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Universidade Federal de Pelotas Centro de Pesquisas Epidemiológicas Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem CAA – DAB – SAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família (PROESF) Relatório Municipal Estudo de Linha de Base Jaboatão dos Guararapes, PE Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Denise Silva da Silveira Vanessa Andina Teixeira Setembro de 2006

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Universidade Federal de Pelotas Centro de Pesquisas Epidemiológicas

Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem

CAA – DAB – SAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE

Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família

(PROESF)

Relatório Municipal Estudo de Linha de Base

Jaboatão dos Guararapes, PE

Luiz Augusto Facchini

Roberto Xavier Piccini

Elaine Tomasi

Elaine Thumé

Denise Silva da Silveira

Vanessa Andina Teixeira

Setembro de 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Reitor: Antônio Cesar Gonçalves Borges Vice-Reitor: Telmo Pagana Xavier Pró-Reitor de Graduação: Luiz Fernando Minello Pró-Reitor de Extensão e Cultura: Vitor Hugo Manzke Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Alci Enimar Loeck Pró-Reitor Administrativo: Francisco Carlos Luzzardi Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Elio Paulo Zonta Diretor da Faculdade de Medicina: Farid Iunan Butros Nader Diretor da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia: Emília Nalva Ferreira da Silva Chefe do Departamento de Medicina Social: Anaclaudia Gastal Fassa Chefe do Departamento de Enfermagem: Afra Suelene de Souza Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia: Aluisio J. D. Barros Coordenador do Centro de Pesquisas Epidemiológicas: Cesar Gomes Victora Presidente da Fundação Delfim Mendes Silveira: Antonio Costa de Oliveira

Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação

da Saúde da Família (PROESF): Relatório Municipal do Estudo

de Linha de Base de Jaboatão dos Guararapes – Lote 2 Nordeste /

Luiz Augusto Facchini ... [et al.]. – Pelotas: Universidade

Federal de Pelotas, 2006.

122p. : il.

1. Saúde Pública – Brasil – Administração 2. Programa de Saúde da Família 3. Atenção Básica - Avaliação. I. Facchini, Luiz Augusto. II. Piccini, Roberto Xavier. III. Tomasi, Elaine. IV. Thumé, Elaine. V. Silveira, Denise Silva da. VI Teixeira, Vanessa Andina.

CDD 362.109

Maria de Fátima S. Maia CRB 10/134

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EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO

Coordenação Geral Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Organização do Relatório Luiz Augusto Facchini Roberto Xavier Piccini Elaine Tomasi Elaine Thumé Denise Silva da Silveira Maria de Fátima dos Santos Maia Alitéia Santiago Dilélio Vanessa Andina Teixeira Thiago Garcia Martins Turene Bastos Coordenação de Trabalho de Campo Fernando Vinholes Siqueira Coordenação de Processamento de Dados Denise Silva da Silveira Elaine Tomasi Coordenação Executiva Maria de Fátima dos Santos Maia Alessander Osório Mercedes Lucas Coordenação do Estudo Qualitativo Luciane Prado Kantorski Rita Heck Vanda Maria da Rosa Jardim Equipe Técnica do Estudo Qualitativo Luciane Prado Kantorski Vanda Maria da Rosa Jardim Emília Nalva Ferreira da Silva Valéria Christello Coimbra Michele Mandagará Oliveira Equipe de Apoio do Estudo Qualitativo Fernanda Barreto Mielke Sidnei Teixeira Junior Ana Paula Giacomelli Tavares Gimene Cardozo Braga Rebeca Castilhos Gabriel Pereira Apoio de Informática Alessander Osório Filipe da Silva Ribeiro

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Codificação de Dados Augusto Duarte Faria Desirée Fripp Luciane Scherer Pahim Maria Aparecida Rodrigues Turene Bastos Suelen dos Santos Saraiva Vanessa Andina Teixeira Suele Silva Danton Duro Filho Alitéia Santiago Dilélio Digitação Alisson Morales Ary Morales Neto Carla da Cruz Teles Daniel de Souza Pereira Emanuele Braga Fabiana de Souza Pereira Thiago Garcia Martins Controle de qualidade Vera Vieira Helena Souza van der Laan Susete Aschidamini Ferreira Supervisores do Trabalho de Campo Alitéia Santiago Dilélio Arilson da Rosa Catiúscia Souza Cleonice Valadão Danton Duro Filho Janaína dos Santos João Luis Rosado Michele Padilha Rodrigues Maria Márcia Ambrósio Patrícia Mendonça Raquel Barboza Sandra de Souza Silvia da Costa Suele Silva Vanessa Andina Teixeira Professores Colaboradores José Justino Faleiros Anaclaudia Gastal Fassa Fábio Lima Gabriela Lobata Helen Denise Gonçalves da Silva Alunos voluntários e bolsistas de Iniciação Científica dos Cursos de Medicina e Enfermagem da UFPel e de Psicologia da UCPel Clarissa de Souza Cardoso Emanuela Maria Dalvit Helena Souza van der Laan Inês Soria Alvaro Jeanine Porto Brondani Lourielle Soares Wachs Mariangela Uhlmann Soares

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Escrever é sempre ocultar algo de modo que possa ser descoberto.

Ítalo Calvino

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AGRADECIMENTOS

Este projeto é o resultado de um esforço coletivo de professores, técnicos e

alunos vinculados ao Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina, ao

Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia, ao Centro de

Pesquisas Epidemiológicas e ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. A

equipe destaca o reconhecimento a esta parceria, fundamental para o êxito do Projeto.

Igualmente se externa a gratidão ao apoio e estímulo recebidos de um grande

número de pessoas que, em diferentes âmbitos, institucionais, administrativos e

acadêmicos, viabilizaram o desenvolvimento do Projeto. Agradecimentos especiais e

em particular são destinados a:

Antonio César Borges, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel),

André Luiz Haack, ex-reitor da UFPel,

Francisco Luzzardi, pró-reitor de administração e sua equipe de trabalho,

Antonio Costa de Oliveira, presidente, José Carlos Fernandes Filho e Sérgio Luis

Ribeiro dos Santos, colegas do setor de administração da Fundação Delfim Mendes da

Silveira,

Anaclaudia Fassa, chefe, e colegas do Departamento de Medicina Social,

Emília Nalva Ferreira, diretora, e colegas da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,

Afra Suelene de Souza, chefe, e colegas do Departamento de Enfermagem,

Renato Moreira, Dalvina Bueno de Almeida, Luis Cleber Wilke, Jorge Augusto Rollo

Cardozo, Fabiane dos Santos Luiz, Odete Almeida, Vera Lucia Govea da Silveira e

demais funcionários da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,

Cesar Victora, diretor, e colegas do Centro de Pesquisas Epidemiológicas,

Aluísio Barros, coordenador, e colegas do Programa de Pós-Graduação em

Epidemiologia,

Eronildo Felisberto, coordenador, e equipe da Coordenadoria de Avaliação e

Acompanhamento do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à

Saúde do Ministério da Saúde,

Maria do Carmo Leal, coordenadora, e colegas do Grupo de Acompanhamento do

Estudo de Linha de Base do PROESF, junto ao Ministério da Saúde.

É digna de especial registro a gratidão à professora Emília Nalva Ferreira,

diretora da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia e aos colegas do Departamento de

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Enfermagem pelo acolhimento na área física que a equipe deste Projeto ocupa hoje

nesta Unidade de Ensino. A iniciativa da professora Emília e colegas oportunizou a

participação de sua unidade no cotidiano das inúmeras atividades técnicas e

administrativas de um Projeto de grande porte.

Externa-se ainda entusiásticos agradecimentos a gestores e coordenadores de

atenção básica e de saúde da família do Município de Jaboatão dos Guararapes,

representantes do controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes

comunitários de saúde, população entrevistada e todos aqueles que participaram do

Projeto fornecendo informações e contribuindo para a realização do trabalho.

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SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS .................................................................................................. 11 LISTA DE TABELAS .............................................................................................. 13 APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 15 RESUMO .................................................................................................................. 17 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................19 2 METODOLOGIA....................................................................................................21 2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB) ............................................... 21 2.2 Amostra e Amostragem do ELB.......................................................................... 23 2.2.1 Amostra de UBS............................................................................................. 23 2.2.2 Amostra de profissionais de saúde .................................................................. 23

2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS................................................ 23 2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS.................................. 24

2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária... 24 2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias.................................................. 28 2.5 Processamento dos Dados.................................................................................... 28 2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos...................................................... 29 2.5.2 Identificação e constituição dos lotes .............................................................. 29 2.5.3 Bancos de Dados Estruturados........................................................................ 30

2.6 Controle de Qualidade......................................................................................... 31 2.7 Análise dos Dados............................................................................................... 31

3 RESULTADOS .......................................................................................................33 3.1 Contexto.............................................................................................................. 33 3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Jaboatão dos Guararapes............ 33 3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde.......................................................... 34 3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde ................................................................. 34 3.1.3.1 Distribuição dos Trabalhadores por Modelo de Atenção e por Unidade Básica de Saúde..................................................................................................... 35 3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Trabalhadores...................... 36

3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde ..................... 37 3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde............................. 37

3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de Saúde................................................................................................................................ 37 3.1.5.1 Distribuição da População.......................................................................... 37 3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de Abrangência das UBS............................................................................................ 38

3.2 Dimensão Político-Institucional........................................................................... 41 3.2.1 Projeto de Governo......................................................................................... 43 3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura do Programa de Saúde da Família.......................................................................... 43 3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do Sistema Municipal de Saúde.................................................................................. 44 3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do Programa de Saúde da Família............................................................................... 44 3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da Atenção Básica.................................................................................................................... 45

3.2.2 Capacidade de governo................................................................................... 46 3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde..................................................... 46 3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da Família .................................................................................................................. 46

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3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde................................ 46 3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde ........................... 47

3.2.3 Governabilidade ............................................................................................. 48 3.2.3.1 Despesas per capita com saúde................................................................... 48 3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios ..................................... 49 3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família........... 49 3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde........................................ 50

3.3 Dimensão Organizacional da Atenção ................................................................. 50 3.3.1 Práticas de gestão da ABS .............................................................................. 50 3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à saúde ..................................................................................................................... 50 3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda ......................................... 51 3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal ............................ 51 3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde ............................................................. 52

3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município................................................... 52 3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde ............................................................... 52 3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF .................................................... 60 3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde......................................................... 60 3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados ............................................................ 61 3.3.2.5 Adstrição da demanda................................................................................ 61 3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino ............................................................ 62 3.3.2.7 Assistência farmacêutica............................................................................ 62

3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde........................................ 62 3.4 Dimensão do Cuidado Integral ............................................................................ 62 3.4.1 Estratégias de indução da integralidade........................................................... 62 3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral ................................ 63 3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares.................................................... 66 3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos.............................................................. 66 3.4.1.4 Utilização de protocolos............................................................................. 69 3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais............................................. 71 3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados ............................................................... 71 3.4.1.7 Acesso a publicações ................................................................................. 71

3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde.............................................. 72 3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS .............................................. 72 3.4.2.2 A categoria processo de trabalho................................................................ 72 3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde ......................... 74 3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho ........................ 77

3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde ...................................................... 78 3.5.1 Desempenho do Município de Jaboatão dos Guararapes ................................. 78 3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde .................... 78

3.5.2 Desempenho dos Modelos de Atenção Básica à Saúde.................................... 82 3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS........................................................ 82 3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS.................... 84 3.5.2.2.1 Crianças ................................................................................................84 3.5.2.2.2 Mulheres ...............................................................................................92 3.5.2.2.3 Adultos ...............................................................................................100 3.5.2.2.4 Idosos..................................................................................................108

4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM JABOATÃO DOS GUARARAPES..........................................................................117 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................121

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LISTA DE SIGLAS

AB – Atenção Básica

ABS – Atenção Básica à Saúde

ACS – Agente Comunitário de Saúde

CID-10 – Classificação Internacional de Doenças - 10ª. Revisão

CMS – Conselho Municipal de Saúde

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde

DEGES / SEGETS – Departamento de Gestão da Educação em Saúde / Secretaria de

Gestão da Educação e Trabalho em Saúde

ELB – Estudo de Linha de Base

ESF – Equipe de Saúde da Família

GLAS – Grupo Local de Avaliação em Saúde

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

MS – Ministério da Saúde

PROESF – Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família

PSF – Programa de Saúde da Família

RH – Recursos Humanos

RM – Região Metropolitana

SF – Saúde da Família

SM – Salário Mínimo

SIAB – Sistema de Informações da Atenção Básica

SIA – Sistema de Informações Ambulatoriais

SMS – Secretaria Municipal de Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

TC – Trabalho de Campo

UBS – Unidade Básica de Saúde

USF – Unidade de Saúde da Família

UFPEL – Universidade Federal de Pelotas

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Indicadores demográficos e socioeconômicos para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 33

Tabela 3.2 Distribuição da amostra de trabalhadores de saúde por atividade profissional em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 34

Tabela 3.3 Distribuição da amostra dos trabalhadores de saúde por Unidade Básica de Saúde de Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág 35

Tabela 3.4 Renda média mensal dos profissionais em saúde estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 36

Tabela 3.5 Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde de Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 37

Tabela 3.6 Condições de habitação das crianças, mulheres, adultos e idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 39

Tabela 3.7 Escolaridade dos trabalhadores em saúde estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.. pág. 47

Tabela 3.8 Cursos de capacitação realizados pelos trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde estudadas em Jaboatão dos Guararapes e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 48

Tabela 3.9 Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de Jaboatão dos Guararapes e para o Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 49

Tabela 3.10 Área física das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 53

Tabela 3.11 Adequação da estrutura nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 54

Tabela 3.12 Equipamentos e instrumentos das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 56

Tabela 3.13 Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 59

Tabela 3.14 Atividades para o Cuidado Integral nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 64

Tabela 3.15 Atividades de Grupo nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 65

Tabela 3.16 Disponibilidade de Medicamentos das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 67

Tabela 3.17 Utilização de protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 69

Tabela 3.18 Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 70

Tabela 3.19 Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 72

Tabela 3.20 Médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores de saúde em uma escala de 0 a 10 em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 78

Tabela 3.21 Indicadores de desempenho do sistema de saúde para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 79

Tabela 3.22 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF–UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 79

Tabela 3.23 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 80

Tabela 3.24 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 81

Tabela 3.25 Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2005 relativos à saúde bucal para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 81

Tabela 3.26 Participação dos profissionais no atendimento à demanda em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, pág. 83

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2005. Tabela 3.27 Condições de nascimento das crianças de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção.

Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 84

Tabela 3.28 Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 86

Tabela 3.29 Características do estado vacinal das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes de acordo com o registro do cartão de vacinas, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 87

Tabela 3.30 Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 88

Tabela 3.31 Prevalência de pneumonia nas crianças nos últimos 6 meses e características das consultas pelo problema em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 89

Tabela 3.32 Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 90

Tabela 3.33 Características de saúde bucal das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 92

Tabela 3.34 Características do pré-natal das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 93

Tabela 3.35 Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde da área de abrangência em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 94

Tabela 3.36 Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 95

Tabela 3.37 Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 Nordeste, 2005.

pág. 96

Tabela 3.38 Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 97

Tabela 3.39 Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 97

Tabela 3.40 Características de saúde bucal das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 100

Tabela 3.41 Atividade física dos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 101

Tabela 3.42 Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 102

Tabela 3.43 Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 103

Tabela 3.44 Problemas de nervos nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 104

Tabela 3.45 Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de adultos de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

pág. 105

Tabela 3.46 Características de saúde bucal dos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 108

Tabela 3.47 Atividade física dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 109

Tabela 3.48 Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 110

Tabela 3.49 Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 111

Tabela 3.50 Problemas de nervos nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 112

Tabela 3.51 Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 113

Tabela 3.52 Características de saúde bucal dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. pág. 115

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APRESENTAÇÃO

O relatório apresenta os resultados do Estudo de Monitoramento e Avaliação do

Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) no município de

Jaboatão dos Guararapes incluído na amostra do Lote 2 Nordeste, coordenado e

financiado nacionalmente pelo Ministério da Saúde.

O ELB, através de uma abordagem epidemiológica, avaliou a atenção básica à

saúde em suas dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado

integral e desempenho do sistema.

O relatório enfatiza o recorte utilizado no ELB, descreve os achados sobre a

atenção básica e estabelece uma avaliação do Estudo no Município de Jaboatão dos

Guararapes.

Outras informações sobre o ELB para o conjunto dos municípios do Lote 2 NE,

incluindo o Relatório Final, já aprovado pelo Ministério da Saúde, estão disponíveis na

página do Projeto na Internet: http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm.

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RESUMO

O Estudo de Monitoramento e Avaliação do PROESF no Lote 2 Nordeste, sob responsabilidade da Universidade Federal de Pelotas, foi iniciado em fevereiro de 2005, incluindo 20 municípios de mais de 100 mil habitantes dos estados de Alagoas1, Paraíba2, Pernambuco3, Piauí4 e Rio Grande do Norte5.

O Estudo de Linha de Base utilizou um delineamento transversal e incluiu a coleta de dados primários nos municípios. Em Jaboatão dos Guararapes o estudo foi realizado em sete dias. O trabalho de campo abrangeu entrevista com o Presidente de Conselho Municipal de Saúde o Secretário Municipal de Saúde e o Coordenador de Atenção Básica / PSF. Em relação aos instrumentos do âmbito da UBS, a caracterização da estrutura alcançou os nove serviços amostrados. Também foram coletadas informações de 243 profissionais de saúde, o que corresponde a uma média de 30 profissionais por UBS. O somatório da avaliação da demanda de um dia típico de trabalho das UBS estudadas, totalizou 1024 atendimentos, o que corresponde a uma média de 114 atendimentos por dia por UBS. Na amostra populacional, foram entrevistadas 162 crianças (100% do estimado); 161 mulheres (99% do estimado); 157 adultos (97% do esperado) e 146 idosos (90% do esperado). Na média foram aplicados 17 questionários em cada estrato da amostra populacional de cada UBS. O processamento e análise dos dados foram concluídos em dezembro de 2005. O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de questionários reduzidos alcançando cerca de 5% dos domicílios selecionados para a amostra populacional.

Os achados do Estudo demonstram que de modo geral, a situação socioeconômica de Jaboatão dos Guararapes é melhor que a do conjunto dos municípios do Lote. Em relação a atenção básica, com o PSF implantado desde 2000, o município atingiu em 2005 uma cobertura de cerca de 22% da população, atingindo com o índice a mais baixa cobertura entre os municípios de Pernambuco incluídos no estudo e também do Lote 2 NE. No âmbito da gestão da Atenção Básica à Saúde destaca-se que 58% dos profissionais referiu contar com supervisão semanal de suas atividades na UBS (58%) e, comparando-se com o total do Lote 2 NE, os trabalhadores de Jaboatão dos Guararapes apresentaram índices de capacitação inferiores para a maioria dos cursos estudados, porém superiores entre os profissionais das UBS do PSF. As relações de trabalho indicaram ingresso por concurso público para somente 33% dos trabalhadores estudados em e vínculo tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) foi referido por 53%, com predomínio entre os vinculados às UBS do PSF (92%). O acesso dos profissionais de Jaboatão dos Guararapes às publicações do Ministério da Saúde foi pequeno, variando de 6% a 38%, sendo maior entre os trabalhadores das UBS do PSF. Os indicadores do Pacto da Atenção Básica de Jaboatão dos Guararapes foram, no geral intermediários quando comparados ao estado e país, destacando-se positivamente aqueles referentes à saúde da mulher e à proporção de óbitos infantis em menores de um ano por causas mal definidas. Sobre o desempenho da ABS local os destaques foram prevenção do câncer de colo uterino e orientações em aleitamento materno durante a gestação. De qualquer maneira, a adequação da estrutura da rede básica, da supervisão e da capacitação dos profissionais de saúde, juntamente com a superação dos desafios da avaliação e monitoramento da atenção básica, serão fundamentais para o desenvolvimento do SUS e da saúde da população no município.

A complexidade do estudo e sua abrangência não impediram o cumprimento adequado do cronograma previsto. A qualidade da equipe técnica envolvida nas diversas atividades do estudo e a participação dos representantes do município devem ser destacadas como razões fundamentais para o bom andamento do Projeto. Este resultado também se deveu ao apoio recebido do Ministério da Saúde, com especial destaque para a Coordenação de Acompanhamento e Avaliação do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde e o Grupo de Acompanhamento dos Estudos de Linha de Base.

1 Municípios de Alagoas: Arapiraca e Maceió. 2 Municípios da Paraíba: Campina Grande, João Pessoa e Santa Rita. 3 Municípios de Pernambuco: Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Caruaru, Garanhuns, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Petrolina, Recife e Vitória de Santo Antão. 4 Municípios do Piauí: Parnaíba e Teresina. 5 Municípios do Rio Grande do Norte: Mossoró, Parnamirim e Natal.

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1 INTRODUÇÃO

O Projeto Integrado de Capacitação e Pesquisa em Avaliação da Atenção Básica

à Saúde, sob responsabilidade do Departamento de Medicina Social, do Departamento

de Enfermagem e do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de

Pelotas (UFPel), está vinculado ao Componente 3 (Monitoramento e Avaliação) do

Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) do Ministério da

Saúde (MS), incluindo a totalidade dos 20 municípios dos estados de Alagoas, Paraíba,

Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte do Lote 2 NE, contando com a participação

de gestores e de trabalhadores de saúde.

A pesquisa através do Estudo de Linha de Base (ELB) incluiu quatro dimensões

orientadoras da avaliação da atenção básica: político-institucional, organizacional da

atenção, cuidado integral e desempenho do sistema de saúde (Ministério da Saúde,

2004). Através de abordagem epidemiológica se avaliou o quanto às exposições ao

PROESF e ao PSF afetam a variabilidade dos indicadores de cobertura, desempenho do

sistema de saúde e situação de saúde da população, estabelecendo uma referência para

avaliações e acompanhamentos futuros.

Os municípios estudados estão recebendo apoio à Conversão do Modelo de

Atenção Básica à Saúde, buscando estruturar a Estratégia Saúde da Família como porta

de entrada do SUS e viabilizar o acesso a outros níveis de complexidade, para assegurar

assistência integral aos usuários (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Este processo foi

analisado como uma intervenção, cujos efeitos no presente podem ser observados em

municípios e população estratificados por estado da federação, porte populacional,

região metropolitana e modelo de atenção básica à saúde. Os efeitos históricos da

intervenção poderão ser observados em um segundo tempo, através da repetição do

estudo.

O ELB corresponde ao primeiro tempo de uma avaliação prospectiva sobre a

ABS e o PSF, mas também de uma análise da intervenção do PROESF na reorientação

do modelo de ABS.

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A epidemiologia foi o eixo que estruturou a abordagem do ELB, orientando a

articulação complexa entre as dimensões sob estudo e os níveis de análise empírica. As

dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado integral e

desempenho do sistema foram tomadas como categorias abstratas da avaliação e

hierarquizaram conceitualmente as variáveis estudadas, enquanto os níveis de análise

hierarquizaram as variáveis, conforme sua operacionalização nas diversas fontes de

informação, primárias e secundárias, quantitativas e qualitativas, individuais e coletivas.

Este relatório apresenta a metodologia e os resultados do ELB no Município de

Jaboatão dos Guararapes, PE. A metodologia detalha as diversas etapas do estudo,

desde seu delineamento e o planejamento do trabalho de campo, até o processamento e

a análise dos dados.

Os resultados enfatizam os recortes utilizados no ELB, descrevendo a situação

da atenção básica à saúde no município e contrastando os dados de fontes secundárias

com aqueles do Estado e do país. Ao final, se estabelece uma avaliação do Estudo no

Município de Jaboatão dos Guararapes.

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2 METODOLOGIA

2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB)

O delineamento é um meio de garantir relações válidas de causa e efeito entre as

variáveis em estudo (SUSSER, 1996). Os delineamentos ideais na avaliação de

programas ou serviços de saúde dependem da natureza dos programas e da precisão das

estimativas a serem obtidas. Estudos transversais são excelentes para avaliações de

adequação da cobertura ou qualidade de serviços, mas também podem ser utilizados em

avaliações de plausibilidade na comparação de modelos ou programas de saúde

(HABICHT, 1999, SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).

Na área da saúde pública, estudos observacionais que testem a efetividade das

intervenções sob condições de rotina são mais adequados do que ensaios randomizados.

Para que seus resultados forneçam subsídios para as políticas de saúde, os estudos não

randomizados precisam ser alvo de tanta atenção quanto a que tem sido dedicada, nos

últimos anos, aos estudos randomizados (SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).

A declaração TREND é uma iniciativa recente que busca contribuir para esse

fim, ao definir uma série de normas para o delineamento e divulgação de estudos

observacionais de avaliação de programas e serviços de saúde (DES JARLAIS, 2004).

O ELB segue os fundamentos dos estudos transversais, com grupos de

comparação, utilizando medidas com múltiplos níveis de agregação, em relação às

diferentes dimensões observadas (ROTHMAN, 1998). O estudo também pode ser

caracterizado como multicêntrico de efetividade e linha de base para determinar o

impacto do PROESF / PSF nos indicadores de desempenho do sistema de saúde e de

situação de saúde da população, incluindo todos os 20 municípios.

O delineamento do estudo procurou minimizar o viés de seleção incluindo a

totalidade dos municípios e amostras proporcionais de unidades básicas de saúde do

Lote 2 NE, juntamente com uma complexa estratificação de variáveis independentes

para o estabelecimento de comparações (DES JARLAIS, 2004; ROTHMAN, 1998).

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O delineamento transversal foi qualificado tanto através da estratificação das

UBS segundo o modelo de atenção (Tradicionais e PSF), quanto pela possibilidade de

controlar o efeito do PSF, estratificando suas UBS conforme o período de implantação,

anterior ou posterior a intervenção do PROESF. No caso de Jaboatão dos Guararapes

foram selecionadas três UBS Tradicionais e seis de PSF (três UBS pré-PROESF e três

pós-PROESF). A obtenção de informações estruturadas para o âmbito da gestão, do

controle social, das unidades básicas de saúde, dos usuários e da população também

enriqueceu o delineamento do estudo, especialmente com a inclusão de questões abertas

que qualificaram as questões fechadas que predominam na abordagem epidemiológica.

A coleta de dados secundários de bases nacionais também foi outro aspecto do

delineamento do estudo que complementou a abordagem transversal do objeto.

As variáveis selecionadas caracterizaram as dimensões político-institucional,

organizacional da atenção, cuidado integral e desempenho do sistema.

A dimensão político-institucional examina principalmente os aspectos relativos à

gestão do SUS e da ABS. Seu âmbito é fundamentalmente o do agregado do município.

Neste âmbito, os modelos de atenção são caracterizados como políticas, ilustradas por

diferenças históricas e conjunturais na cobertura populacional.

A dimensão organizacional da atenção caracteriza aspectos da gestão da ABS e

do PSF, mas aproxima seu olhar da UBS e dos fluxos entre os níveis de atenção do

SUS. Neste âmbito, a dicotomia entre os modelos de ABS, Tradicional e PSF, passa a se

materializar nas práticas de gestão e a oferta de serviços básicos e especializados. Este é

o âmbito do detalhamento e constituição das políticas de saúde e, particularmente, da

reorientação do modelo de atenção básica à saúde.

A dimensão do cuidado integral focaliza a UBS, suas práticas e recursos na

abordagem das necessidades de saúde da população. Examina as estratégias de indução

da integralidade e o processo de trabalho na ABS.

Por fim, a dimensão desempenho do sistema analisa a utilização dos serviços de

ABS e a situação de saúde da população, permitindo observar as diferenças tanto para

os agregados geopolíticos, quanto para os modelos de atenção.

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2.2 Amostra e Amostragem do ELB

O universo para este recorte do estudo é constituído pelo município de Jaboatão

dos Guararapes. Neste universo foi realizada uma amostra estratificada por múltiplos

estágios para selecionar unidades básicas de saúde, profissionais de saúde, usuários e

indivíduos residentes na área de abrangência dos serviços (LEMESHOW, 1990; LEVY,

1980; LWANGA, 1991).

2.2.1 Amostra de UBS

Tomando-se uma lista de UBS fornecida pelo município de Jaboatão dos

Guararapes foram sorteadas aleatoriamente nove UBS, que orientaram a seleção das

amostras de profissionais de saúde, usuários e população da área de abrangência dos

serviços. Foram incluídas três UBS do PSF pré-PROESF (Curcurana,Grupiara e

Loreto), três do PSF pós-PROESF (Dois Carneiros Alto, Jardim Piedade e Jardim

Prazeres) e três Tradicionais (Barra de Jangada, Curado Quatro e Francisco Loureiro).

2.2.2 Amostra de profissionais de saúde

Em cada UBS se procurou obter informações de todos os trabalhadores de saúde

em atividade, através de um questionário auto-aplicado.

Foram incluídos tanto os profissionais de saúde de nível superior (médicos,

enfermeiros e demais profissões), quanto os profissionais de nível médio (auxiliares de

enfermagem, recepcionistas, etc) e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS).

2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS

Em relação à amostra de usuários, a estratégia amostral foi registrar todos os

atendimentos de um dia de trabalho em cada UBS selecionada, incluindo aqueles

realizados por ACS. A base de registro utilizada foi a Ficha de Atendimento

Ambulatorial (FAA) do SUS, documento utilizado cotidianamente nas UBS para efeitos

gerenciais e contábeis. Utilizou-se um formulário-espelho, que continha todas as

informações da FAA e facilitava a digitação eletrônica dos dados. As informações sobre

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a avaliação da demanda estão mais detalhadas no item de instrumentos do estudo e na

seção de Resultados do ELB.

2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS

A amostra populacional foi dividida em 4 grupos, crianças de um a três anos de

idade, mulheres que tiveram filhos nos últimos dois anos, adultos entre 30 e 64 anos de

idade e idosos a partir dos 65 anos de idade. Estes indivíduos foram localizados na área

de abrangência de cada uma das UBS, através de amostragem sistemática. Para compor

a amostra do Lote 2 NE, selecionou-se cerca de 2100 indivíduos em cada um dos

grupos, cujo tamanho era suficiente para examinar diferenças de 25 a 30% entre os

modelos de atenção das UBS (PSF x Tradicional), com um poder estatístico de 80% e

prevalências dos desfechos de no mínimo 25%. Estes parâmetros permitiram avaliar

diferenças na utilização de serviços de saúde, realização de procedimentos preventivos e

acompanhamento de atividades programáticas. Esta amostra foi dividida pelo número

de UBS selecionadas (120) resultando em um número de 18 entrevistas a serem

realizadas para cada grupo populacional da área de abrangência de cada uma delas.

2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária

O trabalho de campo em Jaboatão dos Guararapes iniciado em 09 de junho de

2005 e concluído em 15 de junho de 2005 foi realizado por uma equipe de dez

supervisores criteriosamente selecionados e capacitados para o desenvolvimento de

cada uma das etapas do trabalho de campo.

A pactuação de uma agenda de trabalho de campo com o Município foi uma das

estratégias utilizadas para operacionalizar o cronograma estabelecido. O apoio recebido

do gestor, coordenação de atenção básica e de saúde da família, representantes do

controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes comunitários de

saúde e população entrevistada foram fundamentais para a realização do trabalho. A

capacitação e a motivação do grupo de supervisores também foram extremamente

relevantes para o sucesso deste trabalho.

Apresenta-se a seguir o detalhamento da logística no trabalho de campo para

cada um dos instrumentos utilizados na coleta de dados primários. Os instrumentos

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estão disponíveis da página do PROESF-UFPEL na Internet e são de livre acesso –

http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm

a. Gestor e Coordenador de Atenção Básica e PSF

Os dados referentes ao gestor e coordenador eram coletados através de

questionário auto-aplicado destinado a registrar informações demográficas, de formação

profissional e experiência na gestão, além de caracterizar os aspectos político-

institucionais da ABS e do PSF no município. Depois de preenchidos, os instrumentos

foram enviados á coordenação do Projeto para revisão, codificação e digitação na sede

do estudo na cidade de Pelotas.

Infelizmente não foi possível obter o questionário com as informações de Fonte

Documental de Jaboatão dos Guararapes, aspecto que limitou o presente relatório,

especialmente em termos da avaliação institucional do SUS e da atenção básica à saúde

no município.

b. Entrevista com o Presidente do Conselho Municipal de Saúde

Para a aplicação deste instrumento foi solicitado o agendamento prévio da

entrevista realizada por um supervisor do trabalho de campo.

c. Processo de Trabalho

Este instrumento foi preenchido em reuniões nas unidades básicas amostradas,

após a convocação por parte dos coordenadores das UBS. Os trabalhadores presentes no

dia da reunião discutiam os aspectos da organização do trabalho, as atividades

realizadas, os responsáveis por sua realização, os instrumentos e insumos utilizados,

além de identificar os principais problemas do processo de trabalho e sugestões de

melhoria.

d. Estrutura da UBS

O instrumento para captar informações sobre a estrutura da UBS era

fundamentalmente fechado e poderia ser preenchido coletivamente em uma reunião de

equipe, ou por um responsável pela UBS, com o apoio de pessoas-chave nos diversos

setores. A tarefa foi realizada durante o trabalho de campo (TC) na UBS. Enquanto

realizavam o levantamento de informações populacionais na área de abrangência, os

supervisores apoiaram o preenchimento do instrumento pelo responsável na UBS.

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e. Equipe de saúde

O questionário individual auto-aplicado era dirigido a todos os trabalhadores

lotados na UBS, incluindo profissionais de nível superior, médio e os ACS. As questões

eram todas estruturadas e predominantemente fechadas, mas várias questões abertas

foram utilizadas para qualificar a informação quantitativa. O instrumento da equipe de

saúde foi distribuído pelos supervisores às UBS, juntamente com os demais

questionários. Durante o TC na UBS, os supervisores orientaram o preenchimento e

motivaram os trabalhadores a participar do estudo. Depois de preenchidos, os

instrumentos foram recolhidos pelos supervisores e enviados para revisão, codificação e

digitação na sede do estudo na cidade de Pelotas.

f. Demanda da UBS – PACOTAPS

Utilizando um formulário baseado na Ficha de Atendimento Ambulatorial

(FAA) do SUS, todos os atendimentos de um dia de trabalho na UBS foram registrados,

incluindo os agentes comunitários de saúde.

Estes formulários foram digitados no software PACOTAPS (TOMASI, 2003),

capaz de identificar a dimensão do acesso da população aos serviços, a qualidade do

registro das atividades, produzir análises sobre o perfil demográfico e epidemiológico

da demanda nas unidades básicas de saúde.

O software é de fácil utilização por indivíduos sem conhecimentos prévios de

informática e epidemiologia e possibilita delinear com maior nitidez o perfil da

demanda, avaliar os serviços ao longo do tempo, comparar serviços entre si, em

momentos determinados, de acordo com as demandas do espaço de gestão. Permite

ainda, identificar com precisão e atualidade através de seus relatórios, informações

sobre o gênero, os grupos etários, os principais motivos de consulta, os medicamentos

mais prescritos, os exames mais solicitados e os encaminhamentos realizados.

O software foi distribuído ao município e os representantes das SMS e das UBS

foram capacitados para sua utilização na avaliação dos serviços básicos durante as

Oficinas Regionais. Este aplicativo também pode ser obtido na página do Projeto na

Internet no endereço citado anteriormente.

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g. Amostra Populacional

Foram realizadas entrevistas individuais, domiciliares, com questionários

estruturados, abordando questões relevantes para o estudo em amostras independentes

de crianças, mulheres, adultos e idosos. As questões eram todas estruturadas e

predominantemente fechadas, mas também havia questões abertas para qualificar as

respostas fechadas. Para a caracterização socioeconômica das amostras, foram utilizadas

a renda per capita em salários mínimos e a classificação da ANEP / ABIPEME

(RUTTER, 1988), esta última composta de informações sobre a escolaridade do chefe

da família, da disponibilidade de empregada mensalista e sobre a posse de bens

eletrodomésticos.

Para a aferição de alcoolismo (adultos), foi utilizado o teste CAGE (MASUR,

1983; SOINBELMAN, 1992), composto de quatro questões, sendo mais de duas

afirmativas um indicador de dependência de bebida alcoólica.

As entrevistas foram realizadas por supervisores selecionados e capacitados

especialmente para estas atividades pela equipe técnica do projeto. A amostra

populacional foi localizada na área de abrangência da UBS, que foi o ponto inicial para

a coleta de dados. Todos os domicílios do percurso seguido a partir da UBS até os

limites da área foram visitados em busca dos indivíduos elegíveis de acordo com o

grupo populacional.

A baixa densidade de indivíduos elegíveis em cada domicílio facilitou a

distribuição da amostra por toda a área de abrangência da UBS, minimizando as

possibilidades de viés de seleção ou efeito de cluster nas amostras (ROTHMAN, 1998).

Assim, se procedeu à inclusão consecutiva dos domicílios para a composição da

amostra.

Caso em um domicílio não residisse o indivíduo com as características

requeridas, passava-se ao seguinte, respeitando a orientação do deslocamento pela área

de abrangência. Nos domicílios selecionados, somente um indivíduo elegível (crianças,

mulheres que tiveram filho nos últimos dois anos, adultos e idosos) foi convidado a

participar do estudo, explicando-se a sua finalidade e apresentando termo de

consentimento informado. Nos domicílios em que se encontraram duas crianças ou duas

mulheres elegíveis, a mais jovem foi entrevistada. Para os adultos e idosos esta regra se

inverteu, sendo elegível o mais velho.

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2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias

Integrando o Estudo de Linha de Base do PROESF, foram sistematizados para o

município, o Estado, o Lote e o país, dois conjuntos de informações oriundas de bases

nacionais disponíveis (Ministério da Saúde, DATASUS e IBGE.).

O primeiro conjunto diz respeito aos 34 indicadores do Pacto da Atenção Básica,

instrumento de monitoramento e avaliação do desempenho da atenção básica por parte

do Ministério da Saúde (2003).

O segundo conjunto de informações está baseado nos Indicadores de

Monitoramento da Expansão do PSF em Grandes Centros Urbanos, de Julho de

2002, trabalho coordenado pela Dra. Ana Luiza D’Ávila Viana (2002). Do total dos

indicadores propostos, foi selecionado para análise um conjunto que fornece

informações de acordo com três eixos:

1. Perfil epidemiológico e sócio-demográfico da população;

2. Financiamento da saúde, da atenção básica e do PSF;

3. Organização da assistência, do cuidado e desempenho do sistema.

2.5 Processamento dos Dados

A complexidade da avaliação da atenção básica no âmbito do PROESF requer

que o conhecimento produzido seja baseado em informações as mais fidedignas

possíveis. Até traduzir-se em informações, todos os dados coletados durante o trabalho

de campo são objeto de um conjunto de atividades, sistemática e rigorosamente

encadeada. Estas atividades vão desde a recepção e classificação dos instrumentos até as

análises mais complexas e informativas.

Uma das peculiaridades do nosso estudo sobre a atenção básica no Brasil é a

extensa e variada gama de abordagens e instrumentos utilizados: dados quantitativos e

qualitativos, dados primários e secundários, dados com foco na gestão municipal da

saúde, dados com foco nas unidades básicas e dados com foco na população residente

na área de abrangência da UBS. Cada uma destas categorias se relaciona com as demais,

o que imprime um alto grau de complexidade a todas as tarefas de preparar estes dados

para análise.

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As atividades relacionadas ao processamento dos dados oriundos dos diferentes

instrumentos do estudo estão descritas em ordem cronológica e seqüencial. Em seguida,

são apresentados os diferentes bancos de dados, agregados por tipos de instrumentos.

Estão disponibilizados na página do Projeto na Internet os materiais de apoio ao

processamento dos dados, especialmente construídos para o estudo.

2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos

Os instrumentos completados no trabalho de campo entravam no processamento

por município, na mesma ordem da realização da coleta de dados. Uma vez “na bancada

de trabalho”, os diferentes instrumentos eram separados por tipo para identificação.

2.5.2 Identificação e constituição dos lotes

Nesta fase, o questionário recebia um identificador numérico único. Para os

questionários da população da área de abrangência da UBS e dos profissionais, o

identificador possuía sete algarismos: um para o Estado, dois para o município, dois

para a UBS e dois para o entrevistado. Para os questionários da estrutura e do processo

de trabalho na UBS, o identificador possuía cinco algarismos: um para o Estado, dois

para o município e dois para a UBS. Para os questionários do nível municipal, o

identificador era de três algarismos: um para o Estado e dois para o município. Para o

estudo de demanda, cujo instrumento foi a “ficha-espelho” da Ficha de Atendimento

Ambulatorial, a identificação era dada pelo código da UBS junto ao Sistema de

Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA – SUS).

Para cada conjunto de instrumentos do mesmo tipo e da mesma UBS era

constituído um lote de questionários, obedecendo a uma numeração seqüencial utilizada

no formulário “capa de lote”. Neste formulário, eram registrados os números de

identificação de cada questionário do lote, além do município, UBS, total de

questionários, data e responsável pelo fechamento do lote.

Para cada município, foram sistematizados os totais de cada instrumento

efetivamente completado no trabalho de campo, excluídas as perdas e recusas. Estes

números eram registrados em uma planilha do processamento por município e UBS,

denominada “Listagem de Controle de Lote”. Esta rotina dava início ao processamento

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30

propriamente dito, com a seguinte seqüência de tarefas para os questionários

populacionais e dos profissionais:

• codificação de questões fechadas

• tabulação de questões abertas

• codificação de questões abertas

• revisão final

• digitação

A primeira folha de cada questionário recebia um carimbo com a seqüência das

tarefas acima citadas para registro de datas e responsáveis.

2.5.3 Bancos de Dados Estruturados

a.Questionários populacionais, estrutura de UBS e profissionais de saúde

Para os questionários populacionais (crianças, mulheres, adultos e idosos), da

estrutura da UBS e dos profissionais foram criados bancos de dados no EPI-INFO, que

permite validação da entrada de dados para amplitude e consistência das variáveis.

b. Demanda ambulatorial As fichas-espelho do estudo de demanda foram inicialmente contadas e

revisadas. Para cada procedimento era identificado um código na Tabela de

Procedimentos do SIA-SUS e para cada diagnóstico era identificado um código na

Classificação Internacional de Doenças – 10ª. Revisão (CID-10). Para facilitar o

trabalho de codificação, foram identificados os códigos de maior utilização, o mesmo

acontecendo com os códigos da CID-10 para os diagnósticos.

A seguir, as fichas-espelho eram digitadas no aplicativo PACOTAPS, uma

ferramenta desenvolvida pela equipe (TOMASI, 2003) para subsidiar o planejamento e

a avaliação de serviços básicos de saúde.

c. Processo de trabalho, Gestor Municipal, Coordenador da Atenção Básica

e Presidente do Conselho Municipal de Saúde

Todas as questões abertas destes instrumentos foram digitadas em programa de

edição de textos para posterior análise.

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31

Para as questões fechadas (pré-codificadas) foram criados bancos de dados no

EPI-INFO, a exemplo dos instrumentos populacionais, da estrutura da UBS e dos

profissionais de saúde.

2.6 Controle de Qualidade

O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de

questionários reduzidos para alcançar, no mínimo, 5% dos domicílios selecionados.

Estes questionários eram compostos por perguntas-chave para identificar possíveis erros

ou respostas falsas. Para tanto, foi sorteado um questionário relativo a cada grupo

populacional investigado (criança, mulher, adulto e idoso) por Unidade Básica de

Saúde.

Para padronizar e qualificar a coleta dos dados do controle de qualidade, uma

pessoa especialmente treinada para este fim, realizou o contato telefônico. Não

existindo a possibilidade de contato telefônico com a pessoa sorteada, uma busca pelo

endereço ou pela respectiva UBS, era realizada na tentativa de localizar e coletar os

dados do entrevistado, não havendo, portanto, substituição para evitar possíveis vieses.

Para checagem imediata da consistência das informações, através de uma

planilha, algumas respostas referidas pelo entrevistado no contato feito pelo supervisor

eram comparadas com as repostas referidas no momento da aplicação do questionário

de controle de qualidade. Esta medida facilitava a detecção precoce de possíveis erros

na coleta dos dados e possibilitava a intervenção imediata junto ao supervisor do

trabalho de campo. A atividade de controle de qualidade era supervisionada diariamente

por um dos membros da equipe. Ao final, foi realizada a checagem da consistência das

informações através do índice de concordância de Kappa (LANDIS, 1977).

Os resultados do controle de qualidade para a totalidade dos municípios estão

disponíveis no Relatório Final do Lote 2 NE, na página do Projeto na Internet.

2.7 Análise dos Dados

Digitados no programa EPI-INFO 6.04b, os bancos de dados foram exportados

através do aplicativo STAT TRANSFER 5.0 para o pacote estatístico SPSS 10.0 para

Windows, utilizado para as análises. Inicialmente, procedeu-se às análises descritivas,

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32

verificando a distribuição dos casos em cada variável. Nas comparações também foram

considerados os achados do Lote 2 NE, Estado e país. Em continuação, as variáveis de

interesse foram analisadas segundo o modelo de UBS, buscando-se identificar padrões

de desempenho em serviços do PSF e Tradicionais.

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33

3 RESULTADOS

3.1 Contexto

3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de Jaboatão dos Guararapes

Em 2000, de acordo com informações do Atlas IDH e dos Cadernos de

Informações em Saúde, Jaboatão dos Guararapes possuía 581.556 habitantes. Seu Índice

de Desenvolvimento Humano (IDH) era de 0,777, pouco superior ao de Pernambuco e

ao do Brasil. Ainda em relação estado e ao país apresentava maior taxa bruta de

natalidade, maior expectativa de vida, menor proporção de crianças abaixo de cinco

anos de idade, menor proporção de idosos, maior cobertura de água encanada e menor

de prevalência de esgoto. Considerando a prevalência de pobres na população, o

indicador de Jaboatão de Guararapes foi superior ao do Brasil, mas inferior ao de PE

(Tabela 3.1).

Tabela 3.1 - Indicadores demográficos e socioeconômicos para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote

2 NE, 2005.

Indicador Jaboatão dos Guararapes

PE Brasil

IDH-2000 0,777 0,705 0,766

Taxa bruta de natalidade 19,82 19,3 17,52

Expectativa de vida 72,80 67,32 68,61

% de menores de 5 anos 9,53 10,07 9,68

% de idosos 6,53 8,85 8,45

% de pobres 39,09 51,31 32,75

% de alfabetizados 83,6 72,9 83,3

% de água encanada 78,8 69 75,8

% de esgoto 20,0 32,4 44,4

Fonte: Atlas IDH e Cadernos de Informações em Saúde de 2000.

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34

3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde

Para o ELB foram selecionadas em Jaboatão dos Guararapes três UBS do PSF

pré-PROESF (Curcurana,Grupiara e Loreto), três do PSF pós-PROESF (Dois Carneiros

Alto, Jardim Piedade e Jardim Prazeres) e três Tradicionais (Barra de Jangada, Curado

Quatro e Francisco Loureiro).

3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde

Durante a avaliação de oito UBS foram estudados 243 profissionais de saúde,

sendo 28 médicos (12%), 9 enfermeiros (4%), 20 outros profissionais de nível superior

(9%), 22 auxiliares e técnicos de enfermagem (9%), 93 agentes comunitários de saúde

(40%) e 61 outros profissionais de nível médio (26%), faltando informações sobre a

atividade profissional para 10 trabalhadores das oito UBS e para a UBS Jardim dos

Prazeres (Tabela 3.2).

Encontrou-se maior proporção de médicos, auxiliares e técnicos de enfermagem

e outros profissionais de nível médio nas UBS do modelo Tradicional, e de enfermeiros,

outros profissionais de nível superior e agentes comunitários de saúde nas UBS do PSF.

(Tabela 3.2).

Tabela 3.2 - Distribuição da amostra de trabalhadores de saúde por atividade profissional em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha

de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Atividade profissional

PSF Tradicional Total

Médicos 8 14 12

Enfermeiros 9 2 4

Outros profissionais de nível superior 11 8 7

Auxiliares e técnicos de enfermagem 9 10 9

Agentes comunitários de saúde (ACS) 51 36 40

Outros profissionais de nível médio 12 32 26

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35

3.1.3.1 Distribuição dos Trabalhadores por Modelo de Atenção e por Unidade

Básica de Saúde

Em relação ao modelo de atenção, 44 (18%) trabalhadores estavam vinculados

às UBS do PSF pré-PROESF, 22 (9%) às do PSF pós-PROESF e 177 (73%) às

Tradicionais. A Tabela 3.3 apresenta a distribuição dos trabalhadores de saúde em

relação as UBS selecionadas.

Tabela 3.3 - Distribuição da amostra dos trabalhadores de saúde por Unidade Básica de Saúde de Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel,

Lote 2 NE, 2005.

Trabalhadores N (%) Unidade Básica de

Saúde Médicos Enfermeiros Outros de nível superior

Auxiliares e técnicos de

enfermagem ACS

Outros de

nível médio

Total

Barra de

Jangada 8(30) --* 4(15) 2(7) 3(11) 10(37) 27(100)

Curado Quatro

7(15) 1(2) 4(9) 8(17) 5(11) 21(46) 46(100)

Curcurana 1(8) 1(8) 1(7) 2(15) 7(54) 1(7) 13(100)

Dois Carneiros Alto

1(8) 1(8) 1(8) 1(8) 6(50) 2(17) 12(100)

Francisco Loureiro

8(8) 2(2) 5(5) 6(6) 52(55) 22(23) 95(100)

Grupiara 1(9) 1(9) 1(9) 1(9) 6(55) 1(9) 11(100)

Jardim Piedade

2(10) 2(10) 3(14) 1(5) 10(48) 3(14) 21(100)

Jardim Prazeres*

-- -- -- -- -- -- --

Loreto I --* 1(13) 1(13) 1(13) 4(50) 1(13) 8(100)

Total 28(12) 9(4) 20(9) 22(9) 93(40) 61(26) 233(100)

* Sem informações

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36

3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Trabalhadores

A amostra foi formada por 203 (86%) trabalhadores do sexo feminino e 33

(14%) do sexo masculino; e a média de idade foi de 40,5 anos, sendo esta média maior

entre os profissionais das UBS Tradicionais (40,8 anos) do que entre os do PSF (39,9

anos).

A renda bruta mensal referida pelos trabalhadores relaciona-se exclusivamente

ao emprego na UBS e foi classificada de acordo com a formação e nível de

escolaridade. Os salários dos trabalhadores das UBS PSF (R$ 1.086,90) foram em

média superiores aos de UBS Tradicionais (R$ 471,89). Quando a renda foi estratificada

por tipo de profissional, a média foi superior para a maioria dos profissionais do PSF

(Tabela 3.4).

A renda bruta mensal dos trabalhadores de saúde entrevistados em Jaboatão dos

Guararapes foi inferior a renda média observada no Lote 2 NE para os médicos,

auxiliares e técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde (Tabela 3.4).

Tabela 3.4 - Renda média mensal dos trabalhadores em saúde estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha

de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (R$) Trabalhadores

PSF Tradicional Total

Lote 2 NE

(R$)

Médicos 3.774,00 746,50 1.404,65 2.127,50

Enfermeiros 2.458,33 1.500,00 2.218,75 2.172,67

Demais profissionais de nível

superior 2.634,29 745,44 1.571,81 1.529,37

Auxiliares e técnicos de

enfermagem 514,00 399,64 429,74 554,33

Demais profissionais de nível

médio 450,57 482,11 477,94 472,86

ACS 323,97 320,71 321,88 383,88

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37

3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde

3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde

Para o estudo da demanda foram registrados 1024 atendimentos realizados pelos

profissionais das nove UBS amostradas, em um dia de trabalho (Tabela 3.5). Em relação

ao modelo de atenção, 701 (68%) atendimentos foram realizados nas UBS do PSF e 323

(32%) nas UBS Tradicionais. Assim, a média diária de atendimentos por UBS do PSF

foi de 117 e pelas UBS Tradicionais de 108.

Tabela 3.5 - Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde de Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE

2005.

Unidade Básica de Saúde Nº de atendimentos (%)

Barra de Jangada 121 (12)

Curado Quatro 82 (8)

Curcurana 167 (16)

Dois Carneiros Alto 110 (10)

Francisco Loureiro 120 (11)

Gruapiara 144 (14)

Jardim Piedade 100 (10)

Jardim Prazeres 83 (8)

Loreto I 97 (9)

Total 1024 (100)

3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de

Saúde

3.1.5.1 Distribuição da População

As amostras populacionais selecionadas nas áreas de abrangência das UBS

totalizaram 162 crianças de um a três anos, 161 mulheres que tiveram filhos nos dois

últimos anos, 157 adultos entre 30 e 64 anos e 146 idosos com 65 anos e mais.

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38

3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de

Abrangência das UBS

a. Condições de habitação

A presença de água encanada dentro de casa beneficiava os domicílios de 89%

dos adultos, de 83% das crianças, de 85% dos idosos e de 82% das mulheres. A

proporção de banheiro no domicílio foi de 87% para os adultos, de 65% para as

crianças, de 75% para os idosos e de 69% para as mulheres. A quase totalidade (87%)

dos domicílios dos adultos, 59% dos de crianças, 81% dos de idosos e 65% dos de

mulheres, dispunha de recolhimento do lixo por caminhão de serviço municipal.

Residências de tijolo com e sem reboco, mistas (madeira e tijolo) e com madeira

regular foram consideradas adequadas, enquanto aquelas construídas de madeira

irregular e papelão, lata ou lona foram classificadas de inadequadas. A proporção de

construção adequada foi maior nas residências de idosos e adultos (99%) do que nas

residências de crianças (94%) e mulheres (96%).

A média de pessoas por domicílio de crianças foi 5,2 (dp = 2,2) e de mulheres

5,0 (dp = 2,3). No caso dos adultos esta média foi 4,1 (dp = 1,8) e dos idosos 3,8 (dp =

2,1). A concentração de sete ou mais pessoas por domicílio foi identificada em 20% da

amostra de crianças, em 19% na de mulheres, em 9% na de adultos e em 8% na de

idosos. Residir desacompanhado foi informado por 6% dos adultos e 9% dos idosos.

A Tabela 3.6 descreve as prevalências dos indicadores estudados em cada grupo

populacional por modelo de atenção. Em geral, as condições de moradia eram melhores

nas áreas das UBS do PSF, exceto para os idosos.

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39

Tabela 3.6 - Condições de habitação das crianças, mulheres, adultos e idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Crianças Mulheres Adultos Idosos Indicador

PSF Tradicional PSF Tradicional PSF Tradicional PSF Tradicional

Água encanada no domicílio (%) 86 78 85 76 97 98 79 96

Banheiro no domicílio (%) 69 56 74 59 88 87 68 88

Recolhimento do lixo por caminhão (%)

71 36 75 46 87 87 22 14

Construção adequada (%) 97 89 3 7 100 96 99 100

Pessoas por domicílio (média) 5,3 5,0 4,9 5,1 4,0 4,3 3,9 3,6

b. Perfil das Crianças e Mães

Na amostra de 162 crianças, 48% (n = 77) eram do sexo masculino e a idade

média foi de 26,6 meses (dp = 10,4), variando de 12 a 47 meses. A proporção de

crianças brancas foi de 44% (n = 70), de pardas 44% (n = 71) e de negras 12% (n = 19),

sendo a primeira e a última categoria mais prevalentes nas áreas de UBS Tradicionais.

As mães das crianças estudadas tinham idade média de 26,6 anos (dp = 6,1),

variando de 16 a 46 anos. Em relação à escolaridade dessas mães, 61% (n = 94)

possuíam primeiro grau incompleto, 18% (n = 28) primeiro grau completo e 21% (n =

32) segundo grau completo ou mais. A proporção de mães com escolaridade acima do

primeiro grau incompleto foi maior entre as residentes em área de PSF (40%) do que

entre as moradoras da abrangência das UBS Tradicionais (37%).

A renda média per capita da amostra de domicílios de crianças foi de 0,2 salário

mínimo (SM), com distribuição semelhante entre os modelos de atenção.

Pouco menos de um quarto (23%; n = 37) destas mães e crianças estavam

incluídas nos estratos sociais B e C agregados, 34% (n = 55) pertencia ao D e 43% (n =

69) ao E. A proporção da amostra incluída no estrato menos favorecido (E) foi maior

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40

entre as residentes da área de UBS Tradicionais (50%) do que entre as moradoras da

abrangência do PSF (39%).

c. Perfil das Mulheres

Na amostra de 161 mulheres, 65% (n = 105) eram de cor não-branca, não

havendo diferenças na distribuição entre as áreas por modelo de atenção. A idade média

das entrevistadas foi de 25 anos (dp = 5,8), variando de 15 a 42 anos. A proporção de

menores de 20 anos foi de 17% (n = 27), sendo maior nas áreas de abrangência do PSF

(34%; n = 18).

Entre as mulheres, 56% (n = 88) não havia completado o primeiro grau, 23% (n

= 35) possuía o segundo grau incompleto e 21% (n = 32) tinha o segundo grau completo

ou mais. A proporção de mulheres com o segundo grau completo ou mais foi maior nas

áreas do PSF (22%; n = 22), quando comparadas as de UBS Tradicionais (19%; n = 10).

A renda mensal média per capita da amostra de mulheres foi de 0,2 SM, sendo

de 0,3 SM na abrangência do PSF e de 0,2 SM na de UBS Tradicionais.

Das mulheres, 18% (n = 27) foram classificadas nos grupos sociais B e C, 38%

(n = 58) no D e 44% (n = 67) no E. A proporção de mulheres incluídas no grupo social

menos favorecido (E) foi maior nas áreas de UBS do PSF (81%; n = 41) em relação às

de UBS Tradicionais (52%; n = 26).

d. Perfil dos Adultos

Na amostra de 157 adultos, a idade média era de 44,6 anos (dp = 9,5), variando

de 30 a 64 anos. Deste total, 56% (n = 88) eram mulheres, 45% (n = 70) eram de cor

branca e 68% (n = 107) eram casados (as) ou viviam com companheiro (a). A

prevalência de adultos casados ou que viviam com companheiro (a) foi de 66% para os

residentes nas áreas de cobertura do PSF e de 72% para os moradores da abrangência de

UBS Tradicionais.

A maioria dos adultos sabia ler e escrever (82%; n = 129), sendo a proporção

maior nas áreas do PSF (84%; n = 87) quando comparada a das UBS Tradicionais

(79%, n = 42).

A renda média per capita nos domicílios de adultos foi de 0,6 SM e maior entre

os residentes de áreas do PSF (0,7 SM) do que entre os de UBS Tradicionais (0,4 SM).

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41

Na distribuição por grupo social, encontrou-se que 3% (n = 5) dos adultos

estavam incluídos nos estratos A e B agrupados, 18% (n = 27) no C, 42% (n = 64) no D

e 36% (n = 55) no E. De acordo com o modelo de atenção, as áreas de UBS

Tradicionais concentravam uma maior parcela de adultos classificada no estrato E

(53%; n = 27), em comparação as de UBS do PSF (28%; n = 28).

Pouco mais da metade dos adultos (44%; n = 69) informou trabalho remunerado

no último mês, observando-se proporções semelhantes entre os modelos de atenção. Das

pessoas que trabalhavam 51% (n = 35) eram empregadas e 49% (n = 34) autônomas.

e. Perfil dos Idosos

Na amostra de 162 idosos, a idade média foi de 74,1 anos (dp = 8,0), variando de

65 a 100 anos. Deste total, 69% (n = 100) eram mulheres, 56% (n = 81) eram de cor

branca e a 49% (n = 71) eram viúvos (as). Na área das UBS PSF encontravam-se mais

idosos de cor não branca (47%, n = 45) que nas do modelo Tradicional (40%, n = 20).

Menos da metade da amostra dos idosos sabia ler e escrever (45%; n = 65),

sendo a proporção superior nas áreas de UBS Tradicionais (46%; n = 23) em

comparação a das UBS do PSF (44%; n = 42).

A renda média per capita dos idosos foi de 0,5 SM, sendo de 0,6 na amostra de

idosos residentes na abrangência do PSF e de 0,4 entre os idosos moradores da

cobertura de UBS Tradicionais.

De acordo com a estratificação social, 17% (n = 22) dos idosos estavam

inseridos no grupo B e C agregados, 24% (n = 32) no D e 59% (n = 77) no E. Os

estratos D e E juntos reuniram 83% (n = 109) da amostra de idosos, com distribuição

semelhante entre as áreas de moradia por modelo de atenção.

A maioria dos idosos da amostra (64%; n = 94) estava aposentada, e a média de

idade da aposentadoria foi de 61,9 anos (dp = 9,3) variando de 27 a 81 anos, sendo

semelhante entre as áreas por modelo de atenção.

3.2 Dimensão Político-Institucional

A dimensão político-institucional reúne alguns aspectos da conformação do

modelo de atenção básica à saúde, com ênfase particular no desenvolvimento da gestão

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42

municipal e nas estratégias de descentralização do SUS. Buscando dar historicidade ao

recorte temporal do estudo, esta abordagem do processo de constituição da ABS no SUS

utilizou as categorias centrais do planejamento estratégico de Matus (MATUS, 1997):

projeto de governo, capacidade de governo e governabilidade.

Planejar a ação política em uma perspectiva estratégica significa pensar um

conjunto de atividades, com metodologia, objetivos e metas definidos.

O Projeto de Governo procura caracterizar as bases materiais e históricas do

SUS nos municípios do Lote, com especial ênfase para a atenção básica à saúde. Os

atributos que qualificam um Projeto de Governo são os recursos disponíveis e passíveis

de alcançar, o conhecimento acumulado sobre o tema, o poder necessário para

desencadear as ações propostas, as chances de implantação e a possibilidade de sucesso.

De modo simplificado, mas ilustrativo, estes atributos estão sintetizados na identificação

da “maturidade” da gestão municipal (tipo de gestão, índice de aprendizado

institucional, adequação institucional do sistema municipal de saúde, critérios na

definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do PSF, características do

emprego e da remuneração dos trabalhadores da atenção básica), da capacidade

instalada da rede básica e do processo de conversão do modelo da atenção básica

através do PSF.

A Capacidade de Governo compreende o conhecimento institucional acumulado,

o conjunto de saberes e técnicas disponíveis para operar o Projeto de Governo e a

política setorial. Nesta categoria se identificam os recursos intelectuais mobilizados para

a condução da ABS nos municípios, como por exemplo, o perfil do Secretário, do

Coordenador da Atenção Básica ou do PSF, do Presidente do Conselho Municipal de

Saúde e dos Profissionais das UBS.

A Governabilidade descreve os fundamentos político-financeiros para efetivação

das políticas de ABS, ou seja, recursos e margem de manobra política que, articulados à

Capacidade de Governo, permitem transformar as intenções de um projeto em gestos ou

ações concretas. A Governabilidade reúne mecanismos e instrumentos de poder

(político, econômico) capazes de desencadear as decisões e os respectivos movimentos

necessários para que os objetivos e as metas sejam alcançados. Neste estudo foram

utilizados como indicadores de governabilidade as despesas per capita com saúde, o

financiamento da atenção básica nos municípios, o apoio a projetos de atenção básica à

saúde e de saúde da família e as características do Conselho Municipal de Saúde.

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43

12,6

56

80,2 7982,3

79,2

59,5

75,1

95,899 100 100

96,7

46,4

54,558,6 57,9

20,3

65,3 63,869,4 67

0,6

22,3 21,7

29,2

39,644,6

3,2

40

7,1

40,3

20

21

44,551

36,9

28,534,3

50,7

33,2

48,7

18,915,613,7

11,9

27,7

45,441

47,7

9,3

40,238,6

30,1

43,1

3,1

44,3

34,531,2 38,8

21,118,5

14,6

5,5

36,2

41,5

8,2

43,451,8

0

20

40

60

80

100

120

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Cabo de Santo Agostinho Camaragibe Caruaru

Garanhuns Jaboatão dos Guararapes Olinda

Paulista Petro lina Recife

Vitória de Santo Antão

PROESF

3.2.1 Projeto de Governo

3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura

do Programa de Saúde da Família

Jaboatão dos Guararapes encontrava-se na modalidade de gestão plena da

atenção básica. Com o PSF implantado desde 2000, seu aprendizado institucional foi

considerado médio pela avaliação do Ministério da Saúde realizada em 2000.

A cobertura de PSF passou de 11,9% em 2000 para 21,7% em 2005,

demonstrando um crescimento 84% no período, atingindo a mais baixa cobertura

populacional entre os municípios de Pernambuco incluídos no estudo e também do Lote

2 NE. Sendo assim, Jaboatão dos Guararapes situa-se abaixo da meta de 30% proposta

pelo Ministério da Saúde, na Fase 1 do PROESF, para cidades com porte populacional

de 500.000 até menos de dois milhões de habitantes.

Figura 3.1 - Evolução da cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF) nos municípios de mais de 100.000 habitantes de Pernambuco, de 1999 a 2005. Estudo de

Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.

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44

Em 2001, o número de ESF instaladas no município era de 27 em 2001,

passando para 45 em 2004, representando cerca de 4% das ESF do Lote 2 Nordeste e

9% do estado de PE, no ano de 20046.

O número total de UBS de Jaboatão dos Guararapes, era de 23 em 2001,

passando para 69 em 2004. Considerando a população do município (581.556

habitantes) e a capacidade instalada da rede de UBS (n = 69), cada unidade abrangeria,

em média, 8.428 habitantes, revelando assim uma situação de cobertura média da

atenção básica onde já não há necessidade de novos serviços, salvo em situações

especiais. É importante ressaltar que aqui não estão sendo considerados aspectos como

as condições de estrutura e disponibilidade de profissionais no atendimento da demanda

nestas UBS; as quais são apresentadas para as unidades selecionadas nos itens 3.1.3.1 e

3.3.2.1.

3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do

Sistema Municipal de Saúde

Na percepção do gestor municipal em uma escala de avaliação de 0 a 10 para a

adequação dos Setores, o de Assistência Farmacêutica foi aquele que obteve a melhor

avaliação (nota 9,0), seguido dos setores de Epidemiologia, Atenção Básica a Saúde,

Ações Programáticas de Saúde, Vigilância Sanitária/ Ambiental, Apoio Administrativo,

Recursos Humanos e PSF (nota 6,0). Os setores menos adequados na avaliação do

gestor foram os de Controle, Avaliação, Auditoria e Regulação e Informações em Saúde

(nota 5,0).

Na opinião do gestor o modelo Tradicional de atenção básica é tão adequado

quanto o PSF no atendimento das necessidades de saúde do município, tendo avaliado

ambos com nota 7,0.

.

3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação

do Programa de Saúde da Família

Na definição de áreas para implantação do PSF, o gestor considerou relevantes

os critérios de alta densidade populacional, carência de serviços de saúde, dificuldade de

6 Neste caso considerou-se o número total de ESF dos municípios da PE incluídos no Lote 2 NE.

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45

acesso, risco epidemiológico, reivindicação local, indicadores socioeconômicos

desfavoráveis, aproveitamento de profissionais de saúde e existência anterior de PACS

na área.

O Secretário Municipal de Saúde acredita que as razões para a expansão do PSF

nos municípios deveriam considerar o interesse político, as evidências de que o PSF

melhora a saúde da população, o apoio da população, a compatibilidade do PSF com

modelo de atenção predominante no município, as expectativas de receber novos

recursos pela instância federal e estadual, juntamente com a disponibilidade de

profissionais.

3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da

Atenção Básica

O ingresso por concurso público alcançou 33% (n = 76) dos trabalhadores da

rede básica, sendo maior nas UBS Tradicionais (41%; n = 69) do que no PSF (11%; n =

7). A forma de contratação mais prevalente foi Estatutária (45%; n = 109), com

predomínio entre os trabalhadores das UBS Tradicionais (60%; n = 106); seguida de

contrato temporário (39%; n = 95) que foi proporcionalmente maior entre os

profissionais das UBS do PSF (77%, n = 51).

O vínculo de trabalho tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) alcançou

53% (n = 129) dos trabalhadores da atenção básica em Jaboatão dos Guararapes, sendo

esta situação mais freqüente entre os trabalhadores das UBS PSF (92%, n = 61).

Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) foi referido por 12% (n = 27) dos

trabalhadores entrevistados, sendo esta ocorrência maior entre aqueles das UBS

Tradicionais (16%, n = 26) em comparação aos do PSF (2%, n = 1).

O pagamento em dia do salário foi informado por 87% (n = 208) dos

profissionais de saúde, tendo sido mais freqüente entre os trabalhadores do PSF (91%, n

= 60). O pagamento de incentivos foi informado por 13% (n = 31), com maior

prevalência entre os trabalhadores das UBS Tradicionais (16%, n = 27).

Dos entrevistados, 32% (n = 76) fizeram referência ao trabalho atual como

primeiro emprego, e (22%, n = 51) mencionaram ter outro emprego. Em ambos os casos

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46

as proporções foram maiores entre os trabalhadores de UBS Tradicionais (35%, n = 60 e

25%, n = 43, respectivamente).

O tempo médio de trabalho na prefeitura local foi de 110,2 meses (dp = 86,3) e

na UBS atual de 67,5 (dp = 72,0), com médias superiores para os profissionais das UBS

Tradicionais (124,7 meses - dp = 89,5 na prefeitura local; e 82,0 meses - dp = 75,0 na

UBS atual).

3.2.2 Capacidade de governo

3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde

O gestor municipal de saúde à época da coleta de dados era do sexo masculino,

com idade de 58 anos, médico e possuía pós-graduação e especialização em outras áreas

que não a Saúde Pública. O tempo de permanência no cargo atual era de três meses. O

Secretário Municipal de Saúde tinha experiência prévia como profissional desta

Secretaria, como profissional liberal na área da saúde e em cargo legislativo. Participava

da comissão intergestora Bipartite e do Conselho Municipal de Saúde.

3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da

Família

O coordenador da Atenção Básica à Saúde era do sexo masculino, sanitarista,

com idade de 58 anos e tinha curso superior completo com especialização em saúde

pública. Ocupava o cargo atual há cerca de dois meses e já havia atuado como

profissional liberal na área da saúde e em cargo legislativo como vereador.

3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde

O presidente do CMS era do sexo masculino, tinha 59 anos de idade e possuía

19 anos de estudo, com pós-graduação. Era médico e representava o gestor no conselho

municipal de saúde. Na época do estudo, atuava no cargo há 5 meses, mas participava

do CMS desde o ano de 1990. Não possuía experiência anterior em coordenação de

atividades coletivas.

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47

3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde

As características de sexo, idade e renda dos 243 trabalhadores que participaram

do estudo, nas UBS de Jaboatão dos Guararapes, estão apresentadas no item 3.1.3.2, que

aborda o perfil sócio-demográfico da amostra estudada. Na perspectiva da capacidade

de governo, estão enfatizados os aspectos relacionados à escolaridade, formação

profissional, especialização e capacitação realizadas, fundamentais para o

enfrentamento dos desafios cotidianos e estratégicos da ABS.

Em relação à escolaridade, 13% (n = 31) dos trabalhadores concluíram pós-

graduação, 13% (n = 30) tinha curso superior completo, 44% (n = 106) havia concluído

o ensino médio, 7% (n = 16) possuía ensino médio incompleto, 9% (n = 21) completou

o ensino fundamental e 10% (n = 24) não havia concluído o ensino fundamental.

A Tabela 3.7 descreve a distribuição da escolaridade dos trabalhadores com

relação aos modelos de atenção. Destacaram-se as diferenças proporcionais de

trabalhadores com escolaridade superior, média e fundamental completas entre os

modelos de atenção, com maior prevalência das duas primeiras nas UBS do PSF e da

última nas UBS Tradicionais.

Tabela 3.7 - Escolaridade dos trabalhadores estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Escolaridade

PSF Tradicional Total

Superior completo 14 12 13

Superior incompleto 0 7 5

Ensino médio completo 56 40 44

Ensino médio incompleto 9 6 7

Fundamental completo 3 11 9

Fundamental incompleto 3 13 10

A realização de cursos de capacitação foi pesquisada para a totalidade dos

trabalhadores da atenção básica da amostra. As proporções de capacitação em Jaboatão

dos Guararapes variaram de 18% (Saúde do Adulto) a 54% (Tuberculose). Observaram-

se percentuais superiores de capacitação entre os trabalhadores das UBS do PSF para

sete do total de cursos avaliados (n = 12). Em comparação às médias do Lote 2 NE, os

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48

profissionais de Jaboatão dos Guararapes, no geral, alcançaram proporções inferiores de

capacitação (Tabela 3.8).

Tabela 3.8 - Cursos de capacitação realizados pelos trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e

no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Jaboatão dos Guararapes (%)

Curso PSF Tradicional Total

Lote 2 NE (%)

Introdutório ao PSF 54 27 36 53

SIAB 14 34 28 39

Saúde da Criança 16 31 27 38

Saúde da Mulher 30 32 32 42

Saúde do Adulto 12 20 18 28

AIDPI 70 45 52 30

Diabetes 38 37 37 43

Hipertensão 39 36 37 45

DST / AIDS 61 49 53 55

Hanseníase 54 42 45 51

Imunizações 46 49 48 45

Tuberculose 73 46 54 53

3.2.3 Governabilidade

3.2.3.1 Despesas per capita com saúde

Para realizar as atividades do SUS a cada ano, Jaboatão dos Guararapes teve

uma despesa média em saúde de R$ 49,75 por habitante, média bastante inferior a

observada entre os municípios do Lote 2 NE (R$ 120,47).

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49

3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios

Conforme informações do DATASUS (Cadernos de Informações em Saúde), em

Jaboatão dos Guararapes, no ano de 2002, 21,7% do PAB total estava vinculado às

transferências federais do incentivo PACS / PSF. O PAB Fixo de Jaboatão dos

Guararapes era de R$ 8,71 por habitante e 66,5% era a proporção de despesas com

recursos humanos em relação às despesas totais em saúde. Dos recursos próprios, 12,1%

eram aplicados em saúde, índice que não atende as exigências da EC 29.

A Tabela 3.9 oferece uma comparação dos indicadores de financiamento da

atenção básica à saúde no município em comparação à média dos municípios do Lote.

Tabela 3.9 - Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de Jaboatão dos Guararapes e para o Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF –

UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicador Jaboatão dos Guararapes

Lote 2 NE

PAB Fixo (R$ / habitante) 8,71 9,71

% Despesas Recursos Humanos 66,5 53,1

% Transferências PSF/ PACS no PAB total 21,7 40,5

% Recursos próprios aplicados em saúde (EC 29) 12,1 14,4

Fonte: Cadernos de Informações em Saúde, 2002.

3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família

Em uma escala de valores de zero a dez, a gestora avaliou o apoio do CMS a

projetos da atenção básica com nota 8,0, o de parlamentares como nota 5,0 e aqueles

relacionados ao PSF com nota 7,0.

Na percepção do secretário, a adesão de profissionais de saúde aos projetos de

PSF foi maior (nota 9,0) em comparação à adesão dos trabalhadores aos projetos do

modelo de atenção básica tradicional (nota 8,0).

A satisfação dos trabalhadores das UBS com o vínculo de trabalho foi de 47% (n

= 112), sendo superior entre os das UBS Tradicionais (60%; n = 102) do que entre os

das UBS do PSF (15%; n = 11).

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50

3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde

O presidente relatou que o CMS foi criado em 1990, possuía regimento interno e

sua última atualização ocorreu no ano de 2001.

O CMS era composto de 16 entidades, sendo 2 representantes da área

governamental, 2 dos prestadores de serviços ao SUS privados ou conveniados sem fins

lucrativos, 4 dos profissionais de saúde e 8 da sociedade civil organizada.

Entre os temas abordados nas reuniões ordinárias do CMS entre 2001 a 2004,

foram destacados a implantação do PSF, o Convênio “DST / AIDS” e o da

“Tuberculose”.

Segundo o presidente do CMS, no período de 2001 a 2004, a gestão municipal

sempre buscou aprovação do CMS para a implantação de políticas de saúde.

Entre 2001 e 2004, foi realizada uma Conferência Municipal de Saúde e,

nenhuma capacitação aos conselheiros. À época do estudo não havia Conselhos Locais

de Saúde implantados no município.

Na percepção do presidente não existiam conflitos entre Conselheiros das

diferentes entidades, mas apenas debates para troca de idéias.

3.3 Dimensão Organizacional da Atenção

3.3.1 Práticas de gestão da ABS

Ao caracterizar as práticas de gestão nos municípios do Lote foram identificados

princípios, normas e funções, procedimentos e recursos cuja finalidade é ordenar a

estrutura e o funcionamento da atenção básica à saúde. Muitos destes aspectos se

confundem com as práticas de oferta de serviços, pois uma estratégia de gestão

estabelecida pode implicar em uma oferta de serviços ao público.

3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à

saúde

Dentre os projetos e as ações de política de saúde relativas à capacitação de

recursos humanos, o gestor destacou que o município tem como política o

aperfeiçoamento de médicos e enfermeiros do PSF em nível de especialização numa

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51

perspectiva de trabalhar a atenção de forma integrada, tecnicamente fundamentada e

territorializada. `Quanto aos mecanismos de avaliação da atenção básica, não havia um

grupo ou núcleo dedicado a esta atividade.

As atividades de supervisão do trabalho nas UBS foram relatadas por 69% (n =

150) dos trabalhadores de saúde. Entre aqueles que referiram supervisão, 58% (n = 81)

mencionaram uma periodicidade semanal, 7% (n = 23) relataram encontros que

variaram de quinzenais a anuais, enquanto 25% (n = 35) informaram periodicidade

indefinida. A prevalência de profissionais com supervisão semanal das suas atividades

foi maior nas UBS Tradicionais (81%; n =67).

3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda

O setor de Controle, Avaliação, Auditoria e Regulação estava constituído no

município, cuja modalidade até 2004 era plena do sistema municipal. De acordo com o

relato do gestor municipal, os serviços de média e alta complexidade existentes em seu

território não são municipalizados, o que restringe a capacidade resolutiva, diagnóstica e

terapêutica da rede de serviços. Por outro lado, a gestão municipal ainda não possui

também o controle e o pagamento dos prestadores de serviços ambulatoriais e

hospitalares ao SUS, dificultando, desta forma, a avaliação e organização dos serviços

de saúde no âmbito municipal.

Devido ao não preenchimento do instrumento “Formulário de Fonte

Documental” não foi possível conhecer a realidade do município com relação as

estratégias de controle e regulação da demanda para o atendimento em serviços de

maior complexidade. Pela mesma razão, as informações quanto às formas de

acolhimento das reclamações dos usuários e aos tipos de centrais implantadas para

acolher e ordenar as necessidades de saúde dos usuários não foram disponibilizadas.

3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal

Do ponto de vista da tecnologia da informação, entre as nove UBS estudadas no

município nenhuma dispunha de microcomputador.

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52

Não havia em Jaboatão dos Guararapes UBS informatizadas alimentando o SIA-

SUS no período de 2001 a 2004 e nenhuma estava incluída no Sistema de Vigilância

Epidemiológica.

3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde

Devido ao não preenchimento do instrumento “Formulário de Fonte

Documental” não foi possível verificar se os sistemas de informação de base nacional

estavam inseridos na rotina do município e se Jaboatão dos Guararapes era responsável

pelo gerenciamento e preenchimento regular do SINASC, do SIM, do SINAN, do

SISVAN e do SIAB. Também por esta razão não foram fornecidas informações com

relação a investigação dos óbitos infantis no período de 2001 a 2004.

3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município

Este tópico descreve recursos e estratégias utilizados nos municípios para

oferecer os serviços básicos de saúde à população. Há uma ênfase importante na

estrutura das UBS. Também é abordada a disponibilidade de profissionais do PSF, na

perspectiva de avaliar o acesso da população ao novo modelo de atenção.

3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde

A maioria das dependências avaliadas estava presente nas UBS da amostra de

Jaboatão dos Guararapes. As dependências citadas em maior freqüência como existentes

por todas as UBS foram: recepção, consultórios, consultório odontológico, sala de

vacinas, sala de cuidados de enfermagem e farmácia. Consultório com banheiro havia

apenas nas UBS Grupiara e Loreto I e expurgo nas UBS Grupiara e Jardim Piedade

(Tabela 3.10).

Sobre a adequação das dependências estudadas, obtiveram-se informações para

oito UBS, onde a maioria das estruturas foi avaliada como inadequada. Na Tabela 3.11

é possível observar a adequação dos componentes da estrutura por unidade de saúde.

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53

Tabela 3.10 – Área física das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Dependência Barra de Jangada

Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros

Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim

Piedade Jardim

Prazeres Loreto I

Recepção E E E E E E E E E

Sala de Espera E E E NR E E E E E

Consultórios E E E E E E E E E

Consultórios com banheiro I I I I I E I I E

Consultório Odontológico E E E E E E E E E

Sala de Vacinas E E E E E E E E E

Cozinha I E E E E E I E E

Sala de cuidados de enfermagem E E E E E E E E E

Sala de Reuniões I I E I I E E E E

Sala de Esterilização I I E I E E E E E

Farmácia E E E E E E E E E

Expurgo I I I I I E E I I

E – Existente; I – Inexistente; NR – Não Respondeu.

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54

Tabela 3.11 - Adequação da estrutura nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Dependência Barra de Jangada

Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros

Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim

Piedade Jardim

Prazeres Loreto I

Recepção I I NR I I I I I I

Sala de Espera I I NR I I A I I I

Consultórios I I NR I I I NR I I

Consultórios com banheiro NSA NSA NSA NSA NSA I NSA NSA I

Consultório Odontológico NSA I NR A I I I NR A

Sala de Vacinas I I NR I A I I I I

Cozinha NSA I NR I I I NSA I I

Sala de cuidados de enfermagem I I NR NR I I A I A

Sala de Reuniões NSA NSA NR NSA NSA I I I I

Sala de Esterilização NSA NSA NR NSA I I I I I

Farmácia I I NR I I I I I I

Expurgo NSA NSA NSA NSA NSA I I NSA NSA

A – Adequado; I – Inadequado; NR – Não respondeu; NSA – Não se Aplica por inexistência da dependência.

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55

Do ponto de vista de acesso de pessoas portadoras de deficiência, o prédio foi

considerado adequado apenas na opinião dos profissionais das UBS Curado Quatro,

Dois Carneiros Alto e Grupiara.

Nenhuma das UBS estudadas referiu a existência de tapetes na sala de espera e

consultórios Apenas a UBS Barra de Jangada referiu possuir tabetes na sala de vacinas.

A presença de degraus dificultando o acesso de deficientes foi mencionada em

seis UBS (Curcurana, Dois Carneiros Alto, Francisco Loureiro, Jardim Piedade, Jardim

Prazeres e Loreto I). Quatro UBS (Barra de Jangada, Curado Quatro, Dois Carneiros

Alto e Francisco Loureiro) dispunham de rampas alternativas para facilitar o acesso

destas pessoas. A existência de calçadas permitindo o deslocamento seguro de

deficientes visuais foi referida por apenas uma UBS (Dois Carneiros Alto).

Corrimãos nas rampas foram encontrados em três UBS (Curado Quatro, Dois

Carneiros Alto e Francisco Loureiro), destacando-se que quatro UBS não forneceram

esta informação (Curcurana, Grupiara, Jardim Prazeres e Jardim Piedade). Apenas uma

UBS referiu existência de corrimãos nos corredores (Dois Carneiros Alto).

Nenhuma UBS possuía portas de banheiros possibilitando o acesso a

cadeirantes, assim como não havia espaço suficiente nesta dependência para realizar

manobras com cadeiras de rodas.

A disponibilidade de cadeira de rodas para pacientes foi verificada em uma UBS

(Francisco Loureiro) e as cadeiras da sala de espera foram consideradas adequadas para

o local do atendimento em três unidades (Dois Carneiros Alto, Grupiara e Jardim

Prazeres).

Em relação aos equipamentos de trabalho em condições de uso estavam

disponíveis em todas as UBS balança adulto e infantil, termômetro, nebulizador, foco de

luz, geladeira exclusiva para vacina, mesa ginecológica, aparelho fotopolimerizador,

tensiômetro, sonar, amalgamador, compressor e refletor.

A Tabela 3.12 apresenta a relação de todos os equipamentos investigados e sua

respectiva condição de acordo com cada uma das UBS estudadas.

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56

Tabela 3.12 – Equipamentos e instrumentos das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Equipamento / Instrumento Barra de Jangada

Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros

Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim

Piedade Jardim

Prazeres Loreto I

Balança Adulto P P P P P P P P P

Balança Infantil P P P P P P P P P

Termômetro P P P P NR P P P P

Cadeira odontológica P P P P P P P I P

Nebulizador P P P P NR P P P P

Estetoscópio P I P P NR P P P P

Foco de luz P P P P P P P P P

Geladeira exclusiva vacina P P P P P P P P P

Mesa ginecológica P P P P P P P P P

Centrífuga I I P I I I I I I

Aparelho Fotopolimerizador P P P P P P P P P

Tensiômetro P P P P NR P P P P

Sonar P P P P P P P P P

Mocho P P P P P P P P I

Estufa P P P I P P P P P

Amalgamador P P P P P P P P P

P – Próprio para uso; I – Impróprio para uso ou ausente; NR – Não respondeu.

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57

Equipamento / Instrumento Barra de Jangada

Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros

Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim

Piedade Jardim

Prazeres Loreto I

Compressor P P P P P P P P P

Refletor P P P P P P P P P

Instrumental exame clínico I P P P P P P P P

Instrumental para procedimentos básicos I I I P P P P P P

Instrumental Dentística I P P P P P P P P

Equipo odontológico P P P P P P P I I

Negatoscópio I I P I I P P P P

Otoscópio I I P P I P P P P

Oftalmoscópio I I I I I I I I I

Unidade auxiliar P P P P I I P I NR

Instrumental de urgências I I P P P I P I P

Espéculos vaginais NR P P NR NR P I NR P

Glicosímetro P P P P I P P P P

Estetoscópio de Pinar P I I P NR I P P I

Microscópio I P I I I I I I I

Lanterna I I I I I I I P I

Microcomputador I I I I I I I I I

Impressora I I I I I I I I

P – Próprio para uso; I – Impróprio para uso ou ausente; NR – Não respondeu.

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58

Na investigação sobre o abastecimento de materiais e insumos, todas as UBS

prestaram informações, com a maioria tendo sido considerada suficiente. Foram

encontrados nas nove UBS estudadas: seringa para vacinas e cartão da criança. Ao

contrário, estavam insuficientes em todas as unidades materiais para pequenas cirurgias.

A Tabela 3.13 apresenta todas as informações referentes a disponibilidade de

materiais e insumos por Unidade Básica de Saúde.

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Tabela 3.13 – Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Materiais e Insumos Barra de Jangada

Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros

Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim

Piedade Jardim

Prazeres Loreto I

Agulhas descartáveis S I S S S S S S S

Esparadrapo I S S S I I S S S

Luvas esterilizadas I I I I S I I I I

Algodão I S S S S S S S S

Gaze I I I I S I I I I

Luvas para procedimentos S S S S S S I S S

Álcool I S S I S I S S S

Seringa para vacinas S S S S S S S S S

Seringa para outras injeções S S S S S S S S I

Material para retirada de pontos I I I S I I S S I

Material para pequenas cirurgias I I I I I I I I I

Fio de sutura I S I I S S I I S

Descartex S I S S I S S S S

Bloco de receituário I I I S S I I I I

Cartão da criança S S S S I S S S S

Cartão da gestante S I S S I I S S S

Ficha de cadastramento SIAB S I I I I I I I I

Ficha de cadastramento domiciliar I I S I I I I S I

S – Suficientes; I – Insuficientes; NR – Não respondeu.

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60

3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF

Na análise da composição das Equipes de Saúde da Família (ESF) existentes na

amostra de UBS de Jaboatão dos Guararapes, tomou-se como referência a

disponibilidade de médicos, enfermeiros, auxiliares ou técnicos de enfermagem, agentes

comunitários de saúde e odontólogos.

As Equipes de Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários

de Saúde (PACS) estavam presentes na seis UBS de PSF estudadas (Curcurana, Dois

Carneiros Alto, Grupiara, Jardim Piedade, Jardim Prazeres e Loreto I). No total, foram

encontrados 8 médicos, 8 enfermeiros, 10 auxiliares e / ou técnicos de enfermagem, 46

agentes comunitários de saúde e 8 odontólogos.

3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde

Em relação ao tempo de funcionamento obteve-se informação para as seis UBS

do PSF e as três Tradicionais. As UBS do PSF existiam, em média, há cerca de 46,3

meses e as Tradicionais há 216 meses.

Em média, a população adstrita foi de 22.012 pessoas, sendo de 4,375 nas UBS

do PSF e de 47.168 nas Tradicionais. A UBS Tradicional Barra de Jangada era a que

possuía a maior população coberta pelo serviço (58.000 pessoas), seguida pela UBS

Tradicional Francisco Loureiro (45.500 pessoas).

Da amostra, as seis UBS de PSF e duas Tradicionais (Curado Quatro e Francisco

Loureiro) funcionavam em dois turnos de atendimento. A UBS Barra de Jangada

prestava atendimento em três turnos.

A carga horária contratada e cumprida pelos trabalhadores de saúde foi, em

média, de 35 horas e 33 horas semanais, respectivamente. Entre os trabalhadores do PSF

a carga horária contratada foi maior (41 horas / semana) em comparação com aqueles

das UBS Tradicionais (32 horas / semana), o que gerou, conseqüentemente, uma

também maior carga horária cumprida.

A média diária de atendimentos médicos nas UBS estudadas foi de 23 pessoas.

Para os enfermeiros a média foi de 18 atendimentos, para os outros profissionais de

nível superior de 19, para os auxiliares e técnicos de enfermagem de 47, para os

profissionais de nível médio de 70 e para os ACS de 13. Os atendimentos prestados por

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61

médicos, enfermeiros,outros profissionais de nível superior e auxiliares e técnicos de

enfermagem foram, em média, maiores nas UBS do PSF.

3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados

A gestão referiu o acesso aos serviços do SUS através de diversas portas de

entrada preferencialmente as UBS, tanto do modelo Tradicional quanto do PSF, os

serviços de pronto atendimento e os ambulatórios distritais, ambulatórios de hospitais e

o atendimento de urgência de hospitais privados e públicos.

Não foram disponibilizadas informações sobre o tempo de espera de para

consultas especializadas nem sobre o tempo de espera para a realização de exames de

apoio diagnóstico e de terapia especializada.

A satisfação quanto à disponibilidade de consulta médica para a atenção

especializada foi investigada através da opinião da equipe de saúde, em instrumento

coletivo sobre a UBS. As consultas foram percebidas como suficientes por 11% dos

profissionais para ortopedia e otorrinolaringologia, por 22% para cardiologia,

dermatologia, oftalmologia e psiquiatria, por 33% para fisioterapia, por 44% para

pneumologia e por 56% para ginecologia e pediatria. O acesso foi considerado

insatisfatório paras as consultas em nefrologia e neurologia,

Entre as nove UBS, nenhuma julgou o acesso direto à retaguarda para

atendimento em Pronto Socorro e à para internação hospitalar como satisfatórios.

3.3.2.5 Adstrição da demanda

A adstrição da demanda ou vinculação da UBS com a população da área de

abrangência foi verificada através da existência de área geográfica definida e mapa e

estava presente somente nas UBS do PSF, que já haviam concluído o cadastramento de

todas as famílias.

A participação da equipe em atividades na área de abrangência da UBS nos

últimos 12 meses foi de 38% (n = 82), sendo maior entre os trabalhadores das UBS do

PSF (59%, n = 36) do que entre os das UBS Tradicionais (30%, n = 46).

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62

3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino

As UBS da amostra de Jaboatão de Guararapes não possuíam vinculação com

atividades de ensino.

3.3.2.7 Assistência farmacêutica

Não foram disponibilizadas informações sobre assistência farmacêutica no

município.Apenas obteve-se o relato de que a dispensação de medicamentos era feita

nas UBS.

3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde

Devido à falta de informações não foi possível conhecer a realidade das

experiências inovadoras em atenção básica através da gestão municipal.

O presidente do CMS destacou o “Programa de atendimento odontológico móvel

para pacientes acamados” como a mais importante experiência inovadora em saúde no

período de 2001 a 2004.

3.4 Dimensão do Cuidado Integral

3.4.1 Estratégias de indução da integralidade

O direito universal à saúde da população brasileira define a integralidade como

um dos princípios constitucionais do SUS. Entretanto, a integralidade ainda não

assumiu a esperada relevância estratégica na organização e desenvolvimento das ações

de saúde. Alcançar a integralidade em saúde requer ações planejadas com esta

finalidade tanto no âmbito da UBS e em seu vínculo com a comunidade, quanto na

referência e contra-referência entre os níveis de atenção à saúde. Além disso,

compreende a articulação das práticas não apenas no âmbito setorial, mas também no

âmbito intersetorial (PINHEIRO, 2005). Neste estudo, a integralidade foi captada

através de alguns “proxis”, como, por exemplo, as práticas realizadas nas UBS, com

ênfase em ações programáticas a grupos prioritários, o acesso direto a exames

complementares, a disponibilidade de medicamentos, a utilização de protocolos, a

utilização de computadores pelos profissionais de saúde, a percepção dos profissionais

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63

sobre a qualidade dos serviços prestados e o acesso a publicações do Ministério da

Saúde.

3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral

A investigação das ações para o cuidado integral envolveu o questionamento

sobre as seguintes atividades: atendimento a demanda sentida; atendimento

odontológico a grupos prioritários; pré-natal; cuidado e visita domiciliar; procedimentos

de enfermagem; diagnóstico e tratamento da hanseníase e da tuberculose; diagnóstico e

tratamento da hipertensão e do diabetes; glicemia capilar; atendimento a desnutrição e

suplementação alimentar; notificação compulsória de doenças; manejo de agravos mais

prevalentes na infância, planejamento familiar; pequenas cirurgias; prevenção do câncer

de colo uterino; promoção do aleitamento materno e do crescimento e desenvolvimento

infantil.

Todas as UBS realizavam atendimento pré-natal, diagnóstico e tratamento de

hipertensão, diagnóstico e tratamento do diabetes, prevenção do câncer do colo uterino,

e procedimentos de enfermagem. Por outro lado nenhuma UBS realizava pequenas

cirurgias (Tabela 3.14).

A realização de grupos com usuários acontecia em oito UBS. As UBS Curcurana

e Loreto I realizavam todos os tipos de grupo avaliados, enquanto as UBS Curado

Quatro e Francisco Loureiro foram as que menos desempenhavam este tipo de

atividade. Grupo de portadores de sofrimento psíquico foi o menos citado (Tabela 3.14).

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Tabela 3.14 – Atividades para o Cuidado Integral nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Atividades para o Cuidado Integral Barra de Jangada

Curado Quatro Curcurana Dois Carneiros

Alto Francisco Loureiro Grupiara Jardim

Piedade Jardim

Prazeres Loreto I

Atendimento a demanda sentida R R R NI R R R NR R

Atendimento odontológico a grupos prioritários R NR R R NR R R R R

Atendimento de pré-natal R R R R R R R R R

Cuidado domiciliar NR NR R R NR R R R R

Diagnóstico / Tratamento de hanseníase NR NR R R NR R R R R

Diagnóstico / Tratamento de hipertensão R R R R R R R R R

Diagnóstico / Tratamento de tuberculose NR NR R R NR R R R R

Diagnóstico / Tratamento de diabetes R R R R R R R R R

Glicemia Capilar R NR R R NR R R R R

Atendimento a desnutrição / suplementação alimentar NR R R R NR NR NR R R

Atendimento aos agravos mais prevalentes na infância NR NR R R R R R R R

Notificação compulsória de doenças NR NR R R R R R R R

Pequenas cirurgias NR NR NR NR NR NR NR NR NR

Planejamento familiar NR NR R R NR R R R R

Prevenção do câncer de colo uterino R R R R R R R R R

Procedimentos de enfermagem R R R R R R R R R

Promoção ao aleitamento materno NR NR R R R NI R R R

Promoção do crescimento / desenvolvimento infantil NR NR R NI NR NI R R R

Visita Domiciliar NR NR R R NR R R R R R = Realiza; NR = Não Realiza, NI = Não Informou.

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Tabela 3.15 – Atividades de Grupo nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Atividades de grupo Barra de Jangada

Curado Quatro Curcurana

Dois Carneiros

Alto

Francisco Loureiro Grupiara Jardim

Piedade Jardim

Prazeres Loreto I

Atividades com grupos de usuários R R R R NR R R R R

Grupo de hipertensos R R R R NSA R R R R

Grupo de diabéticos NI NI R R NSA R R R R

Grupo de pré-natal NR R R R NSA NI R R R

Grupo de idosos NR R R R NSA R NR R R

Grupo de adolescentes NR R NR NR NSA NR NR NR R

Grupo de portadores de sofrimento psíquico NR NR NR NI NSA NI NR NR NR

Grupo de puericultura NR R R R NSA NI R R R

R = Realiza; NR = Não Realiza; NI = Não Informou; NSA = Não Se Aplica.

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66

3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares

O acesso direto a exames complementares utilizados rotineiramente na atividade

clínica peculiar à Atenção Básica foi investigado quanto à suficiência do exame de

ácido úrico, creatinina, de HIV, de glicemia, hemograma, tipagem sanguínea, VDRL,

Baar no escarro, exame comum de urina, urocultura, citopatológico, colposcopia,

eletrocardiograma, ultra-sonografia obstétrica e radiografia simples.

O acesso foi referido como suficiente por 11% dos profissionais para os exames

de RX simples, USG obstétrica, ECG e urocultura, por 22% para ácido úrico, ECU,

colposcopia, creatinina / uréia, hemograma, tipagem sanguínea e pesquisa de BAAR,

por 33% para glicemia, por 44% para ECU e citopatologia de colo uterino, e por 56%

para VDRL.

3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos

A maioria dos medicamentos investigados foi considerada suficientes pelas

equipes das nove UBS estudadas.

Os medicamentos mais citados como suficientes em todas as unidades estudadas

foram: digoxina, dexametasona pomada, ácido acetil salisílico, amoxicilina, captopril,

anticoncepcional oral, furosemida, hidroclorotiazida, metronidazol, sulfametoxasol +

trimetoprima, neomicina + bacitracina. Havia carência de fenobarbital e nistatina creme

vaginal em todas as UBS da amostra (Tabela 3.16).

A dispensação das medicações desta lista básica era feita nas próprias UBS.

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Tabela 3.16– Disponibilidade de Medicamentos das Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Medicamentos Barra de Jangada

Curado Quatro Curcurana

Dois Carneiros

Alto

Francisco Loureiro Grupiara Jardim

Piedade Jardim

Prazeres Loreto I

Fenobarbital I I I I I I I I I

Digoxina S S S S S I S S S

Diclofenaco de Potássio S S S S S I S S S

Carbamazepina I I I I S I I I I

Aminofilina S S S I S S S S S

Cimetidina I S S S S S S S S

Metronidazol geléia S S S S S I S S S

Penicilina Benzatina 600.000 UI I I S I S I S I S

Penicilina Benzatina 1.200.000 UI I I S I S S S S S

Dexametasona pomada S S S S S S S S S

Metformim I S S S I S S I S

Ácido Acetil Salicílico S S S S S S S S S

Amoxicilina S S S S S S S S S

Ampicilina I I S I S S S S S

S = Suficiente; I = Insuficiente.

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Medicamentos Barra de Jangada

Curado Quatro Curcurana

Dois Carneiros

Alto

Francisco Loureiro Grupiara Jardim

Piedade Jardim

Prazeres Loreto I

Captopril S S S S S S S S S

Anticoncepcional Oral (ACO) S S S S S S S S S

Furosemida S S S S S S S S S

Glibenclamida S S S I S S S S S

Hidroclorotiazida S S S S S S S S S

Metronidazol S S S S S S S S S

Sulfametoxazol + Trimetropina S S S S S I S S S

Sulfametoxazol + Trimetropina suspensão S S S S S S S S S

Nistatina creme vaginal I I I I I I I I I

Neomicina + Bacitracina S S S S S S S S S

S = Suficiente; I = Insuficiente.

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69

3.4.1.4 Utilização de protocolos

A Tabela 3.17 descreve as prevalências de utilização de protocolos pela UBS

investigadas através do instrumento coletivo da estrutura de acordo com a ação

programática, que variaram de 11% para o menos utilizado (manejo da desnutrição e

suplementação alimentar) a 100% para o mais utilizado (imunizações). Comparadas às

médias do Lote, apenas as proporções de utilização dos protocolos de cuidado

domiciliar, diagnóstico e tratamento do diabetes, diagnóstico e tratamento da pressão

arterial, imunizações e promoção do aleitamento materno foram superiores em Jaboatão.

De acordo com o modelo de atenção, os trabalhadores das UBS do PSF relataram maior

utilização da maioria dos protocolos investigados.

A Tabela 3.18 apresenta a utilização de protocolos de acordo com as UBS. As

UBS Curcurana, Dois Carneiros Alto e Loreto I foram os serviço com maior utilização

de protocolos, observando-se na UBS Francisco Loureiro a menor utilização.

Tabela 3.17 - Utilização de protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005. Jaboatão dos Guararapes (%)

Ação programática PSF Tradicional Total

Lote 2 NE (%)

Cuidados de enfermagem 67 33 56 57 Cuidado domiciliar 67 0 44 39 Diagnóstico e tratamento do diabetes 100 67 89 78 Diagnóstico e tratamento da hanseníase 100 0 67 68 Diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial

100 67 89 79

Diagnóstico e tratamento da tuberculose 100 0 67 76 Imunizações 100 100 100 93 Manejo da desnutrição e suplementação alimentar

0 33 11 36

Manejo dos agravos mais prevalentes na infância

50 0 33 53

Planejamento familiar 67 0 44 73 Pré-natal 83 67 78 86 Prevenção do câncer de colo uterino 67 0 44 80 Promoção crescimento e desenvolvimento infantil

67 33 56 69

Promoção do aleitamento materno 67 100 78 58

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Tabela 3.18 – Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em Jaboatão dos Guararapes. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Protocolos Barra de Jangada

Curado Quatro Curcurana

Dois Carneiros

Alto

Francisco Loureiro Grupiara Jardim

Piedade Jardim

Prazeres Loreto I

Cuidados de enfermagem NU U U U NU NU NU NU U

Cuidado domiciliar NU NU U U NU U NU NU U

Diagnóstico e tratamento do diabetes U U U U NU U U U U

Diagnóstico e tratamento da hanseníase NU NU U U NU U U U U

Diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial U U U U NU U U U U

Diagnóstico e tratamento da tuberculose NU NU U U NU U U U U

Imunizações U U U U U U U U U

Manejo da desnutrição e suplementação alimentar NU U NU NU NU NU NU NU NU

Manejo dos agravos mais prevalentes na infância NU NU U U NU NU NU U NU

Planejamento familiar NU NU U U NU U NU NU U

Pré-natal NU U U U U U U NU U

Prevenção do câncer de colo uterino U U U U U U NU NU U

Promoção crescimento e desenvolvimento infantil NU NU U U NU U NU NU U

Promoção do aleitamento materno NU NU U U U NU NU U NU

U = Utiliza; NU = Não Utiliza; NR = Não Respondeu.

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71

Os resultados obtidos através do questionário dos profissionais indicaram que

somente 50% (n = 113) dos trabalhadores referiram utilizar algum tipo de protocolo

para a realização de suas atividades, com distribuição semelhante entre os modelos de

atenção.

3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais

A utilização de computador em atividades profissionais na UBS e / ou em casa

foi referida por 13% (n = 30) dos profissionais entrevistados, sendo de 21% (n = 14) nas

UBS PSF e de 10% (n = 16) nas Tradicionais.

3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados

A opinião dos profissionais sobre a qualidade dos serviços prestados na UBS foi

considerada boa ou muito boa para aproximadamente 41% (n = 90) dos entrevistados

em Jaboatão dos Guararapes, sendo de 81% (n = 51) no modelo PSF e de 25% (n = 39)

no modelo Tradicional.

3.4.1.7 Acesso a publicações

O acesso dos profissionais de Jaboatão de Guararapes às publicações do

Ministério da Saúde foi pequeno e variou de 3% para a Revista Brasileira Saúde da

Família a 36% para o Manual do Agente Comunitário de Saúde. Em geral, de acordo

com o modelo de atenção, o acesso foi maior entre os profissionais das UBS do PSF.

Comparado às médias do Lote 2 Nordeste, este acesso foi menor no município para

todas as publicações (Tabela 3.19).

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Tabela 3.19 - Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de

atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Acesso às publicações do Ministério da Saúde PSF Tradicional Total

Lote 2 NE (%)

Revista Brasileira Saúde da Família 7 2 3 6

Informes de Atenção Básica 9 11 10 31

Manual do SIAB 12 11 11 23

Manual do Agente Comunitário de Saúde 45 32 36 38

Avaliação Normativa do PSF no Brasil 8 4 6 8

3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde

3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS

O objeto destes comentários foi o Processo de Trabalho em Atenção Básica à

Saúde, descrito através de um formulário semi-estruturado, preenchido pelas equipes

das nove Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Jaboatão dos Guararapes.

As doze variáveis abordadas como etapas componentes do Processo de Trabalho

em Atenção Básica à Saúde foram: planejamento, gestão e coordenação, recepção,

acolhimento, cuidado clínico, cuidado de enfermagem, cuidado odontológico, ações

programáticas, ações educativas, cuidados domiciliares, gestão da informação,

supervisão e suporte técnico e participação no Conselho Local de Saúde.

Os atributos propostos para caracterizar cada uma das variáveis foram: descrição

da atividade – o que é feito e como é feito?; quem faz?; que recursos são utilizados?;

dificuldades; sugestões e experiências inovadoras.

3.4.2.2 A categoria processo de trabalho

A universalização do direito à saúde, a descentralização da gestão e a atenção

básica à saúde distinguem positivamente o SUS, em comparação a outros sistemas de

saúde, incluindo aqueles já experimentados no Brasil (BRASIL, 1990).

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73

Apesar disso, possivelmente em função de seu curto tempo de implantação e da

escassez de recursos materiais e humanos, o SUS ainda não dispõe de um processo de

trabalho em atenção básica à saúde plenamente formulado e operacionalmente efetivo.

Neste sentido, a descrição do processo de trabalho nas UBS estudadas pode representar

importante contribuição para a melhoria da ABS em Jaboatão dos Guararapes.

O processo de trabalho, enquanto categoria abstrata, permite compreender a

organização e a divisão das tarefas necessárias à transformação de um dado objeto de

trabalho em um produto desenvolvido, valorizado socialmente, tanto em seu valor de

uso, quanto em seu valor de troca (FACCHINI, 1986). Cada espaço concreto de

trabalho, cada unidade produtiva, conforma um processo de trabalho particular,

incomparável em suas nuances e características mais singulares. Mas cada processo de

trabalho também guarda as características essenciais do modo de produção em que está

inserido e, de modo mais objetivo, de seu ramo de produção e da natureza da atividade

produtiva predominante (FACCHINI, 1986).

O uso da categoria processo de trabalho neste estudo, permitiu a análise

individualizada de cada UBS e a busca de regularidades, de semelhanças e de contrastes

entre as UBS de Jaboatão dos Guararapes. Nestas análises, além de perceber a dinâmica

da organização e divisão do trabalho em cada atividade, buscou-se identificar o objeto

de trabalho, os recursos disponíveis e os responsáveis por sua realização. Problemas e

sugestões para a melhoria das atividades também foram captados. Fruto do processo de

construção do SUS, o trabalho nas UBS Tradicionais é um simulacro daquele realizado

em hospitais e unidades ambulatoriais especializadas, sendo fortemente centrado no

médico e nas clínicas básicas, atendendo a demanda espontânea de usuários. No PSF, o

processo de trabalho pretende se distanciar do viés hospitalar e da especialização,

fortalecendo a participação da equipe de saúde e do médico “geral” no atendimento

integral das necessidades de saúde da população.

O processo de trabalho em ABS está essencialmente vinculado ao trabalho vivo,

à atividade, à qualidade técnico-científica do trabalhador, à sua motivação e

compromisso com o resultado de seu trabalho. Nas UBS, a tecnologia disponível tem

muita dificuldade em dinamizar o processo de trabalho, orientando a ação do

trabalhador. A escassez crônica de equipamentos, instrumentos e os mais variados

insumos, mesmo os mais básicos para o funcionamento de uma UBS, dificultam a

efetivação do processo de trabalho em ABS com um significado mais amplo que

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74

extrapole a prática individual do trabalhador em relação a um usuário do serviço e

alcance o resultado do trabalho da equipe em relação à comunidade em que está

inserido.

3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde

As atividades de Planejamento, de Gestão e de Coordenação eram realizadas

através de reuniões semanais ou mensais, com a participação de toda equipe. Na reunião

mensal das UBS Curado IV e Francisco Loureiro havia a participação da coordenação

do distrito. Independente do modelo de atenção, Não houve referência a um

planejamento para longo prazo, com o estabelecimento de metas a serem alcançadas

pelas UBS. As equipes das UBS Jardim Piedade I e Barra da Jangada informaram não

realizar estas atividades. As dificuldades relatadas foram a do excesso de atividades

burocráticas e na conciliação do horário entre profissionais de nível superior e os de

nível técnico (UBS Curado IV e Francisco Loureiro).

A descrição das atividades de Suporte Técnico e Supervisão contemplou

principalmente as ações relacionadas ao PNI, apenas as UBS Dois Cordeiros Alto,

Jardim Prazeres e Curcurana relataram a fiscalização por parte da coordenação, era

realizado pela chefia e coordenação das unidades, não havendo uma periodicidade

definida. As dificuldades apontadas foram a falta de transporte para levar a supervisão

até as UBS, provocando a falta de supervisão do nível central, a falta de tempo

disponível para a atividade e ausência dos profissionais nos dias de reunião. Nas UBS

Jardim Piedade I e Grupiara as equipes responderam que não realizavam estas

atividades.

A Gestão da Informação tinha suas atividades focadas na produção de

relatórios das atividades diárias (incluindo atendimentos, visita domiciliar, pré-natal,

vacinação, entre outros) e incluiu a participação de toda equipe. O relatório do SIAB, os

formulários do HIPERDIA, do SIS-prénatal, SISNAN, SISVAN foram citados pelas

UBS Dois Cordeiros Alto, Jardim Piedade I e Jardim Prazeres. As UBS Tradicionais

realizam apenas o registro das atividades ambulatoriais. O número excessivo de

formulários e a falta destes foram apontados como dificuldade, além disso, duas UBS

Tradicionais referiram a baixa escolaridade dos funcionários administrativos. Foram

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75

sugeridos a informatização do sistema, a capacitação dos profissionais e diminuição da

burocracia.

Em Jaboatão dos Guararapes, a Recepção nas UBS PSF, era realizada pelos

auxiliares de enfermagem, e nas Tradicionais por um auxiliar administrativo (a UBS

Barra de Jangada contava com a colaboração de todos os setores). Esta atividade era

realizada durante todo período de funcionamento da UBS. Entre as dificuldades

referidas destacaram-se a falta de um recepcionista, sobrecarregando o auxiliar de

enfermagem e nas UBS Tradicionais a inadequação do espaço físico também é um

problema. Nas UBS PSF foi sugerida a contratação de recepcionistas e nas Tradicionais

foi a ampliação do espaço físico.

O Acolhimento foi caracterizado pelo atendimento de todos os profissionais,

sem estar restrito à um setor, independente do modelo de atenção e realizado em turno

integral. Entre as dificuldades enfrentadas observou-se o número reduzido de

profissionais (UBS Dois Carneiros Alto, Curcurama, Grupiara e Lotero I), tempo

reduzido para realizar o acolhimento (Jardim Piedade I e Jardim Prazeres) e estrutura

física inadequada (UBS Grupiara, Barra de Jangada e Curado IV). A sugestão foi a de

contratar e qualificar os trabalhadores para o acolhimento. As UBS Tradicionais Curado

IV e Francisco Loureiro citaram como experiência inovadora, a formação de grupo de

humanização no distrito.

O Cuidado Clínico era realizado através da oferta de 12 a 20 consultas médicas

/ turno. As dificuldades enfrentadas pelos médicos foram: problemas na referência e

contra-referência, desorganização na recepção, falta de insumos, excesso da demanda e

número reduzido de profissionais. Sugeriram regularidade no envio de medicamentos,

melhoraria no fluxo de referência, aumento no número de unidades PSF e investimento

em melhorias na infra-estrutura das UBS.

O Cuidado de Enfermagem era realizado em tempo integral pelos auxiliares de

enfermagem. Nenhuma UBS relatou as atividades do enfermeiro. O número de

atendimentos variou entre 10 e 20 por turno e incluiu a realização dos procedimentos de

enfermagem (vacinação, verificação de pressão arterial, curativos e nebulizações) e

atividades da recepção (marcação de exames, agendamento, atendimento de telefone,...).

Entre as dificuldades enfrentadas destacou-se o excesso acúmulo de funções (recepção,

farmácia, burocrata...), a escassez de recursos materiais e o espaço físico inadequado.

As UBS PSF sugeriram a contratação de mais profissionais (auxiliares e recepcionistas)

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76

e as UBS Tradicionais, melhorias da estrutura física e no abastecimento de

medicamentos e materiais.

O Cuidado Odontológico estava disponível em todas as UBS estudadas. Os

odontólogos atendiam de 10 a 15 pessoas por turno de trabalho, com o auxílio dos

Auxiliares de Consultório Dentário (ACD) para a lavagem e esterilização do

instrumental; o agendamento de consultas e auxilio durante procedimentos. Apenas a

UBS Francisco Loureiro tinha dois ACD. A UBS Jardim Piedade I foi a única que

referiu realizar atividades vinculadas a palestras, visitas domiciliares e nas escolas. Os

problemas estavam relacionados com a insuficiência de odontólogo e de ACD; na falta

ou má condição de instrumental e material para uso diário e, no fluxo excessivo de

pacientes. As sugestões incluíram a contratação e capacitação de odontólogos e ACD; a

melhoria na manutenção dos equipamentos e a compra de material adequado.

As atividades de Ações Programáticas nas UBS Dois Carneiros Alto, Grupiara

e Barra de Jangada estavam direcionadas principalmente às mulheres, crianças,

hipertensos e diabéticos. A UBS Loreto I realiza estas ações durante visitas domiciliares

e palestras na unidade e na comunidade. As UBS Jardim Piedade I e Francisco Loureiro

relataram não realizar atividades vinculadas a ações programáticas. De modo geral, não

foi especificada se estas ações eram individuais (consultas) ou coletivas (grupos). Todos

os membros da equipe participavam e o tempo utilizado foi bem diversificado,

independente do modelo. O excesso de burocracia e a falta de pessoal e material

dificultavam o trabalho e sugeriram a contratação de novos profissionais,

disponibilidade de material didático. A equipe da UBS Curado IV sugeriu a contratação

de um psicólogo para participar do grupo. Como experiência foi citada a realização de

confraternização no grupo de hipertensos e diabéticos (UBS Barra de Jangada e Curado

IV).

As Ações Educativas articulavam as práticas de saúde dirigidas a grupos de

usuários estratificados por idade, gênero ou tipo de problema crônico, sendo sempre

realizada através de palestras por todas as unidades. Estas palestras eram realizadas nos

grupos de intervenção, durante as consultas e em escolas. Foi observada a participação

de toda equipe, apenas a equipe da UBS Francisco Loureiro contava com a participação

do odontólogo e do ACD. A periodicidade dos grupos variou de um a dois turnos por

semana nas UBS PSF; nas Tradicionais era destinado 2 horas semanais. As dificuldades

incluíram a falta de local e de material educativo. Entre as experiências inovadoras as

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77

equipes relataram a realização de atividades de prevenção e promoção da saúde (UBS

Curado IV e Francisco Loureiro), a confecção de seu próprio material (UBS Jardim

Prazeres) e a promoção de palestras na comunidade (UBS Dois Cordeiros Alto).

O Cuidado Domiciliar era realizado apenas pelas UBS PSF e apareceu com

forte caráter curativo. O principal motivo para o cuidado domiciliar era a dificuldade de

locomoção do usuário e / ou o fato de estar acamado. Eram disponibilizadas consultas

médicas, controle de pressão arterial e glicemia, realização de curativos, vacinas e

aplicação de medicamentos. Eram realizadas por todos membros da equipe e o tempo

dedicado à atividade foi de dois turnos semanais. A principal dificuldade era o acesso

aos domicílios (locais sem saneamento, de difícil locomoção, alagamentos...)

juntamente com a falta de material de uso pessoal (botas e capas de chuva) para realizar

as visitas.

Não havia Conselho Local de Saúde implantado em nenhuma das UBS

estudadas.

3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho

O estudo adotou uma escala de adequação organizada de 0 a 10, a partir da qual

os trabalhadores das UBS da amostra (n = 243) emitiram sua opinião em relação a

algumas variáveis componentes das condições de trabalho e do trabalho em equipe.

A observação das médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores

de Jaboatão dos Guararapes sobre cada uma das variáveis estudadas revelou que o

maior índice de satisfação foi para o trabalho em equipe e o menor para o atendimento

individual a domicílio, sendo este resultado inferior ao do Lote. Quanto ao modelo de

atenção, a satisfação dos trabalhadores das UBS do PSF foi sistematicamente maior

(Tabela 3.20).

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78

Tabela 3.20 - Médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores de saúde em uma escala de 0 a 10 em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no

Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes Satisfação dos profissionais

PSF Tradicional Total Lote 2 NE

Trabalho em equipe 7,6 6,6 6,9 7,0

Reuniões de equipe 7,2 5,6 6,2 7,0

Preenchimento de formulários e relatórios 6,6 6,4 6,4 7,0

Demanda para atendimento individual a domicílio 7,4 4,8 3,5 7,0

Demanda para atendimento individual na unidade 6,9 4,8 5,4 6,0

Reuniões com a coordenação local da unidade 6,6 5,4 5,8 6,0

Reuniões com a comunidade 5,5 4,1 4,6 5,0

Estrutura física da unidade 6,6 4,7 5,3 5,0

3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde

3.5.1 Desempenho do Município de Jaboatão dos Guararapes

3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde

As informações apresentadas abaixo se referem ao município de Jaboatão dos

Guararapes, a totalidade dos municípios de Pernambuco e ao Brasil.

A Tabela 3.21 aponta que uma situação de modo geral desfavorável à Jaboatão

dos Guararapes quando comparado ao estado e país. O município obteve o menor índice

de consultas médicas básicas por habitante ao ano e a maior proporção de baixo peso ao

nascer. A proporção de recém-nascidos com quatro ou mais consultas pré-natal e de

partos por cesarianas foi maior às observadas no estado e semelhantes às do país. Já o

índice de mortalidade infantil foi menor à de PE, mas maior ao da União. Não estavam

disponíveis informações sobre mortalidade infantil por causas evitáveis.

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Tabela 3.21 - Indicadores de desempenho do sistema de saúde para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote

2 NE, 2005.

Indicador Jaboatão dos Guararapes PE Brasil

Consultas médicas básicas / hab / ano 1,2 1,4 1,4

% RN com 4 ou mais consultas Pré-Natal 83,1 81,3 83,1

% de Baixo peso ao nascer 9,0 7,6 8,1

Mortalidade Infantil / 1.000 NV 21,4 25,9 19,3

MI Causas evitáveis --* --* --*

% Partos por cesariana 39,1 31,2 38,8

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002 (* Informação não disponível)

a. Crianças

Comparado com o país, Jaboatão dos Guararapes apresentou menor proporção

de óbitos em menores de um ano por causas mal definidas, mas maior taxa de

internação por IRA em menores de cinco anos. Já a taxa de mortalidade infantil

neonatal foi menor à observada em PE, mas superior à do Brasil (Tabela 3.22).

Tabela 3.22 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicador Jaboatão dos Guararapes PE Brasil

Número absoluto de óbitos de < de 1 ano 214 4.035 58.916

% de óbitos em < de 1 ano por causas mal definidas 1,9 16,5 8,8

Taxa de internação por IRA em < de 5 anos 32,8 24,2 26,4

Cobertura vacinal por tetravalente em < de 1 ano 100 22,7 21,5

Número absoluto de óbitos neonatais 135 2.332 38.679

Taxa de mortalidade infantil neonatal 13,5 14,9 12,6

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002 (* Informação não disponível)

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b. Mulheres

De modo geral todos os indicadores do Pacto da Atenção Básica da saúde da

mulher foram favoráveis ao município quando comparado ao estado e país. Jaboatão

dos Guararapes apresentou a menor taxa de mortalidade materna, as menores taxas de

mortalidade por câncer uterino e de mama, além da maior proporção de nascidos vivos

com sete ou mais consultas de pré-natal. Já a razão de exames citopatológicos foi a

mesma em todos os grupos (Tabela 3.23).

Tabela 3.23 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicador Jaboatão dos Guararapes PE Brasil

Taxa de mortalidade materna 20,0 44,2 52,7

Razão entre exames CP em mulheres de 25 a 59 anos e a população na faixa etária 0,2 0,2 0,2

Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de colo de útero 3,5 4,7 4,6

Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de mama 3,4 8,7 10,2

% de nascidos vivos com 7 ou mais consultas de pré-natal 50,5 40,0 47,8

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.

c. Adultos e idosos: doenças crônicas

Os indicadores relativos às doenças crônicas foram de modo geral desfavoráveis

à Jaboatão dos Guararapes, quando comparados aos da PE e do Brasil. Entre estes, a

maior taxa de internação por acidente vascular cerebral (AVC) e por diabetes mellitus,

além da maior taxa de mortalidade por tuberculose. Taxa de mortalidade por doenças

cerebrovasculares foi inferior à de PE, mas superior à do Brasil; enquanto a taxa de

internação por insuficiência cardíaca congestiva (ICC) foi maior à observada no estado,

mas semelhante à do país (Tabela 3.24).

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Tabela 3.24 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicador Jaboatão dos Guararapes

PE Brasil

Taxa de internação por acidente vascular cerebral (AVC) 35,7 27,6 32,7

Taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares 139,6 151,0 137,9

Taxa de internação por insuficiência cardíaca congestiva (ICC) 51,9 42,1 66,3

% de internação por cetoacidose e coma diabético 15,0 4,7 15,1

% de internação por diabetes mellitus 1,7 1,5 1,3

Taxa de mortalidade por tuberculose 8,0 5,0 3,0

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.

d. Saúde bucal

Entre os indicadores relativos à saúde bucal, encontrou-se em Jaboatão dos

Guararapes a maior cobertura de primeira consulta odontológica em relação à PE e ao

Brasil. Entretanto, a razão entre procedimentos odontológicos coletivos e a população

de 0 a 14 anos foi inferior às demais; e a proporção de exodontias em relação às ações

básicas individuais foi menor à observada no estado e maior à do país (Tabela 3.25).

Tabela 3.25 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde bucal para Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco e Brasil. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Indicador Jaboatão dos Guararapes PE Brasil

Cobertura de primeira consulta odontológica 15,4 12,4 13,1

Razão entre procedimentos odontológicos coletivos e a população de 0 a 14 anos 0,02 0,07 0,20

% de exodontias em relação às ações básicas individuais 9,8 15,2 8,8

Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.

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82

3.5.2 Desempenho dos Modelos de Atenção Básica à Saúde

3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS

a. Idade, sexo e escolaridade da demanda

A demanda estudada era composta predominantemente por mulheres (70%; n =

708), sem diferenças entre os modelos. A predominância do gênero feminino na

utilização dos serviços se manifestou especialmente entre os 15 e os 49 anos de idade,

predomínio muito vinculado à vida reprodutiva.

Da amostra, 71% (n = 724) das pessoas eram de cor não-branca, observando-se

proporção semelhante entre os usuários das UBS PSF (71%; n = 496) e os de UBS

Tradicionais (71%; n = 228).

Do total, 22% (n = 227) da amostra ficou representada pelo grupo de menores de

cinco anos de idade. Desse grupo etário, cerca da metade (45%; n = 103) da carga de

trabalho diário esteve dirigida aos cuidados específicos do primeiro ano de vida – o qual

representou 10% da amostra total.

As crianças de cinco a 14 anos constituíram 12% (n = 119) da amostra. As

mulheres de 15 a 49 anos de idade eram 38% (n = 390) e os homens nesta faixa etária

representaram apenas 7% (n = 69). A demanda de 50 anos e mais correspondeu a 21%

(n = 212), sendo 11% (n = 114) de 50 a 64 anos e 10% (n = 102) de 65 anos e mais.

Assim, a carga de trabalho com enfoque nos cuidados das necessidades crônicas e

degenerativas mais prevalentes na população adulta e idosa foi semelhante àquela

relacionada às crianças menores de cinco anos de idade.

A demanda por grupo etário foi variou entre os modelos de atenção, sendo

significativamente maior na faixa de 15 à 49 anos nas UBS PSF (48%, n = 339) que nas

Tradicionais (38%, n = 123); enquanto que de 0 à 14 anos a proporção foi maior entre

as UBS Tradicionais (45%, n = 128) que nas do PSF (31%, n = 218).

Em relação à escolaridade, 14% (n = 130) dos usuários eram analfabetos, 12% (n

= 104) eram apenas alfabetizados, 34% (n = 305) possuía o ensino fundamental

incompleto, 8% (n = 70) o fundamental completo, 4% (n = 37) o médio incompleto, 7%

(n = 59) o médio completo e 2% (n = 16) o superior. Cerca de um quinto da amostra

(19%, n =173) encontrava-se fora da idade escolar. Quando comparados os níveis de

escolaridade entre os modelos de atenção, observou-se proporção significativamente

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maior de usuários com baixa escolaridade nas UBS de PSF (analfabetos = 16%,

alfabetizados = 14%; ensino fundamental incompleto = 36%); enquanto os níveis de

maior escolaridade foram mais freqüentes entre os usuários das UBS Tradicionais

(fundamental completo = 9%; médio incompleto = 6%; superior = 3%).

b. Participação dos profissionais no atendimento à demanda

Em relação aos profissionais de nível superior, os enfermeiros realizaram 8% (n

= 77) dos atendimentos, os médicos 23% (n = 234), os odontólogos 9% (n = 92) e os

demais profissionais de nível superior 1% (n = 9). Já os profissionais de nível médio

realizaram 25% (n = 258) dos atendimentos e os ACS 35% (n = 354) – (Tabela 3.26).

Observou-se proporções significativamente maiores de atendimentos realizados

por enfermeiros (9%, n =61), odontólogos (10%, n = 67) e ACS (51%, n = 354) entre as

UBS do PSF; enquanto os atendimentos prestados por médicos (50%, n = 161), outros

profissionais de nível superior (3%, n = 9) e de nível médio (35%, n = 112) foram mais

freqüentes nas UBS Tradicionais (Tabela 3.26).

Em relação ao Lote, as proporções de Jaboatão dos Guararapes foram de modo

geral muito semelhantes (Tabela 3.26).

Tabela 3.26 - Participação dos profissionais no atendimento à demanda em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Profissional

PSF Tradicional Total

Lote 2 NE (%)

Enfermeiros 9 5 8 11

Médicos 10 50 23 20

Odontólogos 10 8 9 8

Outros profissionais de nível superior 0 3 1 2

Outros profissionais de nível médio 21 35 25 29

ACS 51 0 35 30

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c. Procedimentos realizados no atendimento à demanda

As ações dos profissionais de enfermagem representaram 18% (n = 183) da

demanda de procedimentos, as ações médicas básicas 22% (n = 225), atendimentos por

outros profissionais de nível superior 4% (n = 42), as ações básicas em odontologia 9%

(n = 90), imunizações 10% (n = 104), visitas domiciliares 35% (n = 354) e coleta de

material 2% (n = 16).

Entre as UBS Tradicionais, observou-se proporção superior da realização de

imunizações (22%; n = 67), atendimento básico de enfermagem (19%, n =60) e

consultas médicas (48%, n = 149). Entre as UBS do PSF, as proporções foram maiores

para visitas domiciliares (51%, n = 354), atendimento de outros profisisonais de nível

superior (5%, n = 33) e coleta de material (2%, n = 16). As proporções de

procedimentos odontológicos foram semelhantes.

3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS

3.5.2.2.1 Crianças

Condições do parto e peso ao nascer

O nascimento da maioria das crianças (99%; n = 160) ocorreu em ambiente

hospitalar, sendo que 35% (n = 57) nasceu através de cesariana (Tabela 3.27).

O peso médio dos recém-nascidos de Jaboatão dos Guararapes foi de 3.179

gramas, e a proporção de baixo peso ao nascer foi de 11% (n = 18) - (Tabela 3.27).

Na análise comparativa entre os modelos de atenção, não foram observadas

diferenças significativas.

Tabela 3.27 - Condições de nascimento das crianças de Jaboatão dos Guararapes, por

modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes Indicadores

PSF Tradicional Total

% Parto hospitalar 99 98 98

% Parto por cesariana 39 28 35

Peso médio ao nascer em gramas 3.191 3.154 3.179kg

% Baixo peso ao nascer 12 10 11

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Puericultura

Em Jaboatão dos Guararapes 94% (n = 152) das crianças possuíam cartão para

acompanhamento do peso, sendo semelhante entre os modelos (Tabela 3.28).

Mais da metade das crianças (59%; n = 92) foi pesada e medida na UBS de sua

área de abrangência. Na maioria (55%, n = 53) dos casos as mães informaram a

necessidade de marcar consulta para realizar a puericultura na UBS, fato

significativamente mais relatado para as UBS Tradicionais (72%, n = 21) que para as de

PSF (48%, n = 32).

Puericultura em um dia específico da semana foi uma realidade informada por

60% (n = 57) das mães, enquanto a espera na fila para realizar puericultura foi

confirmada por 70% (n = 67). Apenas 19% (n = 30) das crianças haviam sido pesadas e

medidas 12 vezes ou mais, ocorrendo em proporções semelhantes entre os modelos de

atenção (Tabela 3.28).

Este acompanhamento foi realizado em outro local que não a UBS da área de

abrangência por 38% (n = 58) das crianças. Na maioria destes casos o motivo informado

para não realizar a puericultura na UBS da abrangência foi juízo insatisfatório da UBS

(38%; n = 24); seguido de não morar no bairro ou cidade (24%; n = 15); possuir

cobertura por plano de saúde ou convênio (13%; n = 8); não achar necessário (11%; n =

7); e problema de acesso geográfico (14%; n = 9). Considerando as justificativas mais

relatadas, não houve diferenças significativas entre os modelos (Tabela 3.28).

A opinião sobre a puericultura foi boa, muito boa ou ótima para 70% (n = 66)

das mães que vivenciaram esta situação e, quando estas mães foram estimuladas a

atribuir uma nota de zero a dez para avaliar a UBS de sua área de abrangência, a média

alcançada foi de 8,0 (dp = 2,6), não tendo havido variação significativa entre os

modelos em ambas avaliações (Tabela 3.28).

No momento das entrevistas 25% (n = 41) das crianças estavam sendo

amamentadas, sendo em proporções semelhantes entre os modelos (Tabela 3.28).

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Tabela 3.28 - Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes Indicador

PSF Tradicional Total

Tem cartão de peso (%) 95 91 94

Pesada e medida na UBS da área de abrangência (%) 61 54 59

Era preciso marcar consulta para puericultura na UBS (%) 48 72 55

Tinha dia específico da semana para puericultura (%) 54 72 59

Tinha que esperar na fila para puericultura (%) 66 79 70

Puericultura 12 vezes ou mais (%) 19 19 19

Puericultura em outro local que não a UBS da área (%) 43 28 38

Não realizou puericultura na UBS de sua área por ter cobertura de plano de saúde (%) 13 13 13

Não realizou puericultura na UBS de sua área por juízo insatisfatório (%) 36 42 38

Não realizou puericultura na UBS de sua área por não morar no bairro ou cidade (%) 28 17 24

Opinião sobre puericultura foi boa, muito boa ou ótima (%) 75 59 70

Nota de zero a dez para avaliar a UBS 8,2 7,6 8,0

Crianças amamentadas (%) 24 28 25

Imunizações

Na avaliação da cobertura vacinal utilizaram-se informações disponíveis no

cartão da criança e, na sua ausência, informações fornecidas pela mãe ou responsáveis.

Conforme descrito no item anterior sobre puericultura, 6% das crianças não possuíam

cartão, ocasionando perda de informações a esse respeito. As perdas também ocorreram

quando a mãe não lembrava as vacinas recebidas pela criança.

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Logo, a análise das imunizações isoladamente mostrou cobertura de 88% (n =

143) para a vacina contra a Poliomielite; de 75% (n = 122) para a vacina contra o

Sarampo; de 92% (n = 149) para a vacina contra a Tuberculose; de 87% (n = 141) para

a vacina contra a Hepatite B; e de 88% (n = 143) para a vacina contra a Difteria, o

Tétano e a Coqueluche (DPT) + Haemophilus influenza tipo b + Tetravalente (Tabela

3.29).

Cobertura inferior à dosagem mínima necessária foi de 1% (n = 2) para a vacina

contra a Poliomielite, de 13% (n = 21) contra o Sarampo, de 2% (n = 3) contra a

Hepatite B e de 6% (n = 9) para DPT + Hib + Tetravalente. Faltaram informações de

vacina contra Poliomielite (11%, n = 17), Sarampo (12%, n = 19), Hepatite B (11%, n =

18), BCG (8%, n = 13) e difteria, tétano e coqueluche (DPT) + Hib + Tetravalente e

(6%, n = 10) houve ocorrência de cobertura inferior a dosagem mínima necessária.

Não foram observadas diferenças significativas entre os modelos de atenção.

Tabela 3.29 - Características do estado vacinal das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes de acordo com o registro do cartão de vacinas, por modelo de

atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Cobertura vacinal

PSF Tradicional Total

Sabin 89 87 88

Sarampo 72 82 75

Tuberculose 91 94 92

Hepatite B 87 87 87

DPT + Hib + Tetravalente 89 87 88

Consulta por Diarréia

A ocorrência de diarréia no último mês nas crianças entrevistadas foi de 38% (n

= 62), sendo mais freqüente entre aquelas residentes em áreas de UBS Tradicionais

(50%, n = 27) que de PSF (32%, n = 35) - (Tabela 3.30).

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88

Quase metade da amostra de crianças com diarréia (47%; n = 29) necessitou

consultar por este motivo, sendo em proporções semelhantes entre as áreas por modelo

de atenção. Entre estas, 21% (n = 6) consultou a maior parte das vezes na UBS da área

de abrangência, das quais 83% (n = 5) recebeu alguma orientação a respeito da

prevenção e abordagem inicial da diarréia, incluindo aconselhamento com relação ao

soro caseiro (100%; n = 5), a reidratação oral (80%; n = 4) e a utilização de água de

arroz (40%; n = 2). Não foram observadas diferenças entre os modelos de atenção na

prestação de orientações sobre diarréia (Tabela 3.30).

A ocorrência de hospitalização por diarréia no último ano foi informada para

14% (n = 8) das crianças, em proporções que não diferiram significativamente (Tabela

3.30).

Tabela 3.30 - Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de

atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Indicador

PSF Tradicional Total

Diarréia no último mês 32 50 38

Consultou por diarréia 46 48 47

Maioria das consultas na UBS da área 25 15 21

Recebeu orientação sobre:

Prevenir desidratação

Soro caseiro

Reidratação oral

Água de arroz

100

100

100

50

50

100

0

0

83

100

80

40

Hospitalização por diarréia no último ano 13 16 14

A maioria das mães que não levou seus filhos para consultar na UBS da área,

informou que não poderia esperar pelo atendimento (31%, n = 7). Entre as demais, as

justificativas foram possuir plano de saúde ou realizar consulta particular (17%, n = 4);

encontrar o posto fechado (13%, n = 3); dificuldade para tirar ficha (13%, n = 3);

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89

preferência por outro posto de saúde (9%, n = 2); mãe levou diretamente ao hospital

(9%, n = 2); afirmação de que o posto não resolveria (4%, n = 1); e informação de que o

posto não atendia casos graves (4%, n = 1). Dez mães não souberam/ não prestaram esta

informação. Neste sentido também não foram observadas diferenças entre os modelos

de atenção.

Consulta por Pneumonia

Nos seis meses anteriores à entrevista, a ocorrência de pneumonia foi referida

para 9% (n = 14) das crianças. A grande maioria destas (93%, n = 13) necessitaram

consultar pela doença nos últimos seis meses, sendo que somente uma buscou

atendimento na UBS de sua área na maioria das vezes (Tabela 3.31).

Questionadas sobre o motivo ou justificativa para não consultar por pneumonia

na UBS da área, cinco (42%) mães informaram ter levado o filho diretamente ao

hospital; três (25%) preferiam outro local de atendimento; duas (17%) informaram que

na UBS da área não era prestado atendimento de emergência; uma (8%) disse que o

posto não resolveria o problema; e uma última (8%) afirmou que o problema havia

ocorrido à noite.

A ocorrência de hospitalização por pneumonia no último ano foi informada para

5 (36%) crianças (Tabela 3.31).

Para nenhuma das variáveis relacionadas à problemas de pneumonia foi

observada diferença significativa entre os modelos de atenção.

Tabela 3.31 - Prevalência de pneumonia nas crianças nos últimos 6 meses e

características das consultas pelo problema em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Indicador

PSF Tradicional Total

Pneumonia nos últimos seis meses 8 9 9

Consultou por pneumonia 89 100 93

Maioria das consultas na UBS da área 13 0 8

Hospitalização por pneumonia no último ano 33 40 36

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90

Consulta por outro motivo

Consulta na UBS da área de abrangência por outro motivo, exceto puericultura,

diarréia e pneumonia, foi referida para 33% (n = 50) das crianças estudadas. Mais da

metade das mães (56%, n = 51) alegaram que as crianças não consultaram por outros

motivos na UBS da área porque não precisaram; 23% (n = 21) faziam juízo

insatisfatório do serviço; 9% (n = 8) tinha dificuldade de acesso geográfico; 2% (n = 2)

não morava no bairro ou cidade; 10% (n = 9) dispunha de convênio/ plano de saúde.

Não foram observadas diferenças significativas quanto aos modelos de atenção (Tabela

3.32).

Tabela 3.32 - Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de

atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Indicador

PSF Tradicional Total

Consultou na UBS da área por outros motivos 35 30 33

Não consultou na UBS da área por não achar necessário

58 53 56

Não consultou na UBS da área por juízo insatisfatório

19 29 23

Não consultou na UBS da área por ter convênio

9 12 10

Saúde bucal

Na amostra de Jaboatão dos Guararapes, a avaliação em saúde bucal apontou

que no grupo de crianças 86% (n = 138) das mães realizavam limpeza dos dentes de

seus filhos, sendo esta ocorrência significativamente mais freqüente entre aquelas

residente em áreas do PSF (91%, n = 98) que em áreas de UBS Tradicionais (76%, n =

40) - (Tabela 3.33).

Em média, as mães afirmaram ter iniciado a higiene bucal de seus filhos aos 11

meses de idade (dp = 5,5), sendo que a limpeza era realizada cerca de 2 vezes ao dia.

Quase a metade (36%, n = 49) das crianças tinha os dentes escovados três vezes ou mais

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91

ao dia, não havendo diferenças significativas entre os modelos de atenção para as

variáveis citadas.

Nenhuma mãe informou realizar limpeza dos dentes da criança com gaze, sendo

o cotonete citado por uma mãe (1%). A quase totalidade (94%, n = 129) das mães

referiu utilizar escovinha para limpeza dos dentes, enquanto a utilização de outros

recursos (tais como fralda, paninho e / ou dedo) foi referida por 9% (n = 12). A maioria

afirmava ainda fazer a higiene bucal de seus filhos utilizando pasta de dentes (92% ; n =

127), não havendo diferença significativa entre os modelos de UBS (Tabela 3.33).

Mais da metade da amostra (64%, n = 103) afirmou já ter recebido informação

sobre a importância de limpar ou escovar os dentes de seus filhos, ocorrência

significativamente mais freqüente entre as residentes de áreas do PSF (71%, n = 77) que

entre as de UBS Tradicionais (49%, n = 26). Do grupo que recebeu informação, a

maioria afirmou tê-la recebido do dentista da UBS (51%, n = 50); seguido de outro

profissional da UBS (26%, n = 23). Ainda foram citadas como fonte de informação a

família (7%, n = 6); amigos (1%, n = 1); dentista privado (7%, n = 6); escola (5%, n =

4); ACS (11%, n = 10); programa de rádio ou televisão (10%, n = 9); e ainda outras

formas (23%, n = 21). Para estas variáveis, observou-se diferença entre os modelos

apenas quanto à orientação obtida através de rádio ou televisão, citada mais

freqüentemente entre as residentes de áreas do PSF (14%, n = 9).

Quase a metade (40%, n = 64) das crianças estudadas ainda fazia uso da chupeta

e, outras 62% (n = 100) tomavam mamadeira à noite. Destas mamadeiras, 86% (n = 86)

eram adoçadas. Cerca de um quinto (22%, n = 35) das crianças já havia batido e / ou

quebrado algum dente (Tabela 3.33). Não se observou diferença entre os modelos para

estes casos.

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92

Tabela 3.33 - Características de saúde bucal das crianças estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,

Lote 2 NE, 2005.

Indicador Jaboatão dos Guararapes (%)

Realiza limpeza dos dentes 86

Idade média de início da limpeza de dentes (meses) 11

Escova os dentes 3 vezes ou mais ao dia 36

Utilização de escova na higiene bucal 94

Utilização de pasta de dentes na higiene bucal 92

Recebeu alguma informação sobre importância de escovar / limpar os dentes do filho 64

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 51

Criança usa chupeta 40

Criança toma mamadeira à noite 62

Criança já bateu / quebrou algum dente 22

3.5.2.2.2 Mulheres

Pré-natal

A maioria (96%, n = 154)das mulheres estudadas realizaram alguma consulta de

pré-natal na última gravidez, sendo o início do pré-natal do último filho em torno da 12ª

semana de gestação. Em 48% (n = 74) dos casos, o pré-natal havia sido feito na UBS da

abrangência (Tabela 3.34).

Entre as mulheres que fizeram o pré-natal fora da área da UBS, a maioria referiu

como motivo juízo insatisfatório da UBS (34%, n = 27). Seguindo, os demais motivos

citados foram possuir convênio (30%, n = 24); não morar no bairro ou cidade à época

(29%, n = 23); ter problema de acesso geográfico (4%, n = 3); e gestação de risco (4%,

n = 3) - (Tabela 3.34).

Durante o pré-natal, a vacina contra o tétano deixou de ser aplicada em apenas

10% (n = 3) das mulheres que efetivamente necessitavam, tendo sido administrada

desnecessariamente em 66% (n = 55) - (Tabela 3.34).

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93

A maioria das entrevistadas que realizou o pré-natal na UBS da área de

abrangência expressou opinião positiva sobre o programa (78% ; n = 58) - (Tabela

3.34).

Nenhuma das variáveis aqui apresentadas demonstrou diferença significativa

entre os modelos de atenção.

Tabela 3.34 - Características do pré-natal das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,

Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes Indicador

PSF Tradicional Total

Fez pré-natal na última gravidez (%) 96 94 96

Início do pré-natal (semana) 12 13 12

Fez pré-natal na UBS da área (%) 50 45 48

Não fez pré-natal na área por não morar no bairro ou cidade (%)

31 25 29

Não fez pré-natal na área por ter convênio (%) 29 32 30

Não fez pré-natal na área por juízo insatisfatório (%)

33 36 34

Deixou de fazer vacina antitetânica (%) 6 14 10

Fez antitetânica desnecessariamente (%) 73 55 66

Teve opinião positiva sobre o pré-natal (%) 82 70 78

Aleitamento materno

A informação sobre a importância de iniciar a amamentação na 1ª hora de vida

da criança alcançou 74% (n = 54) das mulheres entrevistadas. A escuta das

preocupações ou problemas com a amamentação e a orientação sobre dificuldades e

problemas com a amamentação foi referida por 68% (n = 50) das mulheres e 34% (n =

25) mencionou ter recebido apoio ou suporte para amamentar imediatamente após o

parto, através de reuniões ou atividades em grupo (Tabela 3.35).

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94

De modo geral as orientações prestadas sobre aleitamento materno foram

significativamente mais freqüentes entre aquelas mulheres atendidas em UBS do PSF.

Apenas no caso de orientação sobre extração do leite e de hábitos de amamentação as

diferenças observadas não se mostraram significativas.

Tabela 3.35 - Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde da área de abrangência em Jaboatão dos Guararapes, por

modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Orientação sobre o aleitamento materno

PSF Tradicional Total

Importância de amamentar na 1ª hora de vida 82 55 74

Vantagens da amamentação até 6 meses 88 61 80

Hábitos de amamentação 77 57 70

Importância de estimular a criança a sugar 90 61 81

Importância da continuidade da amamentação 72 44 63

Preocupações sobre amamentação ouvidas 78 44 68

Prejuízo da mamadeira 82 48 72

Prejuízo do bico / chupeta 78 48 69

Orientação sobre dificuldades para amamentar

82 48 72

Orientações sobre posições para o aleitamento 74 48 66

Orientações sobre extração do leite 63 44 57

Apoio para amamentar por grupo pré-natal 35 13 28

Apoio para amamentar por grupo após o parto 41 17 34

Planejamento familiar

A utilização de algum método anticoncepcional foi uma realidade para 73% (n =

118) das mulheres da amostra. Destas, 40% (n = 47) fazia uso de anticoncepcional oral,

44% (n = 52) de preservativo, 15% (n = 18) havia se submetido à laqueadura tubária e

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95

1% (n = 1) fazia uso de DIU. Para nenhum destes casos foi observada diferença

significativa (Tabela 3.36).

O anticoncepcional oral/ injetável foi obtido na UBS da área por 36% (n = 19)

das mulheres, comprado por 58% (n = 31) e conseguido em outra UBS que não a da

abrangência por 6% (n = 3). A proporção de entrevistadas que obtiveram o

anticoncepcional na UBS da área foi significativamente maior entre as residentes de

áreas do PSF (43%, n = 16) que entre aquelas de áreas de UBS Tradicionais (19%, n =

3) - (Tabela 3.36).

Tabela 3.36 - Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Métodos anticoncepcionais

PSF Tradicional Total

Utiliza algum método anticonceptivo 74 72 73

Utiliza ACO 42 36 40

Utiliza preservativo 43 46 44

Fez laqueadura tubária 15 15 15

Utiliza DIU 1 0 1

Obtém ACO na UBS da área 43 19 36

Precisa comprar ACO 57 63 58

Atendimento ginecológico

Menos de um quinto (18% ; n = 29) das mulheres estudadas no município

consultou na UBS da área de abrangência no último ano por motivos ginecológicos. Na

opinião de 57% (n = 16) daquelas que utilizaram o serviço, o atendimento ginecológico

na UBS foi bom (46%, n = 13), muito bom (4%, n = 1) ou ótimo (7%, n = 2). Ao se

questionar sobre uma quantificação para esta avaliação em uma escala de 0 a 10, a

resposta atingiu o valor de 6,7 (Tabela 3.37).

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96

Quanto ao tempo de espera para conseguir a consulta ginecológica na UBS da

área, 28% (n = 8) relatou ter sido atendida no mesmo dia, 59% (n = 17) em outro dia da

mesma semana e 14% (n = 4) em oito dias ou mais (Tabela 3.37).

Para nenhuma das informações contidas neste item as diferenças entre os

modelos de atenção foram significativas.

Tabela 3.37 - Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes Consulta ginecológica

PSF Tradicional Total

Consulta ginecológica na UBS da área no último ano (%)

19 17 18

Opinião positiva sobre atendimento (%) 63 44 57

Nota para atendimento 6,4 8,3 6,7

Consegue consulta para mesmo dia (%) 35 11 28

Consegue consulta em outro dia na mesma semana (%)

45 89 59

Prevenção do câncer ginecológico

O conhecimento sobre o exame para prevenção do câncer de colo uterino

alcançou 97% das mulheres (n = 156) estudadas e 85% (n = 132) da amostra já o havia

realizado alguma vez na vida. O exame de mamografia pelo menos uma vez foi referido

por 9% (n = 15) das mulheres entrevistadas, não havendo diferenças significativas entre

os modelos de atenção (Tabela 3.38).

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97

Tabela 3.38 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base,

PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Indicador

PSF Tradicional Total

Conhece exame pré-câncer 97 96 97

Já fez pelo menos um exame pré-câncer 88 79 85

Já fez pelo menos uma mamografia 8 11 9

Utilização da UBS da área por outros motivos

Das mulheres da amostra 11% (n = 18) haviam consultado na UBS por outros

motivos, diferentes daqueles incluídos nas ações programáticas de saúde da mulher

(ginecologia). Entre as mulheres que não consultaram na UBS da área 77% (n = 108)

referiu não necessitar da consulta, não tendo sido observadas diferenças significativas

entre os modelos de atenção (Tabela 3.39).

Tabela 3.39 - Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Indicador

PSF Tradicional Total

Consultou por outros motivos 14 6 11

Não consultou na UBS da área por não necessitar 78 76 77

Saúde bucal

Na amostra de Jaboatão dos Guararapes, a avaliação em saúde bucal apontou

que, no grupo de mulheres, a totalidade (100%, n = 161) afirmou realizar limpeza dos

dentes.

Das mulheres que afirmavam realizar higiene bucal, 59% (n = 95) afirmou

escovar três vezes ou mais ao dia, 34% (n = 55) duas vezes ao dia e 7% (n = 11) uma

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vez ao dia. Todas as mulheres que realizavam limpeza dos dentes, afirmaram utilizar

escova e pasta de dentes, sendo que mais de metade (63% ; n = 101) usava palito e / ou

fio dental para auxiliar a higiene, sem haver diferenças significativas entre os modelos

de atenção (Tabela 3.40).

Das mulheres estudadas, 44% (n = 70) referiu ter recebido orientação em saúde

bucal no último ano, ocorrência significativamente mais citada entre as residentes de

áreas do PSF (56%, n = 59) que de UBS Tradicionais (20%, n = 11). Dois terços destas

(63%, n = 44) informaram ter recebido orientação através do dentista da UBS; 11% (n =

8) de dentista privado; 13% (n = 9) via programa de rádio ou tv; 7% (n = 5) de ACS;

6% (n = 4) de familiar; 3% (n = 2) de amigo; 4% (n = 3) de outro profissional da UBS;

6% (n = 4) da escola; e 9% (n = 6) através de outras formas. Entre as formas de

orientação, observou-se proporção significativamente maior de orientação do dentista da

UBS entre as residentes de áreas do PSF (70%, n = 41) que de UBS Tradicionais (27%,

n = 3). Já a orientação recebida através de rádio ou tv, foi mais freqüente entre as

residentes de áreas de UBS Tradicionais (36%, n = 4) que de UBS do PSF (9%, n = 5).

No último ano, 32% (n = 51) das mulheres fizeram revisão dos dentes; 35% (n =

57) tiveram dor de dentes; 22% (n = 36) fez tratamento para cárie; 12% (n = 19) bateu

ou quebrou algum dente; e 14% (n = 22) teve problemas na gengiva . Problemas

dentários impediram 4% (n = 6) das mulheres de cumprir com atividades sociais e / ou

de lazer. Na comparação entre os modelos de atenção, observou-se diferença

significativa quanto à realização de revisão dos dentes, que apresentou maior proporção

entre as residentes de áreas do PSF (38%, n = 41) que de UBS Tradicionais (19%, n =

10); e quanto à realização de tratamento para cárie, também mais freqüente entre as

moradoras de áreas de PSF (29%, n =31) que de UBS Tradicionais (9%, n = 5).

Nos últimos doze meses, 47% (n = 76) das mulheres foram atendidas por

dentistas, situação citada em maior freqüência por residentes de áreas do PSF (53%, n =

57) que de UBS Tradicionais (35%, n = 19). A UBS foi o local mais procurado (61% ; n

= 46), seguido de serviços privados (32% ; n = 24) e do Pronto-Socorro (7% ; n = 5).

Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma

nota média de 8,8 (dp = 2,0), sendo que 85% (n = 64) informou ter tido seu problema

resolvido e apenas 5% (n = 4) precisou ser encaminhado a atendimento especializado,

tendo conseguido este atendimento apenas uma (25%) entrevistada. A maioria (82% ; n

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99

= 132) já havia realizado extração de dente, dentre as quais 22% (n = 36) extraiu apenas

um dente e 60% (n = 96) extraiu mais de um dente (Tabela 3.40).

O uso de prótese foi referido por 14% (n = 23) da amostra, sendo que apenas

uma (4%) das próteses havia sido feita há menos de um ano; 52% (n = 12) entre um e

cinco anos e 44% (n = 10) há mais de cinco anos. Neste sentido, observou-se proporção

significativamente maior de próteses com mais de cinco anos entre as residentes de

UBS Tradicionais (80%, n = 8) que de PSF (15%, n = 2); enquanto que a proporção de

próteses mais recentes foi maior nas áreas de PSF (85%, n = 11) que Tradicionais (20%,

n = 2).

Com dificuldade para mastigar foram encontradas 17% (n = 28) das mulheres e a

ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 11% (n = 18), sendo

que sete (39%) referiram a continuação da enfermidade (Tabela 3.40).

Durante a última gestação nos dois anos anteriores à entrevista, 39% (n = 63) das

mulheres estudadas recebeu orientação sobre saúde bucal, sendo em maior proporção

entre as residentes de áreas do PSF (48%, n = 51) que entre as de UBS Tradicionais

(22%, n = 12). Dentre estas mães, a maioria havia recebido a orientação do dentista da

UBS (64%, n = 40); 16% (n = 10) de outro profissional da UBS; 6% (n = 4) de dentista

privado; 5% (n = 3) de ACS; 3% (n = 2) de familiar; e outras 19% (n=12) ainda

afirmaram ter recebido através de outras formas. Não foram observadas diferenças entre

os modelos quanto às formas de orientação durante a gestação (Tabela 3.40).

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100

Tabela 3.40 - Características de saúde bucal das mulheres estudadas em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,

Lote 2 NE, 2005.

Indicador Jaboatão dos Guararapes (%)

Realiza limpeza dos dentes 100

Escova 3 vezes ou mais ao dia 59

Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 100

Utilização de palito e/ou fio dental na higiene bucal 63

Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 44

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 63

Fez revisão dos dentes no último ano 32

Teve dor de dente no último ano 35

Bateu / quebrou algum dente no último ano 12

Teve problemas de gengiva no último ano 14

Foi atendido por dentista no último ano

No posto de saúde

Em serviço privado

47

61

32

Já extraiu pelo menos um dente 82

Usa prótese 14

Recebeu orientação sobre saúde bucal durante gestação 39

3.5.2.2.3 Adultos

Atividade física

A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta

alcançou 30% (n = 31) da amostra do município, sendo que esta mesma recomendação

na última consulta foi referida por 24% (n = 26) dos adultos. Não houve diferenças

significativas entre os modelos de atenção neste sentido (Tabela 3.41).

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101

Tabela 3.41 - Atividade física dos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Indicador

PSF Tradicional Total

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos

30 32 30

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos na última consulta

27 20 24

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)

O diagnóstico de HAS foi informado por 26% (n = 39) dos adultos estudados,

com duração média conhecida do problema de 7,8 anos (dp = 7,8), sendo semelhante

entre os modelos de atenção (Tabela 3.42).

A consulta por hipertensão na UBS da área foi informada por 55% (n = 21) dos

adultos da amostra, tendo sido agendada para 75% (n = 15) dos usuários. A maioria

(44%, n = 8) recebeu atendimento na mesma semana da solicitação, enquanto 28% (n =

5) foi atendido no mesmo dia e outros 28% (n = 5) após uma semana. O tempo

decorrido desde a última consulta por HAS foi em média de 46 dias (dp = 41,4), sendo

esta significativamente maior entre os hipertensos de áreas das UBS Tradicionais (76,0;

dp = 47,4) que aqueles de áreas de PSF (33,1; dp = 32,4) - (Tabela 3.42).

Em termos terapêuticos, 77% (n = 30) dos hipertensos utilizavam medicamentos,

enquanto cerca de um terço (31%; n = 12) informou adotar outras formas de tratamento

além daquelas preconizadas pelo médico, sem diferenças significativas entre os modelos

(Tabela 3.42).

A participação de atividades em grupos para hipertensos na UBS da área foi

informada por 18% (n = 7) da amostra e a hospitalização por HAS aconteceu nos

últimos dois anos para 16% (n = 6). As diferenças observadas neste caso não se

mostraram significativas (Tabela 3.42).

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102

Tabela 3.42- Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,

Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes Indicador

PSF Tradicional Total

Prevalência de HAS (%) 26 26 26

Tempo médio de diagnóstico (anos) 7,8 7,6 7,8

Consulta por HAS na UBS da área (%) 54 58 55

Consulta agendada (%) 64 100 75

Agendamento para o mesmo dia (%) 39 0 28

Agendamento para outro dia na mesma semana (%)

39 60 44

Tempo desde a última consulta (dias) 33,1 76,0 46,0

Precisa usar medicamentos para HAS (%) 81 69 77

Outras formas de tratamento (%) 27 39 31

Participação em grupos de HAS (%) 27 0 18

Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%)

20 8 16

Diabetes Mellitus (DM)

O diagnóstico de diabetes foi informado por 8% (n = 12) dos adultos estudados,

e o tempo de conhecimento do diagnóstico foi de 3,4 anos (dp = 5,9), sem diferenças

significativas entre os modelos de atenção (Tabela 3.43).

O local de consulta nos últimos seis meses para a doença foi a UBS da área de

para 33% (n = 4) dos entrevistados, tendo sido agendadas para 75% (n=3). A metade

(50%, n = 2) conseguiu ser atendida no mesmo dia e a outra metade (50%, n = 2) na

mesma semana. O tempo decorrido desde a última consulta foi em média de 28,0 dias

(dp = 31,6), sendo significativamente maior entre os diabéticos de áreas das UBS

Tradicionais (75,0; dp = 0) que aqueles de áreas de PSF (12,3; dp = 4,6) - (Tabela 3.43).

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103

O uso de medicação para o tratamento da doença foi referido por 75% (n = 9)

adultos com DM, enquanto a adoção de outras formas de tratamento, além daquelas

preconizadas pelo médico foi relatada por 50% (n = 6) destes, sem ter sido observada

diferença significativa entre os modelos (Tabela 3.43).

Apenas dois (17%) adultos com DM informaram participação em atividades de

grupo na UBS da área, e nenhum referiu hospitalização pelo problema nos últimos 2

anos (Tabela 3.43).

Tabela 3.43 - Diabetes Mellitus nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes Indicador

PSF Tradicional Total

Prevalência de diabetes (%) 9 6 8

Tempo médio de diagnóstico (anos) 4,1 1,3 3,4

Consulta por diabetes na UBS da área (%) 33 33 33

Consulta agendada (%) 67 100 75

Agendamento para o mesmo dia (%) 67 0 50

Agendamento para outro dia na mesma semana (%)

33 100 50

Tempo desde a última consulta (dias) 12,3 75,0 28,0

Precisa usar medicamentos para diabetes (%) 67 100 75

Outras formas de tratamento (%) 44 67 50

Participação em grupos de diabetes (%) 22 0 17

Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos (%)

0 0 0

Consulta por problemas psíquicos

“Problema de nervos” foi referido por 21% (n = 33) dos adultos estudados em

Jaboatão dos Guararapes, e a média de duração deste sofrimento foi de 15,8 (dp = 14,0)

anos – (Tabela 3.44).

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104

Entre os adultos com problema de nervos, quatro (12%) consultaram na UBS da

área nos últimos seis meses, dos quais dois (50%) agendaram consulta. O tempo

transcorrido desde o último atendimento foi de 75,0 dias (Tabela 3.44).

Mais da metade (53%, n = 17) das pessoas que se consideraram portadoras deste

tipo de problema mencionaram a necessidade de usar medicamento, sendo que outras

formas de tratamento, além da orientada pelo médico, foram adotadas por 34% (n = 11)

(Tabela 3.44).

Dois (17%) entrevistados haviam participado de atividades de grupo para

portadores deste tipo de sofrimento e, nenhum adulto foi hospitalizado por este

problema nos últimos dois anos (Tabela 3.44).

Nenhuma das diferenças observadas se mostrou significativa entre os modelos

de atenção.

Tabela 3.44 - Problemas de nervos nos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,

Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes Indicador

PSF Tradicional Total

Prevalência de problemas de nervos (%) 18 28 21

Tempo médio de diagnóstico (anos) 19,8 10,1 15,8

Consulta por problemas de nervos na UBS da área (%)

22 0 12

Consulta agendada (%) 50 0 50

Atendimento no mesmo dia (%) 50 0 50

Tempo desde a última consulta (dias) 75,0 0 75,0

Precisa usar medicamentos para problemas de nervos (%)

50 57 53

Outras formas de tratamento (%) 28 43 34

Participação em grupos (%) 22 0 17

Hospitalização por problemas de nervos nos últimos dois anos (%)

6 7 6

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105

Saúde da Mulher

Na amostra de adultos estudados, 56% (n = 88) eram mulheres com idade média

foi de 44,6 anos (dp = 9,5). Um quarto (25%, n = 22) das mulheres estudadas no

município havia consultado no último ano para problemas ginecológicos. O tempo de

espera entre a marcação da consulta e sua realização foi de 11,8 (dp = 21,0) dias.

Apenas uma (1%) entrevistada informou história familiar de câncer de mama em

mãe. Das mulheres que consultaram na UBS da área por problemas ginecológicos no

último ano, apenas 18% (n = 4) tiveram as mamas examinadas na última consulta

ginecológica.

A grande maioria (97%; n = 84) das mulheres conhecia o exame para prevenção

do câncer de colo uterino, das quais 96% (n = 81) delas já o havia realizado alguma vez

na vida (Tabela 3.45).

Do total das mulheres estudadas no município, 40% (n = 35) realizou

mamografia (Tabela 3.45).

Nenhuma das variáveis referentes à saúde da mulher apresentou diferença

significativa entre os modelos de atenção.

Tabela 3.45 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de adultos de Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de

Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Indicador

PSF Tradicional Total

Conhece exame pré-câncer 95 100 97

Já fez pelo menos um exame pré-câncer 96 96 96

Já fez pelo menos uma mamografia 39 41 40

Nos últimos três meses, 18% (n = 15) das mulheres havia consultado na UBS da

área por outro motivo diferente do ginecológico, realizando em média 0,3 (dp = 0,6)

consultas cada uma.

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106

Opinião sobre o atendimento na UBS

Na opinião dos adultos, em uma escala de zero a dez, a qualidade do

atendimento foi avaliada em 7,9, não havendo diferença significativa entre os modelos

de atenção.

Saúde bucal

Na amostra de Jaboatão dos Guararapes a avaliação em saúde bucal apontou, no

grupo de adultos, que 97% (n = 150) realizava limpeza dos dentes (Tabela 3.46).

Dos adultos que realizavam higiene bucal, 48% (n = 72) afirmou escovar os

dentes três vezes ao dia, 35% (n = 52) duas vezes ao dia e 17% (n = 26) uma vez ao dia.

Praticamente a totalidade destes (99% ; n = 148) realizava a limpeza com escova e pasta

de dentes, sendo que 58% (n = 90) ainda utilizava palito e / ou fio dental para auxiliar a

higiene (Tabela 3.46).

Entre os adultos, cerca de um terço (29%; n = 44) disse ter recebido orientação

em saúde bucal no último ano. Destes, a maioria afirmou tê-la recebido através de

programa de rádio ou tv (35%, n = 14), 34% (n = 13) do dentista da UBS; 21% (n = 8)

do dentista privado; 11% (n = 4) de ACS; 5% (n = 2) de outro profissional da UBS ou

da escola; 3% (n = 1) de familiar; e outros 8% (n = 3) via outras formas (Tabela 3.46).

No último ano, cerca de um quarto (23%, n = 35) dos adultos fez revisão dos

dentes, 27% (n = 40) teve dor de dente; 18% (n = 27) fez tratamento para cárie; 19% (n

= 29) bateu ou quebrou algum dente; e 20% (n = 30) teve problemas na gengiva (Tabela

3.46).

Problemas dentários impediram que 5% (n = 7) dos adultos estudados em

Jaboatão dos Guararapes fosse trabalhar; que um (1%) fosse à escola; e que outros três

(2%) cumprissem com suas atividades sociais e / ou de lazer.

Nos últimos doze meses, 38% (n = 58) dos entrevistados foram atendidos por

dentistas, e, o local procurado foram os serviços privados (62%; n = 36), seguidos pelas

UBS (36%; n = 21), e Pronto-Socorro (2%; n = 1) - (Tabela 3.46). Quanto ao grau de

satisfação com o atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma nota média de 8,5.

Além disso, a grande maioria (95% ; n = 55) informou ter tido seu problema resolvido,

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107

e apenas dois (3%) adultos precisaram ser encaminhados a serviços especializados, mas

nenhum conseguiu este atendimento.

Dos adultos entrevistados, 97% (n = 150) já havia realizado extração de dente

(Tabela 3.46). Destes, 5% (n = 8) extraiu apenas um dente, 81% (n = 121) extraiu mais

de um dente e 14% (n = 21) havia extraído todos os dentes.

O uso de prótese foi referido por 55% (n = 84) dos adultos. Destas próteses, 7%

(n = 6) haviam sido feitas há menos de um ano; 37% (n = 30) entre um e cinco anos, e

56% (n = 45) há mais de cinco anos (Tabela 3.46).

Cerca de um quarto (26%, n = 40) dos adultos informou ter dificuldade para

mastigar e, a ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 9% (n =

14). O tempo de duração da ferida foi em média de 21,9 (dp = 65,9) meses e 20% (n =

3) da amostra afirmou que a ferida ainda persistia (Tabela 3.46).

Quando feitas as comparações entre os modelos de atenção, apenas a orientação

em saúde bucal feita pelo dentista apresentou diferença significativa; em que este tipo

de orientação foi mais freqüente nas UBS do PSF (46%, n = 12) que nas UBS

Tradicionais (8%, n = 1) - (Tabela 3.46).

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108

Tabela 3.46 - Características de saúde bucal dos adultos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,

Lote 2 NE, 2005.

Indicador Jaboatão dos Guararapes (%)

Realiza limpeza dos dentes 97

Escova 3 vezes ou mais ao dia 48

Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 99

Utilização de palito e/ou fio dental na higiene bucal 58

Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 29

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 34

Fez revisão dos dentes no último ano 23

Teve dor de dente no último ano 27

Bateu / quebrou algum dente no último ano 19

Teve problemas de gengiva no último ano 20

Foi atendido por dentista no último ano

No Posto de Saúde

Em serviço Privado

38

36

62

Já extraiu pelo menos um dente 97

Usa prótese 55

3.5.2.2.4 Idosos

Atividade física

A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta

alcançou 45% (n = 54) da amostra de idosos, em proporção significativamente maior

nas UBS do PSF (55%; n = 39) em relação às UBS Tradicionais (31%; n = 15). Esta

mesma recomendação na última consulta foi referida por 31% (n = 38) dos idosos,

ocorrendo novamente em maior proporção nas UBS do PSF (40%, n = 31) que nas UBS

Tradicionais (15%, n = 7) - (Tabela 3.47).

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109

Tabela 3.47 - Atividade física dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes (%) Indicador

PSF Tradicional Total

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos 55 31 45

Recomendação médica da UBS para a prática de exercícios físicos na última consulta 40 15 31

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)

A prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica entre os idosos foi de 66% (n =

95), sendo o tempo médio que os idosos sabiam de sua hipertensão de 10,6 anos (dp =

10,2), sem diferenças entre os modelos de atenção (Tabela 3.48).

Já em relação à consulta por hipertensão, 49% (n = 45) dos idosos buscaram a

UBS da área, sendo esta ocorrência significativamente mais freqüente entre os

residentes de áreas cobertas pelas UBS do PSF (58%; n = 37) do que entre as de UBS

Tradicionais (29%; n = 8).

Para aqueles que consultaram na UBS da área, a consulta foi agendada em 85%

(n = 40) das situações. Entretanto, a maioria (47%, n = 20) dos idosos hipertensos

conseguiu ser atendido na mesma semana da solicitação; 40% (n = 17) aguardaram oito

dias ou mais para ser atendidos e 14% (n = 6) conseguiu atendimento no mesmo dia. O

tempo decorrido desde a última consulta por HAS foi de 41,5 dias (dp = 35,3), não

sendo significativa a diferença quando comparadas as médias entre os modelos (Tabela

3.48).

O uso de medicamentos para o controle da pressão arterial era uma realidade

para 94% (n = 89) dos idosos hipertensos e, outras formas de tratamento, além daquelas

indicadas pelo médico, eram adotadas por 37% (n = 35). Para nenhum destes casos a

diferença foi significativa (Tabela 3.48).

Participar de atividades de grupo dedicadas aos hipertensos na UBS foi uma

afirmação de 30% (n = 28) desta amostra. Já a hospitalização por HAS aconteceu para

22% (n = 20), sendo em freqüência significativamente maior entre os residentes de

áreas de UBS Tradicionais (36%, n=10) que de PSF (15%, n=10) - (Tabela 3.48).

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110

Tabela 3.48 - Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,

Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes Indicador

PSF Tradicional Total

Prevalência de HAS (%) 70 59 66

Tempo médio de diagnóstico (anos) 10,3 11,3 10,6

Consulta por HAS na UBS da área (%) 58 29 49

Agendamento para o mesmo dia (%) 18 0 14

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 44 56 47

Agendamento para mais de uma semana (%) 38 44 40

Tempo desde a última consulta (dias) 42,7 34,7 41,5

Precisa usar medicamentos para HAS (%) 92 97 94

Outras formas de tratamento (%) 33 45 37

Participação em grupos de HAS (%) 35 17 30

Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%) 15 36 22

Diabetes Mellitus (DM)

O diagnóstico de diabete foi informado por 18% (n = 25) dos idosos

entrevistados e o tempo médio que tinham conhecimento do diagnóstico foi de 9,4 (dp =

10,6) anos (Tabela 3.49).

Mais da metade dos idosos (56%; n = 14) consultaram por diabetes na UBS da

área e, sendo necessário agendamento em 85% (n = 11) dos casos. A minoria (17%, n =

2) conseguiu atendimento no mesmo dia da solicitação; 42% (n = 5) na mesma semana

e, outros 42% (n = 5) para mais de oito dias. O tempo médio decorrente desde a última

consulta foi de 32,9 dias (dp = 18,7) - (Tabela 3.49).

O uso de medicamentos para o controle de diabetes era uma realidade para 88%

(n = 22) dos idosos e outras formas de tratamento, além das indicadas pelo médico,

foram adotadas por 8% (n = 2). Já a participação em atividades de grupo dirigidas aos

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111

diabéticos na UBS foi uma afirmação de 38% (n = 9) dos idosos e a hospitalização por

DM aconteceu para cinco (20%) idosos. (Tabela 3.49).

Para nenhuma das variáveis referentes ao problema de diabetes nos idosos as

diferenças entre os modelos se mostraram significativas.

Tabela 3.49 - Diabetes Mellitus nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes Indicador

PSF Tradicional Total

Prevalência de diabetes (%) 17 18 18

Tempo médio de diagnóstico (anos) 7,1 14,0 9,4

Consulta por diabetes na UBS da área (%) 63 44 56

Agendamento para o mesmo dia (%) 20 0 17

Agendamento para mais de uma semana (%) 40 50 42

Tempo desde a última consulta (dias) 29,3 45,0 32,9

Precisa usar medicamentos para diabetes (%) 94 78 88

Outras formas de tratamento (%) 6 13 8

Participação em grupos de diabetes (%) 38 38 38

Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos (%) 25 11 20

Problemas Psíquicos

A proporção de idosos que referiram problemas de nervos foi de 23% (n = 32), e

o tempo médio que sabiam ter este tipo de problema foi de 15,4 (dp = 17,7) anos.

Apenas oito (26%) idosos com problema psíquico referiram consulta por este motivo na

UBS de seu bairro, tendo sido as consultas agendadas em 86% (n = 6) dos casos. Dos

oito idosos que haviam buscado a UBS da área, apenas um (14%) conseguiu

atendimento no mesmo dia; enquanto quatro (57%) conseguiram para a mesma semana

e dois (29%) para oito dias ou mais, sendo que um não prestou esta informação. O

tempo decorrente desde a última consulta em relação à data da entrevista foi de 46,6 (dp

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112

= 51,0) dias, média que foi significativamente maior entre os residentes das áreas de

UBS Tradicionais (150,0; dp = 0) que de UBS do PSF (29,3; dp = 25,0) - (Tabela 3.50).

O uso de medicamentos para problema de nervos foi referido por 75% (n = 24)

dos idosos, e outras formas de tratamento além da indicada pelo médico foram adotadas

por 28% (n = 9). Dentre os idosos com problema de nervos, apenas um (4%) participou

de atividades de grupo para portadores de sofrimento psíquico (PSP) na UBS e dois

(6%) informaram ter hospitalizado nos últimos dois anos por este tipo de problema.

Nenhuma das diferenças observadas entre os modelos para estas variáveis se mostrou

significativa (Tabela 3.50).

Tabela 3.50 - Problemas de nervos nos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,

Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes Indicador

PSF Tradicional Total

Prevalência de problema de nervos (%) 26 16 23

Tempo médio de diagnóstico (anos) 17,0 9,3 15,4

Consulta por problema de nervos na UBS da área (%)

26 25 26

Agendamento para o mesmo dia (%) 17 0 14

Agendamento para outro dia na mesma semana (%) 50 100 57

Tempo desde a última consulta (dias) 29,3 150,0 46,6

Precisa usar medicamentos para problema de nervos (%)

71 88 75

Outras formas de tratamento (%) 21 50 28

Participação em grupos (%) 6 0 4

Hospitalização por problema de nervos nos últimos dois anos (%)

4 13 6

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113

Cuidado domiciliar

A necessidade de cuidado domiciliar nos últimos três meses foi informada por

10% (n = 15) dos idosos amostrados no município, sendo em proporção

significativamente maior entre aqueles residentes em áreas do PSF (15%, n = 14) que de

UBS Tradicionais (2%, n = 1). Utilizando uma escala de zero a dez, a satisfação média

informada com o atendimento domiciliar foi de 8,9 (dp = 2,8) - (Tabela 3.51).

Entretanto, mais de um quarto dos idosos 29% (n = 42) afirmou necessitar de

cuidados domiciliares com regularidade, sendo a mesma proporção entre as diferentes

áreas de abrangência (Tabela 3.51).

Tabela 3.51 - Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,

Lote 2 NE, 2005.

Jaboatão dos Guararapes Indicador

PSF Tradicional Total

Cuidado domiciliar nos últimos três meses (%) 15 2 10

Necessidade de cuidado domiciliar com regularidade (%)

29 29 29

Satisfação com cuidado recebido (0 a 10) 8,9 --* 8,9

* O idoso que recebeu este atendimento da UBS Tradicional não prestou tal avaliação.

Saúde bucal

Na amostra de Jaboatão dos Guararapes, a avaliação em saúde bucal apontou

que no grupo de idosos 83% (n = 120) realizava limpeza dos dentes, sendo que 23% (n

= 27) referiu escovar uma vez ao dia, 44% (n = 52) afirmou escovar os dentes duas

vezes ao dia, 33% (n = 40) três vezes ou mais ao dia. Para estes casos, as proporções

foram semelhantes entre os modelos de atenção (Tabela 3.52).

Em sua maioria (92%; n = 109), os idosos faziam a limpeza com escova e pasta

de dentes; e cerca de um terço (31%; n = 44) ainda costumava usar palito e / ou fio

dental para auxiliar na higiene, sem diferenças significativas entre os modelos de

atenção (Tabela 3.52).

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114

Apenas 17% (n = 24) afirmou ter recebido orientação em saúde bucal no último

ano. Dentre estes, a maioria afirmou ter recebido a orientação através de programa de

rádio ou tv (38%, n = 9); 25% (n = 6) do dentista da UBS; 13% (n = 3) do dentista

privado; 21% (n = 5) de outro profissional da UBS; 8% (n = 2) de familiar, 4% (n = 1)

de amigo ou ACS; e outros 8% (n = 2) via outras formas. Não foram observdas

diferenças significativas entre os modelos de atenção a este respeito.

No último ano, 9% (n = 13) dos idosos fizeram revisão dos dentes; 12% (n = 17)

informou ter sofrido de dor de dentes; 8% (n = 11) havia feito tratamento para cárie;

10% (n = 15) havia sofrido de problemas na gengiva; e 4% (n = 6) havia batido ou

quebrado algum dente (Tabela 3.52). Dentre estas variáveis, apenas a ocorrência de dor

de dentes no último ano mostrou-se diferente entre os modelos, tendo sido mais

freqüente entre os idosos de áreas do PSF (16%, n = 15) que entre os de UBS

Tradicionais (4%, n = 2).

No ano anterior à entrevista, 15% (n = 21) foram atendidos por dentistas, em

proporção significativamente maior entre os residentes de áreas do PSF (19%, n = 18)

que de UBS Tradicionais (6%, n = 3). Entre os que receberam este atendimento, os

locais procurados foram os serviços privados (57%; n = 12) e as UBS (43%; n = 9).

Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma

nota média de 9,7 (dp = 0,8), sendo que a 95% (n = 20) afirmou ter tido seu problema

resolvido. Dos entrevistados, apenas um (5%) precisou ser encaminhado a serviços

especializados, tendo conseguido este atendimento (Tabela 3.52).

Quase a totalidade da amostra (99%; n = 142) já havia realizado extração de

dente. Destes, 2% (n = 3) haviam extraído somente um dente; 46% (n = 65) mais de um

dente e 52% (n = 74) todos os dentes, sem diferenças significativas entre os modelos.

O uso de prótese foi referido por 49% (n = 71) dos idosos de Jaboatão dos

Guararapes. A maioria das próteses havia sido feita há mais de cinco anos (61%; n =

43), 27% (n = 19) entre um e cinco anos, 4% (n = 3) há menos de um ano e ainda 9% (n

= 6) não se recordava, não havendo diferenças entre os modelos (Tabela 3.52).

Quase a metade (44%, n = 61) dos idosos referiram dificuldade para mastigar e a

ocorrência passada ou atual de ferida na boca foi mencionada por 6% (n = 8). O tempo

médio de duração da ferida foi de 5,4 (dp = 10,5) meses, não tendo sido observadas

diferenças significativas entre os modelos de atenção.

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Tabela 3.52 - Características de saúde bucal dos idosos estudados em Jaboatão dos Guararapes, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,

Lote 2 NE, 2005.

Indicador Jaboatão dos Guararapes (%)

Realiza limpeza dos dentes 83

Escova 3 vezes ou mais ao dia 33

Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal 92

Utilização de palito e/ou fio dental na higiene bucal 31

Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano 17

Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência 25

Fez revisão dos dentes no último ano 9

Teve dor de dente no último ano 12

Bateu / quebrou algum dente no último ano 4

Teve problemas de gengiva no último ano 10

Foi atendido por dentista no último ano

No Posto de Saúde

Em serviço Privado

15

43

57

Já extraiu pelo menos um dente 99

Usa prótese 49

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4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM

JABOATÃO DOS GUARARAPES

O Estudo de Linha de Base representa um primeiro tempo na avaliação do

PROESF e foi delineado para avaliar o desempenho da atenção básica à saúde e do PSF

no conjunto do Lote 2 NE e não em cada município. Assim, conforme os pressupostos

metodológicos da epidemiologia, a amostra de nove unidades básicas de saúde

estudadas, seis do PSF e três Tradicionais, não é suficiente para a plena comparação do

PSF com o modelo Tradicional em Jaboatão dos Guararapes, mas de qualquer maneira,

as comparações são oferecidas como uma referência, que poderá ser utilizada por

gestores e técnicos para avaliar seus esforços na implantação da política de ABS nos

municípios estudados. As limitações ficam por conta da amostra de profissionais de

saúde e principalmente de população da área de abrangência das UBS. Entretanto, nos

demais aspectos há uma completa e detalhada avaliação, como, por exemplo, na

caracterização institucional do SUS, da atenção básica à saúde e das unidades de saúde

estudadas. Assim, como estudo de caso, o relatório oferece uma boa aproximação do

perfil da atenção básica à saúde no município.

A estratégia de organizar os achados de Jaboatão dos Guararapes nas mesmas

categorias do Relatório Final do PROESF (Facchini et al, 2006) permitiu a descrição

dos resultados locais, do estado, dos municípios nordestinos estudados e do país. As

comparações significam apenas uma referência à disposição de gestores e profissionais

de saúde de Jaboatão dos Guararapes na identificação de avanços obtidos e os pontos

problemáticos da ABS local.

Em termos socioeconômicos e demográficos os indicadores descrevem uma

melhor qualidade de vida em Jaboatão dos Guararapes, em comparação às médias

encontradas na Pernambuco e no Brasil.

A renda per capita das comunidades do PSF foi maior do que a observada nas de

UBS Tradicionais para a amostra de adultos e idosos e, em geral, as condições de

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moradia eram melhores nas áreas de abrangência do PSF, exceto para os idosos. Quanto

à inserção dos grupos populacionais por estrato social, destacou-se o predomínio do

menos favorecido, estrato E, onde cerca de metade das amostra das crianças, mulheres e

idosos.

Em comparação à média do Lote 2 Nordeste, os indicadores de financiamento do

sistema de saúde municipal foram desfavoráveis a Jaboatão dos Guararapes.

Com o PSF implantado desde 2000, o município atingiu em 2005 uma cobertura

de cerca de 22% da população, atingindo com o índice a mais baixa cobertura entre os

municípios de Pernambuco incluídos no estudo e também do Lote 2 Nordeste. Logo, o

PSF encontra-se em uma fase inicial enquanto estratégia de reorientação e

reorganização da ABS no município.

Considerando-se a população do município (581.556 habitantes) e as 69 UBS

implantadas, cada uma abrangeria em média 8.428 habitantes, indicando que já não há a

necessidade de implantar novos serviços, salvo em situações muito especiais. Assim, o

aspecto que se destaca é o da melhoria da estrutura física dos serviços, do ponto de vista

da adequação das dependências e da disponibilidade de materiais e insumos.

No âmbito da gestão da ABS, destacou-se que 58% dos profissionais

entrevistados contava com uma supervisão semanal de suas atividades na UBS e,

comparando-se com o total do Lote 2 Nordeste, os trabalhadores de Jaboatão dos

Guararapes apresentaram índices de capacitação inferiores para todos os cursos

estudados, porém maiores entre os profissionais das UBS do PSF para sete de um total

de doze cursos. Logo, a melhoria da supervisão e educação permanente dos

profissionais de saúde, juntamente com a superação dos desafios da avaliação e

monitoramento da atenção básica, serão fundamentais para o desenvolvimento do SUS

da saúde da população no município.

As relações de trabalho indicaram que o ingresso por concurso público abrangeu

menos de um terço dos profissionais da atenção básica estudados em Natal, enquanto o

vínculo tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) foi referido por 53% da

amostra, com predomínio daquela vinculada as UBS do PSF (92%). O acesso dos

profissionais de Natal ás publicações do Ministério da Saúde foi pequeno, variando de

3% a 36%, sendo maior, em geral, entre os trabalhadores das UBS do PSF e, em relação

às médias do Lote 2 Nordeste, este acesso foi menor no município para todas as

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publicações. Este é um aspecto que o município pode investir mais efetivamente para

qualificação da Atenção Básica à Saúde.

Os indicadores de desempenho do sistema de saúde incluídos no Pacto da

Atenção Básica apontam para uma situação intermediária em Jaboatão dos Guararapes,

quando comparado à Pernambuco e Brasil. Favoráveis ao município destacaram-se os

indicadores da saúde da mulher e a menor proporção de óbitos infantis em menores de

um ano por causas mal definidas. Apesar disto, a maioria dos demais indicadores

apontam para uma situação desfavorável ao município, especialmente nos aspectos

referentes às doenças crônicas, em que se destacou negativamente a maior taxa de

mortalidade por tuberculose.

O desempenho da ABS local para todos os grupos populacionais destacou-se em

relação à prevenção do câncer de colo uterino e às orientações prestadas durante a

gestação em aleitamento materno. Em razão da amostra populacional não ser

representativa para o município, não é possível fazer afirmações conclusivas à respeito

do desempenho dos modelos de atenção em Jaboatão dos Guararapes. Logo, não foram

observadas grandes diferenças entre os modelos, mas apesar disto, os resultados

permitem observar uma tendência favorável ao PSF, que apresentou um melhor

desempenho em saúde bucal; em saúde da mulher (especificamente aleitamento materno

e planejamento familiar); e em recomendações de exercícios e cuidado domiciliar entre

os idosos. Entretanto, a efetividade das UBS estudadas precisa ser ampliada de modo

geral, incluindo a recomendação de exercícios físicos, o atendimento de hipertensão,

diabetes, problemas psíquicos e mesmo saúde bucal.

Em conclusão, a atenção básica em saúde em Jaboatão dos Guararapes apresenta

um bom desempenho geral em relação à média do Lote, mas com um importante

potencial de superação dos problemas. Seus problemas são similares aos do conjunto

dos municípios avaliados e seus pontos fortes necessitam de consolidação, no sentido de

melhorar os benefícios à população local.

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