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AMBIENTE revista do meio Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental ano IV • abril 2010 30 Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br Projeto sem fins lucrativos Distribuição gratuita Alternativas para acabar com as favelas A greve verde dos servidores públicos Mãe Terra, perdoa-nos Mapa da injustiça ambiental Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental

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abr 2010revista do meio ambiente

Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental: organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, dedicada à democratização da informação ambiental com a proposta de colaborar na formação e mobilização da Cidadania Ambiental planetária através da edição e distribuição gratuita da Revista do Meio Ambiente, Portal do Meio Ambiente e do boletim digital Notícias do Meio Ambiente. CNPJ: 05.291.019/0001-58. Sede: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - CEP 24370-290 www.rebia.org.brConselho Consultivo e EditorialAristides Arthur Soffiati, Bernardo Niskier, Carlos Alberto Muniz, David Man Wai Zee, Flávio Lemos de Souza, Keylah Tavares, Luiz Prado, Paulo Braga, Raul Mazzei, Ricardo Harduim, Rogério Álvaro Serra de Castro, Roberto Henrique de Gold Hortale (Petrópolis, RJ) e Rogério RuschelDiretoria ExecutivaPresidente do Conselho Diretor: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista Presidente do Conselho Deliberativo: JC Moreira, jornalista Presidente do Conselho Fiscal: Flávio Lemos, psicólogoSuperintendente ExecutivoGustavo da Silva Demaman Berna, biólogo pós-graduado em meio ambiente (Coppe/UFRJ) e especialista em resíduos sólidos • (21) 7826-2326 ID 11605*1 [email protected] Moderadores dos Fóruns RebiaRebia Nacional ([email protected]): Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista ambientalRebia Norte ([email protected]) – Rebia Acre: Evandro J. L. Ferreira, pesquisador do INPA/UFAC • Rebia Manaus: Demis Lima, gestor ambiental • Rebia Pará: José Varella, escritorRebia Nordeste ([email protected]) – Coordenador: Efraim Neto, jornalista ambiental • Rebia Bahia: Liliana Peixinho, jornalista ambiental e educadora ambiental • Rebia Alagoas: Carlos Roberto, jornalista ambiental • Rebia Ceará: Zacharias B. de Oliveira, jornalista, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente • Rebia Piauí: Dionísio Carvalho, jornalista ambiental • Rebia Paraíba: Ronilson José da Paz, mestre em Biologia • Rebia Natal: Luciana Maia Xavier, jornalista ambientalRebia Centro-Oeste ([email protected]): Eric Fischer Rempe, consultor técnico (Brasília) e Ivan Ruela, gestor ambiental (Cuiabá)Rebia Sudeste ([email protected]) - Rebia Espírito Santo: Sebastião Francisco Alves, biólogo Rebia Sul ([email protected]) - Coordenador regional: Paulo Pizzi, biólogo • Rebia Paraná: Juliano Raramilho, biólogo • Rebia Santa Catarina: Germano Woehl Junior, mestre e doutor em Física.Pessoa Jurídica A Rebia mantém parceria com uma rede solidária de OSCIPs (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que respondem juridicamente pela finanças dos veículos de comunicação e projetos da Rebia:• Associação Ecológica Piratingaúna CNPJ nº 03.744.280/0001-30 – Sede à Rua Maria Luiza Gonzaga, nº 217 - no bairro Ano Bom - Barra Mansa, RJ • CEP: 27323-300 – Utilidade Pública Municipal e isenta das inscrições estadual e municipal • Prima – Mata Atlântica e Sustentabilidade(Ministério da Justiça - registro nº 08015.011781/2003-61) – CNPJ nº 06.034.803/0001-43 – Sede à Rua Fagundes Varela, nº 305/1032, Ingá, Niterói, RJ - CEP: 24210-520 – Inscrição estadual: Isenta e inscrição Municipal: 131974-0 www.prima.org.br

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nesta edição

EspecialMomento crítico no planeta

por Marcelo Bancalero

Dia do Índio, Dia da Terra e Belo Monte por Eloy Fassi Casagrande Jr.

Fórum Stop a destruição do mundo

Dia do Índio? por J. Rosha

Alternativas para acabar com as favelas •Tecnologias sociais e o cenário externo •

Água suja mata mais que guerras • Energia limpa ao alcance de todos •

Mapa da injustiça ambiental é lançado •Nestlé financia a destruição •

Animais ameaçados de extinção •O que é hoarding? •

Discursos vazios nas enchentes do Rio •Servidores públicos em greve verde •

Jogo sujo de petroleira •Boicote ruralista contra patrocínio a ONGs •

III Congresso de Jornalismo Ambiental •A dignidade do planeta •

Espaço infantil •Guia do Meio Ambiente •

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Redação: Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 • Tel.: (21) 2620-2272

Editor e Redator-chefe: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista. Em 1999 recebeu o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e, em

2003, o Prêmio Verde das Américas www.escritorvilmarberna.com.br http://escritorvilmarberna.blogspot.com/ Contatos: [email protected]

Celulares (21) 9994-7634 e7883-5913 ID 12*88990

Editor Científico: Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista, mestre em Ciência Ambiental, especialista em Informação Científica e Tecnológica em Saúde Pública • (21) 2710-5798 / 9509-3960 • MSN: [email protected]

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Produção gráfica: Projeto gráfico e diagramação: Estúdio Mutum • (11) 3852-5489

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ComercialLinha direta com o editor: [email protected] • Celular (21) 7883-5913

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revistadomeioambiente.org.br e [email protected]ção em Brasília: Minas de Ideias Comunicação Integrada (Emília

Rabello e Agatha Carnielli • Brasília (61) 3408-4361 / 9556-4242 Rio de Janeiro: (21) 2558-3751 / 9114-7707 • [email protected]

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Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o

ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

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editorial

O problema está na forma como o meio ambiente vem sendo compre-endido! Em vez dos governantes ou administradores públicos ou pri-vados ecologizarem todas as suas ações, principalmente a partir da década de 80, preferiram copiar modelos estrangeiros. Surgiram então os ‘compartimentos estanques’ e por vezes impermeáveis com a preten-são de ‘cuidar’ do meio ambiente.

Calou-se, assim, todo um segmento da sociedade que teve suas ener-gias e esperanças canalizadas numa direção, além de se criarem verda-deiros nichos de emprego para técnicos e profissionais do setor e mes-mo nichos políticos para representantes ambientalistas da sociedade.

Aparentemente, tudo parecia bem, entretanto, esta é uma situação pa-radoxal por principio e que se mostra inadequada para tratar de um tema transversal, horizontal e multidisciplinar como o meio ambiente.

Ao se adotar este modelo criou-se, por um lado, um órgão para preser-var o meio ambiente, e por outro, na mesma administração, vários outros órgãos para destruí-lo, ou que não levam o meio ambiente em conta em suas ações e políticas! E pior, que ficam impedidos de cuidar da questão ambiental já que existe, na mesma administração, um órgão para isso. Ou porque na titularidade do órgão ambiental estão desafetos políticos ou o órgão ambiental ‘pertence’ politicamente a um outro partido da base de sustentação da Administração.

O ideal seria uma administração ‘ecologista’ onde cada um e TODOS os ór-gãos de uma mesma administração tivessem responsabilidades de acordo com sua especificidade. Só para citar um exemplo disso, educação ambiental seria responsabilidade dos setores de Educação. Logo de cara essa proposta vai na contramão do que está aí, principalmente dos atuais detentores de car-gos e posições políticas em setores ambientais. Então, não será nada fácil eco-logizar uma administração depois que ela construiu áreas de conforto para técnicos e políticos ligados ao setor ambiental e deu à sociedade e a espe-

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Não é o meio ambiente que ‘atrapalha’ o progresso, como tem afirmado em alto e bom som o Deputado Aldo Rebelo, ou disse e desdisse a candidata do Lula à Presidência!

rança de que com um órgão especifico para cui-dar do meio ambiente então estará bem! O ad-ministrador que pretender mudar isso terá de ter coragem e resistir ao chororo e às tentativas de boicotes do próprio nicho ambiental! E isso é bem humano e compreensível pois tende-mos a temer e a reagir ao que desconhecemos! Numa administração ecologizada os técnicos ambientais teriam muito mais oportunidades que numa administração ambiental comparti-mentalizada, pois mais órgãos terão de deman-dar esses conhecimentos ambientais!

E enquanto isso não acontecer, continuare-mos assistindo a administrações ambientais fracas e isoladas dentro de administrações que não se consideram comprometidas com o meio ambiente tanto quanto se acham comprometi-das com o desenvolvimento. E continuaremos assistindo administrações ambientais que fa-lam apenas para o próprio umbigo, que espe-cializaram-se em dizer o que NÃO se pode fa-zer com o meio ambiente, em vez de dizer o que pode ser feito com ele sem destruí-lo!

Nenhum ambientalista sensato quer a natu-reza apenas para as plantas e os bichos, pois nossa espécie também faz parte da natureza e tem todo direito ao desenvolvimento, à supera-ção da miséria e à qualidade de vida.

Por outro lado, nenhum desenvolvimen-tista sensato quer um tipo de progresso que resulte numa terra arrasada atrás de si e de seus empreendimentos!

Entretanto, buscar a possível e desejável com-patibilizacao entre progresso e meio ambiente diante de administrações compartimentali-zadas e quase sempre estanques entre si será uma perda enorme de talentos e de energias, que poderiam estar sendo empregados para encontrar soluções em vez de tentarem se des-qualificar e demonizar mutuamente. * Vilmar é escritor, autor de 20 livros, entre eles A administração com consciência ambiental, das Edições Paulinas. Mais informações: www.escritorvilmarberna.com.br

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Progresso

A própria linha fina já é quase a conclu-são a que se propõe este texto dissertativo. Onde se ousa a falar de um assunto que já virou como que uma máxima nos meios de comunicação. De repente, todo mundo re-solve falar sobre a cruel situação em que a humanidade deixou o planeta. Todo mundo quer aliviar a própria consciência, arrotando palavras em defesa à Natureza, contra os que colaboram com o aquecimento global e tudo o mais. Como se não tivéssemos todos, uma parcela de culpa em tudo isso.

Se formos analisar de um modo mais sincero, uma visão mais imparcial. Entenderemos que a situação chegou a esse ponto, devido à cobi-ça (ou entenda-se estupidez), da humanidade como um todo. Desde o descaso das grandes in-dustrias e nações. Até mesmo o nosso próprio descaso. Que vai do mal uso da água, energia elétrica e a fumaça de nossos carros até ao nos-so consumismo desenfreado, que faz com que as indústrias queiram produzir ainda mais. E assim o ciclo se renova, e a destruição segue seu curso (agora quase natural).

Então, a solução não é somente nos unirmos ao Greenpeace e ong’s por aí afora, vestindo camisas com frases de denúncias, colando adesivos em nossos automóveis, artefatos es-tes que também incitam a indústria a conti-nuar a destruição. Não basta ficarmos indig-nados com a situação como se não fôssemos também responsáveis por ela. A indignação é sim legítima, desde que possamos compreen-der as nossas parcelas de culpa.

Momento

críticoContudo, é necessário saber até que ponto

estamos decididos a mudar nosso estilo de vida. Quanto estaremos dispostos a renunciar em nome da salvação do planeta. E o princi-pal, quantos de nós estamos preparados para essa mudança radical.

A Terra tem segundo a ciência, milhões de anos. E a Natureza sempre deu um jeito de man-ter a vida. Até que um dia não muito longe, o homem apareceu por aqui. Mas quando esse “bicho destacado da Natureza” (nas palavras de Edgar Morin), descobre do que é capaz, a coisa começou a mudar. E devida à ganância dessa humanidade que recebe o adjetivo de “racional”, chegamos a essa situação. E agora ou nunca. Devemos nos unir de uma maneira mais verda-deira. Pois podemos estar vivendo um momen-to crucial, onde algo de mais real de vê ser feito.

Assim, termino minhas palavras com a con-clusão já anunciada na linha fina: “Estamos vivendo um momento crítico entre a nossa civilização e o planeta Terra”.

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*O autor é escritor, poeta e estudante de Psicologia. Aprendeu o segredo da superação ao voltar a estudar aos 30 anos na 5ª série do 1ºgrau

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Na mesma semana que o embate sobre a pro-teção ambiental e desenvolvimento a qual-quer custo aumentam, em relação a cons-trução da usina hidrelétrica de Belo Mon-te, vimos imagens e mensagens produzidas para comemorações do Dia do Índio e o Dia da Terra, 19 e 22 de abril, respectivamente.

Estas datas se complementam, a medida que a cultura indígena esteve sempre associada a preservação da natureza, no seu estilo de vida respeitando a floresta, no seu convívio com a fauna e flora, sem a ameaça de um predador, identificado como o homem branco.

Não faltaram belas imagens de seus rituais, de suas crianças brincando nos rios, de sua luta para manter suas tradições, lembrando o quan-to a cultura indígena contribuiu para a língua portuguesa-brasileira, para nossos hábitos ali-mentares e para formação do nosso povo.

Depoimentos de especialistas e ambientalistas chamaram a atenção do público para o delicado

momento que atravessa o Planeta, da urgência de se adotar um novo modelo de desenvolvimen-to, de gerar energia, de lidar com as questões da água e da uso da terra. De ser sustentável!

Oposto a isto, vimos declarações de figuras públicas defendendo a construção da usi-na de Belo Monte, como do deputado Delfim Neto, chamando aos que se opõe ao proje-to, de oposição ideológica, de um “bando de pessoas que vivem na idade da pedra, mas querem andar de automóvel”.

Nada mais retrógrado e representativo do que esta visão de um ministro da época da ditadura militar. Do tempo dos mega-proje-tos, de hidrelétricas para alimentar multina-cionais produtoras de alumínio. De quando se pregava o crescimento do bolo para poder distribuir, se referindo a economia que crescia com a dívida externa e que transformou o mi-lagre econômico dos anos 70, em pesadelo da década perdida dos anos 80!

Daquele que participou ativamente dos ve-lhos slogans, “Brasil ame-o ou deixe-o”, “Prá frente Brasil”, “Ninguém mais segura este país”! Lembro de um slogan, este do povo, de um bloco de carnaval de rua em Olinda, em 1980: “Delfim

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Em Brasília, manifestantes do Greenpeace despejam um caminhão de esterco na porta da Aneel, em protesto contra o leilão da Hidrelétrica de Belo Monte

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no bolso do povo”! O tempo passa e a visão pro-gressista pura de Brasília não se renova, apesar de completar 50 anos em pleno Século XXI! E a sustentabilidade, senhor deputado?

O mundo mudou. Os brasileiros querem an-dar de carro sim, mas um carro elétrico-solar, movido a células de hidrogênio ou a ar com-primido, tecnologias que já estão resolvidas, basta ultrapassar o lobby do petróleo para se-rem implantadas. Também queremos energia para nosso conforto, a eólica, a solar, as das marés, a de biomassa, todas renováveis e que não contribuem para o aquecimento global.

Queremos as benesses do BNDES e da isenção de impostos que o governo oferece para cons-truir Belo Monte. Com metade disto se pode construir dezenas de usinas solares e parques eólicos para gerar energia verdadeiramente limpa ao Brasil. Sem inundar mais de 500 km2 de terras cultiváveis, sem destruir fl orestas, sem destruir habitats indígenas, sem desviar rios e criar problemas ambientais ainda maiores.

Queremos que o dinheiro público seja bem empregado, sem ir para as mesmas emprei-teiras, que desde o regime militar acumulam riqueza sem distribuir. Deputado, sua receita nunca funcionou, o bolo não foi dividido, e o senhor insiste na mesma fórmula petrifi cada!

O modelo de geração de energia deve ser revis-to no Brasil. Estudos demonstram que cada me-tro quadrado de painel fotovoltaico evita a inun-dação de cerca de 60 metros quadrados para a geração elétrica. Se toda a superfície do lago a ser formado pela Usina de Belo Monte fosse co-berta com painéis fotovoltaicos, seriam geradas cerca de 44 GWp (gigawatts potência), ou seja, cerca de 20% da energia consumida no país.

A proposta não é cobrir áreas tão extensas com painéis, mas é um exemplo de seu potencial, onde novos modelos devem gerar energia de forma descentralizada. A cobertura de um está-dio de futebol pode virar uma usina ou mesmo os telhados de vinte casas de um condomínio.

No fi nal da década de 70, cada watt produ-zido por meio de células fotovoltaicas custa-va 150 dólares. Hoje, o preço varia entre 3 e 4 dólares. Especialistas estimam que quando o valor baixar para entre 1,5 e 2 dólares, a ener-gia solar conseguirá competir com qualquer outro tipo de energia.

Ao adotarmos medidas mais sustentáveis, todos ganham. O índio ficará com suas ter-ras, rios e florestas serão preservados, a agri-cultura aumentará sua produção e deputa-dos economistas se aposentarão, retornan-do às suas cavernas! Eloy é Coordenador do Escritório Verde da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR

Pela cura domundoNos tempos mais difíceis, uma luz para a humanidade: a descoberta da Inversão

Pela primeira vez um grupo de pessoas vindas de diversos países, profi ssões e religiões reúnem-se em São Paulo, de 13 a 15 de maio, para debruçar-se sobre o estudo da causa primeira da destruição do mundo e da humanidade: o ser humano.

Por detrás de todo desastre e sofrimento existe um principal respon-sável: o ser humano – que, inconsciente de sua psicopatologia (maus sentimentos, más intenções, valores invertidos, corrupção etc.), age sem freios, numa empreitada suicida e homicida.

Um dos sinais mais claros de que o ser humano criou uma sociedade invertida para viver é o fato de ele ter se deixado escravizar pela fan-tasia do dinheiro. Não é o dinheiro que faz a riqueza, nem a saúde e muito menos o bem-estar e felicidade da humanidade, mas são as ati-tudes éticas, humanitárias, estéticas, espiritualizadas que fornecem tudo de bom a todos, inclusive a riqueza material.

Outro exemplo são as leis que deveriam proteger e agilizar o cumpri-mento dos direitos humanos em todas as classes e nações. No entanto, o que se tem verifi cado é que elas vêm sendo elaboradas para preservar o poder e os privilégios daqueles que nem sempre dão o melhor exemplo.

A inversão que prioriza o ter em relação ao ser vem causando a grande mediocrização da civilização, que passou a colocar o consu-mo daquilo que agrada os cinco sentidos em primeiro plano e a rejei-tar o campo do conhecimento, da ciência, da tecnologia sustentável, das artes, da espiritualidade.

Há muito poderíamos ter tido a solução para problemas como o câncer, doenças hereditárias e autoimunes, cardiovasculares, psiquiátricas, entre outras, se o lucro da indústria médico-farmacêutica não dominasse a pes-quisa e a prática médica. Problemas de tóxico-dependência também es-tariam resolvidos se a estrutura social fosse organizada de forma a prover os elementos básicos para a segurança, saúde e bem-estar dos cidadãos.

Estamos entrando numa era da humanidade em que deparamos com uma encruzilhada: ou nos tornamos seres mais conscientes, conhecedo-res dos nossos problemas interiores e responsáveis por nossos semelhan-tes e pela sociedade em que vivemos, dando início a uma era de incrí-vel desenvolvimento sustentável, saúde e prosperidade, ou assistiremos (de forma ativa ou omissa) a extinção da vida no planeta Terra.Uma era em que a trilogia da beleza, verdade e bondade passará a estar presente no nosso cotidiano ao invés da violência, da fome e da injustiça.

Serviço:Fórum Psico-Social Curando o Mundo pela Consciência (da Inversão)Data: 13 a 15 de Maio de 2010Local: Colégio Stella Maris – São PauloInformações: www.stopforum.orgFone: (11)3034.1550

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“Índio”, enquanto conceito para designar os primeiros habitantes, é um termo genérico, impreciso. Quando os primeiros colonizadores chegaram, não encontraram “índios”, mas os Tupiniquim, Guarani, Xukuru, Xavante e muitos outros que formavam uma população de mais de cinco milhões de pessoas de vários povos e culturas diferentes.

Não foi só homens “pardos, ...nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas” – como escreveu Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal – que a tripulação de Pedro Álvares Cabral encontrou. Foi muito mais que isso. Eles encontram um tipo de organização social para o qual não tinham paradigma. Para eles, a forma de organização social conhecida era o Estado – uma insti-tuição ainda em formação naquele momento da história da Humanidade. Portanto, uma terra onde não havia um rei, um estado ou um exército para repelir os invasores, era uma terra pronta para ser ocupada e dominada.

E para que pudessem ocupar o território e tomar posse dele, era preciso, primeiro, negar aos indígenas a sua condição de povos pela ausência, dentre

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outras coisas, de uma organização social nos moldes em que eles, colonizadores, conheciam.

O que se fez, a partir daí, foi uma verdadei-ra “limpeza étnica” no território brasileiro. Os povos indígenas foram – e continuam sendo – agredidos das formas mais impiedosas para dar lugar ao modelo capitalista de “desenvol-vimento” de tal sorte que nos 70 o governo militar previa a completa eliminação deles até o fim do século XX. Para o bem do povo brasileiro e dos povos indígenas, a ditadura militar de 64 não resistiu às pressões popula-res e teve seu fim na metade dos anos 80.

De cerca de 100 mil que eram nos anos 70, na primeira década do século XXI eles pas-saram a ser mais de 700 mil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

A partir das mobilizações para a Assembléia Nacional Constituinte (1987-1988), as lutas do movimento indígena passaram a ter maior visibilidade. Precisamente a partir daí alguns conflitos ganham maior espaço nos notici-ários e, em muitos municípios onde antes se dizia que não existiam mais indígenas, eles surgem com muita força, incomodando prin-cipalmente os grandes latifundiários. Torna-ram-se alvo de campanhas difamatórias em-preendidas por fazendeiros, mineradoras, mi-litares e políticos. A luta pela demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Rorai-ma, é um dos exemplos disso.

Com a Constituição de 1988 vem o reconheci-mento, pelo Estado Brasileiro, dos direitos dos povos indígenas à terra tradicionalmente ocu-pada e a viver de acordo com seus costumes e tradições. Foram reconhecidas também suas formas próprias de organização, mas isso tem ficado só no papel. Na prática, o estado tem fa-lhado em formular políticas públicas que ga-rantam e viabilizem esses direitos. A situação da saúde é a que com muita propriedade ilus-tra essa afirmação e a que tem causado maiores transtornos aos indígenas nos últimos anos.

Desfazer o equívoco e o preconceito é, portan-to, um passo para compreender a importância que têm os indígenas no mundo de hoje e sua contribuição para outros povos do planeta. Fonte: CIMI Norte 2

É preciso desfazer esse equívoco:

não existe e nunca existiu índio no

Brasil. Esse termo tem sido usado

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São 10h30 da manhã de uma segunda-feira, quase 30 graus em Ribeirão Preto (SP). O juiz João Gandini, titular da 2ª Vara de Fazenda do município, deixa por algumas horas o conforto do ar-condicionado do gabinete e os 34 mil processos sob sua responsabilidade para acompanhar a última etapa do projeto de urbanização de uma das mais antigas favelas da cidade – agora, o bairro Monte Alegre. No local, não há mais barracos de madeira, mas casas de alvenaria. As 330 famílias que moram no bairro possuem água encanada e energia elétrica. Com a demolição de 90 barracos, os becos deram passagem a ruas, o que permite a coleta semanal de lixo, algo impensável até então.

A urbanização da favela não foi proposta pelo Poder Executivo – apesar de contar com verbas públicas e implementação técnica da Cohab – mas pelo magistrado, que há quatro anos idealizou o projeto Moradia Legal, responsável pelo encaminhamento de 1,7 mil famílias de Ribeirão Preto que vivem em situação precária.

O magistrado passou parte de sua vida no Jardim Ângela, bairro da zona sul da cidade de São Paulo, que já foi considerado um dos mais violentos do país. Filho de um pequeno agricultor de Adolfo, cidade do interior de São Paulo, Gandini mudou-se com a família para a capital quando tinha dez anos. Para ajudar nas despesas de casa, foi catador de papelão e vendedor de sorvete, mas acabou realizando o grande sonho: aos 21 anos, entrou na faculdade do Largo São Francisco. Gandini, que superou inúmeros obstácu-los para chegar à magistratura, diz que gosta de solucionar o drama por trás de cada ação. “O processo é frio, um livro onde há um drama humano. O juiz tem que solucionar esse drama e não apenas o processo”, diz.

Foi com essa motivação e também inspirado em sua história de vida que Gandini saiu muitas vezes do gabinete para buscar uma solução real para os diversos processos de reintegração de posse de áreas do município, que foram invadidas e já possuíam alguma decisão judicial, mas sem resultado efetivo.

O magistrado, acompanhado pelo também juiz Júlio César Dominguez, ti-tular da 1ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão, mobilizou a sociedade para resolver não só os processos que estavam sob sua mesa, mas também para acabar com as 34 favelas da cidade – mapeadas por ele e um fotógrafo, que sobrevoaram o município por 51 minutos em um helicóptero.

Feito isto, Gandini buscou os governos municipal, estadual e federal, Câ-mara de Vereadores, Ministério Público, empresários, uniu igrejas e contou com muitos voluntários. Montou um grupo dividido por áreas (financeira,

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jurídica e físico-territorial) – que deu origem ao Moradia Legal – encarregado de fazer um raio-X das favelas, levantar o número de famí-lias e a situação de cada uma.

“Cada barraco foi numerado e os nomes das fa-mílias registrados”, afirma. O resultado do “cen-so” foi a constatação da existência de 4,5 mil fa-mílias, ou 20 mil pessoas nessas comunidades. Em uma segunda etapa do projeto, foram esco-lhidos os núcleos que deveriam ter prioridade e, a partir daí, buscou-se recursos para a retirada de famílias de áreas de risco e ainda a urbaniza-ção das favelas onde a medida fosse viável.

Foi necessário também propor alterações na legislação do município sobre o uso e ocupa-ção do solo, com a criação de áreas de interesse social – o que permite a concessão de isenções tributárias – e normas que coibissem a cons-trução em áreas irregulares, para evitar o sur-gimento de novas favelas.

Quatro anos após o início do Moradia Legal, os resultados são animadores. Uma das áreas escolhidas pelo programa está no entorno do aeroporto do município. De lá serão retiradas 720 famílias, das quais 29 já estão instaladas em casas construídas pela prefeitura no bair-ro Paulo Gomes Romeu. As obras estão sendo custeadas pelo município, Estado e União. Se-gundo Gandini, R$ 47 milhões são provenien-tes do Programa de Aceleração do Crescimen-to (PAC) do governo federal.

As demais 692 moradias, que estão em fase de construção da cobertura, devem ser entregues no máximo até o início de 2011. Para o local de transferência, a infraestrutura já está pronta: há creches, escolas e postos de saúde funcionando.

Outra área cujo projeto já foi finalizado é o núcleo de Monte Alegre, hoje um bairro do

Favela nunca maisJuiz encontra alternativas para acabar com favelas

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(22) 2762-0025 / 2770-4634 • [email protected]

• Carimbos automáticos• Cartões e panfletos coloridos• Impressos em geral• Placas de aço, metal, acrílico e outros• Crachás, broches, botons e acessórios• Sinalização de segurança e vias públicas• Imã de geladeira e carro• Chaveiros e brindes em geral• Xerox, encadernação, plastificação

município, reconhecido por lei aprovada na Câ-mara. Para a urbanização, 90 barracos foram derrubados para a abertura de ruas, canaliza-ção de água, esgoto, instalação de postes de luz e a construção de três praças. As famílias, cujas casas deixaram de existir, foram transferidas para moradias construídas pela Cohab, distan-tes cerca de um quilômetro da antiga favela. As moradias são subsidiadas e as famílias pa-garão R$ 65,00 por mês, ao longo de dez anos, para a aquisição do bem. As 330 casas que per-maneceram no núcleo são de alvenaria.

Segundo Gandini, o programa fechou um acordo com a CPFL Energia, que doou para cada casa do Monte Alegre relógios para a medição de energia, geladeiras, postinhos de iluminação, chuveiro e lâmpadas econômi-cas. Além disso, toda a reforma elétrica inter-na foi realizada pela companhia.

O gerente de relações com o poder público da CPFL, Luiz Carlos Valli, afirma que, além do aspecto social da medida – que permitirá aos moradores terem contas de energia e forma de comprovação de endereço –, as adultera-

nunca maisA urbanização da favela não foi proposta pelo Poder Executivo – apesar de contar com verbas públicas e implementação técnica da Cohab –mas pelo magistrado, que há quatro anos idealizou o projeto Moradia Legal, responsável pelo encaminhamento de 1,7 mil famílias de Ribeirão Preto que vivem em situação precária

ções na rede elétrica, conhecidas como gatos, foram solucionadas. O programa de desfaveli-zação do Monte Alegre foi custeado pelo mu-nicípio, com uma verba de R$ 3,8 milhões.

Na favela Faiane, distrito de Bonfim Paulis-ta, a solução para a área de risco veio de uma parceria com a iniciativa privada. Gandini explica que 44 famílias serão retiradas para uma área contígua ao longo dos próximos dois anos. As obras são custeadas por uma construtora, que está implantando um gran-de empreendimento residencial na região.

Outros dois núcleos também estão com programas em andamento. Em Mangueiras, zona oeste de Ribeirão, as obras para a cons-trução de 384 apartamentos estão em fase de licitação pelo governo estadual. A favela de Várzea, zona norte, possui 530 famílias, e passa por estudos geológico e topográfico. “Cerca de 1.700 famílias estão com a situa-ção resolvida ou encaminhada. Meu objetivo é que não existam mais favelas em Ribeirão em alguns anos”, afirma o juiz. Fonte: IHU Online / Jornal Valor

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ecologia humana

Nos últimos 10 anos o Brasil vem se apresentando como um país que se envolve em questões globais, demonstrando interesse em ofe-recer apoio aos países que enfrentam problemas socioambientais. Essa aparição geralmente surge com a oferta de soluções que foram aplicadas aqui e obtiveram resultados positivos no enfrentamento de entraves para o desenvolvimento, como a desigualdade social, o acesso à educação de qualidade e oportunidades de trabalho.

Os avanços no Brasil se devem a um fenômeno interessante e importante de ser observado – uma série de iniciativas feitas pelas próprias comuni-dades e, às vezes, com o conhecimento técnico de universidades ou outros centros de pesquisa, para beneficiar pequenos grupos de famílias, mas que se expandiram e melhoraram as condições de vida de centenas de pessoas e reforçaram as políticas públicas.

Esses projetos se tornaram cada vez mais completos e complexos, tendo em vista a necessidade de se organizarem para abarcar o grande número de ma-zelas sociais. Os projetos evoluíram para uma dinâmica diferente chamada Tecnologia Social, que considera que produtos, técnicas ou metodologias se-jam, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efeti-vas soluções de transformação social e possam ser reaplicadas em escala.

Exemplo dessa evolução de tecnologias sociais, destacamos o Banco de Tecnologias Sociais (BTS), disponível na Internet. O BTS, idealizado e man-tido pela Fundação Banco do Brasil, reúne mais de 500 tecnologias sociais de diversas fontes e categorias e serve como um pólo disseminador de so-luções práticas e de reaplicação fácil para toda a sociedade.

Essas tecnologias são de fácil aplicação e baixo custo, o que as tornam eficazes em cenários de extrema pobreza ou aqueles afetados por desequi-líbrios ambientais. O recente episódio do Haiti reacendeu o debate sobre a forma como o Brasil pode ajudar a reconstruir aquele país e as tecnologias sociais se mostraram a forma mais adequada. Tecnologias Sociais como a Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) – reaplicada em mais de 6 mil unidades, em 19 estados, pela Fundação Banco do Brasil em con-junto com diversos parceiros como BNDES, Petrobras, SEBRAE e governos –

surgem nesse mesmo contexto, apresentando alternativas de segurança alimentar em um país que sofre com a falta de alimentos.

O Pais promove um sistema de produção or-gânica de hortaliças, frutas e pequenos animais, tendo como pressupostos a racionalização de re-cursos e o manejo ecológico da terra. Toda a pro-dução acontece sem o uso de agrotóxicos, propi-ciando alimentos saudáveis e livres de quaisquer interferências químicas. Já a irrigação é feita por meio de um sistema de gotejamento, o que evita o desperdício de água e possibilita a implanta-ção do modelo inclusive em regiões com poucas reservas hídricas, como é o caso do Haiti.

Moçambicanos e salvadorenhos também já demonstraram interesse em conhecer as tec-nologias sociais brasileiras. Eles querem saber o que as suas comunidades vêm fazendo para mudar suas realidades. A Fundação Banco do Brasil faz do incentivo à estas tecnologias sua contribuição para o desenvolvimento do nos-so país e acredita que elas podem, sim, fazer a transformação social de milhares de pessoas. Fonte: David Telles - Fundação Banco do Brasil

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O Banco de Tecnologias Sociais (BTS), disponível na Internet, reúne mais de 500 tecnologias sociais

e o cenário internacionaltecnologias sociais

Comentário do leitor do PortalSe realmente todos tivessem a consciência social muita coisa boa iria e vai acontecer no mundo, isso é importante para existirmos como planeta neste imenso universo, é preciso tentar, é preciso arriscar, é preciso agir....Isabela Santos

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Em Cristalina (GO), unidade demonstrativa do Pais em plena produção

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www.estudiomutum.com.br • (11) 3852-5489 • skype: estudio.mutum

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Água sujamata mais que guerras

De acordo com o estudo, intitulado “Água do-ente”, a falta de água limpa mata 1,8 milhão de crianças com menos de 5 anos de idade anualmente, o que representa uma morte a cada 20 segundos. Grande parte do despejo de resíduos acontece nos países em desenvol-vimento, que lançam 90% da água de esgoto sem tratamento. No Brasil, uma das maiores causas de morte associada à falta de sanea-mento é a diarreia. A doença mata cerca de 2,2 milhões de pessoas em todo o mundo anual-mente. Mais da metade dos leitos de hospital no planeta, diz o estudo, é ocupada por pessoas com doenças ligadas à água contaminada.

“Precisamos nos tornar mais inteligentes so-bre a administração de água de esgoto se pre-tendemos sobreviver num mundo que cami-nha para ter mais de 9 bilhões de habitantes até 2050”, alertou o diretor do Unep, o brasilei-ro naturalizado alemão Achim Steiner.

Questão de direitos humanosO relatório da Unep ressalta que dois milhões

de toneladas de resíduos contaminam cerca de dois bilhões de toneladas de água diariamente, seja em rios ou oceanos, causando gigantescas zonas mortas, sufocando recifes de corais e pei-xes. Para tentar solucionar o problema, o Unep recomenda sistemas de reciclagem de água e projetos para o tratamento de esgoto. Seu es-tudo coincide com outro relatório das Nações Unidas, publicado semana passada, que reve-la que uma entre cada seis pessoas no planeta não tem acesso à água potável e que até 2025, a estimativa é que dois terços da população mundial vão sofrer com a escassez de água.

Em mensagem sobre a data, o secretário-ge-ral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que a água é uma questão de direitos humanos e está li-gada a todos os objetivos da entidade, entre eles o desenvolvimento sustentável e a adap-tação aos efeitos das mudanças climáticas.

Na Suíça, manifestantes espalharam em uma praça em Berna, capital do país, quatro mil ma-madeiras cheias de água poluída. No Reino Unido, ativistas do Greenpeace colocaram um vaso sanitário em frente ao Parlamento britâ-nico, em protesto contra a poluição das águas e a falta de tratamento sanitário no planeta. Fonte: IHU Online / O Globo

Na Semana Mundial da Água, o alerta de um relatório do Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas foi duro: as águas do planeta estão cada vez mais poluídas e mais pessoas morrem hoje por causa dessa contaminação do que por todas as formas de violência, inclusive as guerras

Crianças coletam água suja em garrafas, na região do Chade, país do centro-norte africano

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água e saneamento

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A energia que em um futuro próximo ilumi-nará nossas casas será limpa, barata e, para a felicidade dos ferrenhos consumidores de luz, permitirá praticamente se desvincular das companhias de energia elétrica.

Pelo menos é o que promete a Bloom Energy, uma empresa californiana que há oito anos tra-balha de forma secreta em uma nova fonte de energia. Esta semana, ela apresentou seu produ-to a especialistas do setor e jornalistas.

O Bloom Box, como se chama o aparelho, é um inovador gerador que utiliza biocom-bustíveis ou gás para produzir eletricidade e, segundo seus criadores, permitirá a empresas e pessoas comuns gerar sua própria energia de forma limpa e econômica.

Por enquanto, os geradores têm o tamanho de um carro pequeno e custam em torno de US$ 800 mil. Embora a Bloom Energy insista que o investimento inicial pode ser recupera-do em entre três e cinco anos, o preço não está ao alcance da maioria. A empresa acredita que em dez anos poderá fabricar geradores do ta-manho de um tijolo e a um preço em torno de US$ 3 mil, transformando cada consumidor em uma potencial central elétrica.

Por enquanto, só grandes empresas têm acesso ao aparelho e algumas companhias como Coca-Cola e eBay testaram seu uso nos últimos me-ses. O primeiro cliente da Bloom Energy foi outra companhia do Vale do Silício, Google, que tem instalado um gerador de 400 quilowatts em um de seus prédios e cobre com ele boa parte de seu consumo elétrico desde julho de 2008.

A Bloom Energy não é a única empresa tra-balhando neste promissor setor, mas foi, tal-vez, a mais rápida. “Há provavelmente cerca de 100 companhias trabalhando em algo mui-to similar”, disse Jack Brower, diretor associado

ao alcance de todos

A grande vantagem é que o gerador permitirá aos consumidores abrir mão da companhia elétrica ou usá-la só em casos de emergência, apesar de ser necessário dispor de uma provisão de gás ou biocombustível para fazê-lo funcionar

Gerador caseiro promete revolucionar setor energético nos EUA

Leia matéria na íntegra em: http:// www.portaldomeioambiente.org.br/ energia/ 3654-gerador-caseiro-promete-revolucionar-setor-energetico-nos-eua.html

Gerador de 500 kw instalado no eBay

do Centro Nacional de Pesquisa de Pilhas de Combustível ao diário “Los Angeles Times”.

Os especialistas opinam que ainda há muitas questões por resolver antes de a inovação che-gar às mãos de todos os consumidores, como por exemplo a vida útil do aparelho, que a Bloom Energy não esclareceu ainda. Pouca du-ração poderia signifi car o fracasso da invenção. Outros analistas apontaram que a inovação po-deria ter um indesejável efeito sobre o preço do gás natural ou dos biocombustíveis, disparan-do o valor pelo aumento na demanda.

Alguns temem também que o aparelho se transforme em um novo Segway, aquele patine-te elétrico com o qual seus criadores esperavam revolucionar o mundo do transporte há cerca de dez anos e que hoje é simplesmente uma curio-sidade para turistas em algumas cidades. Fonte: InfoBio / Folha Online

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mata mais que guerras

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denúncia socioambiental

Mapa da

Mapa de exclusão da pesca na Baía de Guanabara

Foi lançado o Mapa de Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil. O trabalho, que está dispo-nível na Internet, é resultado de um proje-to desenvolvido em conjunto pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), com o apoio do Departamento de Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde.

O objetivo do mapeamento é apoiar a luta de inúmeras populações e grupos atingidos em seus territórios por projetos e políticas base-adas numa visão de desenvolvimento consi-derada insustentável e prejudicial à saúde. A busca por socializar informações, desse modo, pretende dar visibilidade a denúncias, permi-tindo o monitoramento de ações e projetos que enfrentem situações de injustiças am-bientais e problemas de saúde em diferentes territórios, como cidades, campos e florestas, sem esquecer as zonas costeiras.

Os organizadores da iniciativa pedem que os visitantes do mapa preencham a página “Fale conosco”, dedicada a comentários, críticas, com-plementações e/ou correções de dados, assim como novas denúncias e sugestões.

“O Mapa é de todas e todos nós. Mas, para que isso se torne uma realidade de fato e de direito, é fundamental que nos apropriemos dele e que, de agora em diante, ele se torne uma construção coletiva a serviço da justiça ambiental, da cidadania, da democracia e con-tra todo tipo de abuso, de exploração e de ra-cismo”, informam os coordenadores do mapa.

Mapa da injustiça ambientalEste mapa de conflitos envolvendo injus-

tiça ambiental e Saúde no Brasil é resulta-do de um projeto desenvolvido em conjunto pela Fiocruz e pela Fase, com o apoiodo De-partamento de Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde

O objetivo maior deste mapa é apoiar a luta de inúmeras populações e grupos atingidos/as em seus territórios por projetos e políticas ba-seadas numa visão de desenvolvimento consi-derada insustentável e prejudicial à saúde.

Nesse sentido, busca socializar informa-ções, dar visibilidade a denúncias e permitir o monitoramento de ações e de projetos que enfrentem situações de injustiças ambien-tais e problemas de saúde em diferentes ter-

A busca por socializar informações, desse modo, pretende dar visibilidade a denúncias, permitindo o monitoramento de ações e projetos que enfrentem situações de injustiças ambientais e problemas de saúde em diferentes territórios, como cidades, campos e florestas, sem esquecer as zonas costeiras

injustiça amBiental

Legenda Hidrografia

Lagos, reservatórios

Áreas alagadas

Estradas Federais

Estradas Estaduais

Acesso rodoviário principal

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Ferrovia

APA de GuapimirimGLP/GNL - Área

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Ramal ferroviário Comperj

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Limites distritais no município de Itaboraí

Áreas de proteção ambiental

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Faixa de dutos Comperj - Sul

Faixa de dutos Comperj - Norte

Outros dutos na Baía de Guanabara

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Para ter acesso ao laudo técnico do Ibama referente aos empreendimentos da Petrobras, na Baía de Guanabara, solicitado pelo MPF/RJ, fruto de representação da Ahomar), em 2009, faça contato com o presidente da Ahomar, Alexandre Anderson:

(21) 2631-8289 / (21) 8626-3988, [email protected]

Para ter acesso ao laudo técnico do Ibama referente aos empreendimentos da

ritórios e populações das cidades, campos e florestas, sem esquecer as zonas costeiras.

Os confl itos foram levantados tendo por base principalmente as situações de injustiça am-biental discutidas em diferentes fóruns e redes a partir do início de 2006, em particular a Rede Brasileira de Justiça Ambiental (www.justica-ambiental.org.br). Esse universo não esgota as inúmeras situações existentes no país, mas re-fl ete uma parcela importante de casos nos quais populações atingidas, movimentos sociais e en-tidades ambientalistas vêm se posicionando.

Embora tenha contado com apoio governa-mental para a sua realização (e esperamos venha a ser utilizado pelo Ministério da Saú-de e por outros órgãos e instâncias - federais, estaduais e municipais – na busca de dados e diagnósticos para suas políticas e gestões), ele é direcionado para a sociedade civil. A ela e às diferentes entidades que a conformam,

injustiça amBiental

acima de tudo, o Mapa está aberto para informar, para receber denúncias e para monitorar as ações dos diversos níveis do Estado tomadas a respei-to. Nesse sentido, ele está democraticamente a serviço do público em ge-ral e, principalmente, das populações atingidas, dos parceiros solidários e de todos e todas que se preocupam com a justiça social e ambiental.

O Mapa apresenta cerca de 300 casos distribuídos por todo o país e georre-ferenciados. A busca de casos pode ser feita por Unidade federativa (UF) ou por palavra chave. Clicando em cima do caso que aparece no mapa por estado surge inicialmente uma fi cha inicial com os municípios e populações atingi-das, os riscos e impactos ambientais, bem como os problemas de saúde rela-cionados. Clicando na fi cha completa do confl ito aparecem as informações mais detalhadas, incluindo populações atingidas, danos causados, uma sín-tese resumida, uma síntese ampliada e as fontes de informação utilizadas.

O Mapa pertence a todos/as os/as interessados/as na construção de uma sociedade socialmente justa e ambientalmente sustentável. Por isso mesmo, cabe a nós não apenas usá-lo, mas também mantê-lo alimentado de novas informações, fazendo dele um importante instrumento para o aprimora-mento da democracia e para a garantia dos direitos humanos e da cidadania plena para cada habitante deste País. Sejam bem-vindas/os! Fonte: Ecoagência / Envolverde

Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara (Ahomar) defendendo o meio ambiente e aqueles

que sempre viveram em harmonia de maneira sustentável: o pescador artesanal

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animais

Protestos pipocaram por toda a Europa contra a destruição das florestas que servem de habitat para orangotangos na Indonésia. O motor dessa devastação, que colocou os primatas à beira da extinção, é a conversão do uso do solo de mata virgem para o plantio de palmáceas.

A Nestlé, que sustenta essa atividade comprando óleo de palma da Indonésia para produzir chocolates como o KitKat, foi o alvo das mani-festações no continente europeu, parte de uma campanha global que o Greenpeace lançou contra a companhia. A Nestlé por enquanto con-tinua jogando de ponta de lança no time das empresas que estimulam a destruição das florestas tropicais.

Além de financiar a derrubada em massa de mata na Indonésia e em-purrar os orangotangos para o abismo da extinção, a Nestlé está contri-buindo para agravar o aquecimento global. Florestas ajudam a regular o clima e acabar com o desmatamento, uma das maneiras mais rápidas de reduzir as emissões de Co2 na atmosfera.

Foi por isso que escritórios da Nestlé na Inglaterra, Holanda e Alemanha acabaram sendo palco de protestos por ativistas do Greenpeace, pedindo para que a empresa deixe de utilizar óleo de palma proveniente da destrui-ção de área antes ocupada por florestas na Indonésia.

As manifestações concidiram com o lançamento de um novo relatório do Greenpeace – Pega com a mão na cumbuca: como o emprego de óleo de pal-ma pela Nestlé tem um impacto devastador na floresta tropical, no clima e nos orangotangos – que expõe os laços entre a Nestlé e fornecedores de óleo de palma, como a Sinar Mas, que estão ampliando suas plantações em florestas de turfa (ricas em carbono) e nas florestas tropicias da Indonésia.

Além da produção de óleo de palma, a Sinar Mas também é proprietá-ria da Ásia celulose, a maior empresa de papel da Indonésia. A empresa também infringe a lei da Indonésia ao destruir as florestas protegidas para cultivar plantações de óleo de palma.

Como todos devem saber, a Nestlé é a maior empresa de alimentos e bebidas do mundo. O que ninguém sabia até então era que a empresa também é um grande consumidor de óleo de palma produzido às custas do desmatamento das florestas tropicais. Nos últimos três anos, a utilização anual do óleo qua-

destruiçãoFinanciando a

se duplicou, alcançando a marca de 320.000 to-neladas que entram em uma enorme gama de produtos, incluindo o chocolate mega popular KitKat, que não é vendido no Brasil.

“Toda vez que você der uma mordida em um KitKat, você pode estar dando uma mor-dida nas florestas tropicais da Indonésia, que são fundamentais para a sobrevivência dos orangotangos. A Nestlé precisa dar aos oran-gotangos uma pausa e parar de utilizar óleo de palma de fornecedores que estão destruin-do as florestas”, disse Daniela Montalto, do Greenpeace internacional.

O lançamento do relatório segue numero-sas tentativas de convencer a Nestlé a cance-lar seus contratos com a Sinar Mas. Recente-mente, o Greenpeace contactou várias vezes a empresa com provas sobre as práticas da Sinar Mas, mas mesmo assim a Nestlé con-tinua usando o óleo de palma da Indonésia em seus produtos.

Diversas empresas importantes, incluindo a Unilever e Kraft, cancelaram os contratos de óleo de palma com a Sinar Mas. A Unilever cancelou um contrato de 30 milhões de dólares no ano passado. A Kraft cancelou o seu em fe-vereiro. “Outras grandes empresas estão agin-do, mas a Nestlé continua fechando os olhos para os piores infratores. É tempo de a Nestlé cancelar seus contratos com a Sinar Mas e pa-rar de contribuir com a destruição das floresta tropical e de turfas,” frisou Montalto.Fonte: Greenpeace / Reasul

Nestlé financia destruição de floresta e põe orangotangos no rumo da extinção

O vídeo da campanha do Greenpeace pode

ser visto em http://www. greenpeace.org.

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Animais ameaçados de extinção no “Ano da Biodiversidade”

Com o objetivo de chamar a atenção dos gover-nantes e da população para a necessidade de preservação da vida em nosso Planeta, a ONU lançou recentemente uma campanha elegen-do 2010 como o “Ano da Biodiversidade”.

Em janeiro desse ano, o World Wildlife Fund (WWF) divulgou uma lista com os principais animais ameaçados de extinção. Apesar de achar que nessa lista deveriam constar tam-bém algumas espécies de tubarões vulneráveis e em perigo de extinção, como o grande tuba-rão-branco, vale a pena repassá-la e refletir so-bre o comportamento do ser humano e sua ar-rogante pretensão de se achar mais evoluído e mais importante do que os outros seres que compartilham o mesmo Planeta.

Fora as causas já bastante conhecidas, como o desmatamento e o aquecimento global, am-bos diretamente relacionados com atividades humanas que muitas vezes são inevitáveis para proporcionar a todos nós proteção e con-forto nas cidades, pode-se perceber que nessa lista existem animais também ameaçados pela inadmissível perseguição para a extração de partes de seu corpo para obtenção de produ-tos supérfluos cujos benefícios apregoados não têm nenhuma base científica comprovada.1. Tigre: novos levantamentos indicam que existem menos de 3,2 mil tigres na natureza. Hoje, só restam apenas 7% do habitat natu-ral destes animais. O extermínio dos tigres também está ligado à falta de informação. Em muitas partes da Ásia, os tigres são caça-dos porque partes do seu corpo são conside-radas medicinais.2. Urso polar: o urso polar se tornou o principal símbolo dos animais que perdem seu habitat natural devido ao aquecimento global. A eleva-ção da temperatura no Ártico é uma das princi-pais ameaças aos ursos, assim como os petrolei-ros e os derramamentos de óleo na região.3. Morsa: os mais novos animais a entrarem para a lista dos ameaçados, as morsas tam-bém são diretamente afetadas pelo aqueci-mento global. Em setembro, 200 morsas fo-ram encontradas mortas nas praias do Alasca. Com o derretimento das geleiras, os animais estão ficando sem comida.4. Pinguim de Magalhães: o aquecimento das correntes marítimas tem forçado os pin-guins a nadarem cada vez mais longe para

Extinção

achar comida. Não à toa, eles têm aparecido nas praias brasileiras, mui-tas vezes magros demais ou muito doentes. Das 17 espécies de pinguins, 12 já estão ameaçadas pelo aquecimento global.5. Tartaruga-gigante: também conhecida tartaruga-de-couro, são um dos maiores répteis do planeta e chegam a pesar 700 quilos. Estimativas mostram que há apenas 2,3 mil fêmeas no Oceano Pacífico, seu habitat natural. O au-mento das temperaturas, a pesca e a poluição têm ameaçado sua procriação.6. Atum-azul: um dos ingredientes principais do sushi de boa qualidade, o atum encontrado nos oceanos Atlântico e Mediterrâneo está sendo ex-tinto por causa da pesca predatória. Uma proibição temporária da pesca desta espécie de atum ajudaria suas populações a voltar a um equilíbrio. 7. Gorila das montanhas: podem deixar de existir na próxima década. Existem apenas 720 animais vivendo nas florestas da África, e outros 200 no Parque Nacional de Virunga, a maior área de preservação desta espécie. Em muitas partes da África, os gorilas são caçados porque partes do seu cor-po são consideradas medicinais.8. Borboleta monarca: as temperaturas extremas são a principal amea-ça destas borboletas, que todo ano cruzam os Estados Unidos em busca do calor mexicano. Elas vivem em florestas de pinheiros, área cada vez mais ameaçada pelo aquecimento global e urbanização crescente.9. Rinoceronte de Java: existem apenas 60 destes rinocerontes em seus habi-tat natural. Como seu chifre é usado na medicina tradicional asiática, os rino-cerontes são caçados de forma predatória. A expansão das plantações também tem acabado com as florestas que abrigam a espécie. O Vietnã, país que era um grande habitat dos rinocerontes, abriga apenas 12 animais no momento.10. Panda: restam apenas 1,6 mil pandas na natureza, de acordo com o WWF. Eles vivem nas florestas da China, que estão cada vez mais ameaça-das pelo crescimento das cidades chinesas. Existe mais de 20 áreas de pro-teção ambiental no país para proteger estes animais. Metade dos pandas vive hoje em áreas protegidas ou em zoológicos.

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A borboleta monarca é uma das espécies

mais ameaçadas

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animais

A pessoa começa abrigando alguns animais, na melhor das inten-ções e vai aos poucos perdendo a noção de espaço e de limites, até que tenha um número considerável de animais vivendo em sua casa, agora já totalmente inadequada para tantos bichos.

Começa, então, a vedar portas e janelas, a impedir a entrada de pesso-as em sua casa, a descuidar-se completamente da higiene e já não aco-lhe apenas os animais que lhe são entregues, mas vai compulsivamen-te buscando mais e mais animais e os colocando prisioneiros nessa po-cilga. É comum encontrar-se carcaças junto com lixo, restos de comida, roupas e camadas de fezes nesses “abrigos”.

Segundo pesquisa divulgada pela PETA, tratam-se de pessoas inteligentes, educadas, com boa escolaridade, provenientes de famílias de classe media em sua maioria, e muito bem intencionadas. Acreditam sinceramente que estão propiciando aos bichos um lugar seguro e muitas vezes só são “desco-bertos” quando morrem ou quando o cheiro de suas casas fi ca insuportável para os vizinhos. Recusam-se a doar os animais, mesmo para lares adequa-dos. É preciso ter em mente que se trata de uma doença, que requer trata-mento psiquiátrico e retirada imediata dos animais sob sua proteção.

Todos nós, protetores, temos um pé no hoarding. Para nós, é quase im-possível ver um animalzinho necessitado sem o impulso de recolhê-lo, sem medir muito as reais possibilidades de espaço, alimentação e tratamento veterinário. É nosso dever ter em mente, em primeiro lugar, o bem-estar dos animais e isso inclui um abrigo e cuidados adequados.

HOARDING?O que é

É bom fi car alerta para os primeiros sinais de ultrapassagem dos limites e evitar, ao máximo, sobrecarregar aqueles protetores que já demons-tram alguma tendência para essa enfermidade.

Os animais que morrem, freqüentemente não são retirados do local. O acumulador não tem a percepção da falta de higiene e dos ris-cos para a própria saúde e a dos animais. O acumulador não consegue dizer “não” a co-locar mais um bicho em sua casa, por mais que esteja superlotada ou que o animal re-colhido esteja muito doente (contagiando os outros animais). Ele acha que o bicho esta-rá bem com ele, melhor do que em qualquer outro lugar e “nega” que seus animais este-jam em condições precárias de saúde. Cães e gatos são as principais vítimas: 65% de ga-tos e 60% de cães, estão envolvidos nas ocor-rências. Como o acumulador é uma pessoa mentalmente doente, há controvérsias em relação à punição desse tipo de pessoa. Mas, de uma forma geral, o acumulador é enqua-drado nos crimes de negligência e crueldade contra os animais – maus-tratos.

Esse tipo de situação é preocupante, em termos de saúde pública, em todo o Brasil. Não podemos mais fechar os nossos olhos. Envolve a vida desses animais que se en-contram confinados em muitas casas. “Cui-dados” por pessoas extremamente doentes. É um caso de saúde pública. Fonte: REASul / Blog dos cachorrinhos

A palavra tem o significado de esconder, colecionar e é o termo empregado para identificar um tipo de doença psíquica que atinge um grande número de protetores de animais

Perfi l dos “hoarders” Dr. Gary Patronek, veterinário americano, diretor do Centro para Animais e Políticas Públicas da Universidade de Tufts e seu grupo chamado “The Hoarding of Animals Research Consortium”, criado em 1997, conduziram uma pesquisa, em 1999, para delinear o perfi l do acumulador de animais, e chegaram às seguintes conclusões:• 76% são mulheres.• 46% têm 60 anos ou mais.• A maioria é de solteiros e mais da metade vive sozinho.• Em 69% dos casos, fezes e urina de animais estavam acumuladas nas áreas sociais da casa. Em mais de 25% dos casos, a cama do acumulador estava suja com fezes e urina.• Animais doentes ou mortos foram descobertos em 80% dos casos relatados, ainda que em 60% dos casos os acumuladores não reconhecessem o problema.

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Leia matéria na íntegra em: http:// www.portaldomeioambiente.org.br/animais/3639-o-que-e-hoarding-.html

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abr 2010revista do meio ambiente

artigo

Quando se ouve o governo, em todos os ní-veis, pedir à população que abandone as áre-as de encostas, a primeira vontade que se tem é mesmo vaiar, jogar ovos e tomates po-dres na cara deles. Fingem não saber ou não sabem mesmo que as pessoas moram em “áre-as de risco” por falta de opção – já que o país não tem qualquer programa habitacional sig-nificativo há décadas, e o atual slogan é funda-mentalmente um programa de financiamento, sem que sejam definidas áreas ou planejadas as necessárias estruturas urbanas de transpor-tes rápidos e seguros, saneamento e similares.

Na maioria dos casos, as áreas de riscos pode-riam não representar quaisquer riscos se as ne-cessárias obras de contenção geológica fossem feitas. E aí, como está na moda, lá vem os evan-gélicos ambientalistas dizer que tudo aconte-ceu porque eles não foram ouvidos, ou porque a lei otária não foi respeitada. Não se trata, de-finitivamente, de uma questão de leis, mas de falta de políticas públicas e do uso do estado da arte na engenharia e no planejamento urbano.

Rios são contidos com a análise séries histó-ricas de chuvas máximas, barragens que com-binem os múltiplos usos das águas – incluindo a regularização de vazões – e muros de arrimo / contenção – todas coisas que já foram feitas, por exemplo, na Alemanha, no século XIX.

Da mesma forma, a estabilidade dos morros é estudada por geólogos – ou, no passado, pela observação – e não por leis e mitos. Se assim não fosse, Salzburg não existiria ou já teria sido

nas enchentes do Rio punida pela “vingança da natureza” e outras bobagens do gênero. De fato, a opção de Salz-bruck foi a ocupação das margens dos rio e dos topos de morro (estes, pelas mesmas razões que a Corte portuguesa os reservava para a constru-ção de fortalezas, castelos e igrejas).

Já no caso de Passa Três, distrito de Rio Cla-ro, no Rio de Janeiro, a ocupação de alto risco é mais do que evidente. Mas ela se dá por falta de opção numa região em que as autoridades não buscaram alternativas para os pequenos produtores e trabalhadores rurais.

Não será por falta de terras para fazer lotea-mentos populares que essas pessoas investiram o seu pouco dinheiro nessas casas, mas sim por falta de loteamentos para a baixa renda. E o es-gotos seguem direto para o ribeirão. Mas quem se importa com isso? Lá, o Ibama e as ONGs que jantam nos restaurantes de luxo e jogam no ta-petão ou na mídia das grandes cidades não vão. Até porque não têm uma agenda positiva para o problema da urbanização em geral. Com o já antigo teatro de guerrilha, sonegam das cida-des as informações relevantes: os rios e o ar am-biente estão a cada dia mais poluídos.

Pois bem, as cidades foram, por lei, obrigadas a elaborar planos diretores que renderam um bom dinheiro a empresas de consultoria. De-pois, esses planos foram e continuam sendo mudados ao sabor das conveniências da indús-tria imobiliária, que privatiza os lucros e sociali-za os custos, já que só depois, muito mais tarde, é que alguém vai pensar em coisas elementares como drenagem de águas pluviais e esgotos, tra-tamento de esgotos, disponibilidade de trans-porte público e de escolas, e outros “detalhes”.

É bem fácil conclamar as pessoas que vivem em “encostas” no Rio de Janeiro a sairem de lá. A mesma usual falação, o mesmo desgastado discurso balofo. Dá um pouco mais de traba-lho programar obras de contenção adequadas – como as que abundam em áreas mais “no-bres” como a lagoa Rodrigo de Freitas.

discursos vazios

E o plano diretor?O Rio de Janeiro continua sem um plano diretor de macro-drenagem. Quando falei isso na coluna de meio ambiente que faço com Ricardo Boechat e Rodolfo Schneider na Band News Rio FM, a assessoria de comunicações da prefeitura apressou-se a dizer que o plano havia sido recentemente contratado. Mas nada sobre quando serão disponibilizados os primeiros relatórios para o “distinto público”.

O Brasil está se acostumando a isso: autoridades que, tomadas pelo poder, não se responsabilizam por nada, exceto por slogans. “Minha chuva, minha vida” poderia ser um deles

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Morador observa o que estou de sua casa depois do deslizamento, no bairro Novo México, em São Gonçalo (RJ)

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Pedimos assim, a gentileza de falarmos com você, que tem estado atento a tudo isso. Não há dúvida que muito vêm ocorrendo, não é mesmo? E que nunca o estado do meio am-biente tem influenciado tanto nossas vidas e nosso dia-a-dia. No entanto, muito deve e pode ser feito para garantir um presente e um futuro melhor, mais seguro, mais humano, mais vivo e justo para a sociedade brasileira.

É exatamente para isso que existem as ações das instâncias ambientais públicas. Você sabia que o Ibama, o ICMBio, o MMA, o SFB e todos os órgãos públicos federais ambientais possuem em seu quadro técnicos fixos e concursados – pessoas capacitadas que estudaram e estudam biologia, ecologia, geografia, sociologia, educa-ção ambiental, agronomia, e tantos outros sa-beres das áreas biológicas, exatas e sociais para protegerem a sociedade garantindo um meio ambiente saudável e um desenvolvimento sus-tentável e justo para a vida?

Você sabia que os laudos, licenças, pareceres, multas, cuidados com áreas de proteção am-biental, ações de educação ambiental, entre outros, executados por estes técnicos que são independentes das questões políticas e econô-micas é que garantem o cumprimento das nor-mas e leis que a nossa democracia escolheu? (só que este muitas vezes são descartados por questões políticas e econômicas)

Pois bem, este pequeno “exército” silencioso e incompreendido vêm trabalhado há anos para garantir o que o artigo 225 da nossa constituição brasileira garante e o que a ética aconselha.

No entanto, dentro do quadro da adminis-tração pública federal, esta função tão im-portante é relegada ao descaso já que o salá-rio destes profissionais é de verdade um dos mais baixos da esfera pública federal e o or-çamento destes órgãos públicos e do Ministé-rio do Meio Ambiente também um dos mais baixos destinado pelo orçamento da União...

Você sabia ainda que estes servidores (inte-grantes da Carreira de Especialista em Meio Ambiente do Ministério do Meio Ambiente - MMA), do Instituto Brasileiro do Meio Am-biente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conserva-ção da Biodiversidade (ICMBio) e Serviço Flo-restal Brasileiro (SFB), estão em greve por tem-po indeterminado em resposta à intransigên-cia do governo em negociar uma proposta dig-na de reestruturação da carreira?

Não? Pois, é... Ninguém sabe. Afinal, quem se importa? Para muitos, a paralisação das ativi-dades dos agentes ambientais federais é um alívio. Em greve, deixam de incomodar infra-tores e aqueles que vêem o meio ambiente como mais um dos empecilhos para o cresci-mento do país.

Apesar da falta de reconhecimento de sua excelência técnica, da falta de infra-estrutu-ra, das deficientes condições de trabalho, dos baixos salários, dos riscos físicos e orgânicos a que estão expostos – incluindo ameaças de morte em lugares remotos, ou enfrentamen-tos com infratores, os servidores da carreira de Especialista em Meio Ambiente têm cumpri-

política ambiental

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Que tem vivenciado o

aquecimento global, as

mudanças climáticas. Que

tem notado mais secas, ou

mais chuvas. Rios mais sujos,

transbordamentos mais constantes.

Peixes mais caros, água mais cara...

Pedimos cinco minutos de

sua atenção

verdeEm ato em frente ao Congresso Nacional, servidores do Ibama, MMA, ICMBio e SFB ‘escreveram’ com seus corpos “Greve Verde”

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do a sua parte, superando metas do governo e expectativas da sociedade, bem como geran-do resultados positivos para o país. Basta ve-rifi car a redução histórica dos índices de des-matamento, o número de licenças ambientais concedidas com critério e rigor, a melhoria dos índices de conservação da biodiversidade e o fortalecimento da gestão das áreas protegidas e ameaçadas, entre outros.

Tais resultados deram ao Brasil posição de des-taque na reunião sobre o clima em Conpenha-gue e foram, em muito, resultantes do esforço e dedicação dos servidores do IBAMA, ICMBio, SFB e MMA espalhados pelo Brasil afora.

Estes servidores trabalham para garantir o di-reito constitucional do brasileiro. Afi nal, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e es-sencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de de-fendê-lo e preservá- lo para as presentes e futu-ras gerações? (Constituição Federal - Art. 225).

Mesmo sendo notório e indiscutível o esfor-ço, a dedicação e, principalmente, os resulta-dos positivos alcançados por estes servidores, é nítida a falta de consideração do Governo Fe-deral para com eles.

Basta comparar a Tabela de Remuneração dos Servidores Públicos Federais, publicada em janeiro deste ano pelo Ministério do Pla-nejamento Orçamento e Gestão. Nela, verifi ca-se que servidores de nível superior da carreira de Especialista em Recursos Hídricos recebem aproximadamente 157% a mais que servidores de mesmo nível da carreira de Especialista em Meio Ambiente (como se um especialista em meio ambiente não necessitasse compreender questões relacionadas a recursos hídricos!...). O Especialista em Recursos Minerais possui ho-norários 93% maiores que o Especialista em Meio Ambiente. O fi scal agropecuário de nível superior possui vencimentos 120% maiores que o de fi scal ambiental. E por aí vai...

Em 5 de novembro de 2009, o então Minis-tro Carlos Minc, reconhecendo a defasagem salarial dos servidores de sua pasta e a neces-sidade da reestruturação do plano de carreira de especialista em Meio Ambiente, enviou ao Ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, o Aviso Ministerial nº 238/09/MMA (Esta rees-truturação pretende valorizar o profi ssional, de modo a garantir que seu esforço em prol de um melhor futuro comum seja reconhecido e evitar que profi ssionais qualifi cados abando-nem suas carreiras devido a salários incompa-tíveis com as responsabilidades).

No entanto, desde então, a Secretaria de Re-cursos Humanos/Min. Planejamento têm se

esquivado em analisar o Aviso Ministerial, propondo alterações que não condizem com as realidades vividas pelos agentes ambien-tais. Afi nal, quem se importa se os escritórios do IBAMA estão sendo queimados no interior, como aconteceu tempos atrás em Guarantã do Norte, Mato Grosso? Quem se importa se os agentes ambientais federais são feitos re-féns em Novo Progresso, Pará, cercados pela população do município insufl ada por co-mandantes da região e impedidos de voltar para casa? Quem se importa se os servidores ambientais são processados pelo Ministério Público por obedecerem ordens superiores e assinarem licenças ambientais, ou então obe-decerem à lei e não fornecerem licenças am-bientais a toque de caixa?

Quem se importa se agentes ambientais ar-riscam sua vida e têm sua integridade física ameaçada diariamente nos mais distantes rin-cões do país, se passam noites no meio do mato sujeitos a perigos naturais, doenças tropicais e emboscadas feitas por infratores, trabalhando pela causa ambiental?

Diante deste quadro fi ca a indagação se a questão ambiental é, de fato, uma das priori-dades do Governo Federal ou se fi gura apenas como bandeira para garantir uma boa imagem junto à comunidade internacional.

Também protestamos fortemente contra um projeto de lei que poucos conhecem, o PLP nº549/2009, que irá congelar os gastos públi-cos com a folha de pagamentos de funcioná-rios concursados por 10 anos. Isso, à primeira vista parece bom, pois dá a impressão que o governo vai economizar, não é mesmo? Mas, ao mesmo tempo que queremos sim que a verba pública seja bem gasta e revertida a be-nefícios sociais, este projeto de lei impede no-vos concursos para adequação de quadros de funcionalismo público.

Assim, imaginem a Polícia Federal sem po-der contratar novos agentes para dar maior segurança nacional, o IBAMA e o ICMBio sem poder adequar seu já diminuto quadro fun-cional para garantir a proteção ambiental? Ou pior ainda, este projeto de lei permite a contratação. Assim poderemos até ter técni-cos contratados, mas estes não serão tão in-dependentes das questões políticas e econô-micas... é quase que uma forma de “privatiza-ção” ou “politização” da coisa pública (único ente neutro do tecido social).

Não vale mesmo à pena lutar para que isso não ocorra? Se você concorda conosco e quer um Brasil mais justo ajude-nos neste nosso movimento. Atenciosamente,Cidadãos brasileiros como vocês.

Quantas enchentes teremos que viver, quantos deslizamentos, catástrofes, mortes de gente, de rios, de matas, de animais, enfi m de vida e beleza ainda terão de ocorrer? Nós, servidores públicos da gestão ambiental federal, além de lutarmos por um desenvolvimento sustentável, ético e justo, também lutamos por melhores condições trabalhistas para servimos melhor a sociedade. Assim, estamos em greve!!

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Leia matéria na íntegra em: http:// www.portaldo meioambiente.org.br/

Em ato em frente ao Congresso Nacional, servidores do Ibama, MMA, ICMBio e SFB ‘escreveram’ com seus corpos “Greve Verde”

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política ambiental

Um relatório divulgado no dia 30 de mar-ço deste ano pela ONG Greenpeace acusa umas das maiores companhias de petró-leo dos EUA, a Koch Industries, de canali-zar discretamente quase US$ 50 milhões em uma década (metade disso só entre 2005 e 2008) a uma rede de estudiosos e “think tanks” para “minar a confiança na ciência do clima e promover oposição à energia limpa, nos EUA e internacionalmente”.

Entre os grupos que mais receberam fun-dos da Koch estão os influentes Instituto Cato (mais de US$ 5 milhões de 1997 a 2008), Heritage Foundation (US$ 3,3 milhões no pe-ríodo), Mercatus Center (US$ 9,2 milhões de 2005 a 2008) e Americanos pela Prosperida-de (US$ 5,2 milhões de 2005 a 2008), segun-do o Greenpeace.

No total, segundo o texto, a Koch ajudou a pagar operações de mais de 20 organiza-ções que “repetidamente reproduziram e es-palharam a história do chamado ‘climagate’ [divulgação de e-mails de climatólogos, re-velando tentativa de negar informação a cé-ticos do clima]”.

Também financiaram um estudo “suspeito” que nega que ursos polares estão em perigo e um instituto dinamarquês que produziu ma-terial usado como crítica à energia eólica.

O relatório indica que o conglomerado, base-ado no Kansas, gastou quase três vezes mais do que a petrolífera ExxonMobil entre 2005 e 2008 – US$ 25 milhões contra US$ 9 milhões – no financiamento de grupos antimudança cli-mática. Também empregou US$ 43,7 milhões com lobby direto e campanhas políticas.

“É hora de a Koch Industries abandonar sua campanha suja e de bastidores contra a ação para combater a mudança climática”, disse ontem Kert Davies, diretor de pesquisas do Greenpeace nos EUA.

DemonizaçãoO conglomerado não nega os números, mas

afirma que o relatório oferece uma represen-tação incorreta de suas atividades e “distor-ce o histórico ambiental de suas empresas”.

“As companhias Koch há muito apoiam a pesquisa e o diálogo científicos sobre a mu-dança climática e as propostas de respos-ta [ao fenômeno]. Tanto a sociedade livre quanto o método científico exigem um de-bate aberto e honesto de todos os lados, não a demonização e o silêncio daqueles com os quais você discorda”, disse a Koch em comu-nicado à imprensa.

Sem nenhuma empresa operando com o nome, mas dona de marcas como a Lycra e os copos de plástico Dixie, a Koch tem operações em mais de 60 países, que rendem US$ 100 bi-lhões anuais em vendas. Emprega cerca de 70 mil pessoas – é atualmente o segundo maior grupo privado dos EUA, atrás da Cargill.

No Brasil, o grupo tem quatro subsidiárias em operação: três em São Paulo (Koch Che-mical Technology Group, Georgia-Pacific e Invista) e uma no Rio de Janeiro (Koch Explo-ration, de petróleo e gás natural).

Procurado pela Folha, o presidente do Ins-tituto Cato, Ed Crane, disse em nota que “o Greenpeace parece mais interessado em nossas fontes de financiamento do que na precisão das pesquisas sendo financiadas”.

“O ‘Climagate’ fala por essa precisão. Dito isso, 95% de nosso orçamento vem de fontes não relacionadas [aos irmãos] Charles Koch e David Koch [controladores do conglomera-do], e nenhuma verba dos Koch jamais foi de-signada para um projeto específico.” O Cato tem em seu time o climatologista Pat Micha-els, um dos mais célebres céticos, que esteve no Brasil nesta semana. Fonte: Murilo Marques / Folha Online

Petroleira dos EUA deu US$ 50 mi a céticos do clima

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ção, Roberto Klabin. “Sabíamos que era um ano eleitoral e que viria a reação. O Bradesco é um parceirão de 20 anos, mas não temos patrocínio deles. Trabalhamos com direitos difusos e eles com interesses específicos”.

Os ambientalistas afirmam que a reação dos ruralistas é “desproposital, descabida” porque a lista dos parlamentares ainda não está conclu-ída. “Não queremos encrenca nem briga. Não tem lista, foi só uma indicação. Eles ainda serão informados antes do fim do processo. Não so-mos irresponsáveis”, disse Mantovani. “É uma reação muito maior do que a nossa ação, des-proposital, descabida. Essa campanha pode ser um fiasco, está mais na mão deles”.

O diretor da SOS Mata Atlântica afirmou que os deputados ruralistas romperam acordos fir-mados antes do início da tramitação da propos-ta de um novo Código Florestal. “ Quem rom-peu os debates foi uma parte dos ruralistas. Por isso, deixamos de ir a debates. Não vamos legi-timar isso”, afirmou Mantovani. O diálogo ficou insustentável, segundo ele, porque o projeto do deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), que prevê a criação do Código Ambiental, acabaria com as principais regras e instituições ambientais do país. “O Colatto quer acabar com o Conama, o Sisnama e as unidades de conservação”, disse Mario Mantovani, em referência ao colegiado de representação paritária e o sistema nacional que decide as regras ambientais brasileiras. Fontes: Reasul / RBrasil (Gabriel Strautman) Fonte: Último Segundo – iG

A Frente Parlamentar Nacionalista, com-posta em sua maioria por ruralistas, amea-çou iniciar um boicote a produtos de empre-sas patrocinadoras de ONGs ambientalistas. “Se querem nos intimidar, estamos para aqui reagir. Se não sabem dialogar, certamente o Bradesco saberá”, disse o coordenador do mo-vimento suprapartidário, o deputado Aldo Re-belo (PCdoB-SP). Relator da comissão especial de reforma do Código Florestal, ele sugere que a pressão comece pelos produtores rurais. “As cooperativas podem sugerir aos seus produ-tores que fechem suas contas no Bradesco”, afirmou, em referência à parceria mantida pelo banco e a Fundação SOS Mata Atlântica, a ONG que lidera a campanha para identificar os “exterminadores” ruralistas.

No mesmo tom usado pelas ONGs para cons-tranger os ruralistas, a nova Frente Nacionalis-ta lançou o “Prêmio Joaquim Silvério dos Reis”, sugerindo uma ligação entre o delator do mo-vimento patriótico Inconfidência Mineira e as motivações políticas de ONGs ambientalistas que atuariam em favor de interesses estran-geiros. “Vamos dar essa medalha a quem tiver interesse em prejudicar o Brasil”, disse Rebelo. “Quem patrocina essas ONGs são a Volkswa-gen, a Coca Cola, a Colgate-Palmolive, estimu-ladas pelos chiques e famosos de São Paulo”. O deputado Sarney Filho (PV-MA) foi aponta-do como principal articulador parlamentar do movimento. Procurado pela reportagem, ele não foi localizado ontem.

Os ruralistas acusam uma tentativa de intimi-dação por parte dos ambientalistas às vésperas das eleições de outubro. “É uma campanha di-famatória, claramente intimidatória”, disse o deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR), presi-dente da comissão especial do Código.

Parceira do Bradesco na emissão de 200 mil cartões de crédito e 2 milhões de títulos de ca-pitalização, a SOS Mata Atlântica afirma que os parlamentares estão “trilhando um cami-nho perigoso” ao tentar rotular as ONGs como inimigas do setor rural. “Estão apelando, é um caminho perigoso porque tem deputados pa-trocinados pelas empresas do Klabin”, afirmou o diretor de Políticas Públicas, Mario Mantova-ni, em alusão ao grupo produtor de papel, celu-lose e embalagens do presidente da organiza-

Boicote ruralistaa patrocinadoras de ONGs

A bancada ruralista na Câmara reagiu ao lançamento da campanha “Exterminadores do Futuro”, criada pelos ambientalistas para identificar os principais líderes do movimento de alteração das leis ambientais do país na tentativa de retardar a tramitação de propostas de mudança no Código Florestal Brasileiro

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Que melhor lugar do que o Mato Grosso, es-tado berço do agronegócio e que abriga os maiores biomas do Brasil, para se debater a relação harmoniosa entre Meio Ambien-te e Desenvolvimento. Foi com esse objetivo que o III Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (CBJA) reuniu cerca de 300 pessoas entre profissionais e estudantes na cidade de Cuiabá, do dia 18 a 20 de março.

Segundo o secretário executivo do Núcleo de Ecomunicadores dos Matos e membro da co-missão organizadora do evento, André Alves, o CBJA foi importante para a discussão da ques-tão ambiental principalmente da região Centro-Oeste. “Acredito que houve um amadurecimen-to do jornalismo ambiental com essa discussão no estado, que gerou impactos positivos”. Para Alves resultado foi importante para a região da Amazônia. “O estado do Mato Grosso não tem costume de realizar eventos em jornalismo, ain-da mais com a temática ambiental”, enfatizou.

O congresso teve dez mesas redondas, além de oficinas e lançamentos de livros. Os maio-res destaques ficaram por conta da palestra da senadora e pré candidata a presidência, Marina Silva (PV), o debate sobre a construção da hidrelétrica de Belo Monte e a apresenta-ção do chefe Afukaka Kuikuro do Parque Indí-gena do Xingu. “A mesa da senadora Marina Silva mobilizou muita gente, como políticos, imprensa e curiosos, com isso divulgamos o evento para várias partes da região e do país”, analisou André Alves.

Para a jornalista baiana Mariana Ramos, o CBJA teve bons debates e palestrantes bem preparados. “Estava um pouco distante do jornalismo ambiental nos últimos dois anos e a evolução na abordagem dos assuntos fi-cou nítida”, afirmou.

Mariana só lamentou o fato da pouca abrangência de alguns temas importantes, como a questão da pesca predatória. “Ainda sinto falta de mais enfoque em outros pro-blemas que não sejam o desmatamento”, disse. Ela também destacou a apresentação de Marina Silva e o debate sobre Belo Monte como os mais importantes.

Marina SilvaA senadora Marina Silva falou para um audi-

tório lotado sobre sua candidatura e os deba-tes ambientais que tem sido feitos, principal-mente no Congresso Nacional.

Para Marina é fantástico que após 30 anos de luta socioambiental haja um crescente au-mento pela causas ambientais, que antes fica-vam restritas as ONGs e movimentos sociais. “São pessoas que querem o melhor para o Bra-sil. Como o país vai acompanhar as mudan-ças climáticas? E a economia de baixo carbo-no? Nesse sentido, tem sido incrível a adesão de pessoas de todas as áreas. A sociedade está sentindo que precisa agir. Nada é mais forte do que uma ideia cujo tempo chegou”, ressaltou.

Ainda segundo a ex-ministra do Meio Ambien-te, já estamos ultrapassando os limites. “Se conti-

Profissionais e estudantes

de jornalismo defendem

políticas sustentáveis

comunicação ambiental

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Palestra da senadora Marina Silva: Até onde vai o desenvolvimento que não considera os limites dos ecossistemas?

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nuarmos neste ritmo, iremos inviabilizar a vida na terra. Em São Paulo, por exemplo, a tempera-tura subiu 3º nos últimos 30 anos”, apontou.

Apesar das críticas sobre sua candidatura ter apenas uma bandeira, a do meio ambiente, a senadora foi enfática ao dizer que hoje sus-tentabilidade não diz só respeito às florestas e sim a toda estrutura social e econômica de um país. “Esse discurso já está defasado, não se pode falar em meio ambiente sem analisar as questões culturais e sociais de uma região”. Marina disse que apesar da situação crítica da questão ambiental no país, continua otimista. “Sou uma mantenedora de utopias. Desenvol-vimento e sustentabilidade podem sim andar juntos. Só depende de nós, e os jornalistas têm importante papel como mediadores capazes de despertar a sensibilidade das pessoas”.

A jornalista Danielle Silva veio do Rio de Janei-ro para acompanhar os debates e gostou do que viu. “Acredito que um dos principais pontos des-se congresso foi a consolidação da Rede Brasilei-ra de Jornalistas Ambientais (RBJA), pois a inte-ração entre as diversas faixas etárias foi nítida durante os três dias de atividades”, analisou.

Ainda de acordo com Danielle o ambiente acolhedor proporcionou a troca de ideias entre estudantes, jovens profissionais, jornalistas em exercício e acadêmicos de diversas universida-des do País. “Esse contato físico foi fundamental para recarregar nossas energias e assim criar-mos novas discussões e nos engajarmos na luta por um jornalismo ambiental parcial”, disse.

*Jornalista, Mestre em Ciência Ambiental, Especialista em Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Editor Científico da Rebia - Rede Brasileira de Informação Ambiental e Editor do Portal Proqualis (www.proqualis.net)

Rio de Janeiro receberá IV CBJAA cidade maravilhosa foi escolhida como

próxima sede do Congresso Brasileiro de Jor-nalismo Ambiental, que será em 2012, mesmo ano da Conferência da ONU para o Meio Am-biente (Rio + 20). Lugar de belas paisagens e gente acolhedora, o Rio de Janeiro hoje é refe-rencia na temática ambiental, sendo residên-cia de diversos especialistas da área.

Para o jornalista Vilmar Berna, fundador da Rede Brasileira de Informação Ambiental (Re-bia), a democratização da informação ambiental não deve ser uma benesse dos poderosos para a sociedade, mas uma conquista. “Sem informa-ção ambiental independente e de qualidade, a sociedade tenderá a reproduzir as mesmas esco-lhas que nos trouxeram até o abismo da insus-tentabilidade socioambiental”, afirmou.

Berna reforça que foi muito importante a de-cisão do III Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, realizado agora em Cuiabá, pela sua continuidade. “Nos sentimos orgulhosos pelo Rio de Janeiro ter sido escolhido para se-diar o IV CBJA, em 2012. Desde já a Rebia esta-rá empenhada, com os demais parceiros, a tra-balhar pelo seu sucesso. Até lá, teremos uma longa caminhada onde é importante enraizar localmente este debate, principalmente entre aquelas pessoas, veículos e organizações que compreendem a importância da democratiza-ção da informação ambiental para uma socie-dade sustentável!”, finalizou. Com informações do site Dom Total

desenvolvimento

Palestra com Afukaka Kuikuro, cacique do Parque Indígena do Xingu

Oficina Comunicação Ambiental, com Fabrício Fonseca Ângelo

Palestra da senadora Marina Silva: Até onde vai o desenvolvimento que não considera os limites dos ecossistemas?

Acredito que um dos principais pontos desse congresso foi a consolidação da Rede Brasileira de Jornalistas Ambientais (RBJA), pois a interação entre as diversas faixas etárias foi nítida durante os três dias de atividades(Danielle Silva, jornalista carioca)

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Um tema central da Cúpula dos Povos so-bre as Mudanças Climáticas, reunida em Cochabamba de 19-23 de abril, convocada pelo Presidente da Bolívia Evo Morales é o da subjetividade da Terra, de sua dignidade e direitos. O tema é relativamente novo, pois dignidade e direitos eram reservados somen-te aos seres humanos, portadores de consciên-cia e inteligência. Predomina ainda uma visão antropocêntrica como se nós exclusivamente fôssemos portadores de dignidade. Esquece-mos que somos parte de um todo maior. Como dizem renomados cosmólogos, se o espírito está em nós é sinal que ele estava antes no universo do qual somos fruto e parte.

Há uma tradição da mais alta ancestralida-de que sempre entendeu a Terra como a Gran-de Mãe que nos gera e que fornece tudo o que precisamos para viver. As ciências da Terra e da vida vieram, pela via científica, nos confirma-ram esta visão. A Terra é um superorganismo vivo, Gaia, que se autorregula para ser sempre apta para manter a vida no planeta. A própria biosfera é um produto biológico, pois se origi-na da sinergia dos organismos vivos com todos os demais elementos da Terra e do cosmos. Criaram o habitat adequado para a vida, a bios-fera. Portanto, não há apenas vida sobre a Terra. A Terra mesma é viva e como tal possui um va-lor intrínseco e deve ser respeitada e cuidada como todo ser vivo. Este é um dos títulos de sua dignidade e a base real de seu direito de existir e de ser respeitada como os demais seres.

Os astronautas nos deixaram este legado: vista de fora da Terra, Terra e Humanidade fundam uma única entidade; não podem ser separadas. A Terra é um momento da evolução do cosmos, a vida é um momento da evolução da Terra e a vida humana, um momento pos-terior da evolução da vida. Por isso, podemos com razão dizer: o ser humano é aquele mo-mento em que a Terra começou a ter consciên-cia, a sentir, a pensar e a amar. Somos a parte consciente e inteligente da Terra.

Se os seres humanos possuem dignidade e di-reitos, como é consenso dos povos, e se Terra e seres humanos constituem uma unidade indivi-sível, então podemos dizer que a Terra participa da dignidade e dos direitos dos seres humanos.

Por isso não pode sofrer sistemática agres-são, exploração e depredação por um proje-to de civilização que apenas a vê como algo sem inteligência e por isso a trata sem qual-quer respeito, negando-lhe valor autônomo e intrínseco em função da acumulação de bens materiais. É uma ofensa à sua dignida-de e uma violação de seus direitos de poder continuar inteira, limpa e com capacidade de

reprodução e de regeneração. Por isso, está em discussão um projeto na ONU de um Tribunal da Terra que pune quem viola sua dignidade, des-floresta e contamina seus oceanos e destrói seus ecossistemas, vitais para a manutenção dos climas e da vida.

Por fim há um último argumento que se deriva de uma visão quântica da realidade. Esta constata, seguindo Einstein, Bohr e Heisenberg, que tudo, no fundo, é energia em distintos graus de densidade. A própria matéria é energia altamente interativa. A matéria, desde os hádrions e os topqua-rks, não possui apenas massa e energia. Todos os seres são portadores de informação. O jogo das relações de todos com todos, faz com que eles se modifiquem e guardem a informações desta relação. Cada ser se relaciona com os outros do seu jeito de tal forma que se pode falar que surge níveis de subjetividade e de história. A Terra na sua longa história de 4,3 bilhões de anos guarda esta memória ancestral de sua trajetória evolucionária. Ela tem subjetividade e história. Logicamente ela é diferente da subjetividade e da história humana. Mas a diferença não é de princípio (todos estão co-nectados) mas de grau (cada um à sua maneira).

Uma razão a mais para entender, com os dados da ciência cosmológica mais avança, que a Terra possui dignidade e por isso é portadora de direitos e de nossa parte de deveres de cuidá-la, amá-la e mantê-la saudável para continuar a nos gerar e nos oferecer os bens e serviços que nos presta.

Agora começa o tempo de uma biocivilização, na qual Terra e Humani-dade, dignas e com direitos, reconhecem a recíproca pertença, a origem e o destino comuns. *Leonardo Boff é autor de Virtudes para um outro mundo possível. Vozes 2008

Um planeta

digno

A Terra, sujeito de dignidade e de direitos

©N

asa

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29

abr 2010revista do meio ambiente

espaço infantil

O que está sendo feito...No Brasil o órgão responsável por cuidar do

meio ambiente e especifi camente de reverter o quadro da extinção animal é o IBAMA – Ins-tituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. Este órgão fi scaliza, mui-tas vezes em conjunto com a Polícia Federal, tudo que é relativo ao meio ambiente, assim, está sempre de alerta para as questões do des-matamento, repressão ao tráfi co de animais e possibilidades da procriação de espécies em cativeiro para diminuir o risco de extinção, neste caso, depois de crescidos os animais são introduzidos em seu habitat natural.

Você também pode ajudar...Cada um de nós pode ajudar a combater

a extinção de animais mesmo estando longe deles. Uma forma é denunciar qualquer tipo de agressão ao meio ambiente.

Com relação ao tráfi co de animais, fi ca mais fácil de contribuir:• Não compre nenhum tipo de artesanato que tenha partes retiradas de animais, como pe-nas, couro, etc.;•Não use roupas feitas de pele de animais;• Observe que canários, maritacas e outras aves fazem parte das espécies de animais que sofrem com o tráfi co, portanto, oriente amigos e parentes que tenham o hábito de manter es-ses animais presos em gaiolas;• Denuncie sempre que perceber ações de maus tratos e manutenção de animais em cativeiro.

http://www.smartkids.com.br/especiais/animais-em-extincao.html

Você sabia que existem animais que estão praticamente desa-parecendo do planeta? Isso é, no mínimo, muito preocupante, pois qualquer espécie, animal ou vegetal, por mais simples que seja, tem muito valor para o meio ambiente e é insubstituível.

Desrespeito ao meio ambiente é principal causa da extinçãoQuantas notícias vemos atualmente sobre desmatamento das fl o-

restas e queimadas em diversas regiões? Pense em quantos animais morrem ou fi cam “desabrigados” por essas ações inconsequentes do ser humano. Fica fácil perceber que o principal motivo da extinção dos animais é a destruição de fl orestas, seja pelo desmatamento ou por queimadas. Só na Amazônia atualmente, a área total afetada pelo desmatamento da fl oresta corresponde a mais de 350 mil Km2, a um ritmo de 20 hectares por minuto, 30 mil por dia e 8 milhões por ano.

A poluição também contribui para a extinção de animais, pois pre-judicam diretamente o ciclo de vida de muitas espécies.

Outro fator que contribui é a caça em busca de aproveitamento de partes desses animais, como por exemplo, para obtenção de carne, gor-dura, peles, plumas, troféus e lembranças. A coleta de ovos para venda também é bastante comum, pois gera lucro para os caçadores.

O tráfi co de animais também é um fator de muita preocupação: de acordo com Polícia Federal, a cada ano 12 milhões de animais, a maio-ria integrante da lista de espécies em extinção, são apanhados na fauna brasileira e 30% deles são enviados ao exterior. Eles são trans-portados em condições precárias, fi cam doentes e chegam a morrer fora de seu habitat natural.

Números

Até o fi nal de 2008

cientistas identifi caram cerca

de 1,4 milhões de espécies biológicas

em processo de extinção. Desconfi a-se

que existe mais de 30 milhões, ainda

por identifi car, a maior parte delas em

regiões de fl orestas tropicais úmidas.

Calcula-se que desaparecem

100 espécies, a cada dia.

ACPMHQHI

MWRRIPQL

AQRRACAS

NTGWRWRT

DCONIPAO

ULEORTRH

ADFTAVAY

QSRONAVB

WJYJHMSR

TQVGUARA

MJACAREZ

Veja matéria no site do Ibama sobre o assunto: http:// www.ibama.gov.br/fauna/trafi co/procedimentos.htmLista de animais em extinção:http://www.fi ocruz/biosseguranca/Bis/infantil/fauna.htm

Descubra aqui alguns animais em risco de extinção:

Respostas: horizontal: tamanduá, ariranha e arara • vertical: jacaré e guará.

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PROPOSTA DA OFICINA:Informar sobre questões ambientais e capacitar as pessoas a produzirem sua própria folha de papel reciclado artesanal, um negócio que pode render muito lucro

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