monografia antonio costa matemática 2010

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9 INTRODUÇÃO A matemática surgiu a partir do momento em que o homem sentiu necessidade de organizar o espaço a sua volta, de construir e resolver problemas referentes ao seu dia-a-dia. Para tanto, foi essencial o domínio de determinadas habilidades matemáticas pelo cidadão para assim mover-se na sociedade. Sobre matemática D‟Ambrósio (2000, p.7) afirma: Vejo a Disciplina matemática como uma estratégia desenvolvida pela espécie humana ao longo de sua história para explicar, para entender, para manejar e conviver com a realidade sensível, per-ceptível e com o imaginário, naturalmente dentro de um contexto natural e cultural. Para realizarmos este trabalho, fomos especialmente motivados pela necessidade de compreender a importância do ensino da matemática na interpretação dos gráficos resultante de pesquisa eleitoral, bem como sua repercussão, na opinião pública do município de Pindobaçu. Moveu-se também pelo fato desta pesquisa está inserida diretamente no contexto da população que se mostra curiosa em relação aos gráficos matemáticos propostos no momento das entrevistas e na apresentação de dados estatísticos, que trazem informações sobre a situação dos candidatos. Diante disso, apresentamos nosso trabalho com o objetivo principal de conhecer e discutir os conhecimentos matemáticos dos cidadãos pindobaçuense, relacionados com a matemática ensinada na sala de aula, procurando estabelecer vínculos existentes entre os mesmos, bem como verificar a compreensão matemática dos resultados das pesquisas eleitorais. Então, mostraremos no Capítulo I, A Linguagem Matemática, partimos da dificuldade que o cidadão tem em ler e entender um texto matemático e a importância da opinião pública numa pesquisa eleitoral. No Capítulo II, A Compreensão das Pesquisas Eleitorais enfocou sobre o pleito eleitoral de 2008 e a compreensão dos cidadãos sobre o mesmo. A seguir, no Capítulo III, apresentamos a Matemática como Fonte de Informação, mostramos como são aplicados os conteúdos em sala de aula. No último Capítulo, abordamos a Pesquisa e o Município, apresentamos o caminho da pesquisa o resultado da entrevista e os dados estatísticos do nosso trabalho.

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Page 1: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

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INTRODUÇÃO

A matemática surgiu a partir do momento em que o homem sentiu

necessidade de organizar o espaço a sua volta, de construir e resolver problemas

referentes ao seu dia-a-dia. Para tanto, foi essencial o domínio de determinadas

habilidades matemáticas pelo cidadão para assim mover-se na sociedade.

Sobre matemática D‟Ambrósio (2000, p.7) afirma:

Vejo a Disciplina matemática como uma estratégia desenvolvida pela espécie humana ao longo de sua história para explicar, para entender, para manejar e conviver com a realidade sensível, per-ceptível e com o imaginário, naturalmente dentro de um contexto natural e cultural.

Para realizarmos este trabalho, fomos especialmente motivados pela

necessidade de compreender a importância do ensino da matemática na

interpretação dos gráficos resultante de pesquisa eleitoral, bem como sua

repercussão, na opinião pública do município de Pindobaçu. Moveu-se também pelo

fato desta pesquisa está inserida diretamente no contexto da população que se

mostra curiosa em relação aos gráficos matemáticos propostos no momento das

entrevistas e na apresentação de dados estatísticos, que trazem informações sobre

a situação dos candidatos.

Diante disso, apresentamos nosso trabalho com o objetivo principal de

conhecer e discutir os conhecimentos matemáticos dos cidadãos pindobaçuense,

relacionados com a matemática ensinada na sala de aula, procurando estabelecer

vínculos existentes entre os mesmos, bem como verificar a compreensão

matemática dos resultados das pesquisas eleitorais. Então, mostraremos no

Capítulo I, A Linguagem Matemática, partimos da dificuldade que o cidadão tem em

ler e entender um texto matemático e a importância da opinião pública numa

pesquisa eleitoral. No Capítulo II, A Compreensão das Pesquisas Eleitorais enfocou

sobre o pleito eleitoral de 2008 e a compreensão dos cidadãos sobre o mesmo. A

seguir, no Capítulo III, apresentamos a Matemática como Fonte de Informação,

mostramos como são aplicados os conteúdos em sala de aula. No último Capítulo,

abordamos a Pesquisa e o Município, apresentamos o caminho da pesquisa o

resultado da entrevista e os dados estatísticos do nosso trabalho.

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Para alcançar os objetivos da pesquisa, foram entrevistados cidadãos escolarizados

pindobaçuenses pertencentes a zona rural e urbana, com uma faixa etária média de

16 a 35 anos de idade entre eles foram ouvidos trabalhadores e estudantes.

Verificamos ao longo do processo de entrevistas e interpretações, que alguns

dos entrevistados não conseguiram associar o conteúdo estudado com a realidade.

Vimos também que, para que tivessem uma melhor interpretação deveriam mobilizar

os conhecimentos referentes a estatística e a porcentagem.

Sendo assim, podemos entender que muitas vezes o ensino distancia-se dos

anseios da atual sociedade, que exige dos cidadãos, a interpretação e a interação

no meio social. Para que haja mudança em nossa realidade é importante que a

escola direcione melhor seus alunos para que os mesmos consigam ser cidadãos

críticos e atuantes capazes de interagir e agir no meio social. Os professores “do

Município de Pindobaçu” deverão contextualizar os conteúdos trabalhados em sala

de aula para melhor conhecer as expectativas do aluno, e este, compreender de

maneira crítica os acontecimentos que o cerca.

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CAPÍTULO I: A LINGUAGEM MATEMÁTICA

Ao depararmos com a dificuldade de ler e entender um texto matemático

permeado de símbolos e também de técnicas para a resolução de problemas

percebemos, que é, sem dúvida, um fator de segregação, não só nas escolas como

também na sociedade. Sabemos que o conhecimento da matemática propicia o

acesso a muitas das mais bem sucedidas profissões atuais e que, para atingir certo

grau desse conhecimento, faz-se necessário o uso de habilidades e competências

superiores como: interpretar, analisar, inferir, deduzir, induzir.

Quando se compreende o significado matemático é notório o envolvimento e

com isso, percebemos que a Matemática tem linguagem própria, e quando a

dominamos, é como se aprendêssemos a falar, a ler e a nos comunicar em outra

língua. Comparar a matemática com o falar é fundamental para isso, D‟Ambrosio

(1986, p. 35), afirma:

[...] o fato de a matemática ser uma linguagem (mais fina e precisa que a linguagem natural) que permite ao homem comunicar-se sobre fenômenos naturais, conseqüentemente, ela se desenvolve no curso da história da humanidade desde os “sons” mais elementares, e, portanto intimamente ligada ao contexto sociocultural em que se desenvolve – por isso falamos em matemática grega, matemática hindu, matemática pré-colombiana.

Sobre isso se faz necessário que o professor leve o aluno a desenvolver a

linguagem matemática de forma que ela se torne tão natural quanto à linguagem

diária. No entanto, precisa perceber que o contexto em que atua necessita ser

modificado, já que a Matemática como qualquer outro conhecimento sofre a

influência do meio onde está inserido e dependendo da época em que está sendo

trabalhada é apresentada de forma contextualizada. É preciso integrá-lo tanto

espacialmente quanto temporalmente.

O aluno não pode estar imune ao contexto circundante e precisa se envolver

e participar da evolução e da tecnologia. É de nosso conhecimento que não é

possível ensiná-la hoje como ela foi ensinada ontem, porque tanto a linguagem,

quanto o comportamento dos seus usuários e beneficiários se alterou e continua

sofrendo evolução de forma contínua.

Atualmente existe a necessidade do desenvolvimento de competências e

habilidades em Matemática para analisar o processo envolvido na resolução de

Page 4: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

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qualquer situação-problema. Nesta etapa, além da leitura e de conhecimentos

específicos de Matemática, as situações propostas envolvem também o domínio dos

códigos e nomenclatura da linguagem Matemática, a compreensão e interpretação

de diagramas e gráficos e a relação destes elementos com a linguagem discursiva.

Aprender Matemática de uma forma contextualizada, integrada e relacionada a outros conhecimentos traz em si o desenvolvimento de competências e habilidades que são essencialmente formadoras, à medida que instrumentalizam e estruturam o pensamento do aluno, capacitando-o para compreender e interpretar situações, se apropriar de linguagens específicas, argumentar, analisar e avaliar, tirar conclusões próprias, tomar decisões, generalizar e para muitas outras ações necessárias à sua formação. (BRASIL, 2002, p. 111).

A preocupação em desenvolver esse trabalho esta inteiramente ligada à

compreensão do cidadão em, ler, analisar e interpretar a situação por inteiro, decidir

sobre a melhor estratégia para resolvê-la, tomar decisões, argumentar, expressar-se

e fazer registros.

É interessante que a Matemática possa ser trabalhada de forma isolada na

construção de conceitos que suportem a interdisciplinaridade. Ao fazê-la percebe-se

que será mais produtivo se for trabalhada de forma contextualizada com as demais

áreas do conhecimento. Para isso é necessário que o professor passe a elaborar

formas diferenciadas de trabalhar os seus conceitos e isso significa elaborar novos

modelos de ensinar e aprender.

Sabemos que o discurso pedagógico da Matemática faz parte da Educação

Matemática e tem interesse em interagir na postura, na metodologia, na didática,

nos texto didático escrito e falado. Mudar de discurso ou defender discursos

diferentes, “é uma revolução que não se dá de um dia para o outro”, para Kuhn

(2000, p. 26):

Uma nova teoria, por mais particular que seja seu âmbito de aplicação, nunca

ou quase nunca é um mero incremento ao que já é conhecido. Sua assimilação

requer a reconstrução da teoria precedente e a reavaliação dos fatos anteriores.

Esse processo intrinsecamente revolucionário raramente é completado por um único

homem e nunca de um dia para o outro.

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Segundo a afirmação, pode-se dizer que a Educação Matemática é vista

como revolução no sentido da construção de saberes significativos que só se tornam

possíveis perante mudanças de paradigmas.

Sobre essa mudança em relação à Educação Matemática, Bicudo e Garnica (2002,

p. 40), defendem que:

Educação Matemática será, pois, expressão vaga se não for concebida como preenchendo-se, reflexiva e continuamente, dos significados que vêm da prática. A Educação Matemática dá-se como uma reflexão-na-ação. Ação que ocorre num contexto no qual vivemos com o outro: compartilhando vivências.

Para que haja essa revolução, elementos deverão ser analisados na tentativa

de compreender os fatores que levam o aluno a não perceber a Matemática como

uma linguagem estruturada para expressar idéias, conceitos e, também, a não

entender os seus mecanismos de funcionamento.

Atualmente é comum a menção ao analfabetismo matemático que caracterizaria o

fato de que um sujeito não consegue desenvolver um mínimo de habilidade

matemática. Isto significaria conhecer e distinguir os números, as operações

aritméticas básicas, ainda ser incapaz de formular qualquer análise crítica ou tirar

conclusões a partir de informações numéricas. Será que isso acontece pela forma

com se ensina Matemática nas escolas? Possivelmente, pois na maior parte das

vezes, o ensino é pautado no trabalho mecânico e descontextualizado, enfatizando

técnicas operatórias e memorização de fórmulas e propriedades.

É interessante ressaltar que para a pessoa estar matematicamente

alfabetizada significa que entende o que lê e o que escreve, bem como, percebe o

significado do ato de ler e escrever no contexto da Matemática.

Dependendo da forma como os conceitos são trabalhados terão significados

diferentes para quem aprende.

Sobre esse tema, Halliday (1973, apud, INGEDORE, 1993, p. 22) afirma que

ao imaginar um sistema capaz de explicar tanto a estrutura do enunciado como o

jogo de enunciação, define o texto como ”realização verbal entendida como uma

organização de sentidos, que tem o valor de uma mensagem completa e válida num

contexto dado”.

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Portanto ao fazer um comparativo, analisando a idéia de que as palavras e os

símbolos não são sempre empregados da mesma maneira, pode-se dizer que o

significado tanto de um símbolo como de uma palavra vai depender da maneira pela

qual são relacionados entre si e com outros elementos, ou seja, depende do

contexto em que se encontram. Para isso será necessário descrever: a semântica, a

sintática e a pragmática.

Sobre seus conceitos e significados, descreve-se que a semântica se refere

às transformações do significado, tratando-se da dimensão mais abrangente, pois,

tem ligação com as demais, a sintática é vista como sendo a maneira em que as

palavras ou símbolos são usados em uma sentença ou fórmula matemática já a

pragmática faz referência aos significados que cada palavra ou símbolo tem em

relação as vivências e experiências individuais.

O reconhecimento de que a Matemática raramente é ensinada da forma como

é praticada tem levado estudiosos a rever esse ensino. Vygotsky já afirmava que a

aprendizagem dos conceitos deveria ter origem nas práticas sociais. “O significado

de uma palavra representa um amálgama tão estreito do pensamento e da

linguagem, que fica difícil dizer que se trata de um fenômeno da fala ou de um

fenômeno do pensamento” (VYGOTSKY, 2003).

A respeito dessa prática social podemos fazer uma relação com uma

campanha eleitoral. Este tipo de questão desperta mais interesse do que o problema

de como obter o apoio da opinião pública.

Ao analisarmos a literatura da Grécia e Roma antigas, bem como ao longo da

Idade Média, os filósofos tinham inteira consciência da importância da opinião das

massas. No século XVIII, entretanto, a expressão de opinião pública foi submetida a

uma análise e a um tratamento mais sistemático. Diante disso, muitos autores vêm

dando especial atenção ao caráter emocional e irracional do processo formativo da

opinião pública. Neste sentido, nos séculos XVII e XVIII, escritores como Voltaire,

Hobbes, Locke e Hume voltaram-se ao assunto. Para Hobbes, o mundo seria

governado pela opinião. Locke considerou a opinião como uma das três categorias

do direito; enquanto Hume afirmou que na opinião é que o governo se fundamenta.

Embora tenham sido contribuições iniciais importantes, foi Rousseau, no século

XVIII, quem fez uma das mais claras análises do conceito de opinião pública em sua

época.

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Sendo assim, quando analisamos uma opinião não estamos analisando sua

aprendizagem. A opinião de uma pessoa, não corresponde a um grupo. Essa

transição entre o consenso social e as convicções individuais é o que Rousseau

(apud Barros Filho, 1995) classifica então de opinião pública. Já para Lippmann

(1922), a opinião pública seria a média das opiniões circundantes em uma

determinada sociedade, num momento determinado. Já de acordo com Tarde

(1992), são os seres humanos quem têm a necessidade de ajustar-se segundo os

demais.

A pesquisa de Noelle-Neumann (1995) afirma que as pessoas são

influenciadas não apenas pelo que as outras dizem, mas pelo que as pessoas

imaginam que os outros poderiam dizer. Ainda segundo a autora, se um indivíduo

imagina que sua opinião poderia estar em minoria ou poderia ser percebida com

desdém, essa pessoa estaria menos propensa a expressá-la. Assim, a sociedade

ameaça os indivíduos desviados com o isolamento. Os indivíduos experimentam um

contínuo medo do isolamento. Este medo faz com que os indivíduos tentem avaliar

continuamente o clima de opinião; por fim, os resultados dessa avaliação influem no

comportamento em público, especialmente na expressão pública ou no ocultamento

das opiniões.

A influência que esse processo todo exerce sobre os indivíduos, a respeito do

que eles imaginam ser o pensamento dos demais, realiza-se num movimento

constante e ascensional, por isso denominado de espiral do silêncio, (NEULLE-

NEUMANN, 1995).

Essa perspectiva explicaria o porquê da importância das pesquisas de opinião

para uma campanha política e o quanto elas podem ser decisivas. É como se a

tradicional pergunta feita pelos institutos “se a eleição fosse hoje, em quem você

votaria?” fosse interpretada como “mantendo-se tudo como está, esse será o

resultado das eleições”. Ou seja, chegando a trocar, até mesmo, um questionamento

por uma afirmação.

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CAPÍTULO II: A COMPREENSÃO DAS PESQUISAS ELEITORAIS

Em outubro de 2008, aconteceu mais uma eleição, permeada pelas diferentes

linguagens e pelas novas tecnologias. Inseridas neste contexto lá estavam elas, as

campanhas partidárias e as pesquisas eleitorais mostrando com sua linguagem

matemática as pretensões momentâneas de votos dos eleitores a determinado

candidato.

Para interpretá-las é preciso que o cidadão compreenda as mensagens que

são divulgadas. Para isto é necessário mobilizar conhecimentos históricos sociais e

matemáticos, fundamentais para a compreensão da realidade e da inserção nesta

enquanto cidadão crítico e atuante.

Em tempos remotos não era assim que acontecia. Não havia pesquisas, a

oralidade “o comício” era o eixo norteado da campanha. Eleição se ganhava depois

de muito empenho por partes dos candidatos que precisavam de preparo físico e de

ter o dom da oralidade para convencer as pessoas.

Neste período a população residia em sua maioria na zona rural e com

condições de vida restrita, dependendo dos fazendeiros tanto para trabalhar assim

como para deslocarem-se de suas residências, até mesmo para cumprir com suas

obrigações eleitorais. Como descrever (LEAL, 1997 p. 56):

A maioria dos eleitores brasileiros reside e vota nos municípios do interior. E no interior o elemento rural predomina sobre o urbano. Esse elemento rural, como já notamos, é paupérrimo. São, pois os fazendeiros e chefes locais que custeiam as despesas do alistamento e da eleição. Sem dinheiro e sem interesse direto, o roceiro não faria o menor sacrifício nesse sentido, documentos, transporte, alojamentos, refeições, dias da eleição, tudo é pago pelos mentores políticos empenhados na sua qualificação e compromisso.

Dessa forma, o eleitor rural cria dependência para com o fazendeiro, sendo

este quem escolhe o candidato que o trabalhador deve votar como afirma Leal

(1997, p. 57): “é, portanto, perfeitamente compreensível que o eleitor da roça

obedeça à orientação de quem tudo lhe paga, com insistência, para praticar um ato

que lhe é completamente indiferente”.

Em troca dos “favores” concedidos aos seus empregados os fazendeiros

tiravam proveito da falta de conhecimento destes, já que não freqüentavam escolas

e muitos não tinham contato com meios de comunicação, os donos das terras

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indicavam o candidato no qual eles deveriam votar. Com o passar do tempo esses

trabalhadores começaram a ter acesso a novas informações principalmente pelos

meios de comunicação e começaram a surgir as primeiras “traições”. Segundo Leal

(1997, p. 57):

Observadores locais costumam atribuí-lo a propaganda radiofônica. Nas cidades do interior já são numerosos os aparelhos receptores, e os trabalhadores rurais têm hoje maior possibilidade de contato com a sede urbana pelo uso bastante generalizado do transporte rodoviário. [...] não se deve esquecer também o grande incremento que se verificou durante a guerra na migração de trabalhadores do campo para atividades urbanas empreendimentos industriais, construção civil, bases militares, ou para extração de borracha e exploração de minérios, especialmente cristais de rocha e mica.

Dessa forma, constata-se que a partir do momento que o cidadão teve acesso

a informações e as transformou em conhecimento buscou sua liberdade eleitoral até

então manipulada pelos fazendeiros.

Os costumes eleitorais mudaram e os eleitores faziam parte de uma

sociedade essencialmente urbana e telemaníaca. Os eleitores têm mais acesso a

informações o que contribuiu para que os candidatos nas campanhas eleitorais

utilizem além do palanque da praça, o estúdio de televisão, representados pelas

pesquisas pré-eleitorais. Gráficos, manchetes em jornais, destaques na internet

agora este é o cenário das campanhas eleitorais onde são travadas verdadeiras

“batalhas” entre os marqueteiros, buscando mostrar o leitor a “imagem” e as

propostas de cada candidato. Entretanto, embora se realizem pesquisas eleitorais e

mesmo dispondo destas novas tecnologias no interior do Brasil, as campanhas

ainda têm como forma para aproximar o candidato do eleitor: o comício em praça

pública.

Nas campanhas eleitorais de hoje, a informatização atrela-se à oralidade e a

linguagem matemática que através de resultados de pesquisas contribui para uma

mudança de valores e costumes.

Habitualmente são realizadas pesquisas eleitorais com o propósito de

averiguar a situação dos candidatos perante o eleitor. Na análise e interpretação dos

dados são apresentadas informações que utilizam a linguagem matemática:

gráficos, porcentagens, conteúdos estatísticos e amostragem. Como conseqüência

da interpretação dos dados apurados há uma evolução positiva ou negativa do

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candidato. Isto influencia o andamento da campanha como, também, a aquisição de

recursos para arcar com as despesas geradas no período eleitoral. Além disso,

existem outros fatores que podem influenciar os eleitores na hora da decisão do

voto, por exemplo: ideologia, classe social, escolaridade, interesses pessoais,

preferência partidária, propostas dos candidatos, avaliação do desempenho do

governo, influencia dos amigos e familiares.

Neste sentido percebe-se que a interpretação que os cidadãos têm das

pesquisas eleitorais depende da compreensão matemática dos dados. Diante desta

constatação este estudo pretende contribuir para uma reflexão crítica sobre a

importância de compreender as representações do eleitorado e a compreensão

matemática que estes fazem a respeito dos dados das pesquisas eleitorais.

Segundo Almeida (2003): “As pesquisas eleitorais são uma espécie de

milagre estatístico que fazem mil pessoas falar por milhões”. Mas como as pessoas

do semi-árido baiano especialmente garimpeiros, trabalhadores rurais, estudantes,

políticos e professores residindo em uma cidade que tem como principais fontes de

renda a agricultura, a agropecuária e a extração mineral – esmeralda – e como

principal fontes de informações, compreendem a linguagem matemática das

pesquisas eleitorais?

A partir desta indagação que norte-se-á o presente estudo buscando alcançar

os seguintes objetivos gerais: compreender as representações que o cidadãos da

comunidade pindobaçuense têm em relação as pesquisas eleitorais e, descobrir a

contribuição dos saberes matemáticos trabalhados na sala de aula na compreensão

dos resultados das pesquisas eleitorais. Em busca de objetivo mais específico,

analisar o nível de compreensão matemática dos eleitores submetidos a análise de

pesquisas eleitorais e averiguar se as pesquisas eleitorais são um dos fatores que

influenciam o voto do eleitor no município de Pindobaçu.

Sendo assim apresentamos estas constatações e inquietações sobre como as

pessoas compreendem a linguagem matemática presente nos resultados das

pesquisas eleitorais que constituíram a idéia norteadora deste estudo monográfico.

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CAPÍTULO III: MATEMÁTICA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO E

INTERPRETAÇÃO

Com os avanços tecnológicos, nossa sociedade passa por significativas

transformações e o conhecimento é a peça norteadora para mudanças efetivas. Na

atual sociedade é imprescindível a formação educacional do cidadão, sendo assim,

o ambiente escolar deve possibilitar ao aluno saberes diversificados capacitando-os

para construção de habilidades que o credenciam para inserir-se numa sociedade

globalizada.

Portanto ler, escrever e interpretar as informações requer a mobilização de

diversos saberes – tecnológicos específicos – orais, matemáticos e contextuais –

leitura de mundo – o dia-a-dia. Nesses, os saberes matemáticos se constituem

imprescindíveis para compreensão dessa sociedade matematizada que nos rodeia.

Dessa forma a escola tem a incumbência de qualificar o aluno para enfrentar

uma sociedade marcada cada vez mais pelo desenvolvimento tecnológico onde o

saber é o fator determinante para o sucesso profissional e pessoal, como diz

Boavida (apud, BARALDI 1999 p.36):

[...] todo cidadão para ter acesso ao mundo de conhecimento cientifico e tecnológico, precisa possuir uma cultura matemática básica que lhe permita interpretar e compreender criticamente a matemática subjacente a inúmeras situações do dia-a-dia, e também lhe permitir resolver problemas e tomar decisões diante dos mais variados aspectos de sua vida.

Assim a escola assume um papel de somar importâncias na formação do

individuo e na sua aquisição de conhecimento que possibilitem tais transformações.

Para isso a escola deve buscar renovar-se constantemente principalmente buscando

rever a forma como estão estruturados seus currículos como ressalta Pires (2000, p.

8). As medidas curriculares constituem fatores decisivos para a renovação e

aperfeiçoamento do ensino da matemática.

E através de uma reestrutura contextualizada com a sociedade atual, busque

fazer possíveis mudanças que viabilizem o uso do conhecimento para que o

indivíduo possa interagir em uma sociedade globalizada, que exige que o mesmo

exerça multlipas funções. Parra (2000, p. 203)

Page 12: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

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[...] a organização curricular deve criar um ambiente escolar que possa ser caracterizado como um espaço em que possa ser caracterizado como um espaço em que, alem de buscar dados e informações, as pessoas tenham possibilidade de construir seu conhecimento de desenvolver sua inteligência com suas múltiplas competências”.

Portanto, a educação além de proporcionar aquisições de conhecimento deve

ter como objetivo a formação do cidadão.

A forma como o conhecimento é construído ou mais habitualmente

transmitido no ambiente escolar na maioria das vezes dar-se de forma desvinculada

da realidade. Outro agravante é a desconsideração pela maioria dos professores, do

conhecimento que os alunos já têm, criando uma dificuldade para assimilar

conteúdos e conceitos estudados e relacioná-los ao seu meio social.

Como diz Ausubel (1980, p. 45),

[...] aprender o significado de uma palavra-conceito exige obviamente um conhecimento prévio de seus correspondentes referentes mais sofisticados do que outras formas de aprendizagem referencial, uma vez que aprender o significado da palavra-conceito difere, num aspecto importante, da aprendizagem do significado de palavras que não representam conceito.

Dessa forma, se faz necessário uma imediata transformação nos métodos de

ensino utilizados pelos professores de matemática tendo como objetivo despertar o

interesse do aluno pelos conteúdos estudados em especial a compreensão

matemática dos mesmos, alem de relacioná-los com o meio social no qual o aluno

está inserido levando-se em conta as suas experiências de vida.

Com o propósito de enriquecer este estudo com mais informações referentes

ao papel da escola, tema este abordado no capitulo anterior, de forma sucinta serão

acrescentados neste capitulo algumas informações referentes à educação e o

ensino.

A educação busca através de métodos capacitar o homem para conviver em

sociedade com o grupo ao qual pertence, de modo critico e atuante, como ressalta

Ausubel (apud BARALDI,1999, p. 33): “[...] A educação é entendida como uma

família de processos, cuja intenção é o desenvolvimento de qualidades desejáveis

nos indivíduos, ajuda a criar tipos de homens convenientes e desejáveis a uma

sociedade”.

Page 13: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

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O ensino é considerado como regras utilizadas pelos professores a fim de

possibilitarem a construção do conhecimento referente a assuntos antes

desconhecidos. Dessa forma, Ausubel (apud BARALDI, 1999, p. 34) descreve: “o

ensino constitui-se num caminho para adquirir-se conhecimento, de forma

organizada, intencionada por alguém”.

Fazendo uma referencia à Matemática evidenciam-se aspectos específicos

referentes ao conhecimento matemático: a natureza da matemática, conceito de

matemática – o simbolismo e o rigor.

Um resgate histórico da produção do conhecimento matemático leva-me a

perceber que esta ciência surge inicialmente como uma resposta à necessidade de

sobrevivência e conseqüentemente de organização social.

A necessidade de contar, de fazer plantações, a forma como construir suas

residências todas essas necessidades envolve um conhecimento matemático, como

diz Boeyer (1974, p. 440): “a matemática não é uma ciência natural, mas uma

criação intelectual do homem”.

Com a evolução da sociedade o homem procurou transformar o meio em que

vivia. Tais modificações foram impulsionadas pelo desejo de transformar suas idéias

em realidade atingindo assim seu desenvolvimento intelectual. Sylvester (apud

BOEYER, 1974, p. 440) diz que: “A matemática se origina das forças das atividades

inerentes da mente humana, e da introspecção continuamente daquele mundo

interior do pensamento em que os fenômenos são tão variados e exigem atenção

tão grande quanto a do mundo físico exterior”.

Através da busca por conquistas e do crescimento intelectual, havia duas

civilizações com diferentes idéias matemáticas: de um lado os babilônios com uma

matemática voltada para a exatidão; por outro lado os gregos com a geometria

buscando simbolismo matemático. Embora tais indagações feitas pelos gregos

tenham propiciado importantes contribuições, prevaleceu o raciocínio lógico e a

exatidão originada com os babilônicos, como destaca Courant (2000):

Talvez a antiga descoberta das dificuldades associadas a quantidades incomensuráveis impediram que os gregos desenvolvessem a arte do calculo numérico alcançado antes no oriente. Ao invés disso, eles forçaram seu caminho através da intricada geometria axiomática pura. [...] por quase dois mil anos, o peso da tradição geométrica grega retardou a inevitável evolução do conceito de número e da manipulação algébrica, que mais tarde constituiu a base da ciência moderna.

Page 14: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

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A referida ciência quando se desprende do caráter puro, propicia o

desenvolvimento da sociedade, a partir do momento que o homem a utiliza para

satisfazer seus anseios. Logo, a matemática é tanto para intelectuais quanto para o

restante das pessoas, uma ciência que viabiliza, a partir de observações de

acontecimentos, a metamorfose do meio social. Pois. Segundo Courant (2000):

O que pontos, retas, números “efetivamente” são não pode ser dis- cutido na ciência matemática. O que importa é o que corresponde os fatos “verificáveis” é a estrutura e as relações entre objetos; que dois pontos determinem uma reta, que os números se combinem de acordo com certas regras para formar outros números, etc.

Construindo uma interpretação adequada, a sociedade atual utilizará o

conhecimento matemático como instrumento de compreensão e transformação do

cotidiano.

O importante é a aplicação do conteúdo matemático em atividades práticas e

não necessariamente sua definição como retrata Parra (1996, p. 13): “aos

professores de matemática compete selecionar entre toda matemática existente, a

clássica e a moderna, aquela que possa...

Para seleção temos de levar em conta que a matemática tem um valor

formativo, que ajuda a estruturar todo o pensamento e agilizar o raciocínio dedutivo,

porém que também é uma ferramenta que serve para a atuação diária e para muitas

tarefas específicas de quase todas as atividades laborais... “O sentido da

matemática deve ser um constante equilíbrio entre a matemática formativa e a

matemática informativa”. Santaló (1996, p. 15)

A sociedade está em processo contínuo de transformação onde cada vez

mais a informação e o conhecimento atrelam-se ao desenvolvimento. Hoje, não é

suficiente apenas ter informação. É preciso a partir da existência da mesma pensar

e agir de modo que venha produzir conhecimento que torne o indivíduo apto para

conviver com esta nova realidade.

Segundo Machado (1993, p. 66):

Quando o homem comum dirige sua atenção para a matemática escolar, passa a exigir dela alguma utilidade prática no sentido epidérmico supra-referido. Levando que seu ensino é compulsório e que , na maioria das vezes,não tem características suficientes atraentes, tais exigências parecem bastantes naturais.

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Sendo assim o conteúdo trabalhado na escola deve mostrar ao aluno como

tais informações podem ser utilizadas no seu cotidiano. Assim como também, como

destaca Machado (1993, p. 65) que o discente seja capaz de perceber o fato de:

[...] a matemática ser cada vez mais utilizada nos mais abrangentes setores do conhecimento. Da lingüística à psicanálise, da psicologia a medicina, da economia ao estudo da comunicação humana, da biologia às ciências sociais, sem esquecer das aplicações decorrentes da histórica e natural associação da matemática com a chamadas ciências exatas como física, a química, com a engenharia, ou ainda as que resultam de uma acentuada tendência à informação da sociedade, com a expectativa da onipresença dos computadores nas atividades humanas[...].

Até mesmo os cidadãos desprovidos de qualquer escolaridade, na sociedade

atual são a todo instante cercados por novas informações: dados numéricos com

porcentagem sobre economia, pesquisas de opinião, desempenho da indústria,

índices de desemprego, entre outros. Skovsmose (2004, p. 35) conclui que:

”portanto, estamos diante de uma sociedade matematizada que tem nesta ciência a

base do desenvolvimento social”.

Se a escola não se adequar a essa realidade o discente ficará desmotivado e

pouco interessado pelos conteúdos estudados, conseqüentemente, além de ocorre

um distanciamento, entre a escola e o cotidiano, o aluno poderá utilizar outros meios

para conseguir entender os acontecimentos que o cerca, principalmente na mídia,

correndo o risco de interpretar as informações recebidas de forma equivocada, como

alerta Parra (1996, p. 11):

[...] se a escola descuida-se e se mantém estática ou com movimento vagaroso em comparação com a velocidade externa, origina-se um afastamento ou divorcio entre a escola e a realidade ambiente, que faz com que os alunos se situam pouco atraído pelas atividades de aula e busquem adquirir por outros meios os conhecimentos que consideram necessários para compreender à sua maneira o mundo externo, que percebem diretamente ou através dos meios de comunicação.

Nesse sentido a compreensão do conhecimento matemático aplicável às situações

do dia-a-dia, constitui-se como um caminho para o exercício da cidadania.

Page 16: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

24

CAPÍTULO IV: A PESQUISA E O MUNICÍPIO

De acordo com DIAS, desde a primeira metade do século 20 tomou corpo na

sociologia da mídia uma visão profundamente funcionalista da comunicação social,

consignada nas pesquisas de opinião. O grande teórico desta sociologia, Paul

Lazarfeldt, pretendia dar aos fatos sociais uma formatação matemática. A partir da

idéia das pesquisas estruturadas em questionários, logo surgiram modelos com a

pretensão de quantificar graficamente os níveis de consciência das pessoas e dos

grupos. Estes modelos serviriam como uma referência na determinação dos

modelos de comunicação, a fim de serem aceitas as propostas de determinado

produto, incluindo aí os concorrentes a cargos eletivos. Isto é, em vez de aferir a

opinião, a pesquisa determina a opinião. (Datafolha, 2002).

A formulação das questões também é importante momento da constituição de

certa ideologia que a pesquisa quer ver, pois é na pergunta que se define a

resposta. Exemplo mais gritante é o voto estimulado com cartão e a pergunta: "Se

as eleições fossem hoje, em qual destes candidatos você votaria?" O que ocorre é

que esta pergunta cria uma situação irreal, na medida em que as eleições não são

efetivamente naquele dia e, logo, a pergunta estará condicionada a uma

determinada conjuntura, diferente do fato real.

Mas a desinformação é o elemento mais importante na construção de uma opinião

pública favorável à manutenção do status. Por isso o grau de escolaridade ou, o que

seria mais preciso, o hábito de leitura, não é utilizado como filtro.

Para realizar este trabalho serão feitos questionamentos com alguns cidadãos

do município de Pindobaçu, buscando descrever através das informações coletadas

suas experiências de vida e como elas estão relacionadas com as respostas dadas

sobre o tema de estudo.

Segundo Ludke e André (1986, p.1) “para se realizar uma pesquisa é preciso

promover o confronto entre os dados, as evidencias, as experiências, as

informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico

acumulado a respeito dele”.

Portanto, após a coleta dos dados estes serão confrontados com as

discussões que foram abordadas no capítulo anterior a fim de chegar a conclusões

relacionadas ao objetivo de estudo.

Page 17: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

25

A capitação das informações para desenvolver a pesquisa será feita por meio

de entrevista. Serão ouvidas 15 pessoas; sendo 05 trabalhadores escolarizados e 10

estudantes, destes, 05 pertencentes a zona rural e 05 a zona urbana.

A escolha para realizar a pesquisa por meio de entrevistas parece mais

apropriada, pois esta diferencia dos outros métodos de investigações por permitir a

obtenção de informações independentes do grau de escolaridade dos cidadãos,

alem de mostrar através das respostas dos entrevistados detalhes sobre suas

experiências de vida, facilitando relacionar a resposta com o meio ao qual esta

inserida.

Durante a realização das entrevistas será necessário delimitar o tema

abordado pelo estudo, pois o discurso sobre “política” remete as pessoas avaliações

partidárias e ideológicas correndo o risco de fugir ao assunto principal. Levando em

consideração o que Bogdan e Biklen ( apud LUDKE, 1986 p.13):

A pesquisa qualitativa ou naturalista envolve a obtenção de dados descritivos obtidos do contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar as perspectivas dos participantes.

Em uma entrevista há uma maior aproximação entre entrevistado e

entrevistador. Portanto, é de suma importância criar um clima de confiança mutua

entre as pessoas envolvidas, pois, possibilitará a obtenção de informações de modo

eficaz e satisfatório. Embora a realização das entrevistas siga um roteiro este é

flexível, aberto a modificações. Assim, os questionamentos não serão feitos por uma

ordem lógica, porém de acordo com as respostas obtidas serão aproveitadas para o

tema do estudo, dessa forma a entrevista da referida pesquisa será semi-

estruturadas se desenrolando a partir de um esquema básico, porém não aplicado

rigidamente, permitindo que o entrevistador faça as necessárias adaptações.

As entrevistas serão feitas na cidade de Pindobaçu, num dia de segunda-

feira. A determinação do dia é por conta da feira livre municipal, o que torna mais

fácil encontrar as pessoas com perfis diferenciados que nos fornecerão as

informações mais aproximadas das diversas realidades que constitui a comunidade

pindobaçuense.

Os dados serão registrados em tabelas que serão levados para o campo de

pesquisa e posteriormente organizados, a fim de mostrar o perfil do cidadão

Page 18: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

26

entrevistado. Embora a pesquisa tenha caráter qualitativo será necessário fornecer

subsídios para uma melhor compreensão do objeto de estudo.

Caso as informações obtidas necessitem de maiores esclarecimentos

retornarei ao campo para entrevistar novamente as mesmas pessoas a fim de obter

maiores detalhes a respeito do tema estudado.

Page 19: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

27

4.1 O MUNICÍPIO

Pretende-se agora mostrar dados coletados e, em seguida a interpretação

com base nos objetivos que norteiam o estudo.

Serão destacados os dados do Censo 2000, referente a educação e condição

econômica dos habitantes de Pindobaçu, pois os mesmos servirão como parâmetro

para análise das respostas dos entrevistados na referida pesquisa, onde serão

confrontados os dados coletados nas entrevistas com essa realidade educacional e

econômica.

As informações referentes a educação do município com base no censo 2000.

(Quadro 1):

DESCRIÇÃO VALOR UNIDADE

Pessoas sem instrução e menos de

um ano de estudo

3524 habitantes

Pessoas que possuem de 1 a 3 anos

de estudo

5835 habitantes

Pessoas que possuem de 4 a 7 anos

de estudos

5027 habitantes

Pessoas que possuem de 8 a 10 anos

de estudos

1073 habitantes

Pessoas que possuem de 11 a 14

anos de estudos

607 habitantes

Pessoas que possuem de15 anos ou

mais de estudos

41 habitantes

Fonte: IBGE Censo 2000 (os percentuais levaram em consideração os dados do censo para pessoas

com 10 anos ou mais de idade).

De acordo com o quadro acima, cerca de 73% de seus habitantes possuem

até 7 anos de estudo; apenas 0,45 tem mais de 15 anos de estudos. Portanto, de

acordo com os dados do censo a maioria da população do município tem um baixo

grau de instrução.

Page 20: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

28

As informações referentes aos rendimentos da população do município com

base no censo 2000. (Quadro 2):

DESCRIÇÃO VALOR UNIDADE

Pessoas com rendimento de até 1

salário

4624 habitantes

Pessoas com rendimento de 1 até

2 salários

1341 habitantes

Pessoas com rendimento de 2 até

3 salários

355 habitantes

Pessoas com rendimento de 3 até

5 salários

380 habitantes

Pessoas com rendimento de 5 até

10 salários

202 habitantes

Pessoas com rendimento de 10 até

20 salários

42 habitantes

Pessoas com rendimento com mais

de 20 salários

23 habitantes

Fonte: IBGE Censo 2000

De acordo com os dados do quadro acima, cerca de 50,81% da população

que reside no município recebe rendimentos mensais até um salário mínimo; 0,25%

da população recebe mais de 20 salários. Dessa forma podemos constatar que mais

da metade da população tem baixo poder aquisitivo por estar localizado numa região

onde é escassa a oferta de empregos, isto torna o cidadão pindobaçuense

dependente de “favores” dos políticos para viabilizarem a oportunidade de trabalhar

e melhorar sua renda.

O município criado na década de 1950 estrutura-se administrativamente

pertencendo a uma região cujas condições político-econômicas são muito pouco

expressivas. Pindobaçu, além de estar inserido em uma região cujo relevo

demonstra topografia regularmente acidentada, o que diminui sua aptidão para

algumas atividades do setor primário, perdeu grande parte de sua área para o

município desmembrado Filadélfia, que acabou por constituir município de maior

Page 21: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

29

extensão territorial que o próprio município mãe. De acordo com AEB (Anuário

Estatístico da Bahia):

Em sequência as Informações referentes as condições climáticas, data de

criação do município e sua localização. (Quadro 3):

Fonte SEI – Anuário Estatístico da Bahia, 1997

Sabendo-se da existência do potencial mineral da região, com produção de

pedras preciosas, principalmente esmeraldas, a atividade mineradora constituída por

sistema de garimpo, atraiu grande fluxo de mão de obra para o interior do município

a partir da década de 1960, o que fez florescer o povoado de Carnaíba, serra do

mesmo nome, cujo contingente populacional se eleva intermitentemente. A

população do povoado oscila de acordo com a descoberta de novas lavras e com o

aquecimento da produção podendo chegar a um significativo contingente.

Já quanto a situação econômica da comunidade, em tempos de

disponibilidade rendimento pelas famílias, o quadro encontrado revela um baixo

poder de compra dos agentes agravados, principalmente, nos períodos em que a

produção agropecuária e mineral sofre redução.

Região de Planejamento: (004) Nordeste

Região Administrativa: (028) Senhor do Bonfim

Região Econômica: (010) Região do Piemonte norte do Itapicuru

Região Semi-Árido para o FNE-_SEDENE, resolução nº10929/94

Ano de Criação do Município: 1953

Município de origem: Campo Formoso

Área: 529,9Km²

Distância da Sede para a Capital Salvador: 377km

Page 22: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

30

4.2 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA

A fim de alcançar os objetivos da pesquisa que esta sendo realizada, foram

submetidos aos questionamentos a compreensão matemática dos cidadãos do

município de Pindobaçu. Foram ouvidos trabalhadores e estudantes da zona rural e

urbana, destes, a maioria são do sexo masculino, com uma faixa etária média de 16

a 35 anos de idade. É importante ressaltar que os entrevistados eram escolarizados,

pois um dos objetivos do estudo é mostrar a compreensão matemática dos

resultados das pesquisas eleitorais.

Nos parágrafos são mostradas as informações que foram obtidas durante as

entrevistas e a análise das mesmas.

Leitura e Interpretação gráfica: Os conhecimentos que devem ser mobilizados para

uma melhor interpretação dos gráficos utilizados na pesquisa são:

Conhecimento de percentagem

Conhecimento de estatística

Conhecimento de amostragem

Foram expostos aos entrevistados Três gráficos que mostram supostamente

o desempenho de alguns candidatos perante a opinião pública. Embora os gráficos

tenham formatos diferentes, os dados percentuais não são alterados, A seguir são

mostrados os gráficos utilizados durante a realização da entrevistas: Gráfico 01,

Gráfico de barras em 3D, mostrando supostamente o desempenho dos candidatos:

Luiza, Rachel, Ayrton e outros.

Gráfico 02:Gráfico com formato de linhas em 3D, mostrando supostamente os dados

percentuais e desempenho dos candidatos: Luiza, Rachel, Ayrton e outros.

Luiza Rachel Ayrton Outros

19

37 32

12

Percentual

Percentual

Page 23: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

31

Gráfico 03: Gráfico com formato de pizza em 3D, mostrando supostamente os dados

percentuais dos candidatos: Luiza, Rachel, Ayrton e outros.

Os entrevistados do município de Pindobaçu, em sua maioria, ao se

depararem com os gráficos que mostram supostamente resultados de pesquisas

eleitorais, fizeram uma leitura simplista mesmo. Embora conseguissem perceber nos

gráficos que lhes foram apresentados, qual candidato tinha melhor ou pior

desempenho, mais essa analise ficou reduzida a uma compreensão numérica. Tal

Série1

0

10

20

30

40

LUIZARACHEL

AYRTONOUTROS

Série1

19%

37%

32%

12%

LUIZA RACHEL AYRTON OUTROS

Page 24: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

32

afirmação pode ser comprovada, analisando as respostas dos entrevistados quando

aos mesmos foram pedidos que analisassem os três gráficos acima mostrados:

“No gráfico 01: Luiza tem o pior desempenho e Rachel com 37% dos votos é a

melhor colocada. E nos gráficos 02 e 03 os candidatos mantêm as mesmas

posições”.

Estudante I

“No gráfico 01: Rachel com 37% está na frente”.

“Nos gráficos 02 e 03: os candidatos ficam na mesma posição com os mesmos

valores do gráfico anterior”.

Trabalhador I

Os entrevistados citam o valor trinta e sete por cento, entretanto quando

foram questionados se sabiam o que significado do valor citado, assim

responderam:

“E o total de votos que o candidato tem, assim dá para saber qual o candidato que

está na frente ou atrás nas pesquisas”.

Estudante I

“O significado eu não sei, mas com esses números dá para saber quem está

ganhando nas pesquisas”.

Trabalhador I

E quando questionados se recordavam de algum conteúdo estudado na

escola que os ajudou a interpretar os gráficos responderam da seguinte forma:

“Posso até ter visto só que não me lembro”.

Estudante I

“Essas informações sempre passam na televisão nas revistas, agora na escola eu

estudei, mas não aprendi direito”.

Trabalhador I

Logo, pode-se constatar que os entrevistados não conseguiram associar o

conteúdo estudado com a realidade. Para uma melhor interpretação deveriam

mobilizar os conhecimentos referentes a estatística e a porcentagem, que na

interpretação dos entrevistados ficou reduzida, a uma compreensão numérica que

pode ser percebida pelo fato deles não saberem o significado do valor trinta e sete

por cento. Estes conteúdos porcentagem estatística fazem parte do currículo de

Page 25: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

33

matemática. O que leva-nos a perceber que o trabalho desenvolvido em sala de aula

não levou o aluno a relacioná-lo com a realidade.

A compreensão errônea é originada do acesso a informações vindas de

outros meios do mundo externo e estruturada de forma inadequada pelo discente,

como alerta Parra (1996), se a escola não contextualizar seus conteúdos com a

realidade do aluno isto provocará uma desmotivação para o aprendizado e o

discente buscará em outras fontes, meios para compreender os acontecimentos do

seu dia-a-dia. Dessa forma, o ensino distancia-se dos anseios da atual sociedade,

que exige dos cidadãos a análise, a interpretação e a interação no meio social.

Entretanto, é importante salientar que alguns entrevistados, a minoria,

lembram ter visto na escola conteúdos que os ajudou a compreender o resultado

das pesquisas, conforme relatam abaixo:

“Analise no gráfico está aqui bem clara, a candidata Rachel 37%, ela está com a

chance maior na população. Ayrton tem 32% e Luiza tem 19%”.

“No gráfico 2, muda o formato mas o desempenho dos candidatos é o mesmo e os

valores não mudam”.

No gráfico 3, esse aqui é o que a gente chama na forma de pizza, eu aprendi isso na

escola, mas para mim ele está mostrando o mesmo resultado dos gráficos

anteriores”.

Estudante III

“No gráfico 01: 37% dos entrevistados estão preferindo a Rachel”.

“No gráfico 2 e 3 os candidatos mantém o mesmo desempenho, lembro-me em uma

aula de matemática ter visto com o professor o comportamento de alguns gráficos

parecidos com esses”.

Estudante V

Questionando os entrevistados a respeito do significado dos valores

percentuais citados responderam da seguinte forma:

“porcentagem quer dizer parte de um todo, é uma amostra”.

Estudante III

Page 26: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

34

A fim de esclarecer se o entrevistado tinha conhecimento de amostragem foi

pedido que o mesmo desse uma definição sobre a mostra.

“A amostra é a seleção de um grupo de pessoas de um determinado local para

apinar a respeito de um determinado assunto”.

Estudante III

De acordo com os depoimentos acima, observa-se que os entrevistados além

de lembrarem assuntos vistos na escola que possibilitaram uma melhor

compreensão gráfica, também conseguiram fazer a conexão dos conteúdos

estudados no recinto escolar com uma das inúmeras situações do cotidiano.

Compreensões gráficas também conseguiram fazer a conexão dos conteúdos

estudados no recinto escolar com uma das inúmeras situações do dia-a-dia.

Portanto, os saberes matemáticos adquiridos na escola, ajudaram-nos a fazer uma

melhor compreensão dos resultados das pesquisas eleitorais.

Assim, percebe-se que o acesso a educação capacitou o cidadão para fazer a

leitura da sociedade, especialmente uma leitura matemática, em diversas situações.

Tornando o individuo apto a compreender de forma critica as informações que o

cerca. Conforme disse Baraldi (1999):

a educação é entendida como uma família de processos, cuja função é desenvolver qualidades no homem, para que o mesmo possa capacitar-se para conviver com outras pessoas com diferentes conhecimentos e juntos construam o desenvolvimento da sociedade de forma consciente e democrática.

Com o objetivo de averiguar se as pesquisas eleitorais são um dos fatores

que influenciam no voto do eleitor no município de Pindobaçu, foi levantada a

seguinte hipótese: Se o seu candidato estiver com trinta por cento das intenções de

voto e o candidato do seu vizinho estiver com setenta por cento das intenções, isto

faria você mudar de candidato?

Alguns entrevistados assim, responderam:

“Não, porque essa é a minha opção e independente do resultado da pesquisa ela

não muda”.

Page 27: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

35

Estudante VI

“Não, porque eu analiso o que ele pretende fazer, os projetos dele”.

Estudante IX

“Para as pessoas que não tem certa estrutura isso pode influenciar. As pessoas

dizem o seguinte: - eu vou votar no candidato que está ganhando para não perder o

meu voto. Agora no meu caso, eu analiso as propostas. O candidato não pode estar

no topo da pesquisa, mas ele tem boas propostas”.

Trabalhador V

Depois de realizada a entrevista e analisado os dados coletados, foi

percebido que independente do resultado das pesquisas eleitorais os cidadãos do

município de Pindobaçu não são influenciados pelos resultados das pesquisas

eleitorais. O que os entrevistados levam em conta são as propostas dos candidatos.

Para compreender as representações que os eleitores da comunidade de

Pindobaçu têm sobre as pesquisas eleitorais, os entrevistados foram submetidos

aos seguintes questionamentos:

Para você o que é uma pesquisa eleitoral?

Qual a finalidade de uma pesquisa eleitoral?

Você acha que os resultados de uma pesquisa eleitoral são

importantes. Por quê?

Diante das respostas obtidas constata-se que para os eleitores da referida

cidade, a pesquisa eleitoral é um instrumento de pesquisa de opinião que mostra as

intenções de votos da população em relação a determinado candidato com maior

chance de vencer a eleição.

Quanto a divulgação dos resultados de uma pesquisa, segundo os cidadãos

pindobaçuenses são importantes para o eleitor acompanhar o desempenho dos

candidatos.

Porem, alguns se mostram preocupados com relação a veracidade das

informações contidas nas pesquisas, como comenta um dos entrevistados:“O

resultado dessa pesquisa tem que ser fidedigno. Pois às vezes são feitas pesquisas

Page 28: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

36

onde o nível de qualidade da empresa contratada não é satisfatório Então você têm

uma pesquisa que não mostra a realidade de uma cidade”.

Trabalhador III

Após o trabalho de investigação com os cidadãos de Pindobaçu submetidos

aos questionamentos do estudo que foi desenvolvido constata-se que suas

experiências de vida e o acesso aos meios de comunicação permitiram que os

cidadãos submetidos a análise das pesquisas eleitorais fizeram a seu modo a

interpretação dos resultados da referida pesquisa, embora esta análise tenha ficado

restrita a uma compreensão numérica.

Dessa forma, conseguiram ir além desta interpretação numérica, o que

demonstra que a escola desempenhou um papel de suma importância para que os

alunos pudessem acompanhar a compreensão da realidade. Contextualizando os

conteúdos a instituição de ensino pode fazer com que o discente consiga não só a

interpretação de dados, mas também compreender de maneira crítica os

acontecimentos que o cerca.

Page 29: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

37

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estamos vivendo em uma sociedade em que a todo estante temos contato

com novas informações e sobre assuntos diversificados. Para podemos

compreendê-los é necessário que utilizemos o nosso conhecimento do dia-a-dia

junto aos escolares para obtermos uma melhor interpretação da realidade.

Para que isso aconteça é necessário que a escola trabalhe no aluno suas

habilidades para inseri-lo nessa realidade.

Nesta pesquisa, procuramos mostrar, identificar e analisar alguns dos

conhecimentos matemáticos que a população do Município de Pindobaçu utiliza

para justificar a sua escolha nas pesquisas eleitorais. A partir de então, observamos

que a mesma faz uso da matemática estatística e muitas vezes verificamos que

embora// não disponham de conhecimentos sistematizados sobre a matemática,

alguns também não conseguem associar o conteúdo estudado com a realidade.

Para alcançar os objetivos da pesquisa, foram entrevistados cidadãos

escolarizados pindobaçuenses da zona rural e urbana, com uma faixa etária média

de 16 a 35 anos de idade entre eles foram ouvidos trabalhadores e estudantes.

Utilizamos além de questionário, três tipos de gráficos sem alteração, com os

mesmos dados e supostamente o desempenho de alguns candidatos seguindo a

opinião pública para que analisassem. Constatamos que alguns conseguiram fazer a

leitura e interpretação gráfica, também mostraram seu conhecimento em relação a

porcentagem e estatística.

Verificamos ao longo do processo de entrevistas e interpretações, que alguns

dos entrevistados não conseguiram associar o conteúdo estudado com a realidade.

Vimos também que, para que tivessem uma melhor interpretação deveriam mobilizar

os conhecimentos referentes a estatística e a porcentagem. Como muitos não

conseguiram, nós percebemos que o trabalho desenvolvido em sala de aula muitas

vezes não levou o aluno a relacionar-se com a realidade.

Sendo assim, podemos entender que muitas vezes o ensino distancia-se dos

anseios da atual sociedade, que exige dos cidadãos, a interpretação e a interação

no meio social, é importante ressaltar também que alguns entrevistados, a minoria,

lembram ter visto na escola conteúdos que os ajudou a compreender o resultado

das pesquisas. Para que haja mudança em nossa realidade é importante que a

escola direcione melhor seus alunos para que os mesmos consigam ser cidadãos

Page 30: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

38

críticos e atuantes capazes de interagir e agir no meio social. Os professores “do

Município de Pindobaçu” deverão contextualizar os conteúdos trabalhados em sala

de aula para melhor conhecer as expectativas do aluno, e este, compreender de

maneira crítica os acontecimentos que o cerca.

Nesse sentido a compreensão do conhecimento matemático aplicável às

situações do dia-a-dia, constitui-se como um caminho para o exercício da cidadania.

Page 31: Monografia Antonio Costa Matemática 2010

39

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41

APÊNDICE