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Maria Amélia Dalvi Neide Luzia de Rezende Rita Jover-Faleiros [orgs.]

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Maria Amélia Dalvi Neide Luzia de Rezende Rita Jover-Faleiros [orgs.]

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Editor: Marcos MarcioniloCapa E projEto gráfiCo: Andréia CustódiorEvisão: Karina MotaConsElho Editorial: Ana Stahl Zilles [Unisinos] Angela Paiva Dionisio [UFPE] Carlos Alberto Faraco [UFPR] Egon de Oliveira Rangel [PUC-SP] Gilvan Müller de Oliveira [UFSC, Ipol] Henrique Monteagudo [Universidade de Santiago de Compostela] Kanavillil Rajagopalan [Unicamp] Marcos Bagno [UnB] Maria Marta Pereira Scherre [UFES] Rachel Gazolla de Andrade [PUC-SP] Roxane Rojo [UNICAMP] Salma Tannus Muchail [PUC-SP] Stella Maris Bortoni-Ricardo [UnB]

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

L557

Leitura de literatura na escola / Maria Amélia Dalvi, Neide Luzia de Rezende, Rita Jover-Faleiros, orgs. - São Paulo, SP : Parábola , 2013.

23 cm. (Estratégias de ensino)

Inclui bibliografiaISBN 978-85-7934-064-2

1. Literatura brasileira - Estudo e ensino. 2. Livros e leitura - Brasil. I. Dalvi, Maria Amélia. II. Rezende, Neide Luiza de. III. Jover-Faleiros, Rita. IV. Série.

13-1671. CDD: 807 CDU: 82

14.03.13 20.03.13 043561

Direitos reservados àParábola EditorialRua Dr. Mário Vicente, 394 - Ipiranga04270-000 São Paulo, SPpabx: [11] 5061-9262 | 5061-8075 | fax: [11] 2589-9263home page: www.parabolaeditorial.com.bre-mail: [email protected]

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão por escrito da Parábola Editorial Ltda.

ISBN: 978-85-7934-064-2

© do texto: Maria Amélia Dalvi, Neide Luzia de Rezende & Rita Jover-Faleiros, 2013. © da edição: Parábola Editorial, São Paulo, junho de 2013.

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Tenho um grande respeito, e principalmente um grande cari-nho, pelo ofício de professor e por isso mesmo me reconforta saber que eles também são vítimas de um sistema de ensino que os induz a dizer besteiras. […] Lembro-me de um profes-sor de literatura do colégio, um homem modesto e prudente, que nos conduzia pelo labirinto dos bons livros sem interpre-tações rebuscadas. Esse método possibilitava a seus alunos uma participação mais pessoal e livre no milagre da poesia.

GABRIEL GARCÍA MARQUEZ

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Sumário

Apresentação .......................................................................................9Maria aMélia Dalvi, NeiDe luzia De rezeNDe e rita Jover-Faleiros

Capítulo 1Aspectos metodológicos do ensino da literatura ...........................17Annie Rouxel

Capítulo 2O que ler? Por quê? A literatura e seu ensino ................................35José HéldeR PinHeiRo Alves

Capítulo 3A leitura literária como experiência .................................................51MáRciA cAbRAl dA silvA

Capítulo 4Literatura na escola: propostas didático-metodológicas ................67MARiA AMéliA dAlvi

Capítulo 5O ensino de literatura e a leitura literária .......................................99neide luziA de Rezende

Capítulo 6Sobre o prazer e o dever ler: figurações de leitores e modelos de ensino da literatura .............................................................................113RitA JoveR-FAleiRos

Capítulo 7Percepção do mundo na sala de aula: leitura e literatura ...........135Robson coelHo tinoco

Capítulo 8O saldo da leitura ............................................................................153veRA teixeiRA de AguiAR

Sobre os Autores .............................................................................163

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ApresentaçãoMARiA AMéliA dAlvi

, neide luziA de Rezende e RitA JoveR-FAleiRos

Nas últimas quatro décadas, tem havido uma intensa discussão sobre literatura e educação e uma crítica fer-renha às práticas escolares de (não)leituras literárias. Ao contrário do ensino de língua — que, aos poucos, vai se renovando —, a literatura na escola resiste às mudanças e se vê relegada a lugar secundário e sem força na formação das crianças, dos adolescentes e dos jovens. Com o refi-namento das novas tecnologias e a adesão dos estudantes a elas, reforçam-se algumas problemáticas a partir das quais se tornou premente integrar professores e pesqui-sadores de várias regiões para pensar a respeito: qual o papel da literatura na educação e, particularmente, na es-cola? O que sabemos, podemos e queremos em relação às práticas escolares atinentes à literatura? Que mudanças são necessárias? É possível (e mais: é desejável) potencia-lizar a literatura na formação de crianças e jovens, pela via educacional? Como pensar as relações entre literatura e escola em tempos como os nossos?

Os autores dos textos que compõem este livro — que se quer uma contribuição ao trabalho com leitura literá-ria e literatura na escola — são professores e pesquisado-res de distintas filiações epistemológicas e institucionais,

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que têm pensado as aproximações entre literatura e educação dialogando com a produção científica nas áreas de linguagens, artes e cultura. A proposta é trabalhar sempre de modo inte-grativo, entendendo e pensando a leitura e a escrita literárias, o ensino de literatura, o sujeito leitor de literatura, a formação de professores, os materiais didáticos, os currículos e métodos de ensino de leitura e literatura como faces de um mesmo desejo: contribuir para a apropriação da leitura e da escrita (e, em par-ticular, das leituras e escritas literárias) por sujeitos inseridos em espaços e tempos de educação formal e não formal.

Iniciamos pelos prolegômenos ao debate relativo ao ensi-no da literatura, como propõe Annie Rouxel, da Universidade Montesquieu (Bordeaux IV). A autora sinaliza a necessidade de uma reflexão, primeira, a propósito da concepção de literatura que está na origem das orientações didáticas e de suas trans-formações no campo dos estudos literários; da apreensão de leitura literária que subjaz a essas orientações (e também as transformações teóricas nesse sentido: do leitor modelo ao lei-tor empírico, do texto a ler ao “texto do leitor”, da postura dis-tanciada diante do texto literário à reabilitação do fenômeno de identificação) e da representação da cultura literária como um saber quantificável, mensurável (ou como “biblioteca inte-rior”) — e, nesse sentido, como experiência vivida ou como uma dimensão do capital cultural do indivíduo. Em seguida, Rouxel discorre sobre aspectos metodológicos relativos ao ensino da literatura no ensino básico em três abordagens: no modo como instituir o aluno sujeito leitor; na constituição do corpus que possa promover essa instituição; e, por fim, na reflexão sobre o papel do professor (ele também sujeito leitor) e sobre o lugar de suas leituras.

Helder Pinheiro, da Universidade Federal de Campina Gran-de (UFCG), ao tratar da oralidade sob a forma da literatura de cordel, trazendo esse gênero textual para o espaço da sala de

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aula, aponta na mesma direção de Annie Rouxel, por entender que, do ponto de vista metodológico, um trabalho dessa ordem implica dar voz ao leitor. Pinheiro situa o debate a propósito do (não)lugar destinado à literatura de cordel no ensino da literatu-ra, estabelecendo a relação entre literatura de cordel, cânone lite-rário e propostas metodológicas para o ensino da literatura como hipótese de trabalho. Para isso, o autor identifica, inicialmente, a escassez de trabalhos na área dos estudos literários sobre litera-tura de cordel e, diante desse quadro, interroga-se sobre:

a) o significado que a leitura desse gênero pode ter no en-sino básico;

b) que procedimentos metodológicos para trabalhar a li-teratura de cordel são possíveis/necessários nesse con-texto. Pinheiro discorre sobre propostas de leitura de cordéis em sala de aula, abordando-os a partir de gru-pos temáticos, discutindo-os do ponto de vista de sua forma e estabelecendo as possíveis relações, por meio dos eixos temáticos, entre literatura de cordel e textos do cânone literário.

Ao relatar duas experiências desenvolvidas nesse sentido, Pinheiro destaca a importância atribuída ao leitor e a sua re-cepção no contexto da sala de aula, o que implica, promover a sociabilização das leituras nesse espaço e a importância desse processo para a formação do leitor.

O papel desempenhado pela sociabilização das leituras na formação do leitor é um dos aspectos desenvolvidos por Márcia Cabral da Silva, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A autora, por meio da análise de Infância, de Graci-liano Ramos, reflete a propósito da leitura como experiência historicizada e do modo como o passado assim vivido — a me-mória dessa experiência — afeta o presente. Silva analisa, na narrativa, o processo de formação do protagonista e os papéis desempenhados pelo contato desse protagonista com leitores

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experientes e com os diferentes acervos aos quais teve acesso em sua formação inicial; para a autora, as leituras empreen-didas nessa etapa e as diferentes influências propiciadas pelo contato com esses leitores e com esses acervos desempenham papel significativo na formação inicial do leitor.

Parece haver um consenso quanto à importância das ex-periências de leitura, da sociabilização dessas leituras em di-ferentes contextos (inclusive e, sobretudo, no contexto escolar) e do acesso aos acervos de obras literárias (principalmente nos anos em que se frequenta o ensino básico) para a formação do leitor e de seus hábitos de leitura. Maria Amélia Dalvi, da Uni-versidade Federal do Espírito Santo (UFES), consciente desse consenso, mobiliza-se (e a seus leitores) no intuito de convertê--lo em ação. Dalvi opera em dois planos, ao articular os precei-tos que subjazem às práticas didáticas para as quais convida, explicitando ambos. A partir de sua leitura e atualização das “Teses sobre o ensino do texto literário na aula de português” (Silva, 1998), define com clareza esses preceitos para, na se-gunda parte do texto, oferecer propostas didático-metodológi-cas articuladas em quatros eixos:

1) o trabalho com a literatura na escola; 2) a seleção de textos literários para leitura na escola; 3) a avaliação do trabalho com a literatura na escola; 4) os livros didáticos e o trabalho com a literatura na escola.

Ciente da relativa inapreensibilidade da “literatura” en-quanto objeto de ensino: “Entendemos, é claro, a argumenta-ção de que literatura não se ensina, se lê, se vive — e que, portanto, o que possa ser ensinado seja algo ‘sobre’ literatura e não literatura propriamente dita”, Dalvi pondera sobre a di-mensão individual, social e histórica de experiência da leitura, colocando-a como centro do dispositivo do ensino da literatura.

Neide Luzia de Rezende, da Universidade de São Paulo (USP), valendo-se das muitas horas de observação de aulas de

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seus estagiários do curso de metodologia do ensino de língua portuguesa, oferece-nos a reflexão sobre rico repertório da prá-tica docente. Não nos parece uma coincidência ela partir de duas questões já levantadas (de maneira mais ou menos explí-cita) em textos que precedem o seu nesta obra: “O que se ensina hoje na escola quando se ensina literatura?” e “O que se ensi-naria se de fato se ‘ensinasse literatura’?”. Talvez essas duas perguntas, em nosso contexto de reflexão, valessem, por si, uma obra inteira. Por meio do quadro construído por Rezende, entendemos a breve diacronia da disciplina de língua portu-guesa para a qual, nos últimos quarenta anos, as contribuições no domínio da linguística geraram significativa reorientação da disciplina no ensino básico, reorientação que parece deixar (ainda) um número significativo de professores relativamente desorientados quanto a sua prática docente, principalmente no tocante ao ensino da literatura no ensino médio, que permane-ceria refém do ensino de sua história, a se considerar os relatos de estagiários e docentes citados pela autora em seu capítulo. Para Rezende, uma das respostas possíveis às questões formu-ladas — em consonância com os demais autores aqui apresen-tados — reside num “deslocamento considerável: ir do ensino de literatura para o de leitura literária”, quando o objeto do ensino da literatura passa a ser a experiência da leitura lite-rária e a reflexão, experiência e reflexão essas que podem ser mediadas e sociabilizadas no espaço da sala de aula.

Rita Jover-Faleiros, da Universidade de Brasília (UnB), para penetrar no tema de seu capítulo, o papel do aluno-leitor na es-cola de nível médio, percorre um caminho que inclui a própria literatura como meio de conhecimento e acesso a esse leitor: apreende as figurações de leitores com que Ricardo Piglia, em O último leitor, e Italo Calvino, em Se um viajante em uma noite de inverno, estruturam seus romances. Essas representações permitem-lhe discutir a complexidade da atividade de leitura enquanto dimensão coletiva, social e histórica e, ao mesmo

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tempo, enquanto ato individual e solitário, inter-relação que se encontra constantemente sujeita a atualizações, em razão da mobilidade de ambas as dimensões. Rita Jover-Faleiros prosse-gue no percurso investigativo também com o apoio de teóricos, em especial de Tzvetan Todorov, Annie Rouxel e Leyla Perrone--Moisés, que, recentemente, discutiram a problemática do ensi-no de literatura e assinalaram a diversidade das experiências individuais de leitura e dos modos de ler em contraposição à objetividade exigida pela escola. Mais precisamente, acreditam haver uma “clivagem identitária entre o leitor escolar e o outro leitor que vive em nós”. Do percurso emerge a possibilidade, para a escola, de aliar reflexão e prazer individual.

Robson Coelho Tinoco, da Universidade de Brasília (UnB), reflete sobre paradigmas que orientam currículos e práticas do-centes. Para ele, leitura, sobretudo escolar, não deve ser usada somente para veicular informações — essa função referencial é uma entre outras. Assim, a função de comunicar dialogicamen-te precisa ocupar uma posição central no processo de recepção real do texto pelo leitor, enquanto produto em um contexto edu-cacional resultante de um dado momento sócio-histórico. Sob tais condições de ato linguístico, o poder da palavra — também literária — tende a mobilizar a autoridade acumulada pelo lei-tor, transformado em coadjuvante ativo de argumentação res-ponsiva. Nesse sentido, é fundamental ler o implícito, o não dito denotativamente, restabelecendo a ponte discursivo-dialógica essencial entre autor-texto-leitor. Ao caracterizar objetivos de-finidos e procedimentos eficazes de leitura, tal ponte determi-na melhor as tipificações de um texto, por exemplo, com obje-tivos de discurso político, de análise técnica, de composição de blogs de adolescentes, de estudos gramaticais ou literários, entre outros.

Vera Teixeira de Aguiar, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), amplia e atualiza os debates aqui

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empreendidos ao trazer à baila uma reflexão sobre o processo da leitura articulado à linguagem que ultrapassa as fronteiras das suas práticas escolares e também de sua dimensão literária (seja na escola ou fora dela), realçando seu escopo mais amplo: “A lin-guagem verbal, através do código escrito, tem se mostrado o do-cumento mais eficaz para conservar a expressão do conteúdo da consciência humana individual e social cumulativamente”, atua-lizando essa reflexão ao se interrogar sobre o impacto das novas tecnologias sobre os paradigmas de leitura, de ensino de línguas, de ensino da leitura e, consequentemente, de ensino da literatura.

Parece-nos, então, que este novo livro, com os oito capítu-los parcialmente apresentados acima, reforça a importância do movimento que já se iniciou, por exemplo, com a realização da I Jornada de Literatura e Educação (em abril de 2012, na Uni-versidade Federal do Espírito Santo — na qual todos os auto-res de capítulos deste livro tomaram parte). A publicação de Leitura de literatura na escola oferece um material escrito de inegável singularidade para professores em formação inicial e continua da, pesquisadores e interessados nas questões teórico--epistemológicas, didático-metodológicas e ético-estéticas im-plicadas nas aproximações entre literatura e educação.

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O que se ensina hoje na escola quando se ensina lite-ratura, tendo como premissa que, quando dizemos “literatura”, estamos pensando no texto literário e não em outra coisa — como simulacros, resumos, história da literatura, estilos de época, conjunto de obras etc.?

O que se ensinaria se de fato se “ensinasse literatura”?

Nas últimas quatro décadas, tem havido intensa dis-cussão sobre literatura e educação e uma crítica fer-renha às práticas escolares de (não)leituras literárias. Ao contrário do ensino de língua — que, aos poucos, vai se renovando —, a literatura na escola resiste às mudanças e se vê relegada a lugar secundário e sem força na formação das crianças, dos adolescentes e dos jovens. Com o refinamento das novas tecnologias e a adesão dos estudantes a elas, reforçam-se algumas problemáticas a partir das quais se tornou premente reunir neste livro professores e pesquisadores para pensar a respeito de:

Qual o papel da literatura na educação e, particu-larmente, na escola?

O que sabemos, podemos e queremos em relação às práticas escolares atinentes à literatura?

Que mudanças são necessárias?

É possível (e mais: é desejável) potencializar a li-teratura na formação de crianças e jovens, pela via educacional?

Como pensar as relações entre literatura e escola em tempos como os nossos?