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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE MONTEMOR-O-NOVO _______________________________________________________________ ______________ Curso de Técnico de Produção Agrária Biologia – Ano letivo 2014/15 1 Módulo 1: Organização Biológica – da Célula à Biosfera Objetivos: • Distinguir componentes bióticos e abióticos num ecossistema, descrevendo exemplos que ilustrem a sua interdependência. • Reconhecer e valorizar a diversidade biológica que caracteriza um ecossistema. • Identificar causas que podem contribuir para a extinção de espécies, bem como possíveis implicações desse facto para o ecossistema. • Identificar e distinguir condutas pessoais e/ou coletivas, bem como suas implicações ao nível do equilíbrio dos ecossistemas e da conservação das espécies. • Compreender que os sistemas vivos se encontram organizados em níveis estruturais de complexidade crescente. • Reconhecer a célula como unidade estrutural e funcional de todos os seres vivos e que essa unidade também se revela a nível molecular. • Interpretar imagens de células/tecidos ao microscópio ótico composto, identificando membrana celular, citoplasma e núcleo (e eventuais órgãos locomotores como cílios ou flagelos). • Montar preparações extemporâneas e observá-las ao microscópio ótico (pelo menos em duas ampliações) em condições de segurança. • Conhecer os constituintes básicos dos seres vivos e exemplos do papel que desempenham. • Observar, distinguir e identificar seres vivos (recolhidos, conservados ou suas imagens) com recurso a bibliografia ou critérios simples previamente estabelecidos. • Usar fontes diversificadas para pesquisar, organizar e sintetizar informação. • Analisar e comunicar resultados de trabalhos práticos de forma organizada e diversificada (deforma oral ou escrita; recorrendo a esquemas legendados, tabelas e mapas de conceitos simples). Âmbito dos conteúdos: 1. Diversidade na Biosfera 2. Organização biológica: Da célula à Biosfera 3. A Célula: Unidade estrutural e funcional dos seres vivos 3.1. Microscopia e organização celular 3.1.1. A célula ao microscópio ótico composto - observação e estudo comparativo da estrutura geral das células animais e vegetais 3.1.2. A célula ao microscópio eletrónico – ultra-estrutura celular 3.2. Organitos celulares – principais funções 4. Biomoléculas – Constituintes básicos da matéria viva.

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resumo de biologia do ensino profissional - módulo A1

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  • AGRUPAMENTO DE ESCOLAS

    DE MONTEMOR-O-NOVO

    _____________________________________________________________________________

    Curso de Tcnico de Produo Agrria Biologia Ano letivo 2014/15

    1

    Mdulo 1: Organizao Biolgica da Clula Biosfera

    Objetivos:

    Distinguir componentes biticos e abiticos num ecossistema, descrevendo exemplos que

    ilustrem a sua interdependncia.

    Reconhecer e valorizar a diversidade biolgica que caracteriza um ecossistema.

    Identificar causas que podem contribuir para a extino de espcies, bem como possveis

    implicaes desse facto para o ecossistema.

    Identificar e distinguir condutas pessoais e/ou coletivas, bem como suas implicaes ao nvel

    do equilbrio dos ecossistemas e da conservao das espcies.

    Compreender que os sistemas vivos se encontram organizados em nveis estruturais de

    complexidade crescente.

    Reconhecer a clula como unidade estrutural e funcional de todos os seres vivos e que essa

    unidade tambm se revela a nvel molecular.

    Interpretar imagens de clulas/tecidos ao microscpio tico composto, identificando

    membrana celular, citoplasma e ncleo (e eventuais rgos locomotores como clios ou

    flagelos).

    Montar preparaes extemporneas e observ-las ao microscpio tico (pelo menos em

    duas ampliaes) em condies de segurana.

    Conhecer os constituintes bsicos dos seres vivos e exemplos do papel que desempenham.

    Observar, distinguir e identificar seres vivos (recolhidos, conservados ou suas imagens) com

    recurso a bibliografia ou critrios simples previamente estabelecidos.

    Usar fontes diversificadas para pesquisar, organizar e sintetizar informao.

    Analisar e comunicar resultados de trabalhos prticos de forma organizada e diversificada

    (deforma oral ou escrita; recorrendo a esquemas legendados, tabelas e mapas de conceitos

    simples).

    mbito dos contedos:

    1. Diversidade na Biosfera

    2. Organizao biolgica: Da clula Biosfera

    3. A Clula: Unidade estrutural e funcional dos seres vivos

    3.1. Microscopia e organizao celular

    3.1.1. A clula ao microscpio tico composto - observao e estudo

    comparativo da estrutura geral das clulas animais e vegetais

    3.1.2. A clula ao microscpio eletrnico ultra-estrutura celular

    3.2. Organitos celulares principais funes

    4. Biomolculas Constituintes bsicos da matria viva.

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    1. Diversidade na Biosfera

    A terra um sistema constitudo por um conjunto de componentes (subsistemas) que

    interagem entre si.

    Um sistema corresponde a uma parte do universo constituda por massa e energia que

    se considere separadamente. Num sistema, os vrios componentes (subsistemas) interagem

    de modo organizado.

    Atendendo s interaes, ao nvel da matria e da energia que podem existir entre um

    sistema e o seu meio envolvente, podemos considerar trs tipos de sistemas: sistema isolado,

    sistema fechado e sistema aberto (fig. 1).

    Fig. 1 Tipos de sistemas.

    A terra recebe diariamente a energia emanada pelo sol, a qual utilizada em vrios

    processos biolgicos e geolgicos, e transfere energia para o espao sob a forma de radiao

    trmica.

    Muitos autores, consideram-na um sistema fechado uma vez que, atualmente, as

    transferncias de matria so insignificantes quando comparadas com a massa do nosso

    planeta (5,26 x 1021 toneladas).

    Outros autores classificam-na como um sistema aberto, por considerarem que essas

    transferncias existem e podem ter um papel importante no equilbrio terrestre. A tualmente

    estima-se que 300 toneladas de poeiras vindas do espao atinjam a terra. (Fig.2)

    Isolado Fechado Aberto

    Sistema

    Quando no efetua trocas

    de matria nem de energia

    com o exterior.

    Quando efetua trocas de

    energia com o exterior

    (mas no de matria).

    Quando efetua trocas de

    matria e de energia com o

    exterior.

    pode ser

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    Fig. 2 Sistema Terra

    A terra constituda por quatro subsistemas a biosfera, a geosfera, a hidrosfera e a

    atmosfera, que interagem entre si.

    Fig. 3 Subsistemas terrestres.

    Matria

    csmica

    Calor interno

    da terra Energia solar

    Energia trmica

    i rradiada

    Sistema terra

    Geosfera Biosfera Hidrosfera Atmosfera

    Parte slida

    da terra.

    Conjunto

    dos

    ambientes

    terrestres e

    dos seres

    vivos que

    neles

    habitam.

    Constituda

    pelos

    reservatrios

    de gua que

    existem na

    terra.

    Camada

    gasosa que

    envolve os

    outros

    subsistemas.

    constitudo por

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    A geosfera representada pela parte slida da terra, quer a parte superficial ( qual se

    d o nome de litosfera), quer a parte mais profunda. As rochas e os solos fazem parte deste

    subsistema. A geosfera serve de suporte a grande parte da vida terrestre, fornecendo muitos

    dos materiais necessrios manuteno dessa vida. As plantas terrestres, por exemplo,

    captam do solo grande parte dos seus nutrientes. Muitos dos produtos resultantes da

    decomposio dos cadveres e restos de seres vivos ficam integrados na geosfera.

    A hidrosfera constituda por toda a gua que existe na terra, esteja ela no estado

    lquido ou no estado slido (criosfera). Os oceanos, os mares, os rios, os lagos, os glaciares, e

    as guas subterrneas fazem parte da hidrosfera. A gua movimenta-se na natureza passando

    sucessivamente de um reservatrio a outro, constituindo esse movimento o ciclo da gua ou

    ciclo hidrolgico.

    A atmosfera formada pela camada gasosa que envolve os outros subsistemas,

    podendo tambm penetrar nesses subsistemas.

    A biosfera constituda por todas as formas de vida, desde as mais simples (ex

    bactria) s mais complexas (ex homem), e ambientes por elas ocupados.

    Ao longo da histria da terra verificou-se uma evoluo de todos estes subsistemas

    (Fig.4). Quando um destes subsistemas sofre uma perturbao, os restantes tambm so

    afetados, pois so sistemas abertos, que interagem entre si. Por exemplo, uma alterao

    climtica (atmosfera) que resulte em perodos de seca prolongada, ir afetar a distribuio e o

    desenvolvimento dos organismos (biosfera) bem como os nveis dos reservatrios de gua

    (hidrosfera) na regio afetada. Na natureza no existem sistemas fechados.

    Fig. 4 Evoluo da composio atmosfrica at atualidade.

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    A terra formou-se h cerca de 4600 milhes de anos, mas foram precisas cerca de seis

    centenas de milhes de anos para que se criassem as condies ideais para o aparecimento

    das primeiras formas de vida e posterior processo evolutivo (Fig. 5). Inicialmente seriam seres

    formados s por uma clula unicelulares, estruturalmente simples, provavelmente

    semelhantes s bactrias atuais. Nos milhes de anos seguintes, surgiram e desenvolveram-se

    novas formas de vida, adaptadas s condies especficas dos ambientes que ocupavam.

    Fig.5 Escala do tempo geolgico evidenciando a evoluo dos sistemas terrestres.

    Ao longo da histria da terra apareceram muitas e diversas formas de vida, a maior

    parte das quais se extinguiram. Os milhes de espcies atuais representam apenas uma

    pequena frao dos seres que existiram na terra ao longo da sua histria. Esta diversidade de

    formas de vida existentes, conhecidas e desconhecidas, bem como as que desapareceram ao

    longo da histria de vida do planeta, constitui a biodiversidade.

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    Nota:

    Ecossistema (ou sistema ecolgico) =

    comunidade (componente bitica) +

    bitopo (componente abitica) +

    interaes entre estes.

    Na Terra, toda a vida est confinada a uma zona

    chamada Biosfera (Fig. 6) o ecossistema global que

    inclui todos os outros ecossistemas (componentes

    abitica e bitica). A biosfera estende-se desde as fossas

    das Marianas, no Oceano Pacfico, cujo fundo a 11.022

    metros at ao cume dos Himalaias a 8.848 m, tendo em

    ambos os locais sido encontrados organismos vivos.

    A componente abitica dos ecossistemas, que diz respeito ao meio ambiente fsico

    (disponibilidade de gua e luz, temperatura ...) est em ntima relao com a componente

    bitica, representada pela comunidade de seres vivos a encontrada.

    Os seres vivos que integram a comunidade bitica interagem entre si, desempenhando

    papis diversos. No mbito das relaes interespecficas (Fig. 6B) que podem ser

    estabelecidas, em termos alimentares, as espcies podem ser: produtores (ex: plantas e algas),

    consumidores (ex: coelhos e guias) e decompositores (ex: fungos e bactrias). Outras

    relaes, para alm das de predao, podem contudo ser definidas, nomeadamente as de

    parasitismo, competio, comensalismo, mutualismo e simbiose.

    Fig.6A - A biosfera intersecta-se com os outros sistemas terrestres.

    Atmosfera

    Hidrosfera

    Geosfera

    Biosfera

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    Simbiose

    Competio

    Predao

    Parasitismo Cooperao

    Fig. 6B - Relaes inter e intraespecficas

    Dentro de uma mesma espcie, os indivduos tambm estabelecem relaes entre si,

    isto , relaes intraespecficas (Fig. 6B) como, por exemplo, as relaes que visam a

    reproduo, as relaes de competio por alimento ou pela fmea e as relaes de

    cooperao inerentes a espcies organizadas em sociedades.

    Nos ecossistemas, as interaes mais significativas entre os seres vivos so as relaes

    trficas. De acordo com a sua interao trfica, os organismos podem classificar-se em:

    produtores, se sintetizam matria orgnica a partir da matria mineral; consumidores, se

    direta ou indiretamente se alimentam dos produtores; decompositores (ou

    microconsumidores), se degradam a matria orgnica.

    Num Ecossistema os seres vivos esto organizados em comunidades e estas em

    populaes, constituindo sistemas que se relacionam entre si trocando matria e energia. O

    funcionamento e organizao de todos os sistemas permitem manter o ecossistema em

    equilbrio dinmico.

    A diversidade de formas de vida est diretamente relacionada com a diversidade de

    ambientes ocupados pela vida, tais como florestas tropicais, desertos, montanhas, rios, lagos,

    ribeiros, tufos de ervas ou mesmo um tronco de rvores apodrecido. A vida evoluiu, ento,

    com os diferentes ambientes, criando novos ramos, novas espcies que constituem a grande

    diversidade dos grupos atuais (Fig. 7).

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    Fig. 7 rvore da vida.

    Imagem extrada de http://mavit.kabunzo.com/wp-content/uploads/2009/02/arvore-da-vida2.gif

    http://mavit.kabunzo.com/wp-content/uploads/2009/02/arvore-da-vida2.gif

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    Ao observarmos diferentes formas de vida, ressaltam uma multiplicidade de diferenas

    (tamanho, forma, comportamentos, ) mas tambm caractersticas comuns, o que lhes

    confere unidade (Fig. 8).

    Fig. 8 Diversidade e unidade na biosfera.

    A diversidade biolgica ou biodiversidade pode ser avaliada ao nvel dos ecossistemas

    diversidade ecolgica, das comunidades diversidade de espcies ou dos organismos

    diversidade gentica.

    Fig. 9 A biodiversidade avaliada a trs nveis de integrao distintos.

    Ecolgica Especfica Gentica

    Biodiversidade

    relativa s associaes de

    espcies (comunidades)

    que podem encontrar-se

    em diferentes habitats.

    Refere-se ao nmero de

    espcies (riqueza

    especfica) e sua

    abundncia relativa numa

    determinada comunidade.

    Refere-se variabilidade

    gentica dentro e entre

    populaes da mesma

    espcie.

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    Considera-se espcie, um conjunto de seres vivos com capacidade de se reproduzirem

    entre si, produzindo descendentes frteis.

    A diversidade de espcies inclui a diversidade gentica, uma vez que cada indivduo

    dentro de cada espcie geneticamente diferente dos outros, ou seja, o seu material

    hereditrio diferente.

    Existem cerca de 1.700.000 espcies conhecidas, das quais 950.000 so de insetos

    (Fig.10). Estudos recentes estimam que o nmero total de espcies do planeta possa atingir

    5.500.000, embora estudos

    anteriores tenham apresentado

    estimativas que ultrapassavam os

    30.000.000 (Fig. 11).

    Fig. 10 Nmero aproximado de

    espcies vivas conhecidas.

    Imagem extrada de http://www.cientic.com/tema_classif_img6.html

    Imagem extrada de http://www.cientic.com/tema_classif_img5.html

    Fig. 11 Relao entre o nmero de espcies conhecidas e a previso do nmero de

    espcies por descobrir.

    http://www.cientic.com/tema_classif_img6.htmlhttp://www.cientic.com/tema_classif_img5.html

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    Qual a importncia da Biodiversidade?

    A existncia de biodiversidade essencial para as populaes humanas ao nvel da

    agricultura e da sade mas tambm das atividades industriais e recreativas.

    Ao nvel da agricultura essencial na defesa contra pestes, doenas, alteraes

    climticas, na produo de novos alimentos para uma populao humana crescente e na

    reproduo (muitas espcies vegetais dependem de insetos ou outros organismos para se

    reproduzirem, principalmente ao nvel da polinizao).

    Convm relembrar que muitos dos alimentos que consumimos tm origem em

    ambientes naturais; o esforo de captura pode originar o desaparecimento da espcie em

    causa e, por sua vez, comprometer outras espcies, que dela dependem.

    Ao nvel da sade, os organismos podero contribuir com novos compostos com

    potencial farmacolgico que podero ser utilizados no diagnstico e tratamento de doenas.

    No nos podemos esquecer que muitos medicamentos so extrados ou criados a partir de

    seres vivos, sendo que cerca de 40% dos medicamentos do mundo vm de plantas selvagens.

    Muitos dos produtos de origem industrial que usamos no dia-a-dia tm origem em

    seres vivos.

    Para alm de proteger as nossas fontes de alimentos, a sade e o ambiente, a

    biodiversidade providencia uma imensa quantidade de oportunidades recreativas e de valor

    esttico. Os parques naturais so outra fonte de receita e de postos de trabalho. O turismo de

    natureza vem assumindo uma importncia crescente em Portugal.

    O que pode conduzir perda de biodiversidade ou extino de espcies?

    A extino corresponde reduo gradual do nmero de indivduos de uma espcie, at ao

    momento em que a mesma deixa de existir.

    Segundo os especialistas acredita-se que a cada hora que passa desapaream no mundo trs

    espcies, ou seja, cerca de 70 espcies por dia. O ritmo de extino atual cerca de dez mil

    vezes superior aos ritmos "naturais" de extino por glaciaes ou outras catstrofes naturais

    (Fig. 12). Se nos referirmos s plantas, cerca de 6% das espcies existentes esto em risco de

    extino. A desflorestao o maior fator de diminuio da biodiversidade. As florestas

    cobrem 28% do globo e onde vivem a maioria das espcies do planeta. A queimada de

    floresta tropical para uso agrcola do solo, seguido pelo corte de madeira para mobilirio so

    os maiores contribuintes para a desflorestao.

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    A destruio de habitats, a poluio e a explorao de seres vivos com objetivos

    comerciais pe em perigo de extino muitas espcies e a existncia de muitos habitats.

    Fig. 12 Fatores de extino de espcies.

    Em qualquer ecossistema os seres vivos esto ligados por um conjunto complexo de

    relaes trficas, representadas sob forma de cadeias e teias alimentares ou trficas.

    O desaparecimento de um elo (espcie) de uma cadeia trfica pode interferir na

    dinmica do ecossistema e colocar em perigo outras espcies.

    Hoje em dia h muitos seres vivos em perigo de extino, alguns dos quais em

    territrio portugus (Fig. 13).

    Fig. 13 - Animais em vias de extino que habitam em territrio portugus.

    Nome popular: Lince-Ibrico

    Nome cientf ico: Lynx pardinus

    Nome popular: Lobo-Ibrico

    Nome cientf ico: Canis lupus

    Nome popular: Lontra

    Nome cientf ico: Lutra lutra

    http://3.bp.blogspot.com/_1B_1PkEAuRU/Rd6HLiE8j3I/AAAAAAAAAF4/sRiTaCSBDpM/s1600-h/Lince+Ibrico.jpg

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    Muitas espcies devem a sua extino ao humana (Fig.14).

    Fig.14 Animais extintos pelo homem (A: Lobo ou Tigre-da-tansmnia; B: Dd; C: Moa)

    Como agir no sentido da conservao das espcies?

    1 Identificar as espcies que se encontram em vias de extino - avaliao da

    evoluo populacional, que reflete a variao do nmero de indivduos e a sua distribuio

    espacial, analisando casos de fragmentao de habitats ou alterao de fatores externos.

    2 Identificar as causas do declnio para assim conhecer quais os fatores que esto a

    provocar a extino de uma espcie (ex: destruio/fragmentao do habitat, introduo de

    espcies exticas, a sobre-explorao, consanguinidade).

    3 Inverter a tendncia do declnio, promovendo a neutralizao e/ou remoo dos

    agentes causadores de extino (ex: gesto de habitats em que se recorre a suplementos

    alimentares e proteo de locais de abrigo e de reproduo; controlo de perdas

    populacionais, atravs de uma correta educao ambiental e de legislao especfica; criao

    de reas protegidas)

    A preservao dos habitats, bem como a recuperao de reas degradadas, so

    fundamentais para se poder conservar espcies ameaadas e, tambm, manter a

    biodiversidade.

    A criao de reas protegidas permite, em parte, preservar a riqueza dos territrios e

    das espcies, desde que sejam tomadas como uma responsabilidade sria e importante para

    todos.

    A B

    C

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    2. Organizao biolgica: Da clula Biosfera

    Fig. 15 Nveis de organizao biolgica.

    O universo em geral, e a vida em particular, at onde se consegue saber, esto

    organizados por graus de complexidade crescente. Estruturas simples interatuam para formar

    unidades mais complexas, estabelecendo-se uma hierarquia.

    No caso da organizao da vida, que o que nos interessa neste momento, existem

    diferentes nveis de organizao biolgica (Fig. 15):

    1. Qumico ou molecular - inclui tomos e molculas (ex lpidos, protenas);

    2. Organelo estruturas celulares que desempenham funes especficas (ex

    mitocndria, cloroplasto)

    3. Celular - inclui as clulas, as unidades bsicas, estruturais e funcionais do mundo vivo

    (ex clula ssea; clula muscular; ser unicelular);

    4. Tecido - grupos de clulas que funcionam em conjunto desempenhando uma funo

    comum (ex tecido sseo; tecido muscular da parede do estmago);

    5. rgo - conjunto de vrios tecidos (ex osso; corao);

    6. Sistema - conjunto de rgos com funo comum (ex esqueleto; sistema circulatrio);

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    7. Organismo - conjunto de todos os sistemas do corpo que, combinados, formam um

    indivduo (ex um elefante, uma girafa);

    8. Populao - conjunto de indivduos da mesma espcie que habitam o mesmo local (ex

    todas os elefantes de uma savana africana; todas as girafas de uma savana);

    9. Comunidade - conjunto de todas as populaes (de espcies diferentes) que habitam

    um determinado local (ex todos os seres vivos de uma savana);

    10. Ecossistema - comunidade ou todas as comunidades encontradas numa rea maior,

    juntamente com o seu ambiente fsico e qumico e interaes entre si (ex savana

    africana).

    11. Biosfera - Parte da Terra habitada pelos seres vivos, ou seja, todos os ecossistemas da

    Terra (savana + tundra + taiga + floresta tropical + deserto + ).

    Tal como a matria inerte, os seres vivos tambm so constitudos por protes,

    eletres e neutres. Essas partculas subatmicas combinam-se e formam diferentes tipos de

    tomos que se organizam em unidades mais complexas, as molculas.

    Nos organismos vivos as molculas combinam-se e constituem componentes

    subcelulares que cooperam na formao de uma clula.

    Em grande parte dos seres multicelulares as clulas esto organizadas em conjuntos

    igualmente diferenciados e especializados em determinadas funes, designados por tecidos.

    Diferentes tecidos podem associar-se formando diferentes rgos. Estes associam-se e

    formam os sistemas que constituem os organismos vivos.

    Um grupo de organismos da mesma espcie forma uma populao. Diferentes

    populaes que se interrelacionam numa determinada rea constituem uma comunidade

    bitica (ou biocenose).

    Numa comunidade, os organismos tambm interagem entre si e com o meio abitico.

    A comunidade e o meio abitico onde atua formam o ecossistema. Os ecossistemas da terra

    reunidos formam a biosfera.

    Concluindo, desde as partculas subatmicas biosfera surgem novas propriedades

    resultantes do arranjo especfico e da interao dos diferentes componentes.

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    16

    3. A Clula: Unidade estrutural e funcional dos seres vivos

    A maior parte dos organismos comea a sua existncia sob a forma de uma clula e

    alguns passam mesmo toda a sua vida dentro desses limites aparentemente pequenos.

    A clula , pois, a unidade estrutural e funcional dos seres vivos. Alguns seres vivos so

    constitudos por uma s clula - unicelulares (Fig. 16 A) e outros por vrias pluricelulares

    (ou multicelulares).

    Um organismo, constitudo por vrias clulas como ns, pode ter 200 tipos diferentes

    de clulas, nomeadamente clulas sexuais, epiteliais, sseas, nervosas e muitas outras.

    Fig. 16 Diversidade celular (A amiba; B clulas sexuais; C clulas nervosas; D clulas da

    eldea; E clulas do epitlio bucal)

    3.1. Microscopia e organizao celular

    Em termos de organizao (Fig. 17), algumas clulas so to simples que nem sequer

    apresentam um ncleo individualizado e perfeitamente organizado. So designadas por clulas

    procariticas (pro = antes + karyon = ncleo). Outras clulas apresentam uma organizao

    estrutural mais complexa, nomeadamente no que se refere ao ncleo, que aparece

    completamente organizado e delimitado por um invlucro. So as clulas eucariticas (eu =

    verdadeiro + karyon = ncleo).

    A

    B

    C

    D

    E

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    17

    Fig. 17 Organizao celular

    podem ser

    Procariticas Eucariticas

    Clulas

    No tm ncleo individualizado, logo

    no tm um verdadeiro ncleo, uma

    vez que o DNA est disperso pelo

    citoplasma.

    Possuem ncleo individualizado, delimitado

    por um invlucro a membrana nuclear e

    vrios organelos membranares.

    O DNA situa-se no ncleo.

    bactrias e cianobactrias (seres

    unicelulares). Possuem dimenses

    entre 0,5 a 10 m (1 m = 1 x 10-6 m).

    representadas por

    seres unicelulares e pluricelulares

    (protistas, fungos, algas, plantas e animais).

    Possuem dimenses entre 10 a 100 m.

    podem ser encontradas em

    DNA

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    18

    pude perceber claramente

    que toda a cortia era

    perfurada e porosa,

    assemelhando-se a um favo de

    mel esses poros ou clulas no

    eram muito profundos e eram

    semelhantes a um grande

    nmero de pequenas caixas

    Encontram-se decorridos quase 350 anos desde a

    data em que Robert Hooke observou pela primeira vez, em

    cortes de cortia, pequenas cavidades semelhantes a favos de

    mel, a que deu o nome de celulae (Fig. 18). Para realizar esta

    observao recorreu a um microscpio (Fig.18 A). Os primeiros

    microscpios s possuam uma lente e foram inventados em

    1560 pelos holandeses Hans e Zacharias. Os microscpios

    permitem ampliar objetos, auxiliando na identificao de novas

    formas de vida e no estudo da estrutura de animais e plantas

    conhecidas, tendo contribudo para o avano signif icativo da

    Biologia a partir do sc. XVII.

    Tal como sabemos hoje, Hooke

    observou apenas as paredes

    esquelticas das clulas mas os seus

    trabalhos encorajaram outros

    investigadores a utilizarem o

    microscpio na observao de

    material biolgico.

    Antoni Van Leeuwenhoek (1632 1723), um arteso holands, foi sem dvida o

    microscopista mais brilhante da sua poca. Construiu o seu prprio microscpio (Fig. 19 B), na

    poca uma pequena lente fina feita a partir de um vidro. Com o decorrer das suas observaes

    foi adaptando os seus procedimentos e melhorando o microscpio. Leeuwenhoek viu

    microrganismos que se moviam em gotas de chuva, infuses ptridas, saliva e vinagre. E narra,

    numa carta, o horror estampado na cara de pessoas que o visitaram para testemunhar as

    suas descobertas:

    Vieram vrias damas a minha casa ansiosas para ver as pequenas enguias no vinagre, mas algumas

    ficavam to enojadas com o espetculo que juravam nunca mais usar vinagre. E se algum contasse a

    essas pessoas, no futuro, que h mais dessas criaturas nos resduos dos dentes da boca de um homem

    do que o total de homens de todo um reino? Especialmente naqueles que nunca limpam os dentes.

    Este cientista deixou inmeros registos de observaes incluindo: bactrias que se alojam na

    cavidade oral, organismos aquticos e espermatozoides, tendo-os designado por

    animculos. Considerou que estes estariam na origem de todos os seres vivos. Este conceito

    contrariava o que era aceite pela maioria dos cientistas, que achavam que os espermatozoides

    observados no smen resultariam da sua putrefao e estariam associados a doenas. Aps a

    aceitao da existncia de animculos, alguns cientistas chegaram a desenhar os

    espermatozoides com o aspeto de uma cabea humana, com barba e bigode pretendendo

    identificar nos espermatozoides todos os constituintes do corpo humano (Fig. 19 C).

    Fig. 18

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    19

    Fig.19

    O estudo da clula foi retomado mais tarde, no sc. XIX, sendo definida como uma

    parede rodeada por um espao vazio. Em 1830 apareceram os corantes permitindo visualizar

    estruturas transparentes. O material fresco foi substitudo pelo fixado e o endure cimento dos

    tecidos facilitou a sua observao. Trs aspetos marcaram os estudos nesta rea: a descoberta

    do ncleo em todas as clulas observadas; a descoberta de clulas nos tecidos animais e o

    reconhecimento da presena de citoplasma.

    Com base nos estudos sistemticos dos

    diferentes tecidos animais e vegetais, Schleiden e

    Schwann demonstraram que aqueles organismos so

    constitudos por clulas. Proclamaram a unidade de

    princpios morfolgicos e fisiolgicos nas plantas e nos

    animais, lanando a teoria celular.

    A afirmao que a clula unidade

    fundamental dos animais e plantas teve implicaes profundas no conhecimento da poca.

    Diversos cientistas estudaram outras formas de vida e identificaram a clula na base da

    constituio de todos os seres vivos. Em 1855, Rudolf Virchov, complementou a Teoria Celular,

    afirmando que todas as clulas se formavam a partir de clulas pr-existentes. A descoberta,

    no final do sc. XIX, de que o ncleo continha a informao gentica e de que esta era

    transmitida descendncia, permitiu ampliar a Teoria Celular, sendo a clula referida como a

    unidade da reproduo, do desenvolvimento e da hereditariedade dos seres vivos.

    Na atualidade, a teoria celular assenta nas seguintes generalizaes:

    A clula a unidade bsica de estrutura e funo de todos os seres vivos, isto , todos os seres vivos so constitudos por clulas, onde se desenvolvem os processos vitais.

    Todas as clulas provm de clulas pr-existentes.

    A clula a unidade de reproduo, de desenvolvimento e de hereditariedade dos

    seres vivos.

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    Com a inveno do microscpio eletrnico, em 1930, o conhecimento da clula teve

    novos progressos. Este microscpio, permitindo obter imagens muito mais ampliadas, revelou

    detalhes inesperados na ultra-estrutura celular.

    Pode concluir-se que a descoberta da clula resultou da interao do trabalho de

    muitos cientistas que, a pouco e pouco, foram desvendando a sua complexa organizao.

    3.1.1. A clula ao microscpio tico composto - observao e estudo comparativo da

    estrutura geral das clulas animais e vegetais

    Microscopia alguns aspetos:

    O Microscpio tico composto (MOC) constitudo por duas partes, uma parte

    mecnica e uma parte tica. A parte mecnica do MOC corresponde ao conjunto de peas que

    tm somente funes de natureza mecnica, no intervindo diretamente na obteno da

    imagem do objeto. A parte tica do MOC corresponde ao conjunto das peas com funes

    ticas, isto , que contribuem para a obteno da imagem ampliada do objeto em estudo.

    Constituintes mecnicos Constituintes ticos

    P ou base suporta o microscpio;

    Brao ou coluna pea que permite o

    transporte do microscpio. Pode ser reclinvel ou

    fixa;

    Platina placa onde se deslocam as preparaes

    a observar; tem no centro um orifcio por onde

    passam os raios luminosos que vo depois iluminar

    a preparao;

    Revlver dispositivo adaptado parte inferior

    do tubo que suporta as objetivas de diferentes

    ampliaes e que por rotao nos permite trocar

    as objetivas;

    Tubo ou canho cilindro que suporta as lentes

    oculares;

    Parafuso macromtrico dispositivo que

    permite a deslocao na vertical da platina.

    necessrio para fazer a focagem;

    Parafuso micromtrico dispositivo que produz

    na platina movimentos verticais de amplitude

    reduzida; completa a focagem.

    Condensador constitudo por um

    conjunto de lentes que concentram os

    raios luminosos, fazendo-os incidir na

    preparao. Assim, a luz distribuda

    regularmente no campo visual do

    microscpio;

    Espelho duplo reflete a luz que

    recebe da fonte luminosa; a face plana

    usada para a luz natural e a face cncava

    para a luz artificial (este constituinte

    poder ser substitudo por uma lmpada

    incorporada);

    Diafragma encontra-se associado ao

    condensador e permite regular a

    intensidade luminosa no campo visual do

    microscpio;

    Objetivas sistema de lentes que

    ampliam a imagem do objeto em estudo;

    Oculares lentes que ampliam a

    imagem fornecida pela objetiva.

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    Fig. 20 Constituintes do MOC

    Ampliao e poder de resoluo do microscpio tico

    O microscpio tem como principal funo o fornecimento de uma imagem ampliada

    do objeto em estudo, permitindo a visualizao de pormenores que no eram passveis de

    observao a olho nu. Em microscopia tica o valor total da ampliao de uma imagem dado

    pela frmula seguinte:

    Ampliao total = Ampliao ocular x Ampliao objetiva

    Exemplificando, se estivermos a observar utilizando uma ocular com um poder ampliador de

    10x e uma objetiva com um poder ampliador de 4x, a ampliao total de 10x4, ou seja, 40x.

    Fig. 21 A: ocular (ampliao de 10x); B: objetivas (ampliaes de 4, 10 e 40x)

    1- Ocular

    2- Revlver

    3- Platina

    4- Charriot

    5- Parafuso macromtrico

    6- Parafuso micromtrico

    7- Diafragma

    8- Condensador

    9- Boto do condensador

    10- Parafusos centralizadores do condensador

    11- Fonte de luz

    12- Controlo de iluminao

    13- Objetiva

    14- P ou base

    A B

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    22

    No entanto, preciso ter em conta que o poder ampliador de um microscpio no deve ser

    considerado como a melhor qualidade de um sistema tico. Este deve apresentar, para alm

    de tudo, algumas caractersticas como:

    poder de definio, isto permitir a formao de imagens com contornos bem

    definidos;

    poder de resoluo, que traduzido pela capacidade de se distinguir dois pontos que

    se encontrem muito prximos. O limite mnimo de distncia a que devem estar esses

    dois pontos, para que sejam observados separadamente, designa-se por limite de

    resoluo do microscpio.

    A razo para esta dicotomia entre ampliao e resoluo relaciona-se com o limite de

    resoluo do olho humano, que aproximadamente de 0,1 mm. Ou seja, para que dois objetos

    sejam visualizados separadamente tm que se encontrar separados por uma distncia de

    0,1 mm (100 m). Se a distncia que os separa for menor, ns vamos observ-los como se

    fossem um nico objeto. Por exemplo, se olharmos para duas linhas que esto separadas por

    menos de 0,1 mm, v-las-emos como uma s linha mais espessa. Como a maioria das clulas

    apresenta um dimetro inferior a 0,1 mm surge a necessidade de recorrer ao microscpio para

    as observar. O limite de resoluo do microscpio tico composto de 0,2 m. (Fig. 22)

    Fig. 22 Limites de resoluo

    do olho humano,

    microscpios tico e

    eletrnico e

    dimenses de diferentes

    estruturas.

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    23

    Fig. 23

    Caractersticas da imagem em microscopia tica

    Como j foi referido, o microscpio tico composto

    fornece imagens ampliadas dos objetos. Esta ampliao

    obtida atravs da conjugao do poder ampliador do sistema

    objetivo e do sistema ocular.

    sistema objetivo - a objetiva fornece uma imagem

    real, ampliada (o n. de vezes indicado), simtrica e

    invertida.

    Sistema ocular - a ocular fornece uma imagem

    ampliada (o nmero de vezes indicado)

    relativamente imagem fornecida pela objetiva,

    direita e virtual (porque se forma atrs da lente

    ocular).

    Pode-se concluir que a imagem que o observador

    recebe, relativamente ao objeto, (Fig. 23):

    uma imagem ampliada (primeiro pela objetiva e depois pela ocular);

    simtrica e invertida;

    virtual.

    Dado que a imagem invertida, deve-se movimentar sempre a preparao microscpica

    no sentido contrrio quele em que desejamos movimentar a imagem.

    A objetiva a lente mais importante do microscpio, uma vez que a ocular apenas

    aumenta a imagem fornecida por aquela. Se a objetiva fornecer uma imagem defeituosa, a

    ocular vai ampliar as imperfeies dessa imagem.

    No microscpio tico, o objeto tem de ser atravessado pela luz, que pode ser natural ou

    artificial. Daqui decorre que o material dever ser fino e ter de ser montado em material

    transparente, utilizando-se, normalmente, lminas de vidro. Geralmente, quando se trata de

    objetos muito transparentes e com pequenas ampliaes, deve fechar-se o diafragma, para

    evitar a incidncia de um excesso de luz, o que dificulta a observao.

    Dimetro de campo do microscpio tico

    Na utilizao do microscpio tico fundamental relacionar o dimetro da superfcie

    observada com a ampliao utilizada. Pode-se relacionar essas duas variveis atravs da

    frmula seguinte:

    a1 poder ampliador da objetiva de menor aumento;

    a2 poder ampliador da objetiva de mdio aumento;

    d1 dimetro do crculo observado com menor ampliao;

    d2 dimetro do crculo observado com ampliao mdia;

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    24

    Fig. 25 -

    Verifica-se assim que a rea da superfcie

    observada varia na razo inversa da ampliao utilizada

    (Fig. 24). A determinao do dimetro de campo do

    microscpio tico permite concluir que se deve:

    1. Iniciar a observao microscpica utilizando a

    objetiva de menor ampliao, que permite captar

    uma ideia de conjunto e selecionar a zona que

    interessa observar;

    2. Passar depois s objetivas de maior poder

    ampliador que apesar de reduzirem a rea

    observada, revelam pormenores que no so

    visveis em ampliaes menores.

    Profundidade de campo do microscpio tico

    A profundidade de campo do microscpio tico muito reduzida, pelo que ao

    observar um objeto necessrio ter em conta que s se consegue observar nitidamente um

    plano de cada vez. Assim, os planos que se encontram acima e abaixo desse ficam desfocados.

    Quanto menor for o poder de ampliao da objetiva, maior a profundidade de campo. A

    figura 25 representa esquematicamente a forma tridimensional de uma c lula. Quando se

    focam com grande ampliao os planos 1, 2 ou 3, o ncleo da clula parece apresentar

    tamanho diferente. Pode-se at observar a clula sem

    ncleo quando, por exemplo, se foca o plano 6.

    Devido a este facto importante que durante a observao

    microscpica se proceda a uma manobra constante do

    parafuso micromtrico, de modo a poderem visualizar-se

    nitidamente pormenores nos diferentes planos.

    Fig. 24 -

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    25

    O microscpio electrnico

    A partir de 1940 assiste-se a uma nova fase do conhecimento da estrutura e do

    funcionamento dos componentes celulares devido inveno do microscpio eletrnico (M.E.)

    Com este aparelho foi possvel ultrapassar algumas das limitaes decorrentes do uso da

    microscopia de luz, nomeadamente no que se refere melhoria do poder de resoluo.

    Olhando ao longe uma floresta, ela surge como uma mancha verde; mas ao perto constatamos

    ser constituda por rvores e arbustos de espcies e tamanhos diferentes. Do mesmo modo,

    tambm s depois do aperfeioamento das tcnicas microscpicas e do aparecimento do

    microscpio eletrnico a clula pde ser olhada de perto e observadas, detalhadamente, as

    suas ultra-estruturas, at a escondidas na massa semifluida do citoplasma.

    Fig. 26 A: Microscpio eletrnico; B: Percurso do feixe de eletres no M.E.

    Existem vrios tipos de microscpios eletrnicos. De um modo geral, a sua estrutura

    possui, fundamentalmente, um sistema emissor de um feixe de eletres e um conjunto de

    lentes eletromagnticas que constituem, respetivamente, o sistema condensador, o sistema

    da objetiva e o sistema projetor (equivalente ocular).

    importante no esquecer as condies fundamentais que o uso de eletres impe. O

    interior da coluna do microscpio tem de ser mantido numa presso de vcuo muito baixa (10- 4

    a 10-6 mm Hg), caso contrrio os eletres iriam colidir com as partculas do ar na coluna do

    microscpio e isso iria fazer com que os eletres se deslocassem, somente, escassos milmetros,

    quando, na realidade, tm de percorrer cerca de 2 metros. Por este motivo, no pode ser

    observado material vivo com este microscpio (o feixe de eletres destri o material vivo) e o

    Fonte de

    eletres

    A

    B

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    objeto necessita de ser muito delgado, de maneira a permitir que um nmero suficiente de

    eletres passe atravs dele e forme uma imagem.

    A imagem final, a preto e branco, observada diretamente ou com o auxlio de uma lupa

    binocular, sobre um ecr fluorescente (pois os nossos olhos no so capazes de observar,

    diretamente, imagens produzidas por eletres). Para uma fixao permanente da imagem do

    objeto, o ecr removido e os eletres vo incidir sobre uma placa fotogrfica ou um filme.

    A focagem efetuada pela variao da corrente eltrica que passa atravs das lentes

    eletromagnticas.

    A tabela I sintetiza, comparativamente, os aspetos mais importantes relativos ao

    microscpio eletrnico de transmisso e ao microscpio de luz.

    Tabela I

    CARACTERSTICAS Microscpio eletrnico Microscpio tico composto

    Tipo de radiao Feixe de eletres Luz (fotes)

    Lentes Eletromagnticas e

    eletrostticas Vidro ou cristal

    Comprimento de onda 0,005 nm (varivel) 400 700 nm Ampliao 500 000 x 2000 x

    Poder de resoluo mximo 0,5 0,1 nm 150 - 200 nm

    Focagem

    Variao da corrente eltrica que passa atravs das lentes

    eletromagnticas.

    As lentes tm um foco fixo e a focagem efetua-se fazendo variar a distncia em relao

    ao objeto

    Local de formao da imagem

    A imagem projetada num ecr ou registada em pelcula

    fotogrfica.

    Retina do observador

    Imagem Preto e branco Geralmente colorida

    Material a observar

    No vivo, desidratado, muito fino.

    colocado numa grelha de cobre no vcuo.

    Vivo e no vivo, sendo normalmente colocado numa

    lmina de vidro.

    Tcnicas citolgicas

    Compreendido o funcionamento do microscpio tico, pode agora aplicar esse

    conhecimento ao estudo da organizao da clula. Para isso ter de usar algumas tcnicas de

    preparao do material.

    Uma preparao microscpica pode ser feita para uma observao de momento,

    preparao temporria ou extempornea, ou de forma duradoura, podendo ser utilizada

    sempre que se deseja preparao definitiva.

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    27

    Nas atividades de laboratrio vai efetuar a montagem de preparaes do primeiro

    tipo, podendo, no entanto, recorrer a preparaes definitivas que existem no laboratrio da

    escola para complementar as suas observaes.

    Fig. 27 A: preparao extempornea clulas da epiderme da cebola;

    B: preparao definitiva clulas da raiz.

    As preparaes temporrias permitem fazer a observao de clulas no seu meio

    normal de vida: gua salgada, gua doce ou plasma sanguneo. Este meio ou qualquer outra

    substncia transparente adequada que se utilize para mergulhar o objeto colocado na lmina

    designa-se de meio de montagem.

    O meio de montagem poder ser a gua ou um corante de atuao rpida. Para

    observaes mais prolongadas utilizam-se lquidos quimicamente mais complexos como o soro

    fisiolgico, o soluto de Ringer, de Knopp ou Locke lquidos conservadores.

    O soluto de Ringer um lquido fisiolgico que permite manter as clulas vivas.

    A preparao temporria tem uma durao curta, isto porque pode ocorrer

    evaporao de meio aquoso, acompanhada de um processo de degradao da clula

    decomposio e autodestruio autlise.

    Para a elaborao de preparaes definitivas (durao longa) recorre-se ao uso de

    fixadores. Estes so agentes qumicos (ex. lcool) ou fsicos (ex. congelao) que matam

    rapidamente o material celular preservando o mais possvel a estrutura original da clula.

    A B

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    Tcnicas para realizar preparaes temporrias

    Tcnica de montagem (Fig. 28)

    O material a observar colocado entre a lmina

    e a lamela: segurando a lamela, com a ajuda de uma

    agulha de disseco, de modo a que ela faa um

    ngulo de 45o com a lmina, deixa-se cair

    lentamente. Esta tcnica pode ser considerada

    como um complemento de outras.

    Tcnica do esfregao (Fig. 29)

    uma tcnica que permite a separao de clulas

    em meio lquido.

    Consiste em espalhar um fragmento de tecido ou

    de uma colnia sobre uma lmina de vidro, o que

    provoca a dissociao de alguns elementos celulares e

    a sua aderncia ao vidro. Forma-se assim uma fina

    camada de clulas, facilitando a observao.

    Este mtodo usado na observao de sangue e

    outros lquidos orgnicos, em que se coloca uma gota

    do lquido sobre uma lmina, e com a ajuda de uma

    outra lmina ou lamela se espalha bem.

    Depois de seco o material pode ser corado e fixado.

    Tcnica do esmagamento (Fig. 30)

    Este mtodo usado nos casos em que existe uma aderncia fraca entre as clulas do

    tecido a observar. Para visualizar as clulas, basta colocar um pequeno fragmento do tecido

    entre a lmina e a lamela e fazer uma pequena presso com o polegar. Provoca-se assim um

    esmagamento do tecido, o que faz com que as clulas se espalhem, formando uma fina

    camada, que facilmente atravessada pela luz. (Ex.: polpa de tomate, raiz de cebola)

    Fig. 28

    Fig. 29

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    29

    Por vezes, no estudo de microrganismos e de tecidos animais ou vegetais, temos

    necessidade de observar o material in vivo (ao vivo), no seu estado natural, sem uso de

    fixadores ou corantes que de algum modo sempre criam algo de artificial no material da

    observao.

    No obstante, quando se observam ao microscpio tico, preparaes de material

    biolgico fresco, pouco se distingue da estrutura interna das clulas, ao contrrio do que

    acontece no microscpio eletrnico.

    As diferentes estruturas celulares apresentam pouco contraste tico, isto , tm um

    determinado grau de transparncia luz, de modo que, aparentemente, o contedo celular

    homogneo, por isso temos de recorrer a estratgias que permitam melhor visualizao do

    contedo celular.

    Para superar este problema os citologistas (cientistas que estudam a clula)

    desenvolveram tcnicas de colorao que consistem em mergulhar a clula numa substncia

    denominada corante, capaz de tingir diferencialmente uma ou mais partes celulares.

    Para realizar preparaes temporrias utilizam-se corantes vitais porque podem ser

    usados em clulas vivas sem as matarem. Esto em concentraes muito baixas (0,01%), a fim

    de diminuir a toxicidade nas clulas. Os corantes podem ser vitais ou no vitais, conforme

    permitam colorar clulas vivas e mant-las assim ou no. O mesmo corante pode ser vital ou

    no, dependendo da concentrao em que se encontra.

    Ex.: Azul-de-metileno pode ser um corante vital se estiver em baixa concentrao.

    O soluto-de-lugol um corante no vital pois mata rapidamente o material biolgico.

    No existe uma tcnica de colorao que ponha em evidncia (em simultneo) todas

    as estruturas celulares.

    A colorao das clulas deve-se sobretudo combinao dos corantes com as

    protenas, dependendo portanto da sua carga eltrica e pH. Por esta razo, o facto de os

    Fig. 30

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    corantes poderem corar especificamente um organelo e no outro (corantes seletivos) est

    relacionado com a diferena de cargas eltricas existente entre as protenas dos diferentes

    organelos celulares, tendo os corantes uma especificidade para determinada carga eltrica ou

    pH, que permita atrao pelo seu prprio e que ocorram ligaes qumicas.

    Assim, quando colocamos corante azul numa preparao podemos verificar de incio

    que toda a preparao fica azul, mas se lavarmos a preparao fazendo correr gua pelo

    esguicho, o corante que no se encontra ligado a nenhuma estrutura sai.

    Corantes seletivos:

    Tcnicas de colorao

    Imerso (Fig. 31)

    Na tcnica de colorao por imerso o material

    biolgico fica imerso, na prpria lmina ou num vidro

    de relgio, durante alguns minutos no corante

    selecionado.

    Irrigao (Fig. 32)

    Na tcnica de colorao por irrigao substitui-se o meio

    de montagem de uma preparao j efetuado por outro,

    que neste caso o corante. No ex. da figura 32, aplicou-

    se de uma gota de corante num dos bordos da lamela, e

    no lado oposto da lamela, colocou-se uma tira de papel

    de filtro, cujo efeito de suco permitiu que o material

    biolgico entrasse em contacto com o corante.

    Tipo de corantes Corante Estruturas evidenciadas

    Corantes bsicos ou nucleares

    Azul-de-metileno Cora o ncleo de azul

    Vermelho-neutro Acumula-se em vacolos

    gua iodada Cora o ncleo e amiloplastos

    Corantes cidos ou citoplasmticos

    Eosina Citoplasma

    Fucsina cida Citoplasma

    Corantes neutros Violeta de genciana Cromossomas de clulas vivas em diviso

    Soluto de lugol Gros de amido, paredes celulsicas

    Corantes naturais

    Carmim Ovrios de um inseto - Cochonilha

    Hematoxilina Leguminosa Anil Anileira papilioncea

    Orcena Lquen

    Aafro Estames de Crocus sativus

    Fig. 31

    Fig. 32

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    Clula eucaritica ao microscpio tico

    Como j referimos anteriormente, as clulas que apresentam uma organizao

    estrutural mais complexa, com ncleo perfeitamente individualizado do citoplasma e

    delimitado por um invlucro nuclear, designam-se de eucariticas. Estas podem ainda

    distinguir-se em clulas animais e clulas vegetais, as quais apresentam algumas diferenas a

    nvel estrutural.

    Uma clula animal tpica apresenta um dimetro compreendido entre 10 e 20 m, o

    qual corresponde a cerca de 1/5 do tamanho da partcula mais pequena visvel ao olho

    humano. O facto de estas clulas (animais) se apresentarem transparentes, sem colorao

    natural, dificulta ainda mais a sua observao. As clulas vegetais podem apresentar

    pigmentos naturais que, de algum modo, facilitam a visualizao.

    Deste modo, foi necessrio um aperfeioamento tcnico dos microscpios ticos e das

    tcnicas de preparao (ver pgs. 27 a 29) disponveis para a observao de material biolgico,

    para que se conseguisse visualizar estas clulas e algumas, no todas, das suas estruturas.

    Existem algumas diferenas estruturais entre a clula animal e a vegetal, que lhe

    conferem caractersticas especficas. Contudo, em todas as clulas existem trs constituintes

    fundamentais: membrana celular, citoplasma e ncleo (Fig. 34 a 37).

    Membrana celular

    Responsvel pela manuteno da integridade celular, separa o meio intracelular do

    meio extracelular e responsvel pelo controlo das trocas entre a clula e meio extracelular.

    Esta membrana, tambm designada de plasmtica ou citoplasmtica, invisvel ao

    microscpio tico, mas a sua existncia pode pr-se em evidncia pela resistncia que a

    superfcie da clula oferece ao ser atravessada por uma microagulha e ainda pelo facto de a

    sua rutura provocar a sada do citoplasma para o exterior.

    Citoplasma

    O citoplasma constitudo por uma massa semifluida, aparentemente homognea,

    designada de hialoplasma, e por um conjunto de organelos muito diversos. Ao microscpio

    tico estes organelos so percecionados como grnulos ou bastonetes, embora no seja

    possvel identificar muitos deles.

    Alguns destes grnulos ou bastonetes podem corresponder a mitocndrias, as quais

    podem mudar de posio devido aos movimentos de ciclose 1.

    Muitas granulaes podem corresponder ainda a incluses lipdicas, abundantes nas

    sementes e frutos de plantas oleaginosas e nas clulas adiposas dos animais

    Ncleo O ncleo um corpsculo rodeado por citoplasma e delimitado pelo invlucro

    nuclear. Nem sempre se consegue observar o ncleo, pois, sendo a clula uma unidade

    tridimensional, pode estar a observar-se um plano que no o interseta, o que no significa que

    o ncleo no seja observvel noutro plano.

    1 Ciclose corrente (circulao) citoplasmtica orientada num certo sentido.

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    No ncleo existe um lquido o nucleoplasma, e finos filamentos de cromatina. Cada

    um desses filamentos constitui um cromossoma, apenas bem visvel durante a diviso celular.

    Em muitos casos, so ainda visveis um ou mais corpsculos brilhantes os nuclolos.

    Outras estruturas podem ser observadas nas clulas, como por ex os plastos, o

    complexo de golgi, o centrossoma, os vacolos, a parede celular e os clios e flagelos.

    Plastos

    Plastos so organelos citoplasmticos encontrados nas clulas de plantas e de algas. A

    sua forma e tamanho variam conforme o tipo de organismo. Em algumas algas, cada clula

    possui um ou poucos plastos, de grande tamanho e formas caractersticas. J em outras algas e

    nas plantas em geral, os plastos so menores e esto presentes em grande nmero por clula.

    A classificao dos plastos tem em conta o tipo de material encontrado no seu interior.

    Podem ser divididos em dois tipos:

    cromoplastos (do grego chromos, cor), que apresentam pigmentos no seu interior. O

    cromoplasto mais frequente nas plantas o cloroplasto, cujo principal componente a

    clorofila, de cor verde. H tambm plastos vermelhos, os eritroplastos (do grego eritros,

    vermelho), que se desenvolvem, por exemplo, no tomate. Outros cromoplastos encerram

    pigmentos amarelos, cor de laranja ou de outras cores.

    leucoplastos (do grego leukos, branco), que no contm pigmentos. So exemplo

    destes plastos os amiloplastos (contm amido), os oleoplastos (contm lpidos) e os

    proteoplastos (contm protenas).

    Complexo de golgi

    Geralmente, este organelo no visvel na clula viva, pois para ele no existe

    nenhuma colorao vital. Descoberto em 1898 por Camilo Golgi (Prmio Nobel da medicina,

    1906) em clulas nervosas de coruja, apresenta-se ao microscpio tico sob a forma de

    corpsculos isolados ou sob a forma de uma rede contnua.

    Centrossoma

    Observa-se em todas as clulas animais e em algumas clulas de plantas, no tendo

    nunca sido observado nas clulas das plantas superiores (angiosprmicas). Ao microscpio

    tico, apresenta-se como uma pequenssima esfrula brilhante cujo centro ocupado por um

    ou dois grnulos centrolos.

    Vacolos

    So cavidades delimitadas por uma membrana, que contm gua com substncias

    dissolvidas absorvidas pela clula ou elaboradas por ela. O vermelho-neutro cora-os na clula

    viva.

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    33

    Os vacolos so pequenos e

    numerosos nas clulas animais e nas clulas

    jovens das plantas. Nas plantas, com a idade,

    pode verificar-se a fuso dos vrios vacolos

    num nico vacolo central. Por vezes o

    citoplasma e o ncleo ocupam apenas uma

    pequena rea perifrica. (Fig. 33)

    Fig. 33 Evoluo dos

    vacolos em clulas

    vegetais2

    Clios e flagelos

    frequente, principalmente em organismos unicelulares, a clula possuir organelos

    locomotores. Em algumas so finos e numerosos clios , enquanto que noutras so longos e

    geralmente em pequeno nmero flagelos. (Fig. 38)

    Parede celular

    Nas clulas das plantas existe exteriormente membrana plasmtica uma parede

    celular ou parede esqueltica, de natureza geralmente celulsica.

    Ficamos agora com algumas imagens obtidas por microscopia tica.

    2 Imagem extrada de: http://www.supletivo.com.br/materias/biologia/material_excluido/aula_032/index_arquivos/sonia_lopes_vol1_pag133.gif

    Membrana nuclear

    Nuclolo

    Parede esqueltica

    Cloroplastos

    Citoplasma

    A complementar com as aulas

    prticas de microscopia.

    Fig. 34 Clulas da folha de eldea

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    Fig. 35 Clulas da epiderme da tnica da cebola, coradas com azul-de-metileno.

    Fig. 36 Clula do epitlio bucal

    Parede esqueltica

    Citoplasma

    Nuclolo

    Membrana nuclear

    Ncleo

    Organelos citoplasmticos

    Membrana plasmtica

    Nuclolo

    Ncleo

    Membrana nuclear Citoplasma

    Estomas (com cloroplastos bem visveis).

    Fig. 37 Clulas da epiderme de ptala de gerbera,

    evidenciando a presena de estomas (clulas especializadas no

    mecanismo de trocas gasosas nas plantas).

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    A B C

    D

    E

    F

    Fig. 38 Seres vivos de uma infuso. A: Diatomcea; B: Branquipode; C: Rotfero;

    D: Paramcia; E: Vorticella; F: Euglena.

    3.1.2. A clula ao microscpio eletrnico ultra-estrutura celular

    Graas ao microscpio eletrnico, cujo poder de resoluo superior ao do microscpio tico,

    foi possvel observar a ultra-estrutura da clula.

    3.2. Organitos celulares principais funes

    Clula eucaritica

    Nas figuras seguintes ilustramos, em representao esquemtica e em microfotografia,

    os constituintes quer da clula eucaritica animal quer da clula eucaritica vegetal. Note -se

    que a distribuio dos organelos na clula no esttica mas sim difere de clula para clula e

    mesmo na prpria clula, em diferentes momentos.

    No quadro, mais adiante, faz-se referncia, de forma muito sumria, s caratersticas de alguns

    dos constituintes celulares considerados.

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    Fig. 39 Representao esquemtica de dois tipos de clulas: A eucaritica animal;

    B eucaritica vegetal. Note-se que a clula vegetal possui parede celular, cloroplastos e

    vacolos de grandes dimenses, o que a distingue da clula animal.

    A

    B

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    Fig. 40 Microfotografia eletrnica de clulas eucariticas.

    A clula eucaritica animal (1 ncleo, 2 nuclolo, 3 cromatina, 4 invlucro nuclear, 5 retculo endoplasmtico, 6 mitocndrias); B - clula eucaritica vegetal; C pormenor de uma mitocndria; D Retculo endoplasmtico rugoso (nota: grnulos correspondem a ribossomas); E pormenor do complexo de golgi (7); F pormenor da parede celular (8); G lisossomas (9); H pormenor do invlucro nuclear (nota: setas apontam para

    poros nucleares).

    Vacolo

    Cloroplasto

    Granun

    Parede celular

    B

    A

    2 3

    6

    5

    1 -

    4

    6

    C

    D

    E

    7 -

    F G

    H

    8 9

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    Componente celular | Estrutura | Funo

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    39

    Componente celular | Estrutura | Funo

    Clula procaritica e eucaritica

    As clulas procariticas apresentam, como j referimos, uma estrutura muito mais simples do

    que as eucariticas.

    Estas clulas entram na constituio de seres ditos procariontes, representados pelas

    bactrias e cianobactrias (Figs. 41 e 42).

    Fig. 41 Seres procariontes (formados por clulas procariticas).

    A Coccus; B Bacillus; C Cianobactrias

    As bactrias podem apresentar formas esfricas cocos ou formas alongadas bacilos.

    As cianobactrias so seres fotossintticos e possuem pigmentos localizados em sistemas de

    lamelas.

    A

    B

    C

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    Fig. 42 Representaes esquemticas: A Bactria (1 cpsula; 2 parede celular; 3 membrana plasmtica; 4 citoplasma; 5 ribossomas; 6 nucleoide; 7 flagelo). B Cianobactria.

    Os procariontes possuem parede celular. Alguns apresentam exteriormente uma

    cpsula, podendo apresentar ainda, nessa regio exterior, prolongamentos como os pili e os

    flagelos.

    O material gentico no se encontra individualizado do citoplasma e designa-se por

    nucleoide. O citoplasma, extremamente rico em ribossomas, desprovido de todos os

    organelos membranares, como mitocndrias retculo endoplasmtico, complexo de golgi e

    ribossomas.

    Nas cianobactrias existem membranas internas (lamelas fotossintticas) que contm

    pigmentos fotossintticos, como a ficocianina e a ficoeritrina, que no esto presentes nas

    plantas superiores.

    As clulas eucariticas tm vantagens sobre as clulas procariticas, sendo uma das

    principais, o facto das primeiras permitem uma maior diversidade de seres devido aos

    fenmenos mitose e meiose (que ocorrem, o que no acontece nos seres procariontes, uma

    vez que nestes ocorre apenas bipartio.

    Os seres eucariontes (formados por clulas eucariticas) so geralmente

    multicelulares, ao contrrio das procariontes que so unicelulares. Procariontes e eucariontes

    unicelulares podem por vezes associar-se em colnias.

    A multicelularidade caracterizada por uma associao de clulas em que existe

    interdependncia ao nvel das estruturas e funes entre as clulas associadas. Com o evoluir

    da multicelularidade foram surgindo os vrios organelos o que permitiu os organismos

    realizarem atividades muito complexas que os seus ancestrais unicelulares no conseguiam

    realizar.

    A B

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    41

    A multicelularidade apresenta vantagens relativamente unicelularidade:

    permite a existncia de seres vivos de maiores dimenses;

    permite uma maior diversidade de seres vivos o que facilita adaptao a diferentes ambientes;

    a especializao celular reduz a taxa metablica e permite assim um gasto de energia mais eficaz;

    existe mais independncia em relao ao meio externo uma vez que tm uma maior capacidade para manter um equilbrio dinmico no meio interno.

    No quadro seguinte sistematizam-se algumas caractersticas dos dois grandes grupos

    de clulas considerados, que permitem fazer um estudo comparativo.

    CARACTERSTICAS CLULA PROCARTICA CLULA EUCARITICA

    Tamanho da clula Dimetro mdio

    0,5 a 10 m.

    Cerca de 40 m de dimetro e em mdia 1000 a 10000 vezes o volume

    da clula procaritica.

    Parede celular Rgida, constituda por

    polissacardeos com aminocidos

    Apenas nas plantas e fungos, constituda por celulose e quitina

    respetivamente. Rgida.

    Material gentico Constitui o nucleoide. Em contacto com o citoplasma e sem qualquer

    invlucro nuclear.

    Possui ncleo e um ou mais nuclolos.

    Organelos

    Sem organelos membranares. Com muitos ribossomas (menores

    do que os das clulas eucariticas).

    Vrios tipos de organelos membranares (ex. mitocndrias,

    retculo endoplasmtico, complexo de golgi).

    Estruturas respiratrias

    Hialoplasma e membrana plasmtica

    Hialoplasma e mitocndrias

    Fotossntese Sem cloroplastos mas ocorre por

    vezes em lamelas fotossintticas. D-se nos cloroplastos (apenas nas

    clulas vegetais).

    Flagelos Organelos locomotores simples apenas ligados superfcie da

    clula.

    Organelos locomotores complexos, envoltos na membrana plasmtica

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    4. Biomolculas: Constituintes bsicos da matria viva

    4.1. Compostos inorgnicos

    4.1.1. gua

    A gua o composto mais importante nas clulas, podendo atingir entre 75% a 90% do

    total da sua massa.

    Constitui o meio onde ocorrem todas as reaes celulares, intervindo em numerosas

    reaes qumicas vitais.

    As propriedades da gua residem no fato desta molcula, apesar de eletronicamente

    neutra, apresentar polaridade. Esta polaridade permite a ligao entre as molculas de gua, e

    tambm entre estas molculas e outras substncias polares, atravs de pontes de hidrognio.

    Figura 43 Molcula da gua

    A polaridade contribui para o grande poder solvente da gua, cujas molculas so capazes de

    estabelecer ligaes com diversos ies, formando compostos mais estveis.

    4.1.2. Sais minerais

    Da constituio das clulas tambm fazem parte vrios sais

    minerais, como os sais de sdio, potssio, clcio, magnsio, ferro, cloro,

    enxofre ou fsforo, entre outros.

    Embora presentes em menores quantidades, os sais minerais so

    igualmente importantes para as diferentes funes vitais. Podem ter

    uma funo reguladora ou estrutural.

    Figura 44 Cloreto de sdio

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    43

    4.2. Compostos Orgnicos

    Todos os seres vivos, logo, as suas clulas, so constitudos por molculas orgnicas de

    grandes dimenses macromolculas.

    Estas so formadas por um nmero relativamente reduzido de elementos qumicos,

    principalmente carbono, oxignio, hidrognio e azoto.

    As biomolculas desempenham diferentes

    funes: estruturais, energticas, enzimticas,

    armazenamento e transferncia de informao.

    Existem quatro grandes tipos de

    macromolculas nas clulas: os prtidos, os glcidos,

    os lpidos e os cidos nucleicos.

    Todas elas so formadas por conjuntos

    (polmeros) de unidades estruturais, respetivamente,

    aminocidos, monossacardeos, cidos gordos e

    glicerol e nucletidos.

    Figura 45 Unidades bsicas das molculas orgnicas.

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    44

    4.2.1 Glcidos

    Os glcidos ou hidratos de carbono so compostos orgnicos ternrios (constitudos

    por C, O e H).

    De acordo com a sua complexidade, podem-se considerar trs grandes grupos de

    glcidos: monossacardeos, oligossacardeos e polissacardeos.

    Os monossacardeos, ou oses, so os glcidos mais simples e so classificados de

    acordo com o nmero de tomos de carbono que os compem (entre 3 e 9).

    Assim, existem as trioses (3C), as tetroses (4C), as pentoses (5C), as hexoses (6C), as

    heptoses (7C), etc. As pentoses e as hexoses so as mais frequentes.

    Figura 46 Monossacardeos (hexoses e pentoses)

    A ligao que une os dois monossacardeos denomina-se ligao glicosdica.

    Dois monossacardeos ligados formam um dissacardeo. Se mais um monossacardeo

    se ligar, forma um trissacardeo e assim sucessivamente.

    So oligossacardeos as molculas constitudas por 2 a 10 monossacardeos unidos

    entre si. Se este nmero for superior, as molculas denominam-se polissacardeos.

    Grande parte dos polissacardeos, como a celulose e a amilose, formada por

    molculas lineares; nalguns polissacardeos, como o glicognio e a amilopectina, as molculas

    so ramificadas.

    Os glcidos so compostos orgnicos com uma importante variedade de funes:

    Funo energtica;

    Funo estrutural (parede celular em plantas, algas, fungos e bactrias; revestimento

    de crustceos e insetos).

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    45

    4.2.2. Lpidos

    Grupo de molculas muito heterogneo, do qual fazem parte as gorduras (animais e

    vegetais), ceras, esteroides, etc.

    Geralmente so compostos por O, H e C, mas tambm podem conter outros

    elementos, como S, N ou P.

    A insolubilidade na gua e a solubilidade em solventes orgnicos, como o benzeno, o

    ter e o clorofrmio, so caractersticas comuns.

    Apresentam estrutura e propriedades qumicas diversas.

    Classificam-se em dois grandes grupos: lpidos de reserva e lpidos estruturais.

    Lpidos de Reserva

    Alguns lpidos de reserva possuem dois componentes fundamentais: cidos gordos e glicerol.

    Figura 47 cidos gordos e gicerol (unidade base)

    Os cidos gordos so formados por uma cadeia linear de tomos de carbono, com um

    grupo terminal carboxilo (COOH).

    Os cidos gordos que possuem tomos de carbono ligados entre si por ligaes duplas

    ou triplas, dizem-se insaturados. Nos cidos gordos saturados, todos os tomos de carbono

    esto ligados entre si por ligaes simples.

    O glicerol, ou glicerina, um lcool que contm trs grupos hidroxilo (OH), capazes de

    estabelecer ligaes covalentes com os tomos de carbono dos grupos carboxilo dos cidos

    gordos.

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    46

    Esta ligao denomina-se ligao ster e, conforme se estabelece entre o glicerol e um, dois

    ou trs cidos gordos, assim se forma um monoglicerdeo, um diglicerdeo ou um

    triglicerdeo.

    Figura 48 Monoglicrido

    Figura 49 Triglicrido

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    Lpidos estruturais

    Destacam-se, pela sua importncia, os fosfolpidos, lpidos contendo um grupo fosfato.

    Os fosfolpidos so os constituintes mais abundantes das membranas celulares. A sua

    estrutura resulta da ligao de uma molcula de glicerol com dois cidos gordos e com uma

    molcula de cido fosfrico.

    Os fosfolpidos so molculas anfipticas, isto , possuem uma parte polar (hidroflica) e

    uma parte apolar (hidrofbica).

    Figura 50 Fosfolpido

    Figura 51 - Estrutura da membrana

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    Os lpidos constituem um dos grupos de compostos orgnicos vitais para os organismos.

    Desempenham vrias funes:

    Funo energtica

    Funo estrutural (membranas celulares, com fosfolpidos e colesterol)

    Funo protetora (ceras de revestimento de plantas e animais)

    Funo vitamnica (constituio das vitaminas E e K)

    Funo hormonal (hormonas sexuais)

    4.2.3. Prtidos

    Os prtidos so compostos quaternrios, constitudos por C, H, O e N, podendo

    tambm conter outros elementos como S, P, Mg, Fe, Cu, etc.

    De acordo com a sua complexidade, os prtidos podem-se classificar em aminocidos,

    pptidos e protenas.

    Os aminocidos so prtidos mais simples, constituindo as unidades estruturais dos

    pptidos e das protenas, j que podem ligar-se entre si, formando cadeias de tamanho

    varivel.

    Existem cerca de 20 aminocidos que entram na constituio dos prtidos de todas as

    espcies de seres vivos.

    Todos eles possuem um grupo amina (NH2), um grupo carboxilo (COOH) e um tomo

    de hidrognio ligados ao mesmo tomo de carbono. Existe ainda uma poro da molcula (R),

    que varia de aminocido para aminocido.

    Figura 52 exemplos de aminocidos

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    Os pptidos so o resultado da unio entre dois ou mais aminocidos, que se efe tua

    atravs de uma ligao qumica covalente, denominada ligao peptdica. A ligao peptdica

    estabelece-se entre o grupo carboxilo de um aminocido e o grupo amina de outro.

    Os pptidos formados por dois aminocidos denominam-se dipptidos, os que so

    formados por trs, tripptidos, e assim sucessivamente.

    As cadeias peptdicas podem conter mais de cem aminocidos.

    As que contm entre dois e vinte aminocidos designam-se oligopptidos, e as que

    ultrapassam esse nmero chamam-se polipptidos.

    As protenas so macromolculas constitudas por uma ou mais cadeias polipeptdicas

    e apresentam uma estrutura tridimensional definida. So molculas com vrios nveis de

    organizao.

    Figura 53 Estrutura das Protenas

    A importncia biolgica das protenas enorme dada a interveno crucial em todos os

    processos biolgicos.

    Funo estrutural

    Funo enzimtica

    Funo de transporte

    Funo hormonal

    Funo imunolgica

    Funo motora

    Funo reserva

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    4.2.4. cidos Nucleicos - DNA e RNA

    Existem cinco tipos de bases azotadas:

    - Adenina (A) e Guanina (G) (bases pricas possuem dois anis); - Citosina (C) e Timina (T) e Uracilo (U) (bases pirimdicas possuem um anel).

    A timina s existe no DNA e o uracilo s existe no RNA. As restantes so comuns aos dois

    compostos.

    No DNA, as bases ligam-se entre si por complementariedade: citosina de um nucletido

    de uma cadeia, liga-se uma guanina do nucletido de outra cadeia; adenina liga-se a timina.

    Relativamente s pentoses, o DNA contm desoxirribose e o RNA contm ribose.

    Figura 54 Constituio do DNA e do RNA

    Quer nos procariontes quer nos eucariontes o DNA o suporte universal da informao

    gentica, controlando a atividade celular.

    Cada organismo nico porque portador de um DNA nico, do ponto de vista informativo.

    O DNA e o RNA intervm na sntese de protenas.