especial mocambique diário económico

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Empresas procuram negócios na energia Armando Guebuza, presidente moçambicano chega hoje a Portugal. Quer retribuir a visita do primeiro-ministro, José Sócrates e do presidente da República, Cavaco Silva. Mas o enfoque é as relações comerciais entre os dois países. Na comitiva estão 70 empresários moçambicanos que querem visitar projectos portugueses na área das energias renováveis e participar num seminário empresarial. MOÇAMBIQUE Este suplemento faz parte integrante do Diário Económico n.º 4879 e não pode ser vendido separadamente 28 de Abril de 2010 PROJECTOS ESPECIAIS PUB André Kosters/Lusa Armando Guebuza, Presidente da República está em Portugal Investimento Os principais sectores Opinião Nuno Morais Sarmento e Jorge Graça A barragem de Cahora Bassa um dos investimentos mais emblemáticos de Portugal em Moçambique.

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Especial Mocambique Diário Económico

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Empresas procuramnegócios na energiaArmandoGuebuza,presidentemoçambicanochegahojeaPortugal.Querretribuiravisitadoprimeiro-ministro,JoséSócratesedopresidentedaRepública,CavacoSilva.Masoenfoqueéasrelaçõescomerciaisentreosdoispaíses.Nacomitivaestão70empresáriosmoçambicanosquequeremvisitarprojectosportuguesesnaáreadasenergiasrenováveiseparticiparnumseminárioempresarial.

MOÇAMBIQUE

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28deAbril de2010

PROJECTOSESPECIAIS

PUBAndré

Kosters/Lusa

● ArmandoGuebuza,Presidenteda Repúblicaestá em Portugal

● InvestimentoOs principaissectores

● OpiniãoNuno MoraisSarmentoe Jorge Graça

AbarragemdeCahoraBassa um dos investimentosmais emblemáticos de Portugal emMoçambique.

II DiárioEconómico Quarta-feira28Abril2010

DESTAQUE

DE

MOÇAMBIQUE

TUDOEMBUSCADOCICLODECOOPERA

[email protected]

A visita que o Presidente da República de Mo-çambique, Armando Emílio Guebuza, fará aPortugal a partir de hoje e até sexta-feira, dia 30,a convite do Presidente Cavaco Silva tem à par-tida o objectivo essencial de confirmar se já ar-rancou um “novo ciclo” nas relações entre osdois países. Essa renovação, pedida por CavacoSilva emMarço de 2008 emMaputo, tinhamaise melhores negócios na mira. Amizade e inves-timento foram as ideias-chave dessa primeiravisita do presidente português a Moçambique.Mas esta visita que Guebuza realiza ao país po-deráconfirmarumaaceleraçãobilateralnopro-cessodeaproximação.Mas toda a estratégia descrita e definida entreos dois países lusófonos neste período tem, defacto, na base a cooperação institucional e em-presarial. Uma vertente da diplomacia econó-mica que já apontou áreas específicas de inter-venção. Comunicações e infra-estruturas, cons-trução, turismo e hotelaria, além da energia edas tecnologias de informação foram aponta-dos como sectores em que as empresas portu-guesas deveriam apostar em Moçambique.Amanhã, na companhia de 70 empresários doseu país, ArmandoEmílioGuebuza será recebi-do no Palácio de Belém por Cavaco Silva, que

depois oferece um banquete em sua honra, noPalácio da Ajuda. O programa oficial com-preenderá, ainda, uma intervenção no plenárioda Assembleia da República e encontros com oPresidente da Assembleia da República, JaimeGama, e com o primeiro-ministro, José Sócra-tes. Sempre com a ideia nos negócios e na coo-peração.A necessidade de um “novo fôlego” nas rela-ções entre Moçambique e Portugal, que JoséSócrates enunciouno anopassado como fulcral

para a dinamização dos objectivos comuns, é aconfirmação da tendência. E do quemarca estavisita do presidentemoçambicano a Lisboa. Doprograma constará, também, a visita deArman-do Emílio Guebuza a projectos portugueses naárea das energias renováveis, bemcomoa reali-zação de um Seminário Empresarial, na próxi-ma sexta-feira, onde serãoabordadas asoportu-nidades de negócios e as estratégias para o re-forço da cooperação empresarial entre os doispaíses, o qual será encerrado pelos dois chefesde Estado.Umconjunto de iniciativas a conver-gir para o conceito-chave de dinamizar a diplo-macia económica. A comitivamoçambicana in-tegrará diversos membros do Governo, bemcomo uma “expressiva” delegação empresarial,segundo o ‘site’ da Presidência da RepúblicaPortuguesa.AcomitivadoPresidentemoçambicano integra70 empresários, que queremaproveitar a “exce-lente relaçãopolítica” entreosdoispaíses, dissena semana passada em Maputo o responsávelmáximodaConfederaçãodasAssociaçõesEco-nómicadeMoçambique (CTA), SalimoAbdula.Os empresários moçambicanos querem apro-veitar a “excelenteplataformadas relaçõespolí-ticas” para desenvolver parcerias com empre-

AVISITAAPORTUGAL do Presidente da República deMoçambique, Armando Emílioe negócios na agenda. E prolonga-se até sexta-feira, dia 30.

A comitiva do presidentemoçambicano integra 70empresários que queremaproveitar a “excelente relaçãopolítica entre os dois países.

ArmandoEmílio Guebuza visita Portugal a partirde hoje e até sexta-feira, dia 30.

Quarta-feira28Abril2010 DiárioEconómico III

GrantN

euenburg/Reuters

NOVOÇÃOGuebuza, traz amizade

Miguel Costa [email protected]

ApolíticaeodiscursodeArmandoEmílioGue-buza são orientados maioritariamente para ofuturo.Mas é tambémnos valores da inclusão edaproximidade comaspopulações queoPresi-dente da República de Moçambique se esforçapor fundar a relação política. No discurso, mastambémnaacção, comoseverificounapassadasemana em que Armando Guebuza conluiuuma presidência aberta por diferentes provín-ciasdo seupaís.Noquedefendeparaopresentee futurodeMo-çambique, o chefe de Estado acenta muito doseudiscursoemargumentos comoodiálogoeaparceria. “Uma vez mais, a nossa cultura políti-ca que tem a inclusão, o diálogo e a parceriacomo algumas das suas nervuras, bem como onosso compromisso com a boa governação ecomoprogressoeprestígiodeMoçambiquese-rão chamados a desempenhar o seu papel parao sucesso deste programa”, escreveu num dis-curso apresentado em Fevereiro passado naReunião Extraordinária do Fórum Nacional doMecanismoAfricanodaRevisãodePares.“Queremos,umavezmais, contarcomapartici-pação dos nossos parceiros de desenvolvimen-tona implementaçãodesteProgramadeAcção.Juntos registámos sucessos na implementaçãodo processo de auto-avaliação. Temos certezade que juntos registaremos sucessos na imple-mentação deste Programa de Acção, um pro-grama que será brevemente divulgado em todoo nosso Moçambique”. Estas palavras testemu-nham um discurso coeso, de proximidade efundadonoapelo à confiançamútuacomaspo-pulações queoPresidentedaRepúblicadeMo-çambique também reflecte para as relações ex-ternas, designadamente com Portugal e comoutros países de língua portuguesa.Não apenasna vertente de cooperação e dos negócios, queprivilegia, mas também na área específica dasrelações políticas e na abertura de canais de co-municação com os países que são mais próxi-mosdeMoçambique.A testemunhar a sua tendência natural para amobilização de esforços , pode ainda ler-se nodiscurso deGuebuza: “Como aconteceu comoprocesso de auto-avaliação, o sucesso na imple-mentação do Programa de Acção dependerá,em primeiro lugar, da participação activa dosdiferentes segmentos da nossa sociedade. Nes-te contexto, queremos exortar a todos os mo-çambicanos, doRovumaaoMaputo edo ÍndicoaoZumbo, a apropriarem-sedesteprogramaeatomaremparte activana sua implementação”.“Queremos reiterar as nossas saudações aosilustres membros do Fórum Nacional pelo tra-balho realizado, cujos resultados foram hoje di-vulgados”, acrescentaArmandoGuebuza.Dopontodevistadapolítica interna, o combate

à pobreza continua na linha da frente das preo-cupações do governante. A fim de reduzir a de-pendência externa, o governo implementouumplano estratégico para o desenvolvimento dosector agrícola (2008 – 2018), que conta com acooperação de organismos internacionais ecujo objectivo principal consiste em atingir aauto-suficiência alimentar (nomeadamente emmilho, trigo, feijão e arroz) tendo em vista aaproximação aos objectivos do Milénio (redu-zir para metade, até 2015, a população que viveem pobreza extrema). Importantes recursos fi-nanceiros foram alocados à agricultura (siste-masde irrigação, produçãode sementesmelho-radas, mecanização agrícola e expansão do usode tracção animal) e ao desenvolvimento rural,tendo passado de 3,9% do orçamento de 2008para 7,3%doorçamentode 2009.■

Futuro, inclusão, diálogoe parceria no discurso políticode ArmandoGuebuza

O discurso político de Guebuzafundado no apelo à confiançamútua com as populaçõesreflecte-se internae externamente, também comPortugal e com outros paísesde língua portuguesa.

Proximidade com as populações centram a orientação política.

sas portuguesas e “negócios importantes entreosdois países”, acrescentou.“O objectivo principal é estabelecer e consoli-dar relações de parceria económica entre em-presários de Moçambique e de Portugal”, disseo responsável, adiantandoqueseguemnacomi-tiva de Armando Guebuza empresários dasáreas das energias (e energias renováveis),construção civil, imobiliário, metalomecânica,banca, indústria, processamento e agricultura,entreoutras.“Tambémvamospromover omercadomoçam-bicano”, disse Salimo Abdula, para quem “Mo-çambique tem muito para oferecer a Portugal”.Os empresários, adiantou, viajam com grandesexpectativas quanto a acordos na área das tec-nologias mas também de “alguma musculaçãofinanceira”, nomeadamente na área da agricul-tura, turismo, energia e mineração. “São recur-sosque temoseaosquais temosacesso,masde-pois falta a componente tecnológica e financei-ra”, disse Salimo Abdula, acrescentando quesendo o ambiente de negócios na Europamuitocompetitivo, as empresasportuguesas têm tam-bém a oportunidade de usar Moçambiquecomo uma plataforma para entrar na região daÁfrica austral.■

Perfil deGuebuza

■ Antesdeascender aomaisalto cargodopais, ArmandoGuebuzaexperimentou comsucessodiversosoutros cargosnoEstadoMoçambicanoenoseupartido emparticular.Nasceuaos20deJaneirode1943, emMurrupula, provínciadeNampula.Em 1974,ArmandoEmílioGuebuza, dirigiu naqualidadedeComissárioPolítico, o

processode criaçãoe implantaçãodosGruposDinamizadores.NoGovernodeTransiçãoocupouapastadaAdministração Interna.NoprimeiroGovernodeMoçambique independentefoi nomeadoMinistrodoInterior. E entreoutros cargosministeriais nesteperíodo foinomeado, em 1990,chefe

dadelegaçãodoGovernoàsconversaçõesdeRomaqueresultaramnaassinaturadoAcordoGeral dePazem 1992.Guebuza foi chefe dabancadadaFrelimodesdeoprimeiroparlamentomultipartidariosaídodasEleiçõesGeraisde 1994, até aoVIII CongressodaFrelimo. É casado comMariadaLuzGuebuza, tem4 filhosedois netos.

ROTEIRODA VISITAPRESIDENCIAL

28DEABRIL■ 18 horas - Presidenteda República, Cavaco Silvaoferece um cocktail ao seuhomólogo e comitiva.

29DEABRIL■ 8h30m –Visitaa empresas.

■ 14h30m –Visitas oficiaisAssembleia da RepúblicaCâmaraMunicipalPalácio de Belém

30DEABRIL■ 9horas- Bolsa decontacto com jovensmoçambicanos.

■ 13h30 – Seminários comempresários no hotel Tivolie que conta coma intervenção do primeiroMinistro, José Sócrates.

IV DiárioEconómico Quarta-feira28Abril2010

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Importações

Exportações

2009200820072005

85,8%

35,6%

■ As exportações portuguesas paraMoçambique cresceram85,8%, sustentadaspela classe de bens alimentares e asimportações 35,6%entre os anos de 2005 e2009, segundo os números do INE. Apesardo significativo crescimento do comércioentre os dois países as exportações lusaspara aquele país representam4,5%do totaldas exportações para os PALOP, enquanto asimportações já ultrapassamos 20%comorigemdosmesmos países.Desta forma, Moçambique tem, no contexto

do comércio externo português,maisimportância como cliente do que comofornecedor, sendo o nosso 35º cliente,representando 0,24%das saídas globais demercadorias em2008. Enquanto fornecedor,amelhor posição alcançada nos últimos cincoanos não foi além do 57º lugar, em2005. Osúltimos dados relativos a 2009 indicamqueMoçambique subiu para a 27ª posição no‘ranking’ dos clientes portugueses,correspondente a 0,4%das exportaçõestotais.A.A.

Luí[email protected]

É uma daquelas economias africanas que aindaestão em fase de desenvolvimento. O cresci-mentodeMoçambiquenas últimasdécadas de-veu-se sobretudo à agricultura e à exportaçãodematérias-primas.Talvezpor isso, a economiacomeçou a desacelerar ainda antes da crise fi-nanceira mundial, devido a cheias e outras ca-tástrofesnaturais.Mas todas as organizações internacionais estãode acordo quanto ao caminho. Moçambiquecontinua a cumprir osprincipais objectivosma-croeconómicos definidos no seu plano de des-envolvimento demédio prazo. Objectivos acor-dados com o Fundo Monetário Internacional(FMI) em 2007 e que decorrem do apoio finan-ceiro daquele instituição ao país. Trata-se dastradicionais receitas do Fundo, concretamenteconsolidação da estabilidade económica, im-

PIBDEMOÇAMBIQUEDESACELEROU em2008, fruto de cheias. No ano passado,a economia acabou por ser afectada pelo colapso do comércio externo.

DR

Economia dominadapelo sector primário

Moçambique continua a cumprir os principais objectivos macroeconómicos definidosno seu plano de desenvolvimento de médio prazo.

No ano passado, a economiamoçambicana foi das poucas quenão entrou em recessão, mas nãodeixou de ser afectada por ela.

plementação das reformas estruturais e na re-dução da pobreza. E são os economistas sedia-dos em Washington que estimam um cresci-mento de 6,5%para este ano e de 7,5%para 2011.The Economist Intelligence Unit ainda é maisoptimista ao apontar para um crescimento de9,9% e de 11%, respectivamente para 2010 e 2011.E na última década, a riqueza produzida (PIB)cresceu a uma média de 8,6% ao ano. O ritmoabrandou em 2008, o ano em que os mercadosdespoletaram a crise financeira que acabariapor se transformarna recessãomundial.A economia praticamente não tem ligação aosistema financeiro internacional e o PIB recuoupor outras razões, próprias de uma economiaassente na agricultura: cheias e falhas de ener-gia. E foi tambémassoladaporuma inflaçãoquesuperou os 10%, à custa da escalada da energia.Os preços caíramdepois em2009,mas este anoo FMI prevê que voltem para um patamar pró-ximode9%.Para este ano, a economia deve voltar a crescera um ritmo superior, apoiada na recuperaçãoeconómica mundial e, sobretudo, dos paísesemergentes, que vão dar novo fôlego às expor-tações. Maputo prepara-se também para tentaruma maior integração no sistema financeiro in-ternacional, correndo o rumor que o governoestá a equacionar começar a financiar-se nosmercados.Umfactorquenãovalerámuitopor sisó,masquepoderáajudaros investidoresestran-geiros a olhar com atenção renovada para a re-gião. É que o investimento na economia, apesarde valer já quase 25% do PIB, tem-se feito sobre-tudoatravésdeprojectos estrangeirospara apro-veitarosrecursosnaturaisdopaís. ■

Moçambiqueo27º cliente dePortugalExportações crescem85,8%emcinco anos

Fonte: INE

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VI DiárioEconómico Quarta-feira28Abril2010

MiguelCostaNuneseHermí[email protected]

Cavaco Silva aterrou emMaputo em 2008 com aintenção de inaugurar “um novo ciclo”nas rela-çõesbilateraisentrePortugaleMoçambique. JoséSócratesseguir-lhe-iaaospassostrêsanosdepois,apostadoem“darumnovofôlego”asrelaçõesen-treosdoispaíses.Estas, apesarde“seremjáexce-lentes, podemseraindamelhores”, afirmouopri-meiro-ministroportuguêshádoismeses.Três anos antes, Cavaco Silva já tinha vestido opapel do Presidente que luta por empresas di-plomáticas na visita oficial a Moçambique, emMarço de 2008. E concretizou a intenção, sa-lientando que a união entre negócios e línguaportuguesa são mais-valias enormes na relaçãoentre os dois países. Pelo menos nessa opçãoestratégica, Cavaco parece ter encontrado tra-ços comuns com Sócrates, que em Março via-jou comuma comitiva demais demais demeiacentena de empresários. Armando Guebuza,presidente moçambicano agradece. Sabe quesão os empresários que criam riqueza, que fa-zem com que os Estados possam vencer a po-breza, um dos maiores problemas do país. “Éum sinal de apoio à nossa ajuda nacional de

combate àpobreza”, afirmouemMarçoGuebu-za. E apelou aos empresários portugueses “paraque se empenhem ainda mais em investir” emMoçambique .Em momentos distintos, um e outro tem privi-legiado a vertente empresarial nas visitas deEs-tado. Moçambique não foi excepção. O arran-que da visita de Cavaco aMoçambique, a 24 deMarçode2008, afirmouessegostodoPresiden-te pela denominada diplomacia económica.Mas apenas aGalp e a Critical Sfotware tinhamgarantida, àpartida, a assinaturadeacordosem-presariais, revelando uma certa discrepânciaentre a vontade política e realidade económica.Outros casos houve, em que a visita de Cavacoseria o ponto de partida para negócios que seconcretizariam na presença de José Sócrates.Jorge Armindo, presidente da Amorim Turis-mo, por exemplo, esteve na visita do Presidenteda República disposto a desistir do projectoimobiliário que tinha para o centro de Maputo.Já no terrenomudou de ideias e emMarço vol-tou para pôr as obras a andar “o mais rápidopossível”.

TANTOOPRESIDENTEDAREPÚBLICACOMOOPRIMEIROMINISTRO visitaramMaputo

André

Kosters/Lusa

Cavaco Silva e José Sócrates apostampara reforçar relações bilaterais entre

Emmomentos distintos, ume outro tem privilegiadoa vertente empresarial nas visitasde Estado. Moçambique não foiexcepção.

JoséSócrates, primeiro-ministro visitou Moçambique emMarço. Uma viagemque reforçou as relações bilaterais e que culminou com a assinatura de váriosacordos de cooperação nos domínios político, económico e social.

“Queremos dar umnovo um novoimpulso, um novofôlego às relaçõespolíticas eeconómicas entrePortugal eMoçambique”,salientou oprimeiro-ministro,José Sócrates.

Quarta-feira28Abril2010 DiárioEconómico VII

em visita oficial acompanhados por comitivas empresárias.

nos empresáriosPortugal eMoçambique

Doponto de vista político e social esta foi a pri-meira visita de Cavaco a um país africano, des-tacando a ligação afectiva do presidente portu-guês coma terra onde chegou em 1963 comoal-feres-miliciano, ainda em lua-de-mel, para umamissãomilitar de dois anos. Para Sócrates, a vi-sita de Março, também foi o regresso à terraonde esteve cinco anos antes para assinar oacordo que resolveria de uma vez por todas aquestãodagestãodeCahoraBassa.Durantedé-cadas vista comoumapedra no sapato das rela-ções entreosdois países.

UmnovocicloCavaco Silva apelou durante a sua visita em2008à inauguraçãodeum“novociclo”nas rela-ções bilaterais. As infra-estruturas e comunica-ções, a construção, o turismoehotelaria, a ener-gia e as tecnologias de informação foram apon-tados como sectores fulcrais em que as empre-sas portuguesas deveriam apostar para tenta-rem construir oportunidades de negócio. Só-crates pouca mudaria o discurso,acrescentando aqui a febre das renováveis e as

imensas oportunidades que este sector repre-sentaria para os empresários de um e de outrolado.EmMarço, comohá três anos, asvisitasdeEsta-do ficarammarcadas pela assinatura de umnú-mero considerável de acordos. Em2008, a aten-

çãoestevenosacordospolíticos ediplomáticos,nas áreas das finanças, administração interna,educação e defesa. Foi ainda renovado o proto-colo para evitar a dupla tributação e a evasãofiscal e o acordo de reconhecimentomútuo daslicençasdecondução.ParaaosempresáriosqueacompanharamSócrates a viagem foimais pro-veitosa.Martifer,Visabeira eCaixaGeraldeDe-pósitos foram algumas das empresas que saí-ramdeMaputocomnegócios fechados.Além disso, Sócrates regressou a Portugal de-pois de ter garantido para as empresas portu-guesas linhas de apoio no valor de mil milhõesde euros, comumaparte de leão a ser assegura-da pela CGD, que logo no primeiro dia de visitaacordou a duplicação da linha concessionalpara investimentos em infra-estruturas, mastambém nos sectores da comunicação, saúdeou educação. Três anos depois da visita de Ca-vaco Silva, o primeiro-ministro saiu deMoçam-bique “com a consciência do que há para fazer”e com a garantia do “reforço dos meios para osinvestimentos que serão realizados pelas em-presasportuguesas”.■

CavacoSilva, presidente daRepública esteve tambémcom o Chefe de estadomoçambicano emMarço de2008. Uma visita que Cavaco silva considerou comouma recordação emocionada do seu passado pessoal.

ReutersPhotographer/Reuters

Cavaco Silva apelou durantea sua visita em 2008à inauguração de um“novo ciclo” nas relaçõesbilaterais.

VIII DiárioEconómico Quarta-feira28Abril2010

[email protected]

A função das empresas é gerarem valor e cres-cerem. Quando o conseguem o caminho a se-guir é o da internacionalização. É nesta fase queentra o papel da diplomacia económica, que temvindo a ser desenvolvido pela Aicep Portugal –Agência para o Investimento e Comércio Exter-nodePortugal,presididaporBasílioHorta.A Agência, especialmente vocacionada para onegócio internacional, acompanha as empresasportuguesas, em particular as pequenas e mé-dias empresas (PME), na dupla vertente de ex-portação edo investimentonoestrangeiro, paraalém de fazer prospecção e apoiar o arranqueda actividade exportadora de outras com pro-dutoou serviçopróprios emque seja identifica-do potencial de internacionalização. Neste mo-mento, a instituição está presente em todos oscontinentes, com 50 pontos de rede, entre cen-trosdenegócios, escritórios e representações.Através do gestor de cliente da Aicep, qualquerempresa pode aceder a informação, produtos eserviços variados que cobrem, potencialmente,todo o processo de internacionalização da acti-vidadeempresarial, emparticular dasPME.Realce-se que em 2009 foram aprovados 26Projectos Conjuntos de Internacionalização, deíndole sectorial ou transversal, dinamizadospor associações empresariais e em que estive-ram envolvidas cerca de 1.200 empresas em ac-ções de promoção de natureza colectiva nosmercados externos. Em termos globais, foramrealizadas cercade 300acçõesdepromoçãoemmais de 40 mercados externos. E no ano emcurso estão aprovados 35 novos Projectos, emque se prevê o envolvimento de 1.370 empresasem mais de 460 acções de promoção em 58mercados externos

A Agência apoia assim as empresas através deinstrumentos e incentivos financeiros geridosou divulgados por si, da informação económicae regulamentar sobre dos vários mercadosmundiais, da informação sobre feiras interna-cionais e através de numerosas acções de capa-citação e sensibilização sobre os mercados denatureza genérica, como a “ABC Mercados”, eespecífica (ComoVender em...). Por outro lado,disponibiliza umvasto leque de serviços perso-nalizados.As empresasdispõemdeapoio infor-mativoe logísticonoâmbitodadiplomacia eco-nómica, apoio ao investidor português no es-trangeiro, informação sobre potenciais clientesestrangeiros, oportunidades de negócio, con-sultoria e assessoria técnicadirecta às empresasna abordagem aos mercados, aspectos regula-mentares, e prospecção e estudos de mercado,entre outros. Neste âmbito, a Aicep apoia tam-bémos empresários na análise da concorrênciae dos clientes, canais de distribuição, procurade agentes, identificação de segmentos demer-cado compotencial para os produtos e serviços

portugueses, quadros de referência comporta-mental e tendênciasdos consumidores, alémdefazer agendamentode reuniões epreparaçãodecontactos edisponibilizar áreasdeescritório.

Contribuir para aglobalizaçãoA Aicep é uma entidade pública de naturezaempresarial vocacionada para o desenvolvi-mento de um ambiente de negócios competiti-vo que contribua para a globalização da econo-mia portuguesa. Resultado da fusão, em 2007,entre aAPI (AgênciaPortuguesapara o Investi-mento) e do ICEP (Instituto do Comércio Ex-ternodePortugal), aAicep temcomoprincipaisatribuições promover a internacionalização dasempresas portuguesas e apoiar a sua actividadeexportadoras, captar investimento estruturanteepromover a imagemdePortugal.Através dos seus gestores de cliente e de umavasta rede internacional, presente em40países,a Aicep presta serviços de suporte e aconselha-mento sobre a melhor forma de abordar osmercados externos, identifica oportunidadesde negócios internacionais e acompanha o des-envolvimentodeprocessosde internacionaliza-ção das empresas portuguesas, nomeadamente,PME.AAicep é tambémaAgência responsávelpelo acolhimento de todos os projectos de in-vestimento estrangeiro emPortugal fazendo, senecessário, o seu posterior encaminhamentopara outras entidades em função do perfil doprojecto. Os clientes da Aicep, na vertente dacaptação de investimento, são empresas degrande dimensão com um volume de negóciosanual naordemdos 75milhõesde eurosoucomprojectos de investimento superiores a 25 mi-lhõesdeeuros. ■

MOÇAMBIQUE é umdosmuitosmercados que a Aicep Portugal Global acompanhae onde aconselha e apoia o investimento das empresas portuguesas.

GrantN

euenburg/Reuters

AICEP já apoiou 26 projectosde internacionalização

Osector industrial cresceu, emmédia, 10% ao ano entre 1995 e 2000, em consequência do programa de privatizações iniciado após o estabelecimento do clima de paz.

A instituição está presenteem todos os continentes,com 50 pontos de rede,entre centros de negócios,escritórios e representações.

Umgrupodeapoio àsPME■ OgrupoAicep PortugalGlobal inclui ainda umasociedade de capital derisco e uma sociedadegestora de parquesindustriais. A Aicep CapitalGlobal orienta a suaactividade pelaparticipação financeira emempresas nacionais comrelevante dimensãointernacional e a AicepGlobal Parques é umaentidade gestora deparques industriais queactua no aconselhamentodamelhor localizaçãopara projectos deinvestimento.

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X DiárioEconómico Quarta-feira28Abril2010

[email protected]

A ligação das construtoras portuguesas a Mo-çambique é quase tão antiga como a história darelação entre os dois países lusófonos. Mesmodepois da independência e durante a guerra ci-vil entre a FRELIMO e a RENAMO, que devas-tou o país durante duas décadas, a presença dasprincipais construtoras portuguesas nestemer-cado banhado pelo Índico continuou a ser umaconstante.Mas, como todas as relações, também esta teveos seus altos e baixos. Depois de um pico, quepercorreu quase toda a década de 90, o interes-se das construtoras – e das outras empresasportuguesas, na generalidade – pelo mercadomoçambicanoesmoreceude forma radical.Apesar de algumas empresas nunca teremabandonado o país, o grande apelo de Moçam-bique só voltou a despertar os grandes emprei-teirosportuguesesnosúltimosdois anos.Jorge Coelho, presidente executivo da Mota-Engil, maior construtora portuguesa, e PedroGonçalves, líder da Soares daCosta, são as duasfaces mais visíveis desse redescobrimento por

parte das construtoras lusitanas dopotencial denegócios quehá emMoçambique.Mas, não sãoos únicos e têm sido acompanhados pelamaiorparte dos grandes grupos nacionais do sectordas obras públicas e construção civil, secunda-dosmesmo por outras grupos demédia e redu-zida dimensão, que encontram em Moçambi-que um nicho demercado e uma oportunidadequeacrisenãopermitenoplano interno.Moçambique é cada vez mais uma peça funda-mental na frente africana de negócios do grupoliderado por António Mota. No ano passado, oconsórcio liderado pela Mota-Engil, em asso-ciação com a Soares da Costa, concluiu amaiorobra de engenharia da história deMoçambiqueindependente, a ponte sobreo rioZambeze.“As perspectivas para o futuro são animadorasrelativamente a este mercado, sendo que aMota-Engil espera investir, em 2010, duas vezesmais comparativamente a 2009, e consolidar oseu peso no país”, destaca a administração da

construtora no relatório e contas referente aoexercíciode 2009.Já depois da ponte sobre o Zambeze, a Motaconseguiu garantir o contrato de construção, fi-nanciamento, operação e manutenção periódi-ca e de rotina da Nova Ponte, que engloba aconstrução danovaponte sobreoTete, cujova-lor de construção está avaliado em cerca de 100milhões de euros. O grupo de António Mota eJorge Coelho conseguiu também o contrato derecuperação e exploração durante 30 anos detoda a rede principal rodoviária que liga Mo-çambiqueàZâmbia,Malawi eZimbabwe.As perspectivas daMota paraMoçambique du-rante o presente ano são também sustentadaspor uma estimativa de crescimento da econo-miadopaís emcercade 5%.Por seu turno, a Soares da Costa também está aapostar no mercado moçambicano como umdos trunfos para reforçar a sua estratégia de in-ternacionalização.Noanopassado, a facturaçãoda construtora presidida por Pedro Gonçalvesem Moçambique ascendeu a cerca de 22 mi-lhões de euros, uma ligeira quebra (- 3,7%) faceao ano precedente. Mas, estes números não re-flectem o volume de negócios conseguido coma construção da ponte sobre o rio Zambeze,uma vez que esse empreendimento foi desen-volvido directamente pela sociedade de direitoportuguêsdogrupoSoaresdaCosta.ASoaresdaCostaMoçambique, detidaem80%pela Soares da Costa, em 2009, “teve um bomcomportamento, com o volume de negócios asituar-se em 13,3 milhões de euros, uma subidade 24,8% relativamente ao valor do ano anterior(10,6 milhões)”, de acordo com o relatório econtas da empresa referente ao exercício de2009.De acordo com o mesmo documento, “oEBITDA de 965 mil euros (+ 41,9%) superoumais do que proporcionalmente aquele aumen-to do volume de negócios”. O resultado líquido,de 322mil euros, sofreu a erosão dos resultadosfinanceiros,mas,mesmo assim,melhorou o de-sempenho final em relação ao ano anterior , emqueos lucros se situaramem285mil euros.As boas perspectivas que estas duas construto-ras portuguesas têmrepetidamente conseguidonosúltimos anosnomercadomoçambicanoes-tão igualmente a ser experimentadas, emmaiorou menor grau, pelas maiores construtoras na-cionais. No ‘top 10’, é rara a que não tem umapresença de cariz mais ou menos regular emMoçambique, com enfoque especial nas obraspúblicas, mas também no imobiliário e noutrasáreasdenegóciomaisdiversificadas. Sãoexem-plosdestaprática grupos comoaSomague, Edi-fer,MSFouLena, sópara citar algunsexemplos.E omercado está emMoçambique para ser ex-plorado. O país temuma grande carência de in-fra-estruturas básicas – barragens, estradas,pontes, linhas férreas, portos, aeroportos, abas-tecimento de águas, saneamento de esgotos,unidades industriais, hospitais, escolas. Desde arecuperação de infra-estruturas deterioradaspor anos de guerra colonial e de guerra civil atéà construção de raiz de equipamentos. Umarealidade que só agora é possível concretizar,uma vez que o país aparenta ter entrado defini-tivamente numciclo de amadurecimentodo re-gimedemocrático.■

MOTAESOARESDACOSTA são exemplos bem sucedidosdo ‘regresso’ das construtoras nacionais aMoçambique.

Construtorasredescobrempotencial domercado

A ponte sobre o Zambeze,concluída no ano passado,foi construída em conjuntopelaMota-Engil e pela Soaresda Costa. Foi amaior obrade engenharia civilemMoçambiquedesde a independência.

EMPRESAS PORTUGUESAS

■É intenção do actual presidente executivodaMota-Engil, Jorge Coelho, replicar nomercadomoçambicano a estrutura orgânicacomque o grupo opera emPortugal,a exemplo, aliás, da estratégia quea construtora pretende seguir nos principaismercados internacionais emque operae emque pretende apostar. Isso querdizer que, depois da construção, engenhariae obras públicas, aMota-Engil vai tentaroportunidades de negócio emMoçambiquena área das concessões de transportes,do imobiliário, do ambiente e serviços,que correspondemàmatrizda sua actividade nomercado interno.O turismo e o sector industrial tambémpoderão ser outras oportunidadesa explorar pelo grupo lideradopor AntónioMota. Depois das obraspropriamente ditas, aMota-Engil já começoua estender o seu campo de actuação emMoçambique neste sentido, uma vez queo projecto associado à ponte do Teta incorporanão só uma componente de construção,mas tambémuma vertente de financiamentoe de concessão. ■N.M.S.

Mota-Engil quer replicar estrutura comque o o grupo opera nomercado interno

Anova ponte sobre oZambeze (aqui emconstrução) foi inauguradaemJulho de 2009 erepresenta amaior infra-estrutura concluída emMoçambique após aindependência. Construídaemparceria pelaMota-Engil e pela Soares daCosta veio solucionar umdosmaiores problemas deMoçambique, a travessiado rio Zambeze, um dosmaiores de África, um‘calvário’ para oshabitantes das duasmargens do Zambeze emestação demonções echeias.

NOVAPONTESOBREOZAMBEZE

Quarta-feira28Abril2010 DiárioEconómico XI

Arquivo

Económico

GANHAM QUOTA NO MERCADO MOÇAMBICANO

■ASoares da Costa iniciou a sua actividade emMoçambique em 1982, através de umadelegação. Depois, em 1995, a Sociedade deConstruções Soares da Costa adquiriu umaempresamoçambicana, que hoje se designaSC-SARL, para a qual transferiu o seu ‘knowhow’, em termos de experiências, recursoshumanos e equipamentos. Segundo osresponsáveis da Soares da Costa, a presença dogrupo nomercadomoçambicano está bemdefendida, porque “alicerçada num sólidohistorial”. “ASC-SARL garante osmelhoresserviços no campo da construção civil e obraspúblicas, defendendo o primor da competênciae da qualidade nos projectos que lhe sãoconfiados”, garante a administração da Soaresda Costa no ‘site’ oficial da empresa. A apostada Soares da Costa, apesar de não ser uma dasprioritárias na estratégia de internacionalizaçãodo grupo desenhada por Pedro Gonçalves, estáa dar os seus frutos, nomeadamente através deassociações que tem feito comaMota-Engil.Depois do sucesso da ponte sobre o Zambeze,está emmarcha nova parceria entre as duasconstrutoras portuguesas para a ponte sobre oTete. ■N.M.S.

Soares da Costa começa a recolheros frutos da aposta neste destino

■ATeixeiraDuarte éumadas construtoras commaior presençanomercadomoçambicano,sustentadapor umaactividadeque seprolongajá hávárias décadas sem interrupções.OgrupopresididoporPedroMariaTeixeiraDuarte aindanão temdadosdisponíveis referentes a2009,masnoanoprecedente conseguiu facturar cercade26milhõesdeeurosnaquele país. Apesar derepresentar apenas2%dovolumedenegóciostotal dogruponesseano, e de ter traduzidoumaquebrade8,7%faceaoexercício anterior, apresençadaTeixeiraDuarte emMoçambiqueémulti-facetada. Em2008, a construtora tevecomoprincipais obras a construçãodeedifíciosparaosMinistérios daEducaçãoeCultura edaSaúdedeMoçambique, assimcomoareabilitaçãodapontede ligaçãoentre a IlhadeMoçambiqueeNampula, paraoMinistério dosTransportes eComunicações local. A concepçãoe construçãoda reabilitaçãoe construçãodaspontes-cais de InhambaneeMaxixe, naprovínciade Inhambane, parao referidoministério; e areabilitaçãodamarginal de Inhambane (muralhacosteira) parao conselhodomunicípio sãooutrosexemplos deobrasdesenvolvidas pelaTeixeiraDuarte emMoçambiqueem2008.■N.M.S.

Teixeira Duarte é uma das empresascommaior presença

■AÁguas de Portugal, lideradapor Pedro Serra entrou emMoçambiqueem 1998. Hoje gere o abastecimentode água emMaputo-Matola e temumaoperação de recolha de resíduos sólidosna capital. Comumvolume de negóciosde 13,5milhões em2009,Moçambiquerepresenta 2%da facturação do grupo.AÁguas deMoçambique é responsávelpela exploração emanutençãodo Sistema deAbastecimento deÁguaà cidade deMaputo, fornecendo também,no âmbito domesmo contrato de cessão,água potável à cidade deMatola e à vilade Boane. AtéMarço de 2008 foi aindaresponsável pela assistência técnicaàs cidades da Beira, Quelimane, Nampulae Pemba. Aliás, a empresa é consideracomuma empresa de referência no sectordas águas emMoçambique, no quadroda gestão delegada dos sistemas dedistribuição de água. A par do facto,assumir-se como umempregadorde excelência e contribuidor para odesenvolvimento económico, sociale ambiental deste país. ■A.A.

AdP factura 13,5milhões de euros e negóciorepresenta 2% do grupo

XII DiárioEconómico Quarta-feira28Abril2010

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É o maior banco de Moçambique com 117 bal-cões; 1.936 empregados; e uma quota demerca-do de 40%. Comemora, este ano, 15 anos obanc0 que émaioritariamente detido pelo BCP(66,7%). Como é tradição, os bancos sediadosemMoçambique têm parceiros locais pelo queo restantes capital doBIMpertenceem17,4%aoEstadoMoçambicano; 4,9% ao Instituto Nacio-nal de Segurança Social; 4,2% à Emose; 1,1% àFDC; e 5,7%agestores locais.O BIM é um dos melhores contribuintes inter-nacionais para os resultados do BCP. Em 2009os lucrosde 52milhõesdeeuros (apesarde ape-nas teremsubido 1%facea 2008), foramrespon-sáveis por, praticamente, um quarto dos lucrosconsolidados do BCP. Em 2009, o resultadooperacional do BIM cresceu 12,9%. O Millen-nium bim é ainda um dos dois bancos do BCPonde houve um aumento dos custos (9,8%), arevelar umaapostanocrescimento.Num depoimento ao Diário Económico o CEOdo BIM, João Figueiredo, diz que para 2010 “osobjectivos secentramnaexpansãodonegócioena contribuição para a bancarização da popula-ção, a captação de novos recursos e manuten-ção dos elevados níveis de rentabilidade e efi-ciência”.OBIMéumbancoque seorgulhadeapostarnainovação, ou não fosse filho do BCP. Foi o pri-meirobancoaoperar ‘on-line’ nopaís, o primei-ro lançarATM´s, cartões, entreoutros serviços.O banco do BCP emMoçambique é um Banco

universal comvocaçãode retalho.Obanco lide-rado por Carlos Santos Ferreira tem ainda emMoçambique uma companhia de seguros: aMillenniumSeguros.Na presidência executiva, há largos anos, “nobanco quemais balcões abriu de há 3 anos paracá” está João Figueiredo, que em declaraçõesaos jornais locais, salientou que “o equilíbrio daequação custo-benefício no plano de desenvol-vimento da nossa actividade, é uma chave desucesso”. Na comemoração dos 15 anos do ban-co, os responsáveis revelaramque “de há 2 anos

para cá, o BIM abre 12 mil contas por mês” nosseus “117 balcões”por todooPaís.O mercado moçambicano agrada cada vez aoBCP que conta com o crescimentos dos lucrosna área internacional paramelhorar a rentabili-dade. E Moçambique evidencia-se como umaregião com as melhores taxas de crescimentoeconómico. O crescimento do PIBmoçambica-nocontinuaemníveis de4 a 5%.O potencial de exploração de recursos agríco-las, energéticos, minerais, a localização geográ-fica privilegiada fazem de Moçambique ummercado com um enorme potencial. Estes fac-tores têm sido diferenciadores na captação dosinteressesdos investidores.O sector de construção e agrícola são os quemais crescem emMoçambique. A necessidadede infra-estruturas, residências e crescimentodas cidades pela periferia devido à alta densida-de populacional em Maputo, Beira e Nampula,oferecem grandes oportunidades no sector deconstrução. Em relação à agricultura, o Gover-nodefiniu, como formadeerradicar a fome, umprograma de produção alimentar que ofereceamplas oportunidades para o sector privado ouem Parcerias Público Privadas. Em termos derecursos de exportação, os sectores de energia,gás, carvão, areias pesadas, e outros recursosminerais, oferecem grande potencial, a istoacresce os transportes. Pelo que a banca teráum papel importante no financiamento de to-dos estesprojectosdedesenvolvimento. ■

OMILLENNIUMBIM é omaior banco deMoçambique e em2009 foi responsávelpor um quarto do lucros do banco português.

Arquivo

Económico

BIM quer aumentara bancarização da população

Ocrédito concedido à economia nacional cresceu 54,4% no final do mês de Fevereiro,segundo Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique.

OBIM é um banco que se orgulhade apostar na inovação, ou nãofosse filho do BCP. Foi o primeirobanco a operar ‘on-line’ no país,o primeiro lançar ATM´s, cartões,entre outros serviços.

“Para 2010 osnossos objectivoscentram naexpansão donegócio,nomeadamentea contribuiçãopara abancarizaçãoda população,a captação denovos recursose amanutençãodos elevados níveisde rendibilidadee eficiência.”João FigueiredoCEO doMillenniumbim

Quarta-feira28Abril2010 DiárioEconómico XIII

Bancode InvestimentodaCGDatéJunho■ Oprojectonasceunoanopassado,quandoemSetembroPortugaleMoçambiqueassinaramumacordocomvistaàcriaçãodeparceriasempresariais luso-moçambicanas.DesdeentãoqueaCGDaguardaasautorizaçõeslegaispara lançaronovobancodeinvestimentodeMoçambique.

SegundosoubeoDiárioEconómico,asautorizaçõesquerdoBancodePortugalquerdasautoridadesmoçambicanasestão iminentes,peloqueobancoestaráemcondiçõesdeser lançadoaindaestesemestre.MoçambiqueePortugaldecidiramcriarumbancodeinvestimento,comumcapital

social inicialde500milhõesdedólares(373milhõesdeeuros),paraapoiarepromoverprojectosempresariais,comimpactoeconómicoequeasseguremodesenvolvimentosustentável.Ocapitaldobancodeverásersubscritoempartes iguaispelaDirecçãoNacionaldoTesourodeMoçambiqueepelaCaixa.

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O BCI vai continuar a sua estratégia de abrirbalcões em Moçambique, soube o Diário Eco-nómico.Nestemomentoobancoque resulta deuma parceria entre a CGD e o BPI, tem 75 bal-cões, mas já tinha sido anunciado que teria 86até ao fim deste ano. A expansão da rede deagências do BCI está inserida no plano estraté-gico do banco, em que, os objectivos traçadosde transformar o BCI num banco universalobriga, necessariamente, ao crescimento darede de agências, garantindo a sua presença emzonasdo interiordopaís.Este é o banco detido em 51% pela Caixa Geralde Depósitos e em 30% pelo BPI. Uma parceria

de sucesso entre dois rivais nacionais, numpaísdos PALOP. EmMoçambique o BCI (tal comoo BIM) é reconhecido como um importanteparceiro financeiro de projectos nas áreas emque Moçambique está a apostar fortemente:energia, telecomunicações, construção e reabi-litação de infraestruturas, agro-industria. Obancomoçambicano é liderado por Ibraimo Is-sufo (CEO) e tem como vice-presidentes Fran-cisco Bandeira, da Caixa e António DominguesdoBPI.Tal como o é tradição nos mercados africanosde língua oficial portuguesa, há sempre investi-dores locais emparcerianos investimentospor-

BCI aposta na abertura de agênciasno interior do paísÉmaioritariamente detido pela CGD,mas o BPI é sócio com30%.

tugueses.OBCI é assimdetido em 19%pelaEn-sitec.Hoje o BCI (que deixou cair a designação Fo-mento em 2008) é o segundo maior banco mo-çambicano em quota de mercado. No créditoconcedido tem 34,5% e nos depósitos tem26,1%. Com 1105 colaboradores, teve em 2009resultados líquidos 18,4milhões de euros, o querepresenta um crescimento de 39% face a 2008.Este banco começou por ser da CGD quandoem 1997 o banco do Estado português adquiriu60% do então apenas BCI. Mais tarde (em2003) numa fusão com o Banco de Fomento doBPI, foi criadooactualBCIFomento.A ambição dos gestores executivos do BCI étorná-lo um dia no maior banco comercial dopaís, lugar que é ocupado pelo seu rival BIM.Em 2009 o banco registou crescimento nos vá-rios indicadores quer da demonstração de re-sultados, quer dobalanço. “Pode-se afirmarqueo BCI cumpriu com os seus objectivos: expan-diu a rede de distribuição, aumentou em 66%onúmero de clientes e reforçou a quota de mer-cado”, é referido no relatório e contas do banco.E ainda, cresceu 45% emactivos e 52% emvolu-medenegócios.Moçambique temcercade 12bancoscomerciais(13, com o Moza Banco), dos quais seis detêmmaisde90%dos activos.■

Caixa reforçapresença■ EmMarço na visitaoficial do PrimeiroMinistroaMoçambique foi assinadoumacordo bilateral entreos dois governos quecontempla uma ampliaçãoda linha de crédito da CGDàquele país, de 200 para400milhões de euros. Estalinha destina-se aofinanciamento de projectosde investimento eminfraestruturas; emenergia, em transportes, nasaúde, na educação, e naformação de capitalhumano. A linha de créditoassinada vai obrigar obanco participado pelaCGD, o BCI, a aumentar ocapital social de 9,59milhões de euros para44,26milhões de eurosmantendo, no entanto, aestrutura accionista.

XIV DiárioEconómico Quarta-feira28Abril2010

SiphiweSibeko/Reuters

Moçambique é umcaso ímpar e comperspectivasmuito positivas de desenvolvimento no sector do turismo.

MarinaConceiçã[email protected]

Pestana, Visabeira e Teixeira Duarte são as em-presas portuguesas presentes no sector hotelei-rodeMoçambiquehámaisde 15 anos.Nãoeraeaindanãoé fácil investir emunidadeshoteleirasno país. Falta uma política de vistos facilitada,maisvoosatravésda liberalizaçãodoespaçoaé-reo internacional e investimento público paramelhores infra-estruturas de saúde, higiene esegurança.Carências quenão se comparamàs queo grupoVisabeira encontrou quando decidiu entrar emMoçambique em 1990. O grupo levou para opaís a áreade engenharia de redes de telecomu-nicações, construção emanutenção de infra-es-truturas, um sector praticamente inexistenteemterritóriomoçambicano.O grupo Pestana entrou em 1995 com a gestãode dois hotéis, um em Inhaca e outro em Baza-ruto. Os lados bons de Moçambique são maisfortes do que as carências que estão a ser ultra-passadas ao longo dos últimos anos. Segundo oadministrador do grupo Pestana para a regiãoÁfrica, Florentino Rodrigues, Moçambiquevive uma “fase de paz, credível e irreversível,com grande afinidade cultural a Portugal, compaisagens lindas e inexploradas, logo um gran-de potencial de desenvolvimento turístico”,contandoogrupocomtrêshotéis nopaís.

Uma realidade que o grupoVisabeira percebeupouco depois de ter entrado no país para cons-truir as redes de telecomunicações. Fonte dogrupodeViseu avançouque “Moçambique temcondiçõesnaturais na sua costa eno interior es-pecialmente pelos parques naturais que a breveprazo certamente o tornarão num dos destinosturísticosda região”.Épor issomesmoqueaVi-sabeira já tem quatro unidades hoteleiras emfuncionamento no país: duas em Maputo (re-sort IndyeBahia), umaemNampula eoutra emLichinga.Para o futuro, Visabeira e Pestana têm já novosprojectos turísticos em carteira paraMoçambi-que. O grupo liderado por Dionísio Pestana es-pera a “obtenção das aprovações legais paraampliação dos empreendimentos na Inhaca eno Bazaruto, a encetar logo que o mercado ojustifique”, sublinhouFlorentinoRodrigues.Já a Visabeira tem um projecto maior emmen-te. “Naprovíncia doNiassa estamos adesenvol-ver um projecto de eco-turismo e caça que sedestina a umnicho específico demercado. Tra-ta-se de um projecto que já se iniciou há trêsanos estando neste momento ainda a decorrer

ACOSTAEO INTERIOR INEXPLORADOS são desafios irresistíveis para o grupo Pestana,Visabeira e Teixeira Duarte, que têm já novos projectos hoteleiros paraMoçambique.

Turismo exige uma longaviagem do investidor português

A Visabeira está a fazer os estudostécnicos para dois hotéis urbanose um eco-resort de caçaemMoçambique.

O Pestana espera aprovaçõespara ampliações em dois dos trêshotéis que tem no país.

■ VOOSATAP tem quatro voossemanais para Maputo,capital do país.

4■ HOTÉISEntre Pestana, Visabeirae Teixeira Duarte há dezhotéis portugueses.

10hotéisportugueses

todos os trabalhos de infra-estruturação de es-paços”, segundo explicou fonte da empresa deViseu.Além disso, a Visabeira garante querer conti-nuar a investir e “expandir a oferta hoteleiraatravés da cadeia Girassol”, marca hoteleira dogrupo.Nestemomento, o grupo deViseu está afazer os estudos técnicos que antecedem aconstrução dos hotéis nas localidades deTete eBeira para a expansão da rede hoteleira, focadano turismode lazer.Um dos problemas para encher os hotéis deMoçambique ainda é o transporte aéreo, sendoo principalmercado aÁfrica do Sul, comoqualfaz fronteira. Emrelação aos voos dePortugal, aTAP tem quatro ligações semanais a Maputo,capital de Moçambique. No ano passado, acompanhia aérea nacional transportou 58 mlpassageiros, o que representa apenas 0,7% do

total.Noentanto, aTAPestimaumcrescimentode 7,1% este ano para omercadomoçambicano,omesmovalor que prevê crescer a nível conso-lidado.Os problemas de transporte aéreo não são sócomosvoos internacionais. “Oespaçoaéreo in-terno também precisa de ser dinamizado”, ex-plicao administradordogrupoPestana.Apesar das dificuldades de higiene e infra-es-truturas, o país continua a ser interessante paraos empresários portugueses. A Amorim Turis-mo tememMoçambiqueumprojecto imobiliá-riodecasaseescritórios.AconstrutoraTeixeiraDuarte,detém,atravésdaparticipadaTDHotels,doishotéisnopaís.NunoMorais Sarmento, ex-ministro de Durão Barro-so, também comprou um hotel em Inhambaneem2007, seismesesdepoisde teradquiridoaes-colademergulhonamesma localidade. ■

Quarta-feira28Abril2010 DiárioEconómico XV

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Considerado um sector vital para o desenvolvi-mento do país, devido à diversidade e riquezanatural, ecológica e geográfica que caracterizaMoçambique, o sector doTurismo temmereci-do especial atençãonão sópor parte dopróprioGoverno Moçambicano, mas também dos in-vestidores estrangeiros e das agências multila-terais de cooperação.

Sendo um dos sectores de actividade quetem vindo a registar ummaior índice de cresci-mento nos últimos anos, com um crescimentoregistadonoúltimo anode 17%e receitas próxi-mas dos 163 milhões de dólares norte-america-nos, o Turismo emMoçambique é um dos sec-tores mais estáveis ao nível de atracção do in-vestimento estrangeiro, tendo sido aprovadosprojectos na ordemdos 980milhões de dólaresnorte-americanos, só no ano de 2007, passandoa ser o terceiro maior sector em investimentosnopaís.

Já no primeiro Plano de Acção para a Redu-ção da Pobreza Absoluta (“PARPA”) 2001–2005,o Turismo surgia como uma das actividadescomplementares cuja estratégia e plano de ac-ção poderiam contribuir para a geração de ren-dimentos eoportunidadesdeemprego.

É assim que, nos últimos anos, o Ministério

do Turismo (“MITUR”) tem vindo a reorgani-zar oSector doTurismodandoênfase à reformae actualização da legislação do sector, atémuitorecentemente, completamente desajustado àrealidadenacional, regional e internacional.

Consciente do importante papel do turismopara o crescimento económico em geral e paraa criaçãode rendimentos e de empregos, a Polí-tica do Turismo e Estratégia da sua Implemen-tação apresenta como principal objectivo a“promoção e desenvolvimento do turismocomo motor de crescimento económico e noengajamento dos sectores público e privadobem como das comunidades em tornar a ofertade serviços, nesta área, uma realidade”,median-te a “interacção e comprometimento activo deuma diversidade de parceiros: o Estado e o Go-vernoaosníveis central, provincial edistrital, asautarquias, o sector privado, as comunidadeslocais, os turistas internacionais, regionais e do-mésticos, as organizações não governamentais,as instituições financeiras, as agências interna-cionais de cooperação, a imprensa e o público”.

No que diz respeito directamente à promo-ção do investimento do sector privado, a Políti-ca prevê especificamente atrair investimentodirecto estrangeiro, mediante parcerias estraté-

gicas com investidores nacionais e ainda atra-vés do desenvolvimento de “projectos âncora”que sirvamdecatalizadores.

OProgramaÂncora de Investimento emTu-rismo emMoçambique, é a maior iniciativa deinvestimento em turismo que está actualmentea decorrer em Moçambique e visa atrair maisde 1 biliãodeUSDeminvestimentoestrangeiro.

Este Programa de Investimento resulta deumAcordo com o BancoMundial, formalizadoem 2007, para a realização emMoçambique deinvestimentos aomais alto nível naÁrea doTu-rismo.

O mesmo constitui iniciativa conjunta doMITUR e do International Financial Corpora-tion (“IFC”), como intuito de facilitar o investi-mento em turismo e converter todo o potencialturístico deMoçambique em investimento tan-gível edequalidade.

Através de uma abordagem pró-activa, oPrograma encontra-se focado na criação deoportunidades de investimento em “Locais Ân-cora” específicos, procurando, em simultâneo,aperfeiçoar o enquadramento e ambiente dosnegócios e reduzir substancialmente os entra-ves e constrangimentos administrativos e regu-lamentares ao investimento. ■

NUNOMORAIS SARMENTO, PLMJ–SociedadedeAdvogadosJORGE GRAÇA, MGA–AdvogadoseConsultores

Turismo emMoçambique

XVI DiárioEconómico Quarta-feira28Abril2010

AnaMariaGonç[email protected]

A Redes Energéticas Nacionais (REN), gestorada rede de transporte de electricidade e gás na-tural em território português, promete ser opróximo parceiro de Cahora Bassa, um dosmaiores projectos hidroeléctricos do continen-te africano, cuja maioria do capital está emmãosmoçambicanas.A decisão de investimento, que de acordo comos responsáveis daREN, será tomada durante osegundo semestre, posiciona-se também comouma ponte para a entrada em outros negóciosno sector energético, quer em Moçambique,quernospaíses vizinhos.A concretizar-se, representa igualmente o pri-meiro passodanova estratégia de internaciona-lizaçãodaRENforadaPenínsula Ibérica.A incursão da REN em Cahora Bassa está ava-liada, a preços de mercado, em cerca de 112 mi-lhões de dólares (82,2 milhões de euros). Umaverba que entrará directamente nos cofres doEstadoportuguês, casoavanceavendademeta-de dos 15% que Portugal ainda detémnesta bar-ragemàREN.AREN tem afirmado que “irá analisar com inte-resseoenquadramentoeascondiçõesdoquelhevier a ser proposto”, numa reacção aomemoran-

do assinado entre Portugal e Moçambique paraqueRENeCEZAdividamos 15%que serão alie-nadosporLisboa,assinadonoiníciodoano.Até agora, a única garantia é a de que a maiorcentral hidroeléctrica da ex-colónia portuguesanão seráumactivobarato.A justificação resume-se a dois argumentos.Objecto de ampla modernização, realizada ain-da antes da reversão da maioria do seu capitalpara mãos moçambicanas, a operação colocouesta central ao nível das principais congénereseuropeias.A este facto se junta a revisão do contrato devenda de electricidade de longo prazo com aÁfrica doSul. Circunstâncias que colocamo seupreço demercado emvalores próximos de 1.500milhõesdedólares (1.102milhõesdeeuros).

As ligaçõesaPortugalA 31 de Outubro de 2006, Portugal vendeu partedaparticipaçãode82%quedetinhanoconsórcio,ao estadomoçambicano, por 740milhões de eu-ros, ficando apenas com 15% do capital. Os res-tantes 85% passaram a pertencer à CompanhiaEléctrica do Zambeze, detida a 100% por Mo-çambique,emtrocade950milhõesdedólares.

AGESTORADAREDEDETRANSPORTE de electricidade e gás natural emPortugal decidesemestre a sua incursão na estrutura accionista de uma dasmaiores centrais hidroeléctrica

Cahora Bassa será porta de entradanomercado energéticomoçambica

Até agora, a única garantiaé a de que amaior centralhidroeléctrica da ex-colóniaportuguesa não será um activobarato.

Moçambique quer também assegurar a vendados 15% em partes iguais a favor de entidadesmoçambicanas e portuguesas.

PROTAGONISTASENERGÉTICOS

■Onovo responsávelpelos destinos da RedesEnergéticas Nacionais, RuiCartaxo, prepara-se paradar os primeiros passos daestratégia de expansão dagestora das infra-estruturas energéticasportguesas fora daPenínsula Ibérica.

Rui Cartaxo,presidente da REN

■Apetrolífera portuguesaestreou-se nomercadomoçambicano no negóciodo retalho de combustíveis.Agora está de olhos postosna exploração e produçãode crude, bem como nonegócio dosbiocombustíveis.

Ferreira de Oliveira,CEO da Galp

Quarta-feira28Abril2010 DiárioEconómico XVII

durante o segundodo continente africano.

daRENno

André

Kosters/Lusa

Moçambique é um dos marcos estratégicos dapresença da Galp no continente africano. Co-meçou por se estrear na área da distribuição decombustíveis, mas acabaria por estender tam-bémos seus interesses à exploraçãodepetróleoemáguasmoçambicanas.Dividido em três eixos de desenvolvimento,África Ocidental (Guiné-Bissau, Gâmbia eCaboVerde), África Austral-Atlântico (Angola)e África Austral-Índico (Moçambique e Suazi-lândia), o negócio da Galp tem vindo a ganharexpressãodeanopara ano.

Prova disso são as 600mil toneladas de produ-tos petrolíferos que foram vendidas em 2009.Mais 69mil toneladas do que no ano transacto.Um cenário em que Moçambique conquistouum lugar de destaque, ao registar a maior taxade crescimento de toda esta região do globo.Vendeu mais de 86 mil de toneladas, o que tra-duz um incremento de 24% face a igual períododoanoanterior.Com uma quota de mercado de 14%, a rede dedistribuição e logística da Galp é composta porcerca de 30 postos de abastecimento e um par-quedearmazenagem.Moçambique serve ainda de plataforma de ac-ção para alguns dos países vizinhos, como é ocasodaSuazilândia.Desde 2009, que este país começou a ser forne-cido a partir de Moçambique, permitindo al-cançar sinergias logísticas.O grande impulso da estratégia de crescimentoda Galp em Moçambique tem, no entanto, porbase acompra, umanoantes, donegóciodedis-tribuição de produtos petrolíferos da Shell,quer neste país, quer na Suazilândia e na Gâm-bia, por umvalor total de 55milhões de dólares.Aaguardarmelhoresdias, estáoprojectodeex-ploração de petróleo da área 4 na Bacia doRovuma, uma concessão que é controlada coma ENI (70%) e da qual a Galp possui uma posi-çãominoritária (10%).Oprazo de exploração desta área, que está divi-dido em três períodos, está previsto expirar emFevereirode 2015.A Galp garante que os compromissos obrigató-rios da primeira fase de exploração foram cum-pridos na totalidade, tendo sido realizados 1.047quilómetros quadrados de sísmica 3D e 2.320quilómetros de sísmica 2D. Estudos que permi-tirão avaliar o potencial comercial deste blocopetrolífero. Para 2010, encontra-se previsto umanova campanha sísmica de 3D (1.200 quilóme-tros quadrados). A perfuração do primeiropoçoestáprogramadapara 2011.Além da distribuição de combustíveis e da ex-ploraçãodepetróleo, aGalpapostaaindanone-gócio do biocombustíveis em Moçambique,ondeestá adarosprimeirospassos. ■A.M.G.

Apetrolífera aposta tambémna exploração de crude.

Galp reforçadistribuição decombustíveis

Moçambique serve aindade plataforma de acçãopara alguns dos países vizinhos,como é o caso da Suazilândia.

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Agora, Lisboa procura alienar os restantes 15%queaindamantémsob sua alçada.Entre os alvos seleccionados pelo Governo por-tuguês esteva também a EDP que, ao contrárioda REN, acabaria não hesitou em afirmar queesta regiãodoglobonãose inserena suaestraté-gia de crescimento para os anosmais próximos.Considerada desde 1969, ano do arranque dasua construção, a quarta maior albufeira deÁfrica (depois de Assuão, Volta e Kariba), Ca-hora Bassa é a principal central hidroeléctricade Moçambique, com capacidade superior adoismilmegawatts (MW).Noentanto, apenas uma ínfimaparte da electri-cidade produzida emCahora Bassa fica em ter-ritório da ex-colónia portuguesa, perto de250MW. A África do Sul absorve 1100MW e oZimbabué 400MW. Em curso estão negocia-çõesparaoabastecimentodoMalawi.Administrada pela Hidroeléctrica de CahoraBassa, umaempresaquedesdea independênciado país e até 2006 foi detida conjuntamente pe-los estados moçambicano (18%) e português(82%) até 2006, data em que mudaria a sua es-trutura accionista, passou Portugal a ter umpesocadavezmenor.■

XVIII DiárioEconómico Quarta-feira28Abril2010

MOÇAMBIQUENA MIRA DASOPERADORAS

■O lançamento doconcurso para a terceiralicençamóvel emMoçambique é aoportunidade que aPortugal Telecomaguardava para crescer emÁfrica, depois de tentativasfalhadas empaíses como oQuénia, Gana eMali. Aoperadora liderada porZeinal Bava deveráapresentar até 6 de Julhouma proposta no concursolançado pelo Executivomoçambicano.

PT a postos para entraremMoçambique

■Aoperadora dona da TVCabo, liderada por RodrigoCosta, estabeleceu umaparceria coma empresáriaangolana Isabel dosSantos. A parceriaarrancou comuma ofertade ‘pay-tv’ emAngola eprepara-se para entrar emnovosmercados docontinente, entre os quaisdeverá estarMoçambique.Até porque o satéliteutilizado emAngola cobreMoçambique.

Zon procura novasoportunidades emÁfrica

A partir do final de Maio os CTT vão passar ater actividade de distribuição postal em Mo-çambique. Os Correios assinaram uma parce-ria com o homólogo moçambicano, criandouma ‘joint-venture’ para a prestação deste ser-viço. O investimento rondou o milhão de eu-ros e Estanislau da Mata Costa, presidente daempresa, estima ter o retorno entre três a qua-tro anos.“Vamos ter cobertura em todo o território,nalgumas zonas com as lojas dos Correios Ex-presso de Moçambique e noutras provínciasutilizando a rede dos correios de Moçambi-que, com acordos comerciais para a prestaçãode serviços”, esclarece, referindo que a expec-tativa de receitas está relacionada com o cres-cimento do país, que tem sido muito acelera-do.“Estamos num mercado onde consideramosque a nossa empresa vai ter um grande cresci-mento. A área de expresso é coberta pelas em-presas públicas dos outros países, como aDHL,que tem uma quota de mercado significativa eque comesta parceria entre osCorreios deMo-çambique e nós achamos que vamos crescer deforma significativa”, disse o presidente do gru-poaoDiárioEconómico.Além da criação desta nova empresa, os CTTjá têm implementada, desde 2005, a Payshop:uma forma de pagamento electrónico de con-tas domésticas ou factura do telemóvel, em ta-bacarias, papelarias, correios e outros parcei-ros. ■C.S.

CTT arrancamcom empresaemMaio

PaulaNunes

OsCTT assinaram com a congénere de Moçambique aformalização da criação da empresa Correios Expressode Moçambique, SA.

[email protected]

Omercado moçambicano está na mira das duasmaiores operadoras nacionais de telecomunica-ções, a PTe aZon.As duas empresas estão nestemomento a estudar a entrada em Moçambique,umpaís africanoonde, tal comoaconteceemAn-gola e no Brasil, os laços culturais e linguísticosprometemabrir portas à realizaçãodenegócios eaoestabelecimentodeparcerias.Actualmente, as duas operadoras de telecomuni-cações, lideradas por Zeinal Bava (PT) eRodrigoCosta(Zon), jáestãopresentesnocontinenteafri-cano. A PT tem participações em operadoras deAngola (Unitel), Cabo Verde (CVT) e Namíbia(MTC), não escondendo o desejo de entrar emnovosmercadosdocontinente.Aoperadora lide-rada por Zeinal Bava tem vindo, aliás, a fazer vá-riastentativasfalhadasparacresceremÁfrica,empaíses como oGana, o Quénia e oMali. Já a Zondeu início, recentemente, à suaentradanomerca-doangolanodetelevisãoporsubscrição(’pay-tv’)viasatélite, atravésdeumaparceriacomaempre-sáriaIsabeldosSantos.

PTponderacandidaturaalicençamóvelO lançamento do concurso para uma terceira li-cença móvel em Moçambique, que foi recente-mente anunciado pelo Executivo deMaputo, de-verá ser a oportunidadeque aPTaguardavaparaentrar em força naquele mercado. O Diário Eco-nómicosabequeaPTestá aprepararumacandi-datura à nova licença moçambicana, em linha,aliás, comoque a gestão da empresa temafirma-do nos últimosmeses, a respeito de aproveitar asoportunidades que surjam emÁfrica. No entan-to,nãoháaindaumadecisãofinalsobreoassunto.O concurso internacional para a atribuição deumanovalicençamóvelfoianunciadoa5deAbrilpelo Governo de Moçambique, terminando oprazo para apresentação de propostas a 6 de Ju-lho. Terminado este prazo, o Governo lideradopor Armando Guebuza terá outros 60 dias parafazer aavaliaçãodaspropostaseescolher aofertavencedora.Após ser conhecido, o vencedor poderá começara operar em Moçambique no prazo de 30 dias,não podendo deixar passar mais de um ano paraarrancar com a sua oferta comercial, estando-lhedestinadooprefixodenumeração86.Seganharoconcurso,aPTterádeinvestir 18,5mi-lhões de eurosna aquisiçãoda licençamóvel, umvaloraqueacrescemosgastoscomequipamento,marketing, contratação de pessoal e aquisição deedifícioseoutrosactivos.Conseguindo esta nova licença emMoçambique,aPTconseguiria finalmentequebraroimpassenasuaestratégiadecrescimentoemÁfrica,umconti-nenteondenãoconseguiuaumentaroseuportfó-lio, desde a criaçãodaHoldingAfricana, em2007,emparceriacomofundonigerianoHelios.Contactada pelo Diário Económico, fonte oficialdaPTnãoquis fazercomentários.

Zonestudaofertade‘pay-tv’emMoçambiqueTambémaZonMultimedia,empresalideradaporRodrigo Costa, está interessada nomercadomo-çambicano,masnestecasooqueestáemcimadamesaéo lançamentodeumaofertade ‘pay-tv’ se-melhante àque foi recentemente lançadaemAn-gola.Atéporqueosatélitek-7,queéutilizadoparatransmitir conteúdos para Angola, cobre igual-mente o resto da África Austral, incluindo Mo-çambique.

E tal como em Angola, a entrada da operadoradonadaTVCaboemMoçambiquedeverá ter lu-gar através da parceria com Isabel dos Santos,conformeafirmouopresidentedaZonnofinaldeDezembro do ano passado. Em conferência deimprensa, Rodrigo Costa afirmou que a parceriapoderá ser apenasoprimeirodeváriosprojectos em comum, uma vez que a ‘joint-ven-ture’ - que é detida 70% por Isabel dos Santos ea 30% pela Zon - poderá avançar com investi-mentos emoutrospaíses africanos.“Não estamos próximos de adquirir nada, masestamosàprocuradeoportunidades emmerca-dos com rápido crescimento”, afirmou o gestor,durante um encontro com jornalistas, aquandodo anúncio da parceria coma empresária ango-lana.“Neste momento o foco está nos países lusófo-nos,mas podemos ter outras oportunidades emÁfrica”, disse ainda o presidente da Zon, acres-centandoqueoobjectivoserá “replicaromode-lo de negócio da Zon, quer no satélite, quer nocabo”, acrescentou Rodrigo Costa, durante omesmo encontro com a empresa. ContactadapeloDiárioEconómico, fonteoficial daZonnãoquis fazer comentários. ■

ASDUASPRINCIPAIS operadoras de telecomunicaçõesportuguesas preparam-se para crescer emMoçambique.

PT e Zon apontam‘antenas’paraMoçambique

A Portugal Telecom deveráapresentar uma proposta paraa nova licençamóvel emMoçambique, ao passo que a Zonpoderá lançar uma oferta de ‘pay-tv’ semelhante à que arrancou emAngola.

Quarta-feira28Abril2010 DiárioEconómico XIX

A Portucel, de Pedro Queiroz Pereira, poderáem breve transformar-se no maior investidorportuguês emMoçambique. A empresa de pas-ta e papel confirmou, durante a visita oficial deJosé Sócrates a Maputo, em Março, que está aestudar um investimento de 2,3 mil milhões dedólares (1,7 mil milhões de euros) a aplicar até20025.

De acordo comPedroMoura, administrador daPortucel Moçambique, empresa criado no finalde 2009, esta verba implica um investimento de550milhõesdedólaresnaárea florestal e 1,75milmilhões na área industrial.Umavez concretiza-do este investimento, a empresa estima conti-nuar a investir anualmente em Moçambiquecercade48milhõesdedólares.Para já, a Portucel tem autorização para utilizaruma área de 173.327 hectares na zona Provínciada Zambézia e é esperado o alargamento damesma autorização a mais 220 mil hecatres emManica. A empresa estima que “em ano cruzei-ro o projecto fará crescer as exportações mo-çambicanas em 800 milhões de dólares [586,6milhões de euros]”, afirmou recentemente fon-tedaPortucel aoDiárioEconómico.O financiamento do projecto, que neste mo-mento aguarda um conjunto de autorizaçõespor parte do governo moçambicano, “será ne-gociado ao longo deste ano”, sobretudo cominstituições de referência como o Banco Mun-dial, Banco Europeu de Investimento e BancoAfricanodeDesenvolvimento.A construção de uma fábrica de pasta de papeltornará Moçambique um dos maiores fornece-dores de África deste produto e criará 7.500postos de trabalho directos, de acordo com de-clarações de Pedro Moura, durante a visita ofi-cial de Sócrates. Segundo o responsável, a em-presa está já em fase de ensaios e pretende pro-duzir 30 milhões de plantas por ano. Vai tam-bémabrir ou revitalizar trêsmil quilómetros decaminhos florestais. Com este investimento, aPortucel vai ainda abrir o capital da sua empre-sa em Moçambique para parceiros locais, quepoderão ficar comaté 30%daempresa.AlémdaPortucel,Moçambique recebeaindaosinvestimentos industriais daFerpinta edaCofa-co. No caso da Ferpinta, a empresa de cariz fa-miliar do sector da siderurgia entrou naquelemercado africano em 1998, por via da aquisiçãode uma fábrica, operação concretizada duranteum proceso de privatização. Focado no fabricoos tubos de aço e as alfaias agrícolas, a empresacontrola actualmente duas fábricas naquelepaís africano. Está ainda presente no sector daagro-pecuária. ■

Empresaestuda investimentode 1,7milmilhões.

Portucelquer sermaiorinvestidor

Investimento da Portucel serápara aplicar até 2025 e prometecriar 7.500 postos de trabalhoemMoçambique.

A Ongoing, grupo proprietário do Diário Eco-nómico, assinouemFevereiroumacordocomogrupodecomunicação social Soico, permitindoassim à empresa liderada por Nuno Vasconcel-los, parcerias na área da televisão, rádio, jornais,Internet e ‘mobile TV’. A participação da On-going no capital das empresas do grupo mo-çambicano definiu-se como uma forma de con-tribuir para que a Soico se reforce no território,equeacompanheaOngoingnopropósitode in-ternacionalização. Já a SIC, grupo liderado forFrancisco Pinto Balsemão, está no territóriodesde Julho de 2000, quando a SIC Internacio-nal começou a transmitir para Moçambiqueatravés da plataforma DTH Multichoice. Maistarde a cobertura foi alargada para o cabo, comaTVCaboMoçambique.Ocanal denotíciasdogrupo, Sic Notícias, arrancou em 2003 atravésdos mesmos operadores e contam já, no seuconjunto, com 125mil espectadores.Umcanal de televisão em territóriomoçambica-no requer, na generalidade dos casos, três tiposde investimento diferentes: além dos conteúdos,há ainda a aquisição dos direitos e de transportede sinais. Já a cargo da RTP, e no âmbito da suamissão de serviço público definido pelo Estado,oscanaisderádioetelevisãoemitemparaoterri-tórioMoçambicanodesdeosanos90.Apesar de o sector financeiro ser líder em pre-sença, empresas como SIC, RTP, Ongoing, Sol,ouagênciascomoaCunhaVazeAssociadosga-rantem cada vez mais uma posição preponde-ranteno território.■R.V.

País é palcode negóciosemMedia

JoãoPaulo

Dias

OgrupoOngoing, liderado por NunoVasconcellosestabeleceu acordo com o grupo Soico para reforça aaposta na internacionalização.

As duas principais editoras nacionais, Leya ePorto Editora, estão presentes emMoçambiqueatravés das edições Ndjira e da Plural, respecti-vamente. A grande aposta tem sido o mercadoescolar, uma vez que se trata de um país de lín-guaportuguesa e comumapopulaçãomuito jo-vem. As vendas de livros escolares sempre re-presentaram, de resto, uma importante fatia dototal de exportações portuguesas paraMoçam-bique. Até 2008, este mercado africano de lín-gua portuguesa foi mesmo o principal destinodas exportaçõesde livrosnacionais.Noentanto, avidanão temsido fácil paraasedi-toras portuguesas emMoçambique. EmMarçode 2008, aquandoda visita doPresidente daRe-pública, Cavaco Silva, àquele país da ÁfricaAustral, foi anunciado que as editoras portu-guesas foramultrapassadasporumgrupobritâ-nico (MacGraw-Hill), numconcurso para o for-necimento de livros escolares na língua de Ca-mões, devido à alteração das regras destes con-tratospúblicos.Mas as empresas portuguesas estão tambémpresentes de outras formas que lhes permitemexercer alguma influêncianavidacultural local.Em 2009, o grupo liderado por Miguel Pais doAmaral atribuiu o prémio Leya de literatura aoescritor moçambicano João Paulo Borges Coe-lho, pela romance histórico “O Olho de Hert-zog”, numa cerimónia que contou com a pre-sença do primeiro-ministro José Sócrates, dopolítico-poeta Manuel Alegre e do presidenteMoçambicanoArmandoGuebuza.■F.A.

Ummercadovital para aseditoras

PauloAlexandre

Coelho

As editoras querem apostar emMoçambique e a Leyainstituiu um Prémio com o objectivo incentivar aprodução de obras escritores de língua portuguesa,

XX DiárioEconómico Quarta-feira28Abril2010

JayantaShaw

/Reuters

Ogoverno criou recentemente o Instituto para Promoção dasPequenas e Médias Empresas que tutela o Centro de Orientação aoEmpresário de Moçambique.

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A atracção dos investidores estrangeiros porMoçambique deve-se sobretudo às riquezasdos recursos naturais, à política de incentivos eàs oportunidades de negócio decorrentes doclima de estabilidade e crescimento do país,apósduasdécadasdeguerra.

1Qual amelhor região para investir?Onorte do país temmaior potencial para atrairinvestimento estrangeiro, tendo por isso, aco-lhido o Gabinete das Zonas Económicas deDesenvolvimento Acelerado. O Ministério daIndústria simplificou os processos para registare abrir umaempresa eparaobter licenças.

2Leis simplificadasO Ministério das Finanças simplificou o paga-mentode impostos. Já oMinistério doTrabalhoimplementou uma nova lei de trabalho que dáquota automática para contratar mão-de-obraestrangeira emelhorar o sistema da compensa-çãoaquandodademissãodeumtrabalhador.

3Qual o primeiro passoadar?Uma empresa que queira entrar emMoçambi-que, deve, em primeiro lugar, contactar o Go-verno, nomeadamente o Centro de Promoçãode Investimento (CPI), que dará sugestões dasmelhores zonas e sectores a investir, e apoiaráemtermos legais. É tambémimportanteconsul-

tar um advogado e trabalhar com uma empresanacionalpara seassegurarqueestá acumprir asleis. O novo Código Comercial (decreto-lei nº2/2005, de 27 deDezembro), simplificou os pro-cedimentos.

4Comoregistar a empresa?NaConservatória do Registo de Pessoas Jurídi-cas, deve apresentar a empresa, a sua actividadee o sector onde irá actuar, e informar do valordo investimento, para que seja feita a reserva donome. O valor mínimo de investimento paraacesso a garantia e benefícios fiscais é de 50mildólarespara investimentoestrangeirodirecto.

5Abrir conta bancáriaUma fase determinante em todo o processo é aabertura de uma conta bancária para fins de de-pósito do capital social. Para tal, é preciso apre-sentar cópia autenticada do certificado de re-serva do nome da empresa, entre outros docu-mentos.Depois é formalizar a inscrição.

6Registo fiscalDepois de legalmente registada e a publicaçãodos estatutos publicada noDiárioOficial, a em-presa deve pedir um registo fiscal, o respectivonúmero de registo de impostos (NUIT), e as li-cenças de funcionamento das entidades res-ponsáveis pela área das actividades de negócio.

7Quais osmelhores sectores para investir?Todos os sectores são atractivos, mas actual-mente, o que regista maior investimento é oagrícola, seguido do turismo e dos recursosmi-nerais e energia. Commenos investidores, mascom margem de crescimento está o sector dostransportes e comunicações.

8Qual a zonacommaior IDE?Aprovíncia commais investimento estrangeiroaprovado pelo CPI é Maputo, logo seguida daprovínciadeTeteedaprovínciadeSofala.Tam-bémaprovincia deManica temganho interesseparapotenciais investidores.

9Factores produtivosA logística, a energia e as telecomunicações sãoalguns dos factores chave com custos relativa-mente elevados. Quanto à mão-de-obra, sendobarata, tem produtividades muito baixas e pou-caqualificaçãoprofissional.

10Outras informaçõesúteisUm euro equivale a cerca de 44 meticais mo-çambicanos e os bancos e as casas de câmbioestão preparados para efectuar transacções dasprincipaismoedas estrangeiras. São aceites car-tões de crédito e os bancos possuem, nos prin-cipais centrosurbanos,máquinasATM. ■

AGRICULTURAÉOSECTORmais atractivo, seguido do turismo, recursosmineraise energia. Mas o dos transportes e telecomunicações tambémestá a crescer.

Conheça os dez passospara investir emMoçambique

Quarta-feira28Abril2010 DiárioEconómico XXI

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LígiaSimõ[email protected]

O investidor estrangeiro depara-se, actualmen-te em Moçambique, com um cenário maisatractivo e propiciador de vários benefícios fis-cais e de investimento nas áreas que apresen-tem maiores potencialidades para a realizaçãodenegócios.Em geral, a Lei de Investimento e o novo Códi-go dos Benefícios Fiscais (CBF) moçambicano,que entraram em vigor no início de 2009, asse-guram ao investimento directo estrangeiro(IDE) várias isenções aduaneiras, contribuindopara que opaís se tenha tornadonumdos desti-nos de excelência para o investimento no con-texto africano.Umdosmeios para atingir o principal objecti-vo da estratégia geral de desenvolvimento deMoçambique, tem sido a reforma estruturalda política fiscal do país, mais adequada aosdesafios, nomeadamente o aumento da recei-ta fiscal e a criação de condições atractivaspara o IDE.O novo CBF é aqui um instrumento essencialque garante benefícios genéricos como isençãode direitos de importação e IVA sobre bens deequipamento, crédito fiscal de 5% por investi-mento, amortização acelerada de imóveis no-vos ou reabilitados, bem como a dedução àma-téria colectável dos custos com novas tecnolo-gias e formação profissional demoçambicanos.Acrescem ainda benefícios específicos comoreduções de taxas de imposto sobre pessoas co-

lectivas em investimentos realizados na criaçãode infra-estruturas.

Formasde tributaçãoAs duas formas de tributação directa de âmbi-to nacional são o Imposto sobre oRendimentodas Pessoas Singulares (IRPS) e o Imposto so-bre o Rendimento das Pessoas Colectivas

(IPRC), ambos em vigor desde Janeiro de2003.As sociedades não residentes, com estabeleci-mento estável, são tributadas em sede do mes-mo imposto. A taxa geral de IRPC prevista é de32%, e aplica-se uma taxa reduzida de 10%, até2010, às actividades agrícola e pecuária. Aplica-se, ainda, a taxa liberatóriade 20%todosos ren-dimentos empresariais e profissionais, sujeitosa retençãona fonte.O CBF prevê ainda que investimentos em no-vos projectos ou na reabilitação de projectosexistentes, mas que se encontrem inactivos, be-neficiamdeuma reduçãodas taxas de IRPCemcerca de 50%durante operíodonecessário à re-cuperação do investimento realizado, o qualnão poderá exceder 10 anos. Para os investi-mentosnasprovínciasdeNiassa,CaboDelgadoeTete, a reduçãoéde80%.Findooperíododestas reduçõesdacargado im-posto, são garantidos benefícios adicionais, quepoderão variar de acordo com a localização doprojecto emcausa (reduçãode 50%para investi-mentos emCaboDelgado,Niassa eTete, duran-te seis anos; de 40%, por três anos, emManica,Nampula, Sofala e Zambézia; e de 25% noutrasprovíncias fora das capitais regionais). Duranteum período de cinco anos, uma amortizaçãoimediata de 100% é permitida para aqueles in-vestimentos em nova tecnologia e nas obras deconstruçãocivil ede infra-estruturasagrícolas.■

Novo Código Fiscal impulsiona investimento

São garantidos aos investidoresincentivos fiscais e aduaneiros,bem como incentivos relacionadoscom a repatriação de capitalinvestido e lucros obtidos.

Novas regras em vigor asseguram redução de imposto na criação de infra-estruturas.

XXII DiárioEconómico Quarta-feira28Abril2010

[email protected]

Obairro daMafalala, cujo nome fica a dever-seà dançamacua “Li-Fa-La-La”, na antiga Louren-ço Marques, actual Maputo, ficou para trás. Aliviveramgrandesnomesdacultura (opoeta JoséCraveirinha) edapolítica (ex-presidentes comoSamora Machel e Joaquim Chissano, o primei-ro-ministro Pascal Mocumbi). Há muitos anos,foi nessas ruas que começaramMatateu, Colu-na, Eusébio,Vicente,Hilário, nomesquemarca-ram o futebol português vindos de Moçambi-que quando palavras como império, colónias eultramar ainda entravam no quotidiano. Osseus nomes estão ligados a tardes inesquecíveispara quem os viu jogar, feitos ainda não iguala-dos, cadeias de admiração que perduram noMundo e namemória: o futebol foi umdos elosmais fortes da ligação entreMoçambique ePor-tugal, mas os tempos mudaram e são cada vezmenos os jogadores moçambicanos que che-gamàantigametrópole.O central Mexer, de 22 anos, chegado no Inver-no passado ao Sporting e com origem no Des-portivo de Maputo, é uma das raras excepçõescomoo foi Paíto, o esquerdinoque já deixouAl-valade. Outro caso, este no hóquei em patins, é

o do jovem Filipe Romero, de 12 anos, que veiofazer testes emMarço do ano passado, estandoem estudo outras parcerias que o Sporting nãoconsidera “ser o momento oportuno” para di-vulgar. Agora são mais os treinadores a fazer opercurso contrário comoacabade suceder comDavid Nascimento, português de origem cabo-verdiana que assumiu o cargo de seleccionador,sucedendo ao holandêsMartinNooij.. “Não es-tamos a aproveitar o grande potencial que exis-te em Moçambique”, reconhece Litos, actualtécnico do Portimonense que orientou oMaxa-quene, antigo Sporting de Lourenço Marques.“Foi essa ligação que me levou para lá e o Mo-çambola, campeonato local, está a crescer, ape-sar das lacunas de infra-estruturas: há enormeeuforia, os campos estão quase sempre cheioscom 3/4 mil adeptos entusiásticos e continuama adorar o futebol português: esperam ansiosos

pelo fim-de-semana para seguirem os jogos decá”, conta.O professor Neca, agora responsável pelo Esto-ril, também teve experiência emMoçambique -LigaMuçulmana - e acentua: “Amais forte liga-ção que Portugal mantém comÁfrica é atravésdo futebol, mas os laços com oMaxaquene e oCosta do Sol [que nasceu a 15 de Outubro de1955 comoSport LourençoMarques eBenfica esó deixou de o ser em 1981, por determinaçãogovernamental do partido no poder, a Frelimo]estão diluídos. Existe um núcleo do Sporting euma casa do FCPorto comboas organizações epoucomaisdoque isso,poisnãosomoscapazesdegerir esses laços fortíssimos.”“Benfica e Sporting têm raízes mais fortes”, su-blinha Litos, “o FC Porto só nos últimos anoscomeçou a estabelecê-las. Dou um exemplo:quando eu treinava o Maxaquene havia numaestância balnear um sportinguista que costu-mava colocar a televisão fora de casa para quepudessem juntar-se outros, sem acesso à SportTV, e assim seguirem juntos os jogos.” Necaacrescenta: “Há muito entusiasmo à volta dosjogos com os grandes, as pessoas vêm para asruas festejar comoseestivessememLisboa.”

A importância doMundialOs antigos jogadores continuammuito respeita-dos e, sempre que visitam Moçambique, a festaacompanha-os. Eusébio temuma escola de joga-dores,CarlosQueiroz,nascidoemNampula, ain-da temfamílianopaís.AntesdorecenteBenfica-Sporting, as conversas eramdominadas, desde ocomeço do dia, pelo jogo: previsões, provoca-ções, anedotas, a colorida rotina a unirMaputo eLisboa, indiferentes aosmilhares de quilómetrosqueasseparam.Semrivalidadesecomacentotó-nico no respeito. Só que cada vez menos se falade contratações, protocolos, visitas, transferên-cias, embora numa visita feita há algum tempo opresidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, tenhamencionado ajuda ao Costa do Sol, mas não decariz económico. “O maior apoio que o clubepode tirar do Benfica”, referiu, “excluindo oapoio financeiro, pois estamosenvolvidos emdi-ferentesprojectosparaconsumointerno, ébeberdanossaexperiênciahácercade três anos.”Viei-ra, que consideroumuito interessante o projectode reforço das infra-estruturas doCosta do Sol eatéocomparoucomodoclubedaLuzparaoEu-ro2004, sugeriuaprocuradeparceiroseconómi-cos para a concretização do plano. E, no iníciodeste mês, Vieira mostrou vontade de voltar aÁfrica.Uma nova oportunidade de reforçar a ligaçãochega com oMundial, agendado para a vizinhaÁfrica doSul. Centenas de adeptos estãoprepa-rados para viajar e seguir os jogos do Grupo G,não apenas por causa de Portugal, mas tambémem função de Brasil e Costa doMarfim, três se-lecçõesmuito apreciadas pelosmoçambicanos,admiradores deRonaldo,Kaká eDrogba.A8deJunho, em Joanesburgo, Portugal defronta Mo-çambique num jogo particular que servirácomo festa lusófona. “Há uns anos, quando metreinou no Lusitanos de Saint-Maur,Manuel deOliveira dizia que o futuro está emÁfrica. Temrazão.Nós é que não o entendemos no futebol”,critica Litos. A histórica ligação está a perder-se. E logoapartir deLisboa. ■

FUTEBOLElo de ligaçãomuito forte entre os países,entrou emperda com a diminuição de chegadas.

Entre EusébioeMexer a distâncianão temmedida

Agora sãomais os treinadoresa fazer o percurso contrário comoacaba de suceder comDavidNascimento, português de origemcabo-verdiana que assumiu ocargo de seleccionador emMoçambique, substituindo nocargo o holandêsMartin Nooij.

Eusébio é omais emblemáticorepresentante da ligação entreo futebol português e omoçambicano, mas outrosjogadores estão a surgir.

■ MEXERO central de 22 anoschegou ao Sporting noúltimo Inverno.

200mileuros

Quarta-feira28Abril2010 DiárioEconómico XXIII

ReutersPhotographer/Reuters

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HiláriodaConceição,de71 anos, foi o lateral-es-querdo do Sporting na excepcional campanhaque culminou com a conquista da Taça das Ta-ças em 1964 e, dois anos depois, entrou para ahistóriado futebolportuguês tambémcomode-fesa da selecção nacional que ficou em 3º noMundial de Inglaterra. Ex-seleccionador mo-çambicano, lembra o conhecimento que travoucom o presidente do país quando orientou oFerroviário de Maputo e diz que a vocação dePortugal para lidar comÁfrica “já nãoexiste”.

Quando trocou Moçambique por Portugal, em1958, veio encontrar uma realidade muito dife-rente. Isso surpreendeu-o?Sim. Tínhamos muitas carências, jogávamosdescalços na rua com uma bola feita de meiasoudeborracha.Vir paraPortugal era sair deumfosso, porqueéramos sete irmãos e asdificulda-des económicas e sociais muito grandes. Alémdisso, amaltamoçambicana sabia que o futebolpodia ser uma espécie de tábua de salvação:MárioWilson,Coluna,MatateuouVicente, quechegaram antes de mim, eram exemplos disso.A ideia era fazer contrato com um grande e foiisso que fiz, trocando o então Sporting de Lou-renço Marques, actual Maxaquene, pelo Spor-ting. Era a lei da sobrevivência.

Na chegada a Lisboa ficou deslumbrado com anova realidade?Era um miúdo com 19 anos e, depois de umaviagem de quase 10 horas de avião, algo quenunca tinha feito, chegar a Lisboa e estar nasprimeiras páginas dos jornais e na televisão fa-zia-me impressão.Mas tive ajudadoOctávio deSá, pai de Rogério de Sá, um dos adjuntos deCarlos Queiroz, que fez a viagem comigo e jáera guarda-redes cá. Opoeta José Craveirinha,que era como nosso pai, porque andava pelobairrodaMafalala a impedir-nosdecometer er-ros e a incentivar-nos para que praticássemosdesporto, quis que viesse para o Benfica, maseu, ao contráriodoEusébio, não fui desviado...

Costuma dizer-se que Portugal tem uma voca-ção especial para se relacionar comÁfrica. Con-corda?Teve até àdescolonização; depois, tornou-se de-masiadoeuropeueessavocação jánãoexiste.

Perdeu-se a ligação que havia entre o futebolportuguês e omoçambicano, passando a chegarmuito menos jogadores do que antes. Em suaopinião, esse relacionamento perdeu-se a partirde Portugal? E que factores explicam esta reali-dade?Por estranho que possa parecer, o grande pro-blema em África chama-se profissionalismo,porque os jogadores não fazem a mínima ideiado que esse estatuto implica. No meu tempo, oclube proporcionava ainda um emprego. Agorajogam e não têm qualquer conhecimento doque é ser profissional. Porquê? Porque não têmformaçãopara isso epensoque foi a formação aafastar Portugal de Moçambique. Além de An-gola e de poucos outros países africanos, nãoexiste poder económico suficiente para melho-rar o futebolmoçambicano.

De Portugal têm saído alguns treinadores paratrabalhar emMoçambique...A minha convicção é que se trata de casos emque os técnicos necessitavam de trabalhar, poisnão acredito que o valor dos salários compen-sasse. Por exemplo, se fosse com Manuel José,que esteve a trabalhar até há pouco tempocomoseleccionador emAngola, não iria.

Acredita que o Campeonato do Mundo na Áfri-ca do Sul pode servir como forma de reaproxi-mação?CarlosQueiroz temmuitas vantagens, pois nas-ceu emMoçambique e já foi seleccionador dossul-africanos, portanto só lhe falta pedir quehaja uma bandeira de Portugal em cada janeladoMaputo, comofezScolari duranteoEuropeude 2004 por cá [risos]. É um filho da casa e terámuitos apoios, mas tenho dúvidas sobre a rea-proximação. Acredito, por outro lado, que Por-tugal pode chegar à final. E, embora adore Mo-çambique, não sei a letra do hino, nem me dizseja o que for, enquanto o de Portugal diz-memuito.

Os planos do Sporting para internacionalizar aAcademia não poderiam constituir outro elo deligação?Não estou a trabalhar para o Sporting e desco-nheço se têm planos para instalar uma Acade-mia em Moçambique, embora pense que essaseriaumaboa ideia. Pela formacomotêmplani-

ficado a formação à escala mundial, creio queisso seria possível, embora seja uma questãoquemeescapa.

Foi seleccionador de Moçambique, treinou clu-bes comooFerroviárioouoMaxaqueneeMárioColuna, seu companheiro na selecção em 1966,presidiu à Federação. Como avalia o seu traba-lho?Foi importante, mas trabalhar em África, semorganização nem fundos, causa grandes dificul-dades. Nunca esqueci uma frase queme disse oex-presidente SamoraMachel: “As batalhas e asguerras não se ganham no terreno e sim na or-ganização.”

Se tivesse oportunidadede falar comopresiden-teGuebuza, oque lhediria?Agradecia por me ter ajudado quando era di-rector-geral dos caminhos de ferro e eu técnicodo Ferroviário e dava-lhe os parabéns por tersido eleito. Não visito Moçambique desde quelá estive a convite do então presidente portu-guês, Jorge Sampaio,mas gostaria de lá voltar. Eestou sempre a receber telefonemas de amigosque seguem os jogos de cá pela televisão paradepoisme falaremdos resultados... ■

“Foi a formação que afastouPortugal deMoçambique”

ENTREVISTAHILÁRIO, Vencedor da Taça das Taças eMagriço

“Carlos Queiroz temmuitasvantagens, pois nasceu emMoçambique e já foiseleccionador dos sul-africanos,portanto só lhe falta pedir quehaja uma bandeira em cadajanela nas casas doMaputo,como fez Scolari durante oEuropeu de 2004 em Portugal.”

Antigo seleccionadormoçambicano elogia Queiroz.

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