modelo de lugares centrais e a avaliacao da sua aplicabilidade no contexto de mocambique

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Disciplina: Dinâmica dos Processos Espaciais Estudantes: Calisto da Paz Lor Mussagy Carlos Mujovo Berlmiro Soares Germias Raso Dionisio Mugabe

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Disciplina: Dinâmica dos Processos Espaciais

Estudantes: Calisto da Paz Lor Mussagy

Carlos Mujovo Berlmiro Soares

Germias Raso Dionisio Mugabe

Introdução

Os lugares centrais sugeridos pelo Walter Christaller,

surgem no contexto das teorias de localização

baseando-se em princípios que determinam a

distribuição e priorização dos espaços urbanos e o

dinamismo, em função da própria distribuição da

população e da oferta de bens e serviços à mesma.

Conti.

Interessa a este trabalho fazer uma análise da

hierarquização das cidades, a qual varia em função do

tipo de serviço oferecido e do grau de importância

económica das mesmas, tendo em conta a

concentração da população, influenciada pela existência

de alguns serviços e de actividades económicas,

(Comércio e Indústria).

Objectivos

Geral

Analisar a teoria do modelo de Lugares Centrais de

Walter Christaller.

Específicos

Apresentar o historial da teoria de lugares centrais;

Explicar o modelo de localização de lugares centrais;

Avaliar a aplicabilidade do modelo na realidade

Moçambicana.

Metodologia

No acto da realização do trabalho usou-se a metodologia de

pesquisa Bibliográfica de obras e artigos através da internet, que

abordam a teoria de localização sobre lugares centrais.

O trabalho compreendeu várias etapas dentre elas: leituras,

análise e interpretação de modelo, bem como a sua aplicabilidade

no contexto Moçambicano.

Durante o processo de leitura e análise de obras que abordam a

teoria de localização de Lugares Centrais, fez-se uma selecção de

conteúdo necessário para a compilação do trabalho.

Enquadramento Teórico

Conurbação pode ser entendida como a fusão de duas ou

mais áreas urbanas em uma única, fisicamente interligadas de

forma contínua, e em que os limites entre as cidades não são

bem definidos, e não estão inteligíveis para os habitantes e

usuários do espaço, (BENTES, 2008).

De acordo com Harvey (1972), apud CORRÊA, (1997) citado

pelo Ribeiro, cidade pode ser considerada como a expressão

concreta de processos sociais na forma de um ambiente físico

construído sobre o espaço geográfico

Cont.

A Vila seria um aglomerado populacional de tamanho intermédio entre

a aldeia e a cidade, dotado de uma economia em que o sector terciário

(comércio e serviços) tem uma importância relevante.

Espaço é um território no qual grupos com representações diferentes

actuam para fazer valer as suas práticas sociais e espaciais, (ARAÚJO, 2006)

Lugar Central é um lugar de oferta de bens e serviços, podendo ser

pequeno ou grande. Lugares centrais seriam aqueles mais elevados

hierarquicamente, justamente por disporem de maior dotação de bens e

serviços de mais alta especificidade, (UNIMOTES, S/D APUD SILVA, 2011)

Cont.

Espaço Urbano é o conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre si. Tais

usos definem áreas, como: o centro da cidade, local de concentração de

actividades comerciais, de serviço e de gestão; áreas industriais e residenciais,

distintas em termos de forma e conteúdo social; áreas de lazer; e, entre outras,

aquelas de reserva para futura expansão, (CORRÊA, 1995).

Espaço Rural, segundo Araújo (1997), várias podem ser as definições de Rural,

mas a maior parte das vezes, considera-se como Rural tudo aquilo que não se

encaixa dentro dos critérios adoptados para definir Urbano, isto é Rural define se

pela negativa.

Historial de Walter Christaller fundador da Teoria de Lugares Centrais

Nascido em 1893 próximo do rio Reno, Walter Christaller, é um

Geógrafo Alemão fundador da teoria de Lugares Centrais

desenvolvida em sua tese de Doutoramento em 1932 e publicada

em 1933 intitulada ‘’Os Lugares centrais no sul de Alemanha’’.

Christaller, participou na organização territorial da Polónia e

contribuiu para a organização e liquidação de várias regiões

seguindo as suas directrizes sobre lugares centrais, (BRAGA, 1999)

Teoria de Localização: Lugares Centrais

Esta teoria, tenta explicar, a partir de certos princípios gerais a distribuição e

priorização dos espaços urbanos, oferecendo determinados serviços à

população de uma área em torno de uma circular ou, para pontos onde alguns

serviços são prestados, (MANCERA, S/d).

Tenta mostrar que a distribuição da população pode afectar o desenvolvimento

das localidades centrais pois, as áreas de população dispersa, o

desenvolvimento das localidades centrais é menor do que onde a população

está concentrada, (ALVES, 2011).

Christaller propôs a centralidade como um princípio de ordem espacial. ‘’A

centralização é um princípio de ordem natural e que os assentamentos humanos

segue-o’’. A teoria também sugere que existem leis que determinam o número,

tamanho e distribuição das cidades, (MANCERA, S/d).

Com enfoque populacional de um planeamento das cidades, a teoria de

centralidade destaca alguns elementos importantes para a questão do espaço

Rural e Urbano, como a divisão de espaço em sector de influência das

actividades económicas da cidade, suprindo as actividades agrícolas, (ALVES,

2011).

A teoria mostra uma organização espacial da população de acordo com a

importância e dinamismo das actividades económicas principalmente da

Indústria e comércio. A proximidade dos centros industrias faz com que a

distribuição da população, se dê em torno desses pólos aglutinadores ou seja

uma polarização ou redes desses centros urbanos, (ALVES, 2011).

O espaço urbano é bem definido no modelo teórico de Christaller, no qual é

representada na hierarquia urbana (vila, centro, cidade e conurbação) onde há uma

concentração e densidade populacional e presença de actividades comerciais e

industriais, enquanto o espaço rural é definido como um lugar pouco habitado e com

actividades pouco dinâmicas, dispersas e com baixa polarização, (ALVES, 2011).

Para o centro compreende a reunificação, em um lugar de empresas com áreas de

mercado comparáveis. A população tende a concentrar-se perto dos lugares centrais

onde os serviços são mais barato, e assim começar a criar as cidades, (MANCERA,

S/d). O Ponto fundamental, da teoria dos lugares centrais na análise da relação entre

o espaço Rural e Urbano, está na elaboração de um modelo que posiciona a cidade

como um local central para o controlo de toda relação com o campo, sendo

subordinadas as decisões socioeconómicas, oriundas do espaço Urbano. O campo é

apenas um reflexo das decisões da cidade, (ALVES, 2011).

Pressupostos de Walter Christaller

De acordo com LOPES, (1987) citado por DERREUAU, (1977) a

construção da teoria dos lugares centrais está ligada a um conjunto

de pressupostos:

A população distribui-se num espaço de forma homogénea;

A oferta encontra-se espacialmente concentrada num sistema de

lugares centrais;

A procura de bens e serviços oferecidos nesses lugares é assegurada

pela população que nele vive e pela complementar;

A ordem dos bens e serviços oferecidos no centro, está associada á

própria ordem de importância do local central;

.

Um centro que desempenha funções de ordem superior

também desempenha as de ordem inferior;

Bens e serviços são obtidos no lugar central mais próximo de

forma a minimizar a distância percorrida (custos de transporte);

Todos os consumidores têm a mesma renda e demanda similar

pelos bens e serviços;

Os bens e serviços são de ordens de importância variável, os

mais raramente procurados são os de ordem mais elevada;

Modelo de Lugares Centrais

A partir dos pressupostos, é possível admitir que a melhor

localização seria encontrada no centro geométrico de determinada

zona, (DERRUAU, 1977).

Desta forma, a cada centro corresponderia a um círculo, cujo raio de

influência seria determinado pela ponderação entre a força de

vontade do consumidor de frequentar esse centro e o seu esforço

de deslocação, medido pela distância ou custo de transporte.

.

Quando o esforço associado a deslocação igual a força da vontade

do consumidor, está encontrado o limite do círculo, (DERRUAU,

1977).

Com o aparecimento de novos centros inicia-se um processo de

sobreposição parcial dos círculos que dará a origem de zonas de

configuração hexagonal, pois os consumidores escolherão

certamente o centro que minimize o seu esforço de deslocação,

(DERRUAU, 1977).

Fig: 1 Modelo de Localização: Lugares Centrais de Walter Christaller

Legenda

Fronteiras

Centro

Conurbação

Fonte: ALVES & MAIA, 2009 Vila

Cidade

Hierarquização de Lugares centrais de Christaller

1. No primeiro nível, (inferior) estão os lugares centrais que oferecem serviços básicos:

alimentação, bares, quiosques.

2. No segundo nível, são o primeiro nível de serviços mais caros: vestuário e calçados, de

hardware e de construção, livrarias, presentes.

3. No terceiro nível estão os serviços acima referidos, além de outras mais especializadas

relacionadas com a administração: prefeitura, escolas, bibliotecas, centros de saúde.

4. No quarto nível são os serviços dos níveis anteriores de serviços mais especializados. Aparecem

as empresas que servem os bens aos níveis anteriores sobre os serviços mais especializados.

Aparecem e os bens a níveis mais baixos, a sede dos bancos da zona, hospitais.

5. Em quinto lugar estão os serviços dos níveis mais baixos e também o negócio de tomada de

decisão das instituições e da administração política: autogoverno.

6. Em sexto lugar estão as empresas de serviços que fornecem serviços para regiões remotas, por

vezes, além do espaço que está sendo analisado.

7. Em sétimo lugar, é a administração central do Estado.

Cont.

Esta classificação é dada em países desenvolvidos, como eles

são bem organizados e distribuídos por seus respectivos

territórios, enquanto que nos países subdesenvolvidos essa

hierarquia é quebrada em favor de um centro lotado. Existe

uma regra que relaciona a população ao nível do lugar central

que merece. O nível mais elevado deve ter uma quantidade

maior de pessoas, o lado mais pequeno tem uma população

de meio e na sequência de um terceiro e assim por diante,

(MANCERA, S/d).

A heterogeneidade dos bens, produtos ou serviços, fornecidos

pelas funções centrais permite a construção de uma hierarquia

da sua ordem de importância, de acordo com a frequência com

que são adquiridos, estando no topo da hierarquia os bens que

são mais raramente procurados, ou seja, os bens mais

especializados. Assim, uma função será tão mais central

quanto mais especializada, (INE.PT, 2002).

Baseando-se nos princípios gerais da distribuição e priorização dos espaços

urbanos, oferecendo determinados serviços à população de uma área, para

pontos onde alguns serviços são prestados e o conceito de conurbação que é a

juncão das cidades pelo crescimento horizontal das mesmas criando uma ligação

entre as duas, defendidas pela teoria de lugares centrais, o grupo estabeleceu

uma escala de 1 a 4 para classificar as funções de acordo com a limitação de

acesso e o princípio de especialidade que significa serviço raramente

procurado. Estabeleceu também as seguintes categorias das funções: MA (Muito

Especializada), E (Especializado), ME (Moderadamente Especializado) e PE

(Pouco Especializado) com base no princípio do tipo de serviço, grau de

importância e o nível de procura (raramente).

Tabela 1. Categorização das funções

Categoria de Função Tipo e Número de funções Área da Função

Muito especializada(MA) 1(universidade) Educação

Especializada (E) 1(ensino Técnico) Educação

1(Hospital central) Saúde

1(Formal) Comércio

Moderadamente Especializada (ME 1(Ensino secundário) Educação

1( Hospital Geral) Saúde

Pouco Especializada (PE) 1(Ensino Primário) Educação

2(Centro e Posto de saúde) Saúde

1(Informal) Comércio

Tabela 2. Hierarquizaçãodo espaço Urbano e Rural

Hierarquia das

cidades/vilas

Cidade/Vila Educação Saúde Comércio

1ͣ Cidade de Maputo MA,E, ME,PE E,ME,PE E,PE

2ͣ Cidade de Matola E,ME,PE PE E,PE

3ͣ Boane E,ME,PE PE PE

4ͣ Marracuene ME,PE PE PE

Assim torna se mais importante a cidade de Maputo pois, oferece os serviços de ensino

superior, de saúde considerados pelo grupo mais especializados (devido a hospital central e

Gerais, Universidade etc ) e o comércio informal, classificando-a como cidade e Lugar central.

Sendo Matola, também uma cidade que juntamente da cidade Maputo ou lugar central

concorrem para criação de uma conurbação, esta que e resultado da expansão espacial das

cidades de Matola e Maputo, por outro lado as vilas de Marracuene e Boane são centros de

nível inferior.

Fig: 1 Representação da aplicabilidade da teoria de Lugares Centrais no contexto

Moçambicano .

Boane (Vila)

Matola (Cidade)

C. Maputo (Cidade)

Marracuene (vila)

Conurbação

Área/raio de influência do Centro

Críticas a teoria de Lugares Centrais de Walter Christaller

A teoria dos lugares centrais tem o mérito essencial de conceber a localização de

empresa como expressão da função objectiva dos agentes, mas falha em rigor,

pois, assume implícita ou explicitamente, numerosas hipóteses simplificadoras

sobre a natureza e o funcionamento dos mercados e comportamentos dos agentes

económicos e retiram o realismo, (BEGUIN 1988:243 citado por DERRUAU, 1977).

Na acessibilidade aos pontos de venda medida em distância física ou tempo não

considera o grau de obstrução da via de acesso a loja, a facilidade de

estacionamento, a segurança e o conforto do trajecto ou a oferta de transportes

públicos: pelo que se torna difícil aceitar o desenho das áreas do mercado baseado

no conceito distância, (BEGUIN 1988:243 citado por, DERRUAU, 1977).

Os pontos de venda não são homogéneos uma vez que a actividade

comercial para ser competitiva, tem que procurar a diferenciação,

sendo de esperar que os retalhistas apresentem propostas

comerciais originais. O custo de deslocamento nem sempre é um

critério exclusivo na escolha de ponto de venda, pois

frequentemente interfere na decisão outros factores subjectivos

como a sensibilidade ás mensagens publicitárias e a procura de

novas experiências de compra. As pessoas nem sempre vão ao lugar

central como áreas mais próximas para acesso aos serviços,

(UNIMONTES, 2012).

Conclusão

Com a realização do trabalho, sobre teoria de lugares centrais de Walter Christaller, pode se

concluir que a teoria explana um modelo de rede espacial, enfatizando o espaço urbano, seu

dinamismo e a respectiva hierarquização.

Walter Chistaller, no seu modelo de centralidade procura demostrar que a distribuição da

população, tanto para a área de povoamento disperso como para área densamente

povoada, poderiam afectar o desenvolvimento das localidades.

No entanto, com enfoque populacional, a teoria faz uma hierarquização das cidades de

acordo com a sua importância dinamismo das actividades económicas, relativamente a

indústria e comércio.

O fundamental da teoria de centralidade no que concerne ao espaço Urbano e Rural é a

elaboração do modelo que posiciona a cidade como centro para o controle de toda a

relação com o campo.

Cont.

O modelo é aplicável no contexto moçambicano

especificamente na cidade de Maputo pois, concentra maior

número de serviços especializados e consequentemente, há

uma maior concentração da população em busca desses

serviços e as regiões circundantes como a cidade de Matola, Vila

de Boane e Marracuene dependem em certa medida da Cidade

Maputo embora a cidade da Matola tenha em parte alguns

serviços que existem na Cidade de Maputo.

• ABREU, Rogério. Lugar Central. Braga. 2009.

• ALVES, Flamarion. Notas Técnicas Metodológicas entre Geografia Económica e Desenvolvimento Regional. Brasília. 2011.

• ARAÚJO, Manuel G. Mendes. O Espaço Geográfico.UEM.2006

• ARAÚJO, Manuel G. Mendes. Geografia dos Povoamentos: Uma Análise Geográfica dos Assentamentos Humanos e Urbanos. Livraria Universitária da UEM. Maputo.1997.

• BENTES, Júlio Cláudio da Gama. Análise Ambiental-Urbana da Conurbação Volta Redonda-Barra Mansa, no Sul Fluminense. Brasília. 2008.

• BRAGA, Roberto. Walter Cristaller: Notas sobre a Trajectória Intelectual do Criador da Teoria dos Lugares Centrais. Rio Claro. Pag. 71-75.1999.

• CLAVAL, Paulo.Geografia do Homem: Cultura- Economia- Sociedade. Livraria Almedina. Coimbra, 1987.

• CORRȆA, Alberto Lobato. O Espaço Urbano. Ática. 3a ed., 1995. Pag. 1-16.

• DERREUX, Max. 1977. Geografia humana. Editorial Presença. Portugal.

• INE. Áreas de Influência da Cidade de Lisboa e Vale do Rio Tejo. Lisboa, 2002

• RIBEIRO, Cris. Conceito de Cidade. 2001.

• UNIFONTES. Economia Regional. Brasília, 2012.

• VITRUVIUS, Qualidade Ambiental e Concepção Arquitectónica. Brasília. 2007.

• VASCONCELOS, Victor Vieira. Analise Espacial. Brasília, 2009. Pag. 46-50.

Fim

‘’o sucesso depende da intuição, da capacidade de

ver as coisas de uma maneira que posteriormente se

constata ser verdadeira’’ (Schumpeter)

NB: O trabalho foi elaborado por estudantes no ambito da disciplina de Dinamica dos processos Espaciais Feita

no 3ano de Lincenciatura em Geografia na UniversidadeEduardo Mondlane em Maputo, Mozambique