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PROFESSOR: Karla Faria ALUNO(A): _____________________________________________________________ - Nº.: _____ TURMA: _________ - DATA: _____/_____/_____ ATIVIDADE DE LITERATURA - 3ª SÉRIE - ENSINO MÉDIO =========================================================================== == PROJETO LITERÁRIO VIDAS SECAS, DE GRACILIANO RAMOS 01- O livro Vidas Secas, considerado um dos livros mais emblemáticos da literatura brasileira, foi publicado em 1938. Sua temática relaciona-se com a imagem contemporânea a seguir. a) Explique a relação existente entre a imagem e o livro. R.: _______________________________________________________________________ ___ _______________________________________________________________________ ______ _______________________________________________________________________ ______ Página 1 de 23 16/8/2022 16:56:46 Perla, igual 2016 - questão 24

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PROFESSOR: Karla Faria ALUNO(A): _____________________________________________________________ - Nº.: _____

TURMA: _________ - DATA: _____/_____/_____

ATIVIDADE DE LITERATURA - 3ª SÉRIE - ENSINO MÉDIO =============================================================================

PROJETO LITERÁRIO VIDAS SECAS, DE GRACILIANO RAMOS

01- O livro Vidas Secas, considerado um dos livros mais emblemáticos da literatura brasileira, foi publicado em 1938. Sua temática relaciona-se com a imagem contemporânea a seguir.

a) Explique a relação existente entre a imagem e o livro.

R.: __________________________________________________________________________

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b) A capa da revista apresenta-se de forma apelativa.

Explique a afirmação e relacione a recurso apelativo ao tipo de texto.

R.: __________________________________________________________________________

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Perla, igual 2016 - questão 24

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02- Toda narrativa é constituída na alternância entre sequências descritivas e narrativas. Vidas secas apresenta uma predominância de sequências descritivas.

Explique o efeito de sentido gerado no romance com este tipo de sequência.

R.: __________________________________________________________________________

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03- Relacione a economia verbal e o tema do livro.

R.: __________________________________________________________________________

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04- Identifique a fase na qual o romance Vidas Secas se insere no Modernismo e demonstre uma característica desta fase evidente no livro.

R.: __________________________________________________________________________

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Questões de Vestibulares

05- (FUVEST) Leia o trecho para responder ao teste.

"Fizeram alto. E Fabiano depôs no chão parte da carga, olhou o céu, as mãos em pala na testa. Arrastara-se até ali na incerteza de que aquilo fosse realmente mudança. Retardara-se e repreendera os meninos, que se adiantavam, aconselhara-os a poupar forças. A verdade é que não queria afastar-se da fazenda. A viagem parecia-lhe sem jeito, nem acreditava nela. Preparara-a lentamente, adiara-a, tornara a prepará-la, e só se resolvera a partir quando estava definitivamente perdido. Podia continuar a viver num cemitério? Nada o prendia àquela terra dura, acharia um lugar menos seco para enterrar-se. Era o que Fabiano dizia, pensando em coisas alheias: o chiqueiro e o curral, que precisavam conserto, o cavalo de fábrica, bom companheiro, a égua alazã, as catingueiras, as panelas de losna, as pedras da cozinha, a cama de varas. E os pés dele esmoreciam, as alpercatas calavam-se na escuridão. Seria necessário largar tudo? As alpercatas chiavam de novo no caminho coberto de seixos.

Assinale a alternativa INCORRETA:

(a) O trecho pode ser compreendido como suspensão temporária da dinâmica narrativa, apresentando uma cena "congelada", que permite focalizar a dimensão psicológica da personagem.

(b) Pertencendo ao último capítulo da obra, o trecho faz referência tanto às conquistas recentes de Fabiano, quanto à desilusão do personagem ao perceber que todo seu esforço fora em vão.

(c) A resistência de Fabiano em abandonar a fazenda deve-se à sua incapacidade de articular logicamente o pensamento e, portanto, de perceber a gradual mas inevitável chegada da seca.

(d) A expressão "coisas alheias" reforça a crítica, presente em toda obra, à marginalização social por meio da exclusão econômica.

(e) As referências a "enterro" e "cemitério" radicalizam a caracterização das "vidas secas" do sertão nordestino, uma vez que limitam as perspectivas do sertanejo pobre à luta contra a morte.

06- (FUVEST) Um escritor classificou Vidas secas como "romance desmontável", tendo em vista sua composição descontínua, feita de episódios relativamente independentes e sequências parcialmente truncadas.

Essas características da composição do livro:

(a) constituem um traço de estilo típico dos romances de Graciliano Ramos e do Regionalismo nordestino.

(b) indicam que ele pertence à fase inicial de Graciliano Ramos, quando este ainda seguia os ditames do primeiro momento do Modernismo.

(c) diminuem o seu alcance expressivo, na medida em que dificultam uma visão adequada da realidade sertaneja.

(d) revelam, nele, a influência da prosa seca e lacônica de Euclides da Cunha, em Os sertões.(e) relacionam-se à visão limitada e fragmentária que as próprias personagens têm do mundo.

07- (PUC-SP)

O mulungu do bebedouro cobria-se de arribações. Mau sinal, provavelmente o sertão ia pegar fogo. Vinham em bandos, arranchavam-se nas árvores da beira do rio, descansavam, bebiam e, como em redor não havia comida, seguiam viagem para o Sul. O casal agoniado sonhava desgraças. O sol chupava os poços, e aquelas excomungadas levavam o resto da água, queriam matar o gado. (…) Alguns dias antes estava sossegado, preparando látegos, consertando cercas. De repente, um risco no céu, outros riscos, milhares de riscos juntos, nuvens, o medonho rumor de asas a anunciar destruição. Ele já andava meio desconfiado vendo as fontes minguarem. E olhava com desgosto a brancura das manhãs longas e a vermelhidão sinistra das tardes. (…)

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O trecho da página anterior é de Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos. Dele, é incorreto afirmar-se que:

(a) prenuncia nova seca e relata a luta incessante que os animais e o homem travam na constante defesa da sobrevivência.

(b) marca-se por fatalismo exagerado, em expressão como "o sertão ia pegar fogo", que impede a manifestação poética da linguagem.

(c) atinge um estado de poesia, ao pintar com imagens visuais, em jogo forte de cores, o quadro da penúria da seca.

(d) explora a gradação, como recurso estilístico, para anunciar a passagem das aves a caminho do Sul.

(e) confirma, no deslocamento das aves, a desconfiança iminente da tragédia, indiciada pela "brancura das manhãs longas e a vermelhidão sinistra das tardes".

08- (UFLA) Sobre a obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, todas as alternativas estão corretas, EXCETO:

(a) O romance focaliza uma família de retirantes, que vive numa espécie de mudez introspectiva, em precárias condições físicas e num degradante estado de condição humana.

(b) O relato dos fatos e a análise psicológica dos personagens articulam-se com grande coesão ao longo da obra, colocando o narrador como decifrador dos comportamentos animalescos dos personagens.

(c) O ambiente seco e retorcido da caatinga é como um personagem presente em todos os momentos, agindo de forma contínua sobre os seres vivos.

(d) A narrativa faz-se em capítulos curtos, quase totalmente independentes e sem ligação cronológica e o narrador é incisivo, direto, coerente com a realidade que fixou.

(e) O narrador preocupa-se exclusivamente com a tragédia natural (a seca) e a descrição do espaço não é minuciosa; pelo contrário, revela o espírito de síntese do autor.

09- (UEL) O texto abaixo apresenta uma passagem do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, em que Fabiano é focalizado em um momento de preocupação com sua situação econômica. Escrito em 1938, esta obra insere-se num momento em que a literatura brasileira centrava seus temas em questões de natureza social.

"Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolice, quem é do chão não se trepa. Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto das sortes. Resmungava, rezingava, numa aflição, tentando espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco."

Sobre este trecho do romance, somente está INCORRETO o que se afirma na alternativa:

(A) Este trecho resume a situação de permanente pobreza de Fabiano e revela-se como uma crítica à economia brasileira e às relações de trabalho que vigoravam no sertão nordestino no momento em que a obra foi criada. Isso pode ser confirmado pelas orações: "... Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto das sortes...."

(B) A oração: "Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça" tanto pode ser o discurso do narrador que revela o pensamento de Fabiano, quanto pode ser o próprio pensamento dessa personagem. Esse modo de narrar também ocorre com as demais personagens do romance.

(C) A oração: "... Resmungava, rezingava, numa aflição, tentando espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco" indica a voz do narrador em terceira pessoa, ao mostrar o estado de agonia em que se encontra a personagem.

(D) A expressão "Forjara planos", típica da linguagem culta, é seguida no texto por um provérbio popular: "quem é do chão não se trepa". Essa mudança de registro linguístico é reveladora do método narrativo de Vidas secas, que subordina a voz das classes populares à da elite.

(E) O texto tem início com a esperança de Fabiano de mudanças em sua situação econômica; a seguir, passa a focalizar a realidade de pobreza em que a personagem se encontra, e finaliza com sua revolta e angústia diante da condição de empregado, sempre em dívida com o patrão.

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10- (ACAFE/SC)

A vida na fazenda se tornara difícil. Sinhá Vitória benzia-se tremendo, manejava o rosário, mexia os beiços rezando rezas desesperadas. Encolhido no banco do copiar, Fabiano espiava a catinga amarela, onde as folhas secas se pulverizavam, trituradas pelos redemoinhos, e os garranchos se torciam, negros, torrados. No céu azul, as últimas arribações tinham desaparecido. Pouco a pouco os bichos se finavam, devorados pelo carrapato. E Fabiano resistia, pedindo a Deus um milagre.

De acordo com o fragmento acima, é INCORRETO o que se afirma em: 

(a) Tanto Sinhá Vitória quanto Fabiano tinham fé na providência divina. (b) O enfoque é narrativo.(c) O que se relata ao longo do parágrafo tem o objetivo de confirmar a afirmação da primeira

frase. (d) Há evidências de que Sinhá Vitória e Fabiano estão fragilizados, pois ela "benzia-se

tremendo" e ele estava "encolhido na banco do copiar". (e) O tema predominante é a indagação metafísica sobre a existência (inexistência) de Deus.

11- (ACAFE/SC) 

Baleia queria dormir. Acordaria feliz num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

(Graciliano Ramos) Sobre o texto acima, é CORRETO afirmar que: 

(a) há marcas próprias do chamado discurso direto através do qual são reproduzidas as falas das personagens. 

(b) o narrador é observador, pois conta a história de fora dela, na terceira pessoa, sem participar das ações, como quem observou objetivamente os acontecimentos. 

(c) quem conta a história é uma das personagens, que tem uma relação íntima com as outras personagens, e, por isso, a maneira de contar é fortemente marcada por características subjetivas, emocionais.

(d) evidencia-se um conflito entre a protagonista Baleia e o antagonista Fabiano, pois este impede que a cadela possa caçar os preás. 

(e) o narrador é onisciente, isto é, geralmente ele narra a história na terceira pessoa, sabe tudo sobre o enredo e sobre as personagens, inclusive sobre suas emoções, pensamentos mais íntimos, às vezes, até dimensões inconscientes.

12- (ACAFE/SC) Sobre a obra Vidas secas, é correto afirmar que:

(a) a preocupação com a fidedignidade histórica e com o tom épico atenua o sentimento dramático da vida, habitualmente presente nos poemas do autor.

(b) apresenta temática indianista, a exemplo do que fizera Gonçalves Dias em Os timbiras e Canção do tamoio.

(c) as personagens humanas, em razão da seca, da fome, da miséria e das injustiças sociais, animalizam-se; em contrapartida, os bichos humanizam-se.

(d) Chico Bento, antes da seca, não era vagabundo, nem bandido; era um trabalhador rural. (e) narra a história de um burguês, Paulo Honório, que passara da condição de caixeiro-viajante

e guia de cego à de rico proprietário de uma fazenda. Para atingir seus objetivos, o protagonista elimina todos os empecilhos que se colocam à sua frente, inclusive pessoas.

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13- (UNIARAXÁ) Leia o fragmento abaixo transcrito da obra Vidas Secas e responda a questão a seguir. 

Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se agüentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes, utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopéias. Na verdade falava pouco. Admira as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas.

(Graciliano Ramos) O texto, no seu conjunto, enfatiza: 

(A) A pobreza física do personagem. (B) A falta de escolaridade do personagem.(C) A miséria moral do personagem. (D) A identificação do personagem com o mundo animal.

14- (UNEB/BA) - Universidade do Estado da Bahia.

Trecho 01

Impossível dar cabo daquela praga. Estirou os olhos pela campina, achou-se isolado. Sozinho num mundo coberto de penas, de aves que iam comê-lo. Pensou na mulher e suspirou. Coitada de sinhá Vitória, novamente nos descampados, transportando o baú de folha. Uma pessoa de tanto juízo marchar na terra queimada, esfolar os pés nos seixos, era duro. As arribações matavam o gado. Como tinha sinhá Vitória descoberto aquilo? Difícil. Ele, Fabiano, espremendo os miolos, não diria semelhante frase. Sinhá Vitória fazia contas direito: sentava-se na cozinha, consultava montes de sementes de várias espécies, correspondentes a mil-réis, tostões e vinténs. E acertava. As contas do patrão eram diferentes, arranjadas a tinta e contra o vaqueiro, mas Fabiano sabia que elas estavam erradas e o patrão queria enganá-lo. Enganava. Que remédio? Fabiano, um desgraçado, um cabra, dormia na cadeia e aguentava zinco no lombo. Podia reagir? Não podia. Um cabra. Mas as contas de sinhá Vitória deviam ser exatas.

(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 71. Ed. Rio de Janeiro / São Paulo: Record, 1996. P. 113.) Trecho 02

Encheu, minha Marília, o grande Jovede imersos animais de toda a espécieas terras, mais os ares,o grande espaço dos salobres rios,dos negros, fundos mares.Para sua defesa,a todos deu as armas, que convinha,a sábia Natureza.

Ao homem deu as armas do discurso,que valem muito mais que as outras armas;deu-lhe dedos ligeiros,que podem converter em seu serviçoos ferros e os madeiros;que tecem fortes laçose forjam raios, com que aos brutos cortamos vôos, mais os passos.

Às tímidas donzelas pertenceramoutras armas, que têm dobrada força:deu-lhes a Natureza,além do entendimento, além dos braços,

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as armas da beleza.Só ela ao céu se atreve,só ela mudar pode o gelo em fogo,mudar o fogo em neve.

  GONZAGA. Tomás Antônio. Marília de Dirceu. São Paulo: Círculo do Livro, s/d. p. 62-3.

A mulher é apresentada:

(A) nos dois textos, equiparada ao homem, já que os dois seres possuem os mesmos atributos;(B) em ambos os textos, com qualidades que a tornam um agente de transformação da realidade

concreta;(C) no texto 1 como um ser predestinado ao sofrimento e, no 2, ao prazer;(D) no texto 1 como corajosa, capaz de enfrentar os obstáculos da vida e, no 2, beneficiada pela

natureza, no entanto acomodada;(E) no texto 1 como perspicaz, dotada de uma sabedoria construída na relação com as coisas

práticas do cotidiano e, no 2 como um ser cujo atributo maior é a formosura.

15- (UFMT) Universidade Federal de Mato Grosso

Trecho 1Contas

Fabiano recebia na partilha a quarta parte dos bezerros e a terça dos cabritos. Mas como não tinha roça e apenas se limitava a semear na vazante uns punhados de feijão e milho, comia da feira, desfazia-se dos animais, não chegava a ferrar um bezerro ou assinar a orelha de um cabrito.

Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolice, quem é do chão não se trepa. Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto das sortes. Resmungava, rezingava, numa aflição tentando espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco. Transigindo com outro, não seria roubado tão descaradamente. Mas receava ser expulso da fazenda. E rendia-se. Aceitava o cobre e ouvia conselhos. Era bom pensar no futuro, criar prejuízo. Ficava de boca aberta, vermelho, o pescoço inchado. De repente estourava.

— Conversa. Dinheiro anda num cavalo e ninguém pode viver sem comer. Quem é do chão não se trepa.

Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de Fabiano. E quando não tinha mais nada para vender, o sertanejo endividava-se. ao chegar a partilha, estava encalacrado, e na hora das contas davam-lhe uma ninharia. [...]

Trecho 2 não seria, já que tem o trecho 1?? SIMMMM! ObrigadaFuga

A vida na fazenda se tornara difícil. Sinhá Vitória benzia-se tremendo, manejava o rosário, mexia os beiços rezando rezas desesperadas. Encolhido no banco do copiar, Fabiano espiava a caatinga amarela, onde as folhas secas se pulverizavam, trituradas pelos redemoinhos, e os garranchos se torciam negros, torrados. No céu azul as últimas arribações tinham desaparecido. Pouco a pouco os bichos se finavam devorados pelo carrapato. Fabiano resistira, pedindo a Deus um milagre.

Mas quando a fazenda se despovoou, viu que tudo estava perdido, combinou a viagem com a mulher, matou o bezerro morrinhento que possuíam, salgou a carne, largou-se com a família, sem se despedir do amo. Não poderia nunca liquidar aquela dívida exagerada. Só lhe restava jogar-se ao mundo, como negro fugido.

Ramos, Graciliano. Vidas secas. São Paulo: Record, 1994. p. 92 e 116.

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A respeito do processo de narração de Vidas secas, concretizado nos trechos dados, pode-se afirmar que o narrador:

(a) privilegia o uso do pretérito perfeito, indicando o caráter singular das ações relatadas;(b) entrelaça sua voz à das personagens, mediante o recurso do discurso indireto livre;(c) mostra-se indiferente frente ao destino das personagens, não se manifestando sobre suas

dificuldades;(d) desconhece as forças que oprimem as personagens, evitando identificá-las;(e) assume os múltiplos pontos de vista de todos os participantes de uma cena.

16- Vidas secas organiza-se em treze capítulos ou partes. A primeira e a última relatam, respectivamente, a chegada à velha fazenda e a saída de lá. Essa construção, segundo Antonio Candido, forma um anel de ferro, em cujo círculo sem saída se fecha a vida esmagada da pobre família de retirantes – agregados – retirante.

Considerando a análise de Antonio Candido e a leitura dos trechos acima, que ideia não se justifica pela construção da obra?

(A) Nomadismo como saída para a sobrevivência. (B) A vida desenvolvida em ciclos que se repetem.(C) Previsão de destino assemelhado para proprietário e agregado.(D) Instabilidade como única certeza. (E) Tragicidade como marca do destino dos migrantes.

17- (UNIFOR) - Universidade de Fortaleza

Trecho 1

Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.

 No trecho acima, de Vidas secas, o escritor Graciliano Ramos, valendo-se de um narrador em:

(A) terceira pessoa, descreve uma cena marcada pela estaticidade, numa linguagem influenciada pela prosa experimental de Oswald de Andrade;

(B) primeira pessoa, documenta o exílio de uma família de perseguidos, num estilo que lembra Macunaíma, de Mário de Andrade;

(C) terceira pessoa, acompanha a fuga de uma família de retirantes, numa linguagem inspirada pelo regionalismo romântico;

(D) primeira pessoa, documenta a retirada de uma família nordestina, num estilo que influenciará diretamente a linguagem de Clarice Lispector;

(E) terceira pessoa, acompanha o deslocamento de uma família de retirantes, no estilo objetivo que marca o realismo pós-modernista.

18- (UFBA) - Universidade Federal da Bahia.

Ora, daquela vez, como das outras, Fabiano ajustou o gado, arrependeu-se, enfim deixou a transação meio apalavrada e foi consultar a mulher. Sinhá Vitória mandou os meninos para o barreiro, sentou-se na cozinha, concentrou-se, distribuiu no chão sementes de várias espécies, realizou somas e diminuições. No dia seguinte Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio notou que as operações de sinhá Vitória, como de costume, diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a diferença era proveniente de juros.

Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!Página 8 de 14 8/5/2023 01:47:42

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O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.

Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito palavra à-toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha, conhecia o seu lugar. Um cabra.

Com base no contexto da obra, pode-se afirmar que há correspondência entre o trecho transcrito e a afirmativa destacada ao lado nas proposições.

(01) "deixou a transação meio apalavrada e foi consultar a mulher." — Fabiano, na condição de herói, serve-se de sinhá Vitória para projetar-se como figura masculina.

(02) "Sinhá Vitória mandou os meninos para o barreiro"— Atitude reveladora de uma educação protetora, que considera a criança como um sujeito portador de desejos e necessidades que devem ser respeitados.

(04) "sentou-se na cozinha, concentrou-se, distribuiu no chão sementes de várias espécies, realizou somas e diminuições", e "mas a mulher tinha miolo." — Afirmações que revelam uma posição de superioridade da mulher, do ponto de vista da habilidade e do conhecimento.

(08) "Com certeza havia um erro no papel do branco." — O termo "branco" conota posição social. 

(16) "Fabiano perdeu os estribos." e "Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou." — Fabiano reage contra a exploração social e recua em nome da sobrevivência.

(32) "Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!" e "O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda," — Uma mesma realidade é vista pelo dominado e pelo dominador sob uma perspectiva semelhante.

(64) "Um cabra." — Exemplifica um regionalismo de linguagem em que a personagem revela consciência de estratificação social.

Total: ____________________

16- (UFRRJ) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Escrito por Graciliano Ramos em 1938, "Vidas secas" é uma obra-prima do modernismo e mesmo de toda a literatura brasileira. Trata-se de narrativa pungente, onde o drama do nordestino, tangido de seu lar pela inclemência da seca, é contado de forma árida, seca e bastante realista, numa sintonia bastante eficaz entre forma e conteúdo.

O texto a seguir é um excerto de "Vidas secas": "Olhou a catinga amarela, que o poente avermelhava. Se a seca chegasse, não ficaria planta

verde. Arrepiou-se. Chegaria, naturalmente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera. E antes de se entender, antes de nascer, sucedera o mesmo – anos bons misturados com anos ruins. A desgraça estava em caminho, talvez andasse perto. Nem valia a pena trabalhar. Ele marchando para casa, trepando a ladeira, espalhando seixos com as alpercatas – ela se avizinhando a galope, com vontade de matá-lo."

(RAMOS, Graciliano. Vidas secas. São Paulo: Martins. s.d. 28. ed., p. 59.)  

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Assinale a afirmativa que indica uma característica do Modernismo e do estilo do autor, tomando por base a leitura do texto Vidas secas.

(a) Há um extremo apuro formal, onde se destacam as metáforas, sobretudo as hipérboles, em absoluta consonância com a prolixidade do texto.

(b) O estilo direto do texto está sintonizado com a narrativa, que descreve uma cena de grande movimentação e presença de personagens.

(c) O texto é seco e direto, confrontando um cenário de exuberância natural com um personagem tímido, reservado e de poucas ambições.

(d) O texto é direto, econômico, interessa mais a angústia interior dos personagens do que seus próprios atos.

(e) A fatalidade da situação é explorada ao limite máximo, com a natureza pactuando com as angústias do personagem, mas, ao final, subjugando-se.

20- (UNIRIO/ENCE) - Universidade do Rio de Janeiro

ContasFabiano recebia na partilha a quarta parte dos bezerros e a terça dos cabritos. Mas como

não tinha roça e apenas se limitava a semear na vazante uns punhados de feijão e milho, comia da feira, desfazia-se dos animais, não chegava a ferrar um bezerro ou assinar a orelha de um cabrito.

Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça. Forjara planos. Tolices, quem é do chão não se trepa. Consumidos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à gaveta do amo, cedia por preço baixo o produto das sortes. Resmungava, rezingava, numa aflição, tentando espichar os recursos minguados, engasgava-se, engolia em seco. Transigindo com outro, não seria roubado tão descaradamente. Mas receava ser expulso da fazenda. E rendia-se. Aceitava o cobre e ouvia conselhos. Era bom pensar no futuro, criar juízo. Ficava de boca aberta, vermelho, o pescoço inchado. De repente, estourava:

— Conversa. Dinheiro anda num cavalo e ninguém pode viver sem comer. Quem é do chão não se trepa.

Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de Fabiano. E quando não tinha mais nada para vender, o sertanejo endividava-se. Ao chegar a partilha, estava encalacrado, e na hora das contas davam-lhe uma ninharia.

Ora, daquela vez, como das outras, Fabiano ajustou o gado, arrependeu-se, enfim deixou a transação meio apalavrada e foi consultar a mulher. Sinhá Vitória mandou os meninos para o barreiro, sentou-se na cozinha, concentrou-se, distribuiu no chão sementes de várias espécies, realizou somas e diminuições. No dia seguinte Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio notou que as operações de Sinhá Vitória, como de costume, deferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a diferença era proveniente de juros.

Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!

O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.

Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito palavra à toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha, conhecia o seu lugar. Um cabra. Ia lá puxar questão com gente rica? Bruto, sim, senhor, mas sabia respeitar os homens. Devia ser ignorância da mulher, provavelmente devia ser ignorância da mulher. Até estranhara as contas dela. Enfim, como não sabia ler (um bruto, sim senhor), acreditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava não cair noutra.

O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo o tijolo. Na porta, virando-se, enganchou as rosetas das esporas, afastou-se tropeçando, os sapatões de couro cru batendo no chão como cascos.

(...) (RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 11. ed. São Paulo: L. Martins, 1964. 159 p.)

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Do ponto de vista formal, o texto apresenta uma linguagem sintética, enxuta. Entretanto, este texto contém repetição de palavras e expressões que caracterizam, especialmente, os momentos de reflexão de Fabiano, como se fosse um coro.

O trecho que exemplifica esta afirmação é:

(A) "... quem é do chão não se trepa." (B) "... era bruto, ..." (C) "... havia um erro." (D) "Bem, bem." (E) "... ser ignorância da mulher."

21- (ENEM/2007)

Trecho 1

Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. (...) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo.

Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 23ª ed., 1969, p. 75.

Texto 2 ou Trecho?? É texto mesmo

Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente complexos. O que Vidas Secas faz é, com pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes.

Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. São Paulo: USP, n.° 2, 2001, p. 254.

A partir do trecho de Vidas Secas (trecho 1) e das informações do texto 2, relativas às concepções artísticas do romance social de 1930, avalie as seguintes afirmativas.

I. O pobre, antes tratado de forma exótica e folclórica pelo regionalismo pitoresco, transforma-se em protagonista privilegiado do romance social de 30.

II. A incorporação do pobre e de outros marginalizados indica a tendência da ficção brasileira da década de 30 de tentar superar a grande distância entre o intelectual e as camadas populares.

III. Graciliano Ramos e os demais autores da década de 30 conseguiram, com suas obras, modificar a posição social do sertanejo na realidade nacional.

É correto apenas o que se afirma em:

(A) I.(B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III.

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22- No texto 2, verifica-se que o autor utiliza:

(A) linguagem predominantemente formal, para problematizar, na composição de Vidas Secas, a relação entre o escritor e o personagem popular.

(B) linguagem inovadora, visto que, sem abandonar a linguagem formal, dirige-se diretamente ao leitor.

(C) linguagem coloquial, para narrar coerentemente uma história que apresenta o roceiro pobre de forma pitoresca.

(D) linguagem formal com recursos retóricos próprios do texto literário em prosa, para analisar determinado momento da literatura brasileira.

(E) linguagem regionalista, para transmitir informações sobre literatura, valendo-se de coloquialismo, para facilitar o entendimento do texto.

22- No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o salário. Eis parte da cena:

Não se conformou: devia haver engano. (...) Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria? O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda. Ai Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não.

Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.

No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo no vocabulário. Pertence a variedade do padrão formal da linguagem o seguinte trecho:

(A) "Não se conformou: devia haver engano" (1). (B) "e Fabiano perdeu os estribos" (1-2). (C) "Passar a vida inteira assim no toco" (2). (D) "entregando o que era dele de mão beijada!" (2).(E) "Ai Fabiano baixou a pancada e amunhecou" (4).

23- Considere as seguintes comparações entre Vidas secas e Iracema:

I. Em ambos os livros, a parte final remete o leitor ao início da narrativa: em Vidas secas, essa recondução marca o retorno de um fenômeno cíclico; em Iracema, a remissão ao início confirma que a história fora contada em retrospectiva, reportando-se a uma época anterior à da abertura da narrativa.

II. A necessidade de migrar é tema de que Vidas secas trata abertamente. O mesmo tema, entretanto, já era sugerido no capítulo final de Iracema, quando, referindo-se à condição de migrante de Moacir, "o primeiro cearense", o narrador pergunta: "Havia aí a predestinação de uma raça?"

III. As duas narrativas elaboram suas tramas ficcionais a partir de indivíduos reais, cuja existência histórica, e não meramente ficcional, é documentada: é o caso de Martim e Moacir, em Iracema, e de Fabiano e sinhá Vitória, em Vidas secas.

Está correto o que se afirma em:

(A) I, somente.(B) II, somente.(C) I e II, somente.(D) II e III, somente.(E) I, II e III.

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24- O excerto abaixo, de Vidas Secas, trata da personagem sinha Vitória: Calçada naquilo, trôpega, mexia-se como um papagaio, era ridícula. Sinha Vitória ofendera-se

gravemente com a comparação, e se não fosse o respeito que Fabiano lhe inspirava, teria despropositado. Efetivamente os sapatos apertavam-lhe os dedos, faziam-lhe calos. Equilibrava-se mal, tropeçava, manquejava, trepada nos saltos de meio palmo. Devia ser ridícula, mas a opinião de Fabiano entristecera-a muito. Desfeitas essas nuvens, curtidos os dissabores, a cama de novo lhe aparecera no horizonte acanhado. Agora pensava nela de mau humor. Julgava-a inatingível e misturava-a às obrigações da casa. (...) Um mormaço levantava-se da terra queimada. Estremeceu lembrando-se da seca (...). Diligenciou afastar a recordação, temendo que ela virasse realidade. (...) Agachou-se, atiçou o fogo, apanhou uma brasa com a colher, acendeu o cachimbo, pôs-se a chupar o canudo de taquari cheio de sarro. Jogou longe uma cusparada, que passou por cima da janela e foi cair no terreiro. Preparou-se para cuspir novamente. Por uma extravagante associação, relacionou esse ato com a lembrança da cama. Se o cuspo alcançasse o terreiro, a cama seria comprada antes do fim do ano. Encheu a boca de saliva, inclinou-se – e não conseguiu o que esperava. Fez várias tentativas, inutilmente. (...) Olhou de novo os pés espalmados. Efetivamente não se acostumava a calçar sapatos, mas o remoque de Fabiano molestara-a. Pés de papagaio. Isso mesmo, sem dúvida, matuto anda assim. Para que fazer vergonha à gente? Arreliava-se com a comparação. Pobre do papagaio. Viajara com ela, na gaiola que balançava em cima do baú de folha. Gaguejava: - "Meu louro." Era o que sabia dizer. Fora isso, aboiava arremedando Fabiano e latia como Baleia. Coitado. Sinha Vitória nem queria lembrar-se daquilo.

(Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2007, p.41-43.)

a) Por que a comparação feita por Fabiano incomoda tanto sinha Vitória? Que lembrança evoca?

R.: __________________________________________________________________________

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b) Tendo em vista a condição e a trajetória de sinhá Vitória, justifique a ironia contida no nome da personagem.

Que outra personagem referida no excerto acima também revela uma ironia no nome?

R.: __________________________________________________________________________

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Indicação de vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=1rvx62MtcKM#t=15Sobre Vidas secas, aos 10 min.

G A B A R I T O1a) Mesmo depois de tantos anos, a miséria e o descaso das políticas públicas com a população é grande. Assim como Fabiano e sua família, outros homens e mulheres vivem a mesma situação de seca e miséria em pleno século XXI.

1b) A função apelativa tem por objetivo apelar ao sensível do leitor, para persuadir sua leitura. A foto apela para a emoção do leitor, sensibiliza.

2) As sequências descritivas desaceleram a narrativa. A descrição é fundamental para que se faça um perfil do personagem e do local. Em Vidas Secas, especialmente, o predomínio desta sequência desacelera muito a narrativa, trazendo uma lentidão tanto na narrativa como também na vida dos personagem que se arrastam pelo sertão, vagando, em busca de uma melhor condição de vida.

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3) Assim como o ambiente seco, a linguagem dos personagens também é seca. Graciliano concretiza o tema da seca até mesmo na comunicação dos personagens.

4) 2ª fase. O romance demonstra a realidade do sertão, retratando a vida do povo que está a margem da sociedade. O regionalismo nordestino é uma forma de redescobrir o Brasil que até então se desconhecia.

Questões de vestibulares5C 6E 7B 8E 9D 10E 11E 12C 13D 14E 15B 16C 17E 18-92 19D 20B 21D 22A22A 23 C

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