monografia apresentada para obtenc;ao do de pesquisa e...
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YARA PATRicIA BONA ZOMER
o SIMBOLISMO E 0 FAZ DE CONTA NA EDUCA9Ao INFANTIL
Monografia apresentada para obtenc;ao dotitulo de Especlalizayao no Curso de Pos-graduayao em Psicopedagogia - Centrode Pesquisa e Extensao da UniversidadeTuiuti do Parana.
Orientadora: Laura Bianca Monti.
CURITIBA
2001
SUMARIO
RESUMO ..
INTRODU9AO ..
EVOLU9AO HISTORICA DO LUDICO ..
..... v
. 01
....03
1. 1. A Importancia dos Brinquedos e Jogos na Educagiio Infanti!..
2 RELA9AO LUDICO - EDUCA9AO ....
..07
...16
3 A EDUCA9AO INFANTIL. . . 21
3.1. A crianga no contexto pre-escolar.. . 26
3.2 Professor fonte-integradora... . 27
3.3. Pre-Escola . Educagiio Global e Dinamica . . 28
4 0 TRABALHO LUDICO NA EDUCA9AO INFANTIL.. ...35
4.1. 0 papel do professor .42
CONCLUSAO ..
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ..
. .44
. 46
iv
RESUMO
Esta monografia objetiva enfocar a trabalho pSicopedagogico com atividadesludicas na educa,ao infantii. A importancia do uso do brinquedo, jogos ebrincadeiras como elementos constituintes da pratica pedagogica no ensina daeduc89ao infantil A metodologia pro posta permeada par significativos pressupostoste6ricos permitiu revelar dados que enfatizam 0 aspecto ludico que S8 insere no atode brincar tanto ambiente escolar como nos processos de atendimento individuaLDevida a ampla riqueza dos brinquedos e dos jogos, conclui-se que eles constituem-S8 em recursos que ampliam a universo de experiencias da crian98, colaborandopara a com preen sao dos conteudos e enriquecendo 0 processo ensino-aprendizagem em toda a sua amplitude.
INTRODU<;:iio
A crian<;8, antes da escrita formal, ja representa graficamente a realidade
atraves do desenho. A escrita, por sua vez, impliea executar a narrativa utilizando
tetras em vez de imagens. Para a crianc;a, a tarefa de transposi.yao de significadas
de urna forma a Qutra de representac;ao - da imagem a letra - e urn processo
intrinsecamente ligado ao processo de alfabetiz8.y.30.
A educ8yao infantil deveria ser caracterizada , especialmente pela presenc;a
do hidieD que conquista cada vez mais seu espac;:o na pratica pedagogica.
o ludico consiste numa alternativa de oferecer a crianc;a a oportunidade e a
liberdade de ser criativa sem meda, experimentando a alegria da interar;:8o com
Qutras crianc;as.
Atraves de atividades ludicas e possivel estimular 0 desenvolvimento das
habilidades basicas da crian<;a de a a 6 anos, indispensaveis a uma boa
alfabeliza,iio.
Dentre as estrategias que a criant;a utiliza para construir seu conhecimento na
inf~lncia destaca-se, par sua importancia e frequencia , a jogo. E ele acompanhara,
em suas modalidades distintas, as mudanyas de motivayao e incentivo a ayao de
cada periodo de desenvolvimento da crian,a. 0 jogo e, tambem, a estrategia que
ela utiliza para separar 0 significado do objeto, condiyEio necessaria para poder
aprender a linguagem escrita e leitura, posteriormente.
Para melhor compreensiio do lema: 0 trabalho psicopedag6gico enfocando
atividades ludicas, a monografia sera dividida em quatro capitulos:
1° capitulo: Apresentara a trajetoria e evolugEio do Ludico e a importancia dos
jogos e brinquedos na educ8gElo infantil.
2' capitulo: Enfocani a rela<;ao ludico-educa<;ao.
3° capitulo: Caracterizara a educagEio infantil, enfocando tambem a pre-escola.
4° capitulo: Apresentara a proposta pedagogica, au seja, a intervengEia
pSicopedagogica, utilizando-se de tecnicas ludicas na educagEia infantil.
EVOLU<;:Ao HISTORICA DO LODICO
De acordo com HUIZINGA (1990) "A civilizagiio tem suas raizes no jogo, e
para atingir toda a plenitude de sua dignidade e 8stilo nao pode deixar de levar em
conta 0 elemento ludico". Sendo 0 brinquedo uma das formas ludicas mais utilizadas
para satisfazer uma das necessidades da vida social, recorremos a OLIVEIRA para
urn esclarecimento melhor, quanta a sua expressividade para 0 mundo infantil e para
a propria produ98.0cultural, dentro de urn momento historico.
OLIVEIRA et al (1998) recorre a Remise e Fondim que dizem 0 seguinte:
De um lado, explicam eles, as fun90es de S8 ocupar, S8 divertir, de
despender energias; do Qutro, colocam-se aquelas de S8 projet8r para 0 futuro, de
S8 enriquecer pela participa98.0 mais intensa passive I na vida dos homens,
atribuindo-Ihes a ilusao de partilhar de suas tarefas, seus perigos, suas gl6rias,seus
prazeres. Em razao da existemcia dessa necessidade imperiosa que as crianc;:as
experimentam de imitar os adultos, os brinquedos nunca deixaram de ser, em uma
pequena medida, criac;6es originais construidas especificamente para a infancia. Os
brinquedos aparecem como testemunhos modestos, sem duvida alguma, mas
irrefutaveis dos modos, dos gostos, das realizac;:6es e das guerras de cada epoca.
Conforme HUIZINGA, (1990, p. 25) 0 jogo desenvolveu-se Ii sombra da testa
religiosa, de culto e dos rituais. Era a sombra dos tempi os que os jogos helemicos se
realizavam, longe de interesses politicos, econ6micos e da influencia dos govern os.
Eles nasceram e se desenvolveram sob a dinamica do culto, proximo a arte, a
poesia e a musica.
Foi a jogo a arrebatamento ludico natural do ser humano, que deu
oportunidade ao aparecimento do ritual religioso. Ou seja, a que era desprovido de
um alem, de um projetar -se para fora, a que era apenas ludico, transformou-se
gradualmente em representagao c6srnica, em representa9ao de for9as
sobrenaturais, em manifestagao divina.
ROSAMILHA (1979, p. 10) relata em seu livro que no inicio da era crista, em
meados de seculo I, encontravam-se nas cidades gregas, como Eferso, edificios
com verdadeiros Wauditorium", salas em forma de absides semicirculares, ou entao
com patios interne circundados por colunas. Essas localidades eram chamadas
pelos gregos de "schole", quer no latim romano gerou "schola", antecessora de
nossa uescola" uSchole" significa tempo livre e entretenimento. Tempo livre a
oportunidade, que e sin6nimo de liberdade e que permite escolha. Rosamilha
citando Marrou, diz 0 seguinte: "Na escola primaria da apoca helenistica, a crian9a
aprendia a leitura a partir de letras, sem preocupayao com 0 valor fonetico e da;
passava-se lentamente para a silaba, as palavras e as frase". As dificuldades eram
tantas que alguns recursos foram criados pelos romanos para facilitar a
aprendizagem. Segundo Marrou, os pedagogos latinos far-nas-ao conhecer
inovag6es de carater mais praticos: letras m6veis feitas de madeira, ubolos
alfabeticos". Ja nesta apoca, havia preocupagao dos pedagogas e facilitar a
aprendizagem, criando uma forma atraente de representar as letras para a estudo
das palavras e frases. As criangas dessa epoca naa se fornecia significa9ao para
aprendizagem da leitura e da escrita, a nao ser a que era importante para os
pr6prios adultos. A educagao, nas classes mais abastadas de Pompaia, era confiada
a um pedagogo au a uma arne. E assim comegava a aprendizagem da lingua: a
grega e a latina. Como nos dias de hoje, a disciplina era imposta. Par outro lacto, 0
pompeano valorizava 0 desenvolvimento harmonioso de todo 0 corpo e, assim, 0
ocio, 0 lazer,eram uma mescla de sabias conversa.yoes e de repouso, em que a
cultura tinha um lugar importante.
Para a mesmo autor, a crian.ya grega, como a ocidental moderna, entra no
mundo da musica com as cantigas de acalanto; na literatura, com as contos de
amas-de-Ieites, cujas fabulas inciuem personagens, animais, bruxas, figuras
temlveis, mitos e lendas.
Rosamilha, em seu livro PSicologia do Jogo e Aprendizagem Infantil, faz urn
estudo da visao historica do ludico desde 0 cristianismo primitiv~ ate 0 seculo XX,
mostrando a evolu.yao e importancia do jogo nas diversas culturas.
Ele procurou mostrar, contudo, que, no encontro de culturas, embora 0 mais
forte em termos materiais passa a predominar e irradiar-se da outra, desta recebera
tambem certa influencia.
Para PIAGET (1975, P. 31) os jogos motores estao presentes nos animais e
vai-se mais alem na demonstra.y8:o da presen.ya do jogo simbalico como no
chimpanze, referindo-se a comportamentos tipicos de sse animal.
Buytenddjig apud BARRETO (1998) com referencia aos animais, observando
o jogo como forma de comportamento, salienta a existencia de urn significado
contido na manuten.y8o de suas rela.yoes com 0 ambiente vi vi do. Ainda nesta teoria,
BRUHNS et al (1986) explicam que e discutida a ausencia na vida animal da
imitagao ludica, do "faz-de-conta" dos jogos de ilusao e daqueles com regras.
Na concep<;8o piagentiana, as jogos consistem numa simples assimila.y8o
funcionaJ, um exercicic das 8<;oes individuais ja aprendidas. Para Piaget, os jogos
geram sentimentos de prazer, tanto pela a.y80 Judica em si, quanto pelo dominic
destas agoes.
Portanto, para PIAGET (1975, p. 144) certos jogos nao sup6em, qualquer
tecnica particular: simples exercicios; poem em 8980 urn conjunto variado de
condutas, mas sem modificar respectivas estruturas, tal como S8 apresentam no
estado de adaptac;ao atual.
Logo, samente a funyao diferencia esses jogos, que exercitam prazer do
funcionamento. Por exemplo, quando 0 sujeito pula um riacho pelo prazer de saltar e
volta ao ponto de partida para recome9ar, etc, executa as mesmos movimentos que
S8 saltasse par necessidade de passar para a Qutra margem; mas fa-Io par mera
divertimento e naD par necessidade, DU para aprender urna nova conduta. Pelo
contrario, quando a sujeito faz de conta que come urna folha verde que ele qualifiea
de espinafre, temos 818m do esbogo sens6ria motor da 8980 de jantar, urna
evoc8C;;30 simb61ica caracterizando uma estrutura diferente da imagem
representativa adaptada, porque ele procede por assimila9ao deformante e nao
generalizadora. Do mesmo modo, a regra do jogo nao e uma simples regra inspirada
na vida normal - juddica mas uma regra especial mente construida em fun9ao do
jogo, embora possa conduzir a valores que 0 ultrapassam. Exercfcios, simbolo e
regra, parecem ser as tres fases sucessivas que caracterizam as grandes classes de
jog os, do ponto de vista de suas estruturas menta is.
Para PIAGET, (1975, p. 133) 0 jogo e essencialmente uma forma de
assimila9aO funcional ou reprodutiva. No jogo simb6lico, ele viu a existencia de uma
verdade subjetiva.
Jogo de imagina9EIo constitui, para ele, uma transposi9ao simb61ica que
submete as coisas a atividades pr6prias, sem regras au limita90es. Segundo
BARRETO (1998, p. 97) 0 jogo e defendido como 0 inicio de uma resposta que eintrinsecamente recompensadora para 0 individuo. 0 processo em Sl mesmo
que jogo pode ser melhor descrito pela intenl'ao do "jogador" e tambem uti I para
circunscrever observac;:oes de que certos aspectos do trabalho pod em,
freqOentemente, ser "Iudicos" e que 0 jogo freqOentemente pareC;:8 uma ocupac;:.3o
Guts Muts (ROSAMILHA, 1979, p. 12) faz a seguinte cital'ao:
Os jogos sao urn detalhe importante, pois em todos os tempos, e entre todos
as PovQs,tem constituido para 0$ jovens e para as velhos urn elemento
indispensavel de alegria e de recuperayao. Sao necessidades tao importantes como
a satisfaC;:8o das atividades digestivas e intelectuais, par isse estaa disseminados par
todo a globo terrestre.
Embora nao exista urn consenso entre as varios autores que estudam a jogo,
a maieria 0 considera importante na vida do homem, contribuindo nas diversas
etapas de evoluC;:80da vida. Seria muito born que 0 periodo da infancia continua sse
a ser 0 dominio do ludico, do brinquedo, dos jogos. Mas, na reaHdade, 0 que ocorre
e que ate mesmo para a crianr;:a, as atividades ludicas vem sendo, cada vez mais
precocemente subtraidas do cotidiano.
1.1. A IMPORTANCIA DOS BRINQUEDOS E JOGOS NA EDUCAyiiO INFANTIL
o brinquedo e/ou brincar envolve 0 desenvolvimento do indivfduQ como um
todo, onde a inteligencia, 0 corpo e a afetividade se integram.
Oesde pequena, a crianya deve ser estimulada, au seja e importante permitir
que a crianc;a se movimente ( engatinhar, andar, subir, etc. ) favorecendo seu
desenvolvimento motor global e especifico e tambem proporcionara condic;6es para
a expressao emocional .
Atraves da brincadeira, respeitando as etapas do desenvolvimento e
necessidade da crianc;a podemos fornecer condic;6es para que ela desenvolva
conhecimento de esquema-corporal, orientac;ao espac;o-temporal.
As brincadeiras devem proporeionar eondi96es para que a erian9a se
eonseientize de seus atos
Existe muita confusao a respeito dos termos brinquedo, brincadeira, jogo e
esporte. As definic;6es dessas palavras em nossa lingua pouco as diferenciam.
Brincadeira, brinquedo e jogo signifieam a me sma cOisa, exeeto que 0 jogo impliea a
existeneia de regras e de perdedores e ganhadores quando de sua pratica, Tambem
esporte e jogo representam quase a mesma coisa, apesar de esporte ter mais aver
com uma pratica sistematica.
Ha Ifnguas em que palavras distintas servem para designar brinquedo e
jogo. Na lingua portuguesa, mesmo em se podendo observar diferenc;as na pratica
dessas atividades, faltam term os especificos para elas. E por isso as livros a
respeito de sse assunto referem-se as vezes a jogo e outras a brinquedo, para
designar a mesma coisa, ou, ao contra rio, para atividades que parecem diferentes,
usam apenas jogo ou apenas brinquedo.
Em suas pesquisas sobre 0 desenvolvimento da inteligencia e a genese do
conhecimento, Piaget verificou que as jogos ou brinquedos podem ser de tres tipos:
de exercicio, de simbolo e de regra, que nao sao necessaria mente excludentes.
9
"Quando alguem realiza, sem necessidade, um ato ja conhecido, deveestar fazendo-o por prazer - 0 prazer que 0 saber-fazer confere.Observando criancinhas que ainda nao apresentavam a linguagemverbal, Piaget observou que elas repetiam gestos ja aprendidos, emsituac;oes em que seu usa nao era necessario, par puro prazer, comoque para exercitar 0 gesto aprendido de forma a nao desaprende-Io.Nesse caSD, caracteriza-se uma conduta Judica, umjogo. Se essa 8980e circunscrita aD ata corporal, chamamos a isso de jogo de exercicio.Nao e uma conduta exclusiva desle ou daquele periodo de vida, masuma a,ao evidenle e a unica forma de logo possivel para as crian,asdo periodo sensorio-molor, isla e, as que ainda nao eslruluraram asrepresentaq6es mentais que caracterizam 0 pensamento. Para Piagel,a jogo de exercicio "nao tern Dutra fina/idade que nao 0 proprio prazerdo funcionamenlo" (PIAGET,1977,p. 39).
o jogo simb6lico, ao contrario do primeiro, nao teria esses limites funcionais:
al9m de exercer papel semelhante ao do j090 de exerdcio, acrescenta urn espa90
ende S8 podem resolver conflitos e realizar desejos que nao foram possiveis em
situa90es nao-ludicas. Ou seja, no jogo simb61ico pode-se fazer-de-conta aquilo que
na realidacte nao foi possivel.
Alem daquilo que e amplamente discutido por Piaget quanto ao jogo de
exercicio, acrescentariamos outros elementos. Nao se pode negar ao lactente
elementos de afetividade ou cogni9ao, por exemplo. A expressao afetiva de uma
crianc;a, antes da linguagem, e 0 gesto corporal. Como e que se resolveriam os
conflitos de ordem afetiva nessa crian9a ? Ficariam adiados para quando chegasse
a fase dos simbolos? Ou sera que, no espaC;o do jogo do exercicio, as repetic;oes
motoras, aparentemente sem outras func;oes que nao a de proporcionar prazer, nao
exerceriam papel semelhante ao descrito por Piaget no jogo simb6lico? Alem do
mais, 0 pr6prio Piaget nao desconsidera a afetividade da prime ira forma de jogo, ja
que ser refere a questao do prazer, mesmo que funcional.
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Assim, como todas as formas de jogo aparecem, com maior au menor
predominancia, em todos as perioctos de vida, tambem as fungoes dos jogos sao
semelhantes em qualquer urna delas. De fata, 0 joga de exercicio ja apresenta
indicios do jogo simb6lieD, assim como ambos apresentam regularidades que
marcam 0 nascimento das regras.
A terceira categoria considerada, a do jogo de regras, surge, de forma
estruturada, em ultimo lugar. E urna caracteristica do ser suficientemente
socializado, que pode, portanto, compreender urna vida de relac;6es mais amplas.
Enquanto 0 jogo, representa as coordenac;oes sociais, as normas a que as pessoas
S8 submetem para viver em sociedade.
Mas 0 jogo nao representa apenas 0 vivido, tambem prepara 0 devir. E
no espago livre de press6es que as habilidades (no caso, para S8 viver em
sociedade) sao exercitadas, podendo assim servir de suporte a outras de nfvel mais
alto, quando necessarias.
"A regra e uma regularidade imposta pelo grupo, e de tal sorte que a sua
viola<;ao representa uma falta." E como Piaget define a regra, caracteristica principal
das rela~6es dos individuos em sociedade, os quais quando jogam, 0 fa2em
social mente.
A aquisi<;8.o de uma nova forma de jogo nao exclui as anteriores. Assim e
que a crian<;a, quando se envolve com suas fantasias, nao 0 faz puramente na
imagina<;8.o; a fala e os gestos corpora is acompanham a atividade mental, inclusive
porque, sendo assim, mantem-se com 0 mundo das coisas concretas um vinculo
permanente. Durante 0 jogo de regras, por mais que a atividade pare<;a "seria",
comprometendo profundamente seus praticantes com objetivos coletivos, nao se
escapa a fantasia, aos veos da imagina<;ao. Quanto a atividade sens6rio-motora de
II
qualquer jogo de regras, naG e necessaria discuti-18, tal a evidencia com que S8
apresenta.
o jogo de construyElo, seria uma Quarta categori8.
Os jog os simb61icos e aqueles com regras sao os de nossa maior
preocupag8o, par S8 constituirem nas formas mais avangadas de jogo, as mais
tipicamente humanas e as que mais ocupam a crianC;:8 desde a pre-escola. Os jogos
de exercicio, par seu turno, fazem parte de qualquer jog a corporal mente expressivo.
Quando jogam futebol, par exemplo, as criang8s agem de acordo com certas regras
que elas mesmas constroem ou que aceitam dos mais velhos. Ha, par tras dessa
conduta, contudo, uma ampla estrutura matara, incessantemente ativada durante
tais jog os. Mesmo sem estar consciente disso, 0 individuo carre, salta, gira, grita,
abaixa-se etc., de maneira a tornar posslvel a realizagao das formas mais
sofisticadas do jogo de regras.
Entre as multiplas funl'oes cumpridas pelo jogo, destaque-se uma muito
especial. Diante de uma situagao nova, para adaptar-se 0 sujeito exercita aquilo ja
aprendeu. Na pratica, todavia, nao e posslvel separar adaptagao do jogo, pais
enquanto brinca a crianga aprende incessantemente.
Convem esclarecermos um pouco melhor nossa concepgao de jogo na
escola, para que nao fiquem duvidas desnecessarias.
Temos tentado deixar claro que 0 jogo infantil nao constitui uma forma pura
de assimilagao, descomprometida com a realidade. Se a jogo fosse pura
assimilagao, nao levaria em considerayao as caracterfsticas dos objetos. Mas no
jogo existe a trabalho, atividade que leva em conta 0 meio ambiente, com os objetos
fisicos e sociais. No trabalho, as necessidades de adaptayao estao sempre
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presentes, havendo urn grande esforc;o, por parte do sujeito, de acomodaC;8o aos
objetos, isto e, de S8 ajustar as caracteristicas dos elementos com as quais ele se
relaciona.
Num contexto de educ8va,o escolar, 0 jogo proposto como forma de ensinar
conteudos as crian~s aproxima-se muito do trabalho. NaD S8 trata de urn j090
qualquer, mas sim de urn j090 transformado em instrumento pedagogica, em meio
de ensina.
Essas considera90es sao necessarias para que as atividades de EduC8C;80 na
pre-escola naD sejam entendidas, especial mente quando S8 trata de j0905, como
a[go descomprometido com a formac;ao do atuno para cumprir seu papel social de
crian9a e, mais larde, de adullo (FREIRE 1989, p. 119)
Com as noc;ees espaciais e temporais , vai-s8 construindo a n09aO de seus
atos.
Para Piaget quando a crian9a nasce, tern inicio urn processo de intera980 entre
a organismo e a meio, que significa que tudo que e construido a partir do
nascimento ja e fruto dessa troca com a meio .
" A criantya grac;as a sua a<;80, organiza a meio, organiza sua experiencia
no espa90, no lempo e em termos de causaJidade". (MELO, p. 2).
E pelo corpo que a erian9a estabeleee as relayoes com a meio que a eerea e
compreende tais rela90es e essa eompreensao aeonteee quando a crian98 brinca .
o brinquedo, 0 jogo , 0 faz-de-eonta e urn espa90 onde a erian9a resolve eonflitos e
realiza desejos que nao sao possiveis em situ890es nao ludicas. Atraves da
brineadeira e erian9a entende as fatos da vida real, adequando-os 80 seu nivel de
pensamento e , alem disso , descobre e aprende (VYGOSTSKI, 1998, p. 50)
porem e dessa forma desinteressada, descontraida que tera origem processos
intelectuais de adaptayao ao real
Na infflncia e fundamental a brincar. Atraves do brincar a crianya expressa e
desenvolve impulsos internos ( pensar, organizar seus atos , etc ).
Muitas vezes, achamos que quando a crianya brinca ela esta imitando 0 adulto,
pOis vivemos numa sociedade em que 0 referencial e 0 adulto. Porem temos que
admitir que ha uma certa autonomia da crian9a em relac;ao ao ambiente durante seu
brincar . Logo quando a crianc;a brinca ela possui uma autonomia propria. Nao
podemos pensar que a vida infantil e apenas uma preparayao para a vida adulta. A
crianya, 0 jovem, tern que chegar a vida adulta preparado para assimila-Ia Mas
para isso ele deve viver cada perfodo de vida desde a nascimento.
o brinquedo aparece primeiro no desenvolvimento, referindo-se as atividades
da criancya, sem regras. A fantasia comanda.
Quando a crianya brinca, fantasia e realidade se misturam Depois surge a
jogo imaginario, onde a crianya aprende rna is a se controlar, ou seja, aprende 0 seu
autodominio. E quando posteriormente ganha mais seguranc;a, dominio, iniciam-se
as jogos com regras
Segundo a concep9ao de (ROSAMILHA, 1979, p. 5), "0 jogo e uma atividade
de repara9ao".
Quando as crianyas brincam , criam para si um pequeno mundo proprio, onde
brincar significa sempre libertac;ao . E brincando que a crianya cria seu espac;o
imaginario , e nesse espaC;o que ela desenvolve a seu conhecimento e sua cultura ,
14
e e nesse momento que sla encontra espago para a sua vontade de conhecer, de
descobrir, de criar
Brincando, sla aprende sobre Qutras pessoas, sobre comportamento
relacionamento social , sabre sla mesma, seus sentimentos. Brincando de varios
papeis , sla conhece cada vez melhor seu proprio carpa, ganha consciencia dele e
de possibilidades e limitagoes Representando, sla imagina, pensa, organiza;
debate.
" Todo habito entra na vida como brincadeira, e mesma em suas formas mais
enrijecidas sobrevive urn restinho de jogo ate 0 final" Atraves das brincadeiras
podemos trabalhar atividades pSicomotoras as quais poderao contribuir para 0 born
exito da aprendizagem, levando-se em conta que grande contingente de crianga
adentram a serie inicial da escolarizagao com serias defasagens de lateralidade ,
nogao de espago , esquema corporal, etc, os quais sao de extrema importancia para
atender as necessidades do proprio processo de aquisig80 da leitura e escrita .
Podemos atraves de diferentes brincadeiras eng lobar atividades de
psicomotricidade relacionadas ao esquema corporal da crianga, propondo assim
uma interagao da crianga com ela propria, da crianga com 0 meio ambiente.
Tambem podemos atraves de tais brincadeiras estimular a linguagem verbal , 0
potenCial expressivo do movimento e ate outras areas como da educag80 artistica,
educag80 musical , educaCY80 fisica, a que implicaria no dominio de conhecidos
interdisciplinares possibilitando ao educador , melhor atuag80 e adequacyao na area
de alfabetizal'ao .
"E atraves do seu corpo e de seu movimento que a criancya constroi sua
aprendizagem e estabelece relacyoes com 0 meio ambiente" Atrav8s do movimento
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e da linguagem podemos nos enveredar na construy80 do saber, possibilitando acrianC;8 amplia.yao do seu vQcabulario 1 entender instruc;6es, conceitos e tambem
possibilidades de aumentar seu nivel de estruturagao de frases.
Atrav8S de brincadeiras tambem podemos trabalhar e ajudar crianC;8 a
prender valores sociais , a alcangar a maturidade, a vida em grupo , a cooperac;ao, a
confianc;a, a curiosidade, a auto aceitaC;Elo , etc
"E no brinquedo , no jogo , que a crianc;a fevela seu estado cognitiv~,
visual, auditiva au l{MiI-motor, seu modo de aprender e entrar numa re/rc;ao
cognitiva com a mundo de eventos e pessoas, coisas e simboJos ". (NICOLAU,
1986, p. 35) I
"Assim as brincadeiras, os jogos, 0 faz-de-conta sao importantes paraa maturaqao global da crianqa, porem e muito importante conhecer 0desenvolvimento psicomotor da crianqa , para que possamos adequara brincadeira certa a cada idade, ou seja, e muito importante umequilibrio entre brincadeira e trabalho intelectual para a saude mentalda crianqa. Se propomos brincadeiras que estao aJem ou abaixo dograu de maturaqao cognitiv~ da crianqa , podemos provocarnervosismo , desinteresse, ansiedade, etc, que tata/mente desviaraoo interesse da crianqa a tais atividades propostas. Este aspecto eimportante porque muitos problemas de aprendizagem escolar, podemserevitados atraves de atividades ludicas .• (NICOLAU, 1985, p. 36).
16
2 RELA<;:AOLODICO - EOUCA<;:AO
A criang8 representa no brinquedo 0 que ela observa no seu cotidiano e este,
nada rnais e do que urna parte da totalidade. Faz-se necessaria, no entanto, que a
educador S8 coloque, nas interagoes que vivencia com os alunos nas brincadeiras,
como mediador do conteudo hist6rico, a fim de que sejam elaboradas na criang8,
formas de pensar capazes de teorizar sabre a realidade do ser humano.
No campo educacional, 0 brinquedo data dos tempos do Renascimento, mas
ganhou fon;;a com a expansao da Educ8gao Pre-Escolar, especial mente a partir
deste seculo.
Entendido como recurso que ensina, desenvolve e educa de forma
prazeirosa, 0 brinquedo educativo materializa-s8 no quebra-cabeg8, destinado a
ensinar formas au cores, nos brinquedos de tabuleiro, que exigem a compreensao
do numero e das operag6es matematicas, nos brinquedos de encaixe, que
trabalham noc;6es de sequencia, de tamanho e da forma, nos multiplos brinquedos e
brincadeiras, cuja concepgao exigiu um olhar para 0 desenvolvimento infantil e a
materializac;ao da func;ao psicopedag6gica; m6biles destinados a percepc;ao visual,
sonora ou motora; carrinhos munidos de pinos que se encaixam para desenvolver a
coordenagao motora, parlendas para a expressao da linguagem, brincadeiras
envolvendo musicas, danc;as, expressao motora, grafica e simb6lica.
Segundo BROUGERE (1993) no inicio do seculo XIX, a psicologia da crian~a
recebeu forte influencia dos estudos com animais para 0 campo infantil. Nesse eixo,
emergiu a teo ria de GROSS que considerou 0 jogo como pre-exercicio de instintos
herdados e uma ponte entre a biologia e a psicologia.
17
GROSS (apud BROUGERE, 1993, P. 123) retoma 0 jogo enquanto a980
espontanea, recorreu a psicologia da criang8, embebida de influencias da biologia e
do romantismo. Para ele a jogo infantil desempenhava urn paps I importante com 0
motor do auto-desenvolvimento e, em conseqO€mcia, metoda natural de educ8y80 e
instrumento de desenvolvimento.
A utiliz8gao do jog a potencializa a explorac;ao e a constru<';8o do
conhecimento, par cantar com a motiv8c;ao interna, tfpica do ludico, mas 0 trabalho
pedag6gico requer oferta de estfmulos externos e a influencia de parceiros bern
como a sistematizac;ao de conceitos em Qutras situac;6es que nao jogos (WINNICOT,
1975, P. 41).
Ao S8 utilizar de modo metaf6rico a forma ludica para estimular a construc;ao
do conhecimento, 0 brinquedo educativo conquistou um espaC;o bastante amplo no
campo pedag6gico ou educacional.
Segundo WINNICOT (1975), 0 jogo de regra traz a oportunidade para viver
situac;6es onde a aC;ao, a tomada de decisao, a agressividade sao experienciadas
simb6lica e con creta mente ao mesmo tempo. Tambem no jogo de regras enecessario afastar-se de si e perceber 0 outro, sendo que para jogar
estrategicamente e preciso colocar-se no lugar do outro; compreender a jogada do
outro. A aC;ao cognitiva que permite 0 exercicio da reflexao em cima de uma aC;ao e
tambem oportunidade para viver uma experiencia onde prevalece a descontrac;ao,
que e condiC;ao basica para 0 amadurecimento emocional.
As regras supoes relac;oes sociais ou interpessoais e envolvem questoes de
justic;a e honestidade. 0 respeito a elas provem de acordos mutuos entre os
jogadores, e nao, pura e simplesmente, de mera aceitaC;ao de principlos impostos. A
18
regra substitui 0 simbolo enquadrando 0 exerdcio nas relagDes socia is. As regras
sao para Piaget a prova concreta do desenvolvimento da crianc;;a.
No referente a jogos de constru,ao, hoje, eles sao considerados de grande
importancia no campo educacional tendo em vista que eles enriquecem a
experiencia sensorial, estimulam a criatividade e desenvolvem as habilidades da
criang8.
o criador dos jogos de construgao foi Froebel. Ele, oportunizou a muitos
fabricantes a duplicac;ao de seus tijolinhos para a alegria da crianc;ada que constroj
cidades e bairras que estimulam a imagina,ao infantil" (KISHIMOTO, 1996, p. 40).
o jogo de construc;ao tern uma estreita relac;ao com a jogo de faz-de-conta.
Nao S8 tratando, no entanto, de manipular livremente tijolinhos de construgao, mas
de construir casas, move is au cenarios para as brincadeiras simb6licas. As
construc;6es, nesse sentido transformam-se me temas de brincadeiras e evoluem em
complexidade conforme 0 desenvolvimento da crianga.
Na crianc;a a imaginagao criadora, surge em forma de jogo, instrumento
primeiro de pensamento no enfrentamento da realidade. Neste senti do tem-se a
jogo sens6rio-motor que se transforma em jogo simb6lico, ampliando as
possibilidades de ac;ao e com preen sao do mundo; 0 conhecimento deixa de estar
preso ao aqui e agora, aos limites da mao, da boca e do olho e a mundo inteira pode
estar presente dentro de pensamento, uma vez que e passive I imagina-Io,
representa-Io com 0 gesto no ar, no papel, nos materia is, com os sons e com
palavras.
A capacidade de simbolizar e de jogar com a realidade atraves da fantasia e
dos proprios simbolos coletivamente estruturados - a linguagem verbal, as mitos, a
19
religiao, a ciencia, e que permite 80 hom ern viver numa nova dimensao da realidade
o universe simb6lieD.
No desenvolvimento da crianc;a deve evidenciar-se a transi980 de uma forma
para a outra atraves do jogo, que e a imaginay80 em 8g8.0. A criang8 nesse sentido
precisa de tempo e de espa90 para trabalhar a constru980 do real pelo exercicio da
fantasia.
A imaginag80 e urn processo psico16gico novo para a criang8, representa urna
forma especificamente humana de atividade consciente que nao esta presente na
consciencia das criang8s muito pequenas e esta ausente nos animais.Ela surge
primeiro em forma de jogo, que e a imagina980 em a98o. (VYGOTSKY, 1987, p.
126).
Obrigada a adaptar-S8 sem cessar a urn mundo social dos mais velhos, cujas
interesses e cujas regras Ihes permanecem exteriores, e a urn mundo fisico, que ela
ainda mal eompreende, a erianc;a para seu equilibria afetivo e inteleetual precisa
dispor de um setor de atividade euja motivayao nao seja de adaptac;ao ao real
senao, pelo eontrario, a assimilaC;ao do real ao "eu" sem coac;6es nem sanc;6es: tal e
a jogo, que transform a 0 real par assimilac;ao mais au menos pura aos modelos
exteriores e a inteligeneia e 0 equillbrio ente assimilac;ao e acomodac;ao (PIAGET,
1978, p. 101).
Para Piaget a representac;ao em atos, atraves do jogo simb61ieo, e a primeira
possibilidade propriamente dito, marcando a passagem de uma inteligencia
sens6rio-matara, baseada nos cinco sentidos e na motrieidade para uma inteligencia
representativa pre-operat6ria e mediada, ao mesmo tempo que ajuda a erianc;a a
construir a autoeonfianc;a, leva-a a superar obstaeulos da vida real, como vestir-se,
20
Gomer urn alimenta, faze amigos, enfim, corresponder as expectativas dos padroes
adultos.
Segundo KISHIMOTO (1996) enloea que "no jogo simb61ieos as erianyas
constroem uma ponte entre a fantasia e a realidade. No jog a a crianC;8 e capaz de
controlar len6menos como perda e recuperayao, visto que, quando as crian9as
brincam elas podem ter 0 controle que Ihes lalta da realidade"
Apoiados em teorias construtivistas, as primeiras 8c;oes dos professores
foram no senti do de tomar as ambientes de ensina bastante ricas em quantidade e
variedade de jog as, para que as alunos pudessem descobrir conceitos inerentes asestruturas dos jog as por meio de sua manipulayao. Esta concepc;ao tern levado a
praticas espontaneistas de utilizac;ao dos jogos nas escolas.
3 A EDUCA<;:Ao INFANTIL
Vern sendo cada vez mais frequente, entre os profissionais de educac;ao
infantil, a tentativa de caracterizar com mais clareza a natureza da instituigao voltada
aD atendimento de crianC;8s 0 a 6 anos.
Parte-s8 do principia que a possibilidade de apropriac;ao de conhecimento S8
faz presente nas interar;oes socia is, desde que a crianC;8 vern aD mundo. Sendo
assim, menosprezar a capacidade de elaborac;ao subjetiva de cada ser humane ou
a responsabilidade da instituic;ao de educac;ao infantil Frente a gama de
conhecimentos que serao colocados a disposic;ao das crianc;as significa, no minima,
empobrecer 0 universe infantil.
Portanto, ao discurso que vincula 0 cuidar da crianc;a com sua educ8C;80,
acrescenta-se, neste momento, a premencia em definir a prioridade e 0 enfoque que
devem ser dados as dimens6es desenvolvimento/aprendizagem/ensino, a forma
com como estas dimens6es articulam-se como uma concepgao de conhecimento e
agao de conhecer, determinantes na formulagao de uma abordagem educativa que
se concretize em projetos educacionais-pedag6gicos. Para tanto a escolha da
referencia te6rica e 0 estudo de seus pressupostos mostrar-se crucial no momenta
atuai.
E certo que, desde que vem ao mundo, 0 bebe interage de diferentes
maneiras no ambiente Fisico e social que 0 cerca. Entretanto, seu ingresso em uma
instituigao de can3ter educativo 0 fara experimentar, forgosamente e de forma
Sistematica, situag6es de interagao distintas das que vive com sua familia. Ao
separar-se de sua mae/pai, para interagir com outros adultos e compartilhar 0
22
mesmo espac;o e brinquedos com outras crian~s, vai conviver com ritmos nem
sempre compaUveis com a seu e participar de um universe de objetes, agoes e
relac;6es cujo significado Ihe e desconhecido.
Para VYGOTSKI (1998), afirma-se que a crianga e urn ser social, 0 que
significa dizer que seu desenvalvimenta se da entre autros seres humanos, em um
espago e tempo determinados. Senda assim, urn pressuposto a ser assumido e a
necessidade de explicar as fen6menos de natureza psicologica presente nas
interac;6es humanas foeando-os em sua genese, estrutura, movimento e mudanc;a, a
partir de uma perspectiva historica e dialetiea. Ser fiel a perspectiva socio-historiea
do desenvolvimento humano e ao metodo dialetico significa romper com as formas
tradicionais de analise dos fenomenos, pais a estudo de um aspecto isolado da vida
psiquica nao fazia sentido, da mesma forma que nao fazia sentido as explicac;6es
metaffsicas au materialistas do funcionamento do psiquismo humano.
E na interac;c3o social que a crianc;a entrara em cantata e se utilizara de
instrumentos mediadores, desde a mais tenra idade. Talvez 0 primeiro deles seja a
proprio seio materna. A necessidade e a desejo de decifrar a universo de
significados que a cerca, leva a crianc;a a coordenar ideias e agoes a fim de
solucionar as problemas que se apresentam.
E a vivencia do meio humano, na atividade instrumental, e na (e pela)
interac;c3o com outros individuos, que permitira 0 desenvolvimento, na crianc;a, de um
novo e complexo sistema psieologico.
Para VYGOTSKI apu'tOLIVEIRA et al (1989), estas formag6es complexas se
agrupam em dais niveis, com fungoes distintas em interac;c3o permanente,
denominadas por este autor como processo elementares (sensac;oes, percepc;oes
imediatas, emoc;6es primitivas, memoria direta) e processos complexos ou
23
superiores) (percep,ao categorial, mem6ria 16gica, aten,ao focalizada, emo,ao e
imaginac;ao criadora, auto-regulac;ao da conduta).
Eo a possibilidade de elabora,ao das fun,5es psicol6gicas superiores que fara
com que 0 bebe humano de urn saito qualitativo diante de outros mamfferos.
VYGOTSKI (op. Cit) aponta que ° desenvolvimento das fun,5es psicol6gicas
superiores nao se da priorfsticamente, como simples movimento de reflexos, mas
sim atraves de uma atividade do sujeito, atividade esta de apropriag80 e utilizagao
de instrumentos e signos em um contexto de interag80. Estes instrumentos e signos,
por sua vez, farao 0 papel de mediadores desta atividade, das interagoes. A auto-
regulac;:ao da conduta e a transformac;ao ambiental, frutos da construc;:ao da
consciencia, surgem como a possibilidade advinda da utilizagao de instrumentos
socialmente construidos.
Na interagao social, a formagao das fungoes psicologicas superiores, aparece
como o elemento chave que, articulado ao movimento
desenvolvimento/aprendizagem/ensino no espago virtual da zona de
desenvolvimento proximal, torna-se 0 suporte fundamental para a elabora980 tanto
de novas apropriac;oes de conhecimentos ineditos quanto para a confirmac;ao de
conhecimentos previa mente difundidos.
A agao de conhecer se da no movimento inter e intrapsicologico, no vaivem
dialetico entre os parceiros na confirmaC;80 de objetivos comuns, no confronto de
ideias, na busca de solugoes, na competic;ao, na cooperag8o.
Para quem acredita que 0 Clamor move montanhas", a socio-interacionismo
responde que as montanhas sao removidas quando desejos, interesses e
motivagoes aliam-se a percepg80, memoria, pensamento, imaginar;ao e vontade, em
uma atividade cotidiana dinamica entre parceiros (VYGOTSKI, 1986).
24
Ao analisar 0 desenvolvimento infantil, VYGOTSKY (1998), desmistifica 0
papel da emogao comumente atribuido as crianC;8S pequenas, assim como sinaliza
para 0 fato de que as emoc;oes infantis diferenciam-se qualitativamente (e nao
quantitativa mente) das dos adultos. No entender deste autor, ao longo do processo
de desenvolvimento, 0 acionamento e a forma de atuagao das fungoes e que se
transformam, passando de urn plano elementar a Dutro, complexo. A emoyao nao e
vista como algo "natural" da crianC;8, que nasce com ela ou que faz parte de sua
natureza enquanto especie. Vygotski admite que a manifestaC;80 inicial da emoyao e
parte da heram;a biologica. Entretanto, a emog8o, junto com as demais fungoes
psicol6gicas nas interac;oes sociais, perde seu carater instintivQ para dar lugar a urn
nivel mais complexo de atuac;ao do ser humano, consciente e autodeteminado.
VYGOTSKI (1998), ao desenvolver uma teoria sobre a formagao dos
conceitos, mostra como 0 conhecimento, possibilidade que a interac;ao coloca para
os sujeitos envolvidos, transfarma-se em conceito a partir de um movimento de
elaborac;ao complexo. Organizam-se em distintos niveis de generalizac;ao e nao pelo
acumulo ou substituic;ao de uns par outros. Neste senti do cada conceito faz parte de
dois continuos um representando 0 conteudo objetivo ao qual se refere, 0 outro 0
processo de elabarac;ao deste conteudo. Nesta perspectiva, e impossivel desvincular
conteudo de processo, fato que confere ao conhecimento objetivo uma dimensao
qualitativa, arganizada de forma diferenciada pelos sujeitos.
Com esta explica<;ao, entendemos que a farmayao dos conceitos
denominados como cientificos par Vygotski tem importancia fundamental na
constituiyao e desenvolvimento dos seres humanos. Sem eles, os conhecimentos se
restringiriam as experiencias imediata dos individuos permanecendo em um estagio
elementar quanto ao seu uso consciente e premeditado.
25
HE.!ainda que considerar que a apropriac;ao dos conceitos, via experiencia
direta, e acessivel a qualquer individuD, visto ocorrer nas exigencias interacionais
imediatas, par urn impulso espontaneo ou intuitivo. Ja as conceitos que exigem urn
esfon;o de elaborac;:ao, de articulac;:ao, necessitam nac 56 a 8c;:ao imediata
propriamente dita, mas a utiliza<;iio de conhecimentos previos que possibilitem a
ac;ao, nem sempre possiveis de terem sido apropriados pel a experiencia direta.
A can sequencia imediata destas considerac;:6es e a constatac;ao de que os
conceitos cientificos exigem condigoes peculiares para sua apropriaC;8o, naG sendo
resultantes de qualquer tipo de interac;ao.
E preciso enfocar que, e da interac;:ao de diferentes tipos de conhecirnentos,
sua elaborac;ao pel as crianc;:as em termos de conceitos nas distintas sociedades e,
especial mente, nas instituic;:oes de can~ter educativ~, que se abrem novas
possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem individuais e sociais, de
transforma<;8o e supera<;8o dos niveis anteriores destes conhecimentos. A
elaboraC;:8o de conceitos pela crianc;:a ira depender da diversidade, nao s6
quantitativa, mas, especialmente, qualitativa, das experiemcias interacionais que
vivenciara as institucionais nos quais se encontrar. Podemos concluir que a
educa<;Elo se da na intera<;Elo educador/educando par fon;:a da necessidade do
processo de humanidade do homem e do desejo, a intenC;:8o do adulto de que este
processo se realize, para a perpetua<;8o da especie. Na instituir;Elo de educa<;Elo
infantil, a perspectiva socio-interacionista requer que se atribua nao somente um
papel ao adulto/profissional de educa<;ao, mas tambem urn respect iva papel a
crianr;a/educanda, bern como que os conhecirnentos presentes nas interar;oes sejarn
analisados levando-os em conta a simultaneidade de seus cornponentes cognitvos,
afetivos e sociais. 0 foco do pesquisadar deve incidir nao apenas sabre a crianc;:a,
26
tratada no singular, mas sim nas interar;6es crianga/crianc;a, adulto/crian<;8, au seja,
no grupo de crianl'as com seus educadores (OLIVEIRA et aI., 1992).
3.1. A CRIAN(:A NO CONTEXTO PRE-ESCOLAR
Para conhecermos a comportamento da crianc;a e necessaria observe-Ia em
diferentes situal'oes , que nos fornecera dados mais precisos sobre ela. (FERREIRA,
1978, P 86-87).
A crianc;a de 4 a 6 anos encontra-se no perfodo da espontaneidade, pas sui
menes limitar;oes internas em relaryao as crianc;as de menes idade Tambem
conhece menes restric;oes externas socialmente impostas do que conhecera
posteriormente.
Nesse periodo a crianC;8 S8 encontra numa fase bastante instavel en de ora
ela e muito dependente, ora independente, as vezes simpatica, as vezes antipatica,
afetuoso e ora anti-social
Aos 6 anos a criang8 ja can segue ver 0 mundo com mais objetividade. Aceita
melhor as pessoas, pois sua capacidade de compreensao e maior Os amigos sao
importantes, sendo algumas vezes herois, outras rivais. Nessa idade formam-se
grupos par sexo e e muito mais facil as meninas entrarem no grupo de meninos do
que a situa9ao inversa, ocorrer.
Nessa idade a crian9a se torna mais tranquila, sua identidade mais
estabelecida e as bases do carater e personalidade ja estao assentados. Sabe
afirma9aa e ja e capaz de mobilizar recursos para ser bem ace ita no grupo.
Aos poucos vai deixando 0 egocentrismo, e faz uso da linguagem para
coordenar atividades de grupo visando algum objetivo. Seus horizontes sociais
lentamente se ampliam e ela procura realizar trocas afetivas. Seu comportamento
anteriormente agressivo gradualmente vai dando lugar a investidas mais aceitaveis.
Porem seus acessos de raiva, afei9ao , sao essenciais para a forma9aO do carater e
da auto-afirma~ao . Ainda e muito dependente do adutto.
3.2. PROFESSOR FONTE INTEGRADORA
A escola representa um desafio a crian9a se levarmos em considera9ao que
esta possui uma expectativa e curiosidade muito grande em rela9E1o a escola, ao
mesma tempo que essa escola representa algumas descobertas novas,
interessantes, ela pode tambem representar inseguran9a, medo etc Portanto cabe
a n6s professores, observarmos essas dificuldades de adapta9E1o enos prepararmos
para receber esta crian9a que muitas vezes vem pela primeira vez , estando assim
preparados para trabalhar com essa crianc;:a e suas diferentes rea90es tanto
afetivas, sociais, cognitivas e pSicomotoras que se manifestarao durante 0 processo
de aprendizagem.
Devemos proporcionar nesse periodo de adapta9E1o experi€mcias , algumas ate
de uma forma ludica, que sejam significativas a crianc;a, permit indo a livre expressao
28
e 89.30 da crianC;8, para que esta aos poucos participe, vivencie e
consequentemente ir integrando-se ao ambiente escolar .
o professor deve tambem participar junto com a crianC;8 dessas experiencias
e nao apenas limitar-s8 a propor au aplicar as atividades, ficando fora do processo a
ser vivenciado pela crianc;a . Quando 0 professor participa , ela integra-s8 tambem aessas experiemcias criando condic;6es para si mesma de refletir, refazer sua vivencia
e consequentemente melhorando e explorando muito mais as atividades propostas
as crianc;as, havendo assim urna integrac;ao professor/crian98 e crianc;a/professor,
ande ele poderc~ perceber a pr6pria 8gaD e conhecimento da crianc;a deixando de ve-
la apenas como "objeto de aprendizagem "
o professor deve ser aquele sujeito que saiba ministrar sua pro posta de
trabalho em sintonia com a liberdade da crianya.
Nao e dar liberdade total e nao ter diretividade de seu trabalho , pois a crianya
precisa ser conduzida , organizada ate para que ela tenha mais seguranya.
Para isso a professor deve estar sempre alerta, observando , participando
suas descobertas.
3.3. PRE-ESCOLA EDUCACiiO GLOBAL E DINiiMICA
Quando pensamos em educayao pre-escolar temos que ter uma visao de que
nela estarao crianyas ativas buscando e formando um entendimento de si pr6prio e
de seu mundo. Portanto se tivermos essa visao poderemos pensar em formar um
29
programa para uma pre-alfabeliz8c;ao que leve essas crianyas a desenvolverem e
crescerem como seres participativQs, criativDs com uma real visao de mundo.
(THIESSEN, 1987, p. 32).
Temas que pensar e propor uma pre-alfabetiz8c;ao lembrando-se que as
criany8s sao seres em constante desenvolvimento e portanto com comportamentos
e atitudes diferentes em diferentes epocas de suas vidas.
A verdadeira aprendizagem nao e aquela adquirida verbalmente, numa
decorac;ao de respostas au res pastas artificiais. As crianc;:as necessitam participar de
situ8c;oes ande ela possa agir ativamente sendo issa passivel tambem atrav8S das
atividades ludicas.
Atrav8S da atividade ludica a crianC;8 aprende a cooperar. Quando essa
cooperac;ao gera conflito , ela aprende a lidar com a raiva, frustrac;ao , ansiedade
enfim com sentimentos feridos.
A boa escola deve estar sim preocupada al8m de outros objetivos . tern
sempre a priori 0 desenvolvimento cognitiv~ das crianc;as. Porem isso pode ser
proporcionado atraves de uma variedade de experiencias sem estar preocupado em
si apenas com 0 ensinar ° alfabeto, numeros , escrita do nome, etc Atraves da
arte, musica, danc;a, materia is tateis como : madeira, papelao, argila, agua etc,
podemos proporcionar a crianc;a que esta aprenda fazendo, encorajando sua
curiosidade, criatividade, observac;ao e consequentemente levando-a ao
desenvolvimento da linguagem.
Mostrando que a escola e interessante e que aprender e importante e a
satisfaz e que ela crianc;a e competente na situac;ao escolar e tambem pode muito
contribuir para resolverem problemas sociais intelectuais e praticos.
30
A atividade ludica deve ser parte importante e integra dora a pre-8scola, pois
ela en valve 0 usa de imagens e representa90es , as quais sao necessarias para
pensar e raciocinar.
Atraves da brincadeira a crianya satisfaz suas necessidades, e neste mundo
do brincar que ela compreende, aprende , opera com as objetos e situ8c;6es do
rnundo adulto.
o brinquedo tfaz para a criang8 vantagens sociais, cognitivas, culturais e
afetivas, pOis ai ela age como S8 fosse maior do que e no real. Ela e capaz de fazer
mais do que ela pode compreender.
Ao brincar a criang8 esta ajustando suas experiencias a estruturas
preexistentes ( assimilagBo) , fortalecendo seu ego, resoivendo conflitos, enfim
brincar e uma fonte de gratific8gao onde e propiciado 0 desenvolvimento da
capacidade cognitiva.
Se as atividades propostas corresponderem a competencia da crianya, 0
educador pod era criar situayoes para que ela se auto-avalie , contribuindo para 0
desenvolvimento de sua auto-valorizaryao positiva
As hist6rias, representac;oes, enfim tudo aquilo que propicie 0 dialogo entre 0
professor e as crianc;as e muito importante, pois permite momentos de discussao,
levando posteriormente a tomada de decisoes que impliquem num acordo mutuo
entre professor e crianya.
o trabalho em grupo tambem, e pe,a fundamental, pais este favorece a
interayao com os companheiros e possibilita a crianc;a a descentralizac;ao do
pensamento egocentrico.
o ensina das artes ( dabradura, pintura, calagem, modelagem ) alem de
serem atividades integradoras, permitem que a crianc;a libere sua criatividade,
31
sensibilidade, desde que deixemos de lado as model as prontos as quais reprimem e
inibem 0 real potencial artlstico da crianc;:a.
o desenho permite a crianC;:8 a exploraC;:8o e organiz8g8o de espago, do
movimento , sua pr6pria criac;:ao com significados proprios. Permitir que a crianc;:a
fale sabre seu desenho , para que tenha condi~6es de revelar como ela crian~a ve
o mundo.
A musica, a danC;:8 , 0 teatro , devem fazer parte do universo da crianC;:8 pais
desde muito cedo a crianC;:8 habitua-s8 a sons, seja ele de acalanta ou ruidos
Atraves das musicas podemos perceber particularidades das crianC;:8s como
preferencias por este ou aquele fitmo, letra e assim observar e aprender urn paueD
mais sabre cada uma delas, sobre caracterfsticas culturais do grupo familiar e
comunitario ande esta inserida.
A danga permite sua expressao corporal e interagao com outras criangas
onde cada uma cria seu proprio movimento e troca de informaltoes sobre outros
tipos de dangas e de movimentos.
Com 0 teatro e propiciado a crian~a , sua capacidade de representar , onde 0
"magico" e "realidade" se misturam, onde 0 imaginario e explorado e 0 real muitas
vezes proibido se mesclam.
Portanto, depois de tudo 0 que foi dito nas paginas anteriores, seria
redundante reafirmar, para professores de pre-escola, a importancia de incluir
atividades corporais entre as atividades das criangas pre-escolares.
Na primeira infancia, mais que em qualquer periodo subsequente, 0
brinquedo ou 0 jogo serao fundamentais para a vida das pessoas. Na escola, nessa
fase, deve predominar 0 jogo educativ~, isl0 e, 0 jogo como recurso pedagogico,
vinculado a urn projeta pedag6gico.
32
Nestas paginas finais a respeito da escola da primeira infancia, queremos
continuar enfatizando a importancia do brinquedo na vida da crian.ya. Convem que
os professores que orientam seus pequenos alunos atentem para 0 fato de que
descaracterizar a importancia pedag6gica do brinquedo na escola e negar a pr6pria
crian9a; e, talvez violenta-Ia naquilo que ela tern de mais precioso.
As crianc;as brincam, e com muita intensidade, em sua fase pre escolar,
porsm sem a atenc;ao adequada da escola para isso. Brincam quando nao estao em
"aula~. Qu, quando 0 brinquedo e na aula, geralmente nao tern 0 objetivo que teriam
outras tarefas educativas, 0 de educar, mas apenas 0 de passar 0 tempo. Ora, se
querernos educar urna crianya, por que nao aproveitar os recursos mais ricos que
ela ja possui? Por que nao aproveitar seu pr6prio conhecimento?
Porsm, 0 jogo dentro da escola, orientado pela professora, nao deve ser 0
mesmo de fora da escota, entre parceiros da me sma idade e sem orientagao de
adultos. Q jogo realizado como conteudo da escola deve ser aquele que se inciui
num projeto, que tern objetivos educacionais, como qualquer outra atividade. Oentro
do brinquedo, orientando-o, a professora deve saber onde chegar, 0 que
desenvolver. Pode estar pensando em habilidades motoras, como as corridas, os
saltos, os giros, au em habilidades perceptivas, como noc;6es de tempo e espaC;o, a
manipulagao fina de objetos. Ern outros momentos pode colocar enfase na formaC;80
de nm;6es logicas, como seriac;ao, conservaC;:8o e classificaC;8o. Em outros, ainda, 0
objetivo poderia ser 0 trabalho em grupos, como forma de desenvolver a
cooperaC;8o. Mas, principalmente, 0 objetivo educacional deveria ser 0 de criar
atividades que faciiitem a crianC;a tomar consciencia de seu corpo e de suas ac;6es.
o jogo contsm urn elemento de mOtiv8C;aO que poucas atividades teriam para
a primeira infancia: 0 prazer da atividade ludica. Cremos, de nos sa parte, que todas
33
as propostas serias de desenvolvimento poderiam ser realizadas dentro do jogo,
aproveitando seu carater ludico. No entanto, nao caiamos no exagero. Escota
alguma poderia ser s6 jogo. Nas atividades infantis, mesmo aquelas sem orienta9ao
escolar, 0 que a crian9a faz contem uma mistura inseparavel de jogo e trabalho, de
atividade descomprometida e atividade seria, de puro prazer funcional e ay80
adaptativa. Pertanto, seria perfeitamente cempativel e desenvolvimento de
atividades serias dentro do contexto do jogo. A escola nao seria s6 jogo mas, na
primeira infimcia, 0 contexte de desenvolvimento das atividades poderia ser 0 do
jogo.
Nao se trata de querer negar tudo 0 que se faz em pre-escolas. Trata-se de
negar 0 exagero da imobilidade. Que a escola continue com suas atividades
educativas consequentes, mesmo aquelas ditas "serias", que abarrecem a crian9a,
desde que nao tomem todo 0 tempo do brinquedo. Ha que se encontrar a medida
certa entre a movimenta9aO corporal e a imobilidade, entre 0 serio e a ludico, entre 0
prazer e a obrigaC;ao rotineira.
Causa-nos mais preocupaC;ao, na escola de primeira infancia, ver crianc;as
que nao sabem saltar que crian9as com dificuldades para ler e escrever. Na primeira
infancia, a ac;ao corporal ainda predomina sobre a a9ao mental. A crianc;a apenas
comec;ou a aprender a pensar, quando, em aC;ao corporal, ja deveria ser
especialista. Os professores devem estar permanentemente preocupados com as
habilidades motoras. Devem certificar-se de que seus alunos sao capazes de carrer,
saltar, girar, rolar, trepar, lutar, lanc;ar e pegar objetos, equilibrar-se etc. Porem, nao
devem esquecer-se de que essas habilidades sao a expressao de urn ser humano,
de urn organismo integra do.
34
A criang8 e urn ser humano, bern diferente dos animais irracionais que vemos
nos zoologicos e circos. Criang8s sao para serem educadas, e naD adestradas. A
atividade da criang8 deve ser caracterizar pelo seu aspecto humano. Urn ursa ecapaz de plantar bananeira, talvez ate com mais facilidade do que urna criang8. No
entanto, 0 animal, ate onde sabemos, nao pode ter consciencia do que est'; fazendo
- a criang8, sim. Isso impliea liberdade, independencia, autonomia. Falando de ser
humane e de educac;ao, de nada vale saber sem compreender. Na verdade, 0 que a
escota deve buscar nao e que a crianC;8 aprenda esta au aquela habilidade para
saltar au para escrever, mas que atrav8S del a ela possa S8 desenvolver plena mente.
35
4 0 TRABALHO LUDICO NA EDUCA9AO INFANTIL
A Educa,ao Infantil trabalha com as criangas na fase onde ela adora brincar
de faz-de-conta, de imitar os adultos, onde a brincadeira e sua alegria. Sabe-se, que
normalmente a escola infantil, depois da familia e 0 seu primeiro grupo social, neste
grupo ela tera um papel, tera que aprender a se relacionar com outras pessoas, com
outras regras de convivio, tera que aprender a defender-se, a ocupar urn lugar.
Nestas palavras parece ser urn fardo dificil de carregar, e ela de aparencia tao fragi!
sera capaz de aprender tudo? Escola e um lugar para aprender! Escola e
responsabilidade! Quem vai a escola e quase adulto. Creche e lugar para receber
cuidados e brincar. Escolinha e s6 brincadeira. Quantos mitos foram criados sabre a
escola e a aprender? Inumeros, alguns com algum fundamento, outros verdadeiros
fantasmas para n6s educadores, que rnu;tas vezes temos que travar batalhas no
nosso dia-a-dia para vencer alguns mitos.
Ao trabalharmos muito com jogos e brincadeiras na escola, n6s viramos "tias",
"tiosn; a escola v;ra "parquinho", eo aprender vira "brincadeirinha". Para que esse
mito seja quebrada e necessario que a trabalho com jogo esteja fundamentado no
trabalho pedag6gico, aos poucos 0 jogo vira de lado, 0 "parquinho" vira escola, e a
~brincadeirjnha" vira aprendizagem.
o Referencial Curricular Nacional para a Educa,ao Infantil definido pelo MEC
para a Educat;ao Infantil, deixa claro que a pre-escola nao deve mais ser encarado
como sendo 0 lugar onde se aprende, e a creche urn local de cuidados fisicos e
recreat;ao. A educat;ao infantil deve basear seu trabalho em tres eixos: as
brincadeiras, a movimentat;80 das criant;as e as relat;0es afetivas que elas
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desenvolvem. "Essas sao as formas que a Criany8 tem de aprender", define Gisela
Wajskop, que faz parte da equipe que coordenou os referenciais.
Deve-s8 ensinar por meio da brincadeira, do movimento e da afetividade.
Considerando estes tres eixos de trabalho reafirmamos a necessidade da utiliz8980
do jogo na Educa9ao Infanlil, e na Educa9ao em geral.
E na brincadeira livre que a crianya experimenta situac;6es e emoc;6es da vida
adulta. 0 jogo do faz-de-conta e vital para 0 desenvolvimento human~. 0 educador
nao deve usar as brincadeiras apenas como recursos didaticos, fazendo delas urna
mera desculpa para ensinaL IS50 deixa em segundo plano as maiores contribuic;6es
que a brincar pode dar a crianC;8. Nao S8 deve tambem achar que a brincadeira 56 e
util porque com ela os alunos pulam, correm, enfim, movimentam-se.
A atitude correta e ajudar as crianc;:as a brincar, incentivando a imaginac;:ao
delas. Os professores precisam proporcionar varias opc;6es de jogos e participar
deles de forma a motivar 0$ alunas, sempre tomando cui dado para nao impor as
crianc;:as suas pr6prias regras au opini6es.
o jaga, para n6s prafessores de EducaC;ao Infantil, e de suma importancia,
tanto e, que e tema de nosso trabalho. No nosso dia-a-dia em sal a de aula
percebemos que a utilizaC;ao do jogo, facilita a formac;ao da criam;.a, e aguc;a a sua
capacidade de elaboraC;ao e raciocfnio, sem contar com a melhora na sociabilidade.
Utilizamo-nos muito dos jogos de faz-de-conta, do jogo simb6lico, onde deixamos
que as crianc;as brinquem livremente, e que da observac;ao de suas brincadeiras
possamos trabalhar suas necessidades, e em cima das brincadeiras buscarmos
elementos para levar para a sala de aula, a fim de utilizar na aprendizagern. Urn
exemplo deste trabalho e a brincadeira de casinha, ao observarnos varias crianc;as
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brincando de casinha, podemos observar que muitas vezes elas transferem suas
vivencias familia res para a brincadeira. E issa, nos da elementos para trabalhar a
afetividade, as rela90es familiares, au mesmo trazer a brincadeira para 0 estudo da
familia. 0 jogo simb6lieD, permite a vivencia e a n3pida compreensao da palavra
familia, e nos leva ate a formar a aNOre geneal6gica da crian9a. Podemos atraves
da mesma brincadeira trabalhar os cuidados com a higiene, da importancia da
1impeza da casa e dos cuidados pessoais, como a banho. A partir desta brincadeira,
podemos tambem trabalhar a importancia do papel de cada membra dentra do
contexto familiar.
Podemos atraves dos jog as, da brincadeira fazer urn levantamento dos jog as
e brincadeiras dos pais e av6s e trazer para dentra da sala de aula, fazendo jogos e
brincando, desta forma efetuamos urn resgate da hist6ria de vida das pessoas
envolvidas, bem como mostrar que muitas "coisas" (informac;6es) sao passadas de
pais para filhos, sem que esteja escrito au gravado em algum lugar onde buscamos
estas informac;oes, par exemplo, nao existe um livra especifico para se aprender a
brincar de pular amarelinha, adoleta, roda, mae da rua, alerta e outras brincadeiras.
Estes jogos e brincadeiras, que as crianc;as brincam quando estao livres faz aflorar
nelas a criatividade, bem como a sociabilidade, e a necessidade do usa de regras
para a convivio em grupo. Muitas vezes, durante a observac;ao dos jog os notamos
que varios conflitos surgem durante a brincadeira e leva as crianc;as a verdadeiras
impasses, que atraves da discussao entre eles e de criac;ao de regras eles acabam
porresolver. (ESPINOZA, 1990, p. 15).
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o importante nas brincadeiras livres e a observ8gao do professor durante a
execugao quanta as reagoes das criang8s, as relac;oes que estabelecem entre a
realidade e 0 jogo, a faz-de-conta, as resolwyoes que criam para as conflitos que
surgem. Os dad as da observ8c;:ao e que darao aos professores as elementos para 0
desenvolvirnento de urn eixo de trabalho que seja de interesse e necessidade de
seus alunos, num processo de constru<;ao conjunta e que permitira desenvolver a
processo ensino-aprendizagem de forma mais prazeirosa.
Quando consideramos 0 movimento como eixo do trabalho, podemos
trabalhar tambem com 0 jogo de varias formas a tim de desenvolver 0
aperfeigoamento dos movimentos da criang8, e que gradativamente ganha novas
habilidades motoras. 0 movimento do corpo ajuda a criam;a tambem a se expressar.
A crianc;a esta com 0 corpo em movimento constantemente, nao devemos
exigir que ela permaner.;:a sentada a tempo todo. Para que a crian9a desenvolva as
movimentos 0 professor pode estimula-Ios atraves de dan9a, esporte, exercicios
motores, sem se restringir a este tipo de atividades, deve incluir em suas atividades
a subir e descer em arvores, jogos de bola, e na dan9a deixar que a criancya livre
para buscar movimentos proprios, sem impor coreografias. Os jogos tradicionais
como as mencionados sao otimos para 0 desenvolvimento dos movimentos e da
motricidade.
Aqui a criatividade da crian9a pode ser agu9ada atraves de atividades livres
que permitam que 0 grupo crie jogos de movirnenta9ao do corpo, crie varia90es para
as jogos tradicionais e de bola. Urn exemplo, pode ser dado quando urn grupo de
alunos apes brincarem com arcos para 0 jogo tradicional de "coelhinho sai da tocan,
ende as crianc;as ficam dentro do arco colocado no chao, que corresponde a toca do
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coelho e cada crianr;8 representa 0 coelho, 1 ou mais crian<;as ficam sem toca, e a
cada sinal as criang8s trocam de casa, a que esta sem tern que tentar ocupar uma
casa. Ao brincarem livremente criaram 0 jogo dos discos voadores, cada area
correspondia a urn disco voador, cada crianC;8 era 0 comandante da nave e aD sinal
de um dos comandantes arremessavam os discos voadores (arcos). a cada
momento criavam uma nova regra; de quem voava mais (arremessava 0 areo mais
lange), de quem nao batia 0 disco (arremessar sem chocar com 0 areo do outre), de
quem voava mais alto (arremessar 0 areo para cima, 0 mais alto que conseguisse), 0
jogo comegou com algumas crianC;8s, e foi lao envoi vente que logo todo 0 grupo,
estava jogando, criando e respeitando as regras. 0 j090 foi tao criativo e envolveu
tanto a todos que sempre que podiam. repetiam a brincadeira.
Neste jogo ha 0 desenvolvimento dos movimentos, da motricidade, da
inteligencia, da expressao, da linguagem e da sociabilidade. Atrav9s deste exemplo,
reafirmamos a importancia da utilizac;ao do j090 para 0 desenvolvimento do trabalho
pedagogico, sem traumas para as crian<;as porque elas aprendem brincando.
As rela<;oes afetivas fazem parte do desenvolvimento do ser humano. Na
institui<;ao de educa<;8o infantil, 0 ambiente precisa ser saudavel e incentivar a auto-
estima das crianc;as. Isso ajuda no fortalecimento da autonomia. 0 educador deve
acolher cada crian<;a de forma individual e afetiva, 0 que 9 urn desafio permanente,
principalmente quando se trata de bebes. Para trabathar com as relagoes afetivas.
al9m da observa<;ao constante, do dialogo podemos melhorar muito 0
desenvoJvimento das rela<;oes atraves de j090s simb6licos, do faz-de-conta
deixando as crian<;as brincarem livremente ao ar livre, deixando que a sua
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imaginac;:ao uvae", permitindo que S8 expresse atraves de movimentos e do jogo
simb6lico.
Os jogos permitem 0 desenvolvimento do trabalho em grupo, da linguagem
oral e escrita, de diferentes habilidades de pensamento - como observar, comparar,
analisar, sintetizar e fazer conjecturas. Ah9m do aspecto mais restrito a sua utiliza\Oao
pedag6gica, os jogos e brincadeiras infantis, tern como grande contribui<;ao
promover a recuperac;ao e a manutenc;:ao da cultura de urn determinado grupo, 0
que muitas vezes e esquecido e ignorado pela maieria das escolas.
No dia-a-dia 0 professor pode trabalhar e introduzir diferentes tipos de jogos
com sua turma, fazendo usa de jogos e brincadeiras infantis, pode criar urna
brinquedoteca em sala de aula, com jogos industrializados e construidos par sua
turma com sucatas. As regras para a utilizac;ao devera ser estabelecida pelo grupe.
A participac;ao da crianC;8 na constrw;:ao de urn jogo e muito importante; pOis
ao construir ela estara desenvolvendo e trabalhando com todo 0 seu corpo,
inteligencia e afetividade. Quando da cria9Bo da brinquedoteca na escola em que
trabalhamos, solicitamos aos alunos os jogos que nao queriam, alguns foram
adquiridos e muitos construidos com sucatas, a cada dia urn jogo surgia e
trabalhavamos as regras criadas, as tecnicas para a criaryao de outros jogos, e urn
aspecto importante era 0 de atingir nosso objetivo interdisciplinar, trabalhamos ao
mesmo tempo todas as disciplinas: matematica, linguagern oral e escrita, hist6ria,
educa980 artistica, educa980 flsica, motricidade; enfim, tudo de forma agradavel,
sem ser mayante e imposta. A aprendizagern ocorre naturalmente. E comum os
professores desenvolver jogos para alfabetizar as crianc;as ou adultos, 0 processo de
alfabetiza9ao nao e facil, pOis envolve a decodifica98o de simbolos graficos com
valores sonoros, na verdade muito abstratos. Percebemos entao, que as professores
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utilizam-se dos jogos como meio facilitador, 0 ludico desmistifica a dificuldade da
decodific8C;<30. 0 resultado deste trabalho e que a crianC;8 aprende com mais
facilidade, realmente; pois para ela 0 jogo 8 urn desafio, decodificar simbolos no jogo
ela faz muitas vezes sem perceber, respeitar regras tambem 0 faz constantemente,
o professor s6 tern 0 cuidado de gradativamente introduzir a simbologia e as regras
atraves da brincadeira. Urn exemplo disto 8 0 jogo bingo de letras (8 como a bingo
tradicional, 56 que no lugar de numeros, uti1izamos letras), 0 domino de 1stras e
figuras (no lugar dos pontcs representando as numeros, colocamos de urn lado letra
e de Qutros figuras associ ad as), quebra-caber;8S de palavras e figuras (a figura
associ ada a palavra, e os recortes sao feitos de acordo com 0 numero de !etras da
palavra, ao mantar a figura surge naturalmente a palavra).
Para ensinar conceitos matematicos, os j0905 tambem facilitam 0 trabalho do
professor, as j0905 de percurso sao 6limos para trabalhar quanti dade, e podem ser
construidos junto com os alunos; confeccionar boliche com garrafas, trabalhar com
arcos e bolas, ou mesmo basquete, volei, com a marcagao e contagem de pontos,
automaticamente estamos trabalhando a matematica.
Urn aspecto relevante e 0 resultado da utilizagao dos jogos no processo de
aprendizagem, as crian9as tornam-se cada vez mais criativas, sao capazes de
respeitar os colegas e as regras com maior facilidade, 0 convivio social e melhorado,
sao mais amigos, mais carinhosos, mais par1icipativos, a habilidade motora eagu9ada. As crian9as ficam mais dispostas a aprender e 0 novo nao assusta, e um
desafio constante; ela esta sempre buscando aprender mais. A competitividade entre
elas e sadia. Afetivamente tornam-se mais estaveis, sao capazes de dividir, de
compar1ilhar, de respeitar, de perder, de ganhar, de sorrir, de brincar, de conviver; 0
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que as torna menes agressivas, egoistas, timidast hiperativas, desatentas. E, para
elas 0 "aprender" deixa de ser urn farda, e sim urn prazer.
4.1.0 PAPEL DO PROFESSOR
Quanta aos professores e necessaria que tenha certos cuidados quanta aos
excessos, ele nao pode esquecer seu papel dentro do grupo, deve orientar, auxiliar,
participar, observar, intervir quando necessaria, avaliar constantemente 58 atingiu ou
nao os seus objetivos. Ele e 0 mediador dentra do processo, deve langar desafios aD
grupo, abstrair sempre que passive I 0 que pode servir de elemento para melhor
desenvolver seu trabalho pedag6gico. Cuidar para que a rela,ao de competitividade
nao caminhe para a agressao, a excesso deixa de 5er sadie e faz cair por terra todo
o trabalho.
o seu papel e 0 de relacionar 0 jogo e as varias disciplinas, auxiliando as
alunos a abstrair de suas vivencias com as jog as a aprendizado. Nao e urn papel
facil, pais ao mesmo tempo que observa, participa, media, abstrai, estimula e ensina.
o que ja observamos algumas vezes e que muitos professores, utilizam-se do jogo
como recurso de maneira excessiva e sem objetivos, 0 que leva a brincar pelo
brincar, sem aprender. Muitas vezes, par nao observar e nao abstrair as atividades e
relaciona-Ias com a aprendizado, outras par comodismo pais en quanta as criangas
brincam eles descansam. Islo nao quer dizer que em toda a brincadeira a professor
tern que interferir, dirigir e ter urn objetivo concreto e interdisciplinar, mas tudo deve
ser dosado; a crianga tambem deve brincar por brincar, nos professores e que
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devemos cumprir nos so papel observando e uli1izando de propostas pedag6gicas
que facilitem, permitam 0 desenvolvimento da criang8.
A ideia do jogo pelo jogo, e ultrapassada, hoje esta comprovado que 0 j090
desenvolve entre Quiros aspectos raciocinio, motricidade, afetividade entao porque
nao utilizar-se deles para melhorar a qualidade do trabalho pedag6gico.
Em encontros de professores, curs~s de formayao e Qulras atividades que
envolvem educadores e tracas de experiencias, e comum ouvir em varias talas dos
educadores a sua experiencia com a utiliz8gao de jog05 no trabalho pedagogica, em
todas as areas curriculares. Notamos que a maiaria eria as seus j0905 com as
alunos, utilizam-se de sucatas, criam variac;5es dos j0905 tradicionais e os aplicam
em varias disciplinas.
Sabemos que as jogos sao utilizados em sess6es de fonoaudiologia,
pSicologia, psicopedagogia para solucionar problemas au disturbios de
aprendizagem/emocionais/fisicos, porque nao usa-los como recurso para evitar que
problemas e disturbios surjam au sejam minimizados? 0 papel do professor
enquanto mediad or e orientador e de suma importancia para que atraves do jogo a
crianc;a seja capaz de desenvolver-se de forma sadia.
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CONCLUSAO
Atraves de atividades Judicas , cria-s8 urn ambiente estimulador ande a
crian98 partic;pa, vivencia experiencias enriquecedoras as quais futuramente Ihe
serao de muita valia para sua alfabetizayao. Alfabetiz8<;:ao que va; alem do estar
apenas preocupado com 0 ensina da leitura, escrita, numeros .
E muito importante conhecer as brincadeiras e podermos compartilhar estas
com as crianc;:as, procurando a cada uma delas trabalhar de uma forma ampla, nae
restringindo-8 a objetivos unicos e espedficos, nem da brincadeira e nem, da
crian<;a. Devemos ter sempre em mente que a cada brincadeira pode surgir infinitas
formas e oportunidades de explorayao, de vivencias .E que cada crian98 e urn S8r
unico que pelo seu desenvolvimento e inteligencia permite evocar 0 passado, viver e
representar 0 presente e "sugestionar" 0 futuro .
Ao se trabalhar temas atraves de brincadeiras deve-se dar a criant;a
elementos culturais para a utilizaC;80 de outras brincadeiras, ampliando seu universo
de experiencias. Neste caso, deve-se explorar 0 desenvolvimento dos papeis em
toda a sua riqueza e complexidade.
o trabalho psicopedag6gico deve ser aproveitado ao maximo para
desenvolver a crian9a aquilo que e pr6prio ao ser humano, saber brincar.
A adoc;ao de jogos e brincadeiras como um dos recursos que 0
Psicopedagogo ou terapeuta pode utilizar-se na intervenC;80 psicopedag6gica
possibilita a exploraC;80 e a manipulac;ao do jogo, colocando a crianc;a com
dificuldades de aprendizagem, em contato com objetos e com 0 meio ambiente,
propiciando 0 estabelecimento de relac;oes e contribuindo para a construC;80 da
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personalidade e do desenvolvimento cognitiv~, tornando a atividade ludica
imprescindivel na educ8c;ElO.
Em suma, 0 brinquedo, a brincadeira, 0 ato de brinear constituem-se em
instrumentos importantes para 0 desenvolvimento da crianc;a, sao tambem
instrumentos para a construyEio do conhecimento infantil no senti do que pelo brinear
a crian98 organiza suas experiencias e aprende a lidar com as emoc;oes.
o professor e a Psicopedagogo podem usufruir dos jogos e das brincadeiras
S8 souberem observar e intervir a partir da 16gica da atividade ludica infantil,
descobrindo explora90es poss[veis e obtendo-se melhor aproveitamento do
brinquedo como mediador das brincadeiras e como tscniea educativ8.
46
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