse diversos do público a ser atingido. (GUERRILHOPÉDIA: BLOGS CORPORATIVOS. ACESSO EM 04 MAI. 2009).

De acordo com informações divulgadas pela Agência Bambuzada Team

(2008), os blogs são uma fonte de informação regular para jornalistas. A agência

informou que mais de 3/4 dos jornalistas crêem na utilidade dos blogs para suscitar

ideias de matérias e buscar ângulos diferentes de um mesmo tema. Além disso,

quase 70% dos jornalistas visitam uma lista de blogs periodicamente, sendo que a

maioria deles diz que os blogs geram um impacto significativo em muitas das áreas

do Jornalismo.

Não dá mais para ignorar o poder das mídias sociais. Os blogs se tornaram uma ferramenta de comunicação poderosa e que conquistou a confiança de muitos. O interessante nesta pesquisa foi saber que os jornalistas estão de olho nos blogs atrás de inspiração. Mais interessante seria saber quais blogs fazem parte da listinha dos jornalistas. Não acham? (BLOG MARKETING DE GUERRILHA, 2008. ACESSO EM 05 MAI. 2009).

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4.3.4 EVENTOS E PATROCÍNIOS

Apesar de ser uma estratégia muito comum da tradicional publicidade e

propaganda, a utilização de eventos e patrocínios também é muito utilizada pelo

Marketing de Guerrilha, porém, com características bem singulares que conferem a

esse tipo de ação grande visibilidade na mídia - e de forma espontânea.

Possamai (2007) ressalta que a possibilidade de atingir consumidores

potenciais faz do patrocínio e da criação de eventos uma ferramenta de guerrilha

muito importante que, mesmo não sendo nenhuma novidade atual, há muito tempo

grandes empresas já a utilizam. O que também não impede que pequenas

empresas tenham a oportunidade de fazê-lo, em contrapartida, em menores

proporções.

O principal objetivo de se utilizar eventos e patrocínios no Marketing de

Guerrilha é focar o público-alvo de maneira bem localizada e, principalmente,

apelando pelo ineditismo e originalidade. Sem se prender aos grandes eventos e

campeonatos de esportes consagrados, como futebol, vôlei, dentre outros, as ações

mencionadas despertam a atenção do target, distanciando-se da poluição das

marcas que sempre disputam os mesmos espaços e/ou patrocinam eventos

tradicionais.

Com o intuito de associar a marca a atributos como coragem, ousadia,

superação de limites, desafios e, claro, desempenho, a empresa Red Bull tem sido

uma das grandes corporações a desenvolver diversos projetos relacionados a

eventos de grande, médio e pequeno porte, mas principalmente, ligados aos

esportes radicais e de alto risco.

Aos vinte anos de idade a marca Red Bull é conhecida mundialmente através de seu vínculo com esportes radicais. Em média, a empresa investe 30% do seu faturamento bruto em Marketing, sendo que metade deste montante é destinado a eventos. Só em 2008, a Red Bull investiu cerca de 1,2 bilhão de Euros no que Pedro Navio, Diretor de Marketing da marca, define como essência do negócio da empresa: esportes radicais. (TERRA, 2009. ACESSO EM 04 MAI. 2009).

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Terra (2009) nos mostra que as ações promocionais feitas pela Red Bull no

Brasil e no mundo são diferenciadas por utilizarem estratégias que valorizam a

criação de eventos associadas à prática de guerrilha. O autor destaca que uma

marca que pretende ser diferente em quaisquer aspectos precisa estar pronta para

surpreender o consumidor em qualquer lugar e a qualquer momento.

A Red Bull está há vinte anos no mercado e tem apresentado além de um

bom crescimento, um excelente posicionamento com o passar dos anos. Para

Rafanhin (2009), o segredo de tanto sucesso estaria nas muitas ações, muitos

eventos e muitos patrocínios de atletas radicais espalhados por todo o mundo.

No Brasil, a Red Bull chamou atenção com o Red Bull Air Race, corrida de aviões que levou mais de um milhão de pessoas à praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, em 2007, e o Red Bull X-Fighters, competição de Motocross Freestyle que transformou o sambódromo carioca em um circuito com mais de 10 mil toneladas de terra. Além destes mega-eventos, a marca cria outras ações de menor tamanho, mas grande em ousadia e repercussão. O Red Bull Paper Wings, por exemplo, é uma competição de aviõezinhos de papel feita entre estudantes de faculdades e universidades do mundo todo. Se o objetivo é impactar, que tal colocar um carro de Fórmula 1 na nas ruas de São Paulo? Foi o que fez a empresa em 2006. Por falar em ações menores, porém impactantes, a Red Bull realizou ano passado o Red Bull Gravity Challenge, que consiste em jogar um ovo de uma altura de 15 metros sem que ele quebre ao chegar ao chão. Esta ação já é tradicional e chegou à PUC-RJ em outubro passado. O desafio dos alunos era construir um projeto que fosse capaz de evitar qualquer rachadura no ovo após acertá-lo no alvo fixado no chão. (TERRA, 2009. ACESSO EM 04 MAI. 2009).

ILUSTRAÇÃO 11 – Eventos promovidos pela Red Bull no Brasil. FONTE: Disponível em: <http://www.mundodomarketing.com.br/,7053,red-bull-investe-em-esportes-radicais-e-acoes-de-risco-para-dar-asas-ao-desejo-dos-consumidores.htm>. Acesso em: 04 mai. 2009.

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Só no Brasil, o calendário de 2008 da marca incluiu nove eventos associados

aos conceitos de liberdade, voo e criatividade, intimamente ligados ao slogan “Red

Bull te dá asas”. Foram eles:

• Red Bull Air Race: corrida de aviões.

• Red Bull X Fighters: manobras com motocicletas.

• Red Bull BC One: campeonato de breakdance.

• Red Bull Street Style: campeonato de futebol Freestyle.

• Red Bull Big Wave: campeonato de surfe.

• Red Bull Brasil: time de futebol.

• Red Bull Cliff Diving: campeonato de saltos praticados de um rochedo a 26

metros de altura.

• Red Bull Flugtag: os participantes projetam seus próprios aviões e

competem com ele.

• Red Bull Paper Wings: como o próprio nome diz, campeonato de aviões de

papel.

4.3.5 GUERRILHA URBANA: ARTE DE RUA, FLASH MOBS, GRAFITE,

GUERRILLA, LAND ART, MÍDIA HUMANA, PERFORMANCES, STENCILS

O conceito de intervenção urbana49 está relacionado a manifestações

artísticas, geralmente realizadas em áreas centrais das grandes cidades. Estas

manifestações consistem em uma interação com um objeto artístico previamente

existente ou com um espaço público, visando colocar em questão as percepções

acerca do objeto artístico.

Embora a intervenção, por sua própria natureza, tenha um caráter subversivo, atualmente é tida como legítima manifestação artística, muitas vezes patrocinada pelo Poder Público. Mas, quando não autorizada, quase certamente será considerada como vandalismo e não como arte. [...] A

49 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Interven%C3%A7%C3%A3o_urbana>. Acesso em 11 mai. 2009.

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intervenção é sempre inusitada, realizada a céu aberto e por ter um caráter crítico, seja do ponto de vista ideológico, político ou social, referindo-se a aspectos da vida nos grandes centros urbanos. Uma poesia embaralhada numa estação de metrô, por exemplo, é um convite para que as pessoas parem sua maratona frenética e dediquem alguns minutos para decifrar aquelas palavras (WIKIPÉDIA, 2009. ACESSO EM 11 MAI. 2009).

Mais uma vez, o Marketing de Guerrilha se apropria de algo existente em prol

da publicidade e propaganda. Com o objetivo de proporcionar uma interatividade

com a marca, rompendo a dispersão e chamando a atenção de quem passa pelo

ambiente atingido, a guerrilha urbana compreende ações que envolvem um contato

direto com o target e se apresenta cada vez em maior quantidade, sob formas

distintas, provocando o buzz marketing de imediato. “Uma luta simbólica não apenas

por território, mas também uma disputa de ideias e posições subjetivas, geradas

pelo próprio ambiente urbano. Isso é comunicação urbana”. (SODRÉ, 2006; apud

MEISEN, 2007).

Para Cariello e Novaes (2006), o confronto entre arte e propaganda na cidade

resulta da adoção de estratégias de divulgação não-convencionais, com

empréstimos (bastante diluídos) de formas artísticas tradicionalmente consideradas

“transgressoras”. Veremos a seguir, as principais formas de guerrilha urbana e

intervenções já realizadas, que atualmente podem ser conceituadas dentro do

Marketing de Guerrilha, como ferramentas altamente impactantes quando bem

utilizadas.

- Flash Mobs: são aglomerações instantâneas de pessoas em lugares

públicos, organizadas de maneira breve através de telefone celular, e-mail, ou

qualquer outro tipo de meio tecnológico que permita uma organização instantânea.

São utilizados para realizar ações inusitadas, que provocam burburinho e mídia

espontânea quase de imediato. Originalmente, os flash mobs sempre foram

manifestações de cunho social, político ou até mesmo sem propósito algum a não

ser despertar a atenção do público, através do humor, do surpreendente, entre

outras reações.

O Marketing de Guerrilha, bem como a publicidade e a propaganda, também

se apropriou desses ideais, mas com outras intenções. Muito próximo aos flash

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mobs, está o chamado happening50, que também é uma forma de expressão, na

qual incorpora-se algum elemento de espontaneidade ou improvisação, que nunca

se repete da mesma maneira a cada nova apresentação.

O Improv Everywhere51 é o grupo de maior reconhecimento na organização e

preparo de flash mobs extremamente impactantes. O fundador Charlie Todd conta

que ao ser confundido com o cantor americano Ben Folds, teve de se passar pelo tal

por insistência de diversas pessoas e ainda “dar uma canja”. Após este fato, Todd

percebeu que poderia criar eventos diversos mobilizando indivíduos a partir de sua

rede de contatos. O mais famoso flash mob do Improve Everywhere foi realizado em

uma das maiores estações de trem do mundo, em Nova York, e ficou conhecido

como “Frozen Grand Central”. O grupo mobilizou 207 pessoas que,

cronometradamente, fingiram estar congeladas simultaneamente durante um minuto,

desfazendo a ação logo após o tempo combinado como se nada tivesse acontecido.

Diversos veículos noticiaram a ação, bem como os transeuntes que ao

passarem pelo local além de provocarem o buzz, fizeram vídeos e postaram no

Youtube. Para se ter uma ideia da proporção desse flash mob, em apenas um dos

muitos vídeos postados na rede até o momento, o número de visualizações beirava

17 milhões.

- Arte Urbana, Grafite, Guerrilla e Stencils: todos esses conceitos

relacionam-se diretamente com arte e visam modificar o ambiente natural no qual se

inserem, e independentemente de uma reação positiva ou negativa por parte do

público, o interessante é despertar algum sentimento.

O ambiente urbano atual é repleto de espaços, possibilidades infinitas de

comunicação e atuação das ações de guerrilha. A arte urbana é utilizada com este

intuito, potencializando marcas e aproximando-as do consumidor, ao permitir um

diálogo com o mesmo.

Ao executar essas diferentes formas de interferir na paisagem urbana, a figura do espectador passivo torna-se um novo tipo de receptor. A cidade se renova, com a sua grande carga de símbolos que comunicam, e o espectador se depara não apenas com o recebimento da mensagem, mas também passa a dialogar com a informação que o cerca. Esse tipo de

50 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Happening>. Acesso em: 12 mai. 2009. 51 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Flash_mob>. Acesso em: 12 mai. 2009.

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intervenção, pelo caráter de desobediência civil, força ainda mais o diálogo e a participação do cidadão (GUERRILHAPÉDIA: ARTE DE RUA. ACESSO EM 13 MAI. 2009).

Para Paula (2003), o discurso disponibilizado neste tipo de intervenção

permite que o próprio receptor interfira no enunciado, seja de maneira literal ao

modificar o conteúdo da mensagem, ou de maneira simbólica, interpretando de

diferentes formas o que lhe é apresentado, ao invés de simplesmente aceitar a

mensagem sem questionamentos, como as imperativas propagandas que ordenam

“deseje isso”, “não faça isso”, etc.

Para ilustrar a forma como se estabelece esse diálogo, citaremos um case

local que foi postado no Blog Stencil Art, por Oliveira (2008).

No imaginário, onde tudo é coletivo e individual ao mesmo tempo, construir e destruir fazem parte da mesma raiz. A minha construção começou com o Zico, uma máscara feita da fantasia cultural futebolística e da ânsia de se criar, recriar, virar referência. Em uma das minhas primeiras passagens pela cidade, armado com o spray e a máscara do Zico, defrontei-me com uma construção inacabada que todos os dias assola a minha vida. Ali mesmo, resolvi deixar minha marca anônima. Algumas semanas depois, como passo sempre pelo local, para minha surpresa, outras mãos, outra mente, adaptou a minha viagem à própria. Desconfio que tenha visto em Zico, Che Guevara e além de vesti-lo ao modo Rage Against the Machine, inseriu frases de cunho ideológicas na boca do Zico. Segue o resultado dessa história que nunca chegará. (OLIVEIRA, 2008. ACESSO EM: 13 MAI. 2009).

ILUSTRAÇÃO 12 – Stencil da face do Zico. FONTE: Disponível em: <http://stencilart.blog.com/Zico/ >. Acesso em: 13 mai. 2009.

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ILUSTRAÇÃO 13 – Stencil da face do Zico acrescida de corpo e frase revolucionária. FONTE: Disponível em: <http://stencilart.blog.com/Zico/ >. Acesso em: 13mai. 2009.

A campanha do atual presidente dos EUA, Barack Obama, foi inovadora na

utilização de ações de guerrilha urbana aliadas às estratégias de Marketing Político.

Um dos muitos projetos utilizados que envolviam intervenções urbanas e stencil art

foi denominado de “Guerrilha Gum Election”.

Criado em outubro de 2008, o Gum Election iniciou suas ações em Nova

York, mas ultrapassou fronteiras tendo como objetivos encorajar as pessoas a

votarem no dia 4 de novembro, além de criar uma nova e divertida finalidade para os

chicletes mascados. O mote da campanha era um modelo de cartaz no qual

estavam as duas faces dos ex-candidatos à presidência, ilustradas como stencils,

acompanhadas da frase “Who the sucks the most? Vote with your gum” (Quem é o

pior? Vote com o seu chiclete), incentivando as pessoas a interagirem e

manifestarem suas opiniões.

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ILUSTRAÇÃO 14 – Cartaz original do projeto Gum Election. FONTE: Disponível em: <http://www.blogdeguerrilha.com.br/category/arte-urbana/>. Acesso em: 16 mai. 2009.

ILUSTRAÇÃO 15 – Cartaz do projeto Gum Election já com os “votos” do público. FONTE: Disponível em: <http://adivertido.com/gum-election-guerrilha-nas-eleicoes-americanas/>. Acesso em: 16 mai. 2009.

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Para divulgar o movimento, um blog (http://gumelection.wordpress.com/) foi

criado e nele encontram-se diversos conteúdos sobre a campanha, bem como uma

galeria de fotos dos cartazes distribuídos por todo o mundo, links para downloads,

vídeos, etc.

Paula (2003) define essas manifestações de guerrilla como um fenômeno que

desorganiza a programação visual das cidades pós-modernas, através da utilização

de recursos semelhantes aos da publicidade, como pinturas, adesivos, cartazes ou

panfletos. Na maioria das vezes, essas interferências urbanas são realizadas por

indivíduos anônimos chamados de “guerrilleiros” que têm como objetivo a promoção

pessoal e/ou ideológica, por isso muitos também denominam a guerrilla como forma

de propaganda.

Observamos que o interesse e a necessidade de captar a atenção do observador implica numa redução formal da estrutura das imagens e da apresentação das mesmas. Para ilustrar de forma mais satisfatória a elaboração formal destas imagens, recorreremos aos competidores semióticos mais diretos da Guerrilla – de um lado temos a publicidade de rua52 e de outro os graffiti e as pichações. Todos têm estreita relação uma vez que disputam o mesmo espaço no entorno urbano e lutam pela atenção efêmera do observador em movimento. Guerrilla, graffiti e publicidade de rua trabalham com os mesmos recursos gráficos com respeito ao uso das formas, cores, imagens, bem como o uso da palavra tratada como imagem nos sistemas visuais. Um satisfatório resultado formal em qualquer destes sistemas deve ser aquele que com apenas uma só mirada o observador esteja apto para reconhecê-la imediatamente num segundo momento (PAULA, 2003, p.2).

Esta forma de expressão é transgressora por diversos motivos. Paula (2003)

conclui que seja por ocupar espaços proibitivos, seja por se apropriar, traduzir e até

mesmo esvaziar os meios de comunicação de massa de suas funções originais, a

guerrilla é transgressora em sua essência, por não utilizar uma estética programada

e institucionalizada como da propaganda tradicional, o que muito se assemelha aos

ideais do Marketing de Guerrilha.

52 Nota da autora: “Usaremos a expressão ‘publicidade de rua’ para denominar todos os tipos de propaganda institucionalizada que ocupam o espaço urbano externo, desde os tradicionais out-doors, cartazes, panfletos e banners, até os mais modernos letreiros luminosos e imagens digitais apresentadas em telões.” PAULA, 2003, p.2

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- Land Art: também conhecida como Earth Art ou Earthwork, é uma

manifestação artística que modifica o terreno natural como ambiente, trabalhando

este elemento como parte integrante da obra. É um tipo de arte grandiosa em

características e dimensões, não sendo possível expô-la em museus ou galerias - a

não ser por materiais audiovisuais (fotos, vídeos). Diversos projetos de Land Art não

saem do papel, em função da dificuldade de serem colocados em prática.

A mais conhecida obra de Land Art talvez seja a Plataforma Espiral (Spiral Jetty), de Robert Smithson (1970), construída no Grande Lago Salgado, em Utah, nos Estados Unidos da América. Na publicidade, a utilização de Land Art mais recente que gerou barulho foi executada para promover Simpsons - O Filme. Um Homer Simpson de 50 metros apareceu na região campestre de Cerne Abbas, em Dorset, interior da Inglaterra, ao lado do Gigante de Cerne Abbas - símbolo da região, representante da fertilidade e endeusado pela comunidade pagã local (GUERRILHAPÉDIA: LAND ART. ACESSO EM 11 MAI. 2009).

ILUSTRAÇÃO 16 – Plataforma Espiral (Spiral Jetty), de Robert Smithson. FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Spiral-jetty-from-rozel-point.png>. Acesso em: 11 mai. 2009.

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ILUSTRAÇÃO 17 – Homer Simpson gigante desenhado com tinta biodegradável ao lado do Gigante de Cerne Abbas, figura histórica feita em giz com mais de 50 metros de comprimento que teve seu primeiro registro oficial no século XVII, no sul da Inglaterra (Foto: Reuters). FONTE: Disponível em: <http://bp1.blogger.com/_9zVKFjcsEqY/RpzPxNozmYI/AAAAAAAABUE/2GHPYgT05RE/s1600-h/0,,11168058,00.jpg>. Acesso em: 11 mai. 2009.

- Performance / Mídia Humana: ações geralmente executadas nas ruas ou

em lugares públicos, que utilizam pessoas fazendo algo inusitado e surpreendente

como mídia, sempre promovendo um conceito, uma ideia e/ou uma marca

(Guerrilhapédia: Performances / Mídia Humana, 2009). “São criados shows

relâmpagos, instalações, passeatas e qualquer outro tipo de atuação que atraia os

olhares do público” (POSSAMAI, 2007, p.40).

Em outubro de 2008, a agência Espalhe promoveu uma performance em São

Paulo para o lançamento do produto “Clean & Clear Morning Energy”, um gel de

limpeza adstringente e hidratante que ajuda a despertar. Os guerrilheiros colocaram

diversas “camas móveis”, com garotas “despertando” pelas principais avenidas da

cidade, para disputar o espaço no truncado cenário urbano. A ousadia da ação

chamou a atenção do público e também de um guarda de trânsito, que sem saber

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como reagir acabou ajudando no fluxo dos carros e dos curiosos que surgiam em

torno da cama.

Intervenções urbanas despertam perguntas onde quer que ocorram, ainda mais quando contam com uma pitada de ousadia. A cama avançava pela Avenida 09 de Julho em direção ao colégio Mackenzie e era alvo de fotografias e olhares curiosos, além de uma ou outra buzinada de motoristas mais afoitos, alguns interessados inclusive em pegar o número de telefone da adormecida. Em paralelo, nossas agentes dorminhocas distribuíam amostras grátis do produto para alunas, professoras e transeuntes. Muitas com uma visível cara de sono. Sobre a cama uma bela jovem dormia, parecendo não se dar conta das ladeiras que eram facilmente vencidas. (POST SOBRE PERFORMANCE, EM 23 OUT. 2008. DISPONÍVEL NO BLOG DE GUERRILHA, ACESSO EM: 11 MAI. 2009).

ILUSTRAÇÃO 18 – Performance para Clean & Clear. FONTE: Disponível em: <http://www.blogdeguerrilha.com.br/category/performance/>. Acesso em: 11 mai. 2009.

4.3.6 MARKETING INVISÍVEL

Para os consumidores, acreditar na publicidade e na propaganda torna-se

cada vez mais difícil. Porém, eles ainda acreditam em pessoas, porque,

teoricamente, elas estão do mesmo lado do jogo: o lado dos consumidores (ÁVILA,

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2006 apud MEISEN, 2007, p.58). Tirando proveito dessa questão, o Marketing de

Guerrilha apresenta uma solução bastante polêmica para driblar a rejeição do

consumidor: o Marketing Invisível.

Santos e Athaydes (2008) explicam que o objetivo do Marketing Invisível é

atingir o público de maneira não comercial, ou ainda, sem que o mesmo tenha

consciência de que se trata de uma ação comercial. Assim, essa aproximação

possibilitaria a disseminação de conteúdos “mascarados” sob a forma de ideias e/ou

opiniões teoricamente isentas, sem que fosse percebida a intenção persuasiva.

Portanto, as empresas praticantes dessa ferramenta contariam com a receptividade

quase total das pessoas que dificilmente apresentariam resistência, estando

completamente abertas a qualquer informação sobre produto, serviço ou marca.

O blog de guerrilha (2009) garante que o Marketing Invisível também tem

como objetivo expor uma marca ao consumidor, fazendo-o interagir com um produto,

de maneira discreta. E esta interação com o target deve “cercar” o consumidor de

todas as maneiras possíveis:

A interação com a marca deve ser tanto off-line, para a interação casual com o target, quanto on-line, através do monitoramento e da interação com o público em comunidades, redes sociais, blogs e fóruns na Internet. Geralmente ela é utilizada em pré-lançamentos ou lançamentos de produtos, sendo possível mensurar a reação e o interesse do público diante de um produto ou serviço de forma imediata. O segredo está em assimilar o público como parte integrante da disseminação da mensagem, e não um simples receptor do conteúdo (que transforma-se em conteúdo-mentira para o mesmo). Assim, diversos cases guerrilheiros no Brasil mostram que o Marketing Invisível pode ser utilizado para gerar buzz e fomentar a curiosidade do público-alvo, deixando de lado os riscos éticos que envolvem a utilização desta ferramenta (GUERRILHAPÉDIA: MARKETING INVISÍVEL. ACESSO EM 09 MAI. 2009).

A polêmica em torno do Marketing Invisível envolve questões éticas e até

mesmo legais – questões estas que serão abordadas mais adiante. De antemão,

podemos destacar uma ressalva levantada por Santos e Athaydes (2008) em

relação ao planejamento e eficiência desse tipo de ação. As autoras ressaltam que o

principal risco desse tipo de ferramenta está justamente na revelação da mesma. Ou

seja, se a ação for descoberta ou exposta de forma inesperada, isso significaria a

rejeição da marca por parte do público.

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“Quando o público conclui que estava sendo manipulado para gostar de um

produto, o buzz negativo pode tomar grandes proporções levando uma campanha

ao fracasso” (MEISEN, 2007, p.59).

Para Mini (2007), o Marketing Invisível veio como uma resposta à

preocupação da publicidade em continuar transmitindo conteúdo de maneira

eficiente. O autor explica que os publicitários atuais vivem sob o paradoxo de fazer

com que as marcas desapareçam, não sejam perceptíveis, para que realmente se

tornem parte do ambiente natural de vida de quem se relaciona com elas.

Cavallini (2008) completa exemplificando que na Internet o que recebemos de

amigos e conhecidos não é reconhecido como spam ou propaganda e não é visto

como oportunismo. “O sentimento de espontaneidade e a ausência do profissional

de Marketing dão credibilidade à mensagem vinda de outro consumidor e por isso

têm mais retorno que a mídia tradicional” (CAVALLINI, 2008, p.32).

A mídia tradicional está saturada, sua audiência fragmentada e existe mais um motivo para a propaganda tradicional ter menos retorno. As empresas estão perdendo credibilidade: Enron, WorldCom e Parmalat são exemplos fortes, mas ilustram bem o ponto. No Brasil, só entre 2002 e 2003, alguns dos maiores anunciantes receberam multas de até R$ 3,5 milhões por maquiarem seus produtos, reduzindo a quantidade vendida sem informar devidamente o consumidor na embalagem. A TV não vai morrer, a publicidade não vai morrer, mas marketeiros precisarão dominar outras maneiras de fazer publicidade para conseguir maior retorno para seus clientes (CAVALLINI, 2008, p.32).

O bom planejamento de uma ação de Marketing Invisível, muitas vezes

envolve monitoramento on-line (em fóruns e comunidades) e off-line (interação

casual e fluida com o target). Um dos cases de Marketing Invisível feito pela

Espalhe, que trabalhou ambas as formas de monitoramento, foi para divulgar um

documentário do navegador brasileiro Amyr Klink. O trabalho seria exibido pelo

canal National Geographic em quatro capítulos que contavam sobre sua última

aventura no continente gelado, Antártica. Duas semanas antes do lançamento, a

agência criou uma ação na qual colocou em um envelope de revelação de fotografia,

cinco fotos feitas pelo próprio Amyr Klink durante a viagem. As fotos continham

anotações feitas à mão e, do lado externo do envelope, escreveu-se também o

nome do aventureiro e um número de telefone. No total, foram feitos cinco mil

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envelopes que eram propositalmente esquecidos em diferentes pontos da cidade de

São Paulo, como cafeterias, universidades, táxis, shopping centers etc. Quem

encontrava o telefone acabava ligando para o número com o intuito de devolver as

fotos esquecidas e se deparava com o gran finale da ação: uma mensagem de caixa

postal, na voz do próprio Amyr, dizendo que ele não estava em casa porque

finalizava o documentário da NatGeo, que estrearia no dia sete de março.

Resultado: concorrendo com anunciantes e agências de peso, a Espalhe Marketing

de Guerrilha foi uma das escolhidas para o Prêmio Sacadas Criativas, realizado pela

revista About que está nas bancas. A ação de Marketing Invisível para a série “O

Continente Gelado”, com Amyr Klink, foi escolhida entre as 11 sacadas mais

criativas de 2005.

ILUSTRAÇÃO 19 – Fotos Amyr Klink para a NatGeo. FONTE: Disponível em: <http://www.espalhe.com.br/marketinginvisivel.htm>. Acesso em: 10 mai. 2009.

4.3.7 PR STUNT

PR Stunt é uma expressão originada de “Public Relations Stunt”. A tradução

de “stunt” engloba diversos significados, dentre eles, “acrobacia”, “façanha” e

“habilidade publicitária”. Dessa forma, essa ferramenta se caracteriza pela criação

de situações inusitadas e surpreendentes, embasadas por uma boa campanha de

relações públicas capaz de fomentar a mídia espontânea.

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É fato que os veículos de comunicação (principalmente TV, rádio, impresso e

Internet) buscam incessante e diariamente novas histórias para serem

disseminadas. Para promover um produto/serviço qualquer, os RP’s podem criar

uma história interessante, enviando um comunicado à imprensa, organizando um

evento, etc. Mas no Marketing de Guerrilha, o trabalho de PR Stunt é potencialmente

aumentado em função do estranhamento, originalidade e criatividade das ações.

Assim, a efetivação do PR Stunt se dá justamente por um bom e eficiente trabalho

de relacionamento com a imprensa. Tornando a empresa uma fonte de notícias,

graças a ações ousadas e criativas que chamem a atenção, as chances de se

ganhar mídia espontânea aumentam consideravelmente (ESPALHE APRESENTA O

PR-STUNT. ACESSO EM 03 MAI. 2009).

O blog de guerrilha (2009) destaca que uma estratégia clássica de guerrilha,

especificamente de PR Stunt, é fazer o maior ou menor, mais comprido, mais

pesado, etc. do mundo. Normalmente a imprensa se interessa pelo ineditismo e

inusitado das quebras de recorde. O Guinness World Records é uma boa referência

para achar recordes e tentar batê-los. Alguns exemplos de PR Stunt feitos no Brasil

e no mundo são listados no blog:

- Para marcar o lançamento do Firefox 3, a Comunidade Mozilla criou o

Download Day. O objetivo era entrar para o Guinness como o software mais baixado

do mundo em um período de 24 horas;

- O Portal BR Turbo da Brasil Telecom bateu, em 2005, o recorde de maior

saco de pipoca do mundo.

- O surfista Rico de Souza já bateu 2 recordes mundiais: o maior número de

surfistas na mesma onda e a maior prancha do mundo.

- Posto Ale e O Maior Boneco de Posto do Mundo. Este case em especial,

merece o nosso destaque.

Criado pela agência Espalhe e contando com a ajuda da Fan Comunicação

(agência de RP), o bonecão de 30 metros de altura foi inaugurado no dia 25 de

setembro de 2008. Foi criado um site www.omaiorbonecodepostodomundo.com.br,

onde se encontram até hoje informações sobre a história do bonecão, fotos, vídeos,

maneiras de se chegar até ele, curiosidades, loja de souvenirs e muito mais. A ação

foi criada para comunicar a mudança do posto SAT para ALE.

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A muralha da China é grandiosa a ponto de ser vista do espaço, o Coliseu de Roma impressiona pelos anos de história que carrega e ninguém nega que é praticamente impossível pensar na França sem lembrar logo da Torre Eiffel. Mas o fato é que nenhuma dessas obras de grande magnitude possuem a picardia inerente à nova maravilha de Natal: O Maior Boneco de Posto do Mundo. Do tamanho do Cristo Redentor, com 30 metros de puro swing e sacolejando como se não houvesse amanhã, o novo ponto turístico deixou a paisagem da cidade ainda mais arrebatadora. O Bonecão é um projeto da ALESAT Combustíveis, a 5ª maior distribuidora de combustíveis do país. E avisa aos consumidores potiguares que os postos SAT agora adotam a marca ALE. (BLOG DE GUERRILHA, 2008, O MAIOR BONECO DE POSTO DO MUNDO. ACESSO EM 04 MAI. 2009).

ILUSTRAÇÃO 20 – Bonecão do Posto ALE. FONTE: Disponível em: <http://www.omaiorbonecodepostodomundo.com.br/>. Acesso em: 03 mai. 2009.

Outra variação de PR Stunt é chamada de Balls Marketing (do inglês, culhões

de Marketing). Esse tipo de ação demanda extrema coragem tanto por parte da

agência que recomenda e coloca em prática, quanto do cliente que aprova, apesar

do enorme risco envolvido (não apenas risco de dar errado, mas até mesmo risco de

morte). Pela ousadia e bravura envolvidas nestas ações, seu potencial para atrair

interesse da imprensa é enorme.

A mesma série que pagou por uma ação de emboscada na maratona de São

Paulo, repetiu a dose no dia 13 de maio deste ano para divulgar seus novos

capítulos. A agência SantaClara Nitro foi a responsável pela operacionalização da

ação e Balls Marketing para a “9MM: São Paulo”.

Na série, a vida do cidadão, no chão ou nas alturas, está por um fio. E para

enfatizar este conceito, um acrobata atravessou os 125 metros do Vale do

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Anhangabaú em uma bicicleta a 120 metros de altura (BALLS MARKETING A 120 M

DE ALTURA. ACESSO EM 20 MAI. 2009).

ILUSTRAÇÃO 21 – Balls Marketing no Centro de São Paulo. FONTE: Disponível em: <http://www.blogdeguerrilha.com.br/2009/05/14/balls-marketing-a-120-metros-de-altura/>. Acesso em: 20 mai. 2009.

4.3.8 MARKETING VIRAL

Para compreender o Marketing Viral, era necessário se fazer uma abordagem

inicial sobre buzz, buzz Marketing e redes sociais. Portanto, como já tratamos

desses assuntos anteriormente, podemos conceituar com clareza o sentido dessa

ferramenta.

O Marketing Viral53 é um conjunto de técnicas de Marketing que tentam

explorar as redes sociais (on-line e off-line) pré-existentes, para produzir aumentos

53 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Marketing_viral>. Acesso em: 10 mai. 2009.

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exponenciais em conhecimento de marca e disseminação de produtos/ideias com

processos similares à extensão de uma epidemia (por isso a analogia à viralização).

Originalmente, a definição do termo surgiu no início de 2001 para descrever a

profusão de serviços de e-mails gratuitos que através de uma frase

automaticamente fixada no rodapé das mensagens, convidava os demais leitores a

experimentar o serviço. Cavallini (2008) reforça essa explicação ao descrever o

Marketing Viral como qualquer estratégia que encoraje as pessoas a passar uma

mensagem adiante, afirmando que de certa forma, o nome viral tem mesmo uma

estreita relação com a Internet, porque é através da rede que alguns vírus

conseguem infectar milhares de computadores.

Mas o principal ingrediente para se estabelecer o Marketing Viral, sem dúvida,

são as pessoas. Por esse motivo, buzz, buzz Marketing, redes sociais e Marketing

Viral são conceitos muito próximos, que na verdade se completam. Estão

intimamente ligados uns aos outros, como em um ciclo.

Com o constante desenvolvimento de ferramentas on-line de comunicação, se

torna muito mais fácil segmentar a mensagem de forma correta e em círculos sociais

diversificados, e até mesmo mensurá-la. Na Internet, os anúncios virais encontram-

se nas mais variadas formas, desde videoclipes ou jogos de flash interativos, até

mesmo imagens e inclusive textos. E quando pensamos na interação off-line, os

aparelhos eletrônicos e suas especificidades também permitem essa disseminação.

Porém, neste caso, a mensuração demanda muito mais trabalho. Isso é visto como

algo engraçado para Cavallini (2008). O autor conta que por depender do

comportamento humano, o Marketing Viral é imprevisível, e, portanto, muito difícil de

prever ou controlar.

Ter menos controle é parte da nova realidade, mesmo que isso incomode muito empresas que têm uma visão mais tradicional do mercado. Usando ou não o Marketing do boca a boca, as empresas terão que conviver com ele. Bem aproveitada por algumas empresas, a paródia é uma arma poderosa na mão dos consumidores. Produtos de mentira, comerciais falsos e outros tipos de paródia espalham-se rapidamente, deixando empresas apreensivas sobre o efeito causado na marca. Às vezes, reforçam o conceito da marca e da campanha, mas outras podem ser agressivas, de extremo mau gosto e ferir a marca (CAVALLINI, 2008, p. 33).

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Desta forma, Guarnieri (2006) destaca que um planejamento consistente é

imprescindível para uma campanha de viralização, pois é preciso descobrir

conteúdos pertinentes, definir targets e, principalmente, investimentos e metas para

a campanha. Os acompanhamentos qualitativos e quantitativos também são

importantes durante o processo de viralização.

Dependendo da meta de uma campanha de viralização, deve ser definido investimento em propaganda digital e Marketing de buscas, ações combinadas que funcionam para amplificar o efeito da viralização. Apesar de produzir ótimos resultados, o Marketing Viral não deve ser confundido com uma ação barata. Apesar do baixo custo de envio, uma operação profissional de Marketing Viral exige uma estrutura sólida e experiência em planejamento, criação e tecnologia. Resista à tentação de “fazer viralização” só para aproveitar uma base de contatos. Se uma marca decide realizar uma campanha de Marketing Viral, que o faça com profissionalismo. (GUARNIERI, 2006. ARTIGO DISPONÍVEL NO SITE WEBINSIDER, DA UOL. ACESSO EM 10 MAI. 2009).

A Nike é uma das grandes corporações que produzem vídeos especialmente

para se tornarem conteúdo viral. Normalmente postados no Youtube, são

rapidamente disseminados em função da dúvida que plantam na cabeça dos

internautas, que não sabem se o que vêem é ficção ou realidade. Um exemplo

clássico é o vídeo no qual o jogador Ronaldinho Gaúcho, após calçar um par de

chuteiras Nike, acerta propositalmente a bola na trave por diversas vezes, sem

deixá-la cair no chão.

Em seu blog, Godin (2005) expõe o passo a passo de como transformar uma

ideia em Marketing Viral. O autor afirma que as pessoas não enviam uma ideia ao

menos que:

(a) tenham compreendido-a;

(b) tenham vontade de disseminá-la;

(c) acreditem que espalhar a ideia irá aumentar seu poder (reputação, receita,

amizades) ou sua paz de espírito;

(d) o esforço necessário para enviar a ideia seja menor que os benefícios;

O autor também garante que ninguém "pega" uma ideia ao menos que:

(a) a primeira impressão demande uma pesquisa mais profunda;

Page 97: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

96

(b) já tenha compreendido as ideias fundamentais necessárias para entender

a nova ideia;

(c) o remetente seja de confiança ou respeitável o suficiente para investir o

tempo necessário.

Para Wilson (2005), existem seis princípios básicos que caracterizam uma

estratégia de Marketing Viral eficiente. Nem todos precisam ser seguidos, mas

quanto mais elementos se utilizam, maiores as chances dos resultados serem

positivos. São eles:

(1) Distribuir gratuitamente produtos e serviços com algum valor;

(2) Oferecer um meio sem esforço de envio para outros;

(3) Utilizar escalas que facilmente partem do pequeno para o muito grande;

(4) Explorar motivações e comportamentos comuns;

(5) Utilizar redes de comunicação já existentes;

(6) Tirar proveito de recursos de terceiros.

Um dos cases de viral mais famoso na web foi iniciado a partir de apenas

vinte e-mails enviados por seus desenvolvedores. Visualizado por milhões de

pessoas, o site SubservientChicken.com (a galinha subserviente) ainda continua

ativo, mas foi criado para promover um sanduíche do Burger King e a opção de os

clientes fazerem pedidos à la carte, deixando os internautas comandarem um cara

vestindo uma ridícula fantasia de frango. No site, existe um campo de digitação onde

o internauta manda a galinha realizar diversas ações, como cantar, pular, comer,

dormir, beijar e tudo mais que imaginar. E o mais interessante é que a galinha

realmente o faz como se fosse uma interação em tempo real.

Page 98: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

97

IILUSTRAÇÃO 22 – Print screen do site SubservientChicken.com FONTE: Disponível em: <http://www.subservientchicken.com/>. Acesso em: 10 mai. 2009.

Em 2004, a Puma foi vítima de uma “brincadeira” do falso comercial, conta

Cavallini (2008). Imagens de conotação sexual foram veiculadas em sites e blogs,

rapidamente viralizadas, pois eram tão bem produzidas que foram consideradas

como verdadeiras. Apesar de não mostrar imagens explícitas, era agressivo ao

subentender uma cena de sexo oral, tudo relacionado diretamente à marca Puma.

A empresa, além de publicar nota oficial dizendo que o comercial era ofensivo

e foi criado sem conhecimento e permissão, colocou seus advogados na inútil

tentativa de tirar as imagens da Internet (Cavallini, 2008, p.33).

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98

ILUSTRAÇÃO 23 – Imagem retirada do Gawker, um dos blogs que receberam cartinha dos advogados da Puma. A resposta, em carta aberta, começava com a frase: “É a melhor propaganda feita para a sua empresa há anos, e não foram vocês que fizeram...” FONTE: CAVALLINI, 2008, p.34.

4.3.9 MÍDIAS ALTERNATIVAS / MÍDIAS INTELIGENTES

Franzão (2006) comenta que constantemente a comunicação passa por

modificações em suas técnicas e formatos para, além de preservar a eficácia da

transmissão da mensagem publicitária, também tornar mais eficiente todo o

processo da transformação do público espectador em público consumidor de

determinada marca ou produto. O autor ressalta que a competitividade atual de

mercado, especialmente na área do Marketing e da Comunicação, exige

Page 100: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

99

aperfeiçoamento constante, bem como ajustes referentes às eventuais alterações de

comportamento, hábitos e atitudes da sociedade em que vivemos.

No âmbito do Marketing, da Publicidade e da Propaganda, podemos

compreender o advento das mídias alternativas, também chamadas de mídias

inteligentes. As mídias alternativas são quaisquer espaços para veiculação de

informações comerciais em tudo aquilo que seja possível se transformar em

inusitado e/ou fora do habitual.

Estas mídias podem ser encontradas em diferentes locais, objetos, mobiliário

urbano ou mesmo modificações indoor54, sendo utilizadas isoladamente ou em

conjunto com outras mídias (campanhas 360°55). Além disso, elas apresentam o

grande diferencial de liberdade criativa na adaptação a diferentes conceitos,

produtos, serviços e/ou ideias, o que implica em custos consideravelmente menores,

pois, a princípio, nada disso teria valores previamente estabelecidos.

O conceito de mídia alternativa surgiu na segunda metade do século XX,

mediante a necessidade de fuga ao tradicional: TV, impresso e rádio. Desde então,

muito do que foi considerado alternativo (como Internet e algumas mídias

exteriores56) atualmente já foi absorvido pela cultura, caindo também no lugar-

comum. Em função da supersaturação das mídias e do bloqueio por parte dos

consumidores, podemos afirmar que praticamente tudo que está ao nosso redor

potencialmente pode se transformar em mídia alternativa.

Um dos princípios básicos do Marketing de Guerrilha é abandonar as mídias comuns criando novas opções de comunicar, seguindo a ideia “não compre mídia, crie uma”. [...] Por isso a propaganda vem se reinventado, e os profissionais de Marketing também. As empresas buscam resultados, e quando a veiculação em mídias de massa não gera mais este efeito, está na hora de mudar. Inúmeros formatos vêm sendo desenvolvidos para suprir as falhas da propaganda. O processo já vem se desenvolvendo há alguns

54 Dentro de todo e qualquer tipo de local/estabelecimento. 55 A técnica sugere a integração de todas as ações, tanto do marketing como da comunicação, criando a perfeita sinergia entre todas as atividades desenvolvidas para a marca. Da concepção da embalagem à plataforma criativa, das disciplinas do marketing às diversas atividades da comunicação, dos canais à materialização de cada uma das mensagens publicitárias. Tudo deve privilegiar o mesmo tema, as mesmas informações, o mesmo padrão, enfim, o mesmo editorial mercadológico. No caso da mídia, a técnica sugere ainda a consideração de todos os canais e veículos de comunicação que fazem parte da vida do consumidor. Disponível em: <http://www.midializacao.com.br/blog/a-comunicacao-360-graus/>. Acesso em: 10 mai. 2009. 56 As mídias exteriores são os meios de comunicação que expõem propaganda ao ar livre. As mais antigas - e por consequência mais tradicionais – já são vistas por grande parte da população como mídias de massa comuns, tais como outdoors, busdoors, frontlight, backlight, taxidoor, painéis digitais, empenas, letreiros luminosos, dentre outras.

Page 101: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

100

anos. Dirigíveis infláveis, patrocínios em clubes esportivos, adesivos em carros de corrida, em postos de gasolinas, nas estações de metrô, pinturas em muros, etc. E hoje até mesmo estas novas formas de comunicação já estão se saturando (POSSAMAI, 2007, p. 29).

Veremos a seguir, alguns exemplos de mídias alternativas, utilizados em

diversos segmentos.

ILUSTRAÇÃO 24 – Mídia alternativa para a loja de lingerie Blush Dessous. Para acender o fósforo bastar riscá-lo no bumbum da modelo. FONTE: Disponível em: <http://marketingdeguerrilha.wordpress.com/category/midias-alternativas/>. Acesso em: 10 mai. 2009.

ILUSTRAÇÃO 25 – Mídia alternativa que a Carlsberg (Patrocinadora do evento) fez para o Primeiro Campeonato Mundial de Pebolim (Ou Totó) em 2006 na Alemanha. FONTE: Disponível em: < http://pontopublicitario.wordpress.com/2007/05/>. Acesso em: 10 mai. 2009.

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ILUSTRAÇÃO 26 – Mídia alternativa que a revista masculina, Ché Men’s Magazine, fez apostando em seu principal público-alvo: homens solteiros. FONTE: Disponível em: <http://blog.grise.com.br/2007/01/30/midias-alternativas-2/>. Acesso em: 10 mai. 2009.

ILUSTRAÇÃO 27 – A agência 141 de Mumbai na Índia criou uma intervenção interessante para divulgar o trabalho da ONG Aseema que educa menores carentes. Em locais onde ficam crianças de rua, os bueiros foram transformados em ábacos, com um adesivo da ONG e a mensagem “Make every child count.” FONTE: Disponível em: <http://www.bichodegoiaba.com.br/category/midia-alternativa>. Acesso em: 10 mai. 2009.

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102

4.4 A ÉTICA NA UTILIZAÇÃO DO MARKETING DE GUERRILHA

Após todo o conteúdo apresentado sobre o Marketing de Guerrilha, suas

ferramentas com características inovadoras, surpreendentes, impactantes e

principalmente transgressoras, percebemos a necessidade de fazer algumas

considerações sobre as questões que envolvem a moral e a ética.

Com a sociedade cada vez mais saturada de informações e consumidores

atentos, seletivos em relação a estas, o Marketing de Guerrilha apresenta diversas

ferramentas alternativas que quebram regras e muitas vezes causam polêmica, não

pelas características positivas das ações em si, mas principalmente por ultrapassar

os limites éticos. A busca pela geração do buzz e da mídia espontânea, implica em

uma criatividade ilimitada, responsável pela criação incessante de ações bem

segmentadas e com um bom custo x benefício.

Como vimos também, o Marketing de Guerrilha lida com pessoas. Tanto os

profissionais que pensam e elaboram a ação do início ao fim, quanto o público

receptor das mensagens veiculadas. A responsabilidade desses profissionais com

todos os envolvidos na ação deve ser muito bem considerada para não provocar

danos quem podem ter consequências bem maiores que prejuízos financeiros, como

os danos morais e éticos.

[...] é necessário ter critérios para que esse contato continue pertinente ao seu objetivo. Os meios não tradicionais utilizados pela guerrilha devem valorizar e potencializar a relevância do conteúdo das mensagens. É necessário bom senso, pois o limite entre o ousado e o inadequado pode ser muito frágil. E o equilíbrio entre o meio e a mensagem é fundamental para que haja uma comunicação adequada e sem prejuízos morais e éticos. (SANTOS; ATHAYDES, 2008, p.5).

Moral e ética57 são conceitos muito próximos, mas que não devem ser

confundidos. A ética é teórica, reflexiva e seu estudo contribui para estabelecer a

natureza de deveres no relacionamento indivíduo x sociedade, justificando os

hábitos, bem como fornecendo subsídios para a dissolução de seus dilemas mais

57 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica>. Acesso em: 23 mai. 2009.

Page 104: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

103

comuns. Já a moral é normativa, definida por um conjunto de princípios, preceitos,

costumes e valores que são adquiridos ao longo da vida e orientam o

comportamento de um indivíduo no seu grupo social, criando padrões de conduta.

Apesar de a ética não ter força de lei, muitas profissões desenvolveram seu próprio

código de ética, com o objetivo de se regulamentar, e principalmente, dar força de lei

aos códigos profissionais, podendo orientar uma forma quase ideal de conduta

profissional.

Na Comunicação não foi diferente. É possível percebermos uma preocupação

com a postura profissional iniciada na segunda metade do século XX. Durante o I

Congresso Brasileiro de Propaganda, em outubro de 1957, foi aprovado o Código de

Ética dos Profissionais da Propaganda. Na prática, esse foi substituído em junho de

1965, pelo Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária que, em abril de

1978, foi aprovado pelo III Congresso Brasileiro de Propaganda, tendo por objetivo o

amparo ao consumidor, da figura dos profissionais e dos interesses empresariais.

Assim, a Comissão Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) se

tornou até os dias atuais o órgão responsável pela aplicação e fiscalização do

Código. Além desses, outro Código de fundamental importância para este tópico

entrou em vigor no mês de maio de 1999: o Código de Ética do Profissional de

Marketing, aprovado pela Associação Brasileira de Marketing e Negócios (ABMN) e

a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Segundo Santos e Athaydes (2008), a presença dos códigos de ética na vida

dos indivíduos interfere nas ações profissionais de forma positiva, apesar de,

infelizmente, existirem maus profissionais em todas as áreas, que não contam com o

bom senso de forma geral. As autoras também ressaltam que “além disso, podem

ocorrer falhas despropositais dos profissionais e, nesses momentos, a ética e as

regulamentações devem entrar em ação” (SANTOS; ATHAYDES, 2008, p.6).

Portanto, faremos algumas considerações pensando nas ferramentas de

guerrilha que são mais suscetíveis à avaliação moral e ética, perante os três códigos

mencionados até então.

De acordo com os princípios éticos que devem nortear a Publicidade,

expostos no Código de Ética dos Profissionais da Propaganda (1957), no item I,

temos: “a propaganda é a técnica de criar opinião pública favorável a um

determinado produto, serviço, instituição ou ideia, visando a orientar o

comportamento humano das massas num determinado sentido” (1957, p.1). O

Page 105: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

104

Marketing de Guerrilha, bem como suas ferramentas, atua pautado na mesma

premissa e objetivos.

O item II do mesmo Código, afirma que:

[...] o profissional da propaganda, cônscio do poder que a aplicação de sua técnica lhe põe nas mãos, compromete-se a não utilizá-la senão em campanhas que visem ao maior consumo dos bons produtos, à maior utilização dos bons serviços, ao progresso das boas instituições e à difusão de ideias sadias. (1957, p.1).

Até aqui tudo bem, pois o Marketing de Guerrilha também utiliza suas

ferramentas visando o consumo de bons produtos, serviços, etc.

Já no item III, encontramos o primeiro “alerta” para os guerrilheiros:

“O profissional da propaganda, para atingir aqueles fins, jamais induzirá o

povo ao erro; jamais lançará mão da inverdade; jamais disseminará a desonestidade

e o vício” (1957, p.1). O alerta é válido principalmente no que tange às ferramentas

de Marketing Invisível, Marketing de Emboscada (ambush), PR Stunt e Astroturfing.

Vamos por partes.

Para todas essas ferramentas citadas, temos em confronto o Artigo 28 do

Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária (1978); CAPÍTULO II -

PRINCÍPIOS GERAIS, que diz na SEÇÃO 6 - Identificação Publicitária o seguinte:

“O anúncio deve ser claramente distinguido como tal, seja qual for a sua forma ou

meio de veiculação” (1978, p.8).

No Marketing Invisível, o objetivo de atingir o público sem que o mesmo

perceba se tratar de uma ação comercial, pode não implicar em “falta com a

verdade”, mas certamente implica em “omissão”. Por diversas ações serem uma

representação da realidade, um simulacro, também como em algumas ações de PR

Stunt, Marketing Viral e Astroturfing, o ato de se esconder é característica

fundamental para o sucesso da estratégia. Porém, caso o planejamento dessas

ferramentas não ocorra como o esperado, o consumidor pode se sentir de alguma

forma lesado e criar ainda mais bloqueios, em relação não somente ao que foi

elaborado, mas à atividade publicitária em geral. Essa preocupação encontra-se

claramente definida no CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO, na SEÇÃO 1 – Preâmbulo,

Artigo 5º do mesmo código (1978): “Nenhum anúncio deve denegrir a atividade

Page 106: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

105

publicitária ou desmerecer a confiança do público nos serviços que a publicidade

presta à economia como um todo e ao público em particular” (1978, p.2-3). Por outro

lado, o Código de Ética do Profissional de Marketing (1999), recomenda em seu

Capítulo IV – Deveres no exercício cotidiano da profissão, que:

[...] No exercício individual e cotidiano de suas funções o profissional de Marketing deverá: [...] (c) manter sigilo absoluto sobre qualquer informação que não seja de caráter público e a que venha ter acesso, direta ou indiretamente, no exercício de sua atividade profissional e cuja divulgação possa, ainda que minimamente, prejudicar seus clientes ou a instituição em que trabalha [...] (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MARKETING E NEGÓCIOS; ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING, 1999).

Como no case da Noiva Abandonada, a agência jamais teria conquistado o

sucesso que obteve na ação caso toda a farsa fosse descoberta, ao invés de

revelada. E apesar de pedir desculpas, sob a alegação de que a agência apenas

forneceu um “estímulo” para despertar o interesse social, tiveram pessoas que se

sentiram enganadas por se envolverem diretamente com a Lúcia. No CAPÍTULO II –

PRINCÍPIOS GERAIS, SEÇÃO 1 – Respeitabilidade, Artigo 19 do Código Brasileiro

de Autorregulamentação Publicitária (1978), podemos encontrar: “toda atividade

publicitária deve caracterizar-se pelo respeito à dignidade da pessoa humana, à

intimidade, ao interesse social, às instituições e símbolos nacionais, às autoridades

constituídas e ao núcleo familiar” (1978, p.5).

Ao pensarmos nas ações de Marketing Invisível como um todo, ainda temos

de considerar o Artigo 23 também do mesmo Código (1978) e capítulo, SEÇÃO 3 –

Honestidade, na qual se diz: “Os anúncios devem ser realizados de forma a não

abusar da confiança do consumidor, não explorar sua falta de experiência ou de

conhecimento e não se beneficiar de sua credulidade” (1978, p.5).

Ainda de acordo com o mesmo texto, o parágrafo 9º da SEÇÃO 5 -

Apresentação Verdadeira, que refere-se aos chamados “Testemunhais”, afirma que

“o anúncio abrigará apenas depoimentos personalizados e genuínos, ligados à

experiência passada ou presente de quem presta o depoimento, ou daquele a quem

o depoente personificar” (1978, p.7).

Page 107: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

106

Santos e Athaydes (2008) salientam que “revelar a ação comercial após a

repercussão ter atingido níveis desejados pela empresa não diminui a falta de

comprometimento com a verdade” (SANTOS; ATHAYDES, 2008, p.10). Segundo

Schultz (2005), o Código do Consumidor, no artigo nº 36, afirma que: “A publicidade

deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a

identifique como tal.” (2005, p.50, apud SANTOS; ATHAYDES, 2008, p.10)

Quanto ao Marketing de Emboscada, que atua em situações e ambientes

diversos, proporcionados por empresas que realizaram a compra de cotas de

patrocínio, novamente no Código Brasileiro de Autorregulamentação (1978)

Publicitária, SEÇÃO 6 – Identificação Publicitária, podemos ver o seguinte parágrafo

único:

Consideram-se indevidos e ilegítimos os proveitos publicitários obtidos: A. mediante o emprego de qualquer artifício ou ardil (emboscada); B. sem amparo em contrato regular celebrado entre partes legítimas, dispondo sobre objeto lícito; C. sem a prévia concordância do Veículo de comunicação e dos demais titulares dos direitos envolvidos. (CÓDIGO BRASILEIRO DE AUTORREGULAMENTAÇÃO PUBLICITÁRIA, 1978, p.8).

Ou seja, a emboscada, além de corromper a legalidade do patrocínio oficial

através de “brechas”, também viola o item 19 das normas do Código de Ética dos

Profissionais da Propaganda (1957), que ressalta: “o profissional de propaganda

respeita as campanhas de seus competidores, jamais procurando destruí-las por

atos, ou impedindo a sua divulgação. Nos textos que usa, exalta as vantagens dos

seus temas, sem que isso envolva críticas ou ataques diretos ao competidor”. A

emboscada ataca diretamente o concorrente, confunde o consumidor no ponto em

que o mesmo não consegue definir quem é o verdadeiro patrocinador da situação,

recebendo em muitas vezes os créditos no lugar do patrocinador oficial. Na SEÇÃO

7 – Propaganda Comparativa, do Código Brasileiro de Autorregulamentação

Publicitária (1978), vemos que esta confusão é totalmente repudiada:

[...] a publicidade comparativa será aceita, contanto que respeite os seguintes princípios e limites: [...]

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107

E. Não se estabeleça confusão entre produtos e marcas concorrentes; F. Não se caracterize concorrência desleal, denegrimento à imagem do

produto ou à marca de outra empresa; G. Não se utilize injustificadamente a imagem corporativa ou o prestígio de

terceiros; [...] (CÓDIGO BRASILEIRO DE AUTORREGULAMENTAÇÃO PUBLICITÁRIA, 1978, p.8).

Não parando por aí, a emboscada também pode ser condenada nas

seguintes partes do mesmo código (1978):

- SEÇÃO 1 – Preâmbulo, Artigo 4º: “Todo anúncio deve respeitar os princípios

de leal concorrência geralmente aceitos no mundo dos negócios.” (1978, p.2);

- SEÇÃO 9 - Proteção da Intimidade, Artigo 34: “Este Código condena a

publicidade que [...] desrespeite a propriedade privada e seus limites” (1978, p.9-10).

- SEÇÃO 12 – Direito autoral e plágio, Artigo 43: “O anúncio não poderá

infringir as marcas, apelos, conceitos e direitos de terceiros, mesmo aqueles

empregados fora do país, reconhecidamente relacionados ou associados a outro

Anunciante” (1978, p.12).

Quanto às ações de PR Stunt, no que tangem à potencialização por meio de

Jornalismo ou Relações Públicas de fatos inverídicos ou exagerados (que sejam, por

exemplo, suscetíveis de ir para o livro dos recordes), a SEÇÃO 2 – Objetivos, do

mesmo Código (1978, p.3), apresenta um parágrafo único que diz: “Não são

capituladas neste Código as atividades de Relações Públicas e ‘Publicity’, por serem

ambas distintas tanto da publicidade quanto da propaganda.” Porém, na SEÇÃO 4 –

Medo, Superstição, Violência, temos o parágrafo 2 Alegações, que é bastante claro:

O anúncio não deverá conter informação de texto ou apresentação visual que direta ou indiretamente, por implicação, omissão, exagero ou ambiguidade, leve o Consumidor a engano quanto ao produto anunciado, quanto ao Anunciante ou seus concorrentes, nem tampouco quanto à: 1. natureza do produto (natural ou artificial); 2. procedência (nacional ou estrangeira); 3. composição; 4. finalidade. (CÓDIGO BRASILEIRO DE AUTORREGULAMENTAÇÃO PUBLICITÁRIA, 1978, p.6).

E mesmo sabendo da geração de mídia espontânea nesses casos, os

guerrilheiros podem muito bem “comprar” propagandas sob a forma de matérias, o

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108

que também é repudiado pelo Código (1978) nos Artigos 30 e 31 da SEÇÃO 6 –

Identificação Publicitária:

Artigo 30: A peça jornalística sob a forma de reportagem, artigo, nota, texto-legenda ou qualquer outra que se veicule mediante pagamento, deve ser apropriadamente identificada para que se distinga das matérias editoriais e não confunda o Consumidor. Artigo 31: Este Código condena os proveitos publicitários indevidos e ilegítimos, obtidos por meio de ‘carona’ e/ou ‘emboscada’, mediante invasão do espaço editorial ou comercial de veículo de comunicação. (CÓDIGO BRASILEIRO DE AUTORREGULAMENTAÇÃO PUBLICITÁRIA, 1978, p.8).

Ainda no segmento de PR Stunts, mais especificamente nas ações de Balls

Marketing, temos a SEÇÃO 8 – Segurança e Acidentes, na qual o Artigo 33 condena

os anúncios que (1978, p.9):

“a. manifestem descaso pela segurança, sobretudo quando neles figurarem

jovens e crianças ou quando a estes for endereçada a mensagem” (como na ação

mencionada anteriormente, onde um ciclista atravessava cabos de aço, a vários

metros de altura, para divulgar uma minissérie);

“b. estimulem o uso perigoso do produto oferecido;” (vimos recentemente uma

prova no reality show Big Brother Brasil, na qual os três finalistas do programa foram

pendurados de cabeça para baixo, colados pelos pés com a cola “super bonder”).

Além disso, na SEÇÃO 4 - Medo, Superstição, Violência, temos o Artigo 24

que diz: “Os anúncios não devem apoiar-se no medo sem que haja motivo

socialmente relevante ou razão plausível” (1978, p.5).

Partindo para as chamadas mídias alternativas ou mídias inteligentes,

acreditamos ser importante considerar o Artigo 36 da SEÇÃO 10 - Poluição e

Ecologia, também do Código de Autorregulamentação Publicitária (1978, p.10), que

diz:

Não podendo a publicidade ficar alheia às atuais e prementes preocupações de toda a humanidade com os problemas relacionados com a qualidade de vida e a proteção do meio ambiente, serão vigorosamente combatidos os anúncios que direta ou indiretamente estimulem: [...] b. a poluição do ambiente urbano; [...]

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d. a poluição visual dos campos e da cidade; e. a poluição sonora; [...] (CÓDIGO BRASILEIRO DE AUTORREGULAMENTAÇÃO PUBLICITÁRIA, 1978, p.10).

O Código de Ética do Profissional de Marketing (1999) também apresenta

mais algumas orientações que “contrariam” ações guerrilheiras. No Capítulo II –

Deveres para com a Sociedade, ele nos diz que o profissional de Marketing deve:

c) zelar para que, do exercício de suas atividades não resulte, direta ou indiretamente, qualquer agressão ou prejuízo ao meio ambiente do planeta e ao patrimônio cultural do país - respeitando também o idioma português como parte da cultura nacional - e ainda qualquer espécie de discriminação por motivos de ordem étnica, religiosa, política, cultural, de gênero, nacionalidade, estado civil, idade, aparência ou classe social. (CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL DE MARKETING, 1999, p.2).

As guerrilhas urbanas que modificam o meio ambiente, ambiente natural e

artificial (até estruturas físicas, prédios, bens públicos, patrimônios culturais) como

as que utilizam Grafite, Stencil, e as Land Art, vão de encontro a esta orientação.

Portanto, a responsabilidade em interferir nesses ambientes, cabe ao discernimento

do profissional. É o que podemos ver segundo o próprio Código de Ética dos

Profissionais da Propaganda (1957) (II – Normas, item 18):

O profissional de propaganda deve conhecer a legislação relativa a seu campo de atividade, e como tal é responsável pelas infrações que, por negligência ou omissão intencional, levar o cliente a cometer, na execução do plano de propaganda que sugeriu e recomendou. (CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DA PROPAGANDA, 1957, p.2-3).

Uma das recomendações para não faltar com a ética profissional, segundo o

Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária (1978), pode ser encontrada

na SEÇÃO 3 - Interpretação, Artigo 17:

Ao aferir a conformidade de uma campanha ou anúncio aos termos deste Código, teste primordial deve ser o impacto provável do anúncio, como um

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110

todo, sobre aqueles que irão vê-lo ou ouvi-lo. A partir dessa análise global é que se examinará detalhadamente cada parte do conteúdo visual, verbal ou oral do anúncio, bem como a natureza do meio utilizado para sua veiculação. (CÓDIGO BRASILEIRO DE AUTORREGULAMENTAÇÃO PUBLICITÁRIA, 1978, p.14).

Mas vale ressaltar que cabe a cada um de nós, o bom senso na escolha e

utilização de qualquer forma de propaganda e publicidade.

Portanto, a ousadia, a irreverência e a articulação inteligente do Marketing de Guerrilha são bem-vindas, porém, dentro de limites éticos já definidos e aceitos pelos próprios profissionais da área. As regras foram estabelecidas para que um bem maior prevalecesse para todos os envolvidos na comunicação, incluindo seus profissionais. O conhecimento dessas regras não pode ser ignorado nem deixado de ser posto em prática. Os profissionais de comunicação têm uma responsabilidade maior que simplesmente comunicar e, cientes disto, devem agir de forma ética para cumprir sua função no mercado e na sociedade. (SANTOS; ATHAYDES, 2008, p.14).

Enfim, para concluir esse tópico, nos pautaremos nas próprias

recomendações do Código de Ética dos Profissionais da Propaganda (1957), item

27, que indica:

A utilização da propaganda deve ser incentivada, pois ideal seria que todas as ideias, todos os serviços e todos os produtos fossem simultaneamente apregoados em todos os pontos do País, na mais livre concorrência, para a mais livre escolha de todos os cidadãos. (CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DA PROPAGANDA, 1957, p.3).

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111

5 ANÁLISE DA PESQUISA DE CAMPO

(QUESTIONÁRIOS APLICADOS)

O objetivo da pesquisa era descobrir se existe aceitação do Marketing de

Guerrilha em Juiz de Fora, bem como se as agências de publicidade e propaganda o

conhecem e/ou utilizam suas ferramentas.

5.1 METODOLOGIA

Inicialmente, pretendíamos entrevistar todas as agências locais de

publicidade e propaganda. A pesquisa foi iniciada em algumas agências, porém, em

função da necessidade de critérios mais específicos - além do curto prazo e da

dificuldade de contato com todas as agências para desenvolvimento da presente -

optamos por selecionar uma amostra, que no caso foi composta apenas pelas

agências locais atualmente certificadas pelo Conselho Executivo de Normas-Padrão

(CENP). Como alguns questionários já haviam sido aplicados, ao conferir as

agências certificadas, foi visto que apenas uma das entrevistadas que participaram

da primeira aplicação das pesquisas não é certificada pelo órgão. Mas, em função

de ter se prontificado na colaboração deste trabalho, preferimos mantê-la e

considerar sua participação.

A escolha pelo CENP58 deu-se em função de sua credibilidade. O CENP é

uma entidade criada pelo mercado publicitário para fazer cumprir as Normas-Padrão

da Atividade Publicitária, documento básico que define as condutas e regras das

melhores práticas éticas e comerciais entre os principais agentes da publicidade

brasileira. O conselho existe desde 1998 e possui um Conselho de Ética, uma

Diretoria Executiva e um Conselho Executivo como principal gestor, no qual estão

presentes 22 representantes de agências de propaganda, anunciantes, veículos de

comunicação e Governo Federal.

58 Disponível em: <www.cenp.com.br>. Acesso em: 16 fev. 2009.

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112

O CENP é o órgão que regulamenta a organização interna e o funcionamento

das agências de publicidade, sendo responsável também por fornecer o certificado

que autoriza o funcionamento da agência. Até o momento59, apenas 19 agências

são certificadas pelo CENP em Juiz de Fora. São elas:

(1) Artwork Propaganda e Marketing (11) Kojio Comunicação

(2) Café Azul Propaganda (12) Mostarda Comunicação

(3) Cenarium Comunicação (13) Nocaute Comunicação

(4) Contato Agência de Propaganda e

Marketing

(14) Papel Comunicação

(5) CR Nova (15) República

(6) GO!Mídia (16) Samba Propaganda

(7) Griffin Comunicação (17) Support Comunicação

(8) Guaraná (18) Trópico Propaganda

(9) Intermídia (19) WMP Propaganda

(10) Iso 4 Comunicação

TABELA 4 – Agências juizforanas certificadas pelo CENP.

A agência 909 Comunicação e Marketing é a única agência entrevistada que

ainda não possui certificação do CENP, mas que será considerada nesta pesquisa

por motivos expostos anteriormente.

Ao todo foram entrevistadas 13 agências: Artwork Propaganda e Marketing,

909 Comunicação e Marketing, Contato Agência de Propaganda e Marketing,

GO!Mídia, Griffin Comunicação, Guaraná, Iso 4 Comunicação, Kojio Comunicação,

Mostarda Comunicação, Nocaute Comunicação, República, Support Comunicação e

Trópico Propaganda, que se prontificaram gentilmente a responder a pesquisa,

possibilitando o desenvolvimento e a efetivação deste trabalho.

A coleta de dados ocorreu através da aplicação de um questionário com vinte

questões, sendo que nove destas exigiam uma análise qualitativa. A escolha dos

entrevistados se deu de maneira aleatória dentro das agências da amostra, através

da autorização dos mesmos, que variavam nas diversas funções de uma agência de 59 A consulta foi feita no site do CENP (www.cenp.com.br) no dia 16 de fev. de 2009.

Page 114: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

113

publicidade e propaganda (sócios-proprietários, diretores de criação, redatores,

atendimentos, RTV´s, planejamentos e mídias). Após coletados os dados, os

mesmos foram tabulados, sendo que as questões abertas foram expostas e

analisadas basicamente com procedimentos de análise de conteúdo.

5.2 RESULTADOS

A aplicação do questionário foi de fundamental importância para embasar

este trabalho, possibilitando uma visibilidade significativa do panorama atual do

Marketing de Guerrilha na cidade (sua conceituação teórica, conhecimento, prática

por parte das agências e aceitação do mercado em geral). Além dos gráficos e das

análises a seguir, um modelo do questionário está anexo a este trabalho

(APÊNDICE B), bem como o modelo de solicitação de autorização (APÊNDICE A),

para apreciação.

Para preservar o sigilo dos entrevistados e das 13 agências que participaram

da pesquisa, quando necessário, apresentaremos os resultados utilizando letras

distribuídas aleatoriamente para cada uma (A,B,C,D,E,F,G,H,I,J, K, L e M), bem

como letras e números quando for o caso de mencionar as pessoas entrevistadas.

Exemplo:

A1 = Entrevistado 1 da agência A,

A2 = Entrevistado 2 da agência A,

D3 = Entrevistado 3 da agência D, etc.

A opção “NS/NR” corresponde a “Não sabe / Não respondeu”. A distribuição

dos mesmos nas agências se deu da seguinte maneira:

Agência A: dois entrevistados Agência H: um entrevistado

Agência B: dois entrevistados Agência I: um entrevistado

Agência C: um entrevistado Agência J: dois entrevistados

Agência D: três entrevistados Agência K: dois entrevistados

Agência E: três entrevistados Agência L: dois entrevistados

Agência F: dois entrevistados Agência M: três entrevistados

Page 115: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

114

Agência G: dois entrevistados Total: 26 entrevistados.

TABELA 5 – Quantidade de entrevistados por agência.

A primeira questão buscou descobrir se os funcionários das agências

conheciam o Marketing de Guerrilha. 100% dos entrevistados responderam “sim” a

essa questão, confirmando que as agências possuem funcionários que ao menos já

ouviram a menção do termo “Marketing de Guerrilha”, independentemente do

conceito subjetivo de cada um sobre o tema.

A compreensão do Marketing de Guerrilha implica em um conhecimento

prévio sobre a área do Marketing convencional. Dessa forma, a segunda questão foi

útil para descobrir que 69% dos entrevistados disseram que suas agências não

possuem um departamento de Marketing (tradicional, não guerrilha) ou uma pessoa

responsável por essa área. Normalmente, as pessoas encarregadas por outras

funções acabam por cuidar desse departamento indiretamente. Isso já sinaliza

negativamente a despreocupação dessas agências não somente em relação às

vertentes do Marketing, mas a ele propriamente dito. Além disso, a própria estrutura

organizacional das agências não é bem estabelecida na percepção de seus

funcionários. Diversas foram as contradições ao solicitarmos definição de cargos,

funções, entre outras.

Os 31% que responderam "sim" à pergunta anterior, informaram o número de pessoas responsáveis pela área de marketi ng na

agência em que trabalham:

1 1

4

4

7

1 1

A2 B1 B2 D1 E1 K1 K2 NS/NR

ILUSTRAÇÃO 28 – Gráfico P2.

Page 116: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

115

Como se pode notar no gráfico elaborado, quatro agências (A, B, D e E)

apresentaram opiniões divergentes entre seus próprios funcionários a respeito dessa

questão. A1 respondeu que sua agência não possui um departamento de Marketing,

enquanto A2 respondeu “sim” e ainda informou que existe uma pessoa responsável

pela área de Marketing na agência. B1 e B2 responderam que a agência possuía um

departamento de Marketing, porém, enquanto o primeiro entrevistado informou que

apenas uma pessoa é responsável pela área, o segundo informou que seriam quatro

pessoas. Dos três entrevistados da agência D, apenas o D1 respondeu que “sim”,

existe um departamento e/ou responsável pela área de Marketing, composto por

quatro pessoas de sua agência. A mesma situação ocorreu com os três

entrevistados da agência E, com a diferença de que E1 atribuiu a sete pessoas a

responsabilidade pelo Marketing da agência. As respostas dos dois funcionários

entrevistados na agência K foram convergentes, nas duas questões. Tanto ao

responder sobre a existência de um departamento ou pessoa responsável pelo

Marketing, quanto sobre a quantidade de pessoas nessa função.

Sobre como conheceram o Marketing de Guerrilha, os entrevistados

apontaram as seguintes respostas, como se vê no gráfico a seguir.

P3 – Como conheceu o Marketing de Guerrilha?

1 4

11

11

5

3

52 1

(A) Através de amigos (B) Cursos, Palestras, afins

(C) Escola / Faculdade (D) Internet

(E) Mídias tradicionais (TV, rádio, impresso) (F) Agência de Comunicação

(G) Mercado de Trabalho (H) Outros

NS/NR

ILUSTRAÇÃO 29 – Gráfico P3.

Page 117: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

116

Vimos que os entrevistados até possuem noção sobre o tema, mas tudo bem

superficial. Levando em consideração que a conceituação teórica desse tipo de

Marketing ainda é muito fragmentada e pouco embasada bibliograficamente,

compreendemos um dos possíveis motivos pelo qual os entrevistados não o

conceituaram de forma significativa. Nenhum mencionou o caráter transgressor do

Marketing de Guerrilha, muito menos suas implicações éticas. Poucos destacaram o

contato direto com o público, sua ousadia e criatividade. Na concepção dos

entrevistados, ele é apenas uma forma de Marketing alternativa, com ações

aplicadas no bellow the line e de custo mais baixo que a mídia tradicional. Abaixo,

destacamos algumas respostas dadas durante as entrevistas que exemplificam

nossas considerações:

H1 – “Voltado para o foco na concorrência, atingir diretamente a concorrência sem pensar o próprio conceito de comunicação e incomodar o concorrente. Afeta diretamente a concorrência”. K1 – “É complicado, ele é muito abrangente ao mesmo tempo em que é específico. Chega com força maior”. K2 – “Uma abordagem mais feroz, para que o cliente tenha uma resposta mais rápida. ‘Pegar no pulo’”. L1 – “Utiliza quando possui dois clientes do mesmo segmento, promove ações no media, associa com o Marketing direto. Contrata equipe de promoção, distribui brindes, atua junto do concorrente, invadindo seu espaço”.

O desconhecimento dos entrevistados em relação às ferramentas de guerrilha

foi visível no esforço que fizeram para se lembrar das mesmas, ou ainda, o

questionamento que faziam no momento de aplicação do questionário sobre “o que

é isso?”. Mesmo assim, 62% responderam que “sim”, sua agência já utilizou alguma

das ferramentas do Marketing de Guerrilha, enquanto os 38% restantes

responderam que “não”.

Page 118: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

117

Os 62% que responderam "sim" à pergunta anterior, i nformaram na P4.1 quais ferramentas foram utilizadas pela agênci a:

210

2

9

71111

6

1

111

(A) Astroturfing (B) Boca a boca (Buzz) (C) Emboscada (Ambush)

(D) Eventos / Patrocínios (E) Intervenção Urbana (F) Land Art

(G) Marketing invisível (H) Mídias alternativas (I) Performances (Flash mobs)

(J) PR Stunt (K) Viral (of-line/on-line) (L) Outras

ILUSTRAÇÃO 30 – Gráfico 4.1.

FONTE: Pesquisa de Campo.

As ferramentas mais “conhecidas” pela maioria são as mais próximas

realmente do que hoje em dia é considerado comum, como eventos e patrocínios,

mídias alternativas (um tanto quanto tímidas, por sinal), Marketing Viral (quase todos

on-line) e boca a boca (visto muito mais como uma finalidade, do que como

ferramenta). Cabe destacar que o entrevistado B2 aparenta extremo

desconhecimento das ferramentas ao afirmar que todas aquelas citadas, inclusive as

mais complexas como Land Art, já foram realizadas por sua agência. Apesar de não

ser impossível, dificilmente uma ação de grandes proporções como as do tipo Land

Art, passaria despercebida em Juiz de Fora e região. Alguns entrevistados

mencionaram ações de guerrilha praticadas na cidade, quase sempre destacando o

bom resultado obtido com as mesmas. O entrevistado A1 destacou uma ação na

qual uma banda cover dos Beatles tocou em cima do telhado de um prédio local, o

que ajudou na projeção de uma determinada marca. Já os entrevistados da agência

D enfatizaram uma campanha na qual além de utilizar o Marketing Viral, mídias

tradicionais e também alternativas, conseguiram promover o buzz Marketing através

de interação on-line e off-line com o público. Um entrevistado em especial

apresentou um relato que foge completamente ao conceito de guerrilha, o que

mostra o despreparo de sua agência em relação ao tema da pesquisa. Ele foi o

Page 119: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

118

único dentre 16 entrevistados a dizer que não ficou nada satisfeito com os

resultados alcançados. Segue o relato:

K2 – “Fizemos uma panfletagem em massa para o cliente ‘x’ e a experiência não teve o retorno esperado” Caroline – “Mas o que havia de guerrilha nessa panfletagem?” K2 – “Ela foi muito ‘agressiva’, era uma panfletagem com promoção e ofertas agressivas. Mas não deu nada certo, por isso, nós detestamos guerrilha”.

Infelizmente o entrevistado K2 e sua agência possuem pouco conhecimento

sobre o tema, pois, divulgar preço em panfletagem não é uma ferramenta de

guerrilha, a não ser que se utilizem recursos inusitados, impactantes, dentre outras

muitas formas de abordagem não convencionais, já comentadas no decorrer deste

trabalho. Além deste, tivemos outros relatos de experiências que não são

características do Marketing de Guerrilha, mas sim, do mix de Marketing

convencional, como promoções de venda, merchandising e outdoors.

Ao serem questionados sobre a solicitação dos clientes por ações

diferenciadas, 46% dos entrevistados responderam que já ocorreu. Mesmo assim,

quase todos (96%) afirmam que o empresariado local é conservador. Vimos que

essa afirmação tão enfática funciona como uma transferência de responsabilidade

pelo atual cenário local da propaganda para o empresariado. Os 4% que não

consideram o empresariado local conservador correspondem a apenas um

entrevistado (A1). Para ele, a ideia de conservadorismo está muito mais relacionada

à falta de coragem das agências em oferecer alternativas diferentes aos clientes, o

que poderia colaborar periodicamente com a premissa de tradicionalismo local. Os

demais, sempre ao responder esta questão, não se limitavam ao “sim”, mas

acresciam comentários como “muito”, “demais”, “extremamente conservador” e até

“exageradamente conservador”.

Quanto a não oferecer esse tipo de Marketing aos clientes, os 27% dos

entrevistados que não o fazem foram solicitados a explicar o motivo para tal atitude.

As respostas em geral envolveram o conservadorismo do empresariado local, o perfil

varejista dos clientes e a falta de retorno financeiro considerável para as agências.

Destacamos algumas abaixo, que representam bem essa postura:

Page 120: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

119

E2 – “Adequação. A maioria dos clientes é varejista e quer resultados imediatos. O Marketing de Guerrilha tem tempo de maturação, a TV também, mas um pouco menor”. E3 – “Econômico. Estas produções não trazem retorno para as agências, por isso não insistem”. G2 – “Perfil dos clientes, falta de oportunidade, falta de tempo para pensar numa ação diferente”. H1 – “Em função do mercado não estar preparado para receber, a gente não oferece. Preferimos ideias tradicionais que atendem para entrar em sintonia com o cliente”.

Quanto à existência de algum tipo de resistência ao Marketing de Guerrilha

(ou até mesmo resistência às ações mais diferenciadas, no media, etc.) por parte do

empresariado local, 84% dos entrevistados disseram que “sim”, consideram-no

resistente, enquanto 4% responderam que “não”. 12% não souberam responder.

Face à situação atual das mídias tradicionais, 23% dos entrevistados

acreditam que estas seriam mais eficientes que as estratégias de guerrilha,

enquanto 27% afirmam que “não”. 12% não souberam responder à questão,

enquanto a maioria, 38%, respondeu que “depende”. Qualquer campanha necessita

de um planejamento muito bem estruturado, que estabeleça quais caminhos seguir

mediante um objetivo determinado. É muito complicado afirmar que um tipo de mídia

seja mais assertivo que outro, sem diversas informações prévias. Desta forma,

vejamos as algumas das mais consideráveis ponderações feitas pelos entrevistados:

D1 – “A força, o impacto, abrangência, hábito de consumo. Acredito muito nas forças tradicionais, mas não só elas têm que ser também”. G2 – “Não acredito que uma mídia seja mais eficiente que a outra. Acredito em um bom conceito, criatividade e uma utilização eficaz das mídias que se enquadram no CASE”. J1 – “A mídia eficiente não é o meio, é como se comunica com o público-alvo, depende da estratégia”. K1 – “Em uma cidade maior funciona, em cidade pequena o foco é mais tradicional”. K2 – “Por já ter trabalhado com isso (mídias tradicionais), colhi melhores resultados, mas a agência horroriza esse nome (guerrilha)”. M2 – “Cada mídia tem sua peculiaridade. E cada campanha demanda um perfil de ação diferente. Muitas vezes, informar o maior número de pessoas da maneira mais rápida é mais simples através das mídias tradicionais”.

Cabe mais uma vez uma observação às respostas dos entrevistados da

agência K. Primeiramente, o entrevistado K1 generaliza as ações de acordo com o

Page 121: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

120

porte da cidade, já o entrevistado K2, ao afirmar que por terem falhado em uma

experiência anterior que eles consideravam guerrilha, e por “colherem melhores

resultados com as mídias tradicionais”, sua agência atualmente “horroriza” esse

nome.

Mais uma vez, o estigma sobre a postura conservadora do empresariado ficou

explícita, pois 92% dos entrevistados acreditam que os empresários de Juiz de Fora

pensam que as mídias tradicionais são mais eficientes que as estratégias de

guerrilha. Apenas dois entrevistados responderam diferentemente a esta questão. O

entrevistado B1 disse que não saberia respondê-la, ao passo que o entrevistado J1

respondeu que “não”. Vimos que o caráter transgressor do Marketing de Guerrilha é

pouquíssimo explorado, mas a maioria dos entrevistados soube falar a respeito dos

principais pontos positivos e negativos do Marketing de Guerrilha. As principais

respostas estão agrupadas nos dois gráficos que se seguem.

P10 – Liste objetivamente alguns aspectos positivos a respeito do Marketing de Guerrilha.

11

13

58

6

4

10

8 1

Baixo custo Inusitado / surpreendente

Alto impacto imediato Segmentado

Elementos mais criativos e bem humorados Contato direto / Corpo a corpo

Cria forte buzz, maior recall Gera mídia espontânea

Grande visibilidade

ILUSTRAÇÃO 31 – Gráfico P10: aspectos positivos.

Page 122: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

121

P10 – Liste objetivamente alguns aspectos negativos a respeito do Marketing de Guerrilha.

8

4

4612

8

4 2

Maior risco de dar errado

Pouco abrangente

Difícil execução (fornecedores/executores)

A mensagem pode ser mal interpretada (viés)

Modismo

Retorno financeiro/investimento é ruim

Encontra preconceito e resistência dos clientes/empresários/consumidores

Dificuldade de mensuração

Não se aplica a todos produtos/serviços.

ILUSTRAÇÃO 32 – Gráfico P10: aspectos negativos.

Quanto às atividades de atualização que os profissionais realizam, podemos

verificar que a Internet e as mídias tradicionais (no caso, muitos periódicos

especializados foram mencionados) ainda são a principal fonte de informação e

reciclagem dos mesmos.

P11 – O que você faz para se atualizar em relação à s novidades no ramo de publicidade e propaganda?

16

2223

10 3

(A) Cursos, oficinas, seminários, congressos, palestras e eventos afins

(B) Mídias tradicionais (TV, rádio, impresso)

(C) Acesso à internet, blogs, sites, redes sociais e afins

(D) Atividades ligadas à área acadêmica (especialização, pós-graduação, mestrado, doutorado)

(E) Outras

ILUSTRAÇÃO 33 – Gráfico P11.

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122

A aceitação do Marketing de Guerrilha por parte das agências é equilibrada.

Metade dos entrevistados acredita que “sim”, ele é bem aceito, ao passo que a outra

metade acredita que “não”. E em outra pergunta, um pouco mais da metade afirma

que o retorno financeiro desse tipo de Marketing pode ser um agravante na sua

exclusão, mas os entrevistados em geral, não demonstraram muita resistência ao

Marketing de Guerrilha. Vimos que a maioria das opiniões daqueles que pensam

que o Marketing de Guerrilha não é bem aceito pelas agências, inclui como motivos

o desconhecimento teórico e prático destas, a falta de atualização/reciclagem dos

profissionais (com ênfase nos sócios-proprietários), o receio de se obter baixo

retorno financeiro e, também, o receio em se oferecer algo diferente ao mercado.

Iremos expor uma “resposta extra”, do entrevistado A1, que respondeu que sim, as

agências aceitam o Marketing de Guerrilha:

A1 – “O Marketing de Guerrilha é sim bem aceito pelas agências em Juiz de

Fora, mas não é suficientemente aplicado e oferecido pelas mesmas”.

O entrevistado D3 foi o único que não manifestou opinião sobre o motivo pelo

qual as agências não aceitam muito bem este tipo de Marketing. Seguem então,

algumas explicações que sintetizam as respostas dos 12 entrevistados que não

vêem nas agências uma boa aceitação do Marketing de Guerrilha, com algumas

respostas surpreendentes, face a tudo o que já foi dito por eles anteriormente:

E2 – “Os donos das agências são profissionais que não se reciclam e principalmente não cobram pela criação como deveriam, portanto, dependem das comissões das grandes mídias”. H1 – “Pela dificuldade, tradicionalismo, a agência tem receio de chocar muito o cliente. As agências tinham que ter mais coragem para mudar”. I1 – “A cabeça do empresário, dono de agência em JF, é ganhar em comissão”. J2 – “Questão de restrição dos clientes, o cliente não dá liberdade para implantar”. L2 – “É mais fácil vender outras coisas e a agência vive de venda de mídia”. M2 – “Medo dos clientes”. M3 – “Falta de especialização. É muito trabalhoso e tiraria o foco da agência. Necessidade de empresas especializadas”.

Sobre a aceitação das ações de guerrilha pela população local, 77% dos

entrevistados acreditam que a população está sim preparada para isso. O intrigante

é que se analisarmos criticamente, quase 100% dos entrevistados alegou o

Page 124: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

123

conservadorismo do empresariado, ao passo que 46% respondeu que alguns

clientes já solicitaram ações com características de guerrilha e, agora, 77% diz que a

população local está preparada para ser atingida pelo Marketing de Guerrilha. Será

que a “culpa” pelo Marketing de Guerrilha ainda não ser tão praticado na cidade, ou

até mesmo pelo quadro conservador ser algo tão estabelecido por aqui, não estaria

um tanto quanto relacionada à responsabilidade das próprias agências? Os dois

entrevistados que acreditam que a população local não está preparada para ser

atingida pelas ações de guerrilha, alegaram os seguintes motivos:

B1 – “Ela ainda está conhecendo isso, adaptação”. H1 – “Em Juiz de Fora, o campo publicitário é pequeno quando comparado ao RJ, etc. Mas a população está caminhando para mudanças”.

É notável que ainda falta conhecimento (teórico e prático) aliado à segurança

de se realizar esse tipo de atividade (falta também mão-de-obra especializada, tanto

para criação de projetos quanto execução dos mesmos). Talvez, se mais cursos

e/ou eventos específicos fossem realizados, não somente junto às agências, mas

também junto à Câmara dos Dirigentes Lojistas, associações comerciais,

faculdades, dentre outras organizações, as pessoas poderiam se familiarizar com

essa nova proposta e, principalmente, ter coragem de agir em prol de mudanças

nessa cultura tradicional que tanto se menciona.

Quanto à valorização financeira das ações de guerrilha, os entrevistados

responderam o seguinte:

Page 125: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

124

P17 – Quanto ao preço cobrado pelas ações de guerri lha, normalmente se diz que é bem inferior ao das mídias tradicionais. O

que você pensa sobre isso e por quê?

46%

35%

19%0%

Concordo Concordo parcialmente Discordo NS/NR

ILUSTRAÇÃO 34 – Gráfico P17.

A maioria que concorda alega o custo por mil como principal motivo para o

baixo custo das ações de guerrilha, comparado ao das grandes mídias. Os que

concordam parcialmente consideram importante avaliar o tipo de ação, cliente e

produto. Para os que discordam, não necessariamente uma ação de guerrilha terá

um custo inferior a uma ação tradicional, pois são ações que demandam mais

conhecimento, tempo e pesquisa; consequentemente, isso seria mais valorizado. O

fator criativo deve ser mais levado em consideração, já que a comissão tradicional

não faz parte das ações de guerrilha.

Apesar de 42% dos entrevistados acreditarem que o retorno financeiro das

atividades de guerrilha não seja o principal motivo para as agências não o

oferecerem com frequência, percebemos que na maioria dos casos “o sustento”

ainda vem sob forma de comissão. E o setor de criação, como um todo,

independentemente de desenvolver algo mais inusitado ou convencional, é pouco

valorizado, ou seja, cobrar o preço que achariam “justo” pelas criações ainda não é

uma possibilidade. Os profissionais de criação foram mais que unânimes ao levantar

esta questão.

A penúltima questão objetivava descobrir qual a concepção de impacto o

tema “Marketing de Guerrilha” proporciona em uma escala de 1 a 10. O entrevistado

deveria escolher apenas uma nota que sintetizasse todo o conhecimento prévio que

Page 126: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

125

o mesmo possuía sobre o assunto. Mesmo com todas as adversidades encontradas

pela guerrilha, o resultado foi muito positivo, variando entre as notas oito, nove e

dez. Tivemos poucas notas sete e apenas uma nota cinco, que por sinal, foi dada

pelo entrevistado K2: “5 pra ficar na média, porque realmente não desenvolvemos a

ferramenta na agência por experiência mal sucedida”.

E para finalizar, a última questão comprova que a maioria (88%) dos

entrevistados acredita que o Marketing de Guerrilha deve ser sempre associado a

outras ações tradicionais.

Page 127: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

126

6 CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho pudemos conhecer uma das mais novas vertentes do

Marketing, nascida em função da supersaturação midiática. O Marketing de

Guerrilha ainda é incomum nas cidades de pequeno e médio porte, tendo destaque

principalmente nos grandes centros urbanos. Porém, com a globalização, a Internet

e a velocidade nas criações de novas mídias e tecnologias, extinguem-se as

fronteiras geográficas, facilitando a comunicação e interação entre os povos. Nesse

cenário, muitas tribos se formam constantemente agrupando indivíduos com

características e interesses em comum. A comunicação de massa, bem como as

tradicionais e “persuasivas” estratégias de Marketing, Publicidade e Propaganda,

suficientes para atingir cidades como Juiz de Fora, já não têm mais tanta eficiência

quanto antigamente.

Percebemos que esse é um caminho natural a ser seguido pelas civilizações

urbanas. Uma das mais valiosas qualidades do ser humano é justamente sua

capacidade surpreendente de adaptação às situações mais imprevisíveis. E na

Publicidade e Propaganda não poderia ser diferente, havendo um estímulo

constante a produzir com mais criatividade, originalidade e inovação.

Nesse sentindo, o Marketing de Guerrilha oferece vantagens importantes,

dentre elas, a flexibilidade. Nada é extremamente regrado, ou amarrado, pelo

contrário. Suas estratégias, ferramentas e ações são moldadas de acordo com o

público, e com as necessidades e objetivos específicos de cada cliente, permitindo

uma liberdade singular aos seus criadores e, também, certa mobilidade física e

atemporal, podendo ser aplicado hoje, no futuro, em nossa região, no Brasil ou no

exterior.

Em Juiz de Fora, o atual panorama do Marketing de Guerrilha pôde ser

analisado com a ajuda da pesquisa de campo e, apesar de muitas críticas à

utilização do tema escolhido para este trabalho, dos prós e contras constatados com

a pesquisa, o Marketing de Guerrilha tem tido uma aceitação cada vez melhor no

país e no mundo. Diversas agências especializadas surgem, inclusive, em Juiz de

Fora. Algumas ações de guerrilha já foram realizadas na cidade e empresas locais

especializadas nesse segmento estão abrindo as portas para o mercado. E isso

pode ser um importante passo para mudanças efetivas na região.

Page 128: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

127

Assim, após uma extensa pesquisa bibliográfica e in loco, podemos concluir

que a aceitação do Marketing de Guerrilha em Juiz de Fora está em fase de

desenvolvimento. Os profissionais necessitam de mais conhecimento para

consequentemente transmitir ao empresariado local mais segurança ao oferecer

esse tipo de serviço. A guerrilha deve ser utilizada quando se deseja envolver o

consumidor, fazendo com que ele vivencie uma experiência diferenciada e interativa.

E concluímos também que, preferencialmente, seu planejamento estratégico deve

estar alinhado a um conjunto de ações sinérgicas (360°) e dentro dos limites éticos

profissionais estabelecidos. É importante mencionar também que ao contrário de

“pseudo-afirmações” sobre a dificuldade de mensuração das ferramentas, vimos que

é perfeitamente possível medir o alcance das atividades. Seja pela repercussão

midiática espontânea, pelo número de pessoas que tomou conhecimento das

atividades, ou se a procura, os lucros ou vendas aumentaram e até mesmo

baseando-se nas movimentações das redes sociais on-line, dentre outras.

Nesse contexto, o Marketing de Guerrilha não é mais um simples modismo ou

alternativa qualquer para ser aceito por pequenas e médias empresas locais. Ele é

sem dúvida, uma oportunidade de se destacar diante de um mercado que já tem

apresentado as características de um verdadeiro campo de batalha, com exércitos

dos mais variados tamanhos. E por mais dificuldade de penetração que ele encontre

em Juiz de Fora, resta a cada um de nós, profissionais da área, a coragem de

enfrentar nossos próprios receios e a garra para jamais deixarmos de ir à luta! Pois

como disse o sábio Heráclito, já mencionado na epígrafe deste trabalho, “nada é

permanente, exceto a mudança”.

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128

REFERÊNCIAS

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APÊNDICES APÊNDICE A – Texto de apresentação e solicitação para colaborar com o TCC

Juiz de Fora, “mês” de 2009;

Eu, Caroline Farinazzo Oliveira, estudante do 8° pe ríodo noturno de Comunicação Social do

Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF), estou realizando uma pesquisa exploratória

para embasar o meu trabalho de conclusão de curso. O tema abordado diz respeito ao Marketing de

Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora.

Com o intuito de aplicar o questionário de pesquisa (modelo anexo) em todas as agências

locais de publicidade e propaganda, solicito sua autorização para fazê-lo também nesta empresa,

utilizando uma pequena amostra de seus funcionários.

As informações obtidas serão utilizadas exclusivamente na produção de trabalho acadêmico,

não sendo vendidas, bem como o sigilo pessoal de cada entrevistado será preservado.

Portanto, conto com seu apoio para dar prosseguimento ao trabalho.

Atenciosamente,

_______________________________________

Caroline Farinazzo Oliveira

RG: MG – 8.764.285

Eu, ___________________________________________, responsável pela agência

________________________________________, autorizo a estudante Caroline Farinazzo Oliveira

(RG: MG – 8.764.285), a realizar a pesquisa exploratória solicitada, para fins de trabalho acadêmico.

______________________________________ - _________________ - ____/____/______

Assinatura do responsável RG Data

Assinatura dos entrevistados:

1 - ________________________________________ RG: _________________

2 - ________________________________________ RG: _________________

3 - ________________________________________ RG: _________________

1ª VIA – Caroline Farinazzo Oliveira / 2ª VIA - Agê ncia

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APÊNDICE B – Modelo do questionário de pesquisa do TCC AGÊNCIA: DATA:___/___/___ IDADE: FUNÇÃO: SEXO: 21 Masculino 1 2 Feminino APRESENTAÇÃO AAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAA A Olá! Meu nome é Caroline, estou realizando uma pesquisa para auxiliar no meu trabalho de conclusão de curso. Posso contar com a sua colaboração?

1- SIM 2- NÃO Caso não, encerre a entrevista.

P1 – Você conhece o Marketing de Guerrilha?

1 – SIM 2 – NÃO Caso não, encerre a entrevista.

P2 - A agência possui um departamento de marketing o u uma pessoa responsável pela área de marketing?

1 – SIM (se SIM, quantas pessoas? ___________) 2 – NÃO 77 – NS/NR

P3 – Como conheceu o Marketing de Guerrilha? A Através de amigos E Mídias trad.(TV, rádio, impresso) B Cursos, Palestras, afins F Agência de Comunicação C Escola / Faculdade G Mercado de Trabalho D Internet H Outros

77 – NS/NR

P3.1 - Fale sobre o que você sabe a respeito do assu nto.

P4 – A agência já utilizou alguma das ferramentas do Marketing de Guerrilha?

1- SIM 2- NÃO (se NÃO, pule para a pergunta P5)

P4.1 – Quais?

Astroturfing Marketing invisível Boca a boca (Buzz) Mídias alternativas Emboscada (Ambush) Performances (Flash mobs) Eventos / Patrocínios PR Stunt Intervenção Urbana Viral (of-line/on-line) Land Art Outras

1- SIM 2- NÃO

P4.2 - Fale o que você sabe sobre essa (s) experiênc ia (s) e seu (s) resultado (s): ___________________________________________________________________________

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P5 – Algum cliente já solicitou algum tipo de ação c om características de guerrilha?

1 – SIM 2 – NÃO 77 – NS/NR

P6 – Você acha que o empresário de Juiz de Fora é con servador?

1 – SIM 2 – NÃO 77 – NS/NR

P6.1 – Mesmo assim, a agência normalmente oferece o Marketing de Guerrilha aos clientes?

1 – SIM (se SIM, pule para a P7) 2 – NÃO 77 – NS/NR (se NS/NR, pule para a P7)

P6.2 – Qual o motivo para não oferecer? (anotar o mo tivo) ___________________________________________________________________________

77- NS/NR P7 – Na sua concepção, você acredita que os empresár ios têm resistência ao Marketing de Guerrilha?

1 – SIM 2 – NÃO 77 – NS/NR

P8 – Você acredita que as mídias tradicionais, são ma is eficientes do que as estratégias do Marketing de Guerrilha?

1 – SIM 2 – NÃO 77 – NS/NR (se NS/NR, pule para a P9)

P8.1 - Qual o motivo para o(a) Sr.(a) acreditar nisso ? ___________________________________________________________________________

77 – NS/NR

P9 – Você acredita que os empresários de Juiz de Fora , pensam que as mídias tradicionais são mais eficientes do que as estratégias do Marketing de Gu errilha?

1 – SIM 2 – NÃO 77 – NS/NR

P10 – Liste objetivamente alguns aspectos positivos e negativos a respeito do Marketing de Guerrilha.

POSITIVOS NEGATIVOS

77 – NS/NR

P11 – O que você faz para se atualizar em relação às novidades no ramo de publicidade e propaganda? Cursos, oficinas, seminários, congressos, palestras e eventos afins Mídias tradicionais (TV, rádio, impresso) Acesso à Internet, blogs, sites, redes sociais e afins Atividades ligadas à área acadêmica (especialização, pós-graduação, mestrado,

doutorado) Outras

1 – SIM 2 - NÃO 77 – NS/NR

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139

P12 – Você acredita que o Marketing de Guerrilha (bem como suas ferramentas) é bem aceito em Juiz de Fora pelas agências de comunicação/publicidade e pr opaganda/marketing?

1 – SIM (se SIM, pule para a pergunta P13) 2 – NÃO 77 – NS/NR (se NS/NR, pule para a pergunta P13)

P12.1- Para você, qual o principal motivo do Marketi ng de Guerrilha ainda não ser tão aceito/explorado pelas agências em Juiz de Fora? ___________________________________________________________________________ P13 – Você acredita que a população local está prepar ada para ser atingida por ações de guerrilha?

1 – SIM (se SIM, pule para a P14) 2 – NÃO 77 – NS/NR (se NS/NR, pule para a P14)

P13.1 - Se NÃO, explique o porquê. ___________________________________________________________________________ P14 - Você já participou de algum curso ou evento que abordasse este tema?

1 – SIM 2 – NÃO (se NÃO, pule para a P15) 77 – NS/NR (se NS/NR, pule para a P15)

P14.1 – Diga onde aconteceu, quando aconteceu e se f icou satisfeito (a) ou não. Onde aconteceu:_______________________Quando (mês/ano):____/_____ Sim, fiquei satisfeito (a) Não. Não fiquei satisfeito (a)

1 – SIM 2 – NÃO 77 – NS/NR

P15 – Você acredita que este tema deveria ser conheci do/explorado em qual situação?

Ambiente das próprias agências Mercado de trabalho em geral Graduação

Especialização (Pós-graduação) Mestrado / Doutorado Mini-cursos esporádicos Grandes eventos como congressos, seminários, simpósios e afins. Outros

1 - SIM 2 - NÃO 77 – NS/NR

P16 – Em relação às grandes mídias, a agência conta c om alguma bonificação por volume além da comissão tradicional?

1 - SIM 2 - NÃO 77 – NS/NR

P17 – Quanto ao preço cobrado pelas ações de guerril ha, normalmente se diz que é bem inferior ao das mídias tradicionais. O que você pensa sobre isso e por quê?

1 – Concordo. Motivo:____________________________________________________ 2 – Concordo parcialmente. Motivo:____________________________________________________ 3 – Discordo. Motivo:____________________________________________________ 77 – NS/NR

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P18 – Você acha que o retorno financeiro do Marketing de Guerrilha pode ser um motivo para as agências não oferecerem esse tipo de serviço?

1 – SIM 2 – NÃO 77 – NS/NR

P19 – Considerando o seu conhecimento pessoal em rel ação ao marketing de guerrilha, qual o impacto que você diria que ele proporciona, em uma escala d e 1 a 10?

(escolha na escala abaixo a nota, e somente uma nota, que mais se aplica a cada item)

Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

77 – NS/NR (se NS/NR, pule para a P20)

P19.1 – Qual o motivo para dar esta nota? ___________________________________________________________________________ 77 – NS/NR P20 – Você acha que o Marketing de Guerrilha deve ser utilizado isoladamente, ou deve ser associado a outras ações de tradicionais? 1- SIM. Ele deve ser utilizado sozinho. 2- NÃO. Ele deve ser associado a outras ações. 77 – NS/NR

GRAU DE INSTRUÇÃO

A Analfabeto / Primário incompleto B Primário Completo / Ginasial Incompleto C Ginasial Completo / Colegial Incompleto D Colegial Completo / Superior Incompleto E Superior Completo F Especialização / Pós-Graduação G Mestrado F Doutorado

AGRADEÇA A ATENÇÃ OAAAAAAA AAAAA A

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APÊNDICE C – Gráficos e tabelas dos questionários aplicados

P1 – Você conhece o Marketing de Guerrilha?

100%

0%

Sim Não

P2 - A agência possui um departamento de marketing ou uma pessoa responsável pela área de marketing?

31%

69%

0%

Sim Não NS/SR

Os 31% que responderam "sim" à pergunta anterior, informaram o número de pessoas responsáveis pela área de marketi ng na

agência em que trabalham:

1 1

4

4

7

1 1

A2 B1 B2 D1 E1 K1 K2 NS/NR

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P3 – Como conheceu o Marketing de Guerrilha?

1 4

11

11

5

3

52 1

(A) Através de amigos (B) Cursos, Palestras, afins

(C) Escola / Faculdade (D) Internet

(E) Mídias tradicionais (TV, rádio, impresso) (F) Agência de Comunicação

(G) Mercado de Trabalho (H) Outros

NS/NR

P3.1 Fale o que você sabe a respeito do assunto.

A1 Ações que são aplicadas no Bellow the line, fora dos meios de massa e que surpreendem pelo ineditismo,

deslocamento, capacidade de mobilização.

A2 Ações Bellow the line, de baixo custo e alto impacto. A idéia da guerrilha são pequenos grupos que atacam

em pontos estratégicos. Desencadeia viral como consequência.

B1 Uma forma que complementa a mídia tradicional, mas é mais direcionada (segmentada).

B2 A idéia é, com um custo mais baixo, aplicar ferramentas que tenham retorno satisfatório em “vendas” e

divulgação de produtos e marca, fugindo das ações tradicionais.

C1 É uma novidade. É uma alternativa às mídias tradicionais, principalmente nos grandes centros onde as

mídias tradicionais são caríssimas.

D1 São ações no media/Bellow the line onde se usam táticas de guerrilha para expor seu produto/marca

normalmente a custos mais baixos que a mídia tradicional.

D2 Uma ação que mobiliza certo número de pessoas para causar impacto imediato sem mídias tradicionais.

D3 Basicamente é uma ação no media (90%), nova, no Brasil, em JF. É quando você usa meios não tradicionais

para comunicar sua mensagem, surpreendendo. A grande diferença é associar guerrilha ao viral.

E1 O marketing dito de guerrilha está muito mal conceituado, não há corpo teórico como há para outros

marketings. Ele é muito fragmentado, não há um corpo teórico. Tem que ser usado com muito cuidado e não

P3

Respostas

Como conheceu o marketing de guerrilha?

A1 D G1 C

A2 D G2 D,E

B1 B,C,E,G,G H1 C,F

B2 C,E,G I1 C,D

C1 D J1 D,E

D1 D,G J2 NS/NR

D2 C K1 C

D3 E K2 C

E1 C L1 B,D

E2 D L2 C,H

E3 A,D,G M1 C

F1 B,D,G M2 F

F2 H M3 B

Page 144: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

143

improvisar. Publicidade é um negócio que tem que dar lucro, através de instrumentos criativos.

E2 Tem como característica principal a desconfiguração da mídia tradicional. Se apropria do espaço urbano para

construir o canal de comunicação. A mensagem sai do two step flow, onde existe o receptor e transmissor da

mensagem padrão para abordar um diálogo induzido pelos signos dispostos no espaço urbano. Portanto, é

um marketing de envolvimento, o que pesquisas apontam como uma boa solução para aumentar o recall de

marca.

E3 Com o advento da Internet e a promoção de uma cultura de rede, viu-se a necessidade de se criar ações e

campanhas mais próximas dos consumidores, que sejam criativas, impactantes e que geralmente, viram

notícia em sites e blogs, além de vídeos no Youtube.

F1 Divulgação totalmente diferenciada, criado exatamente para sair da mídia tradicional e causar mais impacto

no público alvo.

F2 Nada!

G1 Ferramenta de impacto, ação que de repente (é planejada) simula a naturalidade.

G2 É uma estratégia de comunicação, geralmente de baixo custo, que utiliza mídias diferentes para atividades

de marketing de empresas pequenas, na maioria das vezes.

H1 Voltados para o foco na concorrência, atingir diretamente a concorrência sem pensar o próprio conceito de

comunicação e incomodar o concorrente. Afeta diretamente a concorrência.

I1 São ações de baixo custo comparadas às ações tradicionais, o objetivo é o contato corpo a corpo com o

consumidor. Mídia espontânea imediata, retorno a curto prazo.

J1 Forma de divulgação de marca/produto/serviço que não use meios convencionais, mas que também não é

alternativo. É interativo.

J2 Maneira diferenciada, ousada, pode ser mais acessível (depende da ação). Pode dar muito certo, gastando

pouco.

K1 É complicado, ele é muito abrangente ao mesmo tempo que é específico. Chega com força maior.

K2 Uma abordagem mais feroz, para que o cliente tenha uma resposta mais rápida. “Pegar no pulo”.

L1 Utiliza quando possui dois clientes do mesmo segmento, promove ações no media, associa com o marketing

direto. Contrata equipe de promoção, distribui brindes, atua junto do concorrente, invadindo seu espaço.

L2 Muitos pensam que é mídia no Youtube, interação com web, mas é uma ação diferenciada, que envolve

práticas do marketing tradicional e causa mais impacto a curto prazo.

M1 Tenho amplo conhecimento do assunto e busco estar me atualizando constantemente.

M2 O marketing de guerrilha é chamado assim porque as ações acontecem de forma inesperada, chamando a

atenção do target pela surpresa.

M3 São ações de baixo custo para chamar muita atenção. Inicialmente, eram utilizadas por pequenas empresas

(sem verba) para atacar as grandes, mas hoje são usadas também pelas grandes devido ao mercado

saturado de mídia.

Page 145: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

144

P4 – A agência já utilizou alguma das ferramentas d o Marketing de Guerrilha?

62%

38%

0%

Sim Não NS/SR

Os 62% que responderam "sim" à pergunta anterior, i nformaram na P4.1 quais ferramentas foram utilizadas pela agênci a:

210

2

9

71111

6

1

111

(A) Astroturfing (B) Boca a boca (Buzz) (C) Emboscada (Ambush)

(D) Eventos / Patrocínios (E) Intervenção Urbana (F) Land Art

(G) Marketing invisível (H) Mídias alternativas (I) Performances (Flash mobs)

(J) PR Stunt (K) Viral (of-line/on-line) (L) Outras

P4.1 Respostas

Quais ferramentas já foram utilizadas pela agência?

A1 B,D,H,I,K G1 -

A2 B,H,I G2 -

B1 B,D,H,K H1 -

B2 A,B,C,D,E,F,G,H,I,J,K,L I1 -

C1 D,H J1 E,H,K

D1 B,D,E,H,K J2 -

D2 B,D,H,I,K K1 -

D3 B,E,K K2 -

E1 A,B,D,E,I,K L1 C,H,I

E2 B,E L2 -

E3 B,E,H,K M1 -

F1 D,H,K M2 -

F2 D,K M3 -

Page 146: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

145

P4.2 Fale o que você sabe sobre essa (s) experiênci a (s) e seu (s) resultado (s):

A1 Beatles Forever no telhado da Arpel: resultado positivo de vendas no Natal, apesar de não ter m

planejamento para vendas, projetou a marca Arpel. Carreata da Sudeste: “Dopping” da Sudeste, potência.

Campanha resgate relâmpago: resgate seu carro zero.

A2 Seleção olímpica da Sudeste dopada, suspeita, etc. Pegação geral na sudeste, é a única que ta pegando

carro usado.

B1 Para Unimed muito Marketing de Guerrilha. Zzub, catálogo no cel.

B2 Exemplos como utilizar bola show com o tema da campanha em eventos dirigidos ao público-alvo em

questão gerou um bom resultado em uma campanha. Foi uma mídia 70% mais barata que a tradicional, e o

efeito foi ótimo, gerando bom retorno no ponto de venda do cliente.

C1 Blitz, point da cidade.

D1 Ação para a Rádio Cidade: enigma cidade: outdoors, mídias tradicionais, encarte tribuna, panfleto, MSN e

orkut, movimentação para gerar buzz. Direcionado para publicitários, email que roubaram documentos da

rádio cidade, vendendo informações do ibope. Vianna Júnior vestibular 2009, galera vestida de jogadores de

basquete para formar palavras.

D2 Experiências sempre positivas. Ações para o Vianna pessoas vestidas com a camisa que formavam o nome

vestibular 2009.

D3 Intervenção – grupo de teatro parado em frente a um outdoor. Extremamente positivo em todos os sentidos,

conceito, etc.

E1 Campanha “podia ser mais fácil”, foi bem positivo no target, pois foi pensado de forma planejada e tem

maturação.

E2 Foi utilizado para lançar a loja da Ipasoft. Campanha “podia ser mais fácil”. Foram produzidos tags, grafites,

cartazes colados aleatoriamente, divulgando um site de mesmo nome. No site havia um jogo online, mas em

nenhum momento se revelava o nome do cliente. O Marketing de Guerrilha teve um resultado morno, mas

depois de duas semanas colocamos 1° VT no ar, divul gando o mesmo site, o resultado foi bem maior. O VT

levantou as visitações do site em mais de 350%.

E3 São experiências de imersão que atingem um número restrito de pessoas, mas que pode desenvolver

relações subjetivas fortes entre o consumidor e o objetivo da ação.

F1 Nenhuma gera venda imediata e não alcança público em massa, mas são bem aceitas pelo P.A. e bem

direcionadas.

H1 Tentaram propor uma ação mais ousada para curso de pré-vestibular. Usar mídias alternativas, criar o

“mostro” do vestibular e os alunos iriam combatê-lo. Estender para ação viral com vídeos na Internet.

J1 Campanha pintar os bueiros (boca de lobo) para alertar a população. Viral de youtube HC Computer,

resultado, acesso mais de mil. Ação de guerrilha só agrega, não pode ser carro chefe de campanha.

K2 Para China em Box panfletagem, vídeo, a partir da experiência não teve retorno esperado, panfletagem com

promoção e ofertas agressivas.

L1 Ex: Center Car, Lelé e Lili começou a trabalhar com sapatos e eles fizeram abordagem nos bares diferente,

com modelos entregando rosas aos homens com cartão em forma de sapato.

Page 147: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

146

P5 – Algum cliente já solicitou algum tipo de ação com características de guerrilha?

46%

54%

0%

Sim Não NS/NR

P6 – Você acha que o empresário de Juiz de Fora é conservador?

96%

4%0%

Sim Não NS/NR

P6.1 – Mesmo assim, a agência normalmente oferece o Marketing de Guerrilha aos clientes?

73%

27%

0%

Sim Não NS/NR

Page 148: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

147

P6.2 Qual o motivo para não oferecer? (anotar o mot ivo)

C1 Conservadorismo do empresário.

E2 Adequação. A maioria dos clientes é varejista e quer resultados imediatos. O Marketing de Guerrilha tem tempo

de maturação, TV também mas um pouco menor.

E3 Econômico. Estas produções não trazem retorno para as agências, por isso não insistem.

G2 Perfil dos clientes, falta de oportunidade, falta de tempo para pensar numa ação diferente.

H1 Em função do mercado não estar preparado para receber, a gente não oferece. Preferimos idéias tradicionais

que atendem para entrar em sintonia com o cliente.

I1 Guerrilha em si não devido ao perfil e ao mercado dos clientes.

K2 Porque tem outras idéias, que o marketing de guerrilha fica em sétimo plano, outros meios de comunicação.

P7 – Na sua concepção, você acredita que os empresários têm resistência ao Marketing de Guerril ha?

84%

4%12%

Sim Não NS/NR

P8 – Você acredita que as mídias tradicionais, são mais eficientes do que as estratégias do Marketing de

Guerrilha?

23%

27%38%

12%

Sim Não Depende NS/NR

Page 149: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

148

P8.1 Qual o motivo para o (a) Sr. (a) acreditar nis so?

A1 Depende da situação, do produto.

A2 Tudo depende de planejamento.

B1 Depende muito da campanha, mas as mídias tradicionais estão muito defasadas.

B2 Acredito que elas se completam.

C1 Cada caso é um caso.

D1 A força, impacto, abrangência, hábito de consumo. Acredito muito nas forças tradicionais, mas não só

elas, tem que ser também.

D2 Depende, às vezes varia por cliente. Também porque não é pra todo mundo. Adequar ao cliente.

E2 Depende, a escolha de uma ou outra tem a ver com a adequação do produto anunciado. Inclusive, o

mktg de guerrilha e a mídia tradicional podem se completar, no uso em uma campanha abrangente.

E3 Depende do objetivo e do planejamento da campanha.

F1 Por enquanto sim, pela pouca experiência, não podemos dizer que ele é mais eficiente.

F2 Depende da mídia alternativa, do p.a. e do $ para investir.

G1 Acho que as mídias tradicionais são muito comuns, é difícil se destacar na saturação.

G2 Não acredito que uma mídia seja mais eficiente que a outra. Acredito em um bom conceito, criatividade

e uma utilização eficar das mídias que se enquadram no CASE.

H1 Hoje em dia as mídias tradicionais já são procuradas por todo mundo. As mídias tradicionais tem alto

preço, estão saturadas. A guerrilha tem custo x benefício maior.

I1 Depende do objetivo da campanha/ação a guerrilha é mais uma ação de apoio, complementar, e não

sozinha.

J1 A mídia eficiente não é o meio, é como se comunica com o público-alvo, depende da estratégia.

J2 Depende do objetivo da empresa, p.a., série de fatores, etc.

K1 Em uma cidade maior funciona, em cidade pequena o foco é mais tradicional.

K2 Por já ter trabalhado com isso, colhi melhores resultados, mas a agência horroriza esse nome.

L1 Pelo contrário. Quando se tem contato direto com o cliente a receptividade do público é maior.

L2 Tem que ter crossmedia (360°).

M1 Depende do resultado que se busca atingir.

M2 Cada mídia tem sua peculiaridade. E cada campana demanda um perfil de ação diferente. Muitas vezes,

informar o maior número de pessoas da maneira mais rápida é mais simples através das mídias

tradicionais.

M3 Abrangência.

Page 150: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

149

P10 – Liste objetivamente alguns aspectos positivos a respeito do Marketing de Guerrilha.

11

13

58

6

4

10

8 1

Baixo custo Inusitado / surpreendente

Alto impacto imediato Segmentado

Elementos mais criativos e bem humorados Contato direto / Corpo a corpo

Cria forte buzz, maior recall Gera mídia espontânea

Grande visibilidade

P10 – Liste objetivamente alguns aspectos negativos a respeito do Marketing de Guerrilha.

8

4

4612

8

4 2

Maior risco de dar errado

Pouco abrangente

Difícil execução (fornecedores/executores)

A mensagem pode ser mal interpretada (viés)

Modismo

Retorno financeiro/investimento é ruim

Encontra preconceito e resistência dos clientes/empresários/consumidores

Dificuldade de mensuração

Não se aplica a todos produtos/serviços.

Page 151: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

150

P11 – O que você faz para se atualizar em relação à s novidades no ramo de publicidade e propaganda?

16

2223

10 3

(A) Cursos, oficinas, seminários, congressos, palestras e eventos afins

(B) Mídias tradicionais (TV, rádio, impresso)

(C) Acesso à internet, blogs, sites, redes sociais e afins

(D) Atividades ligadas à área acadêmica (especialização, pós-graduação, mestrado, doutorado)

(E) Outras

P11 Respostas O que você faz para se atualizar em r elação às novidades no ramo da

publicidade e propaganda?

A1 B,C G1 A,B,D

A2 B,C,D G2 A,B,C,D

B1 B,C,E H1 B,C

B2 A,B,C,E I1 A,B,C

C1 B,C J1 B,E

D1 A,C J2 B,C

D2 A,B,C,D K1 A,B,C,D

D3 A,B,C K2 B,C

E1 A,B,C,D L1 A,B,C

E2 C L2 A,B,C,D

E3 C,D M1 A,B,C,D

F1 A,B,C M2 A,B,C

F2 A M3 A,B,C,D

P12 – Você acredita que o Marketing de Guerrilha (b em como suas ferramentas) é bem aceito em Juiz de Fora pelas agê ncias de

comunicação/publicidade e propaganda/marketing?

50%50%

0%

Sim Não NS/NR

Page 152: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

151

P12.1 Para você, qual o principal motivo para o Marketing de Guerrilha ainda não ser tão aceito/explorado

pelas agências em Juiz de Fora?

E1 Desconhecimento.

E2 Porque os donos das agências são profissionais que não se reciclam e principalmente não cobram pela

criação como deveria, portanto, dependem das comissões das grandes mídias.

E3 Porque o atendimento não conhece bem e não há um retorno estabelecido.

F1 Falta de experiência e falta de conhecimento.

F2 Tradicionalismo, ou falta de conhecimento.

G2 Falta de conhecimento e talvez BV.

H1 Pela dificuldade, tradicionalismo, a agência tem receio de chocar muito o cliente,. As agências tinham que ter

mais coragem para mudar.

I1 A cabeça do empresário dono de agência em JF é ganhar em comissão.

J2 Questão de restrição dos clientes, o cliente não dá liberdade para implantar.

K1 Retorno financeiro / investimento, o povo não tem verba.

L1 Ainda em fase de expansão. Questão de comissão dos veículos, crescimento do mercado, falta de

capacitação profissional.

L2 É mais fácil vender outras coisas e a agência vive de venda de mídia.

M2 Medo dos clientes.

M3 Falta de especialização, é muito trabalhoso e tiraria o foco da agência. Necessidade de empresas

especializadas.

P13 – Você acredita que a população local está prep arada para ser atingida por ações de guerrilha?

77%

8%

15%

Sim Não NS/NR

Page 153: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

152

P13.1 Se não, explique o porquê.

B1 Ela ainda está conhecendo isso, adaptação.

H1 Em Juiz de Fora, o campo publicitário é pequeno quando comparado ao RJ, etc. Mas a população está

caminhando para mudanças.

P14 - Você já participou de algum curso ou evento q ue abordasse este tema?

62%

38%

0%

Sim Não NS/NR

P15 – Você acredita que este tema deveria ser conhecido/explorado em qual situação?

19

14

231311

19

206

(A) Ambiente das próprias agências

(B) Mercado de trabalho em geral

(C) Graduação

(D) Especialização / Pós-graduação

(E) Mestrado / Doutorado

(F) Mini-cursos esporádicos

(G) Grandes eventos como congressos, seminários, simpósios e afins

(H) Outros

Page 154: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

153

P15

Respostas

Você acredita que esse tema deveria ser conhecido/e xplorado em qual

situação?

A1 A,B,C,D,E,F,G,H G1 A,C

A2 A,F,G G2 A,B,C,D,F,G

B1 C,G H1 A,C,D,E,F

B2 A,B,C,D,E,F,G I1 A,C,H

C1 A,B,C,F J1 C,G

D1 A,B,C,D,E,F,G,H J2 A,B,C,D,E,F,G,H

D2 A,B,C,D,E,F,G,H K1 B,F,G

D3 A,C,D,E,F,G K2 B

E1 B,C,D,F,G L1 C,F,G

E2 C,D,F,G,H L2 A,C,E,G

E3 A,B,C,D,E,F,G M1 A,B,C,D,E,F,G

F1 A,B,C,F,G M2 A,B,C,F,G

F2 A,C M3 A,C,D,E,F,G

P16 – Em relação às grandes mídias, a agência conta com alguma bonificação por volume além da comissão tradicional ?

31%

69%

0%

Sim Não NS/NR

P17 – Quanto ao preço cobrado pelas ações de guerri lha, normalmente se diz que é bem inferior ao das mídias tradicionais. O

que você pensa sobre isso e por quê?

46%

35%

19%0%

Concordo Concordo parcialmente Discordo NS/NR

Page 155: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

154

P18 – Você acha que o retorno financeiro do Marketi ng de Guerrilha pode ser um motivo para as agências não oferecerem esse tipo de

serviço?

58%

42%

0%

Sim Não NS/NR

P19 – Considerando o seu conhecimento pessoal em re lação ao marketing de guerrilha, qual o impacto que você dir ia que ele

proporciona, em uma escala de 1 a 10?

15%

12%

46%

15%4%

4%4%

0%

Ótimo 10 Ótimo 9 Bom 8 Bom 7 Regular 6 Regular 5 Ruim 4

Ruim 3 Péssimo 2 Péssimo 1 NS/NR

P19.1 Qual o motivo para dar esta nota?

A1 Se for bem feito.

A2 Ainda não temos conhecimento sobre o retorno e também não é uma mídia auto-suficiente, depende do

crossmedia.

B1 A ação tem que ser muito bem feita pra ser 10.

B2 Esta ação deve completar a campanha.

C1 Bem feitinho.

D1 Porque o buzz gerado é incomparável.

D2 Características boas.

D3 Pelo ineditismo em geral.

E1 Por causa dos pontos negativos que não são contemplados, pertinência, improviso.

Page 156: Monografia Caroline Farinazzo O Marketing de Guerrilha e sua aceitação em Juiz de Fora

155

E2 Se bem feito.

E3 Porque a sociedade e o indivíduo necessitam de interagir com produtos e marcas e a guerrilha é a

alternativa lúdica para isso.

F1 Pela experiência, falta de contato.

F2 Não sei responder.

G1 Pela experiência.

G2 Quando bem executado apresenta resultados muito maiores e mais impactantes por ser diferente do

tradicional.

H1 Pela questão do inusitado, ousado, diferente, sobressai, atrai mais atenção. Se a mensagem for correta, o

resultado é melhor. A grande questão é ter uma sacada certa. Ele ta próximo do ideal em termos de

resultados esperados e distante do meio.

I1 Porque depende da ação.

J1 Quando dá certo.

J2 Não é 100%, as pessoas podem até gostar, mas não ter resultado para a empresa.

K1 7 em JF, 10 em cidades maiores porque as pessoas têm mais preparo.

K2 5 pra ficar na média, porque realmente não desenvolve a ferramenta na agência por experiência mal

sucedida.

L1 Por causa da proximidade com o público, o retorno é mais fácil.

L2 Nenhuma ação ainda consegue atingir todo o PA em cheio.

M1 Acredito neste tipo de estratégia.

M2 No caso de JF, em que há pouquíssimas ações do tipo, o buzz gerado pode proporcionar excelentes

resultados para o cliente.

M3 Se não gerar mídia espontânea, o impacto é baixo.