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MÓDULO PORTUGUÊS E REDAÇÃO – Português - Prof. Eduardo Sabbag - Redação MÓDULO PORTUGUÊS E REDAÇÃO Disciplina: Português Prof. Eduardo Sabbag Redação MATERIAL DE APOIO – PROFESSOR MATERIAL DE AULA CURSO DE PORTUGUÊS APLICADO (2011.1) PROF. EDUARDO SABBAG REDE LFG/ANHANGUERA TEMA 1: TEMA CRÍTICO (COM IMAGEM E TEXTOS) Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si e à possível dignidade. Pensar é transgredir. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for. Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. (Adaptado de: Pensar é transgredir, Lya Luft.) A redação deverá ser dissertativa e versar sobre o tema: A TRANSGRESSÃO faz parte das ações humanas, ou ela pode ser entendida como violação às normas? Para escrevê-la, analise com atenção o tema proposto, defina seu ponto de vista e escolha argumentos consistentes que lhe deem sustentação. As referências apresentadas a seguir têm o propósito de auxiliá- lo na contextualização do assunto em que se insere o tema. Transgressão significa a ação humana de atravessar, exceder, ultrapassar, noções que pressupõe a existência de uma norma que estabelece e demarca limites. Seu significado transitou da esfera geográfica, na qual fixava o limite para as águas do mar, à concepção ético-filosófica, que abriga desde preceitos morais e religiosos até as leis do Estado. Daí, as contraposições entre bem e mal, mandamento e pecado, código e infração... Ensinar o respeito ao modus operandi das sociedades e de seus sistemas tem sido o papel de pais e educadores ao longo da história. Mas todos também aprenderam que “adaptar-se” é conformar-se, acomodar-se. Nas ações criativas humanas, transgressor e transgredido tendem a confundir-se. Por essa razão, o ato criador não se processa em série, como uma linha de montagem predeterminada. O criador/transgressor é o agente solitário que opera a superação de si mesmo na ruptura com o mundo que o cerca. Cada um, ao buscar, ao inventar, ao tentar o “ainda-não-ousado”, o novo, incorre em transgressão, não como subversão da ordem, mas como implementação, como criação. Transgressão e antitransgressão movimentam-se igualmente quando se trata de suprir carências no atendimento das condições de bem-estar individuais ou coletivas. Considere o exemplo abaixo.

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MÓDULO PORTUGUÊS E REDAÇÃO – Português - Prof. Eduardo Sabbag - Redação

MÓDULO PORTUGUÊS E REDAÇÃO Disciplina: Português Prof. Eduardo Sabbag Redação

MATERIAL DE APOIO – PROFESSOR

MATERIAL DE AULA

CURSO DE PORTUGUÊS APLICADO (2011.1) PROF. EDUARDO SABBAG REDE LFG/ANHANGUERA

TEMA 1: TEMA CRÍTICO (COM IMAGEM E TEXTOS)

Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si e à possível dignidade. Pensar é transgredir. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for. Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. (Adaptado de: Pensar é transgredir, Lya Luft.)

A redação deverá ser dissertativa e versar sobre o tema: A TRANSGRESSÃO faz parte das ações humanas, ou ela pode ser entendida como violação às normas?

Para escrevê-la, analise com atenção o tema proposto, defina seu ponto de vista e escolha argumentos consistentes que lhe deem sustentação. As referências apresentadas a seguir têm o propósito de auxiliá-lo na contextualização do assunto em que se insere o tema.

Transgressão significa a ação humana de atravessar, exceder, ultrapassar, noções que pressupõe a existência de uma norma que estabelece e demarca limites. Seu significado transitou da esfera geográfica, na qual fixava o limite para as águas do mar, à concepção ético-filosófica, que abriga desde preceitos morais e religiosos até as leis do Estado. Daí, as contraposições entre bem e mal, mandamento e pecado, código e infração...

Ensinar o respeito ao modus operandi das sociedades e de seus sistemas tem sido o papel de pais e educadores ao longo da história. Mas todos também aprenderam que “adaptar-se” é conformar-se, acomodar-se.

Nas ações criativas humanas, transgressor e transgredido tendem a confundir-se. Por essa razão, o ato criador não se processa em série, como uma linha de montagem predeterminada. O criador/transgressor é o agente solitário que opera a superação de si mesmo na ruptura com o mundo que o cerca. Cada um, ao buscar, ao inventar, ao tentar o “ainda-não-ousado”, o novo, incorre em transgressão, não como subversão da ordem, mas como implementação, como criação.

Transgressão e antitransgressão movimentam-se igualmente quando se trata de suprir carências no atendimento das condições de bem-estar individuais ou coletivas.

Considere o exemplo abaixo.

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IOTTI. Zero Hora, 10 de set. 2004.

Atitudes como essas indicam que todos somos potencialmente transgressores, pois cada um está, enquanto defensor de seu bem estar, em rota de colisão com a comunidade. Atos como esses podem explicar, por exemplo, a sonegação de impostos, mas também estão na base de movimentos de indignação contra a má aplicação de recursos públicos e nas manifestações de defesa do meio ambiente.

Leia com atenção as instruções a seguir: sua redação deverá ter extensão mínima de 30 linhas, excluindo o título – aquém disso, ela não será avaliada -, e máxima de 50 linhas, considerando letra de tamanho regular. O lápis poderá ser usado somente para rascunho; ao transcrever sua redação para a folha definitiva, faça-o com letra legível, usando caneta.

GABARITO PROPOSTO PELO PROF. SABBAG

TEMA 1: TEMA CRÍTICO (COM IMAGEM E TEXTOS)

Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si e à possível dignidade. Pensar é transgredir. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for. Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo.

Adaptado de: Pensar é transgredir, Lya Luft.

Tema da transgressão:

Quando a proposta do concurso trouxer vários textos, devemos lê-los mais de uma vez, extraindo a ideia-núcleo de cada um. Este é o PRIMEIRO PASSO.

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O SEGUNDO PASSO será organizá-las na estrutura dissertativa (introdução, desenvolvimento e conclusão).

O TERCEIRO PASSO será a demarcação do tema e do objetivo (“vou falar sobre/TEMA e pretendo provar que/OBJETIVO”).

QUARTO PASSO: fazer rascunho.

QUINTO PASSO: indicar o título.

ÚLTIMO PASSO: transcrever a redação para a folha original.

A DISSERTAÇÃO NA PRÁTICA – PRIMEIRO PASSO:

Ideia-núcleo: pensar é transgredir, entendendo-se essa transgressão como a possibilidade transgressiva que visa ao engajamento no sistema. Esta transgressão é fruto da racionalidade demarcatória do “real”, livrando-nos do “quarto escuro” da alienação, o que permitirá escutar, pelo vento da racionalidade “as árvores do mundo”.

(...)

Transgressão significa a ação humana de atravessar, exceder, ultrapassar, noções que pressupõe a existência de uma norma que estabelece e demarca limites. Seu significado transitou da esfera geográfica, na qual fixava o limite para as águas do mar, à concepção ético-filosófica, que abriga desde preceitos morais e religiosos até as leis do Estado. Daí, as contraposições entre bem e mal, mandamento e pecado, código e infração...

Ideia-núcleo: o ato de transgredir, na acepção de atravessar, ultrapassar, representa a transposição de limites predeterminados. Historicamente a transgressão serviu para indicar a transposição do “bem” para o “mal”, do “mandamento” para o “pecado”.

Ensinar o respeito ao modus operandi das sociedades e de seus sistemas tem sido o papel de pais e educadores ao longo da história. Mas todos também aprenderam que “adaptar-se” é conformar-se, acomodar-se.

Ideia-núcleo: o ato de transgredir, significando a transposição de limites, poderá levar o possível transgressor a refletir se sua atitude deve ser evitada. Nessa medida não se recomenda transgredir normas de conduta (ultrapassar o sinal vermelho no trânsito, agredir outrem etc.). Daí se pode inferir que “pensar é não transgredir”.

Nas ações criativas humanas, transgressor e transgredido tendem a confundir-se. Por essa razão, o ato criador não se processa em série, como uma linha de montagem predeterminada. O criador/transgressor é o agente solitário que opera a superação de si mesmo na ruptura com o mundo que o cerca. Cada um, ao buscar, ao inventar, ao tentar o “ainda-não-ousado”, o novo, incorre em transgressão, não como subversão da ordem, mas como implementação, como criação.

Ideia-núcleo: o transgressor, quando busca superar-se a se mesmo, rompendo com o “ainda-não-ousado”, mostra que o ato de transgredir significa criar, descobrir, implementar.

Transgressão e antitransgressão movimentam-se igualmente quando se trata de suprir carências no atendimento das condições de bem-estar individuais ou coletivas.

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Ideia-núcleo: o ato de transgressão de um sonegador, por exemplo, atende a interesses individuais, contra o mandamento ético e jurídico de que todos devem pagar o tributo. Por sua vez, o ato de transgressão de um cientista atende a interesses coletivos, contra o propósito egoístico de satisfação de interesses individuais.

Assim, todos somos potencialmente transgressores e, enquanto homenageamos interesses particulares, entramos em rota de colisão com o interesse coletivo. Daí aparecerem comportamentos como a sonegação de impostos, a desobediência ao semáforo, indicando uma presumível primazia do interesse particular perante o interesse coletivo.

A DISSERTAÇÃO NA PRÁTICA – SEGUNDO PASSO E OUTROS:

DESENHO DA REDAÇÃO:

1º Parágrafo:

- Idéia núcleo: mostrar que a transgressão faz parte das ações humanas, uma vez que somos potencialmente transgressores, não servindo apenas para indicar, no plano cartesiano, a transposição de limites.

Parágrafos de desenvolvimento:

1. Transgressão significa pensar � racionalidade � engajamento � não se comportar como “alienado”.

2. A propósito, a transgressão é pensamento de criação, de inovação, quando se descobrem curas, fórmulas, vacinas etc.

3. Transgressão = não pensar � rota de colisão com os interesses coletivos � sonegar � o que desrespeita as leis de trânsito.

Parágrafo de conclusão:

- Retomada da tese: transgredir é “pensar” e “não pensar”.

TEMA 2: TEMA CRÍTICO (COM IMAGEM)

Considere o trabalho de Barbara Kruger, reproduzido abaixo. Identifique seu tema e, sobre ele, redija uma dissertação, na folha a ela destinada, argumentando em favor de um ponto de vista sobre o tema. A redação deve ser feita com caneta azul ou preta.

Na avaliação de sua redação, serão considerados:

a) clareza e consistência dos argumentos em defesa de um ponto de vista sobre o assunto;

b) coesão e coerência do texto;

c) domínio do português padrão.

Atenção: A Banca Examinadora aceitará qualquer posicionamento ideológico do candidato.

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“Sem título” (Compro, logo Existo), de Barbara Kruger

(In: Mais! Folha de S. Paulo, 02/11/2003.)

TEMA 3: TEMA CRÍTICO (DE ATUALIDADE), COM FRASES

(UEL) “A preguiça é a mãe do progresso; se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.” (A frase é do escritor Mário Quintana. Trata-se apenas de um pensamento bem-humorado ou de uma antiga verdade, que a tecnologia moderna vem confirmando?)

REDAÇÃO GABARITADA DO PROF. SABBAG

A ideia de que a preguiça é a “mãe” do progresso mostra-se convincente, na medida em que o ser preguiçoso tende a buscar sua evolução em recursos de facilitação, que são ofertados por inovações tecnológicas.

A sensação de preguiça é, em princípio, um empecilho à tomada de decisões que deflagrariam mudança do “status quo”. De fato, quando se tem tal sensação, sobressai o desejo de nada fazer.

Curiosamente, a procura de meios que facilitem a obtenção de resultados será capaz de transformar a estática “preguiça” em dinâmica “preguiça-progresso”.

O ato de progredir, ao propiciar a mudança de direção, será responsável pela evolução do ser. À semelhança da mãe que gera o filho, a preguiça poderá ser o elemento provocador do progresso.

Assim, muitas “rodas” do futuro ainda serão descobertas por conta daquela “preguiça-progresso”, na busca constante do bem estar oferecido pelas inovações tecnológicas.

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TEMA 4: TEMA ABSTRATO (TEXTO, FRASE, POEMA E IMAGEM)

Leia atentamente os textos e observe bem a foto.

I. O olhar que capta tantas imagens, o olhar que depara com as múltiplas telas da mídia — telas-painéis, telas-letreiros, telas-televisores, telas-games, telas-monitores — esse olhar educado pela e para a velocidade, saberá ainda deter-se? Saberá fechar-se, para deixar refletir? Algum antigo já disse: “Os olhos são o espelho da alma”. Serão ainda? Ou converteram-se em espelhos famintos das imagens velozes do mundo — imagens que imaginavam devorar, mas que talvez os devorem? (Celso de Oliveira, inédito)

II. Nos dias de neblina intensa é muito difícil perceber se faz mau tempo. (Millôr Fernandes)

III. “Vem, farol tímido,

dizer-nos que o mundo

de fato é restrito,

cabe num olhar.” (Carlos Drummond de Andrade)

IV.

Os textos e a foto podem ser relacionados em função de um mesmo tema: o olhar.

Redija uma dissertação na qual, considerando as ideias dos textos e a sugestão da foto, você exponha seu ponto de vista sobre o tema indicado.

GABARITO SUGERIDO PELO PROF. SABBAG

Leia atentamente os textos e observe bem a foto.

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I. O olhar que capta tantas imagens, o olhar que depara com as múltiplas telas da mídia — telas-painéis, telas-letreiros, telas-televisores, telas-games, telas-monitores — esse olhar educado pela e para a velocidade, saberá ainda deter-se? Saberá fechar-se, para deixar refletir? Algum antigo já disse: “Os olhos são o espelho da alma”. Serão ainda? Ou converteram-se em espelhos famintos das imagens velozes do mundo — imagens que imaginavam devorar, mas que talvez os devorem? (Celso de Oliveira, inédito)

Idéia núcleo: a velocidade da informação se destina a olhares superficiais, famintos de cores e de imagens superpostas, como um espetáculo visual. Este olhar pouco reflexivo é produto da alienação imposta pelo sistema, que manipuladoramente tacha-o de “devorador”, sendo, na verdade, “devorado”. Portanto, “se os olhos são o espelho da alma” – e com isso concordamos –, dos olhares poucos reflexivos originarão “almas manipuláveis”, com pouca racionalidade e muita alienação.

II. Nos dias de neblina intensa é muito difícil perceber se faz mau tempo. (Millôr Fernandes)

Idéia núcleo: a “neblina intensa” da alienação impede que se enxergue o “real-racional”, ou seja, se há bom ou mau tempo na realidade investigável. O olhar que olha apenas vê a “neblina” da inconsciência, impedindo a completa observação do caminho a ser seguido. O olhar que enxerga vê com reflexão, sob a irradiação de luminosidade que a racionalidade proporciona.

III. “Vem, farol tímido,

dizer-nos que o mundo

de fato é restrito,

cabe num olhar.” (Carlos Drummond de Andrade)

Idéia núcleo: o farol da consciência do ser engajado, ainda que timidamente este se mostre em menor número no sistema em que se insere, fará com que os fatos caibam num olhar racional, dando a exata dimensão da realidade. A realidade do ser alienado é grande e complexa, não sendo por ele bem compreendida. Isso o torna vítima da neblina da inconsciência na irrealidade na qual vive.

IV.

Os textos e a foto podem ser relacionados em função de um mesmo tema: o olhar.

Idéia núcleo: enquanto as telas mostrarem informações velozes que fragmentam as ideias e impedem a compreensão totalizante do mundo revelado, o olhar do observador delas será moldado à semelhança do formato limitador das telas. Este olhar apenas verá o que a tela impõe – é a “quadradalização” do olhar.

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TEMA 5: TEMA DA UNICAMP 2010 (COLETÂNEA DE TEXTOS E IMAGEM)

O tema geral da prova da primeira fase é Gerações. A redação propõe três recortes desse tema.

Coletânea de textos:

A coletânea é única e válida para as três propostas. Leia toda a coletânea e selecione o que julgar pertinente para a realização da proposta escolhida. Articule os elementos selecionados com sua experiência de leitura e reflexão. O uso da coletânea é obrigatório.

ATENÇÃO - sua redação será anulada se você desconsiderar a coletânea ou fugir ao recorte temático ou não atender ao tipo de texto da proposta escolhida.

PROPOSTA A

Leia a coletânea e elabore sua dissertação a partir do seguinte recorte temático:

A relação entre gerações é frequentemente caracterizada pelo conflito. Entretanto, há outras formas de relacionamento que podem ganhar novos contornos em decorrência de mudanças sociais, tecnológicas, políticas e culturais.

Instruções:

1. Discuta formas pelas quais se estabelecem as relações entre as gerações.

2. Argumente no sentido de mostrar que essas diferentes formas coexistem.

3. Trabalhe seus argumentos de modo a sustentar seu ponto de vista.

APRESENTAÇÃO DA COLETÂNEA

1) Em toda sociedade convivem gerações diversas, que se relacionam de formas distintas, exigindo de todos o exercício contínuo de lidar com a diferença.

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2) Para o sociólogo húngaro Karl Mannheim, a geração consiste em um grupo de pessoas nascidas na mesma época, que viveram os mesmos acontecimentos sociais durante a sua formação e crescimento e que partilham a mesma experiência histórica, sendo esta significativa para todo o grupo. Estes fatores dão origem a uma consciência comum, que permanece ao longo do respectivo curso de vida. A interação de uma geração mais nova com as precedentes origina tensões potencializadoras de mudança social. O conceito que aqui está patente atribui à geração uma forte identidade histórica, visível quando nos referimos, por exemplo, à “geração do pós-guerra”. O conceito de “geração” impõe a consideração da complexidade dos fatores de estratificação social e da convergência sincrônica de todos eles; a geração não dilui os efeitos de classe, de gênero ou de raça na caracterização das posições sociais, mas conjuga-se com eles, numa relação que não é meramente aditiva nem complementar, antes se exerce na sua especificidade, ativando ou desativando parcialmente esses efeitos. (Adaptado de Manuel Jacinto Sarmento, Gerações e alteridade: interrogações a partir da sociologia da infância. Educação e Sociedade, Campinas, vol. 26, n. 91, p. 361-378, Maio/Ago. 2005. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br)

3) A partir do advento do computador, as empresas se reorganizaram rapidamente nos moldes exigidos por essa nova ferramenta de gestão. As organizações procuraram avidamente os “quadros técnicos” e os encontraram na quantidade demandada. Os primeiros quadros “bem formados” tiveram em geral carreiras fulminantes. Suas trajetórias pessoais foram tomadas como referência pelos executivos mais jovens. Aqueles “grandes executivos” foram considerados portadores de uma “visão de conjunto” dos problemas empresariais, que os colocava no campo superior da “administração estratégica”, enquanto o principal atributo da nova geração passa a ser a contemporaneidade tecnológica. Os constrangimentos advindos do choque geracional encarregaram-se de fazer esses “jovens” encarnarem essa característica, dando a esse trunfo a maior rentabilidade possível. Assim, exacerbaram-se as diferenças entre os recém-chegados e os antigos ocupantes dos cargos. No plano simbólico, toda a ética construída nas carreiras autodidatas é posta em xeque no conflito que opõe a técnica dos novos executivos contra a

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lealdade dos antigos funcionários que, no mais das vezes, perdem até a capacidade de expressar o seu descontentamento, tamanha é a violência simbólica posta em marcha no processo, que não se trava simplesmente em cada ambiente organizacional isolado, mas se generaliza. (Adaptado de Roberto Grün, Conflitos de geração e competição no mundo do trabalho. Cadernos Pagu. Campinas, vol. 13, p. 63-107, 1999.)

4) Ao longo da década de 1990, a renda das famílias brasileiras com filhos pequenos deteriorou-se com relação à das famílias de idosos. Ao mesmo tempo, há crescentes evidências de que os idosos aumentaram sua responsabilidade pela provisão econômica de seus filhos adultos e netos. (Ana Maria Goldani, Relações intergeracionais e reconstrução do estado de bem-estar. Por que se deve repensar essa relação para o Brasil, pp. 211. Disponível em http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/PopPobreza/GoldaniAnaMariaCapitulo7.pdf).

5) As relações intergeracionais permitem a transformação e a reconstrução da tradição no espaço dos grupos sociais. A transmissão dos saberes não é linear; ambas as gerações possuem sabedorias que podem ser desconhecidas para a outra geração, e a troca de saberes possibilita vivenciar diversos modos de pensar, de agir e de sentir, e assim, renovar as opiniões e visões acerca do mundo e das pessoas. As gerações se renovam e se transformam reciprocamente, em um movimento constante de construção e desconstrução. (Adaptado de Maria Clotilde B. N. M. de Carvalho, Diálogo intergeracional entre idosos e crianças. Rio de Janeiro. PUC-RJ, 2007, p 52.)

6)

http://humornainformatica.blogspot.com/2008/05/videogame-para-terceira-idade.html

TEMA 6: TEMA RECORRENTE EM PROVAS DE REDAÇÃO PARA CONCURSOS PÚBLICOS: A QUESTÃO DA CORRUPÇÃO

(ITA-SP) Redija uma dissertação (em prosa, de aproximadamente 25 linhas) sobre o tema:

A ocasião faz o ladrão?

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Para elaborar sua redação, você poderá valer-se, total ou parcialmente, dos argumentos contidos nos excertos abaixo, refutando-os ou concordando com os mesmos. Não os copie. (Dê um título ao seu texto. A redação final deve ser feita com caneta azul ou preta.)

1) (...) muito se reclama no Brasil da corrupção pública, que vai do guardinha de trânsito ao deputado federal. A corrupção privada, no entanto, é igualmente difusa e danosa, embora ninguém pareça escandalizar-se demais com ela. Quando vou ao Brasil, frequento jornalistas, cineastas, publicitários, e é impressionante a quantidade de histórias de corrupção privada que eles têm a contar. Na maior parte dos casos, são atravessadores que faturam uma bonificação para cada transação comercial que executam. Acredito que em outros campos de trabalho se verifiquem fatos análogos. Se, em vez de jornalistas, cineastas e publicitários, eu frequentasse fabricantes de parafusos ou importadores de máquinas agrícolas, acho que acabaria ouvindo o mesmo número de histórias de corrupção. (Diogo Mainardi. Veja, 5/7/2000.)

2) No Brasil uma pessoa já é considerada honesta apenas porque é medíocre em sua desonestidade. (Millôr Fernandes. Folha de S. Paulo, 30/7/2000.)

3) Não há povos mais ou menos predispostos à desonestidade. Há sim, sistemas mais permissivos, mais frouxos, mais corruptos, nos quais ela encontra terreno fértil para plantar suas raízes profundas — o que estaria ocorrendo no Brasil. (IstoÉ, 20/5/1992.)

4) Os excertos abaixo foram extraídos da matéria “O bloco dos honestos”, publicada em IstoÉ de 20/5/1992, e adaptados. (A moeda na época era o Cruzeiro.)

G. B. P. — Funcionária do Metrô de São Paulo

– Salário mensal de Cr$ 640 mil; entre suas funções recolhe roupas doadas para os pobres.

– Trabalhando solitariamente numa sala, encontrou US$ 400* no bolso de um casaco que lhe foi entregue.

– Passou o dinheiro a seu chefe, que aguarda o verdadeiro dono.

(*) US$ 400 correspondia a um pouco mais que o dobro do salário da funcionária, na época.

C. A. — Camareira de hotel

– Ganha mensalmente Cr$ 390 mil, trabalhando 10 horas por dia.

– Entrega à gerência dólares, relógios e joias esquecidos pelos hóspedes.

– Sua receita para a honestidade é “não dar chance à tentação”.

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H. H. F. — Fiscal Aduaneiro

– Cr$ 3 milhões de salário mensal, fiscalizando a fronteira Brasil-Paraguai.

– Por suas mãos passam diariamente US$ 10 milhões em guias de exportação.

– Irredutível, declara: “A corrupção não compensa, tampouco constrói”.

J. A. S. — Engenheiro

– Salário de Cr$ 2 milhões por mês, examinando loteamentos fora da lei.

– Já interditou mais de 60 empreendimentos imobiliários irregulares.

– Diz que o menor diálogo com “a pilantragem termina em corrupção”.

TEMA 7: CORRELATO AO TEMA 3, COM ENFOQUE NA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL (COLETÂNEA DE TEXTOS E IMAGEM)

Como reforço da tese ventilada, observe abaixo a redação comentada, que foi objeto de questionamento no ENEM 2001:

Com base na leitura dos quadrinhos e dos textos abaixo, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar os interesses em conflito?

Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua formação. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender o seu ponto de vista, elaborando propostas para a solução do problema discutido em seu texto. Suas propostas devem demonstrar respeito aos direitos humanos.

Observações:

• Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da modalidade escrita culta da língua.

• O texto não deve ser escrito em forma de poema (versos) ou narrativa.

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• O texto deverá ter no mínimo 15 (quinze) linhas escritas.

• A redação deverá ser apresentada a tinta e desenvolvida na folha própria.

• O rascunho poderá ser feito na última página deste caderno.

Leia os trechos abaixo e elabore uma dissertação:

TRECHO I: CHARGE E TEXTO

Conter a destruição das florestas se tornou uma prioridade mundial, e não apenas um problema brasileiro. (...) Restam hoje, em todo o planeta, apenas 22% da cobertura florestal original. A Europa Ocidental perdeu 99,7% de suas florestas primárias; a Ásia, 94%; a África, 92%; a Oceania, 78%; a América do Norte, 66%; e a América do Sul, 54%. Cerca de 45% das florestas tropicais, que cobriam originalmente 14 milhões de km quadrados (1,4 bilhão de hectares), desapareceram nas últimas décadas. No caso da Amazônia Brasileira, o desmatamento da região, que até 1970 era de apenas 1%, saltou para quase 15% em 1999. Uma área do tamanho da França desmatada em apenas 30 anos. Chega. (Paulo Adário, Coordenador da Campanha da Amazônia do Greenpeace; http://greenpeace.terra.com.br)

TRECHO II: DOIS TEXTOS

Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta, eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial.(...)

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Conta-se que Mahatma Gandhi, ao ser perguntado se, depois da independência, a Índia perseguiria o estilo de vida britânico, teria respondido: "(...) a Grã-Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar sua prosperidade; quantos planetas não seriam necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?" A sabedoria de Gandhi indicava que os modelos de desenvolvimento precisam mudar. (O planeta é um problema pessoal – Desenvolvimento Sustentável; www.wwf.org.br)

TRECHO III: UM TEXTO

De uma coisa temos certeza: a terra não pertence ao homem branco; o homem branco é que pertence à terra. Disso temos certeza. Todas as coisas estão relacionadas como o sangue que une uma família. Tudo está associado.

O que fere a terra, fere também os filhos da terra. O homem não tece a teia da vida; é antes um de seus fios. O que quer que faça a essa teia, faz a si próprio.

(Trecho de uma das várias versões de carta atribuída ao chefe Seattle, da tribo Suquamish. A carta teria sido endereçada ao presidente norte-americano, Franklin Pierce, em 1854, a propósito de uma oferta de compra do território da tribo feita pelo governo dos Estados Unidos). PINSKY, Jaime e outros (Org.). História da América através de textos. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 1991.

TRECHO IV: UM TEXTO

Estou indignado com a frase do presidente dos Estados Unidos, George Bush. “Somos os maiores poluidores do mundo, mas se for preciso poluiremos mais para evitar uma recessão na economia americana”.

R. K., Ourinhos, SP. (Carta enviada à seção Correio da Revista Galileu. Ano 10, junho de 2001).

COMENTÁRIO - RESOLUÇÃO:

A proposta para a redação é muito interessante. Antes de elaboração do texto são apresentados ao aluno vários textos de outros autores visando à contextualização e motivação para depois partir para a elaboração do texto. Escrever partindo do nada é muito difícil mesmo já conhecendo sobre o assunto. A questão é bem objetiva e esclarecedora quanto ao que é esperado do texto produzido pelo aluno. Ela trata de um tema muito popular, a questão ambiental. Porém, a partir desse tema bastante amplo, opta-se por uma questão bastante específica, o desenvolvimento sustentável. Com exceção dos quadrinhos, todos os outros textos apresentam a questão ambiental a partir desse viés. São declarações que relacionam a devastação com a questão econômica e/ou social.

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MÓDULO PORTUGUÊS E REDAÇÃO – Português - Prof. Eduardo Sabbag - Redação

TEMA 8: TEMA RECORRENTE EM PROVAS DE REDAÇÃO PARA CONCURSOS PÚBLICOS: A QUESTÃO DA LIBERDADE

A partir das ideias contidas no texto destacado abaixo, componha um texto argumentativo sobre os temas:

TEMA:

1º ENFOQUE: “A liberdade do cidadão: utopia no mundo contemporâneo?” (Jornal do Brasil - Idéias? - 16-09-2000)

2º ENFOQUE: “Inventou-se o Estado para ser o guardião da liberdade. Mas de que liberdade, exatamente?”

O conceito de liberdade é tão vago e subjetivo quanto o de felicidade ou propriedade, o que torna essa discussão interminável. Não vale a pena, então, enfrentá-la e podemos admitir que liberdade, felicidade e propriedade são indefiníveis. Todos sabem que existem e almejam encontrá-las quando sentem que lhes faltam. Portanto, ao falarmos de liberdade, propriedade e, talvez, felicidade, todos sabem do que estaremos falando. Sem discutir o conceito, portanto, vamos entrar no coração dessa liberdade e procurar saber, em primeiro lugar, da liberdade de quem estão falando a modernidade, o Estado e o Direito. Os animais que viviam livres nos pastos, nas matas ou nos prados, e as plantas que disputavam o lugar ao sol ou à sombra com a liberdade que suas raízes lhe proporcionam, viram com horror a chegada do machado de ferro, do arado e dos sucedâneos químicos que transformara a agricultura em espaço territorial proibido às plantas e animais livres. Assim, esta liberdade é humana, em detrimento da liberdade de todos os outros seres. A natureza, para a modernidade, deixou de ser livre?

LEMBRETES FINAIS:

- “A Redação para Concursos – Técnica e Treino”

Eduardo de Moraes Sabbag

Lançamento (2° semestre de 2011)

EDITORA SARAIVA

ONTATO COM O PROF. SABBAG

Material de Apoio (artigos, dicas, instruções extras...)

www.professorsabbag.com.br