ministério assegura que prova de avaliação de professores ... · cer esse seu direito,...

2
PÚBLICO, QUI 27 NOV 2014 | PORTUGAL | 17 PUBLICIDADE A intenção de marcar uma segunda data para a realização da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Ca- pacidades (PAAC) dos professores contratados nunca foi escondida pe- lo Ministério da Educação e Ciência (MEC) e, por isso, a sua realização em Julho não pode ser entendida como uma surpresa. É assim que a tutela reage à carta em que o provedor de Justiça critica a forma como decorreu o processo do exame aos docentes, considerando que este feriu direitos fundamentais. Ministério assegura que prova de avaliação de professores em Julho não foi uma surpresa O gabinete de Nuno Crato lembra que, um mês e meio antes de marcar a nova data da PACC, a 3 de Maio, de- pois de conhecida a última decisão judicial favorável às pretensões da tutela e que viabilizava a realização do exame, tinha anunciado que iria “realizar as diligências para que o processo seja retomado, com tran- quilidade, mas com a certeza da sua importância para a qualidade do en- sino e do futuro dos nossos alunos”. Em nota escrita enviada ao PÚBLI- CO, a tutela recorda ainda que a in- tenção de retomar o processo da ava- liação dos docentes foi “várias vezes reiterado em declarações públicas” dos responsáveis do MEC. Além dis- so, acrescenta, a repetição da prova, foi, após o seu anúncio, objecto de várias providências cautelares inter- postas pelos sindicatos de professo- res, tendo sido todas indeferidas. Como ontem foi noticiado, o pro- vedor de Justiça considera que o Educação Samuel Silva Tutela contesta ideia de que a segunda chamada da PACC fosse “imprevisível”, como afirmou o provedor de Justiça No mesmo sentido, para o minis- tério, a prova realizada em Julho não foi uma “segunda edição” da PACC, mas apenas um “oportunidade” dada aos candidatos que se viram impedi- dos de a realizar na data inicialmen- te marcada, 18 de Dezembro, “por motivos alheios à sua vontade”, ar- gumento que também utilizará para contestar a apreciação do processo que foi feita pela Provedoria de Jus- tiça, quando responder à missiva de Faria da Costa, nos próximos dias. “A aprovação na PACC é requisi- to para admissão aos concursos de selecção e recrutamento do pessoal docente, prevista no Estatuto da Car- reira Docente desde 2007 e regula- mentada com periodicidade anual em 2013, pelo que a tutela não po- deria deixar de proporcionar a esses candidatos a oportunidade de exer- cer esse seu direito, salvaguardando a equidade dos concursos”, afirma ainda o MEC. anúncio de uma segunda data para a realização da PAAC com cinco dias de antecedência feriu direitos funda- mentais dos professores, nomeada- mente a igualdade de oportunidades e o princípio da proporcionalidade. Numa carta enviada ao MEC, José Fa- ria da Costa considera que o facto de o ano lectivo estar no seu final tor- nava “imprevisível” a realização da segunda chamada da PACC. O MEC diz ter um entendimento “diferente daquele que foi agora transmitido” pelo provedor de Jus- tiça sobre esta matéria. Ainda assim, o ministério “está a analisar o ofício recebido”, atendendo a que Faria da Costa pede, na carta da semana passada, a Nuno Crato que este lhe dê a conhecer a sua posição sobre as questões que são levantadas sobre a PACC. A tutela “irá, tal como solicita- do, comentar as questões enunciadas pela Provedoria”, promete o gabine- te do ministro. Breve Beja 21 trabalhadores da PT com sintomas de intoxicação Vinte e um trabalhadores do call center da empresa PT Portugal em Beja entraram ontem no serviço de urgências do hospital da cidade com sintomas de intoxicação, disse à agência Lusa fonte da unidade de saúde. Segundo a fonte, os trabalhadores começaram a entrar nas urgências do hospital a partir das 13h com “náuseas, vómitos e ardor na garganta”, os mesmos sintomas dos casos registados nos passados dias 15 e 17. FESTA DOS LIVROS GULBENKIAN 27 NOV - 23 DEZ FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN Durante a Festa dos Livros, a exposição A História Partilhada. Tesouros dos Palácios Reais de Espanha pode ser visitada até às 20:00 TODOS OS DIAS 10:00 - 20:00 LOJA DO MUSEU | LOJA DA SEDE

Upload: duongdan

Post on 27-Jan-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ministério assegura que prova de avaliação de professores ... · cer esse seu direito, salvaguardando a equidade dos concursos”, afi rma ainda o MEC. ... móveis no quotidiano

PÚBLICO, QUI 27 NOV 2014 | PORTUGAL | 17

PUBLICIDADE

A intenção de marcar uma segunda

data para a realização da Prova de

Avaliação de Conhecimentos e Ca-

pacidades (PAAC) dos professores

contratados nunca foi escondida pe-

lo Ministério da Educação e Ciência

(MEC) e, por isso, a sua realização em

Julho não pode ser entendida como

uma surpresa. É assim que a tutela

reage à carta em que o provedor de

Justiça critica a forma como decorreu

o processo do exame aos docentes,

considerando que este feriu direitos

fundamentais.

Ministério assegura que prova de avaliação de professores em Julho não foi uma surpresa

O gabinete de Nuno Crato lembra

que, um mês e meio antes de marcar

a nova data da PACC, a 3 de Maio, de-

pois de conhecida a última decisão

judicial favorável às pretensões da

tutela e que viabilizava a realização

do exame, tinha anunciado que iria

“realizar as diligências para que o

processo seja retomado, com tran-

quilidade, mas com a certeza da sua

importância para a qualidade do en-

sino e do futuro dos nossos alunos”.

Em nota escrita enviada ao PÚBLI-

CO, a tutela recorda ainda que a in-

tenção de retomar o processo da ava-

liação dos docentes foi “várias vezes

reiterado em declarações públicas”

dos responsáveis do MEC. Além dis-

so, acrescenta, a repetição da prova,

foi, após o seu anúncio, objecto de

várias providências cautelares inter-

postas pelos sindicatos de professo-

res, tendo sido todas indeferidas.

Como ontem foi noticiado, o pro-

vedor de Justiça considera que o

Educação Samuel Silva

Tutela contesta ideia de que a segunda chamada da PACC fosse “imprevisível”, como afirmou o provedor de Justiça

No mesmo sentido, para o minis-

tério, a prova realizada em Julho não

foi uma “segunda edição” da PACC,

mas apenas um “oportunidade” dada

aos candidatos que se viram impedi-

dos de a realizar na data inicialmen-

te marcada, 18 de Dezembro, “por

motivos alheios à sua vontade”, ar-

gumento que também utilizará para

contestar a apreciação do processo

que foi feita pela Provedoria de Jus-

tiça, quando responder à missiva de

Faria da Costa, nos próximos dias.

“A aprovação na PACC é requisi-

to para admissão aos concursos de

selecção e recrutamento do pessoal

docente, prevista no Estatuto da Car-

reira Docente desde 2007 e regula-

mentada com periodicidade anual

em 2013, pelo que a tutela não po-

deria deixar de proporcionar a esses

candidatos a oportunidade de exer-

cer esse seu direito, salvaguardando

a equidade dos concursos”, afi rma

ainda o MEC.

anúncio de uma segunda data para

a realização da PAAC com cinco dias

de antecedência feriu direitos funda-

mentais dos professores, nomeada-

mente a igualdade de oportunidades

e o princípio da proporcionalidade.

Numa carta enviada ao MEC, José Fa-

ria da Costa considera que o facto de

o ano lectivo estar no seu fi nal tor-

nava “imprevisível” a realização da

segunda chamada da PACC.

O MEC diz ter um entendimento

“diferente daquele que foi agora

transmitido” pelo provedor de Jus-

tiça sobre esta matéria. Ainda assim,

o ministério “está a analisar o ofício

recebido”, atendendo a que Faria

da Costa pede, na carta da semana

passada, a Nuno Crato que este lhe

dê a conhecer a sua posição sobre as

questões que são levantadas sobre a

PACC. A tutela “irá, tal como solicita-

do, comentar as questões enunciadas

pela Provedoria”, promete o gabine-

te do ministro.

Breve

Beja

21 trabalhadores da PT com sintomas de intoxicaçãoVinte e um trabalhadores do call center da empresa PT Portugal em Beja entraram ontem no serviço de urgências do hospital da cidade com sintomas de intoxicação, disse à agência Lusa fonte da unidade de saúde. Segundo a fonte, os trabalhadores começaram a entrar nas urgências do hospital a partir das 13h com “náuseas, vómitos e ardor na garganta”, os mesmos sintomas dos casos registados nos passados dias 15 e 17.

FESTA DOS LIVROS GULBENKIAN27 NOV - 23 DEZ

������������ �����������������

����������������

FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN

Durante a Festa dos Livros, a exposiçãoA História Partilhada. Tesouros dos Palácios

Reais de Espanha pode ser visitada

até às 20:00

TODOS OS DIAS 10:00 - 20:00LOJA DO MUSEU | LOJA DA SEDE

egoncalves
Highlight
Page 2: Ministério assegura que prova de avaliação de professores ... · cer esse seu direito, salvaguardando a equidade dos concursos”, afi rma ainda o MEC. ... móveis no quotidiano

18 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 27 NOV 2014

Demissões no Amadora-Sintra

Os chefes da urgência geral do hos-

pital Amadora-Sintra pediram a de-

missão, mas o hospital assegura que

a situação não afecta o normal fun-

cionamento do serviço, disse fonte

ofi cial da unidade.

“Pediram demissão das funções de

chefi a, mas continuam a trabalhar

na urgência. Não alterou o normal

funcionamento da urgência”, disse à

agência Lusa fonte ofi cial do gabinete

de imprensa do hospital, confi rman-

do a notícia avançada pelo Expresso

online. Segundo o Expresso, esta de-

missão de “16 médicos com tarefas

administrativas acrescidas foi expres-

sa numa missiva enviada à adminis-

tração do hospital, depois de terem

sido informados de que os horários

de trabalho seriam alargados”.

Aliás, fonte ofi cial do Hospital Fer-

nando Fonseca (Amadora-Sintra)

confi rmou que na origem do pedido

de demissão está uma deliberação

do conselho de administração que

previa a disponibilização dos médi-

cos de medicina interna desde as 8h

no serviço de urgência geral.

Esta deliberação serviria apenas

por um período temporário, no-

meadamente para dar resposta a

um eventual aumento da procura

neste Inverno. As funções de chefi a

que estes elementos exerciam até

aqui podem ser desempenhadas

por outros médicos, como é o ca-

so da transferência de doentes ou

da passagem de certidões de óbito.

Quanto à gestão das escalas de tra-

balho, será feita temporariamente

pela direcção clínica.

Fonte ofi cial do hospital indicou

ainda à Lusa que a administração

está à procura de uma solução pa-

ra substituir estes chefes de urgên-

cia.

Amadora--Sintra: chefes de urgência demitem-se

Saúde

Demissão por causa do alargamento dos horários de trabalho. Hospital garante “normalidade”

Breves

Saúde

Justiça

Bruxelas alerta para atraso nos cuidados transfronteiriços

MP acusa nove pessoas que vendiam veículos furtados

A Comissão Europeia exigiu a Portugal que forneça informação sobre a transposição para a legislação nacional das normas europeias sobre cuidados de saúde transfronteiriços, dando a Lisboa um prazo de dois meses para responder.A directiva refere-se às normas comunitárias que permitem a um paciente escolher cuidados médicos noutro Estado-membro e pedir reembolso dos mesmos no país de origem.Segundo Bruxelas, Portugal e a Holanda apenas adoptaram parte da lei europeia e se não demonstrarem, em dois meses, terem tomado medidas para transpor a totalidade da directiva, a Comissão Europeia pode levar o caso perante o Tribunal de Justiça da UE.

O Ministério Público (MP) acusou nove pessoas, pertencentes a um grupo organizado “com aparência empresarial”, que furtavam e falsificavam carros para os venderem, indicou ontem a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL).Segundo a PGDL, os nove arguidos são acusados dos crimes de associação criminosa, burlas qualificadas, furto e falsificação de veículos e receptação, sendo que dois dos arguidos ficaram em prisão preventiva. A actividade criminosa foi desenvolvida entre 2011 e 2012. O MP acrescenta que foram apreendidas quantias em dinheiro e 22 viaturas falsificadas topo de gama, tendo sido a declaração de perda do apreendido feita a favor do Estado.

JOSÉ FERNANDES

73% dos alunos dizem que recorrem à Internet para fazer pesquisas para trabalhos escolares

Mais de metade dos alunos portugue-

ses entre os 9 e os 16 anos inquiridos

num inquérito que incluiu sete países

europeus revelaram que acedem à

Internet no telemóvel ou smartpho-

ne, usando a rede da sua escola. Esta

possibilidade de acesso nas escolas

é a segunda mais elevada entre os

países estudados, logo a seguir à Di-

namarca.

Apesar de destacarem algumas

restrições, 56% dos estudantes portu-

gueses inquiridos referiram ser pos-

sível o acesso à Internet nas suas es-

colas, ainda que o uso sem qualquer

tipo de restrição tenha sido indicado

por apenas 16%. Na Dinamarca, pa-

ís que surge em primeiro lugar, esta

prática é referida por quase todos os

estudantes.

A atenção ao uso de meios digitais

móveis no quotidiano de crianças e

jovens é o tema da conferência do

projecto Net Children Go Mobile, que

se realiza na Universidade Nova de

Lisboa amanhã e no sábado. Além

de Portugal e da Dinamarca, este

Mais de metade dos alunos conseguem aceder à Internet com telemóveis nas escolas

projecto europeu envolveu a Bélgi-

ca, a Irlanda, a Itália, a Roménia e o

Reino Unido.

O projecto europeu permitiu che-

gar a outras conclusões. Um quinto

dos estudantes portugueses revelou,

por exemplo, que os professores in-

centivam a colaboração com os co-

legas através da Internet, fora da es-

cola, para realização de trabalhos es-

colares, um valor reduzido mas que,

mesmo assim, é dos mais elevados

entre os sete países do estudo.

Quase três quartos (73%) dos alu-

nos portugueses adiantaram ainda

que recorrem à Internet para fazer

pesquisas para trabalhos escolares

pelo menos uma vez por semana, en-

quanto 25% admitiram mesmo que

o fazem todos os dias. No entanto, a

utilização de smartphones para traba-

lhos na sala de aulas é residual: 91%

dos estudantes afi rmam que nunca

ou quase nunca isso aconteceu.

Trabalhos escolaresA utilização da Internet e de tele-

móveis avançados para trabalhos

escolares é mais promovido pelos

professores do 3.º ciclo e do ensino

secundário e entre os jovens de es-

tatuto social mais elevado.

A equipa portuguesa do projecto

Net Children Go Mobile entrevistou

crianças e jovens e também pais e

professores para perceber se existem

regras e restrições no uso pessoal de

telemóveis em sala de aula. No de-

curso do trabalho, estudantes do 2.º

ciclo aproveitaram para avançar com

uma sugestão, destacando as vanta-

gens de se passar a usar tablets com

acesso a todos os conteúdos curricu-

lares, substituindo desta forma as pe-

sadas mochilas cheias de livros que

todos os dias têm de transportar.

Já os professores preferiram desta-

car a importância de saberem orien-

tar os alunos para uma pesquisa críti-

ca da informação disponível na rede,

independentemente dos meios usa-

dos para aceder à Internet. Apesar de

designarem os alunos como “nativos

digitais”, os professores lamentam

as defi ciências nas suas competên-

cias, uma vez que utilizam a Internet

sobretudo para a comunicação com

colegas e para o entretenimento.

“A escola tem um papel fundamen-

tal no desenvolvimento da literacia

digital, mas o sistema educativo por-

tuguês ainda não oferece as respostas

adequadas aos desafi os colocados

pela presença das tecnologias móveis

e da Internet na vida dos jovens”,

considera, a propósito, Eduarda Fer-

reira, psicóloga escolar e membro da

equipa do Net Children Go Mobile.

“É fundamental a partilha de casos

de boas práticas, assim como a for-

mação específi ca de literacia digital

dirigida aos professores”, acrescenta.

Em debate nesta conferência vai

estar ainda a mediação parental dos

pequenos ecrãs e o lugar dos pares

na socialização nas redes digitais.

Educação Alexandra Campos

Entre sete países europeus, os alunos portugueses são os segundos com maior possibilidade de acesso à Internet nas escolas

egoncalves
Highlight