monitoramento e avaliaÇÃo de projetos sociais

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO RURAL ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO RURAL E AGROECOLOGIA CONVÊNIO PGDR-UFRGS/ASCAR-EMATER MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS Autor: Ricardo Machado Barbosa Orientador: Prof. Dr. Sérgio Schneider Porto Alegre, 2001.

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Page 1: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO RURAL

ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO RURAL E

AGROECOLOGIA

CONVÊNIO PGDR-UFRGS/ASCAR-EMATER

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

Autor: Ricardo Machado Barbosa

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Schneider

Porto Alegre, 2001.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO RURAL

ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO RURAL E

AGROECOLOGIA

CONVÊNIO PGDR-UFRGS/ASCAR-EMATER

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

Autor: Ricardo Machado Barbosa

Trabalho de conclusão submetido ao Programa de

Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, como

quesito parcial de obtenção do Grau de

Especialista em Desenvolvimento Rural e

Agroecologia.

Porto Alegre, 2001.

Page 3: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

iii

AGRADECIMENTOS

Toda minha gratidão,

Ao meu tutor, pela amizade construída, pelo empenho e paciência na orientação

deste trabalho.

Aos professores, pelo companheirismo e esforço na transmissão de sábios

conhecimentos.

Ao pessoal do PGDR e colegas da EMATER/ASCAR, pela atenção e apoio que

sempre prestaram.

À EMATER/ASCAR, pela oportunidade que me proporcionou de fazer este

curso.

Aos colegas do curso, pelo companheirismo e amizade construídos.

Aos meus familiares, pelo carinho, compreensão, estímulo e ajuda que a todo

instante dedicaram

Page 4: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

iv

Page 5: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

v

SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS..................................................................................................... vii

LISTA DE FIGURAS.........................................................................................................ix

RESUMO.............................................................................................................................xi

INTRODUÇÃO....................................................................................................................1

1 O PROJETO ....................................................................................................................5 1.1 Conceito de Projeto...................................................................................................................................................5 1.2 Origem de um Projeto..............................................................................................................................................6 1.3 Políticas Públicas, Projetos e Atores Sociais ......................................................................................................7 1.4 Fases de um Projeto................................................................................................................................................10 1.5 Efeitos e Impactos de um Projeto Social ...........................................................................................................13

2 O PROJETO PRORENDA...........................................................................................15 2.1 Contexto Geral do PRORENDA no Rio Grande do Sul ..............................................................................15 2.2 O Sistema de Monitoramento e Avaliação do PRORENDA .......................................................................26

3 O MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS....................33 3.1 Os Indicadores de Monitoramento e Avaliação..............................................................................................34 3.2 O Monitoramento....................................................................................................................................................37 3.2.1 Aspectos Principais de um Sistema de Monitoramento ............................................................................37 3.2.2 O Monitoramento Participati vo.......................................................................................................................39 3.3 A Avaliação...............................................................................................................................................................41 3.3.1 Tipos de Avaliação...............................................................................................................................................42 3.4 Condições para o Sucesso de um Projeto Social .............................................................................................46

CONCLUSÃO....................................................................................................................49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................53

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Page 7: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

vii

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Evolução do número de municípios participantes do projeto ...............25

QUADRO 2 - Evolução do número de grupos comunitários participantes do projeto.............................................................................................................................................25

QUADRO 3 - Evolução do número de famílias participantes do projeto ....................26

QUADRO 4 - Indicadores e fases da situação dos grupos.............................................28

Page 8: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

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Page 9: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Fluxo das linhas de planejamento da ação pública ....................................9

Page 10: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

x

Page 11: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

xi

RESUMO

O processo de exclusão social que vem ocorrendo na sociedade brasileira t em

ocupado cada vez mais espaço nas discussões sociais. No meio rural, a exclusão social se

agravou com o processo de modernização que a agricultura experimentou nas últimas

décadas, deixando muitos agricultores sem as mínimas condições de se reproduzirem.

Desta forma, vários projetos que buscam o desenvolvimento social vem sendo

elaborados e implementados na tentativa de se alcançar uma melhora na qualidade de vida

das pessoas, ou mudar uma determinada situação.

Contudo, diversas variáveis são envolvidas quando se busca elaborar e executar

projetos no sentido de se alcançar o desenvolvimento rural.

Assim, através da revisão bibliográfica, se procurou inicialmente descrever os

principais conceitos e etapas que devem fazer parte da elaboração de um projeto de

desenvolvimento social.

Em uma segunda parte, o trabalho aborda o desenvolvimento do projeto

PRORENDA Agricultura Familiar e seu sistema de monitoramento e avaliação e, em uma

última parte, trata o monitoramento e a avaliação de projetos sociais, abordando alguns dos

seus principais aspectos.

A principal conclusão que se percebe é a de que o perfeito conhecimento da

realidade a ser mudada, somado à constante participação dos atores locais em todo o

projeto, isto é, desde sua elaboração até sua avaliação final, inclusive durante o

monitoramento e a avaliação final do projeto, poderá ser fator determinante para garantir-

lhe o sucesso.

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1

INTRODUÇÃO

O processo de modernização do meio rural que o País experimentou nas últimas

décadas veio acompanhado por um aprofundamento da concentração de renda, provocando

uma forte exclusão social e expulsando muitos agricultores do campo. Estes vêem nos

grandes centros urbanos uma alternativa para melhorar sua qualidade de vida e acabam se

direcionando para a cidade.

No entanto, esta atitude piora ainda mais sua situação, uma vez que na cidade não

encontram ocupação e, assim, o que ocorre é que esta população, originada do meio rural,

acaba colaborando para o aumento da pobreza dos grandes centros urbanos e perdendo

completamente sua auto-estima.

Além disso, este abandono da atividade agrícola por parte do agricultor familiar

traz uma grande perda para toda a sociedade, pois, mais do que os alimentos que se deixam

de produzir e o aumento da pobreza da população, se acaba perdendo a cultura, o

conhecimento, enfim, o modo de vida deste agricultor.

Este processo de exclusão no qual se encontra grande parte da população

brasileira começa a ter maior importância nas discussões sociais. Isto tem levado as

organizações a direcionar esforços no sentido de elaborarem e executarem projetos sociais

que busquem contemplar a inclusão social de forma sustentável; no entanto, na prática,

nem sempre estes projetos vêm alcançando seus objetivos. Muitas vezes eles fracassam por

falta de um acompanhamento que lhes forneça novas direções, permitindo o alcance mais

eficaz dos seus objetivos.

Deste modo, torna-se pertinente a elaboração de um estudo referente aos projetos

sociais, ressaltando o processo de execução do monitoramento e avaliação desses projetos,

Page 15: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

2

no sentido de tornar mais claros estes conceitos e facilitar a utilização destes importantes

instrumentos de análise na busca do desenvolvimento sustentável da sociedade, uma vez

que muitos projetos sociais, por melhor elaborados que sejam, correm grande risco de

fracassarem em função de não possuírem um bom monitoramento e avaliação, pois estes

são momentos em que o projeto poderá ser redirecionado, o que muitas vezes determina o

seu fracasso ou sucesso.

Além disso, o monitoramento e avaliação de um projeto poderá nos trazer

parâmetros que auxiliem futuros projetos e permitam que estes sejam elaborados e

executados com menores possibilidades de erros e, portanto, aumentando as chances de

atingir os seus propósitos.

Desta forma, este trabalho objetiva expressar algumas considerações no sentido de

confirmar a importância da participação dos atores locais no desenvolvimento do projeto

como um todo e no monitoramento e avaliação do mesmo, demostrando ainda se a ação

social organizada através de projetos pode aumentar as suas chances de êxito.

Outrossim, se procura compor alguns pontos que facilitem o desenvolvimento de

um sistema de monitoramento e avaliação de projetos sociais que busquem o

desenvolvimento sustentável das famílias rurais.

Assim, este trabalho, desenvolvido com base na revisão bibliográfica sobre obras

de diversos autores que tratam do assunto, foi dividido em três capítulos: inicialmente, no

primeiro capítulo, são tratados alguns conceitos necessários para o bom entendimento do

assunto, como, por exemplo, o próprio conceito de projeto.

É abordada também no primeiro capítulo a origem dos projetos e se busca

identificar como os projetos sociais se inserem nas políticas públicas, ressaltando a

importância dos atores sociais e instituições que, de alguma forma, encontram-se

envolvidos no projeto.

No segundo capítulo, é descrito um caso empírico de projeto de desenvolvimento

social, o projeto PRORENDA.

Page 16: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

3

Este capítulo é dividido em duas partes. A primeira descreve como se

desenvolveu o PRORENDA Agricultura Familiar no Rio Grande do Sul, descrevendo as

diversas fases pelas quais o projeto passou.

A segunda parte do capítulo trata especificamente do sistema de monitoramento e

avaliação do projeto, mostrando como foi desenvolvido este processo.

O terceiro capítulo do trabalho trata do monitoramento e avaliação de projetos

sociais, onde é ressaltada a necessidade de se definirem indicadores para o

desenvolvimento desta tarefa.

Além disso, são colocados conceitos e alguns aspectos referentes ao

monitoramento e avaliação de projetos sociais, ressaltando a importância da participação

dos beneficiários em todo o processo.

Por fim, são relacionadas, algumas condições que o projeto deve satisfazer para

que possa realmente ser considerado como um projeto de sucesso.

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4

Page 18: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

5

1 O PROJETO

1.1 Conceito de Projeto

Inicialmente, o conceito de projeto pode ser considerado algo amplo, aplicável a

qualquer tipo de planejamento, no entanto, quando comparados a planos e programas, os

projetos normalmente caracterizam-se por serem mais limitados no tempo, no espaço e nos

recursos. Além disso, os projetos tratam um tema específico, de forma mais direcionada e,

portanto, com menos amplitude que o planejamento.

Deste modo, o projeto de uma forma geral significa o trabalho de equacionar um

problema apontado pelo planejamento, tomando decisões relacionadas à implementação de

soluções e avaliação dos resultados obtidos.

Um projeto social é “uma ação social planejada, estruturada em objetivos,

resultados e atividades baseados em uma quantidade limitada de recursos (humanos,

materiais e financeiros) e de tempo” (Armani, 2000), isto é, um projeto social tem início

com uma idéia de se construir ou modificar algo no futuro para suprir necessidades ou

aproveitar oportunidades. Significa um conjunto de ações estruturadas, planejadas e

delimitadas no tempo e espaço e em função dos recursos existentes, com objetivos e

atividades definidos, porém em constante redirecionamento em função de adaptações às

mudanças ocorridas no espaço, no tempo e em outras variáveis que podem afetar o seu

desempenho.

Pode-se dizer que um projeto social é uma das formas com que as pessoas

enfrentam os problemas sociais de forma organizada, ágil e prática. Ele não significa

apenas o documento formal, mas, sim, representa um instrumento metodológico para fazer

Page 19: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

6

da ação social uma intervenção organizada e com melhores possibilidades de atingir seus

objetivos.

Assim, pode-se dizer que os projetos compreendem um instrumento útil e

necessário para qualificar a ação social organizada no sentido de elevar a qualidade de

vida, fortalecer a cidadania, enfim, de forma a delinear ações que levem ao alcance do

desenvolvimento sustentável.

1.2 Origem de um Projeto

Os processos democráticos que têm avançado no País não têm sido acompanhados

por uma distribuição de renda mais justa, muito pelo contrário, de uma forma geral, o

processo de exclusão social se acentua de forma alarmante, levando as organizações a

criarem políticas de desenvolvimento que se traduzem na elaboração e implementação de

projetos sociais.

Assim, o que se vê é que os projetos sociais normalmente têm origem em

percepções ou pressões de necessidade de mudanças, surgidas de diversos órgãos,

instituições públicas ou privadas, ou até mesmo de pessoas individualmente, no sentido de

se atingir uma situação diferente da atual.

No entanto, os projetos que se originam de sugestões das pessoas diretamente

envolvidas, isto é, gestores, beneficiários, etc., têm demostrado maior capacidade de

sucesso, pois traduzem de modo mais próximo da realidade as necessidades dos

envolvidos, bem como permitem que se alcance um melhor nível de aproveitamento da

criatividade e conhecimento de cada ator envolvido.

Page 20: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

7

1.3 Políticas Públicas, Projetos e Atores Sociais

Os projetos sociais fazem parte de um sistema complexo de relações que

envolvem diversas variáveis. Entre essas variáveis, estão os atores sociais e as políticas

públicas que, em última análise, fazem com que surjam projetos de ação social originados

de diversos órgãos e entidades, mas principalmente dos órgãos governamentais, que

constituem no principal encarregado de zelar pela evolução social da comunidade.

Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, “as políticas

sociais desempenham um papel fundamental na construção de alternativas de

desenvolvimento para o campo” (CONTAG, 1999).

Estas políticas públicas, pensadas para a agricultura nas últimas décadas, foram

voltadas para o produtivismo, ou seja, a prioridade das ações planejadas estava centrada

principalmente no aumento da produção como condição a ser alcançada.

Contudo, as políticas públicas devem conter também a dimensão social, de resgate

da cidadania e participação da comunidade, além de ter preocupação com as questões

ambientais, econômicas, culturais e sociais

Em países como o Brasil, marcados por desigualdades e exclusão social, as

políticas públicas desempenham um importante papel, principalmente para as populações

menos favorecidas, no sentido de se planejarem e desenvolverem ações de promoção da

inclusão social implementadas através dos projetos, conforme será descrito adiante.

Assim, para melhor compreender o tema, se faz necessário situar os projetos

sociais no contexto das políticas públicas, bem como identificar os diversos atores sociais

que, de uma forma geral, estão envolvidos no projeto.

Conforme descrito no dicionário de sociologia elaborado por Alhan G. Johnson

(1997):

Page 21: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

8

“política é o processo pelo qual o poder coletivo é gerado, organizado, distribuído e usado nos sistemas sociais. Na maioria das sociedades, é organizada sobretudo em torno da instituição do Estado, (...) no entanto, pode ser aplicado virtualmente a todos os sistemas sociais nos quais o poder representa papel importante”. (Johnson, 1997).

Assim as políticas públicas podem ser consideradas como a geração e organização

do poder coletivo da sociedade através dos poderes públicos, no sentido de se alterar uma

situação.

Normalmente, na esfera gove rnamental, as políticas públicas, que são o meio pelo

qual a ação pública começa a ser construída, têm basicamente três linhas de planejamento,

podendo estar presentes em qualquer esfera de poder, federal, estadual ou municipal, são

elas: o plano, o programa e o projeto.

O plano é onde se têm os objetivos mais amplos e os maiores eixos estratégicos

para a ação social. Para cada setor da sociedade, existem vários planos e, dentro de cada

um desses planos, encontramos diversos programas.

Os programas traduzem os planos de governo, isto é, dentro de cada plano

existem vários programas para cada setor da sociedade, no entanto, nos programas, os

objetivos e as linhas de ação não possuem a mesma amplitude dos planos de governo.

Dentro de cada programa de governo, encontramos inúmeros projetos, que se

traduzem na ação social concreta com a população.

Os projetos possuem limites definidos, como de tempo e recursos e, além disso,

apresentam objetivos específicos.

A figura abaixo nos traz uma visão melhor da localização dos projetos dentro dos

planos de governo, evidenciando a estreita relação existente entre cada etapa do

planejamento.

Page 22: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

9

FIGURA 1 - Fluxo das linhas de planejamento da ação pública

No entanto, a ação social do Estado, ou de qualquer outra organização,

desempenhada através de projetos, tem contando com diversos atores que estão direta ou

indiretamente envolvidos com o projeto, desde sua elaboração até a avaliação final.

Segundo Armani, os atores envolvidos “são todos os indivíduos, grupos ou

instituições sociais que tem algum interesse em jogo em relação a um projeto determinado”

(Armani, 2000).

Assim, pode-se dizer que estes atores sociais podem ser constituídos desde

cidadãos individualmente, até entidades, como, por exemplo, órgãos de representação de

grupo, conselhos, lideranças de agricultores, população beneficiada, financiadores dos

projetos, órgãos do governo, grupos de pessoas, organização promotora do projeto,

parceiros, e até mesmo aqueles que poderão ser afetados negativamente pelo projeto.

Na maioria das vezes, a ação destes atores sociais é feita através das instituições.

Estas mostram-se diferentes umas das outras em função de tratarem de funções sociais

diferentes, mas de uma forma geral “as instituições políticas destinam-se a gerar,

organizar, e aplicar o poder coletivo, com vistas a atingir metas, proteger grupos, aplicar

leis, etc.” (Johnson, 1997).

PLANO

PROGRAMA 1

Projeto 1 A Projeto 1 B Projeto 2 A Projeto 2 B

PROGRAMA 2

Page 23: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

10

Deste modo percebe-se que as instituições consistem na forma como as pessoas se

agrupam, respeitando determinadas normas e regras, com o intuito de atingir um

determinado ponto, isto é, “uma instituição é o conjunto duradouro de idéias sobre como

atingir metas reconhecidamente importantes na sociedade” (Johnson, 1997), ou seja, é um

complexo integrado de idéias, padrões de comportamento, relações inter-humanas,

organizados em torno de um interesse social reconhecido.

Portanto, fica claro que as instituições desempenham importante papel na

sociedade, uma vez que, através delas, os indivíduos agem no sentido de conquistar seus

objetivos, tornando-se parte importante no desenvolvimento de um projeto social, ou seja,

através das instituições os agricultores adquirem mais espaço nas discussões sociais e,

portanto, acabam adquirindo maior influência junto aos poderes governamentais na

elaboração e desenvolvimento de projetos sociais.

Assim, pode-se dizer que as instituições acabam fortalecendo as decisões dos

atores que a compõem e permitem uma relação mais forte entre o Estado e a sociedade.

1.4 Fases de um Projeto

Um projeto tem início, meio e fim, desenvolve -se em um determinado espaço e

deve respeitar os limites de recursos que lhe são propostos, sejam eles financeiros,

técnicos, ambientais, etc.

Assim sendo, a maioria dos projetos deve passar por determinadas fases para que

não se ponha em risco o seu sucesso.

Apesar de não serem rígidas, pois não existe um consenso, isto é, uma idéia única

referente ao desenvolvimento de um projeto social, de uma forma geral, podem-se destacar

6 (seis) diferentes fases interligadas e que devem ser comuns para maioria dos projetos

sociais.

Page 24: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

11

A primeira fase de um projeto pode ser chamada de fase de identificação.

Nela, temos inicialmente a identificação da oportunidade ou necessidade de

intervenção, identificando o objeto de ação, o espaço e as possíveis limitações

institucionais, ou seja, a partir da verificação de um problema, inicia-se a busca pela sua

solução, promovendo a sensibilização dos atores sociais e a mobilização dos órgãos

parceiros.

Na fase da identificação, ocorre também o exame preliminar da viabilidade da

idéia, que servirá como um indicador para a continuidade ou não do projeto. A viabilidade

deverá ser analisada de acordo com todas as óticas possíveis, isto é, política, em termos de

apoio político suficiente, financeira, em termos de recursos suficientes, ambiental, em

termos de evitar a degradação do meio ambiente, técnica, em termos de capacidade

disponível, etc.

Além disso, é necessário que se considerem as relações existentes no sistema

como um todo, buscando contemplar as influências existentes entre as diversas partes que

o integram.

Esta mesma fase possui ainda o diagnóstico da situação, que poderá ser

desenvolvido através de reuniões de grupos, pesquisa documental, entrevista local, etc.;

contudo, o ideal é que o diagnóstico agregue um conjunto de atividades suficientes para

que o levantamento das informações seja o mais claro e preciso possível.

O diagnóstico irá delinear a formulação das ações, atores envolvidos, objetivos,

resultados e atividades do projeto. Ele deverá identificar e avaliar as ações similares que

possam já ter sido desenvolvidas e também identificar a posição da comunidade local a

respeito da problemática.

Assim, fica evidente a grande importância do diagnóstico para o desenvolvimento

de um projeto social, pois é nesse momento que é feito o reconhecimento da situação

inicial do espaço a ser alterado, ou seja, é realizado o levantamento detalhado das

Page 25: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

12

informações que caracterizam os beneficiários e a situação-problema, e que servirão de

base para as demais fases do projeto.

O Diagnóstico Rural Participativo é instrumento fundamental para o desempenho

do monitoramento participativo, ponto este que será abordado no capítulo 3 (três) deste

trabalho.

A outra fase de um projeto consiste na fase de elaboração, quando são definidos

com mais clareza pontos como os objetivos do projeto, tanto gerais quanto específicos,

resultados imediatos, atividades, são estudadas as alternativas para o projeto, as ações

necessárias para atingir os objetivos, etc.

O objetivo geral normalmente faz parte de um programa setorial mais amplo,

expressando o impacto mais geral; portanto, vai além dos efeitos diretos para os

beneficiários do projeto.

O objetivo do projeto consiste na sua contribuição para que se alcance o objetivo

geral. O objetivo específico está ligado aos efeitos do projeto com os beneficiários diretos

e é referência central para dimensionar seu sucesso ou fracasso.

Além disso, na elaboração, devem ser analisados os fatores que poderão colocar

em risco o sucesso do projeto, e também a forma ou a sistemática com que será feito o

monitoramento e avaliação, inclusive definindo indicadores a serem usados neste processo

e também seu sistema de coleta e registro.

Ainda na fase de elaboração deverá ser feita a montagem do plano operacional,

que consiste em definir especificamente as ações, os responsáveis, os prazos, os resultados

e os recursos necessários; além disso, devem-se determinar os custos do projeto segundo o

cronograma de ativi dades definidos no plano operacional e, por fim, nesta fase, faz-se a

redação formal do projeto.

Page 26: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

13

A terceira fase de um projeto é a da aprovação, isto é, tendo em mãos o

documento formal com todas as informações apontadas nas fases anteriores, parte-se para a

busca da aprovação do projeto junto aos órgãos ou instituições competentes.

Depois de aprovado o projeto, passa-se para a fase de implementação do mesmo,

quando ocorre a prática das ações e atividades estipuladas anteriormente, na busca de

atingir os objetivos e resultados traçados para o projeto, ou seja, parte-se para a ação

concreta junto ao público beneficiário.

A próxima fase pela qual passa um projeto social é a fase de avaliação. Esta fase

ocorre normalmente no encerramento do projeto, mas também pode ocorrer quando este

muda de natureza ou em determinados períodos de tempo. Este período de tempo varia

segundo a natureza e complexidade de cada projeto.

De acordo com o resultado da fase de avaliação, se parte para a última fase que

compõe o ciclo de um projeto, a de replanejamento.

Nesta fase, são revistos pontos do projeto que deverão sofrer algum tipo de

mudança para adequação a alterações ocorridas em uma ou mais variáveis, ou para corrigir

erros identificados, como, por exemplo, os objetivos e as ações do projeto.

Contudo, o que pode ser facilmente percebido na análise das fases que compõem

o desenvolvimento de um projeto é que elas são recorrentes, isto é, uma fase lança mão de

informações identificadas nas anteriores para que possa ser dada continuidade ao

desenvolvimento do projeto.

1.5 Efeitos e Impactos de um Projeto Social

Muitas vezes os efeitos e impactos de um projeto são abordados como se

estivéssemos tratando da mesma coisa, no entanto trata-se de conceitos diferentes. Desta

forma, cabe salientar o que é impacto de um projeto e o que é efeito de um projeto,

Page 27: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

14

ressaltando algumas diferenças que colaboram no esclarecimento da distinção entre estes

dois conceitos.

As diferenças mais marcantes entre os impactos e os efeitos de um projeto social

situam-se basicamente no tempo e no grau de abrangência.

Com relação ao tempo, o que diferencia um efeito de um impacto é o fato de que

os efeitos de um projeto aparecem em um curto espaço de tempo, enquanto os seus

impactos normalmente começam a aparecer após transcorrido um determinado período de

andamento do projeto, ou seja, para que sejam percebidos os impactos do projeto social, é

necessário um espaço de tempo maior que o tempo necessário para a percepção dos seus

efeitos.

No sentido do grau de abrangência, os efeitos estão mais relacionados com os

beneficiários diretos e com pontos específicos, enquanto os impactos consideram os

beneficiários diretos e indiretos e atingem a comunidade em geral, portanto, os impactos de

um projeto social possuem uma abrangência mais ampla que os seus efeitos.

Assim podem-se relacionar impactos a mudanças de longo prazo, que não podem

ser medidas isoladamente, enquanto os efeitos podem ser medidos mais objetivamente, isto

é, os impactos de um projeto são mais profundos. Podem ser entendidos como os

resultados dos seus efeitos.

Page 28: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

15

2 O PROJETO PRORENDA

O processo de modernização da agricultura ocorrido nas últimas décadas trouxe

profundos efeitos para a agricultura familiar gaúcha, pois muitos agricultores não têm

acesso à tecnologia, ficando à margem do processo de desenvolvimento.

Desta forma, vários projetos de desenvolvimento têm sido elaborados no sentido

de alcançar o desenvolvimento local e melhorar as condições de vida dos agricultores

familiares.

Neste capítulo, será apresentado o Programa de Viabilização de Espaços

Econômicos das Populações de Baixa Renda – PRORENDA, no entanto, em função da

amplitude do programa, a análise será mais centrada nos projetos ligados ao Estado do Rio

Grande do Sul, com o projeto PRORENDA Agricultura Familiar, buscando-se trazer

informações de como se deu a implementação, o desenvolvimento do projeto de uma

forma geral, onde ficará explícita a participação dos diversos atores. E, após, será

destacado o seu sistema de monitoramento e avaliação.

2.1 Contexto Geral do PRORENDA no Rio Grande do Sul

A partir da nova política nacional de desenvolvimento rural (PNDR) do Governo

no ano de 1985, após o período militar, surgiram propostas de modificações nas políticas

públicas. Para a agricultura, algumas das propostas foram no sentido de facilitar o acesso à

terra através da reforma agrária, no entanto, não era facilitado o acesso ao crédito e outros

instrumentos tradicionais de fomento à agricultura.

Page 29: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

16

Essas mudanças nas políticas que ocorriam no Brasil, chamaram a atenção do

Ministério Federal de Cooperação Econômica (BMZ) da Alemanha, que acabou por

suscitar diversos contatos e visitas entre o Governo brasileiro e alemão nos anos de 1985 e

1986.

Em fevereiro de 1986, foi acertada a colaboração técnica entre os governos em

áreas prioritárias, como: desenvolvimento rural, fortalecimento das administrações

municipais, proteção do meio ambiente e formação profissional, sendo criada uma

comissão bilateral para que fosse elaborada uma estratégia de cooperação para projetos

integrados, descentralizados e participativos.

Neste contexto, foi criado o PRORENDA, que seria implementado pelos dois

governos e foi sistematizado no documento Marco de Orientação do PRORENDA, onde

foi descrito que cada projeto deveria ter três fases de cinco anos: uma fase-piloto aberta,

quando seriam testados e definidos os procedimentos a serem adotados, uma fase de

expansão e uma fase de consolidação.

No ano seguinte, em 1987, começam a chegar a Brasília as solicitações dos

governos estaduais para implementação de projetos de cooperação técnica e, apesar da

prioridade para o Nordeste, foram escolhidos estados onde os recém-empossados governos

estaduais estivessem dispostos a implementar novas ações voltadas a população de baixa

renda; entre estes, estava o Rio Grande do Sul.

As solicitações feitas pelo Estado contemplavam três áreas-piloto:

1. “área de assentamentos (Santa Rita no município de Santiago e São Pedro no município de Guaíba), com prioridade na integração das famílias recém assentadas no espaço econômico;

2. área litoral norte, com estímulo à produção programada de hortigranjeiros nos municípios de Osório e Torres;

3. área de citricultura, com prioridade na agregação de valor aos citros nos municípios de Montenegro, São Sebastião do Caí, Bom Princípio e Salvador do Sul”. (Brose, 1999).

Em maio de 1988, ao final da visita da missão bilateral que recomendou a

implementação do projeto para o Estado, ocorreu, em Porto Alegre, uma oficina de

Page 30: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

17

planejamento estratégico com o objetivo de definir as linhas mestras do projeto. Nesta

ocasião, foram consideradas as três áreas como subprojetos próprios em função da

diversidade de cada uma das regiões.

Desta forma foi definido o objetivo geral do projeto: “Espaços Econômicos para

os pequenos produtores rurais viabilizados” (Brose, 1999), o que seria atingido através do

alcance dos objetivos dos três subprojetos, que eram, respectivamente:

– “Aumentada a capacidade dos assentados de manter e ampliar sua base de sustentação;

– As associações autogeridas de hortigranjeiros contribuem à viabilização do espaço econômico dos pequenos produtores no litoral norte;

– Propiciadas condições de crescimento da renda do pequeno e médio citricultor do Vale do Caí” (Brose, 1999).

Contudo, já em julho desse mesmo ano, o departamento regional da GTZ unificou

o planejamento das 3 (três) áreas-piloto em uma Matriz de Planejamento do Projeto (MPP)

onde se tem o seguinte: como objetivo superior, “As condições de vida das pequenas

propriedades rurais estão melhoradas”; como objetivo do projeto, “foram iniciados

processos para a melhoria sustentável da qualidade de vida dos pequenos agricultores no

RS, com base na mobilização de seu potencial de autogestão e mínima intervenção

estatal”; como resultados previstos, foram definidos os seguintes:

– “os grupos beneficiários estão organizados; – a cooperação entre o Governo Estadual, as Prefeituras e ONGs fortalece o

atendimento dos interesses articulados pelos grupos beneficiários; – acesso dos grupos a capital e assistência técnica adequada possibilita o

incremento da produção agrícola; – canais de comercialização foram estabilizados; – a infra-estrututra produtiva e social demandada pelos grupos foi alocada; – a integração entre as instituições envolvidas foi garantida”. (Brose,

1999).

No entanto, devido a burocracias e negociações entre os dois países participantes,

houve um intervalo desde meados de 1988 até início de 1990, quando foi assinado o Ajuste

Complementar formalizando a implementação do projeto e, portanto, iniciando a fase

piloto.

Page 31: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

18

Assim, em março de 1990, chega ao País a primeira equipe da Sociedade Alemã

de Cooperação Técnica (GTZ) vinda da Alemanha para auxiliar a Secretaria da Agricultura

e do Abastecimento do Rio Grande do Sul (SAA), formando uma equipe de

aproximadamente 30 (trinta) pessoas trabalhando no projeto, sendo 20 (vinte) técnicos da

SAA, desses 14 (quatorze) extensionistas, 3 (três) consultores da GTZ e mais 4 (quatro)

consultores contratados pela GTZ.

Os recursos necessários para o projeto viriam principalmente do Governo do

Estado e da GTZ.

O início das atividades de forma mais direta com a população aconteceu com

diversas visitas nas áreas-piloto, proporcionando o conhecimento da situação das famílias

rurais por parte da equipe e auxiliando sobre a direção do projeto, ou seja, nesse momento

era feito o diagnóstico da situação atual.

“Na concepção do projeto parte-se da premissa de que as famílias rurais é que são responsáveis pela melhoria da sua qualidade de vida, e espera-se que essas passem de uma situação atual indesejada, para uma situação futura desejada (...) a equipe do projeto tem como principal função apoiar este processo” (Brose, 1999).

Para a discussão com as famílias rurais, um dos elementos utilizados pela equipe

para provocar a reflexão foi a seqüência das quatro perguntas:

1. “Como foi no passado, como é hoje, e quais as chances e perspectivas para o futuro?

2. O que deve ser mudado, o que pode ser mudado e por quais atividades? 3. Quem poderia ajudar nas atividades para mudar? 4. O que poderia ser feito pelos próprios produtores para mudar a situação?”

(Brose, 1999).

Até medos de 1991, durante a primeira etapa do projeto, foram formados 18

(dezoito) grupos comunitários envolvendo 288 (duzentos e o itenta e oito) famílias, sendo 6

(seis) grupos no município de Harmonia, 6 (seis) no assentamento Santa Rita, em Santiago,

e seis grupos na área litoral norte.

Page 32: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

19

Os grupos e as equipes tiveram diversas discussões culminando em um plano de

ação para cada grupo, construído através da colaboração das famílias participantes.

Além disso, foi criado o sinal de confiança. Este consistia em um convênio

produzido com cada grupo onde cada família dos grupos recebeu um determinado valor a

fundo perdido para a criação de um fundo de caixa grupal. Este fundo seria utilizado para

financiar as primeiras ações conjuntas.

Foi também estimulada a mobilização de capital próprio das famílias a ser

administrado coletivamente.

Os grupos que já se encontravam em atividade foram estimulados a formarem um

Fórum de Discussão dos Coordenadores de Grupos, conhecido como Grupão. Este Fórum

posteriormente passou a ser de abrangência municipal, congregando coordenadores de

grupos de um mesmo município.

Os primeiros resultados práticos da equipe foram sistematizados na oficina de

planejamento estratégico participativo ocorrido em julho de 1991 em Xangrilá. Nesta

ocasião, foram apresentados os principais objetivos do projeto, que eram: otimização da

pequena propriedade, fortalecimento da capacidade de autogestão, organização e

articulação em formas associativas e apoio institucional dos governos estadual e municipal

e das comunidades.

Outrossim, foram apontadas orientações para as ações no projeto; entre elas,

estava que a base para as atividades estava principalmente nas decisões dos agricultores e

inseridas em um processo de mudanças, o que reforça a importância da participação dos

agricultores no projeto.

Ainda ocorreu nesta oficina a revisão dos objetivos e resultados esperados do

projeto que, conforme descrito por Brose (1999), ficaram colocados da seguinte forma:

Como objetivo superior: “melhoradas as condições de vida dos pequenos

produtores rurais do Rio Grande do Sul”.

Page 33: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

20

Como objetivo do projeto: “introduzidos no estado do RS processos suscetíveis

de melhorar de maneira estável as condições de vida das famílias de pequenos produtores

rurais, na base da mobilização de seu potencial de auto-ajuda e de um mínimo de

intervenção estatal”.

Como resultados esperados:

1. “Grupos organizados e atuantes em comunidades selecionadas; 2. Desenvolvidos e avaliados métodos, procedimentos e instrumentos que

possibilitem: – a organização da população alvo; – a negociação dos grupos organizados com o Estado e ONGs; – acesso destes grupos ao capital, mercados, fontes de

informação, infra-estrutura física e de produção, serviços sociais, assistência técnica, pesquisa e extensão rural.

3. Criados fundos de créditos rotativos, que são operados com base nas decisões dos grupos organizados;

4. Encaminhada a integração das metodologias utilizadas nas instituições; 5. Criados conselhos com funções deliberativas e consultivas compostos de

representantes das organizações dos grupos, bem como das organizações governamentais e não-governamnetais;

6. Gerenciamento do projeto implantado e funcionando” (Brose, 1999).

Em 1992, foi efetuada uma sistematização dos procedimentos das atividades de

formação e acompanhamento dos grupos, chamada de Método dos 10 (dez) Passos.

Esse método consiste em uma seqüência de passos desenvolvidos seguindo dois

eixos. Em um dos eixos estavam as Equipes Municipais e, no outro, os Grupos de

Agricultores. O seu funcionamento é o seguinte: um dos atores realiza uma ação que é

recebida ou captada pelo outro ator que se encontra no outro eixo. Este, através de coleta

de informações, discussões, etc., analisa a ação e toma uma decisão que também é recebida

ou captada pelo primeiro ator, que, por sua vez, também analisa, decide e manda a

informação, e assim ocorre sucessivamente, aprimorando as informações e consolidando a

relação entre os atores passo a passo, através de um processo de ação e reação.

Os dez passos podem ser divididos em 3 (três) segmentos principais segundo as

decisões que devem ser tomadas em cada um deles: os passos 1 (um) a 5 (cinco) são

relacionados ao conhecimento do processo por parte dos agricultores e para firmar

confiança mútua. Sua decisão refere-se a querer continuar no processo de mudança.

Page 34: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

21

O segundo segmento inicia no passo 6 (seis), quando as decisões são a respeito de

definir prioridades e objetivos.

O outro segmento, que parte do passo 8 (oito), refere-se às decisões sobre as ações

e atividades dos grupos, parcerias e cronograma de execução.

Através do método dos 10 (dez) passos, “a equipe dispunha de um instrumental

participativo padronizado de diálogo entre as famílias rurais e os técnicos” (Brose, 1999),

ou seja, a partir deste método, os agricultores deverão ter desenvolvido capacidade de troca

de idéias, trabalho em grupos com tomadas de decisões, entre outras habilidades.

A partir de 1991, após a oficina de planejamento, até abril de 1993, a equipe

estadual proporcionou programas de capacitação para aproximadamente 170 (cento e

setenta) técnicos e agricultores envolvidos no projeto em técnicas de trabalho participativo

em grupo e técnicas de moderação e visualização móvel; além disso, foram formados mais

11 (onze) grupos com a aplicação do método dos 10 (dez) passos.

“Os conceitos de descentralização, integração e participação foram definidos como elementos chaves do projeto, tendo sido também desenvolvidas atividades de caráter produtivo” (Brose, 1999).

Em abril de 1993, ocorre, no município de Veranópolis, a oficina de planejamento

participativo para sistematização da segunda fase do plano-piloto que foi encerrada neste

período, e para a elaboração do planejamento da terceira etapa a ser concluída em junho de

1994.

Durante os próximos 14 meses, começou a se firmar a idéia de regionalização das

atividades, uma vez que, a partir dos municípios-piloto, foi gerado interesse de

participação por parte de comunidades vizinhas, como, por exemplo, a ampliação do

trabalho desenvolvido em Santiago para ao município de Jaguari. Além disso, a UNIJUÍ

mostrou-se interessada em implantar a experiência do projeto no noroeste do Estado.

Page 35: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

22

Por outro lado, nos anos de 1993 e 1994, ocorreu a diminuição dos consultores da

GTZ, chegando-se ao final de 1995 com apenas 1 (um) consultor externo na equipe. Foram

criados grupos orientadores, que eram compostos por lideranças das entidades que atuavam

no meio rural. Sua intenção era integrá-las e auxiliar, orientando o trabalho das equipes

municipais.

Foi criado também um Grupo Orientador Estadual, integrado pelo Secretário

Estadual da Agricultura, pelo Reitor da UNIJUÍ, por ONGs, lideranças dos agricultores,

entre outros atores, com a tarefa principal de orientar as ações do projeto, deliberar sobre

as propostas da equipe estadual e encaminhar articulações com outros atores sociais.

No entanto, por diversas razões, este grupo orientador foi desfeito e suas funções

transferidas aos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural já existentes na maioria

dos municípios.

Em função de divergências internas a respeito do enfoque do projeto, foi acordada

uma fase intermediária de junho de 1994 ao final de 1995. Contudo, com a renovação da

equipe em início de 1996, foi alterado o enfoque do associativismo do projeto para um

enfoque de desenvolvimento dos espaços econômicos. Além disso, foi também introduzido

um componente de políticas públicas ao lado do componente de organização comunitária.

Encerradas as fases-piloto, em junho de 1994, e intermediária, em dezembro de

1995, ocorreu, em outubro de 1995, em Imbé, uma oficina de planejamento estratégico,

onde se fez a sistematização e avaliação das experiências e o planejamento da fase da

expansão do projeto.

Nesta oficina, foi utilizado o Método de Planejamento de Projeto Orientado por

Objetivos (Método ZOOP), originando uma Matriz de Planejamento do Projeto (MPP).

Esta matriz é composta por diversos itens, como: as estratégias previstas para o projeto,

objetivo superior e do projeto, atividades, resultados, pressupostos, etc. É através dela que

se define a estrutura do Marco Lógico formado por 4 (quatro) linhas e 6 (seis) colunas.

Page 36: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

23

No método ZOOP, como pode ser percebido, os objetivos e resultados são

colocados como uma situação já alcançada com a finalidade de tornar mais claro o que é

objetivo e o que é atividade no projeto. Além disso, foram definidos um objetivo superior e

objetivos para o projeto. Estes últimos seriam a “ponte” para que se conseguisse alcançar o

objetivo superior, isto é, a contribuição de cada projeto para o alcance do objetivo superior.

Na ocasião ficou acertado que uma das prioridades seria permitir aos municípios

buscar o desenvolvimento baseado na agricultura familiar. Foi discutida, ainda, a

importância da participação das escolas no projeto.

Os principais resultados identificados pelos agricultores desta primeira fase foram

os seguintes:

1. “Agricultor perde a vergonha de ser colono e começa a assumir mais sua cidadania, atuando mais ativamente nas esferas políticas e no espaço econômico;

2. A metodologia participativa facilita a união das famílias, aumenta seu poder de barganha, e o sucesso de um grupo incentiva a criação de outros.

3. Trabalho em grupo permite às famílias melhor acesso à informação, novas técnicas, novas fontes de recursos e cria demanda por uma nova assistência técnica”. (Brose, 1999)

Até 1995, havia mais de 50 (cinqüenta) grupos formados, envolvendo

aproximadamente 900 (novecentos) famílias em 9 (nove) cidades.

Ainda nessa oficina de planejamento, foram rearranjados os objetivos do projeto,

ficando colocados da seguinte forma:

“Objetivo Superior: As condições de vida das propriedades familiares do Rio Grande do Sul estão melhoradas. Objetivo do Projeto: Foram consolidados e expandidos no Rio Grande do Sul processos de transformação para a melhoria sustentável das condições de vida das famílias de agricultores com base na mobilização do seu potencial de auto-ajuda e no apoio complementar de parte de organizações governamentais e não-governamentais. Resultados: – Agricultores familiares organizados utilizando seus potenciais, participam

pró-ativamente do desenvolvimento do RS. – As organizações locais e regionais, de forma integrada e complementar,

apóiam o processo de mudança e adaptam seus serviços. – As instâncias políticas e administrativas direcionam, de forma integrada,

suas ações para uma agricultura familiar sustentável” (Brose,1999).

Page 37: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

24

Nessa fase, foi reforçada a equipe técnica da SAA com a contratação de 4 (quatro)

profissionais e mais 2 (dois) novos consultores da GTZ. Melhorou-se a gestão do projeto

com a implementação de instrumentos de monitoria e avaliação através de reuniões de

avaliação participativa trimestrais com todas as equipes municipais.

Em meados de 1996, passou-se a subdividir os resultados, e a hierarquia dos

objetivos é novamente rearranjada, ficando como segue:

“Objetivo Superior: As condições de vida nas unidades familiares de produção no Rio Grande do Sul estão melhoradas. Objetivo do Projeto: Foram expandidos e consolidados no Rio Grande do Sul processos de transformação para a melhoria sustentável das condições de vida dos agricultores/ras familiares, com base na mobilização do seu potencial de auto-ajuda e no apoio complementar das organizações governamentais e não-governamentais. Resultados: 1. Grupos de agricultores/ras estão organizados, percebem e defendem seus

interesses, responsabilizando-se pelo pleno exercício da cidadania. 2. Projetos descentralizados são implementados conjuntamente por grupos de

agricultores/ras, equipes municipais e conselhos municipais. 3. Foram criados fundos que são utilizados com base nas decisões dos grupos. 4. As organizações locais e regionais apóiam o processo de mudança e

adaptam seus serviços. 5. Os atores do projeto estão profissionalizados e capacitados nos seus papéis

específicos. 6. conselho PRORENDA foi criado e está atuando. 7. A equipe estadual assegura o funcionamento e monitoramento do projeto”.

(Brose, 1999)

A partir de 1996, a equipe percebeu que não bastava a organização das famílias

rurais, o fortalecimento de sua capacidade na tomada de decisões e de desempenho de

atividades conjuntas. Era preciso trabalhar também as restrições socioeconômicas, no

sentido de i mplementar políticas a favor da agricultura familiar, fazendo com que surgisse,

assim, a metodologia do Planejamento Municipal Participativo, com a intenção de facilitar

a integração e articulação das instituições com as lideranças comunitárias.

O potencial de ampliação do projeto fez com que o conceito de projeto

descentralizado, que era aplicado regionalmente, passasse a ser aplicado para cada

município participante. Estes teriam cada um, um projeto municipal de desenvolvimento

rural, contendo, entre outros elementos, grupos formais ou informais das famílias nas

Page 38: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

25

comunidades, fórum de coordenadores de grupo, equipe municipal de desenvolvimento

rural e conselho municipal de desenvolvimento.

Além disso, a partir de 1997, a coordenação do projeto estimulou a criação de

conselhos regionais. Isto acabou por acontecer em 1998 através de convênios com 7 (sete)

COREDES ( Conselho Regional de Desenvolvimento) para a instalação de coordenações

regionais com a metodologia do PRORENDA. Isso culminou com a integração de mais

municípios ao projeto, elevando a quantidade de grupos e famílias integradas ao projeto,

conforme demostrado nos quadros abaixo:

QUADRO 1 - Evolução do número de municípios participantes do projeto

Ano Número de Municípios Variação Percentual

1991 8

1995 11 38%

1998 52 372%

Fonte: Brose (1999).

O que pode ser percebido através dos quadros apresentados é que ocorreu um

grande aumento da participação das comunidades no projeto.

O quadro 1 (um) demostra que houve um grande aumento da quantidade de

municípios que participam do projeto, principalmente a partir de 1995 com a fase de

expansão, chegando a 52 (cinqüenta e dois) municípios em 1998.

QUADRO 2 - Evolução do número de grupos comunitários participantes do projeto

Ano Número de Grupos Variação Percentual

1991 018

1995 051 183%

1998 261 412%

Fonte: Brose (1999).

Page 39: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

26

O quadro 2 (dois) demostra o aumento da quantidade de grupos comunitários

participantes do projeto. O dado traduz a evolução da capacidade de organização das

famílias que participam através da formação desses grupos.

QUADRO 3 - Evolução do número de famílias participantes do projeto

Ano Número de Famílias Variação Percentual

1991 288

1995 820 185%

1998 4711 475%

Fonte: Brose (1999)

O quadro 3 (três) expressa a aceitação e credibilidade conquistadas pelo projeto

junto às famílias rurais, o que aumentou sua participação significativamente.

2.2 O Sistema de Monitoramento e Avaliação do PRORENDA

O principal ponto a ser esboçado para o entendimento de como se deu o

monitoramento e avaliação do projeto PRORENDA no Estado são os indicadores usados

no processo, pois com base neles, foram coletadas e analisadas informações que

demostrassem o andamento e os resultados obtidos com o projeto.

Abaixo, então, são destacados os indicadores do projeto utilizados para a coleta de

dados para monitoria.

• Indicadores de recursos disponibilizados:

– alocação de recursos financeiros por entidade;

– gasto total por município;

– total de técnico/mês disponível na equipe estadual;

– total de técnico/mês disponível em cada município;

– total de técnico/mês disponível nas coordenações regionais;

– infra-estrutura disponível.

Page 40: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

27

• Indicadores de serviços e produtos:

– articulação na formulação e acompanhamento dos projetos municipais;

– articulação na formulação e acompanhamento das coordenações regionais;

– formação de fundos comunitários;

– aperfeiçoamento metodológico;

– articulação entre atores políticos;

– estímulo à disseminação de informações;

– cursos, oficinas e visitas técnicas.

• Indicadores de efeito:

– número de grupos que continuam ativos após três anos;

– número de grupos que atingem autonomia nas ações;

– manutenção dos fundos comunitários com aumento do capital;

– continuidade nas negociações entre grupos;

– novas posturas dos agricultores e dos técnicos;

– funcionamento dos conselhos como fóruns de discussão após três anos.

• Indicadores de impacto:

– maior visibilidade política dos interesses da agricultura familiar;

– diversificação das fontes de renda das famílias;

– maior profissionalismo na condução das prioridades;

– inserção dos produtos das unidades familiares no mercado;

– maior facilidade no acesso das famílias a financiamentos;

– formação de patrimônio conjunto nos grupos.

Por outro lado, para t ornar a avaliação do grau de autogestão dos grupos, por parte

da equipe municipal, mais objetiva, foram definidas 6 (seis) fases contendo indicadores,

acumulados a cada fase, para o enquadramento dos grupos, conforme quadro abaixo:

Page 41: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

28

QUADRO 4 - Indicadores e fases da situação dos grupos

Fases Situação dos Grupos de Agricultores Indicadores

Fase 00 Desativado

Grupo desativado.

Fase 01 Inicial

Grupo em formação com acompanhamento próximo da equipe municipal.

– Conhecimento sobre o projeto. – Participação ativa de todas as famílias.

Fase 02 Estruturação

Grupo unido, definindo seus objetivos, com lideranças em fortalecimento e acompanhamento próximo da equipe municipal.

– Conhecimento sobre o projeto. – Participação ativa de todas as famílias. – Manutenção de procedimentos

administrativos. – Fortalecimento da ajuda mútua.

Fase 03 Negociação

Grupo definiu primeiro plano de ação, iniciando articulações com demais atores, realizando os primeiros investimentos conjuntos, com acompanhamento técnico da equipe municipal.

– Conhecimento sobre o projeto. – Participação ativa de todas as famílias. – Manutenção de procedimentos

administrativos. – Fortalecimento da ajuda mútua. – Gerenciamento conjunto de recursos

financeiros. – Interação com outros atores, novas

responsabilidades.

Fase 04 Consolidação

Grupo assumindo novas responsabilidades, mobilizando novos recursos, lideranças mais confiantes e com iniciativas próprias, com acompanhamento da equipe municipal mais focalizado.

– Conhecimento sobre o projeto. – Participação ativa de todas as famílias. – Manutenção de procedimentos

administrativos. – Fortalecimento da ajuda mútua. – Gerenciamento conjunto de recursos

financeiros. – Interação com outros atores, novas

responsabilidades. – Planejamento, execução e avaliação

conjunta. – Formação de novas lideranças.

Fase 05 Autonomia

Grupo com atuação autônoma, com iniciativas próprias, lideranças atuantes, negociação rotineira com outros atores e com menor assessoria da equipe municipal.

– Conhecimento sobre o projeto. – Participação ativa de todas as famílias. – Manutenção de procedimentos

administrativos. – Fortalecimento da ajuda mútua. – Gerenciamento conjunto de recursos

financeiros. – Interação com outros atores, novas

responsabilidades. – Planejamento, execução e avaliação

conjunta. – Formação de novas lideranças. – Gerenciamento de patrimônio conjunto.

Fonte: Brose (1999).

Page 42: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

29

Diante destas fases, fica evidente que a fase ideal que os grupos deveriam alcançar

com o auxílio das equipes municipais seria a fase 05 (cinco); no entanto, o que se percebeu

é que a maioria dos grupos atingiram apenas a fase 03 (três).

Todavia, os indicadores ainda foram mais detalhados através de descritores.

Estes concitem nos diversos parâmetros utilizados para a definição de um

indicador.

No caso dos nove indicadores acima, os descritores foram os seguintes:

INDICADOR 1: Conhecimento sobre o projeto.

• Descritores:

– os agricultores conhecem os objetivos do projeto;

– os agricultores entendem a estrutura do projeto;

– os agricultores conhecem o método dos 10 passos;

– os agricultores conhecem a atuação do projeto no município;

– os agricultores conhecem o enfoque participativo de trabalho em grupo.

INDICADOR 2: Participação ativa de todas as famílias.

• Descritores:

– todas as famílias estão presentes nas reuniões do grupo;

– a maioria dos presentes participa ativamente das discussões e expressa

suas opiniões;

– a família como um todo está envolvida com os trabalhos do grupo;

– as decisões são tomadas de forma coletiva.

INDICADOR 3: Manutenção de procedimentos administrativos.

• Descritores:

– o grupo possui regras internas que são respeitadas;

– em toda reunião é elaborada uma ata que é guardada adequadamente;

– a contabilidade do caixa está atualizada, e é feita adequadamente;

– o grupo se reúne regularmente.

Page 43: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

30

INDICADOR 4: Fortalecimento da ajuda mútua.

• Descritores:

– as atividades do grupo são assumidas ativamente pela maioria dos

integrantes do grupo;

– o grupo tem regras de compensação por serviços prestados ao grupo, ou

para poder liberar pessoas para as atividades no projeto;

– as famílias praticam troca de serviços em atividades produtivas;

– as famílias conhecem e praticam formas de mutirão.

INDICADOR 5: Gerenciamento conjunto de recursos financeiros.

• Descritores:

– o grupo investe regularmente o valor do fundo comunitário;

– o valor do fundo comunitário vem aumentando;

– o grupo tem capacidade para gerenciar finanças em atividades conjuntas;

– o grupo está mobilizando e investindo produtivamente recursos cada vez

maiores.

INDICADOR 6: Interação com outros atores, novas responsabilidades.

• Descritores:

– o grupo procura divulgar seu trabalho;

– existe interação com outros grupos no município;

– membros do grupo participam ativamente em fóruns relevantes para a

agricultura familiar;

– o grupo interage ativamente com a Administração Pública;

– o grupo interage ativamente com entidades financeiras.

INDICADOR 7: Planejamento, execução e avaliação de atividades

conjuntamente. • Descritores:

– o grupo planeja e avalia regularmente suas atividades;

– o grupo executa a maioria das ações decididas coletivamente;

– o grupo efetua compras em conjunto;

– o grupo vem obtendo melhores preços pelos produtos;

– o grupo vem obtendo melhorias na infra-estrutura local.

Page 44: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

31

INDICADOR 8: Formação de novas lideranças.

• Descritor:

– a diretoria do grupo é renovada regularmente;

– a diretoria do grupo é representativa e respeitada;

– a diretoria do grupo é ativa e capaz de gerenciar as atividades do grupo;

– as lideranças do grupo são ativas em outros grupos e entidades.

INDICADOR 9: Gerenciamento conjunto do patrimônio.

• Descritores:

– os investimentos maiores são conjuntos, formando patrimônio grupal;

– o patrimônio grupal é administrado adequadamente;

– a contabilidade do patrimônio é atualizada e coerente.

Desta forma, poderão, de acordo com as observações e coletas de dados, ser

atribuídas diferentes notas para cada descritor, atingindo uma avaliação mais objetiva.

Contudo, apesar de todos os indicadores serem fundamentais para o processo,

nem todos possuem o mesmo grau de importância no projeto; por isso, definiu-se uma

ponderação para os diferentes indicadores, estipulando diferentes pesos. Assim, ficaram

com peso 1 (um)os indicadores 1 (um); 4 (quatro); 5 (cinco); 8 (oito) e 9 (nove), e com

peso 2 (dois), os indicadores 2 (dois); 3 (três); 6 (seis) e 7 (sete).

Através deste somatório de informações, foram constituídos formulários de

monitoria e avaliação onde os encarregados preenchiam os valores correspondentes para

cada descritor, chegando-se, assim, à pontuação do grupo.

Isso permitia a comparação entre os diferentes grupos, identificando em que

patamar de desenvolvimento encontram-se dentro do projeto.

Os mesmos indicadores e descritores foram utilizados pelos grupos para se auto-

avaliarem e para que os grupos avaliassem o projeto. A sistemática muda apenas porque,

neste caso, os formulários são um pouco diferenciados, pois as escalas numéricas são

Page 45: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

32

substituídas por sinais positivos e negativos. Contudo, o grupo tinha a possibilidade de,

caso fosse necessário, aumentar a quantidade de indicadores e descritores, pois poderia

acontecer de algum evento não estar sendo monitorado com os indicadores existentes.

Com relação à monitoria interna do projeto, a coleta de dados foi baseada em três

princípios:

1. Os grupos de agricultores/ras são responsáveis pelo registro das principais

informações sobre suas atividades;

2. Na equipe municipal é mantido um registro acerca de cada grupo;

3. Uma sistemática de relatórios elaborados por cada ator em intervalos fixos

descreve a dinâmica das mudanças que estão ocorrendo.

Portanto, para o monitoramento e avaliação do PRORENDA, os instrumentos de

registros e análise utilizados foram relatórios e fichas de acompanhamento e avaliação

baseados nos indicadores. Nelas são colocadas informações detalhadas a respeito das

atividades, ações, dados financeiros, resultados percebidos, além dos dados de

indentificação e localização dos grupos participantes, isso tudo, de acordo com a visão dos

grupos e das equipes.

As informações são coletadas através das reuniões realizadas pelos grupos e

também pelas equipes municipais. Estas, a partir das fichas de acompanhamento dos

grupos, mantêm também uma ficha de acompanhamento do projeto que é enviada

regularmente à equipe estadual. Ao final do semestre, a equipe estadual elabora o relatório

de monitoria do projeto, baseado nas informações das equipes municipais e das

coordenações.

Page 46: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

33

3 O MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

De uma forma geral, o processo de monitoramento e avaliação de um projeto

consiste em procedimentos de análise e acompanhamento das ações e resultados ligados ao

projeto.

Este processo, em última análise serve para definir um possível redirecionamento

do projeto ou ainda para confirmar se foram atingidos os objetivos anteriormente

determinados.

“Um projeto necessita de procedimentos de coleta e sistematização de dados e informações que não apenas subsidie o gerenciamento (uso interno), como também permita a comunicação e negociação com outros atores ( uso externo)” (Brose, 1999).

Sendo assim, pode-se dizer que qualquer projeto, por melhor elaborado que possa

ser, necessita de um bom sistema de monitoramento e avaliação, pois nesse momento são

levantadas e analisadas informações importantes que podem definir o fracasso ou o sucesso

de um projeto.

No entanto, muitas vezes se confunde o que é o monitoramento e o que é a

avaliação, então, cabe ressaltar algumas das principais características que diferenciam o

monitoramento da avaliação.

Uma das diferenças entre o monitoramento e a avaliação é o fato de que, no

monitoramento, a quantidade de observações e coleta de dados é significativamente maior

que no caso de uma avaliação, isto é, enquanto a avaliação é executada esporadicamente, o

monitoramento é uma atividade executada com uma freqüência bem maior.

Page 47: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

34

Outra característica que evidencia a diferença entre o monitoramento e a avaliação

está relacionado aos resultados de cada uma destas atividades, pois o monitoramento

procura buscar informações, coletar dados, observar as ações e verificar se os atores sociais

estão desempenhando suas atividades conforme foi determinado no projeto.

No caso da avaliação, todos esses dados e informações servirão de base para que

se possa determinar a eficiência do projeto, pois sua principal preocupação é a

determinação da capacidade do projeto na geração das mudanças planejadas, enquanto o

monitoramento tem a preocupação do levantamento de dados e informações.

3.1 Os Indicadores de Monitoramento e Avaliação

Conforme descrito por Armani, “os indicadores são os padrões ou sinais que nos

indicam se alcançamos nossos propósitos” (Armani , 2000), isto é, são instrumentos

utilizados para medição do alcance de determinadas metas ou objetivos. De uma forma

geral, ele visualiza a qualidade, a quantidade, a direção e a forma das mudanças de um

parâmetro definido no planejamento do projeto.

Deste modo, os indicadores devem fazer parte de qualquer sistema de

monitoramento e avaliação, pois eles configuram importantes ferramentas utilizadas para

que esta tarefa seja desempenhada de forma satisfatória.

Inicialmente cabe destacar que, em função da diversidade de projetos e seus

objetivos, torna-se difícil a elaboração de uma única seqüência de indicadores que possam

ser usados em todos os projetos, já que um indicador poderá ser altamente eficiente para o

levantamento de uma informação em um tipo de projeto, ou em um determinado local, ou

talvez para um tipo específico de público e, no entanto, poderá mostrar-se incapaz de

mostrar a mesma informação de forma eficiente se mudarmos uma ou mais variáveis do

projeto.

Page 48: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

35

A seleção de indicadores é um dos passos mais difíceis na construção do projeto,

porque, nos casos de participação de diferentes atores, com realidades e racionalidades

diferentes, esta é uma das etapas em que surgem as diversas necessidades e expectativas

dos atores em relação ao projeto.

Contudo, os indicadores devem ser adequados às características das informações

de que se deseja ter conhecimento; assim, de forma geral, deverão caracterizar-se por

serem válidos, mensuráveis, verificáveis, oportunos, sensíveis, pontuais, etc. Além disso,

sua construção deverá ser feita desde o início do projeto, já no seu planejamento, quando

deverão ser explicitadas informações como o método que será utilizado para a coleta de

dados, a fonte dos dados, etc.

Outro ponto a ser destacado na escolha de indicadores para o monitoramento e

avaliação é que estes devem ser combinados, principalmente quando se fala de indicadores

qualitativos, porque, certos tipos de mudanças são difíceis de serem mensuradas, e deste

modo, a correlação de diversos indicadores poderá auxiliar no levantamento da informação

de forma mais eficaz, no sentido de que um indicador complemente a informação obtida

por outro. Desta forma convém a utilização de uma determinada quantidade de indicadores

que proporcionem a medição da variável da forma mais correta possível.

No entanto, deve -se ter o cuidado de que, durante a construção dos indicadores,

esta tarefa seja executada considerando o sistema como um todo, isto é, devem-se levar em

conta as relações existentes da variável analisada com as demais, pois um descuido deste

tipo poderia levar a se dar uma importância equivocada para o resultado de um

determinado indicador.

Assim sendo, fica evidente a necessidade de definirmos variáveis importantes

para o projeto com bastante clareza, uma vez que, através delas, poderá ser definido quais

são os indicadores mais apropriados para o monitoramento e avaliação do projeto.

Muitas vezes o indicador traduz conceitos abstratos em grandezas mensuráveis,

possibilitando que, durante a monitoria e avaliação, seja possível medir qualitativamente a

variável.

Page 49: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

36

O objetivo de um indicador de monitoria e avaliação é que ele explique uma parte

da variação global da situação que está sendo mudada, no sentido de que a soma dos

indicadores explique a totalidade, ou quase, da mudança ocorrida.

Assim, de modo geral, para o sistema de monitoria e avaliação, pode-se dizer que

são necessários indicadores de impacto, indicadores de efeito, indicadores operacionais e

indicadores de desempenho, podendo ser quantitativos, que expressam grandezas

quantificáveis, ou qualitativos, que expressam grandezas que não podem ser traduzidas em

números. Esses são registrados através de descrições/interpretações.

Os indicadores de impacto devem determinar o grau de alcance dos fins últimos

do projeto, geralmente estão ligados ao objetivo superior do projeto e aos planejamentos

mais amplos, dentro dos quais os projetos estão inseridos.

Os indicadores de efeito expressam o grau de alcance dos efeitos do projeto;

assim sendo, estão mais relacionados aos objetivos específicos definidos para o projeto.

Os indicadores operacionais quantificam e explicitam os investimentos

disponíveis no projeto para a realização das atividades, sejam eles humanos, financeiros,

técnicos, ambientais, etc.

Por fim, os indicadores de desempenho demostram os produtos e serviços

alcançados no projeto.

Contudo, qualquer que seja o indicador, deve ser compatível com o objetivo geral,

com o objetivo específico e com as atividades do projeto.

Page 50: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

37

3.2 O Monitoramento

O monitoramento de um projeto é a atividade regular e sistemática de observar

ações e coletar informações a respeito da execução de um projeto de modo a identificar

possíveis desvios das ações programadas e colaborar para o momento de avaliação e

posterior tomada de decisões.

“O monitoramento existe essencialmente para dar suporte à tomada de decisão e ao planejamento, fornecendo informações a respeito de tendências e mudanças, sobre o que está funcionando ou como as atividades podem ser melhor ajustadas” (Abbot, 1999)

Desta forma, o monitoramento de um projeto tem importante papel no seu

desenvolvimento, visto que, para que se tenha uma avaliação eficiente, é necessário que,

durante o monitoramento, sejam coletadas informações relevantes, como, por exemplo:

informações sobre as ações, sobre os impactos e efeitos no meio e nos participantes, sobre

o alcance das metas, sobre os recursos empregados, sobre os aspectos facilitadores e

limitadores, entre outros relacionadas ao projeto.

Por isso, pode-se dizer que o monitoramento não é um fim em si, mas sim um

meio para se atingir uma finalidade, ou seja, através das observações e informações

coletadas é feita a avaliação para que, de uma forma geral, se tenha conhecimento dos

efeitos e impactos do projeto.

3.2.1 Aspectos Principais de um Sistema de Monitoramento

Existem diversos sistemas de monitoramento, cada qual com características

próprias. No entanto, para que se atinja um bom desempenho do monitoramento do

projeto, é necessário que este seja planejado, definindo previamente os indicadores a serem

usados, quais os dados e informações que deverão ser coletados, além da fonte da

Page 51: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

38

informação, a fim de não se coletarem informações irrelevantes para o bom desempenho

do projeto e que não serão utilizadas. Isso se traduziria em um desperdício de recursos.

Assim, podem-se definir alguns elementos que são comuns em grande parte dos

sistemas de monitoramento, e deverão fazer parte destes sistemas para que sejam

executados da forma mais satisfatória possíve l. Entre esses elementos, pode-se destacar:

a) “objetivos claros (...) uma vez que o monitoramento requer a avaliação regular de uma característica específica para detectar mudanças, é necessário que esteja claro quais aspectos de mudança estão sendo avaliados;

Ou seja, metas e objetivos ineficientemente definidos para o projeto, poderão

ocasionar um monitoramento também ineficiente; no entanto, é necessário que se tenha um

equilíbrio no sentido de estipular metas possíveis de serem atingidas.

b) indicadores (ou padrões): são características que ajudam a conseguir respostas concisas em relação à questão que está sendo monitorada: (...);

c) método (muitas vezes uma combinação de vários deles) que permitem a medição /observação dos indicadores escolhidos. É preciso encontrar métodos que permitam medir ou avaliar, registrar, analisar e difundir aquilo que se descobriu;

d) uma determinada freqüência de medições. A freqüência deve ser grande o bastante para permitir a identificação de tendências significativas, mas deve também ser a menor possível para evitar uma carga de trabalho excessiva;

e) reflexão crítica permanente a respeito da metodologia de monitoramento, para assegurar a adequação de objetivos, indicadores, método e freqüência de medição/observação;

f) análise de dados de monitoramento para investigar as tendências existentes e decidir os próximos passos a serem tomados ( planejamento, avaliação, ajuste da implementação,etc.);

g) reatualização da informação obtida através do monitoramento para o planejamento, avaliação de projetos e/ou decisões concernentes a políticas (Abbot, 1999).

Assim, para tornar o monitoramento um instrumento útil para o desenvolvimento

de um projeto, devem ser observados alguns pressupostos a serem constituídos para o bom

desempenho desta atividade.

Page 52: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

39

3.2.2 O Monitoramento Participativo

A participação é o efetivo envolvimento dos diversos atores nas diferentes etapas

do projeto. No monitoramento, a participação dos atores locais pode possibilitar a

superação de alguns problemas que se verificam em metodologias de monitoramento não

participativos. Neste tipo de monitoramento desenvolvido de forma participativa, ocorre o

reconhecimento do papel central que tem a população local, através de seu conhecimento,

sua cultura, seus costumes, etc., o que aumenta a capacidade de registrar e analisar de

forma correta as condições locais.

Conforme descrito, “o monitoramento participativo retira a ênfase sobre os

programas definidos e dirigidos de fora e passa a enfatizar os processos localmente

relevantes de coleta, análise e uso da informação” (Abbot, 1999), ou seja, ele deixa de ser

realizado exclusivamente por agentes externos e passa a utilizar e valorizar o ator local,

aumentando sua eficiência devido ao uso de diferentes perspectivas.

Existem diversas formas de se fazer o monitoramento participativo, uma delas é a

partir do Diagnóstico Rural Participativo (DRP). O DRP pode ser considerado como uma

ferramenta para facilitar a análise das condições locais, tanto por parte dos agentes

externos quanto por parte da comunidade.

“O Diagnóstico Rápido Participativo, é uma técnica participativa de diagnóstico muito útil para projetos de âmbito local, pela qual os atores sociais relevantes são envolvidos no processo de forma a provocar uma reflexão sobre a sua situação, suas experiências e seus interesses, como condição para que possam tornar-se sujeitos da ação” (Armani, 2001).

O diagnóstico participativo é desenvolvido a partir de informações da comunidade

local, conforme descrito no primeiro capítulo deste trabalho. Consiste em uma análise

detalhada da situação local, desenvolvida pela própria comunidade em conjunto com os

agentes externos, a partir da visão da comunidade, procurando ressaltar os recursos

existentes localmente, os padrões de uso dos mesmos, as prioridades da região, assim como

os limites e problemas que barram o desenvolvimento rural sustentável.

Page 53: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

40

O levantamento da situação inicial pode ser desenvolvido de diversas maneiras,

como: através de entrevistas com pessoal local com boa experiência ou com informantes-

chave, através de mapeamento e caminhadas do território local, pesquisas históricas, fóruns

de debates, depoimentos orais, entre outros meios.

Este processo de diagnóstico, realizado no início do projeto, permite que se

construa um conjunto de dados iniciais de onde deve partir o monitoramento. Estes dados

devem ser regularmente colhidos e analisados, baseando-se em indicadores para que se

tenha o levantamento das mudanças ocorridas a partir e em função do projeto.

Contudo o levantamento dos dados deve ser feito a partir da percepção da

comunidade local, com a efetiva participação dos beneficiários desde o início do

planejamento do monitoramento até a coleta e análise dos dados. Isto é de fundamental

importância para que as informações expressem a realidade, uma vez que os próprios

beneficiários é que sabem e sentem realmente se houve mudanças no local e quais foram

essas mudanças.

Por outro lado, esta forma de monitoramento exige algum tipo de capacitação

tanto para os agentes externos, para entender o sistema local, quanto para a população

local, no sentido de entender os sistemas externos; além disso, todos os atores envolvidos

devem estar motivados com as atividades para que se consiga atingir um bom grau de

participação de todos.

Desta forma, a linguagem utilizada no processo de monitoramento deverá ser a

mais familiar e adequada possível para as famílias rurais. Isto colabora para a efetiva

participação de todos os atores e para garantir a continuidade do monitoramento durante o

desenvolvimento do projeto.

Page 54: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

41

3.3 A Avaliação

A avaliação é algo que se encontra presente na vida da grande maioria dos

cidadãos a um longo tempo; apesar disso, sempre causa inquietação e ansiedade nas

pessoas, pois a avaliação é percebida pelos indivíduos como uma ameaça, como um

momento em que são expostas as debilidades e incertezas que nos afetam, e não como o

que realmente é, ou seja, como uma oportunidade de redirecionar algo que em um primeiro

momento não atingiu o objetivo esperado e, por isso, deve-se buscar suprir essas

debilidades e incertezas.

“A avaliação final é um conjunto de atividades no qual se coletam dados,

analisam e interpretam dados e informações para fazer um julgamento objetivo de um

projeto concluído ou de uma fase do projeto” (Te nório, 1995), isto é, a avaliação é um

processo de verificação do desempenho do projeto na solução de um problema verificado.

Ela visa determinar se os objetivos do projeto foram ou estão sendo atingidos, avaliando o

papel do projeto na sua concretização e indicando mudanças dele decorrentes.

Através da avaliação do projeto são tomadas decisões no sentido de aprimorar as

ações do atual projeto, que esta sob avaliação, ou ainda, de futuros projetos a serem

implementados.

Assim, a avaliação deve estar presente em todas as fases do projeto para que a

cada fase atingida sejam detectados pontos fortes e fracos e para que se tenha a convicção

da necessidade, da importância e da possibilidade de dar continuidade ao projeto, devendo

ser capaz de avaliar não só a mudança ocorrida, mas também a permanência dessa

mudança ao longo do tempo e o seu grau de abrangência.

Ademais, a avaliação deverá ser desempenhada considerando o sistema como um

todo, ou seja, devemos avaliar o projeto considerando as diversas inter-relações existentes

na sociedade. Para isso, devemos inicialmente ignorar as fronteiras particulares de

interesse e considerar os efeitos e impactos do projeto tanto direta como indiretamente.

Page 55: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

42

Assim como o monitoramento, o sistema de avaliação deverá ser estruturado no

momento da elaboração do projeto, podendo ser desempenhado de forma distinta um do

outro. Esta diferenciação ocorre de acordo com diversas variáveis que definem que tipo de

avaliação melhor se aplica a cada caso. A seguir serão destacados alguns tipos de avaliação

de projetos sociais.

3.3.1 Tipos de Avaliação

Existem diversas variáveis que permitem que a avaliação possa ser classificada de

acordo com vários tipos. Entre elas pode-se destacar o tempo de realização, o objetivo da

avaliação, quem realiza e para quem se realiza a avaliação.

Assim podemos inicialmente dividir os diferentes tipos de avaliação em avaliação

ex-ante e avaliação ex-post.

A avaliação ex-ante é realizada ao se iniciar o projeto, com a finalidade de trazer

dados racionais para a decisão de implementar ou não o projeto. Além disso, a avaliação

ex-ante permite que, diante de dois ou mais projetos, com a necessidade de optar por

apenas um deles, tenhamos condições de decidir qual deles apresenta maior possibilidade

de alcançar os objetivos.

A avaliação ex-post, realizada em projetos em andamento e/ou concluídos, pode

definir a continuidade no desenvolvimento de um projeto assim como a mudança no seu

direcionamento.

Muitas pessoas consideram a avaliação feita após a conclusão do projeto

desnecessária e um custo evitável; afinal, o projeto já foi realizado e qualquer avaliação a

posteriori não teria importância alguma. Contudo, é possível aprender com os erros e

acertos do passado, e a análise posterior do projeto pode revelar onde estão os seus pontos

fracos e fortes, isto é, no caso de projetos concluídos a avaliação poderá colaborar para que

Page 56: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

43

a experiência do projeto concluído e que está sendo avaliado contribua para projetos

futuros.

Assim, a avaliação ex-post pode ser dividida em avaliação de processos e de

impactos.

Conforme descrito por Cohen (1994)

“a avaliação de processos determina a medida em que os componentes de um projeto contribuem ou são incompatíveis com os fins perseguidos. É realizada durante a implementação e, portanto, afeta a organização e as operações. Procura detectar as dificuldades que ocorrem na programação, administração, controle, etc., para serem corrigidas oportunamente, diminuindo os custos derivados da ineficiência. Não é um balanço final, e sim uma avaliação periódica. Diferencia-se da retroalimentação que é uma atividade permanente de revisão, realizada por aqueles que estão implementando o projeto. Sua função central é medir a eficiência de operação do projeto”. (Cohen, 1994)

Como se vê, a avaliação de processos procura analisar se os métodos utilizados no

projeto para desenvolver as ações e atividades são compatíveis com os objetivos propostos,

buscando identificar os seus pontos de estrangulamento do desenvolvimento para que se

façam as devidas correções.

A avaliação de impacto é realizada em projetos concluídos. Ela tem como objetivo

identificar até que ponto o projeto alcançou seus objetivos e determinar quais são seus

efeitos secundários ( previstos ou não). Os dois os tipos de avaliação diferenciam-se,

portanto, pelo momento em que são realizadas e em função dos seus objetivos, bem como

pelas decisões que devem ser tomadas de acordo com o resultado obtido.

Com relação a quem realiza a avaliação, podem-se distinguir quatro tipos de

avaliação de projetos:

A avaliação externa: este tipo de avaliação ocorre quando o avaliador não

participa da execução do projeto. A idéia que se tem é de que o avaliador externo é

experiente nesta função e por isso poderia fazer comparações dos resultados obtidos de

avaliações anteriores de outros projetos similares com os resultados obtidos. Ela permite a

Page 57: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

44

obtenção de um ponto de vista de quem está analisando a situação de fora, sem participar

diretamente do projeto.

Contudo, o ponto fraco que é identificado neste tipo de avaliação é que o

avaliador externo possui pouco conhecimento na área substantiva e das especificidades do

projeto que está sendo avaliado; assim, neste caso, poderia se estar dando maior

importância ao método de avaliação do que às características do projeto.

A avaliação interna: a avaliação interna é realizada dentro da organização. Seu

ponto forte em relação à avaliação externa encontra-se no fato de que, no caso da avaliação

externa, existe uma possibilidade maior de os avaliados sentirem-se acuados e, assim

acabarem não fornecendo informações completas, não contribuindo para que o avaliador

externo tenha o conhecimento das especificidades do projeto, necessárias para a execução

de uma boa avaliação.

Na avaliação interna, os argumentos são de que existiria plena colaboração dos

que participaram do projeto. Os avaliados sentiriam a avaliação como um momento de

repensar o projeto e não como um momento de avaliação pessoal; além disso, a avaliação

seria realizada por agentes que participaram da gestão do projeto e, por isso, conheceriam

melhor as especificidades do mesmo.

Contudo, também podem ser encontrados alguns pontos fracos neste tipo de

avaliação. Um deles é o fato de que, considerando que a organização gestora é quem avalia

o projeto, isto poderá eliminar a objetividade, pois os agentes poderão ter idéias

preconcebidas do projeto, sendo que, o interesse pessoal do agente avaliador interno

poderá influenciar no resultado da avaliação. Neste tipo de avaliação torna-se mais difícil

que esta seja executada de forma independente e imparcial.

Afora isso, os diferentes interesses pessoais que poderão existir entre os agentes

internos que avaliam o projeto, poderão, muitas vezes, trazer conflitos internos, o que

dificultaria as trocas positivas de informação e idéias que se buscam no momento em que

se faz uma avaliação de projeto.

Page 58: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

45

A avaliação mista: ocorre, procurando unir os dois tipos de avaliação

mencionadas anteriormente, isto é, esta avaliação é feita de forma que os avaliadores

externos desenvolvam a avaliação com a participação e em contínuo contato com os

membros do projeto a ser avaliado.

Desta forma, pretende-se aproveitar as vantagens de cada um dos tipos anteriores

de avaliação e também superar as dificuldades que cada um contém.

A avaliação participativa: este tipo de avaliação caracteriza-se pela participação

dos beneficiários no processo de avaliação, minimizando a distância entre estes e os

avaliadores.

As variáveis, como a alfabetização da população-objetivo, a qualidade do meio

físico para a agricultura, o número de sítios por extensionista, etc., são importantes; no

entanto, em estudo realizado pela AID em 1975, ficou comprovado que a participação da

população-alvo desde a formulação, implementação, até a avaliação final, em um ponto

onde nem os beneficiários nem os avaliadores teriam poder de decisão final, é de

fundamental importância para o sucesso do projeto.

“No processo de um projeto social a estratégia participativa prevê a adesão da comunidade no planejamento, programação, execução, operação e avaliação do mesmo. Desta forma, a avaliação participativa é um componente de uma estratégia diferente de projetos, fazendo com que sua adequada implementação dependa em grande parte da população afetada por ele” (Cohen, 1993)

A avaliação participativa pode ser considerada como um processo educativo, onde

tanto aqueles que se beneficiam diretamente do projeto, quanto aqueles que o apóiam, ou

seja, os técnicos que participam do projeto através das organizações (privadas, públicas ou

não - governamentais) adquirem aprendizado mútuo. Isso porque o beneficiário que vive o

problema é capaz de identificar com melhor clareza as suas necessidades; além disso,

transfere o seu conhecimento popular para o técnico, mesmo que inconscientemente.

Por outro lado, o técnico é possuidor do saber profissional e também transmite

conhecimento para o ator local, auxiliando no desenvolvimento da comunidade.

Page 59: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

46

Contudo, a avaliação participativa dificilmente será uma grande harmonia, pois

considerando a participação de atores originários de realidades diversas e, portanto, com

racionalidades diferentes, haverá pontos de vista diferentes, o que pode gerar certas

discussões.

Assim, a participação no processo de avaliação deve se dar de forma efetiva,

através do diálogo entre os diferentes atores no sentido de se chegar a um consenso, porém

contemplando as diversas visões que são expressadas durante o processo de avaliação.

3.4 Condições para o Sucesso de um Projeto Social

Vários são os motivos que podem fazer com que não sejam implementados

projetos que busquem o desenvolvimento rural através dos agricultores familiares, a iniciar

pela cultura da nossa sociedade que, apesar de já se perceber alguma mudança em alguns

grupos, de forma geral, relaciona o rural ao atrasado, desconsiderando o espaço rural como

um espaço importante de atuação para o desenvolvimento de políticas públicas.

Além disso, a falta de organização dos pequenos agricultores faz com que se

tornem atores com pouco poder de influência nessas políticas, na busca por apoio de

desenvolvimento de projetos no meio rural e, ainda, muitas vezes, não permite que seja

impedido o fracasso de projetos em desenvolvimento.

Outro ponto que afeta o sucesso de projetos sociais é o clientelismo político

presente na sociedade, quando muitas vezes um bom projeto é direcionado para atender a

interesses individuais em detrimento de interesses coletivos, não alcançando os objetivos

de elevar a qualidade de vida da população.

Contudo, cada projeto, quando implementado, para ser considerado de sucesso,

necessita atingir efetivamente os objetivos que lhe são propostos especificamente, no

entanto, de uma forma mais ampla, qualquer projeto social deve satisfazer algumas

condições gerais.

Page 60: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

47

Uma delas é a realização das atividades planejadas no sentido de produzir os

resultados esperados de acordo com os prazos e recursos acordados na sua formulação e,

principalmente, com o grau de qualidade definido na elaboração do projeto, pois não é

suficiente apenas produzir os resultados, é necessário garantir a qualidade das ações para

que o projeto tenha sustentabilidade e contemple de forma efetiva os objetivos que lhes são

propostos.

O projeto deve, além do mais, trazer mudanças concretas na qualidade de vida da

comunidade, elevar a sua capacidade organizativa e exercer poder de influência sobre os

processos mais amplos dos setores sociais definidos como beneficiários.

Outra condição a ser alcançada por um projeto social que mostra o seu sucesso é a

capacidade do projeto de t ornar-se referência para futuros projetos a serem desenvolvidos,

inclusive de outras organizações ou políticas públicas.

O projeto social também deve ser capaz de ser apropriado plenamente por seus

beneficiários, para que, com isso, se tornem sujeitos de ação no desenvolvimento dele, de

forma ativa, e não apenas atores passivos.

Outro ponto que demostra a eficiência de um projeto é a geração de novos

conhecimentos e metodologias para a resolução das problemáticas sociais identificadas, e a

sua capacidade de atrair novos parceiros.

Page 61: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

48

Page 62: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

49

CONCLUSÃO

O processo de desenvolvimento rural sustentável é difícil, porém necessário de ser

alcançado. Ele deve valorizar o ser humano, contemplando fatores como o crescimento

econômico, a justiça social e a preservação ambiental.

Para que isso aconteça, é de fundamental importância o apoio de toda a sociedade,

governos, lideranças e qualquer outra organização que de alguma forma tenha condições

de colaborar para que se aumentem as chances de alcançar este fim, elevando a qualidade

de vida da sociedade em geral.

Desta maneira, a organização da ação social em torno de projetos mostra-se como

um meio de extrema valia no sentido de se planejarem as ações da forma mais organizada e

eficiente possível, procurando considerar as inúmeras relações existentes entre as diversas

variáveis que podem afetar o desenvolvimento social no meio rural.

Contudo, conforme ficou demostrado, a construção de um projeto de

desenvolvimento social deve seguir certos passos, um recorrendo ao outro, para que se

alcance o perfeito desenvolvimento de todo o projeto, aumentando suas possibilidades de

sucesso.

Dentre as variáveis, temos que levar em conta as especificidades existentes nas

diferentes localidades, alvos dos projetos sociais. Assim, fica claro que uma das partes

mais importantes no desenvolvimento do projeto é a identificação da situação atual. Esta

situação possivelmente é diferente de uma localidade para outra e, através destas

informações, é que são definidos pontos importantes do projeto, como: os objetivos, ações,

atividades, indicadores para o sistema de monitoria e avaliação, enfim, passos

fundamentais para o alcance dos objetivos.

Page 63: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

50

Um dos meios de tornar o êxito do projeto mais provável é fazer com que todos os

atores participem de todas as etapas do projeto, inclusive os atores locais beneficiários

diretos da ação do projeto.

Esta participação deve se dar de forma efetiva, baseada no diálogo entre os atores,

desde sua elaboração, identificando prioridades, levantando informações, até o momento

do monitoramento e avaliação final, porque, são os atores locais, beneficiários diretos do

projeto, quem mais conhece a sua realidade. A proximidade das informações por eles

fornecidas com a realidade é algo que deve ser considerado em qualquer projeto de

desenvolvimento.

Uma das ferramentas que tem se demostrado eficaz para esse levantamento de

informações de forma participativa é o Diagnóstico Rural Participativo, conforme

demostrado no desenvolvimento deste trabalho.

Assim, fica clara a importância da participação dos atores locais para que se

alcance maior probabilidade de êxito no projeto. Todavia, conforme demostrado na análise

do projeto PRORENDA, para o sistema de monitoria e avaliação é também de fundamental

importância a construção de indicadores que permitam visualizar como está o andamento

do projeto, isto é, se as ações e atividades estão sendo desempenhadas a contento.

Além disso, os indicadores devem ser capazes de demostrar qual o patamar de

alcance dos objetivos e metas que foram definidos para o projeto.

Assim, novamente fica evidente a importância do perfeito levantamento da

realidade a ser mudada e com isso também a importância da participação efetiva de todos

os atores na construção destas informações, já que servirão de base para a construção de

indicadores que serão utilizados no processo de monitoramento e avaliação de projetos.

Estes funcionam de forma mais efetiva quando lidam com dados que são de importância e

utilidade tanto para os agricultores, quanto para os pesquisadores.

No que diz respeito à avaliação dos projetos sociais, o que se pode perceber é que

esta deve ser desempenhada baseando-se nos indicadores, na participação e nas

Page 64: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

51

informações transmitidas pelo sistema de monitoramento. Ela deve ocorrer durante todo o

andamento do projeto, iniciando antes mesmo da implementação do projeto, avaliando

seus efeitos e impactos no sentido de direcionar o projeto para o alcance de seus objetivos.

Outrossim, é importante que se faça uma avaliação após o encerramento do

projeto para corrigir possíveis erros que tenham ocorrido e, com isso, tornar mais eficientes

futuros projetos similares.

Portanto, pontos como a definição clara da situação atual, dos objetivos, das

ações, das atividades, dos indicadores, além da participação dos diversos atores, torna-se

base para o desenvolvimento de um projeto social com qualidade.

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52

Page 66: MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS

53

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