modernismo 2ª fase

24
Modernismo 2ª fase – Prosa 1) Jorge Amado BCO. R: Jorge Amado nasceu na fazenda Auricídia, em Ferradas, município de Itabuna. Filho do "coronel" João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado, foi para Ilhéus com apenas um ano e lá passou a infância e descobriu as letras. A adolescência ele viveria em Salvador, no contato com aquela vida popular que marcaria sua obra. Aos 14 anos, começou a participar da vida literária de Salvador, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes, grupo de jovens que (juntamente com os do Arco & Flecha e do Samba) desempenhou importante papel na renovação das letras baianas. Entre 1927 e 1929, foi repórter no "Diário da Bahia", época em que também escreveu na revista literária "A Luva". Estreou na literatura em 1930, com a publicação (por uma editora carioca) da novela "Lenita", escrita em colaboração com Dias da Costa e Édison Carneiro. Seus primeiros romances foram "O País do Carnaval" (1931), "Cacau" (1933) e "Suor" (1934). Jorge Amado bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito no Rio de Janeiro (1935), mas nunca exerceria a profissão de advogado. Em 1939, foi redator-chefe da revista "Dom Casmurro". De 1935 a 1944, escreveu os romances "Jubiabá", "Mar Morto", "Capitães de Areia", "Terras do Sem-Fim" e "São Jorge dos Ilhéus". Em parte devido ao exílio no regime getulista, Jorge Amado viajou pelo mundo e viveu na Argentina e no Uruguai (1941-2) e, depois, em Paris (1948-50) e em Praga (1951-2). Voltando para o Brasil durante o segundo conflito mundial, redigiu a seção "Hora da Guerra" no jornal "O Imparcial" (1943-4). Mudando-se para São Paulo, dirigiu o diário Hoje (1945). Anos depois, no Rio, participaria da direção do semanário "Para Todos" (1956-8). Em 1945, foi eleito deputado federal por São Paulo, tendo participado da Assembleia Constituinte de 1946 (pelo Partido Comunista Brasileiro) e da primeira Câmara Federal posterior ao Estado Novo. Nessa condição, foi responsável por várias leis que beneficiaram a cultura. De 1946 a 1958, escreveria "Seara Vermelha", "Os Subterrâneos da Liberdade" e "Gabriela, Cravo e Canela". Em abril de 1961, foi eleito para a cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras (sucedendo a Otávio Mangabeira). Na década de 1960, lançou os romances "A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água", "Os Velhos Marinheiros, ou o Capitão de Longo Curso", "Os Pastores da Noite", "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Tenda dos milagres". Nos anos 1970, viriam "Teresa Batista Cansada de Guerra", "Tieta do Agreste" e "Farda, Fardão, Camisola de Dormir".

Upload: arthursinhoxd7391

Post on 26-Jun-2015

1.549 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Modernismo 2ª fase

Modernismo 2ª fase – Prosa1) Jorge Amado BCO.

R: Jorge Amado nasceu na fazenda Auricídia, em Ferradas, município de Itabuna. Filho do "coronel" João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado, foi para Ilhéus com apenas um ano e lá passou a infância e descobriu as letras. A adolescência ele viveria em Salvador, no contato com aquela vida popular que marcaria sua obra.

Aos 14 anos, começou a participar da vida literária de Salvador, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes, grupo de jovens que (juntamente com os do Arco & Flecha e do Samba) desempenhou importante papel na renovação das letras baianas. Entre 1927 e 1929, foi repórter no "Diário da Bahia", época em que também escreveu na revista literária "A Luva".

Estreou na literatura em 1930, com a publicação (por uma editora carioca) da novela "Lenita", escrita em colaboração com Dias da Costa e Édison Carneiro. Seus primeiros romances foram "O País do Carnaval" (1931), "Cacau" (1933) e "Suor" (1934).

Jorge Amado bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito no Rio de Janeiro (1935), mas nunca exerceria a profissão de advogado. Em 1939, foi redator-chefe da revista "Dom Casmurro". De 1935 a 1944, escreveu os romances "Jubiabá", "Mar Morto", "Capitães de Areia", "Terras do Sem-Fim" e "São Jorge dos Ilhéus".

Em parte devido ao exílio no regime getulista, Jorge Amado viajou pelo mundo e viveu na Argentina e no Uruguai (1941-2) e, depois, em Paris (1948-50) e em Praga (1951-2).

Voltando para o Brasil durante o segundo conflito mundial, redigiu a seção "Hora da Guerra" no jornal "O Imparcial" (1943-4). Mudando-se para São Paulo, dirigiu o diário Hoje (1945). Anos depois, no Rio, participaria da direção do semanário "Para Todos" (1956-8).

Em 1945, foi eleito deputado federal por São Paulo, tendo participado da Assembleia Constituinte de 1946 (pelo Partido Comunista Brasileiro) e da primeira Câmara Federal posterior ao Estado Novo. Nessa condição, foi responsável por várias leis que beneficiaram a cultura. De 1946 a 1958, escreveria "Seara Vermelha", "Os Subterrâneos da Liberdade" e "Gabriela, Cravo e Canela".

Em abril de 1961, foi eleito para a cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras (sucedendo a Otávio Mangabeira). Na década de 1960, lançou os romances "A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água", "Os Velhos Marinheiros, ou o Capitão de Longo Curso", "Os Pastores da Noite", "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Tenda dos milagres". Nos anos 1970, viriam "Teresa Batista Cansada de Guerra", "Tieta do Agreste" e "Farda, Fardão, Camisola de Dormir".

Suas obras foram traduzidas para 48 idiomas. Muitas se viram adaptados para o cinema, o teatro, o rádio, a televisão e até as histórias em quadrinhos, não só no Brasil, mas também em Portugal, França, Argentina, Suécia, Alemanha, Polônia, Tchecoslováquia (atual República Tcheca), Itália e EUA. Seus últimos livros foram "Tocaia Grande" (1984), "O Sumiço da Santa" (1988) e "A Descoberta da América pelos Turcos" (1994).

Além de romances, escreveu contos, poesias, biografias, peças, histórias infantis e guias de viagem. Sua esposa, Zélia Gattai, é autora de "Anarquistas, Graças a Deus" (1979), "Um Chapéu Para Viagem" (1982), "Senhora Dona do Baile" (1984), "Jardim de Inverno" (1988), "Pipistrelo das Mil Cores" (1989) e "O Segredo da Rua 18" (1991). O casal teve dois filhos: João Jorge, sociólogo e autor de peças infantis; e Paloma, psicóloga.

Jorge Amado morreu perto de completar 89 anos, em Salvador. A seu pedido, foi cremado, e as cinzas, colocadas ao pé de uma árvore (uma mangueira) em sua casa.

2) Como é dividida a obra de Jorge Amado e quais as obras representantes?

Page 2: Modernismo 2ª fase

R: As obras de Jorge Amado são divididas pelos críticos literários em: 1. Romances da Bahia ou proletários que retratam a vida na cidade de Salvador, como é o caso de Suor, O país do Carnaval e Capitães da areia. 2. Romances ligados ao ciclo do cacau, que correspondem aos livros Cacau e Terras do sem fim. 3. Crônicas de costumes, começadas com Jubiabá e Mar Morto e estendendo-se por Gabriela, cravo e canela. 

Obras: Romance: O país do carnaval (1931); Cacau (1933); Suor (1934); Jubiabá (1935); Mar Morto (1936); Capitães da areia (1937); Terras do sem-fim (1942); São Jorge dos Ilhéus (1944); Seara vermelha (1946); Os subterrâneos da liberdade (1952); Gabriela, cravo e canela (1958); Dona flor e seus dois maridos (1967); Tenda dos milagres (1970); Teresa Batista cansada de guerra (1973); Tieta do agreste (1977); Farda, fardão e camisola de dormir (1979). Novela: Os velhos marinheiros (1961); Os pastores da noite (1964). Biografia: ABC de Castro Alves (1941); Vida de Luís Carlos Prestes, o cavaleiro da esperança (1945). Teatro: O amor de Castro Alves, reeditado como O amor do soldado (1947).

3) Qual o enredo do livro “Gabriela” de Jorge Amado?

R: Modernismo de segunda fase, Gabriela Cravo e Canela é dividido em duas partes, que são em si divididas em outras duas.A história começa em 1925, na cidade de Ilhéus. A primeira parte é Um Brasileiro das Arábias e sua primeira divisão é O langor de Ofenísia. Vai centrando-se a história nesta parte em dois personagens: Mundinho Falcão e Nacib. Mundinho é um jovem carioca que emigrou para Ilhéus e lá enriqueceu como exportador e planeja acelerar o desenvolvimento da cidade, melhorar os portos e derrubar Bastos, o inepto governante. Nacib é um sírio ("turco é a mãe!") dono do bar Vesúvio, que se vê em meio a uma grande tragédia pessoal: a cozinheira de seu partiu para ir morar com o filho e ele precisa entregar um jantar para 30 pessoas em comemoração a inauguração de uma linha automotiva regular para a cidade de Itabuna. Ele encomenda com um par de gêmeas careiras, mas passa toda a parte procurando por uma nova cozinheira.No final desta pequena parte aparece Gabriela, uma retirante que planeja estabelecer-se em Ilhéus como cozinheira ou doméstica, apesar dos pedidos do amante que planeja ganhar dinheiro plantando cacau.A segunda secção desta primeira parte é A solidão de Glória e passa-se apenas em um dia. O dia começa com o amanhecer de dois corpos na praia, frutos de um crime passional (todo mundo dá razão ao marido traído / assassino), segue com as preparações do jantar e a contratação de Gabriela por Nacib. No jantar acirram-se as diferenças políticas e, na prática, declara-se a guerra pelo poder em Ilhéus entre Mundinho Falcão (oposição) e os Bastos (governo). Quando o jantar acaba (em paz), Nacib volta para casa e, quando ia deixar um presente para Gabriela silenciosa, mas não inocentemente, tem com ela a primeira noite de amor / luxúria.A segunda parte chama-se propriamente Gabriela Cravo e Canela e sua primeira parte, o capítulo terceiro, chama-se O segredo de Malvina, terceiro capítulo, passa-se cerca de três meses após o fim do outro capítulo, e três problemas existem: o caso Malvina-Josué-Glória-Rômulo, as complicações políticas e o ciúmes de Nacib. Vamos pela ordem. Josué era admirador de Malvina, filha de um coronel com espírito livre. Esta começa a namorar Rômulo, um engenheiro chamado por Mundinho Falcão para estudar o caso da barra (que impedia que navios grandes atracassem no porto de Ilhéus). Josué se desaponta e se interessa por Glória, amante de um outro coronel. Rômulo foge após um escândalo feito pelo machista (tão machista quanto o resto da sociedade ilheense) pai de Malvina, Malvina faz planos de se libertar e Josué começa um caso em segredo com Glória. Na política, acirra-se a disputa por votos ao ponto do coronel Bastos mandar queimar toda uma tiragem do jornal de Mundinho. Mas Mundinho ganha terreno com a chegada do engenheiro. E perde quando esse foge covarde. E ganha com a promessa da chegada de dragas a Ilhéus. Nacib enquanto isso desenvolveu um caso com Gabriela. Mas está sendo atacado pelos ciúmes (todos querem Gabriela, perfume de cravo, cor de canela). Aos poucos ele percebe que é amor e acaba propondo casamento a Gabriela após a última investida do juiz (alarme falso, ele já havia desistido). Mas foi a tempo, já que até roças do poderoso cacau de Ilhéus já haviam sido oferecidas a Gabriela. O capítulo acaba durante a festa de casamento de Nacib e Gabriela (no civil, já que Nacib é muçulmano não praticante), quando chegam às dragas no porto de Ilhéus.

Page 3: Modernismo 2ª fase

A quarta e última parte chama-se O luar de Gabriela. Nesta resolvem-se todos os casos. Pela ordem: Josué e Glória oficializam a relação e Glória é expulsa de sua casa por seu coronel. Na parte da política, após o coronel Ramiro Bastos perder o apoio de Itabuna (e mandar matar, sem sucesso, seu ex-aliado; o quase assassino foge com a ajuda de Gabriela, que o conhecia), ele morre placidamente em seu sono, seus aliados reconhecem que estavam errados (a lealdade era com o homem, não suas ideias) e a guerra política acaba com Mundinho e seus candidatos vencedores. Quanto a Nacib e Gabriela... Gabriela não se adapta de jeito nenhum à vida de "senhora Saad", para desespero de Nacib. Nacib acaba anulando o casamento ao pegá-la na cama com Tonico Bastos, seu padrinho de casamento. Mas ninguém ri de Nacib; pelo contrário, Tonico é humilhado e sai da cidade, o casamento é anulado sem complicações (os papéis de Gabriela eram falsos) e Gabriela sai de casa. Nacib fica amargurado e vai se recuperando. As obras na barra se completam com sucesso e Nacib e Mundinho abrem um restaurante juntos. O cozinheiro chamado pelos dois é... Convidado a se retirar da cidade por admiradores de Gabriela, que acaba sendo recontratada por Nacib. Semanas depois, Nacib e ela reiniciam seu caso, tão ardente como era no começo e deixara e ser após o casamento.Num epílogo, o coronel, assassino dos dois amantes da primeira parte, é condenado à prisão. Cheio de uma crítica à sociedade ilheense, a própria linguagem do autor muda quando foca-se a atenção em Gabriela. Torna-se mais cantada, mais típica da região (como é a fala de todos), deixando a leitura cada vez mais saborosa.

4) Enredo e personagens de “Seara Vermelha”.

R: O novo proprietário de antiga fazenda nos sertões do Nordeste baiano despede sumariamente todos os agregados ali existentes, admitidos pelo antecessor, inclusive o velho Jerônimo e sua mulher Jucundina, moradores radicados nas terras havia vinte anos. Sem outra opção, decide emigrar "em busca do país de São Paulo" e, entrouxando todos seus pertences nos costados do jumento Jeremias, partem, a pé, os onze parentes: Jerônimo e a mulher, os dois filhos restantes (Agostinho e Marta), os três netos (Tonho, Noca e Ernesto) órfãos ainda crianças, sua irmã insana Zefa e seu irmão João Pedro com a família (Dina e Gertrudes), numa longa "Viagem de espantos", eles que jamais se haviam afastado do lugar.

Padeceram perigos, doenças, luto, sede e fome até atingirem Juazeiro, para embarcarem de navio em demanda a Pirapora pelo rio São Francisco. Ali chegam em péssimas condições, alquebrados. Aí, ao enfim acomodarem-se numa fazenda de café, restam da família apenas quatro: Jerônimo, Jucundina, João Pedro e o garoto Tonho - os outros morreram ou desencaminharam.

Na segunda parte do romance, "As estradas da esperança", o eixo narrativo se desloca para os três filhos homens de Jerônimo e Jucundina: José, João e Juvêncio. E se ocupa dos destinos dos três filhos do casal que haviam deixado a casa, na fazenda nordestina, antes da dolorosa retirada. 

João, o primogênito, em família apelidado João, deixara o campo para assentar praça na Força Policial do Estado, sendo posteriormente engajado à tropa mandada ao sertão para liquidar o acampamento do beato Estêvão, ao qual acorreu também, mas para defendê-lo, o célebre bandido Lucas Arvoredo, em cujo bando atuava o famigerado Zé Trevoada, que outro não era senão José, o segundo filho do casal, que ainda jovem abandonara o lar paterno e se fizera cangaceiro. Ao se dar o assalto da força pública contra o acampamento dos fanáticos penitentes, em meio á confusão de gritos, como animais em fúria, e o troar da fuzilaria, corpos varados a bala, João foi mortalmente atingido e logo em sua percepção os ruídos se tornaram baixinhos, uma nuvem em seus olhos: a última coisa que viu "perfeitamente vista era a face de seu irmão José disparando o fuzil".

O terceiro filho, Juvêncio, deixou os pais ainda adolescente à busca do mundo distante, tendo-se alistado na Polícia Militar de um Estado vizinho e de pronto incorporado ao batalhão de partida para sufocar a Revolução Constitucionalista em São Paulo, onde, depois de tudo apaziguado, ingressa no Exército, indo servir em Matos Grosso. De Campo Grande, já promovido a cabo, vai para um posto de fronteira com a Colômbia em que, em condições desesperadoras, assume o comando do sitiado posto, semidizimado, sistematiza caçadas para o abastecimento, cava novas trampas, recompõe paliçadas e mantém a resistência aos

Page 4: Modernismo 2ª fase

silvícolas até chegar a expedição de socorro. Transferido para Natal, conhece Lurdes e participa do levante comunista como um dos seus líderes. 

Preso após a sedição é condenado a cumprir pena no presídio da Ilha Grande, onde se casa por procuração com Lurdes e cuida de ilustrar-se. Aí recebe a visita da velha mãe viúva, vinda de São Paulo em companhia do jovem Tonho, com quem futuramente, após a anistia, participará ativamente da militância comunista no Brasil.

5) Erico Veríssimo BCO

R: Aos 13 anos, Érico Lopes Veríssimo já lia autores nacionais como Aluísio Azevedo e Joaquim Manoel de Macedo; e autores estrangeiros como Walter Scott, Émile Zola e Dostoievski. Em 1920 foi estudar em Porto Alegre, no Colégio Cruzeiro do Sul, de orientação protestante. Seus pais separam-se em 1922.

Sua mãe, o irmão e a irmã foram morar na casa da avó materna. Para ajudar no orçamento, Érico tornou-se balconista no armazém do tio, até que conseguiu uma vaga no Banco Nacional do Comércio. Nessa época começou a escrever seus primeiros textos.

Sua mãe decidiu que a família mudaria para Porto Alegre, a fim de que seu irmão, Ênio, fizesse o ginásio no mesmo colégio onde Érico havia estudado. Na capital, Érico, transferido para a matriz do Banco do Comércio, teve problemas de saúde e perdeu o emprego. Recuperado, empregou-se numa seguradora, mas não se adaptou aos superiores.

Diante das dificuldades, a família retornou a Cruz Alta. Érico voltou a trabalhar no Banco do Comércio em 1925, mas acabou aceitando a proposta de Lotário Muller, amigo de seu pai, para tornar-se sócio da "Pharmacia Central". Em 1927, além das obrigações da farmácia, dava aulas de literatura e inglês. Começou a namorar sua vizinha, Mafalda, então com 15 anos.

Em 1929 Érico publicou "Chico: um conto de Natal", no “Cruz Alta em Revista" e os contos "Ladrão de gado" e "A tragédia dum homem gordo", na "Revista do Globo", em Porto Alegre. O conto "A lâmpada mágica" foi publicado no "Correio do Povo". Com a falência da farmácia em 1930, o autor mudou-se para Porto Alegre. Passou a conviver com escritores renomados, como Mario Quintana, Augusto Meyer, Guilhermino César e foi contratado para o cargo de secretário de redação da "Revista do Globo".

Em 1931 casou-se com Mafalda Halfen Volpe e fez as traduções de "O sineiro", "O círculo vermelho" e "A porta das sete chaves" de Edgar Wallace. Colaborou nos jornais "Diário de Notícias" e "Correio do Povo". Em 1932 foi promovido a Diretor da Revista do Globo e passou a atuar no departamento editorial da Livraria do Globo. Sua obra de estreia, "Fantoches" era uma coletânea de histórias em sua maior parte na forma de peças de teatro. Em 1933 traduziu "Contraponto", de Aldous Huxley.

No mesmo ano, seu primeiro romance, "Clarissa" foi lançado e fez sucesso. Em seguida, "Música ao longe", foi agraciado com o Prêmio Machado de Assis. Outro romance, "Caminhos cruzados", recebeu o Prêmio Fundação Graça Aranha. Foi publicado, ainda naquele ano "A vida de Joana d'Arc". Em viagem ao Rio de Janeiro, Veríssimo fez contato com Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, José Lins do Rego e outros.

Em 1936, publicou o livro infantil, "As aventuras do avião vermelho". e depois, "Um lugar ao sol". No ano seguinte criou o programa infantil "Clube dos três porquinhos", na Rádio Farroupilha e fez a "Coleção Nanquinote", com os livros "Os três porquinhos pobres", "Rosa Maria no castelo encantado" e "Meu ABC". Resistindo a submeter previamente à censura as histórias apresentada no rádio, Érico encerrou programa que havia criado. 

Em 1938 lançou um de seus maiores sucessos, "Olhai os lírios do campo". No mesmo ano publicou "O urso com música na barriga". No ano seguinte, lançou a série infantil, "A vida do elefante Basílio" e "Outra vez os três porquinhos"; e o livro de ficção científica "Viagem à aurora do mundo". Depois publicou "Saga" e traduziu: "Ratos e homens", de John Steinbeck; "Adeus Mr. Chips" e "Não estamos sós", de James Hilton; "Felicidade" e "O meu primeiro baile", de

Page 5: Modernismo 2ª fase

Katherine Mansfield.

Em 1941 passou três meses nos Estados Unidos, a convite do Departamento de Estado americano. Suas impressões dessa temporada estão no livro "Gato preto em campo de neve". A ideia do livro "O resto é silêncio" veio de um trágico incidente quando ele e seu irmão Enio testemunharam o suicídio de uma mulher que se atirou de um edifício em Porto Alegre. Em 1942 a Editora Meridiano (uma subsidiária criada pela Globo para driblar a censura) publicou "As mãos de meu filho", reunião de contos e outros textos do autor. Depois foi publicado "O resto é silêncio".

Temendo a ditadura Vargas, Érico aceitou o convite para lecionar Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia e mudou-se para os Estados Unidos com a família. Publicou o compêndio "Breve história da literatura brasileira". De volta ao Brasil lançou, em 1946, "A volta do gato preto” e começou a escrever "O tempo e o vento". Previsto para ter um só volume, com aproximadamente 800 páginas, e ser escrito em três anos, acabou ultrapassando as 2.200 páginas, sob a forma de trilogia, consumindo quinze anos de trabalho.

Em 1953, a convite do governo brasileiro, Érico Veríssimo assumiu em Washington (EUA) um cargo na Organização dos Estados Americanos, substituindo a Alceu Amoroso Lima. Visitou diversos países da América Latina. No ano seguinte foi agraciado com o prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. De volta ao Brasil, em 1956, lançou "Gente e bichos", coleção de livros para crianças. Sua filha casou-se e foi morar nos Estados Unidos. Érico a visitou diversas vezes.

Em 1957, o autor publicou "México", com as impressões da viagem que fizera àquele país.

Acompanhado de sua mulher e do filho Luís Fernando, fez sua primeira viagem à Europa, em 1959. Expôs sua defesa à democracia em palestras em Portugal. Lançou "O ataque", que reunia três contos: "Sonata", "Esquilos de outono" e "A ponte". Em 1962 acabou "O Arquipélago", concluindo a trilogia de "O tempo e o vento".

Em 1965 ganhou o Prêmio Jabuti com o livro "O senhor embaixador". Viajou para os Estados Unidos e depois para Israel, a convite do governo daquele país. Em 1967 lançou "O prisioneiro". 

“O tempo e o vento", sob a direção de Dionísio Azevedo, com adaptação de Teixeira Filho, estreou na TV Excelsior em 1967. No ano seguinte Érico Veríssimo ganhou o prêmio "Intelectual do ano" (Troféu Juca Pato).

Em 1969 a casa onde o escritor nasceu, em Cruz Alta, foi transformada em Museu. Lançou "Israel em abril" e em 1971, "Incidente em Antares". Em 1972 relançou "Fantoches" e ampliou sua autobiografia, publicada em 1966, fazendo surgir suas memórias - sob o título de "Solo de clarineta" - cujo primeiro volume foi publicado em 1973. Deixou inacabado o segundo volume de suas memórias, além de esboços de um romance que se chamaria "A hora do sétimo anjo".

6) Enredo e personagens: “Um certo capitão Rodrigo”.

R: A novela Um Certo Capitão Rodrigo, do ponto de vista cronológico, é o terceiro episódio do primeiro volume de O continente, parte da trilogia O tempo e o vento, que compreende também O retrato (parte II) e O arquipélago (parte III). A obra é do escritor gaúcho Érico Veríssimo, e foi escrita na segunda fase de sua carreira.

A ação da narrativa se inicia em outubro de 1828, quando o capitão Rodrigo, uma das personagens mais marcantes e popularizadas pela obra de Érico Veríssimo, chega à cidade de Santa Fé, ao fim de uma das tantas guerras contra “os castelhanos” da Banda Oriental, hoje Uruguai. Girando em torno do casal composto por Rodrigo e Bibiana, a narrativa apresenta, na composição do seu quadro histórico, a agitação sociopolítica da pacata Santa Fé como efeito principal do início da Revolução Farroupilha, cujas batalhas percorreram os pampas do sul por dez anos, em confrontos que colocaram em lados radicalmente opostos republicanos e governistas.

Page 6: Modernismo 2ª fase

Sua leitura é de fato, um mergulho no universo histórico da época, em que os pensamentos das pessoas eram de indignação pelos abusos do governo na cobrança dos altos impostos, contando paralelamente parte Revolução Farroupilha e da chegada dos primeiros imigrantes alemães no país.

E é nesse contexto cheio de atribulações civis que a história do Capitão Cambará se inicia. Ele, um homem de destino incerto, que ama sua liberdade, de repente se depara apaixonado por uma linda santa fezense poucos dias após apear seu cavalo no pequeno povoado. Uma moça chamada Bibiana Terra, que apesar de ser fortemente cortejada pelo filho do coronel, logo se rende aos olhares sedutores do forasteiro e se apaixona. E como de costume em quase todas as histórias de amor eles se casam e têm três filhos.

Destacando duas cenas espetaculares do livro temos a do duelo entre Rodrigo e Bento Amaral e a marca incompleta do R que o Capitão deixa no rosto filho do coronel e também a cena da extrema unção que o Padre Lara oferece a Rodrigo quando ele está entre a vida e a morte, exigindo antes que seu amigo se arrependesse de todos os pecados, o Capitão como resposta faz uma figa que deixa o padre horrorizado.

Um dos destaques nessa obra é o forte sopro épico que ocorre em todo o episódio, a exemplo de Ulisses e de outros heróis das epopeias gregas, o Capitão Rodrigo Cambará acreditava que só a ação guerreira dá sentido a vida de um homem. A domesticidade e o cotidiano são os maiores inimigos desses personagens. A paixão instintiva que o Capitão experimenta pela vida e seus prazeres, além de haver em sua conduta um substrato ético, misto de bravura, fanfarronice, generosidade e pensamento libertário.

Toda a trajetória do Capitão Rodrigo Cambará em Santa Fé desde da primeira conversa com Juvenal, o duelo com Bento Amaral, seu casamento com Bibiana, até a sua morte na guerra é cheia de pormenores que prende o leitor do princípio ao fim, página por página, fazendo desse romance de Veríssimo uma história já tornada mitológica e fascinante.

Em Um Certo Capitão Rodrigo vemos uma forte influência naturalista que se alastra por todo o romance O tempo e o vento, contaminando-o com um materialismo impressionante.

A ótica panfletária permeia uma estética que beira o romantismo o tempo todo. Em 28 capítulos acompanhamos a chegada do Capitão Rodrigo a Santa Fé.

Personagens

Bibiana - Neta de Ana Terra, mulher do capitão Rodrigo Cambará. Como a avó, Bibiana é a mulher generosa, sólida, sofrida.Capitão Rodrigo - Encarna o código de honra do gaúcho, mediante os atributos de coragem, impetuosidade, machismo, violência física e um relativo conceito de moral.Juvenal Terra - irmão de Bibiana.

Destaques da obra

1. O fato de o personagem central ter se transformado - mesmo que não fosse a intenção de Érico Veríssimo - no símbolo do gaúcho, com seu misto de bravura, fanfarronice, generosidade e pensamento libertário. Talvez os gaudérios da época não tivessem o mesmo carisma. Documentos da época pintam esses homens "sem rei nem lei" quase como párias. No caso de Rodrigo, contudo, "a mentira histórica vira verdade artística".

2. A paixão instintiva (próxima do mundo animal) que o Capitão experimenta pela vida e seus prazeres, especialmente os da cama e da mesa. Apesar disso, há em sua conduta um substrato ético que o leva, por exemplo, a se posicionar contra os tiranos e a respeitar sua mulher, Bibiana.

3. O forte sopro épico que percorre todo o episódio. A exemplo de Aquiles e de outros heróis das epopeias gregas, Rodrigo Cambará acredita que só a ação guerreira dá sentido à vida dos

Page 7: Modernismo 2ª fase

homens. A domesticidade e o cotidiano são os maiores inimigos desses personagens, que só se sentem felizes no fragor das batalhas e das conquistas. Antológica é a cena do Capitão, transformado em dono de venda:

Rodrigo foi até a porta (da venda) e olhou para o alto. O vento trazia um cheiro bom de capim e, aspirando-o, ele como que se embriagava. O fedor de cebola, alho e banha que havia dentro de casa nauseava-o. Meter-se naquele negócio tinha sido a maior estupidez de sua vida.

4. A criação de um modelo de Cambará: o macho audacioso, mulherengo e sempre metido em revoluções. O Dr. Rodrigo Cambará, em O retrato e em O arquipélago, será a reduplicação quase que perfeita do bisavô, apesar de já ser um caudilho ilustrado. Porém, mesmo Bolívar e Licurgo, filho e neto respectivamente, apresentarão traços do Capitão Rodrigo. De certa forma, os valores caudilhescos e machistas desse personagem cristalizam o ideal de hombridade vigente na província até meados do século XX.

5. A cena espetacular da extrema-unção que o padre Lara oferece a Rodrigo moribundo, exigindo antes que o seu amigo se arrependesse de todos os pecados. Reunindo suas últimas forças, o Capitão Cambará faz uma figa ao sacerdote que sai dali horrorizado.

6. Igualmente importante é a cena - já citada - do duelo entre Rodrigo e Bento Amaral, e a marca incompleta que o Capitão deixa no rosto do último.

7. A paixão de Bibiana pelo gaudério é a melhor realizada entre todos os casos amorosos que povoam O tempo e o vento. Independentemente dos adultérios de que é vítima, do abandono e do desprezo do marido pela vida doméstica, ela continua amando-o como no primeiro dia em que o viu. "Queria vê-lo mais uma vez, só uma vez" - pensa ela durante a Revolução e um pouco antes do último encontro amoroso, numa sublime confissão de desejo e afeto.

8. O fato de Bibiana reproduzir sua avó, Ana, tanto na obstinação, nos silêncios, no ódio à guerra e às revoluções, na profissão de parteira e na lembrança dos mortos, dando sequencia ao arquétipo feminino do romance.

Enredo

Gaudério de bela figura física e não menor carisma pessoal, Rodrigo Cambará conquista a vila de Santa Fé com seus ditos espirituosos: "Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!" Ou ainda: "Cambará macho não morre na cama!”

Juvenal, filho de Pedro Terra, é o primeiro a simpatizar com o estranho. Bibiana, sua irmã (e reprodução da avó, Ana Terra) logo se apaixonará pelo forasteiro, reafirmando sua indiferença a Bento Amaral, filho do coronel que manda no povoado. Já Pedro Terra, homem reservado e circunspecto, detesta desde o início aquele gaudério anarquista, cujo único propósito na vida parece ser o de atender aos seus impulsos básicos, especialmente os guerreiros e os eróticos.

O Coronel Ricardo Amaral Neto exige que Rodrigo parta de Santa Fé, mas este se recusa. Em seguida, o alegre capitão desentende-se - por causa de Bibiana - com Bento Amaral. No duelo que se segue, Rodrigo Cambará consegue colocar sua marca à faca na cara do rival, não conseguindo concluir a perna do R. Vencido e humilhado, Bento atira com arma de fogo, ferindo gravemente o Capitão. Este oscila entre a vida e a morte e, nessas circunstâncias, solidifica sua amizade com o padre Lara que vai ajudá-lo e tentar convertê-lo ao cristianismo. Rodrigo se safa da morte, tão ateu quanto antes, mas completamente apaixonado (desejo físico, acima de tudo) por Bibiana. Juvenal e o padre auxiliam-no em sua tarefa, facilitada pelo ardoroso sentimento que a moça (tem vinte e dois anos) nutre por ele. Com a visível discordância de Pedro Terra, Rodrigo e Bibiana acabam se casando no Natal de 1829.

Após os ardores dos primeiros meses, Rodrigo começa a se entediar. A nova profissão (tornara-se "bodegueiro" em sociedade com o cunhado Juvenal) lhe parece intolerável. Os próprios cheiros da venda lhe causam aborrecimento. Mesmo os filhos que vão nascendo - Anita, Bolívar e Leonor - não lhe restituem a perdida alegria de viver. Trai Bibiana, torna-se um jogador e um bêbado, recusa-se a voltar para casa quando o chamam por causa da doença da

Page 8: Modernismo 2ª fase

filha Anita. Ao retornar, enfim, já pela madrugada encontra a menina morta. Mesmo assim, Bibiana continua apaixonada pelo "seu" capitão.

A chegada dos primeiros alemães em Santa Fé, no ano de 1833, é o grande assunto da vila. Rodrigo obviamente enlouquece por uma jovem imigrante, Helga Kunz, e com ela se relaciona, mas para sua surpresa a alemã abandona-o, partindo para São Leopoldo a fim de casar-se com um conterrâneo alemão.

Em 1835 estoura a Revolução Farroupilha. Rodrigo, que é amigo de Bento Gonçalves, adere imediatamente e desaparece de Santa Fé. Em 1836, o Capitão a frente de tropas revolucionárias retorna para enfrentar os Amarais e sua gente, que permaneceram fiéis ao Império. Antes do cerco ao casarão dos inimigos, Rodrigo ama pela última vez sua esposa Bibiana. Depois parte para o combate. Os farroupilhas triunfam, mas no ataque o Capitão Rodrigo encontra a morte. O episódio termina no dia de Finados, quando Bibiana vai ao cemitério com seus dois filhos: 

“Ergueu Leonor nos braços, segurou a mão de Bolívar, lançou um último olhar para a sepultura de Rodrigo e achou que afinal de contas tudo estava bem. Podiam dizer o que quisessem, mas a verdade era que o Capitão Cambará tinha voltado para casa.”.

Pós Modernismo no Brasil1) Quais as alterações que ocorreram na literatura brasileira, na poesia, em 1945?

R: Já consolidados a partir de 1930, os ideais modernistas vão gradativamente se transformando, até desaparecer por completo aquela visão de ruptura com o tradicional, de destruição dos padrões vigentes. Novos caminhos são buscados, novos autores surgem.

Cada vez mais presente, em todas as obras, a realidade brasileira. Surge a Geração de 45, nova safra de escritores brasileiros.

No Brasil, a partir da segunda metade da década de 40, a ficção e a poesia apresentam um novo estilo, principalmente no que se refere ao tratamento que os escritores dão à linguagem: preocupação com o apuro formal, restauração da dignidade da linguagem e dos temas.

2) Qual o contexto histórico do ano de 1945?

R: O período que inicia na década de 40 é marcado por importantes acontecimentos mundiais.

Durante a segunda guerra mundial, de 1939 a 1945, o Brasil procura manter-se neutro. É, então, presidente do País o ditador Getúlio Vargas, que comanda o Estado Novo. Porém o ataque-surpresa dos nazistas a cinco navios mercantes brasileiros, em agosto de 1942, obriga o Brasil a abandonar a neutralidade e posicionar-se em face do conflito. Há o rompimento das relações diplomáticas e comerciais do Brasil com a Alemanha, a Itália e o Japão. Em meados de 1949, sob o comando de Mascarenhas de Morais, parte para a Itália a Força Expedicionária Brasileira. Finda a guerra, o País perde 2 mil soldados e 37 navios. Mas, com os Aliados, é vitorioso contra a opressão e a violência. Em 1945, volta a reinar a paz mundial.

Com a vitória dos Aliados ao fim da segunda grande guerra, a permanência da ditadura de Getúlio Vargas torna-se insustentável. Em 1945, o ditador renuncia e retira-se para a sua estância em São Borja (RS). A chefia da Nação é entregue ao presidente do Supremo Tribunal Eleitoral, o ministro José Linhares, até que um novo presidente fosse eleito: Eurico Gaspar Dutra.

Uma ampla anistia política assinala a redemocratização do País e formam-se, então, novos partidos.

Page 9: Modernismo 2ª fase

Ecos da grande guerra e da ditadura nacional manifestam-se nos poemas de Carlos Drummond de Andrade, "A Rosa do Povo", e no livro de João Cabral de Melo Neto, "O Engenheiro", ambos publicados em 1945.

3) Quais os autores e temática da prosa no inicio do Pós-modernismo no Brasil?

R: As temáticas usadas pelos autores são: preocupação com o apuro formal, restauração da dignidade da linguagem e dos temas. Dentre os autores se destacam-se:

Na prosa

Guimarães Rosa Clarice Lispector

Na poesia

João Cabral de Melo Neto

4) Quais os poetas da Geração de 45?

R: Autores: Antonio Olinto (1919-2009), Ariano Suassuna (1927-), Clarice Lispector (1920-1977), Domingos Carvalho da Silva (1915 - 2004), Elisa Lispector (1911-1989), Ferreira Gullar (1930-), Geraldo Vidigal (1921), Guimarães Rosa (1908-1967), João Cabral de Melo Neto (1920-1999), Mauro Mota (1911-1984), Nelson Rodrigues (1912-1990).

5) Guimarães Rosa BCO.

R: Guimarães Rosa é considerado por muitos críticos o maior escritor brasileiro da segunda metade do século 20. Ele foi o primeiro dos sete filhos de Francisca Guimarães Rosa ("Chiquitinha") e de Florduardo Pinto Rosa ("Seu Fulô"), comerciante, juiz de paz, caçador e contador de histórias.

Autodidata, Joãozinho, como era chamado quando criança começou a estudar diversos idiomas, iniciando pelo francês, quando ainda não tinha sete anos.

Morando na casa dos avós em Belo Horizonte, terminou o curso primário. Iniciou o curso secundário, em regime de internato, no Colégio Santo Antônio, em São João del-Rei, mas não conseguiu se adaptar e retornou a Belo Horizonte, onde se formou. 

Em 1925, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, com apenas 16 anos. Sua estreia nas letras se deu em 1929, ainda como estudante. Escreveu quatro contos, todos premiados.

Em 27 de junho de 1930, aos 22 anos, casou-se com Lígia Cabral Penna, de 16 anos, com quem teve duas filhas: Vilma e Agnes. No mesmo ano se formou e passou a exercer a profissão de médico em Itaguara, então município de Itaúna (MG), onde permaneceu cerca de dois anos. 

Foi nessa localidade que passou a ter contato com os elementos do sertão que serviram de referência e inspiração para sua obra literária.

Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, Guimarães Rosa serviu como voluntário na Força Pública. Posteriormente efetiva-se, por concurso. Em 1933, foi para Barbacena na qualidade de oficial médico do 9o Batalhão de Infantaria. 

Ainda nos anos 1930, Guimarães Rosa participou de outros dois concursos literários. Em 1936, a coletânea de poemas "Magma" recebeu o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras. Um ano depois, sob o pseudônimo de Viator, concorreu ao prêmio Humberto de Campos, com o volume intitulado "Contos", que dez anos mais tarde, após uma revisão do

Page 10: Modernismo 2ª fase

autor, se transformaria em "Sagarana".

Aprovado em concurso para o Itamaraty, passou alguns anos de sua vida como diplomata brasileiro na Europa e na América Latina. Em 1938, na Alemanha, conheceu Aracy Moebius de Carvalho (Ara), que viria a ser sua segunda mulher.

Durante a guerra, por várias vezes escapou da morte. A superstição e o misticismo o acompanhariam por toda a vida. Antes do final da guerra, passou dois anos em Bogotá, onde escreveu o conto "Páramo", que faz parte do livro póstumo "Estas Estórias".

Em dezembro de 1945 retornou a sua terra natal. No ano seguinte foi nomeado chefe de gabinete do ministro João Neves da Fontoura e seguiu para Paris como membro da delegação brasileira na Conferência de Paz.

De volta ao Brasil, fez uma excursão ao Mato Grosso, anotando tudo o que via. O resultado foi a obra "Com o Vaqueiro Mariano" (1947). Após uma viagem a Bogotá em 1948, retornou à embaixada em Paris, onde permaneceu até 1951.

Em maio de 1956, após a publicação de "Corpo de Baile", surgiu "Grande Sertão: Veredas", uma narrativa épica de 600 páginas sobre o ambiente e a gente do sertão mineiro. A história do amor proibido entre Riobaldo e Diadorim.

Em sua segunda candidatura para a Academia Brasileira de Letras, Guimarães Rosa foi eleito por unanimidade (1963). Adiou a cerimônia de posse até 1967, e faleceu três dias mais tarde na cidade do Rio de Janeiro, aos 59 anos.

6) Quais os critérios característicos das obras de Guimarães Rosa?

R: Embora de caráter regionalista, a obra dele supera o regionalismo tradicional, que ora idealizava o sertanejo, ora se comprazia com aspectos meramente pitorescos, com o realismo documental ou com a transcrição da linguagem coloquial e popular.

7) Qual o livro de Guimarães Rosa, considerado o iniciador das produções de 45 e qual a nova perspectiva descoberta?

R: O livro Sagarana onde observamos o predomínio da introspecção, o rompimento com a linearidade episódica, que se fragmenta em sua estrutura, a valorização dos aspectos psicológicos das personagens em detrimento das ações e a opção pelo fluxo de consciência como elemento norteador do processo narrativo, já que a nova perspectiva, na qual prosa e poesia confundem-se, estão às indagações universais do homem: o sentido da vida e da morte, a existência ou não de Deus e do Diabo, o significado do amor, ódio, ambição etc.

8) Quais as características na linguagem de Guimarães Rosa?

R: Criando um estilo novo, ele utiliza linguagem sertaneja, recria e inventa palavras, mescla arcaísmos com vocábulos eruditos, populares e modernos, combina de maneira original as palavras, prefixos e sufixos, constrói uma sintaxe peculiar e explora as possibilidades sonoras da linguagem, através de onomatopeias, aliterações, hiatos, ecos, homofonias etc.

9) Qual o problema levantado em sua obra “Grande sertões, veredas” e com que, é comparado o sertão?

R: O projeto de João Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas é o de discorrer sobre elementos universais, alegoricamente contextualizados em um ambiente pretextualmente regional, numa escrita poética marcada por inúmeras idiossincrasias. Dessa forma, eleva-se o sertão à condição de locus hominis: “o sertão é do tamanho do mundo”.

O sertão é “onde o pensamento da gente se forma mais forte que o poder do lugar”, é o pathos em que a vida contemplativa e absurda suplanta o automatismo da técnica moderna e do senso comum (“quando acordei, não cri: tudo que é bonito é absurdo - Deus estável”). Esse páthos é a altura desde a qual o homem transborda de sua individualidade e redescobre-se no mundo.

A aridez sertaneja, enfatizada, sobretudo na linguagem visceralmente regionalista, contrasta com a dimensão universal da narrativa de Riobaldo. Homem e mundo, realidade e devaneio, mundano e divino, são aspectos de um mesmo conflito, exaustivamente contemplado pela literatura universal (casos paradigmáticos são a Ilíada de Homero, a Divina Comédia de Dante,

Page 11: Modernismo 2ª fase

o Dom Quixote de Miguel de Cervantes e o Fausto de Goethe) e que na obra de Guimarães Rosa figura sob o paradoxismo sertão-grande sertão. “E estou contando não é uma vida de sertanejo, seja se for jagunço, mas a matéria vertente”.

10) Clarice Lispector BCO.

R: Quando seus pais viajavam para o Brasil, como imigrantes vindos da Ucrânia, Clarice Lispector nasceu num navio. Chegou a Maceió com dois meses de idade, com seus pais e duas irmãs. Em 1924 a família mudou-se para o Recife, e Clarice passou a frequentar o grupo escolar João Barbalho. Aos oito anos, perdeu a mãe. Três anos depois, transferiu-se com seu pai e suas irmãs para o Rio de Janeiro.

Em 1939, Clarice Lispector ingressou na faculdade de direito, formando-se em 1943. Trabalhou como redatora para a Agência Nacional e como jornalista no jornal "A Noite". Casou-se em 1943 com o diplomata Maury Gurgel Valente, com quem viveria muitos anos fora do Brasil. O casal teve dois filhos, Pedro e Paulo, este último afilhado do escritor Érico Veríssimo.

Seu primeiro romance foi publicado em 1944, "Perto do Coração Selvagem". No ano seguinte a escritora ganhou o Prêmio Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras. Dois anos depois publicou "O Lustre".

Em 1954 saiu a primeira edição francesa de "Perto do Coração Selvagem", com capa ilustrada por Henri Matisse. Em 1956, Clarice Lispector escreveu o romance "A Maçã no Escuro" e começou a colaborar com a Revista Senhor, publicando contos. 

Separada de seu marido, radicou-se no Rio de Janeiro. Em 1960 publicou seu primeiro livro de contos, "Laços de Família", seguido de "A Legião Estrangeira" e de "A Paixão Segundo G. H.", considerado um marco na literatura brasileira.

Em 1967, Clarice Lispector feriu-se gravemente num incêndio em sua casa, provocado por um cigarro. Sua carreira literária prosseguiu com os contos infantis de "A Mulher que matou os Peixes", "Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres" e "Felicidade Clandestina".

Nos anos 1970 Clarice Lispector ainda publicou "Água Viva", "A Imitação da Rosa", "Via Crucis do Corpo" e "Onde Estivestes de Noite?". Reconhecida pelo público e pela crítica, em 1976 recebeu o prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, pelo conjunto de sua obra.

No ano seguinte publicou "A Hora da Estrela", seu ultimo romance, que foi adaptado para o cinema, em 1985. 

Clarice Lispector morreu de câncer, na véspera de seu aniversário de 57 anos.·.

11) Quais os principais eixos das obras de Clarice?

R: Captação da vivencia interior de seus personagens e da complexidade de seus aspectos psicológicos.

12) João Cabral de Melo Neto BCO

R: Filho de Luís Antônio Cabral de Melo e de Carmen Carneiro Leão Cabral de Melo, João Cabral viveu parte da infânica nos engenhos da família nos municípios de São Lourenço da Mata e de Moreno. Com o regresso da família ao Recife, ingressou no Colégio dos Irmãos Maristas, aos dez anos, onde permanece até concluir o curso secundário. Aos 18 anos, era frequentador do Café Lafayette, ponto de encontro de intelectuais que residiam na capital pernambucana.

Em 1940, a família transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde se estabeleceu definitivamente em fins de 1942. Nesse ano, João Cabral publicou seu primeiro livro de poemas, "Pedra do Sono". No Rio, em 1945, inscreveu-se no concurso para a carreira de diplomata. Ingressando no Itamarati, iniciou uma peregrinação por diversos países. Eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 15 de agosto de 1968, tomou posse de sua cadeira em 6 de maio de 1969.

Em 1984 foi designado para o posto de cônsul-geral na cidade do Porto (Portugal). Em 1987, voltou a residir no Rio de Janeiro. Durante todos esses anos no exterior e no Brasil,

Page 12: Modernismo 2ª fase

desenvolveu a atividade poética, o que lhe valeu ser contemplado com numerosos prêmios, entre os quais o Prêmio José de Anchieta, de poesia, do 4o Centenário de São Paulo (1954); o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras (1955); o Prêmio de Poesia do Instituto Nacional do Livro; e o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, entre outros.

Em 1990, João Cabral de Melo Neto aposentou-se no posto de Embaixador. Da obra poética de João Cabral pode-se mencionar, ao acaso, pela sua variedade, os seguintes títulos: "Pedro do sono", 1942; "O engenheiro", 1945; "O cão sem plumas", 1950; "O rio", 1954; "Quaderna", 1960; "Poemas escolhidos", 1963; "A educação pela pedra", 1966; "Morte e vida severina e outros poemas em voz alta", 1966; "Museu de tudo", 1975; "A escola das facas", 1980; "Agrestes", 1985; "Auto do frade", 1986; "Crime na Calle Relator", 1987; "Sevilla andando", 1989.

13) Na poética, como se divide a obra de João C. M. Neto com relação ao tema?

R: Quando o leitor é confrontado com a poesia de Cabral percebe-se, a princípio, de um certo número de algumas dualidades antitéticas, trabalhadas com um certo barroquismo e à exaustão. Entre espaço e tempo, entre o dentro e o fora, entre o maciço e o não maciço… Entre o masculino e o feminino, entre o Nordeste desértico e a Andaluzia fértil, ou entre a Caatinga desértica e o úmido Pernambuco. É uma poesia que causa algum estranhamento a quem espera uma poesia emotiva, posto que seu trabalho é basicamente cerebral e "sensacionista", buscando uma poesia construtivista e comunicativa, objetiva.

14) “Morte e vida Severina”- autor, personagens e enredo.

R: Morte e Vida Severina é um livro do escritor brasileiro João Cabral de Melo Neto, escrito entre 1954 e 1955 e publicado em 1955.

A obra Morte e Vida Severina se caracteriza por uma narrativa dramática e pelo uso de uma linguagem lírica. Os personagens são apresentados de forma direta, por diálogos e monólogos. A temática está centrada na trajetória de Severino, um retirante nordestino, que abandona o sertão rumo ao litoral em busca de sobrevivência. Severino é um tipo emblemático que representa o sertanejo e a saga de sua gente. Em sua caminhada para a cidade, ele encontra os irmãos das almas, que carregando um cadáver, Severino toma o lugar deles, e a partir daí, ele vai descobrindo que é a morte é uma fonte de trabalho e renda na região. Profissões como, enfermeiros, coveiros, farmacêuticos e benzedeiras, são beneficiadas pela indústria da morte. Ao longo de sua trajetória, ele assiste a enterros e cortejos fúnebres, convivendo sempre com situações ligadas à morte. Chegando ao Recife, o sertanejo ouve a conversa de dois coveiros que falam sobre os retirantes que chegam para morrer na capital. Chocado e ciente de sua miserabilidade, Severino resolve se suicidar, antes, porém, conversa com José, mestre carpina, a respeito da profundidade do rio Capibaribe. Exatamente nesse momento, o mestre carpina recebe a notícia do nascimento de um menino, fato que trás muita alegria a todos. Severino assiste ao contentamento ante a notícia do recém-nascido, a quem os vizinhos, amigos e parentes, vão levar presentes e adorar como a Cristo. O poema termina com o mestre carpina, respondendo a Severino que a vida do nordestino, mesmo frágil, é uma prova da resistência desse povo e de todos os outros severinos do Nordeste do Brasil que lutam pela sobrevivência.

Personagens:

Severino O meu nome é Severino,como não tenho outro de pia.Como há muitos Severinos,que é santo de romaria,deram então de me chamarSeverino de Mariacomo há muitos Severinoscom mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Mariado finado Zacarias. " 

O livro tem foco em apenas um personagem Severino,sendo os outros pessoas que ele conhece durante a sua jornada.Severino, caracterizado o homem do sertão nordestino, é um retirante que segue o leito do rio Capibaribe em direção ao recife.Em sua trajetória, depara-se sempre com a morte, que ele

Page 13: Modernismo 2ª fase

chama severina. Em todos os lugarejos e lugares por onde passa, a morte parece estar sempre presente, confirmando a miséria do homem sertanejo. A dor humana parece aumentar a angústia de Severino, que começa a desejar a morte. Essa perspectiva de suicídio desfaz-se no final, com a resposta da própria vida de que vale a pena viver, mesmo uma vida severina.

Produção Contemporânea

1) O que podemos chamar de produção contemporânea?

R: Produção contemporânea deve ser entendida como as obras e movimentos literários surgidos nas décadas de 60 e 70 e que refletiram um momento histórico caracterizado inicialmente pelo autoritarismo, por uma rígida censura e enraizada autocensura. Seu período mais crítico ocorreu entre os anos de 1968 e 1978, durante a vigência do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Tanto que, logo após a extinção do ato, verificou-se uma progressiva normalização no país.

2) Nas produções contemporâneas, caracterize:

a) poesia=Na poesia, percebe-se a preocupação em manter uma temática social, um texto participante, com a permanência de nomes consagrados como Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e Ferreira Gullar, ao lado de outros poetas que ainda aparavam as arestas em suas produções.

b) romance=No romance, ao lado da última produção de Jorge Amado e Érico Veríssimo, e das obras "lacriminosas” de José Mauro de Vasconcelos ("Meu pé de Laranja-Lima", "Barro Blanco"), de muito sucesso junto ao grande público, tem se mantido o regionalismo de Mário Palmério, Bernardo Élis, Antônio Callado, Josué Montello e José Cândido de Carvalho. Entre os intimistas, destacam-se Osman Lins, Autran Dourado e Lygia Fagundes Telles.

c) crônica= a prosa, as duas décadas citadas assistiram à consagração das narrativas curtas (crônica e conto). O desenvolvimento da crônica está intimamente ligado ao espaço aberto a esse gênero na grande imprensa. Hoje, por exemplo, não há um grande jornal que não inclua em suas páginas crônicas de Rubem Braga, Fernando Sabino, Carlos Heitor Cony, Paulo Mendes Campos, Luís Fernando Veríssimo e Lourenço Diaféria, entre outros. Deve-se fazer uma menção especial a Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), que, com suas bem humoradas e cortantes sátiras político-sociais, escritas na década de 60, tem servido de mestre a muitos cronistas.

d) contos=O conto, por outro lado, analisado no conjunto das produções contemporâneas, situa-se em posição privilegiada tanto em qualidade quanto em quantidade. Entre os contistas mais significativos, destacam-se Moacyr Scliar, Adélia Prado, Ana Maria Machado, Zélia Gattai, Manuel de Barros, Maria Clara Machado, Paulo Coelho, Ziraldo, Samuel Rawet, Rubem Fonseca, Domingos Pellegrini Jr., João Antônio e Dalton Trevisan.

e) Autores principais de cada uma das produções acima.=Poesia: Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e Ferreira Gullar; Romance: Jorge Amado, Érico Veríssimo, José Mauro de Vasconcelos, Mário Palmério, Bernardo Élis, Antônio Callado, Josué Montello, José Cândido de Carvalho, Osman Lins, Autran Dourado e Lygia Fagundes Telles; Crônica: Rubem Braga, Fernando Sabino, Carlos Heitor Cony, Paulo Mendes Campos, Luís Fernando Veríssimo e Lourenço Diaféria, entre outros; Contos: Moacyr Scliar, Adélia Prado, Ana Maria Machado, Zélia Gattai, Manuel de Barros, Maria Clara Machado, Paulo Coelho, Ziraldo, Samuel Rawet, Rubem Fonseca, Domingos Pellegrini Jr., João Antônio e Dalton Trevisan.

3) Acontecimentos, autores e obras.

a) teatro= Em 100 Anos de Teatro Português (Porto, ed. Brasília, 1984, p. 12), Luiz Francisco Rebello considera, ao periodizar a evolução do teatro português contemporâneo, quatro momentos sociopoliticamente distintos, com inevitáveis repercussões sobre a arte cênica contemporânea: um período pré-republicano, entre 1881 e 1910; um período de vigência da república democrática, entre 1910 e 1926; o período de ditadura, entre 1926 e 1974; e, o

Page 14: Modernismo 2ª fase

período pós-revolucionário. Entre o fim de século e o início do século XX, a produção teatral, continuando tendências firmadas desde o naturalismo, faz coexistir a revivescência do drama histórico com as primeiras incursões pelo teatro simbolista e com um drama de costumes que frequentemente ainda se ressente, nas inflexões melodramáticas, da influência do drama romântico, dominando, então, o panorama teatral autores como D. João da Câmara, Marcelino Mesquita, Lopes de Mendonça ou Júlio Dantas. A este período, marcado também por tentativas de renovação do teatro, como a fundação do "Teatro Livre", continuada no projeto do "Teatro Moderno", segue-se, durante a República, um período em que proliferam o drama de costumes, a comédia de situações, o drama rural, o drama psicológico e os dramas históricos, particularmente aplaudidos por uma plateia burguesa. Sob a censura e sofrendo a concorrência do cinema e da rádio, foram raras as companhias que conseguiram granjear certa longevidade, vendo-se frequentemente obrigadas a desistir dos seus projetos por falta de recursos. Entre as iniciativas que marcaram a renovação do teatro português durante o regime salazarista, destaca-se a fundação, por António Pedro, do Teatro Experimental do Porto; a fundação, em 1946, por Luiz Francisco Rebello, Vasco Mendonça Alves e Gino Saviotti, do Teatro Estúdio do Salitre, ou a fundação do Teatro Estúdio de Lisboa por Luzia Maria Martins. Este período é marcado, a nível dos conteúdos teatrais, pela conjugação de uma intenção de crítica social com a influência, desde meados do século, do Teatro do Absurdo e da dramaturgia de Beckett, Brecht ou Ionesco, a que acresceria, na década de 60, a de Jean Genet e de Peter Weiss. Entre os autores que mais se distinguiram, na segunda metade da época contemporânea, pela qualidade e quantidade da sua produção dramática, contam-se, entre outros, os nomes de António Pedro, Jaime Salazar Sampaio, Augusto Sobral, Helder Prista Monteiro, Luis de Sttau Monteiro, Luiz Francisco Rebello e de Bernardo Santareno.

b) cinema= A invenção da fotografia, e, sobretudo a da fotografia animada, foram momentos cruciais para o desenvolvimento não só das artes como da ciência, em particular no campo da antropologia visual.

O cinema é possível, graças à invenção do cinematógrafo pelos Irmãos Lumière no fim do século XIX. Em 28 de dezembro de 1895, no subterrâneo do Grand Café, em Paris, eles realizaram a primeira exibição pública e paga de cinema: uma série de dez filmes, com duração de 40 a 50 segundos cada, já que os rolos de película tinham quinze metros de comprimento. 

Logo depois, nas duas primeiras décadas do século XX, o diretor estadunidense David W. Griffith, um dos pioneiros de Hollywood, realizou filmes que fizeram com que ele fosse considerado pela historiografia cinematográfica o grande responsável pelo desenvolvimento e pela consolidação da linguagem do cinema, como arte independente, apesar das polêmicas ideológicas em que se envolveu. Ele foi o primeiro a criar filmes em que a montagem e os movimentos de câmera eram empregados com maestria e, com isso, estabeleceu os parâmetros do fazer cinematográfico dali em diante. Destaque para "Intolerância", admirado até hoje entre cineastas e cinéfilos.

Como forma de registrar acontecimentos ou de narrar histórias, o Cinema é uma arte que geralmente se denomina a sétima arte, desde a publicação do Manifesto das Sete Artes pelo teórico italiano Ricciotto Canudo em 1911. Dentro do Cinema existem duas grandes correntes: o cinema de ficção e o cinema documental.

Como registro de imagens e som em comunicação, o Cinema também é uma mídia.

Filmes:

Victor Fleming – E o vento levou

Ridley Scott - Blade Runner: O Caçador de Androides

Steven Spielberg - Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros

c) Obras literárias= As manifestações literárias desse período desenvolvem-se a partir de duas linhas-mestras:a) De um lado, a permanência de alguns autores já consagrados como João Cabral e Carlos Drummond de Andrade acompanhada do surgimento de novosartistas como Lygia F. Telles e Dalton Trevisan, ligados às linhas tradicionais da literatura brasileira: regionalismo, intimismo, urbanismo, introspecção psicológica.

Page 15: Modernismo 2ª fase

b) De outro lado, a ruptura com valores tradicionais que se dispersam através de propostas alternativas ou experimentais, buscando novos caminhos ou exprimindo de maneiras pouco convencionais as tensões de um país sufocado pelas forças da repressão. Nessa vertente nascem o concretismo, a poesia Práxis, os romances e contos fantásticos, alegóricos. 

O professor Domício Proença Filho (cit. in. Faraco e Moura, Língua e Literatura, vol. 3 Ed. Ática), defende a ideia de que "nas três últimas décadas, a cultura brasileira tem vivido sob o signo da multiplicidade seja na área política, social ou artística". Para ele, a cultura pós-moderna apresenta as seguintes características:

eliminação entre fronteiras entre a arte erudita e a popular; presença marcante da intertextualidade (diálogo com obras já existentes e presumivelmente conhecidas) mistura de estilos (ecletismo que contenta gostos diversificados) preocupação com o presente, sem projeção ou perspectivas para o futuro. Na dramaturgia, especificamente, surgiu um espectador mais ativo que passou a fazer parte de uma interação entre atores e plateia.Música e cinema sofrendo concorrência e pressão por parte da "moda" imposta pelos países mais desenvolvidos.

A rapidez de sucessão dos modismos, tendo por objetivo o consumo desenfreado;

O lucro passou a reinar na sociedade brasileira.Tratando-se especificamente da Literatura, o Professor Proença aponta as seguintes características dessa arte, neste período:a) Ludismo na criação da obra, desembocando frequentemente na paródia ou pastiche. Ex: as sucessivas imitações do famoso poema de Gonçalves Dias, "Canção do Exílio" ("Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá...").

b) Intertextualidade, característica da qual os textos de Drummond como "A um bruxo com amor" (retomando M. de Assis); "Todo Mundo e Ninguém" (retomandoo auto da Lusitânia, de Gil Vicente) são belos exemplos.

c) Fragmentação textual: "associação de fragmentos de textos colocados em sequencia, sem qualquer relacionamento explícito entre a significação de ambos", como em uma montagem cinematográfica.

4) Qual a característica da tendência poética da década de 50 e 60?

R: Segundo a professora Samira Youssef Campedelli (M Literatura, História e Texto, 3, Saraiva) "a poesia desenvolvida sob a mira da polícia e da política nos anos 70 foi uma manifestação de denuncia e de protesto, uma explosão de literatura geradora de poemas espontâneos, mal-acabados, irônicos, coloquiais, que falam do mundo imediato do próprio poeta, zombam da cultura, escarnecem a própria literatura. 

A profusão de grupos e movimentos poéticos, jogando para o ar padrões estéticos estabelecidos, mostra um poeta cujo perfil pode ser mais ou menos assim delineado ele é jovem, seu campo é a banalidade cotidiana, aparentemente não tem nem grandes paixões nem grandes imagens, faz questão de ser marginal". Experimentalismo, moralidade, ideologia e irreverência são algumas de suas características.

5) Quando foram lançados, autores representantes e características.

a) poesia concreta= O concretismo foi idealizado e realizado pelos irmãos Haroldo e Augusto de Campos e por Décio Pignatari. Em 1952 esse movimento começou a ser divulgado através da revista "Noigrandes” ("antídoto contra o tédio" em linguagem provençal), mas seu lançamento oficial aconteceu em 1956, com a Exposição Nacional da Arte Concreta em São Paulo. Suas propostas aparecem no Plano- Piloto da Poesia Concreta; assinado por seus inventores:

Poesia concreta: produto de uma evolução crítica de formas, dando por encerrado

Page 16: Modernismo 2ª fase

o ciclo histórico do verso (unidade rítmico- formal), a poesia concreta começa por tomar conhecimento do espaço gráfico como agente estrutural, espaço qualificado estrutura espaço- temporal, em vez de desenvolvimento meramente temporístico ¬linear daí a importância da ideia do ideograma, desde o seu sentido geral de sintaxe espacial ou visual, até os seus sentidos específico (fenollosa/pound) de método de compor baseado na justa posição direto-analógica não lógico discursiva - de elementos. (...). Poesia concreta: uma responsabilidade integral perante a linguagem, realismo total, contra uma poesia de expressão, subjetiva e hedonística. Criar problemas exatos e resolvê-los em termos de linguagem sensível uma arte geral da palavra. O poema- produto: objeto útil (grifos nossos).

Vários poemas desse período não apresentam versos; "jogam" com a forma e o fundo, aproveitando o espaço gráfico em sua totalidade, "brincam" com o significado e o significante do signo linguístico, rejeitam a ideia de lirismo e tratam de forma inusitada o tema. O poema é como um quadro, sem ligações com o universo subjetivo; esse "objeto" concreto é passível de manipulação e permite múltiplas leituras (de cima para baixo; da direita para a esquerda, em diagonal, etc.). 

Como se pode perceber, retomam procedimentos que remontam às vanguardas do início do século, tais como Cubismo e Futurismo. Seus recursos são os mais variados: experiências sonoras (aliterações, paronomásias; caracteres tipográficos variados (formas e tamanhos); diagramação; criação de neologismos...). O poeta é um artesão da civilização urbana, sintonizado com o seu tempo. 

b) poesia praxia= Em 1962, Mário Chamie lidera em grupo dissidente, contra o radicalismo dos "mais concretos" e instaura a poesia-práxis. Em sua obra Lavra-lavra faz uma espécie de manifesto: “as palavras não são corpos inertes, imobilizados a partir de quem as profere e as usa... As palavras são corpos- vivos. Não vítimas passivas do contexto.

O autor práxis não escreve sobre temas, ele parte de "áreas” (seja uma fato externo ou emoção), procurando conhecer todos os significados e contradições possíveis e atuantes dessas áreas, através de elementos sensíveis que conferem a elas realidade e existência".A poesia-práxis preocupou-se com a palavra- energia, que gera outras palavras - uma valorização do ato de compor. É o que se vê no poema Agiotagem, de Mário Chamie:

Agiotagemum dois trêso juro: o prazoo pôr/ o cento/ o mês/ o ágio porcentagio.dez cem milo lucro: o dízimoo ágio/ a moral/ a monta em péssimo empréstimo.

Muito nada tudo a quebra: a sobra a monta/ o pé/ o cento/ a quota haja nota agiota.Fragmento do Poema "LAVRADOR" (Mário Chamie) LAVRA: Onde tendes pá, pé e o pó sermão da cria: tal terreiroDOR: Onde tenho a pó, o pé e a pá quinhão da via: tal meu meio de plantar sem água e sombra.LAVRA: Onde está o pó, tendes cãimbra;Poema-código (ou semiótico) e Poema / Processo.Em 1964, Décio Pignatari e Luiz Ângelo Pinto, lançaram a ideia do poema- código ou semiótico, predominantemente visual, incorporando outras linguagens (jornal, propaganda), montando um texto à maneira dadaísta.

Uma outra variante do Concretismo foi uma radicalização ainda maior - o poema - processo -, criação de Wladimir Dias Pino e Alvares de Sá, utilizando, sobretudo signos visuais e dispensando o uso da palavra.

A poética da resistência: A poesia -social

Page 17: Modernismo 2ª fase

Seu principal mentor é o maranhense Ferreira Gullar, que, em 1964, rompe com a poesia concreta e retoma o verso discursivo e temas de interesse social (guerra- fria, corrida atômica, neocapitalismo, terceiro mundismo), buscando maior comunicação com o leitor e servir como testemunha de uma época. Após o golpe militar e a AI-5, empreende uma verdadeira "poesia de resistência". ao lado de outros escritores, artistas e compositores (J.J. Veiga, Thiago de Mello, Affonso Romano de Sant'Ana, Antônio Callado, Gianfrancesco Guarnieri, Chico Buarque, Oduvaldo Viana Filho...).