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MULHERES NEGRAS MOVEM O TOCANTINS: ASPECTOS FORMATIVOS DA MOBILIZAÇÃO PARA O “ENCONTRO NACIONAL DE MULHERES NEGRAS 30 ANOS CONTRA O RACISMO, A VIOLÊNCIA E PELO BEM VIVERBLACK WOMEN MOVE THE TOCANTINS: FORMATIVE ASPECTS OF MOBILIZATION FOR THE "NATIONAL MEETING OF BLACK WOMEN 30 YEARS AGAINST RACISM, VIOLENCE AND LIVING" Ana Lúcia Pereira 1 RESUMO Este trabalho se constitui em um estudo sobre os relatos e reflexões acerca do feminismo negro com base na Memória do Encontro Estadual de Mulheres Negras do Tocantins rumo ao Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 anos contra o racismo, a violência e pelo bem viver , encontro ocorrido no dia 20 de outubro de 2018, na cidade de Palmas/TO. A pesquisa de natureza bibliográfica, procura demonstrar aspectos formativos gerados no processo de mobilização estadual que ressaltam nuances do feminismo negro presente nas agendas políticas e reivindicatórias dos movimentos sociais que desenvolvem atividades no Estado do Tocantins e são protagonizados por mulheres negras empoderadas. A metodologia utilizada é a análise e interpretação da memória do encontro estadual que contém estratégias definidas a partir do papel e da autonomia de cada participante. As análises das nuances do feminismo negro terão como parâmetro o pensamento de Ângela Davis (2016 e 2017) e bell hooks (2018) 2 . A conclusão do trabalho é que ainda não existe uma regularidade na formação das mulheres negras tocantinenses em torno do pensamento feminista negro e o Encontro Nacional de Mulheres Negras ocorrido em 2018, foi importante para a formação e discussão do pensamento feminista negro. 1 Ana Lúcia Pereira, docente na Universidade Federal do Tocantins, pesquisadora e extensionista no Programa de Pesquisa e Extensão “Ordem Jurídica, Igualdade Étnico-Racial e Educação” e ativista dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs). 2 Justificamos o uso de minúsculas por ser opção da pensadora bell hooks e pelo fato da ficha de catalogação da obra estar dessa forma.

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Page 1: MOBILIZAÇÃO PARA O “ENCONTRO NACIONAL DE MULHERES … · anos da abolição da escravatura; os 30 anos do protesto negro da abolição e os 30 anos da promulgação da Constituição

MULHERES NEGRAS MOVEM O TOCANTINS: ASPECTOS FORMATIVOS DA

MOBILIZAÇÃO PARA O “ENCONTRO NACIONAL DE MULHERES NEGRAS 30

ANOS CONTRA O RACISMO, A VIOLÊNCIA E PELO BEM VIVER”

BLACK WOMEN MOVE THE TOCANTINS: FORMATIVE ASPECTS OF

MOBILIZATION FOR THE "NATIONAL MEETING OF BLACK WOMEN 30 YEARS

AGAINST RACISM, VIOLENCE AND LIVING"

Ana Lúcia Pereira1

RESUMO

Este trabalho se constitui em um estudo sobre os relatos e reflexões acerca do feminismo negro

com base na Memória do “Encontro Estadual de Mulheres Negras do Tocantins rumo ao

Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 anos contra o racismo, a violência e pelo bem viver”,

encontro ocorrido no dia 20 de outubro de 2018, na cidade de Palmas/TO. A pesquisa de

natureza bibliográfica, procura demonstrar aspectos formativos gerados no processo de

mobilização estadual que ressaltam nuances do feminismo negro presente nas agendas políticas

e reivindicatórias dos movimentos sociais que desenvolvem atividades no Estado do Tocantins

e são protagonizados por mulheres negras empoderadas. A metodologia utilizada é a análise e

interpretação da memória do encontro estadual que contém estratégias definidas a partir do

papel e da autonomia de cada participante. As análises das nuances do feminismo negro terão

como parâmetro o pensamento de Ângela Davis (2016 e 2017) e bell hooks (2018)2. A

conclusão do trabalho é que ainda não existe uma regularidade na formação das mulheres negras

tocantinenses em torno do pensamento feminista negro e o Encontro Nacional de Mulheres

Negras ocorrido em 2018, foi importante para a formação e discussão do pensamento feminista

negro.

1 Ana Lúcia Pereira, docente na Universidade Federal do Tocantins, pesquisadora e

extensionista no Programa de Pesquisa e Extensão “Ordem Jurídica, Igualdade Étnico-Racial e

Educação” e ativista dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs).

2 Justificamos o uso de minúsculas por ser opção da pensadora bell hooks e pelo fato da ficha

de catalogação da obra estar dessa forma.

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Palavras-chave: Mulheres Negras. Encontro Estadual. Tocantins. Feminismo Negro.

1 QUEM SE ENCONTRA E POR QUE SE ENCONTRA

“Eu não vou me calar, não vou baixar minha cabeça pra você; eu não vou me acovardar,

não vou ser mais uma vítima.”

Daleti3.

Este trabalho se constitui em um estudo sobre os relatos e reflexões acerca do feminismo

negro com base na Memória do “Encontro Estadual de Mulheres Negras do Tocantins rumo

ao Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 anos contra o racismo, a violência e pelo bem

viver”, ocorrido no dia 20 de outubro de 2018, na cidade de Palmas/TO.

A chamada para a participação no encontro foi feita a partir dos contatos das lideranças

envolvidas em outra grande mobilização das mulheres negras ocorrida no ano de 2015, por

ocasião da Marcha Nacional das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e Pelo Bem

Viver, a qual contou com a participação ativa de uma delegação do Estado do Tocantins.

A motivação maior para a realização de um encontro estadual foi o desejo de

participação do Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 anos contra o racismo, a violência

e pelo bem viver: mulheres negras movem o Brasil, que estava sendo preparado para acontecer

em dezembro de 2018, na cidade de Goiânia. Nesse intuito, caso o Tocantins quisesse se fazer

presente, teria que se organizar para formar uma delegação composta por 25 mulheres negras.

A chamada também alertou para a possibilidade de ser o Encontro Estadual de Mulheres

Negras do Tocantins, um espaço para a reunião de forças para as mulheres negras organizadas

em movimentos, enfrentar a conjuntura negativa que se desenhava com a crescente perda de

direitos e de políticas públicas que até 2018, contemplavam as questões de gênero, raça e classe.

A organização nacional se estruturou e passou a se comunicar com os estados por meio

de informes desde o mês de maio de 2018. Ficou explícito nas três reuniões preparatórias, que

o ano de 2018, simbolicamente deveria ser marcado por uma mobilização de mulheres negras

brasileiras por ser um ano onde se comemoravam os 30 anos do 1º Encontro Nacional de

3 Daleti Jeovana Pereira Neres, mulher negra, estudante de jornalismo da UFT, que se suicidou

no dia 20 de outubro de 2017, aos 20 anos.

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Mulheres Negras e do Movimento atual de Mulheres Negras, ocorrido em Valença – RJ; os 130

anos da abolição da escravatura; os 30 anos do protesto negro da abolição e os 30 anos da

promulgação da Constituição Brasileira.

No caso das mulheres negras tocantinenses, ainda se comemorava os 30 anos da criação

do Estado e de sua alocação na Região Norte do Brasil, conforme reza o Artigo 13, do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Brasileira de 1988:

Art. 13. É criado o Estado do Tocantins, pelo desmembramento da área descrita neste artigo, dando-se sua instalação no quadragésimo sexto dia após

a eleição prevista no § 3º, mas não antes de 1º de janeiro de 1989.

§ 1º O Estado do Tocantins integra a Região Norte [...]. (BRASIL. 1999, p.

142)

Essa especificidade do Estado do Tocantins (pertencimento à Região Norte do Brasil),

também foi uma questão importante para a discussão da identidade da mulher negra inserida

em um movimento nacional, pois a maioria das pessoas ainda trabalham com a ideia de que o

Estado está alocado na Região Centro-Oeste.

No contexto de luta contra a opressão de classe, contra o sexismo e o racismo, pertencer

à Região Norte, também é um indicador de maior vulnerabilidade. Nesse sentido, era importante

que toda a sociedade brasileira pudesse perceber que as mulheres negras ainda continuavam

mobilizadas, em condições de colocar milhares de mulheres negras nas ruas. Também era

importante que a própria mulher negra pudesse se perceber, conversar, se articular e fazer

projetos coletivos para o enfrentamento das adversidades da conjuntura local, regional, nacional

e internacional que não tem sido favorável para as mulheres negras.

No Estado do Tocantins o convite foi para que as mulheres negras, estando organizadas

em movimentos sociais ou não, pudessem participar do encontro e também convidar outras

mulheres negras do seu círculo familiar, de amizade, de trabalho, de estudo ou de organização.

Que pudesse se encontrar, construir e fortalecer a luta do movimento de mulheres negras, com

uma abordagem específica do pensamento feminista negro.

Ao se tornar público, o convite já gerou reflexão, questionamento e resistência por parte

do movimento feminista branco: por que o encontro está voltado somente para mulheres

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negras? A pergunta foi recorrente em todas as rodas de conversa4 e, muitas vezes, se colocava

de forma ressentida, dolorida, como se as mulheres negras tocantinenses estavam esquecendo

de reconhecer o trabalho das feministas brancas que fizeram história no Estado.

Esse fato demonstra o quanto o protagonismo das mulheres negras não é compreendido

(e aceito) nem mesmo pelas ativistas não negras e o quanto o sofrimento causado pelo racismo

sufoca e silencia vítimas, pelo fato de ser considerado pauta vencida em uma sociedade que

está forjada na falsa concepção de uma democracia racial.

O movimento nacional de mulheres negras, apoiado no pensamento feminista negro,

não concebe uma discussão sobre o feminismo sem a intersecção gênero, raça e classe.

Outrossim, na atual conjuntura brasileira, não basta falar sobre as mazelas de uma sociedade

excludente, sem se falar sobre o sofrimento e o terror que vitima a população negra. Não é

possível pensar caminhos para o futuro, mantendo o silêncio sobre o racismo.

Essa questão foi trabalhada por Ângela Davis (2016) ao mostrar que, na última década

do século XIX, no processo de campanha pelo sufrágio feminino, a presidenta da Associação

Estadunidense pelo Sufrágio Feminino, Susan B. Anthony, não concebia que as mulheres e

homens negros pudessem votar porque eram analfabetos. Mas na realidade, Davis (2016),

demonstra que essas mulheres norte-americanas, representadas por Anthony, não conseguiam

de fato falar sobre o terror e a violência sofrida pelos trabalhadores negros do Sul:

Não se tratava, portanto, de identificar o que estava por vir. O terror já reinava entre a população negra. Como Susan B. Anthony podia afirmar sua crença

nos direitos humanos e na igualdade política e, ao mesmo tempo, aconselhar

os membros de sua organização a permanecer em silêncio sobre o problema do racismo? A ideologia burguesa – e particularmente seus componentes

racistas – realmente deve possuir o poder de diluir as imagens reais do terror

em obscuridade e insignificância e de dissipar os terríveis gritos de sofrimento

dos seres humanos em murmúrios quase inaudíveis e, então, em silêncio. (DAVIS, 2016, p. 126-127).

No contexto de acirramento do ódio, da violência e perda de direitos atualmente vividos

pela população negra no Brasil; quem deveria ter voz no processo de mobilização em prol de

4 Foi preciso responder essa pergunta e justificar a chamada do encontro voltado para as

mulheres negras em todos os encontros preparatórios realizados nas cidades de Palmas, Porto

Nacional, Arraias e Miracema.

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uma sociedade mais justa e igualitária? Será que o índice de analfabetismo e a falta de tradição

e inserção no movimento feminista pode silenciar uma mulher negra? Foram essas questões

que balizaram a opção por de que a organização do encontro fosse protagonizada por mulheres

negras.

Considerando essas reflexões e a forma como ocorreu a chamada (prioritariamente

mulheres negras), acreditamos que, o “Encontro Estadual de Mulheres Negras do Tocantins

rumo ao Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 anos contra o racismo, a violência e pelo

bem viver”, foi uma oportunidade de formação sobre a especificidade e a complexidade daquilo

que se entende sobre o feminismo negro. Para fins desse estudo sobre os relatos e reflexões

acerca do feminismo negro, compreendemos que problematizar sobre a base formativa dessas

mulheres, expressa no seu lugar de fala (RIBEIRO, 2017) e na natureza dos movimentos sociais

aos quais elas estão inseridas é importante.

A tabulação dos dados contidos nas fichas de inscrição das participantes do “Encontro

Estadual de Mulheres Negras do Tocantins rumo ao Encontro Nacional de Mulheres Negras

30 anos contra o racismo, a violência e pelo bem viver”, apontou que o encontro contou com

51(cinquenta e uma) participantes oriundas de 10 municípios (Araguaína, Arraias, Colinas,

Esperantina, Palmas, Paraíso do Tocantins, Ponte Alta, Ponte Alta do Bom Jesus, Porto

Nacional e São Felix).

Das 51(cinquenta e uma) participantes inscritas, 17 (dezessete) foram para o evento

porque se sentiram interessadas em trocar experiências e vivências, sem estarem ligadas a

movimentos sociais, sindicais e/ou ONG; no entanto, 34 (trinta e quatro) mulheres se

identificaram como pertencentes a uma organização5.

Ao identificar os nomes das organizações declaradasi nas fichas de inscrição, cruzamos

os dados com a leitura da memória final do encontro, onde consta que foi no momento de

apresentação das participantes que cada uma falou o seu nome; a instituição a que pertence; a

forma como foi convidada ou se informou sobre o evento e de sua expectativa para o encontro.

5 Conferir nota de fim do documento a lista dos movimentos sociais, órgãos e entidades onde

essas mulheres atuam e/ou se sentem acolhidas de uma forma ou de outra.

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Nesse sentido, respeitando o papel e a autonomia de cada instituição declarada pela

participante, é possível averiguar que 8 (oito) instituições são de natureza mista que tem como

pauta a defesa dos direitos econômicos, sociais, culturais e políticos; 6 (seis) são de natureza

mista que tem como pauta o enfrentamento das desigualdades geradas pelas diferenças de

classe; 5 (cinco) são de natureza mista que tem como pauta a luta contra o racismo que vitima

a população negra; 4 (quatro) são movimentos de mulheres que discutem o feminismo de

natureza global e 3 (três) são movimentos de mulheres negras que fazem a intersecção

gênero/raça/classe.

A apresentação individual das participantes e a análise do perfil das entidades

declaradas permite perceber que são mulheres negras que respondem ao chamado pelo grau de

opressão sofrida no cotidiano; são mulheres negras ativistas que se encontram pela necessidade

de reivindicar direitos fundamentais, trazer visibilidade às suas pautas e promover a mudança

no ambiente em que atua (casa, trabalho, sindicato, escola, universidade, partido político). No

entanto, a questão da consciência da negritude e das mazelas do racismo para a população negra

foi o motivo principal para que essa representante pudesse dedicar parte do seu tempo para

discutir a questão da mulher negra na sociedade brasileira.

2 ASPECTOS FORMATIVOS DO FEMINISMO NEGRO

2.1 Enfrentamento ao capitalismo monopolista como condição para a igualdade

O “Encontro Estadual de Mulheres Negras do Tocantins rumo ao Encontro Nacional

de Mulheres Negras 30 anos contra o racismo, a violência e pelo bem viver”, tratou da opressão

sofrida pela mulher negra trabalhadora e da ameaça aos seus direitos.

Segundo a memória do encontro, no Brasil, nas décadas de 1980 e 1990 a mulher negra

trabalhadora acumulou perdas de direitos trabalhistas que ainda podem ser expressas de forma

mais contundente quando se faz a comparação dos salários desagregados por sexo e raça

(homem branco; mulher branca; homem negro; mulher negra). Nesse sentido, as mulheres que

são penalizadas têm cor e classe social.

Angela Davis (2017) afirma:

[...] Se não tivermos medo de adotar uma postura revolucionária – se

desejarmos, de fato, ser radicais em nossa mudança -, precisaremos atingir a

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raiz da nossa opressão. Afinal radical significa simplesmente “compreender

as coisas desde a raiz”. Nossa pauta de empoderamento das mulheres deve,

portanto, ser inequívoca na contestação do capitalismo monopolista como o maior obstáculo para a conquista da igualdade. (DAVIS, 2017, p. 24).

O desemprego e a informalidade do trabalho diminuem o tempo de carteira assinada e

a proteção social. O retrocesso inicia com a Emenda Constitucional 95, a atual reforma

trabalhista e a reforma da previdência.

A Emenda Constitucional 95 trava por 20 anos os gastos públicos com Educação, Saúde

e Segurança e alguns exemplos desse impacto são: a) ausência de investimentos na abertura de

creches: quem cuida das crianças? As mulheres. b) ausência de investimentos na saúde: quem

cuida dos doentes? As mulheres.

No caso da reforma trabalhista, o trabalho intermitente afeta diretamente as mulheres

pretas, por não ter continuidade do contrato. Exemplo daquilo que chamamos de free-lance.

Atualmente as diaristas, em sua maioria mulheres negras, não possuem os seus direitos

trabalhistas garantidos.

Os sindicatos perdem o seu papel político de mediador no processo de negociação entre

capital e trabalho. “O negociado sobre o legislado” supostamente coloca as mulheres negras em

situação de igualdade com o empregador. Na realidade a mulher negra estará em uma situação

de maior vulnerabilidade por conta do aumento do desemprego e do exército industrial de

reserva.

Segundo a Reforma Trabalhista, “desde que autorizado” as mulheres gestantes poderão

trabalhar em locais insalubres. Essa autorização torna-se coercitiva à medida que ameaça a

permanência dessas mulheres no emprego, pois, se as mulheres não pedirem essa autorização

de seus médicos serão despedidas.

Também no serviço público e privado, o trabalho tem sido terceirizado. Isso significa

que a trabalhadora está a mercê de uma empresa contratante que está fora do espaço geográfico

onde o serviço está sendo realizado. A quem a trabalhadora irá recorrer?

Os postos de trabalho dos jovens e das mulheres estão sendo precarizados e o processo

de adoecimento está sendo mais acentuado devido às lesões por trabalhos repetitivos.

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Nesse sentido a organização da classe trabalhadora necessita da força e da presença das

mulheres negras. O processo de conscientização passa pela compreensão de que a luta por

igualdade é sinônimo de enfrentamento do capitalismo monopolista.

2.2 Enfrentamento ao racismo como condição indispensável para a democracia

O encontro foi pensado para ser um espaço de formação sobre a conjuntura política do

Brasil e os impactos sobre a vida da mulher negra. Como afirma Djamila Ribeiro, “o feminismo

negro não é uma luta meramente identitária, até porque branquitude e masculinidade também

são identidades. Pensar feminismos negros é pensar projetos democráticos”. (RIBEIRO, 2018,

p. 7).

Se o feminismo negro pensa projetos democráticos, precisa necessariamente pensar

sobre a política do país e como ela afeta a vida e o cotidiano das mulheres negras. A leitura da

conjuntura política e econômica do Brasil, partiu da percepção das desigualdades sociais, raciais

e de gênero, como expressão da violência e do racismo estrutural que afetam a democracia do

país e a dignidade da pessoa humana.

A crise política instalada no país a partir de 2016, acirrou a violência no campo, na

cidade e nas florestas. A sociedade passou a sofrer as ações de força, repressão e extermínio

que afetam diretamente as famílias negras e os movimentos sociais organizados. Quem são as

vítimas preferenciais dessas operações policiais? São os jovens negros, filhos das mulheres

negras (o exemplo mais recente foi a morte de um jovem negro na presença de sua mãe, vítima

de um segurança do supermercado). Esse e inúmeros outros casos são exemplos da cidadania

negada aos jovens e às mulheres negras.

Na memória do encontro, são destacadas as tarefas que as mulheres negras precisam

desempenhar para mudar essa correlação de forças que o cenário político coloca para a vida

pessoal de cada participante e para o futuro político das organizações representadas.

É preciso manter as conquistas e os direitos que as gerações anteriores deixaram como

legado à essa geração, por isso as mulheres negras devem se manter mobilizadas.

O feminismo negro pressupõe mobilização permanente e união das forças populares. As

mulheres negras continuam em marcha (referência à Marcha Nacional das Mulheres Negras,

contra o racismo, a violência e pelo bem viver) e estão inseridas na luta contra o racismo.

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Outro ponto que foi muito discutido no encontro é que a representação da extrema direita

expressa pela bancada evangélica no Congresso Nacional exige que a mulher negra faça um

trabalho de conscientização no espaço interno da família. O acirramento da violência contra a

mulher negra obriga que uma procure proteger a outra. Há que se fazer o enfrentamento do

debate mantendo a interseccionalidade (raça, gênero e sexualidade, sem hierarquizar a questão

da sexualidade) e principalmente sobre o papel revolucionário da mulher negra.

Segundo Angela Davis (2017),

As mulheres da classe trabalhadora, em particular as de minorias étnicas,

enfrentam a opressão sexista de um modo que reflete a realidade e a complexidade das interconexões propositais entre opressão econômica, racial

e sexual. Enquanto a experiência das mulheres brancas de classe média com o

sexismo incorpora uma forma relativamente isolada dessa opressão, a experiência das mulheres da classe trabalhadora obrigatoriamente situa o

sexismo no contexto da exploração de classe – e as experiências das mulheres

negras, por sua vez, contextualizam a opressão de gênero nas conjunturas de

racismo. (DAVIS, 2017, p. 37).

Nesse sentido, o “Encontro Estadual de Mulheres Negras do Tocantins rumo ao

Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 anos contra o racismo, a violência e pelo bem

viver”, demonstrou que não existe democracia em uma sociedade que não discute o racismo;

não existe igualdade em uma sociedade que não discute o sexismo.

2.3 Enfrentamento ao sexismo como condição para a dignidade humana

Dentre os aspectos formativos sobre o feminismo negro, contido na memória do

encontro, o debate específico sobre o sexismo não esteve tão explícito como um aspecto a ser

inserido na formação sobre o feminismo negro. Aparentemente o conceito sobre sexismo já era

consenso no grupo e mulheres negras que já estão em movimento enfrentando as diferenças

sociais e as desigualdades raciais.

No entanto, parafraseando bell hooks (2018) “feministas são formadas, não nascem

feministas” e por isso a necessidade de explicitar o que é o feminismo. Ela afirma textualmente:

[...] “Feminismo é um movimento para acabar com o sexismo, exploração

sexista e opressão”. [...] o movimento não tem a ver com ser anti-homem. Deixa claro que o problema é o sexismo. E essa clareza nos ajuda a lembrar

que todos nós, mulheres e homens, temos sido socializados desde o

nascimento para aceitar pensamentos e ações sexistas. Como consequência, mulheres podem ser tão sexistas quanto homens. Isso não desculpa ou justifica

a dominação masculina; isso significa que seria inocência e equívoco de

pensadoras feministas simplificar o feminismo e enxerga-lo como se fosse um

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movimento de mulher contra homem. Para acabar com o patriarcado (outra

maneira de nomear o sexismo institucionalizado), precisamos deixar claro que

todos nós participamos da disseminação do sexismo, até mudarmos a consciência e o coração; até desapegarmos de pensamentos e ações sexistas e

substitui-los por pensamentos e ações feministas (hooks, 2018).

O Encontro Estadual procurou através de dinâmicas de grupo, atividades culturais e

expressões musicais, promover a conscientização das mulheres negras sobre a necessidade de

enfrentar o sexismo incutido em pensamentos e ações de todas as mulheres que ali estavam.

Foi possível perceber a reflexão sobre o patriarcado quando nos grupos de trabalho

foram discutidos temas como saúde, sexualidade e direitos reprodutivos das mulheres negras.

O sexismo ficou explícito na denúncia do projeto de esterilização compulsória de

mulheres negras pobres e moradoras de rua; na denúncia do aumento do feminicídio e do

homicídio de mulheres negras e transgênero. A memória do encontro toca na necessidade de

enfrentamento ao sexismo quando destaca que o estupro não tem a ver com a questão sexual,

tem a ver com a relação de poder.

Durante o debate, as menções sobre a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, foram

importantes para as mulheres negras, mas precisam ser acompanhadas de políticas públicas

inclusivas e de punição aos agressores. No Brasil, os avanços em relação às políticas públicas

de enfrentamento ao sexismo e ao patriarcado observados nos últimos 10 anos, demonstram o

quanto “[...] mudanças feministas já tocaram a vida de todas as pessoas de forma positiva. E,

ainda assim, perdemos de vista o positivo, quando tudo o que ouvimos sobre feminismo é

negativo.” (hooks, 2018).

Analisando os discursos expressos nas vozes das mulheres negras presentes no

“Encontro Estadual de Mulheres Negras do Tocantins rumo ao Encontro Nacional de Mulheres

Negras 30 anos contra o racismo, a violência e pelo bem viver”, foi possível perceber que,

ainda que estivessem “em movimento”, engajadas em defesa de suas agendas políticas e

reivindicatórias, havia uma lacuna em relação à consciência feminista que as colocasse em

condições de “criar uma base para a solidariedade entre mulheres”, conforme nos ensina bell

hooks :

Essa base se apoiou em nossa crítica do que então chamávamos de “o inimigo

interno”, em referência ao nosso sexismo internalizado. Sabíamos, por

experiência própria, que, como mulheres, fomos socializadas pelo pensamento

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patriarcal para enxergar a nós mesmas como pessoas inferiores aos homens,

para nos ver, sempre e somente, competindo umas com as outras pela

aprovação patriarcal, para olhar umas às outras com inveja, medo e ódio. O pensamento sexista nos fez julgar sem compaixão e punir duramente umas às

outras. O pensamento feminista nos ajudou a desprender o auto-ódio

feminimo. Ele nos permitiu que nos libertássemos do controle do pensamento patriarcal sobre nossa consciência. (hooks, 2018).

Acreditamos que essas questões teóricas que parecem estar solucionadas nos discursos

e ações de algumas lideranças dos movimentos de mulheres que discutem o feminismo de

natureza global e dos movimentos de mulheres negras que fazem a intersecção

gênero/raça/classe. No entanto, é preciso que a discussão seja aprofundada para que as outras

mulheres possam atingir essa conscientização feminista revolucionária:

A conscientização feminista revolucionária enfatizou a importância de

aprender sobre o patriarcado como sistema de dominação, como ele se

institucionalizou e como é disseminado e mantido. Compreender a maneira como a dominação masculina e o sexismo eram expressos no dia a dia

conscientizou mulheres sobre como éramos vitimadas, exploradas e, em

piores cenários, oprimidas. No início do movimento feminista contemporâneo, os grupos de conscientização frequentemente se tornaram

espaços em que mulheres simplesmente liberavam a hostilidade e a ira por

serem vitimizadas, com pouco ou nenhum foco em estratégias de

intervenção e transformação. (hooks, 2018). [Grifo nosso]

Consideramos que a mobilização para a realização do Encontro Estadual de Mulheres

Negras do Tocantins, com a intenção da participação no Encontro Nacional, foi eficiente e

eficaz naquilo que se propôs (organizar uma delegação para o encontro nacional), no entanto,

acreditamos que é preciso avançar em direção a uma conscientização feminista revolucionária,

com foco em estratégias de intervenção e transformação.

Nesse sentido, um dos caminhos seria a realização de um encontro para que as mulheres

negras pudessem fazer uma avaliação de todo o processo de mobilização e/ou de uma proposta

para o dia seguinte, demonstrou “pouco ou nenhum foco em estratégias de intervenção e

transformação” que pudesse construir agenda reivindicatória das mulheres negras no Estado

ou agenda formativa sobre o feminismo negro.

3 PERSPECTIVAS PARA O FUTURO

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A metodologia do “Encontro Estadual de Mulheres Negras do Tocantins rumo ao

Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 anos contra o racismo, a violência e pelo bem

viver”, contou com a realização de trabalhos em grupo, e garantiu que o evento desenhasse uma

agenda para o futuro da organização das mulheres negras no Estado do Tocantins (a palavra

organização está no singular porque o encontro em si foi de organizações, no plural). O desafio

para o feminismo negro é promover uma organização unificada que interseccione gênero, classe

e raça.

Foram duas as orientações para o trabalho em grupo: realizar o mapeamento das

principais questões sociais, econômicas, políticas e culturais que afetam as mulheres negras

tocantinenses e realizar o mapeamento das principais iniciativas e estratégias empreendidas

pelas Mulheres negras tocantinenses que reafirmem o histórico de luta e resistências.

Foram quatro eixos temáticos trabalhados: 1) Mundo do trabalho: mulheres do campo,

da floresta e das águas; 2) Violência contra a mulher; 3) Perspectivas das mulheres negras na

comunicação e 4) Afetos e Cultura.

Quando pensamos sobre os aspectos formativos sobre o feminismo negro nesse espaço

de discussão em grupos, percebemos que as mulheres negras tocantinenses estão envolvidas em

todas as questões sociais, econômicas, políticas e culturais que envolvem o Estado, haja vista

que mais de 70/% da população do Estado se autodeclara preta e parda.

O enfrentamento ao capitalismo monopolista ficou expresso nos debates dos grupos 1 e

3, que trouxeram a luta das mulheres em prol da manutenção das políticas públicas voltadas

para saúde, educação, comunicação e segurança.

Os relatos sobre o aumento da violência no campo e nas florestas (representantes

quilombolas e quebradeiras de coco respectivamente); o destaque dado ao retrocesso da venda

direta dos produtos das agricultoras familiares; ao desvio de recursos destinados à agricultura

familiar (veículos e insumos usados para outros fins) e ao retrocesso das políticas de acesso à

terra, são indícios do quanto as mulheres negras estão sofrendo as mazelas do capitalismo

monopolista em seu cotidiano.

Ainda foi destacado que a liberação do porte de arma de fogo e o alcance desse

instrumento de violência é prejudicial às famílias que estão a frente da luta pelo acesso à terra

no Brasil.

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O enfrentamento ao racismo foi mais evidente nos debates dos grupos 3 e 4, já que a

pauta da comunicação, do afeto e da cultura foi direcionada para a realidade da mulher negra.

Os grupos analisaram historicamente o racismo estrutural e demonstraram que a

comunicação, é um setor que concentra empresas a serviço do capital, que está concentrado nas

mãos dos brancos e destacaram que os grupos subalternos falaram e disputaram esse espaço,

inclusive mulheres negras.

Foi abordado que atualmente o feminismo negro também se ocupa do ativismo digital

como instrumento de luta para um projeto social emancipatório e que, para além da

comunicação digital, é importante a comunicação oral, o diálogo e a paciência para escolher o

melhor momento de intervenção.

Como perspectiva para o presente e o futuro, foi proposto a construção de um processo

que promova a comunicação contra hegemônica e a utilização dos meios de comunicação como

uma ferramenta de libertação.

A necessidade de enfrentamento ao sexismo e ao patriarcado se manifestou de forma

mais incisiva nos grupos 2 e 4, principalmente quando abordaram a questão da coisificação do

corpo da mulher negra, a problemática da não aceitação do cabelo crespo e sobre a afetividade

e a solidão da mulher negra.

No grupo que discutiu a violência contra a mulher, a questão do estupro e,

consequentemente do aborto como política pública se colocou. Nesse ponto, temos novamente

que recorrer ao pensamento de bell hooks (2018):

A questão do aborto chamou atenção da mídia de massa porque realmente

desafiou o pensamento cristão fundamentalista. Desafiou diretamente a noção

de que a razão da existência de uma mulher é gerar crianças. Chamou a atenção da nação para o corpo da mulher de uma forma que nenhuma outra

questão poderia fazer. Era um desafio direcionado à igreja. Mais tarde, todas

as outras questões reprodutivas para as quais pensadoras feministas chamaram a atenção eram com frequência ignoradas pela mídia de massa. Os problemas

médicos de longo prazo, desde cesarianas e histerectomias, não eram assuntos

interessantes para a mídia de massa; frequentemente chamaram a atenção para um sistema médico patriarcal capitalista, dominado por homens, que

controlava o corpo das mulheres e fazia com elas qualquer coisa que quisesse

fazer. Focar em injustiça de gênero nessas arenas teria sido um tanto quanto

radical para uma mídia de massa que permanece profundamente conservadora e, em sua maioria, antifeminista. (hooks, 2018).

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A discussão sobre o estupro coletivo, o aborto e outros tipos de violência contra a mulher

negra foram discussões difíceis por conta do “inimigo interno” que habita corações e mentes

das pessoas, e isso não foi diferente no Encontro Estadual, no entanto, a superação desse desafio

foi colocado como uma perspectiva para o futuro.

Dentre as propostas de ações e atividades a serem realizadas pelo movimento de

mulheres negras, há que se destacar a promoção da ancestralidade cultural da mulher negra e o

respeito às religiões de matriz africana.

Há que se destacar que o encontro estadual de mulheres negras do Tocantins contou

com a participação, o potencial de mobilização e o conhecimento sobre feminismo negro e das

jovens feministas negras. Parece irrelevante essa constatação, mas dentre as perspectivas de

futuro, há que se destacar que o avanço da mobilização de mulheres negras, depende de um

debate mais aprofundado sobre a sororidade e as relações intergeracionais. Diferentemente dos

movimentos feministas globais, no movimento de mulheres negras do Tocantins, as jovens

feministas é que desenvolvem o conhecimento teórico sobre o pensamento feminista negro, são

elas que estão mais aptas a promover momentos de formação específico.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A conclusão do trabalho é que ainda não existe uma regularidade na formação das

mulheres negras tocantinenses em torno do pensamento feminista negro e que as atividades

pontuais realizadas para garantir a participação em grandes eventos tais quais a Marcha

Nacional de Mulheres Negras ocorrida em 2015 e o Encontro Nacional de Mulheres Negras

ocorrido em 2018, foram cruciais para a aproximação de lideranças negras que assumiram o

desafio de promover um trabalho de formação, com amplitude estadual, pautado no pensamento

feminista negro.

As dificuldades para apoio humano, logístico e material para a realização do encontro

foi também uma oportunidade de aproximação e mobilização das companheiras e de debate

interno das instituições representadas no evento.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. 1999. Constituição 1998: Texto Constitucional de 5 de outubro de 1988 com

alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nº 1/92 a 22/99 e Emendas

Constitucionais de Revisão nº 1 a 6/94. Brasília, Senado Federal, Subsecretaria de Edições

Técnicas, 360 p.

DAVIS, A. 2016. Mulheres, Raça e Classe. 1 ed. São Paulo, Boitempo, 245 p.

_________. 2017. Mulheres, Cultura e Política. 1ed. São Paulo, Boitempo, 198 p.

ENCONTRO ESTADUAL DE MULHERES NEGRAS DO TOCANTINS RUMO AO

ENCONTRO NACIONAL DE MULHERES NEGRAS 30 ANOS CONTRA O RACISMO,

A VIOLÊNCIA E PELO BEM VIVER”. 2018. Tocantins – Memória do Encontro Estadual,

Palmas, documento impresso, 26 p.

hooks b. 2018. O feminismo é para todo mundo [recurso eletrônico]: políticas arrebatadoras.

Rio de Janeiro, Rosa dos Tempos, Recurso digital, 144 p.

RIBEIRO, D. 2017. O que é lugar de fala? Belo Horizonte, Letramento, 114 p.

__________. 2018. Quem tem medo do feminismo negro? São Paulo, Companhia das Letras,

134 p.

i Nome e/ou siglas das organizações que foram declaradas nas fichas de inscrição do encontro

estadual, por ordem alfabética: Ajunta Preta; Alagbara, Agentes de Pastoral Negros do Brasil

(APNs); Anca, Associação de Mulheres de Esperantina, Brejo/TO; Centro de Direitos Humanos

de Palmas (CDHP); Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins

(Coeqto); Comsaúde; Conselho Estadual de Economia Solidária; Conselho Estadual de Saúde;

Consulta Popular; Central Única dos Trabalhadores (CUT); Federação dos Trabalhadores na

Agricultura do Estado do Tocantins (FETAET); Grupo de Consciência Negra do Tocantins

(GRUCONTO); Instituto Federal do Tocantins (IFTO/Colinas); Levante Popular da Juventude;

Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB); Marcha Mundial de Mulheres; Partido dos

Trabalhadores (PT); Rede Candaces de Lésbicas Negras e Feministas; Sindicato dos

Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins (SINTET); Universidade Federal do

Tocantins (UFT); Unidos por um mundo melhor (UPMM); Viração.