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DESENVOLVIMENTO COMISSÃO EUROPEIA DE 123 JUNHO 2004 Moçambique reconstruir uma nação africana 20 anos da cooperação Moçambique – União Europeia

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COMISSÃOEUROPEIA

DE 123

JUNHO 2004

Moçambique reconstruir uma nação africana20 anos da cooperação Moçambique – União Europeia

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Publicado em inglês e português pela Direcção-Geral do Desenvolvimento da Comissão Europeia.

Autorizada a utilização deste texto, parcial ou totalmente, desde que seja mencionada a fonte.

© Comissão Europeia, 2004ISBN: 92-894-7647-8

Consultor: Luc DumoulinConcepção/produção: Mostra Communication© Fotografias: : DG DEV, Panos (cover, páginas 3, 5, 6, 7, 8, 10, 12)

Impresso na Bélgica, Junho de 2004

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2004 marca 20 anos do percurso da cooperação entreMoçambique e a UE. No momento em que se celebraeste aniversário, faz-se igualmente um balançopositivo desta cooperação, a considerar pelo impactoregistado no desenvolvimento social e económico de Moçambique.

É de assinalar que mesmo antes da sua adesão à Convenção de Lomé III, logo após a suaindependência, Moçambique já beneficiava de apoiosao abrigo da cooperação financeira e técnica entre a Comunidade e os Estados não-Associados.

A cooperação ganha ímpeto com adesão deMoçambique à Convenção de Lomé III, em 8 de Dezembro de 1984, tornando-se maisestruturada, facto que lhe conferiu uma melhorqualidade. A cooperação entre Moçambique e aComunidade através dos diversos instrumentosfinanceiros das várias Convenções de Lomé e doAcordo de Cotonou tem-se orientado para sectoresfundamentais para o desenvolvimento social eeconómico do país, nomeadamente: infraestruturasde transportes, apoio à balança-de-pagamentos,apoio macroeconómico, desenvolvimento rural,agricultura e segurança alimentar, saúde, boa-governação e democracia.

É neste contexto que a cooperação entre Moçambiquee a Comunidade, no quadro da nova parceria fundadano Acordo de Cotonou, afigura-se como uminstrumento importante para a prossecução doobjectivo fundamental do Governo e do Povomoçambicanos, visando a redução e a eradicação daPobreza, cuja estratégia está concebida no Plano deAcção para a Redução da Pobreza (PARPA) ereflectida na Agenda 2025.

Dra. Frances Rodrigues, S.E. Vice Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Ordenadora Nacional do FED

A cooperação entre a União Europeia e Moçambiquecumpre 20 anos em 2004, no quadro de Lomé,actualmente a Convenção de Cotonu. Esta cooperaçãotem diversas vertentes, nomeadamente o diálogopolítico, o comércio e a cooperação para odesenvolvimento, esta última assente no FundoEuropeu de Desenvolvimento.

Existem ainda outros instrumentos para a ajuda aMoçambique, através do orçamento da União Europeia,em particular no domínio da segurança alimentar,democracia e direitos humanos, ambiente, etc. O Banco Europeu de Investimentos é também muitoactivo em Moçambique, o país ACP actualmente commaior carteira de investimentos.

A Comissão Europeia é o maior parceiro decooperação em Moçambique tendo até à dataexecutado um acumulado de mais de 1.500 milhões de Euros, com fundos do FED, do BEI e do seu próprio orçamento.

No estádio actual de desenvolvimento de Moçambiquea Comissão Europeia considera a ajuda orçamentalcomo uma forma muito apropriada de ajudar o país aatingir esse objectivo fundamental que é a redução dapobreza. A Comissão Europeia é o maior doador entreo grupo de doadores para o apoio orçamental.

Mas queremos fazer mais, sobretudo no cumprimentodo objectivo principal de redução da pobreza. A UniãoEuropeia e os Países ACP partilham a opinião de que amelhor estratégia neste contexto é a sua integração naeconomia mundial nas melhores condições possíveis.Deste modo aguardamos com interesse o início dasnegociações com Moçambique, integrado no grupoSADC, o que deverá ocorrer no dia 8 de Julho de 2004.

Sr. José Manuel Pinto Teixeira, Embaixador,Chefe da Delegação da Comissão Europeia em Mozambique 1

20 anos da cooperação Moçambique – UE

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2 0 a n o s d a c o o p e r a ç ã o M o ç a m b i q u e - U E

U m a e s t r a t é g i a p a r a o f u t u r o

Estudo de caso 1: Melhorar os cuidados de saúde na província da Zambézia

O s d e s a f i o s q u e M o ç a m b i q u e e n f r e n t a

T r a b a l h a r e m c o n j u n t o p a r a u m f u t u r o m e l h o r

Estudo de caso 2: Projecto de reabi l i tação da estrada r io Save-Muxungué

Estudo de caso 3: A União Europeia e as eleições em Moçambique

C o n c l u s õ e s e l i ç õ e s a p r e n d i d a s

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Uma estratégia para o futuro

Moçambique é um país que viveu a transição de uma situaçãode assistência de urgência para uma fase de recuperação

do pós-guerra, estando agora a passar por um processo dedesenvolvimento global.” Esta frase extraída do Relatório anual CE-Moçambique relativo a 2003 resume um processo complexoe progressivo que transmite esperança para o futuro do país edo seu povo.

O processo de longo prazo inerente a este esforço já estábastante avançado: os conflitos foram sanados, verificaram-seprogressos significativos na liberalização e abertura daeconomia e Moçambique usufrui actualmente de um nível deestabilidade sem precedentes. Ainda mais importante para oprocesso de desenvolvimento foi a legitimação dos órgãospolíticos de Moçambique através da realização de eleiçõesjustas e efectivas.

O Governo de Moçambique, com o apoio dos seus parceiros, estáa fazer progressos no combate global à pobreza. O PARPA(‘Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta, 2001-2005’) tem como objectivo último reduzir a pobreza de 69,4%,que era o nível de 1997, para menos de 60% em 2005 e menosde 50% em 2010. Os principais objectivos da política económicado Governo, tal como estabelecidos no PARPA, são manter umataxa de crescimento elevada e sustentável orientada para aredução da pobreza, assegurar estabilidade macroeconómica emelhorar o volume e a qualidade dos serviços públicos. Paraimplementar esta estratégia, o PARPA identifica seis áreas deintervenção prioritárias, às quais será afectada 67% da despesapública: os sectores da educação e da saúde, agricultura edesenvolvimento rural, infra-estruturas, boa governação e umagestão macroeconómica e financeira sólida.

O Governo revelou e continua a revelar um grande empen-hamento político na execução do PARPA e os resultadosregistados são em geral positivos, verificando-se tendênciasencorajadoras dos níveis de redução da pobreza. Tal como orecente inquérito às famílias mostrou, a incidência da pobrezadesceu para 54,1%, valor que ultrapassa as metas estabelecidasno PARPA. No âmbito dos sectores prioritários, os objectivos demelhorar os cuidados de saúde e os níveis de educação têm amaior importância (ver estudo de caso 1). ➔

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Melhorar os cuidados de saúde na província da ZambéziaEstudo de caso 1

A província da Zambézia é uma das regiões de Moçambique mais necessitadas deassistência em termos de saúde e do sistema sanitário. Desde 1996 que a CE utilizafundos do FED e financiamentos do orçamento comunitário para apoiar a recuperação dasinfra-estruturas sanitárias e para financiar formação e iniciativas da sociedade civil nocombate ao HIV/SIDA. A primeira iniciativa foi o projecto 7 ACP MOZ 77, Reabilitação doSistema Rural de Saúde, no valor de 22 milhões de euros, que incidiu na recuperação dasinfra-estruturas rurais de saúde. Seguiu-se-lhe o programa 8 ACP MOZ 33, Apoio aoSistema de Saúde, relativo a equipamentos médicos e não médicos no valor de 10 milhõesde euros, a utilizar para equipar as infra-estruturas recuperadas e apoiar a capacidadedas autoridades locais da província. Foram financiados nove projectos a partir doorçamento comunitário, executados por ONG internacionais parceiras da CE (orçamentototal: mais de 5,8 milhões de euros), com objectivos que variam entre medidascomplementares de reabilitação e o desenvolvimento de serviços sanitários e formação dopessoal de saúde, desde o nível central da província até comunidades individuais. Algunsdestes projectos ainda estão a ser executados, mas a situação dos serviços de saúde naZambézia já progrediu extraordinariamente em relação à situação de partida em 1996,como demonstra o facto de a maioria dos indicadores nacionais de saúde básica estarem a melhorar.

Um Centro de Saúde Rural financiado pelo FED na província da Zambézia.

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A realização dos objectivos do PARPA e o combate à pobrezadependem, para a sua eficácia, do empenhamento total e daparticipação da sociedade civil. Para esse fim, o Governo e osseus parceiros criaram, no quadro do PARPA, o Observatório daPobreza, um fórum de natureza consultiva no qual o Governo, asociedade civil e os representantes da comunidade de doadoresestrangeiros podem acompanhar e debater objectivos einiciativas. A segunda reunião plenária deste fórum realizou-serecentemente.

A execução efectiva do PARPA depende em última instância damaior integração dos instrumentos de planeamento existentes,de esforços de monitoria e de avaliação claramente definidos ede uma melhor aplicação aos níveis sectorial e provincial. Todosestes aspectos estão agora a merecer atenção no âmbito doObservatório da Pobreza e de outras instâncias de diálogo entreo Governo e os seus parceiros.

A ‘Agenda 2025’ do Governo de Moçambique, que estabeleceuma estratégia que identifica as principais linhas de orientaçãoconsensuais para o desenvolvimento político, económico, sociale cultural nos próximos anos constitui uma iniciativa louváveldestinada a promover um diálogo inclusivo e participativo quetranscende as barreiras partidárias.

A Comissão Europeia tem acompanhado a execução do PARPAatravés dos seus vários instrumentos de cooperação para odesenvolvimento, com o objectivo de ajudar a manter aestabilidade macroeconómica e política e o fim último dereduzir a pobreza. É essencial uma cooperação estreita econstrutiva entre o Governo de Moçambique, a ComissãoEuropeia e os outros doadores para que este processo de longoprazo tenha todo o êxito. Tal implica confiança e empatia detodas as partes, reconhecendo-se que o objectivo da paz eprosperidade beneficia a todos. .

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Os desafios que Moçambique enfrenta

Para um país mobilizar as energias e os recursos da suapopulação e conseguir elaborar uma visão para um futuro

melhor para essa população, tem de alcançar – como pré-condição intrínseca – coesão e coerência a nível nacional.Embora tenha saído de um passado atormentado pela guerra epor conflitos internos, Moçambique ainda se confronta comexigências internas e dissensões ocasionais que desafiam a suacapacidade de administrar de forma eficaz programas dedesenvolvimento.

Moçambique continua a ser um dos países mais pobres domundo, com um PIB per capita de 210 dólares. Em 1996-1997,69,4% da população vivia abaixo da linha de pobreza. De acordocom dados mais recentes, a incidência da pobreza desceuacentuadamente nos últimos seis anos, em 15%. No entanto, asdisparidades regionais ainda continuam a revelar desequilíbriosimportantes no país no que se refere à incidência da pobreza.

Por outro lado, um estudo da UNICEF de 2003 sobre as criançascom menos de cinco anos revelou uma taxa de 37,6% de atrasode crescimento (altura/idade) e de 4,3% de emagrecimentoextremo (altura/peso). O atraso de crescimento é um indicadorde subnutrição crónica devido à pobreza, à falta de alimentos oua uma dieta desequilibrada, enquanto o emagrecimentoextremo é um indicador de subnutrição grave.

Este desafio é ainda agravado pelo facto de, à semelhança detodos os países da África Austral, Moçambique estarcontaminado pela epidemia do vírus da SIDA (HIV). Calcula-seque 13,6% dos moçambicanos na faixa etária entre os 15 e os 59 anos estão contaminados pelo HIV/SIDA. Registam-se noentanto diferenças regionais significativas quanto à incidênciadeste vírus. A taxa de contaminação mais elevada verifica-se naregião central, com 16,7%, seguida pela região sul, com 14,8%,sendo a taxa de contaminação muito mais baixa no norte, com8,4%. No entanto, com excepção da prevalência da SIDA napopulação adulta, verifica-se uma tendência positiva global emrelação aos dez Objectivos de Desenvolvimento para o Milénio.

Além disso, Moçambique é ainda prejudicado pelo facto de assuas infra-estruturas só funcionarem parcialmente – umsistema rodoviário em mau estado, ligações ferroviáriasdeterioradas e um sistema de abastecimento de electricidadeincompleto. O país tem onze províncias, algumas das quais nãoestão devidamente integradas com outras e muitos produtoresnão têm acesso suficiente a mercados potenciais.

Moçambique enfrenta o desafio de aproveitar melhor a suasituação geográfica. Pelo país passam três corredoresrodoviários e ferroviários, que ligam o centro industrial da Áfricado Sul, bem como outros cinco Estados ‘interiores’ sem acessoao mar (Botswana, Malawi, Suazilândia, Zâmbia e Zimbabué),aos portos moçambicanos do oceano Índico. Possui uma costacom uma extensão de 2 500 km e excelentes possibilidades depesca, mas até ao momento não tem uma guarda costeiraoperacional para combater a pesca ilegal. O país depende ainda

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em grande parte dos recursos hidrícos para além das suasfronteiras, partilhados com os seus vizinhos ao abrigo de umprotocolo no quadro da SADC.

75% da população vive em zonas rurais, tendo como principalfonte de rendimento a agricultura de subsistência. As suaspossibilidades estão actualmente restringidas não apenas pelafalta de acesso aos mercados, mas também pela falta de acessoao crédito rural e a tecnologias adequadas. No entanto, opotencial existe, pois Moçambique possui algumas riquezasnacionais importantes. Entre os seus produtos principaisincluem-se crustáceos, algodão, chá, caju, coco, gado bovino,madeira e minerais.

A acrescentar a tudo isto há os prejuízos causados à agriculturae às infra-estruturas do país pela seca de 2000 e pelasinundações e ciclones de 2000 e 2003. O país tem necessidadede desenvolver uma política fiável de preparação para ascatástrofes, a fim de enfrentar de forma mais eficaz esteselementos impossíveis de evitar.

A reforma da administração pública constitui uma condiçãoprévia para a boa governação e portanto para a execução eficazda estratégia de desenvolvimento nacional. A corrupção aosdiversos níveis da administração é um dos obstáculos a ummelhor desempenho: o combate à corrupção implica maiorhabilitação das pessoas, aumento dos salários, investimento em formação no domínio administrativo e técnico e desen-volvimento de um sistema legal eficiente.

Foi aprovada recentemente uma lei importante para apoiar aluta contra a corrupção no sector público: prevê novasobrigações para os auditores, melhor acesso dos cidadãos àjustiça e maior protecção para as pessoas que denunciaremsituações de corrupção. Mas ainda há muito por fazer. Nestecontexto, a implementação da reforma do sector legal será da maior importância. O aumento da responsabilização e daeficiência da despesa pública, através do melhoramento dosistema de gestão das finanças públicas, constituirá igualmenteum desafio importante.

Em resposta a estes desafios, Moçambique lançou em 2001 umaEstratégia de Reforma do Sector Público, cujas principaisvertentes são o reforço da boa governação, a descentralizaçãoadministrativa, o primado do direito e o aumento da capacidadeinstitucional, tanto a nível central como local. O Governoreconheceu a importância da descentralização e da habilitaçãodo poder local como instrumentos para atingir maior eficiênciano sector público.

Moçambique vai estar assim face a múltiplos desafios nospróximos anos. Entre estes contam-se a necessidade deconsolidar a democracia, de continuar o combate à corrupção ea redução da pobreza absoluta, e de reduzir progressivamente adependência do país em relação aos elevados níveis de ajudaexterna, promovendo o crescimento económico através dadiversificação das exportações e reforçando um ambienteempresarial favorável. .

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Trabalhar em conjunto para um futuro melhor

AComissão Europeia é o parceiro de cooperação maisimportante em Moçambique, tendo concedido desde 1978

até à data mais de 1 700 milhões de euros dos Fundos Europeusde Desenvolvimento, de financiamentos do Banco Europeu deInvestimento e de rubricas orçamentais no quadro da parceriapara o desenvolvimento com Moçambique.

Para além da ajuda alimentar em larga escala concedida nosanos 80 e no início dos anos 90 e após a implementação bemsucedida de três programas plurianuais FED (6º/7º/8º), em 18 de Fevereiro de 2002 a CE e o Governo de Moçambiqueassinaram o “Documento de Estratégia Nacional” e o“Programa Indicativo Nacional de Ajuda da Comunidade para operíodo 2001-2007”, a financiar de forma combinada com baseno 9º FED e no orçamento da CE.

De acordo com as prioridades do PARPA, a estratégia para opaís centra-se em três sectores fulcrais: apoio macro-económico; infra-estruturas de transportes; e segurançaalimentar e agricultura. Outras áreas de intervençãoimportantes na estratégia acordada com Moçambique são asaúde e HIV-SIDA, a boa governação e o apoio a actores nãoestatais. Além disso, Moçambique beneficia de importantesrecursos financeiros a partir do orçamento comunitário,principalmente da rubrica de segurança alimentar, e é o paísACP com maior número de empréstimos do BEI. O montantetotal das operações em curso ascendia em meados de 2004 a500 milhões de euros.

Prevê-se um resultado positivo da revisão intercalar da actualEstratégia de Apoio ao País, sendo necessários recursosadicionais para completar o programa de cooperação nosmesmos sectores fulcrais, até à entrada em vigor do 10º FEDem 2008.

Os resultados conseguidos nos sectores fulcrais são muitopositivos. No sector macroeconómico, a CE foi o maior doadornos últimos anos. O Memorando de Entendimento assinado emAbril de 2004 entre o Governo de Moçambique, a ComissãoEuropeia e os 14 parceiros que fornecem apoio financeiro (G15)mostra a importância deste método de cooperação comoinstrumento de ‘apropriação’ última da assistência para odesenvolvimento, reforçado por um conjunto de indicadoresaprovados e avaliados em conjunto para monitorar odesempenho de forma mais harmonizada e previsível e emconsonância com o ciclo orçamental do Governo.

No que se refere às infra-estruturas, o processo de reformasinstitucionais no sector rodoviário, bem como as actividades derotina e periódicas de conservação e reabilitação de estradas,são apoiadas em conformidade com os objectivos do PARPA (ver estudo de caso 2). ➔

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Estudo de caso 2

O Presidente Joaquim Alberto Chissano e o Chefe da Delegação da CE, J. M. Pinto Teixeira, inauguram a estrada reconstruída.

Em 23 de Dezembro de 2002 a estrada recuperada rio Save-Muxungué, cujas obras foramfinanciadas inteiramente pela União Europeia no quadro do 7º FED (7 ACP MOZ 047), foiinaugurada pelo Presidente da República de Moçambique, Joaquim Alberto Chissano,acompanhado pelo Ministro das Obras Públicas e da Habitação e pelos Governadores dasprovíncias de Sofala e de Inhambane. A Comissão Europeia esteve representada nacerimónia pelo Chefe da Delegação, J. M. Pinto Teixeira.

As obras de recuperação nos 107 quilómetros deste importante troço da estrada nacionaln.º 1 (EN 1) começaram em Abril de 2001. Logo que as obras se iniciaram verificaram-sefortes chuvadas, de que resultaram inundações que provocaram grandes estragos naestrada existente, o que exigiu novas obras para além das já planeadas. O projecto foifinalmente concluído em Novembro de 2002 com um custo total de 7,8 milhões de euros.

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Projecto de recuperação da estrada rio Save-Muxungué, província de Sofala

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No que se refere à agricultura e à segurança alimentar, foirecentemente lançada a formulação da segunda fase doprograma sectorial (PROAGRI 2005-2009). Foi concluída acomponente de reforma institucional relacionada com ainvestigação agrícola, foi iniciada a execução do plano de gestãodos recursos humanos, foi igualmente concluída a estratégiapara o subsector da pecuária e foi preparada nova legislaçãosectorial. Desenvolveu-se um sistema de acompanhamentopara permitir que o Ministério da Agricultura e DesenvolvimentoRural (MADER) controle as suas actividades, ligando-as àexecução do orçamento. Foram definidos os principaiselementos do Sistema de Aviso Prévio e da análise devulnerabilidade. Em 2003, o Ministério da Indústria e doComércio (MIC) simplificou substancialmente os procedi-mentos de licenciamento das actividades comerciais eindustriais. O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM)continuou a proceder à reabilitação da sua rede de estaçõesmeteorológicas.

Desde 1994, logo no início do processo de desenvolvimento, quea Comunidade Europeia trabalha em colaboração com oGoverno moçambicano para ajudar a reforçar e supervisionar osprocedimentos de eleições democráticas. Na estudo de caso 3descreve-se o envolvimento da CE para garantir um processoeleitoral justo

A União Europeia é igualmente um dos principais parceiroscomerciais de Moçambique, visto que as exportaçõesmoçambicanas para a UE representaram 61% das exportaçõestotais do país em 2002 e as importações da UE representam19% das importações totais de Moçambique. A balançacomercial é favorável a Moçambique desde 2001.

Para aumentar a contribuição do comércio para o desen-volvimento, os Estados ACP e a Comunidade decidiram reverintegralmente os termos das suas relações comerciaisanteriores. Partindo das preferências comerciais não recíprocasconcedidas pela UE aos países ACP, as Partes acordaram emcelebrar acordos de integração económica, através daconclusão de novos acordos comerciais compatíveis com asregras da Organização Mundial do Comércio, eliminandoprogressivamente as barreiras ao comércio entre si emelhorando a cooperação em todos os domínios relacionadoscom o comércio. Para esse efeito estão a ser negociadosAcordos de Parceria Económica (APE) entre a UE e os paísesACP. Em 2003, Moçambique declarou que tencionava aderir aogrupo da SADC para as negociações do APE. O lançamento dasnegociações da UE com alguns dos países da SADC – Angola,Botswana, Lesoto, Namíbia, Moçambique, Suazilândia eTanzânia – ocorrerá em 8 de Julho em Windhoek, na Namíbia.

O Governo de Moçambique, a Comunidade Europeia e os seusEstados-Membros são parceiros numa missão de longo prazoque consiste em devolver a paz e a prosperidade ao país. .

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Estudo de caso 3 A União Europeia e as eleições em MoçambiqueUm dos objectivos principais da cooperação da Comissão Europeia e dos Estados-Membros da UE com a República de Moçambique consiste em apoiar a consolidação dademocracia. Os quatro processos eleitorais realizados desde o final da a guerra civiltiveram um papel fundamental para garantir a estabilidade e a criação de umademocracia multipartidária.

Desde as primeiras eleições, em 1994, a UE tem co-financiado e observado de formaconsistente o processo eleitoral. Moçambique é, de facto, um dos países que recebemmaior apoio eleitoral da União Europeia.

O apoio à administração eleitoral – Serviços Técnicos Eleitorais (STAE) e ComissãoNacional de de Eleições (CNE) – através do Fundo Europeu de Desenvolvimento contribuiupara garantir a sua capacidade de realizar eleições de forma efectiva. A CE forneceu apoiologístico e financeiro para as primeiras eleições presidenciais e parlamentares em 1994 (8 milhões de euros); para as eleições municipais em 1998 (9,5 milhões de euros); e paraas eleições presidenciais e parlamentares em 1999 (21 milhões de euros). Neste últimocaso, a contribuição da CE representou mais de 50% dos custos. Foi concedido ummontante total de 16,4 milhões de euros para apoiar o processo eleitoral em 2003(eleições municipais, 4,4 milhões de euros) e 2004 (eleições gerais, 12 milhões de euros),mais contribuindo para a consolidação da democracia moçambicana.

No que se refere à observação das eleições, a UE destacou especialistas para a missão deobservação constituída por 2 000 peritos, organizada pela UNOMOZ em 1994, e enviou assuas Missões de Observação de Eleições para as segundas eleições presidenciais eparlamentares em 1999 e para as segundas eleições municipais em 2003. O relatório finalda Missão da UE de Observação das Eleições em 2003 confirmou que tanto as campanhaseleitorais como o dia da votação se tinham realizado numa atmosfera serena e semintimidações, nem incidentes graves ou irregularidades.

O Governo de Moçambique solicitou à UE que observe as eleições presidenciais eparlamentares em 2004.

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Conclusões e lições aprendidas

Objectivo imediato do PARPA – reduzir a pobreza absoluta para menos de 50% da população até 2010 – parece hoje

alcançável.

A combinação de paz, democracia, políticas económicasprudentes e liberalização foi recompensada com uma taxamédia de crescimento anual de 9% acima do período 1997-2000,apesar das inundações, da seca e dos ciclones que atingiram opaís. Uma missão do FMI realizada em Setembro de 2003reconheceu que Moçambique podia apontar para “um desem-penho macroeconómico satisfatório e constante”.

Durante todo o processo a Comunidade Europeia e os seusparceiros doadores têm tido uma relação positiva com o Governode Moçambique e com a sua administração aos diversos níveis:o diálogo tem-se desenvolvido numa atmosfera construtiva.

Uma das lições aprendidas pelos parceiros é que é essencialassegurar a ‘apropriação’ dos programas pelo país beneficiário.No passado, os doadores tinham muitas vezes tendência paradesenvolver os seus próprios mecanismos de implementação afim de ultrapassarem obstáculos administrativos. Para impedirque tal aconteça no futuro, Moçambique deve procurar melhoraros níveis de desempenho nas instituições gover-namentais,eliminar a corrupção e descentralizar o mais possível osprocessos para os nívelis regional, provincial ou mesmo local.

É igualmente necessário envolver todos os sectores dasociedade civil para que o processo de desenvolvimentofuncione de forma satisfatória. Tal permitirá um ambiente maisparticipativo, reforçando a ‘apropriação’ local para além doEstado. Iniciativas como a ‘Agenda 2025’ e o Observatório daPobreza revelam que o Governo reconhece a importância dasociedade civil no processo de desenvolvimento, tanto emtermos de diálogo como de implementação. No entanto, sãoainda necessários mais esforços para permitir que a sociedadecivil assuma o seu importante papel na formulação,implementação e monitoria das políticas e programas, a fim degarantir que os mesmos correspondem às necessidades daspopulações de forma realista e sustentável.

Esforçando-se por dar resposta a estes desafios específicos,Moçambique pretende tornar-se um membro forte e influenteda comunidade africana. Embora ainda haja muito por fazer, oGoverno de Moçambique e a União Europeia partilham aconvicção de que o país está no bom caminho para uma maiorprosperidade. Esta convicção não pode ser expressa de melhorforma do que no próprio lema do Governo:

“Por um futuro melhor!” .

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Para mais informações sobre Moçambique e a ajuda ao desenvolvimento da CE pode consultar os seguintes sítios Web:

http://europa.eu.int/comm/development/index_en.htmhttp://www.mozambique.mz/eindex.htmhttp://www.ine.gov.mz/http://www.poptel.org.uk/mozambique-news/http://allafrica.com/mozambique/http://www.mozambiquenews.com/http://www.sadc.int/http://www.acpsec.org

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Comissão Europeia I Direcção-Geral do Desenvolvimento I Unidade de Informação e Comunicação

Endereço postal: rue de la Loi 200, B-1049 Bruxelas I Fax: +32.2.299.25.25 I E-mail: [email protected]

http://europa.eu.int/comm/development/index_en.htm

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-60-04-183-PT-C