ministÉrio da defesa exÉrcito brasileiro departamento de ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/thimounier...

25
MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA (Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho – 1792) SAMUEL THIMOUNIER FERREIRA ESTUDO E IMPLEMENTAÇÃO DO MÉTODO DOS ELEMENTOS DISCRETOS EM 3D RIO DE JANEIRO 2009

Upload: vuongnhi

Post on 01-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

(Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho – 1792)

SAMUEL THIMOUNIER FERREIRA

ESTUDO E IMPLEMENTAÇÃO DO MÉTODO DOS ELEMENTOS

DISCRETOS EM 3D

RIO DE JANEIRO

2009

Page 2: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

2

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

SAMUEL THIMOUNIER FERREIRA

ESTUDO E IMPLEMENTAÇÃO DO MÉTODO DOS ELEMENTOS

DISCRETOS EM 3D

Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como parte integrante do processo avaliativo do quarto período do Ensino Básico.

Orientador: Jayme Felipe Martins Mendes

Co-orientador: Marcello Goulart Teixeira

RIO DE JANEIRO

2009

Page 3: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

3

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

SAMUEL THIMOUNIER FERREIRA

ESTUDO E IMPLEMENTAÇÃO DO MÉTODO DOS ELEMENTOS

DISCRETOS EM 3D

Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como parte integrante do processo

avaliativo do quarto período do Ensino Básico.

Orientador: Jayme Felipe Martins Mendes

Aprovada em 17 de novembro de 2009 pela seguinte Banca Examinadora:

____________________________________________________________

Jayme Felipe Martins Mendes, Dr.

____________________________________________________________

Marcello Goulart Teixeira, Dr.

____________________________________________________________

José Renato Moreira da Silva de Oliveira, Maj

RIO DE JANEIRO

2009

Page 4: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

4

Dedico o referido trabalho aos mais que professores Marcello e Jayme, que compartilharam comigo não só o conhecimento, mas também a amizade. E, principalmente, ao colega Kin Minato pelo enorme incentivo, fornecendo a ajuda necessária para vencer os obstáculos do projeto. Agradeço também ao escritores Sèneca e Spinosa, que se fizeram presentes em cada momento.

Samuel Thimounier Ferreira

Page 5: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

5

“O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação.”

Oscar Wilde

Page 6: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................10

1.1 O MÉTODO DOS ELEMENTOS DISCRETOS..........................................................................10

1.2 OBJETIVOS ..........................................................................................................................10

2 METODOLOGIA.........................................................................................................11

2.1 ALGORITMO DE SOLUÇÃO ................................................................................................11

2.2 DETECÇÃO DE COLISÃO....................................................................................................11

2.2.1 DIRECT CHECKING .....................................................................................................12

2.2.2 DIRECT MAPPING .......................................................................................................13

2.3 FORÇAS DE CONTATO .......................................................................................................15

2.3.1 CONTATO NORMAL.......................................................................................................15

2.3.2 FORÇA DE CONTATO TANGENCIAL.............................................................................16

2.4 ENERGIA E MOMENTO........................................................................................................17

2.5 CÁLCULO DAS VELOCIDADES ...........................................................................................18

3 IMPLEMENTAÇÃO....................................................................................................20

3.1 LIMGUAGEM DE PROGRAMAÇÃO....................................................................................20

3.2 ARQUIVOS DE E/S ...............................................................................................................20

4 EXEMPLOS.................................................................................................................21

4.1 SIMULAÇÃO DE CONTATO SIMPLES...................................................................................21

4.2 SIMULAÇÃO DE CONTATO 4 X 1........................................................................................21

4.3 SIMULAÇÃO SINUCA ..........................................................................................................22

4.4 SIMULAÇÃO DE ROLAMENTO EM PAREDE ........................................................................22

4.5 SIMULAÇÃO DE ROLAMENTO ESFERA-ESFERA ..................................................................23

6 CONCLUSÃO..............................................................................................................24

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................25

Page 7: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fig. 2.1 - Cadeia de processos...................................................................................................11

Fig. 2.2 - Algoritmo de checagem direta..................................................................................12

Fig. 2.3 - Tamanho de uma célula ............................................................................................13

Fig. 2.4 - Células com possibilidade de haver contatos............................................................14

Fig. 2.5 – Forças de contato......................................................................................................15

Fig. 2.6 – Contato normal.........................................................................................................15

Fig. 2.7 - Modelo da interface de contato.................................................................................16

Fig. 4.1 – Simulação de contato simples..................................................................................20

Fig. 4.2 – Simulação de contato 4x1.........................................................................................20

Fig. 4.3 – Simulação sinuca......................................................................................................21

Fig. 4.4 – Simulação de rolamento em parede..........................................................................21

Fig. 4.4 – Simulação de rolamento esfera-esfera......................................................................22

Page 8: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

8

LISTA DE SÏMBOLOS

Força normal

Força tangencial

Rigidez normal

Interpenetração normal

Amortecimento global

Velocidade normal

Atrito estático

Raio da esfera

Page 9: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

9

RESUMO

Esse trabalho apresenta uma implementação de um algoritmo para análise transiente

tridimensional do comportamento mecânico de meios descontínuos pelo Método dos

Elementos Discretos, utilizando elementos esféricos com variada distribuição de tamanhos e

propriedades físicas em um ambiente 3D.

Implementações computacionais do método necessitam de uma ferramenta para a

visualização gráfica dos resultados numéricos obtidos e de uma interface para permitir o

usuário construir um modelo do problema estudado. Foram construídos modelos de

problemas de dinâmica para demonstrar as capacidades do programa e para analisar os

resultados gerados pela implementação do método.

Palavras-chave: Método dos Elementos Discretos, Computação Gráfica, 3D.

Page 10: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

10

1 INTRODUÇÃO

1.1 O MÉTODO DOS ELEMENTOS DISCRETOS

O Método dos Elementos Discretos (MED) tem sido empregado para simular o

movimento de partículas de materiais granulares e rochosos, mas tem se tornado popular

como um método para representar materiais sólidos e para o estudo de problemas de fluxo,

pois conduz a uma menor adoção de parâmetros de análise que os métodos em que o meio é

considerado como um contínuo.

A partir do entendimento das propriedades mecânicas microscópicas das partículas e o

comportamento da interação entre elas, o MED permite avaliar de maneira macroscópica o

comportamento físico e mecânico do modelo estudado.

O diferencial do método está em considerar o meio analisado como um conjunto de

partículas com propriedades mecânicas particulares e geometrias definidas (meio

discretizado). O mais usual é trabalhar com um conjunto de discos ou esferas, mas o método

tem sido aplicado também para partículas com outras geometrias.

A associação de um programa que resolva problemas por meio do MED com softwares

gráficos permite a visualização do comportamento das partículas dos materiais em estudo,

sendo muito útil para a engenharia civil, engenharia mecânica, geotecnia, engenharia química,

entre outras áreas do conhecimento, sendo, portanto, bem abrangente.

1.2 OBJETIVOS

O principal objetivo deste trabalho é efetuar um estudo dos conceitos básicos do

Método dos Elementos Discretos (MED) em 3D e de sua implementação computacional,

particularizando os elementos esféricos. O trabalho culmina com a criação de um programa

que realiza os cálculos das variáveis dinâmicas dos elementos e proporciona uma visualização

dos mesmos.

Page 11: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

11

2 METODOLOGIA

2.1 ALGORITMO DE SOLUÇÃO

Na formulação clássica do MED, cada elemento é assumido como rígido e permite-se

que haja uma sobreposição de partículas, desde que sua ordem de magnitude seja pequena em

relação ao tamanho das mesmas.

O algoritmo de solução deve apresentar uma rotina de processos dentre os quais,

detecção de colisão entre os elementos, cálculo das forças resultantes dessas colisões e cálculo

posterior da velocidade resultante. Depois de estabelecidas essas etapas e as condições

iniciais, podem ser simulados o movimento dos elementos. A figura a seguir ilustra a cadeia

de processos.

Fig. 2.1 – Cadeia de processos

2.2 DETECÇÃO DE COLISÃO

Page 12: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

12

Serão abordados os dois algoritmos estudados para o desenvolvimento e implementação do programa. Sendo o primeiro deles, Direct Checking, aquele realmente implementado.

2.2.1 DIRECT CHECKING

Esse método de detecção consiste em nada mais do que calcular todas as possíveis

colisões entre os elementos (Fig. 2.2). Se é assumido que todos os elementos discretos são

esferas de diâmetro constante d, escolhido de forma que nenhum ponto do elemento esteja

fora da mesma. Assim, o diâmetro da esfera delimitadora é definido pelo maior elemento

presente. Abaixo será descrito o algoritmo do método:

Para I de 1 até N executa

{

Para J de I+1 até N executa

{

Calculo da colisão entre os elementos I e J

}

}

Assim o número de cálculos feitos será assintoticamente proporcional a , o que pode

tornar esse cálculo muito pesado para um grande número de elementos.

O algoritmo tem a vantagem de a sua implementação ser extremamente simples. Porém

este método tem utilidade apenas para problemas com quantidade pequena de elementos, o

que não será o objeto deste trabalho.

Page 13: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

13

Fig. 2.2 – Algoritmo de checagem direta.

2.2.2 DIRECT MAPPING

Este método baseia-se no mapeamento espacial do domínio, dividindo-o em células

cúbicas de tamanhos iguais. O lado das células deverá ser escolhido de forma que qualquer

elemento possa estar contido em uma célula (MUNJIZA, 2004).

Assim o lado de uma célula cúbica é igual ao diâmetro do círculo que circunscreve o

maior elemento discreto, conforme a figura abaixo.

Fig. 2.3 – Tamanho de uma célula.

Page 14: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

14

O algoritmo Munjiza é dividido em duas etapas principais: o mapeamento de cada

elemento em sua célula correspondente e a procura dos possíveis elementos que podem estar

em contato entre si.

Para encontrar os possíveis contatos com um determinado elemento checam-se somente

as células vizinhas à célula desse elemento e a sua própria célula (Fig. 2.4). Para essa

consideração ser válida, definimos o tamanho da célula como aquele que pode conter o maior

elemento discreto.

Após a constatação da possibilidade de contato entre partículas pertencentes às células

vizinhas ou a mesma célula, realiza-se outro teste de detecção entre as partículas para que se

confirme o contato, devendo esse segundo teste depender da geometria dos elementos.

Munjiza mostra que esse algoritmo de mapeamento direto para busca de contatos entre

partículas é assintoticamente proporcional ao número de elementos, o que torna esse

algoritmo muito mais apropriado para problemas com um grande número de elementos.

Fig. 2.4 – Células com possibilidade de haver contatos.

Esse algoritmo apresenta somente duas limitações, a primeira é que para partículas de

tamanhos bem variáveis ele deixa de ser assintoticamente proporcional ao número de

elementos, e a segunda é que pode apresentar uso excessivo de memória computacional caso

Page 15: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

15

o tipo de problema estudado possua elementos discretos muitos dispersos no domínio

estudado.

2.3 FORÇAS DE CONTATO

Uma vez que o contato entre dois elementos foi detectado, a interação entre eles pode

ser representada por duas forças: e . De acordo com a Terceira Lei de Newton, temos

Fazendo F1 = F, decompomos nas componentes normal e tangencial Fn e Ft (Fig.

2.5), respectivamente. Assim,

F = Fn + Ft

Fig. 2.5 – Forças de contato.

2.3.1 CONTATO NORMAL

Nesse trabalho consideramos que as colisões entre os objetos geram forças normais

aos elementos, aplicadas nas regiões de contato.

É considerado o modelo de amortecimento linear (PÖSCHEL, 2005), que estabelece

que a intensidade da força normal atuante ( ) em função dos parâmetros de rigidez normal

( ) e de amortecimento global ( ), além do valor da interpenetração ( ) e da velocidade

relativa normal ( ), pode ser dada com boa aproximação por:

Page 16: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

16

Fig. 2.6 – Contato normal.

A interpenetração é dada pela equação:

e é a distância entre os centros das esferas. Se > 0, temos que = 0.

A constante de amortecimento é dada pela fórmula abaixo (ONATE & ROJEK,

2003), experimentalmente desenvolvida afim de minimizar a vibração dos elementos.

2.3.2 FORÇA DE CONTATO TANGENCIAL

A força tangencial Ft será dada, de acordo com a mecânica newtoniana, pela seguinte

equação (modelo de Cundall e Strack):

Page 17: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

17

A força de atrito é descrita pela ação de uma mola na direção tangencial do plano de

contato (imagine as partículas como engrenagens com dentes flexíveis). Esta mola é

inicializada no tempo do primeiro contato entre as partículas e perdura até a separação das

superficies. Sua elongação determina a força tangencial restauradora, novamente limitada pela

lei de Coulomb para o atrito.

Fig. 2.7 - Modelo da interface de contato.

2.4 ENERGIA E MOMENTO

Se não há perda de energia por atrito (amortecimento = 0) ou durante as colisões

(elasticidade = 1), então a energia total do sistema não deve mudar.

Uma colisão entre objetos não deve alterar o momento angular. No entanto, uma

colisão com uma parede não irá preservar o momento angular porque paredes super massivas

não estão incluídas nos cálculos do movimento dos objetos.

A energia gravitacional é dada por mgh, onde h = altura do centro do objeto de massa

acima do piso. A energia translacional é dada por , onde é o vetor velocidade para

o centro de massa do objeto. Note que foi usado o produto escalar para a quadratura do vetor

velocidade. A energia rotacional é dada por , onde I é o momento de inércia e ω é a

velocidade angular.

Page 18: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

18

O momento linear é dado por . O momento angular de uma partícula é

definido pelo produto vetorial do vetor posição da partícula (em relação a um ponto de

referência) pelo seu momento linear. Abaixo está a equação representativa:

2.5 CÁLCULO DAS VELOCIDADES

Após ter formulado as equações diferenciais de equilíbrio e estabelecido as condições

iniciais, é necessário utilizar algum tipo de técnica para solução dessas equações. Existem

diversos métodos de solução, os quais podem ser analíticos ou numéricos, sendo estes mais

versáteis e, portanto, utilizado nesse programa.

O método numérico mais simples para resolver equações diferenciais é o de substituir as

derivadas por razões entre variações da função e da respectiva variável. No caso presente,

teremos

Assim, se quisermos saber as posições e velocidades de um corpo entre um instante inicial

e final , poderemos dividir o intervalo ; em N partes iguais e calcular as

velocidades nos instantes usando as acelerações no instante anterior

= +

= +

...

= +

Page 19: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

19

...

= + ,

sendo

,

,

, com = + = .

Do mesmo modo podemos calcular as posições em cada instante usando o valor da

velocidade no instante anterior, fazendo

= + = .

As equações e constituem o método de Euler para o cálculo das posições e

velocidades de um corpo sujeito a uma força. O método de Euler é chamado um método de 1ª

ordem. A razão para isso encontra-se no fato de podermos escrever, usando o

desenvolvimento em série de Taylor,

= + + + ...

= + + + ...,

o que significa que, ao aplicar o método de Euler, estamos desprezando termos com potências

de iguais ou superiores a 2 - diz-se “termos de 2ª ordem ou superior". Podemos então

dizer que o erro cometido em cada iteração (cada cálculo de ou ) é proporcional a ,

desde que seja suficientemente pequeno. No entanto, como temos que calcular N valores

de e , o erro total cometido pode ser estimado como sendo proporcional a

Page 20: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

20

uma vez que = - = . Assim, o erro total é proporcional a , e daí a designação de

método de 1ª ordem.

3 IMPLEMENTAÇÃO

3.1 LIMGUAGEM DE PROGRAMAÇÃO

O programa foi implementado em linguagem C. O código está separado em diversos

módulos a fim de facilitar o seu desenvolvimento. Toda a interface gráfica foi criada com o

uso das bibliotecas OpenGL e GLUT, de forma a manter o código independente do sistema de

janelas e do sistema operacional, podendo ser compilado em qualquer plataforma que possua

uma implementação destas bibliotecas.

3.2 ARQUIVOS DE E/S

Dois tipos de arquivo podem ser manipulados pelo programa:

INI: Arquivo de dados iniciais. Trata-se de um arquivo de texto que armazena os dados

iniciais do problema, ou seja, o estado inicial do modelo. A partir deste estado o programa

calcula os estados subseqüentes e a cada instante de tempo o estado atual pode ser

armazenado como um novo arquivo INI. O arquivo pode ser modificado diretamente pelo

usuário, respeitando uma sintaxe própria.

TXT: Arquivo de dados processados. É um arquivo texto que armazena os dados processados

pelo programa, ou seja, os estados do modelo após o estado inicial. Os estados são gravados

em intervalos de tempo determinados pelo usuário. Cada estado gravado no arquivo TXT

pode ser convertido em um arquivo INI completo.

Page 21: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

21

4 EXEMPLOS

4.1 SIMULAÇÃO DE CONTATO SIMPLES

Neste exemplo foi simulado um choque entre dois elementos desconsiderando a força

gravitacional, para fins de análise do comportamento rotacional ocasionado pelo contato

esfera-esfera com atrito.

Fig. 4.1 – Simulação de contato simples.

4.2 SIMULAÇÃO DE CONTATO 4 X 1

Esta simulação consiste-se do choque entre 5 (cinco) elementos, ocasionado

inicialmente pela ação da força gravitacional em uma esfera que é deixada cair sobre outras 4

(quatro).

Fig. 4.2 – Simulação de contato 4x1.

Page 22: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

22

4.3 SIMULAÇÃO SINUCA

Neste exemplo foi simulada uma situação semelhante a um jogo de sinuca, em que

uma esfera é lançada sobre outras 6 (seis). Foram considerados os atritos esfera-esfera e

esfera-parede.

Fig. 4.3 – Simulação sinuca.

4.4 SIMULAÇÃO DE ROLAMENTO EM PAREDE

Este exemplo mostra o rolamento do elemento (esfera) em uma parede com atrito, sob

a ação única da força gravitacional. Note que o assoalho possui um coeficiente de restituição,

e a esfera sofre um “damping” (amortecimento), até a dissipação total do movimento.

Fig. 4.4 – Simulação de rolamento em parede.

Page 23: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

23

4.5 SIMULAÇÃO DE ROLAMENTO ESFERA-ESFERA

Novamente uma simulação de rolamento, desta vez entre duas esferas. Neste caso,

temos uma esfera rotacionando sobre outra, sob ação somente das forças gravitacional e de

atrito.

Fig. 4.4 – Simulação de rolamento esfera-esfera.

Page 24: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

24

6 CONCLUSÃO

O trabalho desenvolvido até este momento constitui a transição do Método dos

Elementos Discretos da segunda para a terceira dimensão. Foram implementadas o que

podemos chamar de forças básicas, ou seja, as componentes normal e tangencial (atrito),

levando em consideração o amortecimento. A análise dos resultados pôde ser feita pela

visualização de alguns exemplos gerados. Estes se mostram bastante satisfatórios,

apresentando elementos com comportamentos coerentes com o esperado na realidade. Isso

mostra o potencial do Método de Elementos Discretos em 3D, em particular a ferramenta

computacional desenvolvida durante este trabalho, na simulação e visualização de problemas

que envolvam meios descontínuos.

Na continuidade deste trabalho, serão implementados outras forças como, por

exemplo, as forças de atrito viscoso e aquelas geradas por um campo potencial arbitrário. O

método de integração temporal será alterado para outro de maior precisão e será

implementado o algoritmo Direct Mapping para a detecção de contato.

Page 25: MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE ...dcc.ufrj.br/~marcellogt/arq/Thimounier - TD 2009_Marcello.pdf · Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação como

25

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MUNJIZA, A. The Combined Finite-Discrete Element Method. Londres: John Wiley &

Sons, 2004.

PÖSCHEL, T. & SCHWAGER, T. Computational Granular Dynamics: Models and

Algorithms. Berlin: Springer, 2005.

KRYSYL, P. & BELYTSCHKO, T. Object-oriented parallelization of explicit structural

dynamics with PVM, Computers & Structures, vol. 66. 1998.

CUNDALL, P.A. & STRACK, O.D.L., 1979. A discrete numerical model for granular

assemblies. Geotechnique. vol. 29, No. 1.

ALONSO, M. & FINN, E. Física um curso universitário, vol. 1. Brasil : Edgard Blucher,

1972.

ROJEK, E. & OÑATE, J. Combination of discrete element and finite element methods for

dynamic analysis of geomechanics problems. Espanha: Elsevier, 2003.

MINATO, K. K., CANTINI, C., Teixeira, M. G. Estudo e implementação do método dos

elementos discretos. 30o CILAMCE, Buzios, RJ, 2009.