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Curso de Formação de Agentes Penitenciários Módulo 13- Humanização e Cidadania Disciplina: Direitos Humanos 1 Módulo 13- Humanização e Cidadania Disciplina: Direitos Humanos

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Curso de Formação de Agentes Penitenciários Módulo 13- Humanização e Cidadania Disciplina: Direitos Humanos

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Módulo 13- Humanização e Cidadania

Disciplina: Direitos Humanos

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Módulo 13- Humanização e Cidadania

Disciplina: Direitos Humanos

1. CONCEITO, NORMATIZAÇÃO INTERNACIONAL E BRASILEIRA, LEIS ESPECÍFICAS E NORMAS CORRELATAS 1.1 DIREITOS HUMANOS: PRIMEIRAS CONSIDERAÇÕES E CONCEITO O que hoje chamamos de direitos humanos faz parte de uma construção histórica, de muitas lutas e conquistas que foram expressas pela primeira vez em sua forma atual na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Ela surgiu da preocupação de criar um código de conduta internacional que diga quais são os “direitos fundamentais da pessoa humana”, que expressam o mínimo necessário para viver com dignidade. A luta pelos direitos teve como primeiro adversário o poder religioso; depois, o poder político; e, por fim, o poder econômico. Hoje, as ameaças à vida, à liberdade e à segurança podem vir do poder sempre maior que as conquistas da ciência e das aplicações dela derivadas dão a quem está em condição de usá-las (...). O crescimento do saber só fez aumentar a possibilidade do homem de dominar a natureza e os outros homens (BOBBIO, 2004, p.209). Por que surgiu a Declaração Universal de Direitos Humanos em 1948? Atos de violência e atrocidades, que hoje chamamos de violações de direitos humanos, fazem parte da história da humanidade – e do Brasil também. Desde o massacre e a escravização dos povos indígenas, assim como dos povos africanos, mesmo a história de um País jovem como o Brasil é cheia de episódios trágicos e violentos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos somente foi criada em 1948, como forma de reação contra as atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, quando Hitler comandou o genocídio de judeus e outras minorias nos campos de concentração. Nessa guerra houve mais mortos do que em todas as outras guerras anteriores juntas. Ela “resultou no envio de 18 milhões de pessoas a campos de concentração, com a morte de 11 milhões, sendo 6 milhões de judeus, além de comunistas, homossexuais, ciganos...” (PIOVESAN, 2006, p. 13). Também foi a primeira vez na história contemporânea em que os exércitos atacaram diretamente a população comum, e não apenas outros exércitos. Cerca de trinta milhões de civis morreram nessa guerra, muito mais do que soldados. Não bastasse isso, também foram lançadas as bombas atômicas contra as cidades de Hiroshima e Nagasaki.

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A Segunda Guerra Mundial, com todos esses fatos terríveis, foi o grande motivo para a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), para a revisão das leis que regem as guerras (as Convenções de Genebra) e a criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948. A Declaração foi elaborada também com o propósito de substituir um sistema de proteção às minorias, que foi criado depois da Primeira Grande Guerra, mas que se mostrou inútil contra as atrocidades cometidas na nova guerra. Era necessário estabelecer uma nova forma de os países e as pessoas se relacionarem, impondo limites aos arbítrios e atrocidades cometidas contra a vida humana. Conheçamos alguns artigos da DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948: Artigo 1 º Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, são dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros. Artigo 2 º 1. Toda a pessoa tem todos os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição. 2. Além disso, nenhuma distinção deve ser feita com base no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, seja independente, como um território sob tutela, sem governo próprio, ou sob qualquer outra limitação de soberania. Artigo 3 º Toda pessoa tem direito à vida, liberdade e segurança pessoal. Artigo 5 º Ninguém será submetido a tortura ou tratamento cruel, desumano ou degradante. Artigo 9 º Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. A partir desses artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, podemos listar os princípios por trás dos direitos humanos: • DIGNIDADE • IGUALDADE • LIBERDADE • JUSTIÇA Em resumo, podemos dizer que direitos humanos é tudo aquilo que as pessoas precisam para viver com um mínimo de dignidade; as aspirações de justiça de todos os povos e pessoas; um compromisso de todos para uma nova ética mundial; o melhor fundamento para

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as políticas públicas; a base para uma paz verdadeira e duradoura; a inspiração para as lutas dos movimentos sociais; o melhor critério para resolver os conflitos. 1.2 OS DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS: NORMATIZAÇÃO Nossa Carta Magna de 1988, conhecida como “Constituição cidadã”, elencou no Título II OS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS, subdividindo-os em cinco capítulos: direitos individuais e coletivos; direitos sociais; nacionalidade; direitos políticos e partidos políticos. Os direitos humanos fundamentais colocam-se como uma das previsões absolutamente necessárias a todas as Constituições, no sentido de consagrar o respeito à dignidade humana, garantir a limitação de poder e visar ao pleno desenvolvimento da personalidade humana (MORAES, 2005, p. 2). Para nosso estudo, transcrevemos alguns incisos do art. 5º que trata dos direitos individuais e coletivos: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

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XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos; XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos

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respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma deste parágrafo) § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). A Lei de Execução Penal (LEP), L7210/84 traz na SEÇÃO II os Direitos do Preso: Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios. Art. 41 - Constituem direitos do preso: I - alimentação suficiente e vestuário; II - atribuição de trabalho e sua remuneração; III - Previdência Social; IV - constituição de pecúlio; V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; XI - chamamento nominal; XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena; XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito; XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente. (Incluído pela Lei nº 10.713, de 13.8.2003) Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento. Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medida de segurança, no que couber, o disposto nesta Seção. As normas de Direitos Humanos ratificadas pelo Brasil podem ser encontradas no site do Ministério das Relações Exteriores (http://www2.mre.gov.br/dai.dhumanos.htm). Elencamos aqui sete normas de Direito Internacional dos Direitos Humanos pertinentes à função de Segurança Pública: • Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU-1948) - DUDH; • Convenção Americana sobre os Direitos Humanos (Pacto de San José) - CADH; • Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos - PIDCP; • Convenção contra a tortura e outros tratamentos e penas cruéis, desumanos ou degradantes - CCT;

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. Código de Conduta para os funcionários responsáveis pela aplicação da lei - CCEAL;

• Princípios básicos sobre a utilização da força e arma de fogo pelos os funcionários responsáveis pela aplicação da lei - PBUFAF; • Conjunto de princípios para a proteção de todas as pessoas sujeitas a qualquer forma de detenção ou prisão – Conjunto de princípios. Outras normas legais existentes no ordenamento jurídico brasileiro objetivam proteger as minorias, ou seja, crianças, idosos, mulheres, negros, contra os desmandos das pessoas que se acham superiores e não respeitam a diversidade. Para tanto, aqui citamos algumas leis específicas que dão proteção à dignidade de quem sempre sofreu tanta discriminação: • LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial. • LEI Nº 11.340, DE 07 DE AGOSTO DE 2006. Institui a Lei Maria da Penha. • LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. • LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e adolescente e dá outras providências. • LEI Nº 4.121, de 27 de Agosto de 1962. Dispõe sobre a situação jurídica da mulher casada. 2. IMPORTÂNCIA ÉTICA E JURÍDICA DAS ORGANIZAÇÕES GOVERNAMENTAIS E NÃO GOVERNAMENTAIS DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS “O problema fundamental em relação aos direitos do homem, hoje, não é tanto o de justificá-los, mas o de protegê-los.” (BOBBIO, Norberto. A era dos direitos, p. 24)

No Campo da Ética, o homem passa a ser considerado um “cidadão”, aquele que tem direito a ter direitos. Sua dignidade é respeitada e, com o advento do Estado Constitucional, em que a soberania popular dá fim ao regime totalitário, seus direitos são positivados na Carta Magna que soube bem juntar os direitos individuais com os sociais. Esses direitos sociais são listados no art. 6º da CF/88: educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados. Sua origem foi a partir da Revolução Industrial, a fim de proteger o trabalhador dos excessos cometidos pelos capitalistas. 2.1 ORGANIZAÇÕES GOVERNAMENTAIS DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS O papel das entidades governamentais de defesa dos direitos humanos é de extrema importância na luta pela promoção desses direitos, pois essas entidades forçam o Estado a conhecer os direitos humanos e a respeitá-los, e, do mesmo modo, faz a sociedade entender e saber da necessidade de sua defesa. Para isso, essas entidades gozam de certa autonomia do Estado para poder fiscalizar todas as pessoas e mesmo o Estado, que, muitas vezes, é

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quem desrespeita os direitos humanos, e também procura determinar, formular e fiscalizar as políticas públicas de defesa dos direitos humanos, em que as pessoas envolvidas nessas organizações de defesa dos direitos humanos são imbuídas de uma mentalidade cidadã e humanitária. Por essas razões, instituições como o Poder Judiciário e o Ministério Público, que gozam, constitucionalmente, de independência e autonomia, podem ser úteis para a defesa dos direitos civis e políticos, mas ordinariamente se mostram insuficientes para lidar com direitos econômicos e sociais, porque sua visão legalista e restritiva costuma não reconhecer eficácia e justiciabilidade a princípios e preceitos constantes de tratados e convenções, que impõem aos Estados-partes obrigações de conduta e de resultado. A Constituição de 1988 contribuiu demasiadamente para a formação da cidadania ao inovar na área das garantias individuais (instrumentos jurídicos que servem para o cidadão acionar o Estado na defesa de seus direitos). São eles, o habeas-corpus, o habeas-data, o mandado de segurança individual e coletivo, o mandado de injunção, a ação popular, a ação civil pública e a ação direta de inconstitucionalidade. Na esfera penal, a garantia mais utilizada a fim de proteger a liberdade de locomoção da pessoa humana é o habeas corpus, atualmente previsto no art. 5°, inciso LXVIII, da Constituição Brasileira de 1988: "conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder". Pode ser liberatório, quando tem por âmbito fazer cessar constrangimento ilegal, ou preventivo, quando tem por fim proteger o indivíduo contra constrangimento ilegal que esteja na iminência de sofrer. O Ministério Público é o grande defensor dos fracos e oprimidos. É o órgão que defende os direitos do cidadão contra o Estado, é o responsável pela garantia da moralidade pública e dos direitos humanos. As respectivas funções institucionais estão relacionadas no art. 129 da Constituição Federal, consistem na titularidade da ação penal, da ação civil pública para a tutela dos interesses públicos, coletivos, sociais e difusos e da ação direta da inconstitucionalidade genérica e interventiva, nos termos da Constituição; é o garantidor do respeito aos Poderes Públicos e aos serviços de relevância pública; defensor dos direitos e interesses das populações indígenas; intervém em procedimentos administrativos; é controlador externo da atividade policial, na forma da lei complementar, podendo para tanto, inclusive, instaurar respectivo procedimento administrativo, quando necessário. De fato, o Ministério Público é potencialmente, um Advogado da sociedade, com vantagem para esta, não precisa, antes, não lhe deve pagar honorários. Já dissera Prudente de Moraes Filho: "É uma magistratura especial, autônoma, com funções próprias. Não recebe ordens do Governo, não presta obediência aos juízes. Age com autonomia e em nome da sociedade, da lei e da Justiça".

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Além do Ministério Público, existe ainda uma série de organismos que trabalham na defesa dos direitos individuais. Alguns são mantidos pelo Estado (Defensoria Pública), outros pelos governos estaduais (Delegacias da Mulher, Procons, Centro de apoio às vítimas da violência etc.), uns de responsabilidade dos governos municipais que são os Conselhos Tutelares (proteção dos direitos da criança e do adolescente). A Secretaria Executiva de Ressocialização (SERES), à qual os agentes de segurança penitenciária estão subordinados, possui o objetivo de tratar e assistir o preso e o internado, prevenindo o crime e proporcionando-lhes a ressocialização e a integração à convivência em sociedade. Também constitui em proporcionar um sistema penitenciário moderno, o respeito à dignidade do homem, aos seus direitos individuais e coletivos. Dentre esses objetivos, podemos exemplificar a Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR), que, visando cumprir o que determina o parágrafo 2º do art 83 da LEP, construiu e inaugurou um berçário em 08 de maio de 2009, garantindo aos menores nascidos no período da prisão de suas genitoras, um ambiente adequado a seu crescimento e desenvolvimento até o lapso de seis meses, período destinado à amamentação. Passada essa fase, a criança é encaminhada para o lar dos avós ou de outra pessoa da família responsável por sua guarda até a liberdade de sua mãe. O Serviço Social providencia todo procedimento necessário à consecução de tal fim, propiciando uma nova vida para essas crianças vítimas do cárcere. Antes mesmo de nascer, são submetidas à privação de liberdade, desfrutam de um espaço cercado por grades que impedem o contato com o mundo externo. Essas crianças, muitas vezes, quando chega a época de viverem no seio da família materna ou paterna, estranham o mundo exterior, choram e resistem à ida para um lugar agradável e seguro, até mesmo devido à separação da mãe. Algumas detentas não recebem visita e apoio familiar, contam com a ajuda do Serviço Social, da Pastoral Carcerária e de outras congregações que realizam doações de fraldas descartáveis, enxoval para bebês e kits de higiene para as mães encarceradas. A detenta L. F., 25 anos, natural de Recife, assim descreveu o seu sentimento durante o cárcere: Fui presa grávida, acusada de traficar drogas, mas meu companheiro não sabia do crime que havia cometido. Tive minha primeira filha aqui, dizem que tenho envolvimento com gente perigosa, mas não é verdade. Meu marido disse que ia me abandonar, saiu daqui um dia falando que não ia me procurar mais, fiquei muito triste, chorei demais. Ainda bem que se arrependeu e tem vindo me visitar, ver nossa filha. Não vejo a hora de ir embora. 2.2 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS As ONGs são sociedades sem fins lucrativos nem ligações oficiais que trabalham arduamente para a promoção da cidadania e para a proteção dos direitos (inclusive das minorias). Formadas por aquela fatia da sociedade civil que já tem consciência da cidadania, as ONGs são organizadas para resolver (ou tentar) problemas que dificultam a valorização (e a dignidade) humana.

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Elas sobrevivem de doações de empresas, de governos, de organismos internacionais e vivem do trabalho espontâneo de militantes e simpatizantes. São cidadãos que já atingiram um razoável grau de consciência, atuando para promover direitos – e a inclusão social – daqueles que nem sempre sabem o que é cidadania.

O QUE É ENTÃO CIDADANIA? “É O DIREITO DE TODOS NÓS TERMOS DIREITOS!”

É a condição adquirida por um indivíduo que consegue exercitar todos os seus direitos assegurados por lei. É o direito à vida com tudo o que deve vir junto para que seja digna: liberdade, justiça, saúde, trabalho, educação etc. Além dos direitos individuais (também ditos civis) e sociais, nossa Constituição de 1988 estabeleceu os direitos políticos, também abrigados no mundo contemporâneo sob o conceito de cidadania. Cuidou também de estabelecer normas jurídicas de proteção às minorias e aos grupos socialmente vulneráveis (idosos, crianças, negros, mulheres, deficientes físicos etc.), conforme citamos anteriormente na p. 7, restando acrescentar a LEI 7.716 de 1989, que considera o RACISMO crime inafiançável e imprescritível e a LEI 7.853 de 1989, que assegura aos deficientes físicos o pleno exercício de ir e vir. Como fazer a consciência da cidadania chegar a todos os brasileiros, se quase metade da população do país é formada por analfabetos (funcionais inclusive) e semiletrados? Segundo a Unicamp, na análise de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 75% dos jovens que estão no ensino médio pertencem ao grupo dos 20% mais ricos. Apenas 25% do universo de estudantes pertencem aos 80% das camadas mais pobres. A continuar assim, seremos um país de semiletrados e de constante e crescente desigualdade. Só para ter uma ideia do quadro, uma pesquisa realizada no ano passado sobre alfabetização mostrou que apenas 25% da população adulta brasileira é plenamente alfabetizada. Isso quer dizer que, de cada grupo de quatro pessoas, apenas uma é capaz de ler e entender um texto simples. Temos uma nação de semiletrados, e, se não tomarmos uma atitude urgente, seremos o país do passado. Nenhuma nação se tornou potência com uma população de semianalfabetos. A bandeira da luta pela cidadania plena é sempre empunhada pela fração consciente (e letrada) da população. Tal luta, porém, só se completa com o apoio e o esforço do Estado, a quem cabe o dever de promover educação para todos “visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (art. 205, CF).

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Conforme o advogado Alexandre Guedes, além do engajamento cada vez maior da sociedade civil devido a uma maior conscientização do que a necessidade de defender os direitos humanos, outro fator responsável pelo número crescente dessas entidades é a ausência de uma defesa eficaz dos direitos humanos por parte do Estado, fazendo-se necessária a presença de ONG’s que venham a pressionar o Estado a executar políticas públicas de defesa dos Direitos Humanos. Em Pernambuco, listamos algumas ONGs que lutam pelos direitos humanos do cidadão, a exemplo do Grupo Tortura Nunca Mais, da Casa de Passagem, CENDHEC (Centro de Defesa Dom Helder Câmara), Centro de Cultura Luiz Freire, GAJOP (Gabinete de Assessoria às Organizações Populares), Gestos (Soropositividade, Comunicação e Gênero índice), SEMPRI, SOS Criança, Pastoral Carcerária, Leões do Norte, Comissão de Direitos Humanos (OAB-PE), entre outras. O Movimento Tortura Nunca mais de Pernambuco (MTNM/PE), organização não governamental de defesa dos direitos humanos, criado em agosto de 1986, tem como objetivos o resgate histórico das lutas políticas no Brasil, a promoção do respeito aos direitos do cidadão e a manutenção do Estado democrático. Originário dos movimentos contra a prática de tortura durante a ditadura militar e pela anistia aos presos políticos, surgiu da necessidade de se ter um espaço para dar continuidade à luta pelo resgate da verdadeira história das mortes e dos desaparecimentos provocados pela ditadura militar. A Pastoral Carcerária Nacional tem por objetivo levar o Evangelho de Jesus Cristo às pessoas privadas de liberdade e zelar para que os direitos humanos e dignidade humana sejam garantidos no sistema prisional. Atividades: Visita a todas as dependências prisionais: celas em geral, inclusão, celas de castigo, seguro, enfermaria etc.; diálogo com a sociedade a fim de promover uma consciência coletiva comprometida com a vida e a dignidade da pessoa humana. Participação em debates e de matérias na imprensa; Apoio jurídico e social às famílias de presos e presas; acompanhamento de denúncias de violação de direitos humanos. O massacre do Carandiru em 1992 abriu as veias do sistema penitenciário. A Pastoral Carcerária que já vinha apontando as frequentes brutalidades do sistema foi uma importante fonte de informação para aqueles que desconfiavam dos dados oficiais. Com o lema: “Cristo Liberta de todas as Prisões”, a Campanha da Fraternidade sobre os presos de 1997 representou um marco na vida da Pastoral Carcerária, pois a partir daí houve extraordinária expansão da Pastoral Carcerária por todo o Brasil. O Movimento Gay Leões do Norte é entidade de defesa e promoção dos direitos humanos, na luta pela defesa do meio ambiente e da ecologia, pelo fim da exploração do homem pelo homem, em defesa de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, visando assegurar a estes os direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, e, no cumprimento de suas atividades e objetivos, não adota nenhuma orientação religiosa nem faz distinção de nacionalidade, credo, cor, sexo, orientação sexual, idade, ideologia, raça ou etnia.

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Foi fundado em 8 de dezembro de 2001, a partir da necessidade de existência de uma organização de afirmação e de posicionamento político desse segmento da população perante a sociedade como um todo. Para isso, realiza ações educativas de capacitação, atividades de apoio e assessoria a indivíduos, entidades ou organizações, divulgação, publicação e propagação das atividades; e intercâmbio com organizações afins. Essas duas últimas ONGs são uma presença constante nas unidades prisionais de Pernambuco, promovendo atividades de ressocialização e proteção dos direitos humanos dos que estão privados da liberdade. 3. POLÍCIA E DIREITOS HUMANOS, SITUAÇÃO DE ANTAGONISMO E OS DIREITOS DOS POLICIAIS Segundo Ricardo Balestreri, o Brasil se tornou uma democracia. Não a democracia que queremos, certamente, também social, também moral. Imperfeita, é verdade. De qualquer forma, porém, uma democracia, sempre “mil vezes melhor do que a melhor das ditaduras”. Herdamos, contudo, do passado autoritário, práticas policiais muitas vezes incompatíveis com o espírito democrático. Essa instituição tão nobre e necessária é, ainda, muitas vezes conspurcada pela ação de gente que não entendeu sua dignidade e importância. Se quisermos, um dia, viver uma verdadeira “cultura de cidadania e direitos humanos”, precisamos ir além da acusação, somando esforços pela construção de um novo modelo de segurança pública. Por extensão, apesar de os agentes de segurança penitenciária não constarem no rol do art. 144 da CF/88, como um dos órgãos da segurança pública, a LEI Nº 11.707, DE 19 JUNHO DE 2008 altera a Lei no 11.530, de 24 de outubro de 2007, que institui o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania – Pronasci: O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o Os arts. 2o, 3o, 4o, 6o e 9o da Lei no 11.530, de 24 de outubro de 2007, passam a vigorar com a seguinte redação: “Art. 2o O Pronasci destina-se a articular ações de segurança pública para a prevenção, controle e repressão da criminalidade, estabelecendo políticas sociais e ações de proteção às vítimas.” (NR) “ Art. 3o ................................................................................ I - promoção dos direitos humanos, intensificando uma cultura de paz, de apoio ao desarmamento e de combate sistemático aos preconceitos de gênero, étnico, racial, geracional, de orientação sexual e de diversidade cultural; II - criação e fortalecimento de redes sociais e comunitárias;

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III - fortalecimento dos conselhos tutelares; IV - promoção da segurança e da convivência pacífica; V - modernização das instituições de segurança pública e do sistema prisional; VI - valorização dos profissionais de segurança pública e dos agentes penitenciários; (...) Pela autoridade moral e legal que possui, até com o respaldo para o uso da força necessária, a polícia pode jogar o papel de principal violadora de direitos civis e políticos, mas pode, igualmente, transformar-se em sua maior implementadora. Poucas categorias profissionais se comparam, em potencial, à polícia, quando se trata de zelo e promoção da cidadania. Especial impulso a toda essa ação, deu-se com o ingresso em cena da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, com sua forte convicção de que o policial precisa ser um dos atores sociais principais, quando a questão em pauta é Direitos Humanos. Ela tem viabilizado, através do CAPEC (Centro de Assessoramento a Programas de Educação para a Cidadania), módulos formativos permanentes para forças de Segurança Pública em vários estados do país. 3.1 TREZE REFLEXÕES SOBRE POLÍCIA E DIREITOS HUMANOS Durante muitos anos, o tema “Direitos Humanos” foi considerado antagônico ao de Segurança Pública. Produto do autoritarismo vigente no país entre 1964 e 1984 e da manipulação, por ele, dos aparelhos policiais, esse velho paradigma maniqueísta cindiu sociedade e polícia, como se a última não fizesse parte da primeira. Polícia, então, foi uma atividade caracterizada pelos segmentos progressistas da sociedade, de forma equivocadamente conceitual, como necessariamente afeta à repressão antidemocrática, à truculência, ao conservadorismo. “Direitos Humanos” como militância, na outra ponta, agregou-se a seus ativistas a pecha de “defensores de bandidos” e da impunidade. Evidentemente, ambas as visões estão fortemente equivocadas e prejudicadas pelo preconceito. Aproximar a polícia e os agentes de segurança penitenciária (grifos nossos) das ONGs que atuam com Direitos Humanos, e vice-versa, é tarefa impostergável para que possamos viver, em médio prazo, em uma nação que respire “cultura de cidadania”. Para que isso ocorra, é necessário que nós, lideranças do campo dos Direitos Humanos, desarmemos as “minas ideológicas” das quais nos cercamos, em um primeiro momento, justificável, para nos defendermos da polícia, e que agora nos impedem de aproximar-nos. O mesmo vale para a polícia.

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1ª- CIDADANIA, DIMENSÃO PRIMEIRA. O policial é, antes de tudo um cidadão, e na cidadania deve nutrir sua razão de ser. Irmana-se, assim, a todos os membros da comunidade em direitos e deveres. Sua condição de cidadania é, portanto, condição primeira, tornando-se bizarra qualquer reflexão fundada sobre suposta dualidade ou antagonismo entre uma “sociedade civil” e outra “sociedade policial”. 2ª- POLICIAL: CIDADÃO QUALIFICADO. O agente de Segurança Pública é, contudo, um cidadão qualificado: emblematiza o Estado, em seu contato mais imediato com a população. Sendo a autoridade mais comumente encontrada tem, portanto, a missão de ser uma espécie de “porta voz” popular do conjunto de autoridades das diversas áreas do poder. Além disso, porta a singular permissão para o uso da força e das armas, no âmbito da lei, o que lhe confere natural e destacada autoridade para a construção social ou para sua devastação. 3ª- POLICIAL: PEDAGOGO DA CIDADANIA. Há, assim, uma dimensão pedagógica no agir policial que, como em outras profissões de suporte público, antecede as próprias especificidades de sua especialidade. Os paradigmas contemporâneos na área da educação nos obrigam a repensar o agente educacional de forma mais includente. O policial, assim, à luz desses paradigmas educacionais mais abrangentes, é um pleno e legitimo educador. 4ª- A IMPORTÂNCIA DA AUTOESTIMA PESSOAL E INSTITUCIONAL. O reconhecimento dessa “dimensão pedagógica” é, seguramente, o caminho mais rápido e eficaz para a reconquista da abalada autoestima policial. A experiência primária do “querer-se bem” é fundamental para possibilitar o conhecimento de como chegar a “querer bem o outro”. Resgatar, pois, o pedagogo que há em cada policial, é permitir a ressignificação da importância social da polícia, com a consequente consciência da nobreza e da dignidade dessa missão. 5ª- POLÍCIA E „SUPEREGO‟ SOCIAL. Essa “dimensão pedagógica”, evidentemente, não se confunde com “dimensão demagógica” e, portanto, não exime a polícia de sua função técnica de intervir preventivamente no cotidiano e repressivamente em momentos de crise, uma vez que democracia nenhuma se sustenta sem a contenção do crime. É uma espécie de superego social indispensável em culturas urbanas, complexas e de interesses conflitantes, contenedora do óbvio caos a que estaríamos expostos na absurda hipótese de sua inexistência. 6ª- RIGOR versus VIOLÊNCIA. O uso legítimo da força não se confunde, contudo, com truculência. A fronteira entre a força e a violência é delimitada, no campo formal, pela lei, no campo racional pela necessidade técnica e, no campo moral, pelo antagonismo que deve reger a metodologia de policiais e criminosos. 7ª- POLICIAL versus CRIMINOSO. Ao policial, portanto, não cabe ser cruel com os cruéis, vingativo contra os anti-sociais, hediondo com os hediondos. Apenas estaria com isso, liberando, licenciando a sociedade para fazer o mesmo, a partir de seu patamar de visibilidade moral. Não se ensina a respeitar desrespeitando, não se pode educar para preservar a vida matando, não importa quem seja. O policial jamais pode esquecer que também o observa o inconsciente coletivo.

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8ª- A „VISIBILIDADE MORAL‟ DA POLÍCIA: IMPORTÂNCIA DO EXEMPLO. Curiosamente, um significativo número de policiais não consegue perceber com clareza a enorme importância que têm para a sociedade, talvez por não haverem refletido suficientemente a respeito dessa peculiaridade do impacto emocional de seu agir sobre a clientela. É essa mesma “visibilidade moral” da polícia o mais forte argumento para convencê-la de sua “responsabilidade paternal” (ainda que não paternalista) sobre a comunidade. Zelar pela ordem pública é, assim, acima de tudo, dar exemplo de conduta fortemente baseada em princípios. Não há exceção quando tratamos de princípios, mesmo quando estão em questão a prisão, a guarda e a condução de malfeitores. Se o policial é capaz de transigir em seus princípios de civilidade, quando no contato com os sociopatas, abona a violência, contamina-se com o que nega, conspurca a normalidade, confunde o imaginário popular e rebaixa-se à igualdade de procedimentos com aqueles que combate. 9ª- “ÉTICA” CORPORATIVA versus ÉTICA CIDADÃ. Um verdadeiro policial ciente de seu valor social será o primeiro interessado no “expurgo” dos maus profissionais, dos corruptos, dos torturadores, dos psicopatas. Sabe que o lugar deles não é polícia, pois, além do dano social que causam, prejudicam o equilíbrio psicológico de todo o conjunto da corporação e inundam os meios de comunicação social com um marketing que denigre o esforço heróico de todos aqueles outros que cumprem corretamente sua espinhosa missão. Por esse motivo, não está disposto a conceder-lhes qualquer tipo de espaço. 10ª- CRITÉRIOS DE SELEÇÃO, PERMANÊNCIA E ACOMPANHAMENTO. Essa preocupação deve crescer à medida que tenhamos clara a preferência da psicopatia pelas profissões de poder. Política profissional, Forças Armadas, Comunicação Social, Direito, Medicina, Magistério e Polícia são algumas das profissões de encantada predileção para os psicopatas, sempre em busca do exercício livre e sem culpas de seu poder sobre outrem. A polícia é chamada a cuidar dos piores dramas da população e nisso reside um componente desequilibrador. Quem cuida da polícia? Os governos, de maneira geral, estruturam pobremente os serviços de atendimento psicológico aos policiais e aproveitam muito mal os policiais diplomados nas áreas de saúde mental. Evidentemente, se os critérios de seleção e permanência devem tornar-se cada vez mais exigentes, espera-se que o Estado cuide também de retribuir com salários cada vez mais dignos. De qualquer forma, o zelo pelo respeito e a decência dos quadros policiais não cabe apenas ao Estado mas aos próprios policiais, os maiores interessados em participar de instituições livres de vícios, valorizadas socialmente e detentoras de credibilidade histórica. 11ª- DIREITOS HUMANOS DOS POLICIAIS — HUMILHAÇÃO versus HIERARQUIA. O equilíbrio psicológico, tão indispensável na ação da polícia, passa também pela saúde emocional da própria instituição. Mesmo que isso não se justifique, sabemos que policiais maltratados internamente tendem a descontar sua agressividade no cidadão. 12ª- NECESSIDADE DE HIERARQUIA. Evidentemente, polícia não funciona sem hierarquia. Há, contudo, clara distinção entre hierarquia e humilhação, entre ordem e perversidade. Essa é fundamental para o bom funcionamento da polícia, mas ela só pode ser verdadeiramente alcançada através do exercício da liderança dos superiores, o que pressupõe práticas bilaterais de respeito, competência e seguimento de regras lógicas e suprapessoais.

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13ª- A FORMAÇÃO DOS POLICIAIS. A superação desses desvios poderia dar-se, ao menos em parte, pelo estabelecimento de um “núcleo comum”, de conteúdos e metodologias na formação de ambas as polícias (civil e militar), que privilegiasse a formação do juízo moral, as ciências humanísticas e a tecnologia como contraponto de eficácia à incompetência da força bruta. Do policial contemporâneo, mesmo o de mais simples escalão, se exigirá, cada vez mais, discernimento de valores éticos e condução rápida de processos de raciocínio na tomada de decisões. 3.2 O AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA É UM POLICIAL? Nossa profissão ainda não faz parte do rol do art. 144 da CF que enumera os órgãos de segurança pública, estando em evidência uma luta de todos os agentes de segurança penitenciária (ASP) do país por seu reconhecimento e inclusão como servidor policial, através da PEC 308, que altera os artigos 7, 21, 32, 39 e 144, da Constituição Federal, criando a Polícia Penal Federal e as Estaduais. INCLUEM-SE NO ARTIGO 144, OS INCISOS VI, VII E O PARÁGRAFO 10: Artigo 144: A SEGURANÇA PÚBLICA, DEVER DO ESTADO, DIREITO E RESPONSABILIDADE DE TODOS, É EXERCIDA PARA A PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA E DA INCOLUMIDADE DAS PESSOAS E DO PATRIMÔNIO, ATRAVÉS DOS SEGUINTES ÓRGÃOS: I – Polícia Federal; II – Polícia Rodoviária Federal; III – Polícia Ferroviária Federal; IV – Polícias Civis; V – Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares; VI - Polícia Penal Federal; VII – Polícias Penais Estaduais. § 10. Às Polícias Penais incumbem no âmbito das respectivas circunscrições e subordinadas ao órgão administrador do Sistema Penitenciário da unidade federativa a que pertencer: I – supervisionar e coordenar as atividades ligadas, direta ou indiretamente, à segurança interna e das áreas de segurança dos estabelecimentos penais; II – promover, elaborar e executar atividades policiais de caráter preventivo, investigativo e ostensivo, que visem a garantir a segurança e a integridade física dos apenados, custodiados e os submetidos às medidas de segurança, bem como dos funcionários e terceiros envolvidos, direta ou indiretamente, com o Sistema Penitenciário, nas dependências das unidades prisionais, inclusive em suas áreas de segurança; III – diligenciar e executar, junto com os demais órgãos da Segurança Pública estadual e/ou federal, atividades policiais que visem a imediata recaptura de presos foragidos das unidades penais; IV – promover, elaborar e executar atividades policiais de caráter preventivo, investigativo e ostensivo, nas dependências das unidades prisionais e respectivas áreas de segurança, que visem a coibir o narcotráfico direcionado às unidades prisionais;

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V – promover a defesa das instalações físicas das unidades prisionais, inclusive no que se refere à guarda das suas muralhas; VI – executar a atividade de escolta dos apenados, custodiados e dos submetidos às medidas de segurança, para os atos da persecução criminal, bem como para o tratamento de saúde; Art. 5º O quadro de servidores das polícias penais será oriundo, mediante lei específica de iniciativa do Poder Executivo, de transformação dos cargos, isolados ou organizados em carreiras, com atribuições de segurança a que se refere o art. 77 da Lei 7.210, de 11 de julho de 1984. Parágrafo único. Fica assegurado aos servidores das carreiras policiais civis, militares e bombeiros militares do Distrito Federal, que exerçam suas atividades no âmbito do sistema penitenciário, o direito de opção entre as carreiras a que pertencerem e a correspondente carreira do quadro da Polícia Penal. Sala da Comissão, em 17 de outubro de 2007. Deputado MENDONÇA PRADO 3º Vice-Presidente no exercício da Presidência Deputado ARNALDO FARIA DE SÁ Relator Desse modo, o ASP possui o poder de polícia, como um atributo que a lei lhe confere no exercício de sua função, porém, não o poder da polícia, que é aquele conferido aos órgãos que compõem a segurança pública no Brasil, conforme o art. 144 da CF/88. 3.3 DECISÃO INTERLOCUTÓRIA DO TJPE RECONHECE QUE OS AGENTES PENITENCIÁRIOS ESTÃO INSERIDOS NO TEXTO NORMATIVO DOS POLICIAIS CIVIS Em 16 de abril de 2010, o Des. João Bosco Gouveia de Melo da Sétima Câmara Cível do TJPE proferiu decisão interlocutória em face do agravo de instrumento interposto pelo Estado de Pernambuco contra o pedido do Ministério Público Estadual de suspensão dos prazos e etapas do Concurso Público de Agente de Segurança Penitenciária, em face de possíveis ocorrências de ilegalidades na condução do certame. Conforme entendimento proferido pelo Douto Julgador, razão foi dada ao Governo do Estado de que o concurso deveria prosseguir normalmente, considerando que a Lei Estadual 10.865/93, ao criar o cargo de Agente de Segurança Penitenciária, não o desvinculou da aplicação do Estatuto dos Servidores Públicos Estadual (Lei 6.123/72), além de ter inserido tal cargo no contexto do regime normativo dos policiais civis.

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3.4 OS DIREITOS HUMANOS SÃO APENAS PARA PROTEGER BANDIDOS? Segundo o artigo escrito pelo TC Suamy Santana da Silva, a pesquisadora Helena Singer, do Núcleo de Estudos da Violência USP, alerta que a prática conservadora da penalização faz parte do discurso da militância dos Direitos Humanos. Ou seja, os discursos e as práticas sobre os direitos humanos não chegam à população sob a forma de igualdade, felicidade e liberdade, mas sim, de culpabilização, penalização e punição, integrando um movimento mundial de obsessão punitiva crescente. No entanto, como podem os defensores dos Direitos Humanos criticar as prisões e a prática do encarceramento e buscar unicamente nela a solução para a redução das violações dos Direitos Humanos? “Dizem eles mesmos: a prisão é ineficaz, cara, desumana, degradante. Aliás, foi por essas críticas que acabaram sendo identificados como defensores de bandidos” (Helena Singer). Por outro lado, como podem conceber tal prática coercitiva, sem a ação de um Estado forte, por intermédio de sua polícia? Aliás, nesse ponto, engrossam o coro daqueles que hostilizam e discriminam a força pública. Mais que simplesmente denunciar as violações dos Direitos Humanos praticados pelos policiais e clamar pela prisão dos violadores, há de se buscar discutir ações efetivas de redução dessa prática, ou seja, construir o “como fazer” para modificar a cultura de violência e repressão existente, não só no entremeio policial, mas na sociedade como um todo. Inclui-se nesse viés a reformulação dos métodos de treinamento e técnicas de emprego da força policial. Conclui Helena: Não seria mais coerente centrar os esforços para construir outras formas de os "agressores" restituírem suas "vítimas" e a sociedade como um todo pelos danos que causaram? Ou, melhor ainda, não seria mais conveniente buscar formas de tornar a própria sociedade intolerante com esse tipo de comportamento, fazendo o "forte investimento na educação para a cidadania", sugerida por Ribeiro? Ou ainda, que tenham na polícia uma aliada na construção de uma sociedade cidadã, promovendo esforços que visem contribuir para as mudanças no aparelho policial do Estado e a valorização de seus integrantes, encarando-os como legítimos representantes do poder de um Estado democrático e indivíduos também sujeitos de direito e proteção. Quem somos? O que queremos? Contra quem lutamos? De pronto responde-se: Somos seres humanos buscando o respeito e a dignidade para sermos felizes em nossa existência. Lutamos contra a tirania e a opressão dos poderosos que detêm o poder. Porém, segundo Hobbes, a ausência de um poder coercitivo capaz de atemorizar aqueles que querem impor suas vontades, como se estivessem no estado natural de sua existência, acarreta a guerra de todos contra todos. Para tanto, propõe um direito civil que garanta a paz. Em sua obra Leviatã enfatiza que esse desejo de paz leva os homens a formar um contrato, o qual permite eleger um soberano para governar suas vidas, definindo o direito e a justiça. Tal poder soberano é imprescindível para resolver as controvérsias.

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Sob o enfoque político ideológico não se sustenta o argumento de que Direitos Humanos protegem delinquentes, mais sim, os cidadãos, sem discriminação, contra o nepotismo estatal. Os delitos praticados pelos criminosos serão tratados sob a égide do direito penal e, para tanto, cabe ao sistema de justiça criminal atuar. Porém, os atos ilegais praticados pelo Estado nem sempre são objeto de responsabilização exemplar de seus agentes. Nesse sentido, os Direitos Humanos são evocados de forma intransigente, não só na esfera nacional, mas também com mecanismos internacionais de proteção. Essa percepção que falta ao policial no exercício de sua profissão, ou seja, que ele, enquanto profissional, incorpora o poder e a responsabilidade emanada pelo Estado e para tal é responsabilizado. Conhecedor do histórico da luta política dos Direitos Humanos para se afirmar como instrumento de proteção dos fracos contra o poder do Estado, o policial claramente identificará seu papel nesse cenário, não dispondo mais de argumentos para afirmar que Direitos humanos são só para proteger bandido. Reconhecendo-se também como cidadão, sujeito à violência desse Estado, compreenderá que ele também é carente de proteção. 3.5 CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS POLICIAIS: POLICIAIS TAMBÉM TÊM DIREITOS! É responsabilidade dos governos e das corporações policiais fornecer aos profissionais equipamentos de proteção individual, como escudos, capacetes, veículos e coletes à prova de bala, a fim de protegê-los. A ONU considera o trabalho policial de alta relevância e incentiva os governos a manter e melhorar suas condições de trabalho. Lembre-se: Se os direitos do policial forem violados, ele também pode procurar a Ouvidoria de Polícia. A Ouvidoria não é inimiga das polícias. Ela ajuda a polícia a atuar de forma mais adequada e respeitadora dos direitos das pessoas. Quando sofrem abusos, desrespeito ou violência nas instituições, os policiais podem – e devem – procurar a Ouvidoria. A Polícia e os agentes penitenciários (grifos nossos) precisam resgatar a importância de seu papel social e, por conseguinte, a autoestima. Esse caminho passa pela superação de paradigmas passados. O policial tem o potencial de ser o mais marcante promotor dos Direitos Humanos, assim como o destinatário natural de proteção também de seus direitos, enquanto cidadão personagem central da democracia. 3.6 OS AGENTES PENITENCIÁRIOS E OS DIREITOS HUMANOS A Declaração Universal de Direitos Humanos foi adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Os artigos foram criados em um período pós Segunda Guerra Mundial em que o mundo se encontrava horrorizado perante as barbáries cometidas pelos nazistas.

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Alguns dos pontos principais da Declaração são que nenhum ser humano será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante; toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei, e, ainda, que todos sejam iguais perante a lei e tenham direito, sem qualquer distinção, à igual proteção da lei. Considerando que a sociedade conhece pouco os Direitos Humanos e sua importância na formação dos Agentes Penitenciários, nada melhor que todos os profissionais os conheçam para aplicá-los no ambiente de trabalho e também serem multiplicadores desse tema para a população em geral. Somente com uma boa formação é que esses profissionais acostumados a trabalhar em situações adversas, adquirem uma nova percepção do que são Direitos Humanos, passando também a ter um olhar diferenciado sobre as pessoas presas e seus familiares. Hoje em dia, o maior objetivo da prisão não é o castigo imposto a quem cometeu erros e infringiu a lei e, sim, a reinserção dessas pessoas na Sociedade. Os Agentes Penitenciários além do exercício de aplicação da Segurança Pública no ambiente prisional, em escoltas e custódias que dia a dia fazem, são essencialmente educadores no contato que mantêm diretamente com os presos. Em nosso Estado, Pernambuco, eles são responsáveis pela aplicação do ensino regular, pelo incentivo de atividades desportivas, pela profissionalização, pelo serviço psicossocial, pela promoção de assistência jurídica, entre outras atividades imprescindíveis à reintegração social dos que cumprem pena. O ciclo da Segurança Pública não se completa quando a ressocialização fica ausente! Sem uma boa infra-estrutura nas prisões e sem o corpo técnico funcional bem preparado, qualquer tentativa de reinserção social e de controle da criminalidade tornar-se-á falácia. Às Polícias cabe investigar, prender e manter a ordem social, ao Ministério Público, fiscalizar a aplicação da Lei e oferecer denúncia ao Poder Judiciário, que tem como mister julgar; porém, caso tudo isso aconteça e quando alguém venha a ser punido, não haja como executar um cumprimento de pena sem o restabelecimento de Direitos Fundamentais, isso se torna falível. Dito tudo isso, queremos alertar às Autoridades que os Agentes Penitenciários exercem uma atividade de extrema importância social, fazem parte do ciclo da Segurança Pública, com base no inciso IV do art. 3º da Lei Federal 11.473/2007, e tudo que disser respeito aos "Direitos do Homem" deve se fazer presente na formação desses profissionais.

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