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1592 CAIO PRADO JÚNIOR E A QUESTÃO AGRÁRIA: POSSIBILIDADES E VIABILIDADES DA IMPLANTAÇÃO NO BRASIL Caio Prado Júnior e a questão agrária: Possibilidades e viabilidades de im- plantação no Brasil José Américo Coutinho Júnior 1 Ertz Ramon Teixeira Campos 2 Rejane Meireles Amaral Rodrigues 3 Francisco Malta de Oliveira 4 1 Bacharel em Direito pela Unimontes E-mail: [email protected] 2 Mestrando em História pela Unimontes E-mail: [email protected] 3 Professora do PPGH – Unimontes E-mail: [email protected] 4 Doutorando em Desenvolvimento Social pela Unimontes E-mail: [email protected] RESUMO A questão agrária sempre será um ponto de grandes divergências no Brasil. Entendê-la tendo como base as concepções de Caio Prado Júnior, um dos pioneiros a encontrar fórmulas para responder a tais questões, é debruçar pela formação do Estado brasileiro, observando e entendendo todas as variáveis de uso e ocupação do solo. Ele afirma categoricamente que a agricultura é o nervo econômico da civilização e que a utilização da terra no Brasil se realize em benefício principal daqueles que nela trabalham, e, não constitua apenas, como é o caso presente, simplesmente um negócio de pequena minoria. Palavras-Chave: Caio Prado Júnior; a questão agrária; agricultura. O HOMEM E TERRA EM VÁRIOS MOMENTOS HISTÓRICOS “A agricultura é o nervo econômico da civilização”. Com essa afirmativa, Caio Prado Júnior (1994, p. 130), inicia o capítulo intitulado A Grande Lavoura em seu livro A Formação do Brasil Contemporâneo. Com uma assertiva similar, Marcos C. Cavalcanti de Albuquerque (1987), afirma que no percurso da história a questão de como organizar as formas de uso da

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CAIO PRADO JÚNIOR E A QUESTÃO AGRÁRIA: POSSIBILIDADES E VIABILIDADES DA IMPLANTAÇÃO NO BRASIL

Caio Prado Júnior e a questão agrária: Possibilidades e viabilidades de im-plantação no Brasil

José Américo Coutinho Júnior1

Ertz Ramon Teixeira Campos2

Rejane Meireles Amaral Rodrigues3

Francisco Malta de Oliveira4

1 Bacharel em Direito pela UnimontesE-mail: [email protected]

2 Mestrando em História pela UnimontesE-mail: [email protected]

3 Professora do PPGH – UnimontesE-mail: [email protected]

4 Doutorando em Desenvolvimento Social pela UnimontesE-mail: [email protected]

RESUMOA questão agrária sempre será um ponto de grandes divergências no Brasil. Entendê-la tendo como base as concepções de Caio Prado Júnior, um dos pioneiros a encontrar fórmulas para responder a tais questões, é debruçar pela formação do Estado brasileiro, observando e entendendo todas as variáveis de uso e ocupação do solo. Ele afi rma categoricamente que a agricultura é o nervo econômico da civilização e que a utilização da terra no Brasil se realize em benefício principal daqueles que nela trabalham, e, não constitua apenas, como é o caso presente, simplesmente um negócio de pequena minoria.

Palavras-Chave: Caio Prado Júnior; a questão agrária; agricultura.

O HOMEM E TERRA EM VÁRIOS MOMENTOS HISTÓRICOS

“A agricultura é o nervo econômico da civilização”. Com essa afi rmativa, Caio Prado Júnior (1994, p. 130), inicia o capítulo intitulado A Grande Lavoura em seu livro A Formação do Brasil Contemporâneo. Com uma assertiva similar, Marcos C. Cavalcanti de Albuquerque (1987), afi rma que no percurso da história a questão de como organizar as formas de uso da

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terra tem sido um constante desafi o. Ambos não conseguem pensar a história do homem no tempo sem separá-lo da porção de terra que este ocupa por isso estes iniciam seus escritos com afi rmativas tão contundentes, para que possam adentrar em um tema tão importante: reforma agrária.

Desde a Roma antiga o tema reforma agrária é debatido. Composta por uma aristocracia basicamente fundiária, a república romana tinha em seus pequenos camponeses à base de sua economia, sendo que estes, após retornarem das campanhas de guerra, voltavam às colheitas. Atreladas à religião, a agricultura e a pecuária tinham forte relação no dia a dia do cidadão romano, refl etindo na cultura e imaginário, o que fazia com que as questões sociais estivessem sempre atreladas a terra. Maria Luiza Corassin (1988) disserta sobre esse período:

A crise forçou Tibério Graco a propor uma reforma agrária começou a se confi gurar após a segunda guerra púnica. A crise agrária do século II não tinha relação com possíveis difi culdades na produção ou na comercialização agrícola; em meados deste século, Catão escreve um manual de agronomia, cuja leitura não nos transmite a im-pressão de que a agricultura atravessasse um momento difícil; pelo contrário, estava numa fase de expansão. A propriedade rural, desde que bem organizada e administra-da, era capaz de proporcionar ganhos substanciais. O problema era de outro caráter: como possibilitar o acesso de um crescente número de indivíduos sem terra a essa propriedade? (CORASSIN, 1988, p. 8)

Um contraponto do tema reforma agrária, aconteceu na Inglaterra no século XVII, que, mesmo tendo a esmagadora maioria da massa populacional vivendo no campo, “ocupando-se total ou parcialmente na produção de víveres ou de lã” (HILL, 2001, p. 19), instituiu-se os cercamentos, através Decretos das Cercas (Enclosure Acts), onde as terras coletivas, igualmente vastas - e, por serem coletivas, mal utilizadas - das comunidades municipais e das aldeias, os campos e os pastos comuns, as fl orestas etc., tinham que se tornar acessíveis à “empresa individual”. Sobre os cercamentos, torna-se mister a seguinte passagem:

Não será mais ladrão, escreveu o moralista Puritano Stubbes, aquele que despoja para sempre um homem do seu bom nome, que o expulsa de casa sem ele saber por que e antes de chagar ao fi m dos seus dias, que lhe tira à força os bens, as terras e o susten-to... do que aquele que rouba um carneiro; uma vaca ou um boi, apenas por necessi-dade, por não ter outra maneira de aliviar as suas carências? (STUBBES, p.14, apud HILL, 1986).

A Revolução Francesa, como alega Albuquerque (1987), assegurou a propriedade individual e a liberdade pessoal na defi nição de suas formas de exploração. Posteriormente, com Napoleão e seu Código Civil, foi ratifi cado tal expediente, uma vez que a propriedade se tornou “inviolável, sagrada e absoluta, (...) de tal forma a deixar a em segundo plano a função social da terra” (ALBUQUERQUE, 1987, p.34). Neste mesmo sentido, o autor ainda alega:

As contestações à propriedade privada da terra encontram sua maior expressão nas palavras de Proudhon (“a propriedade é um roubo”) e apoiam-se em alguns conceitos básicos, tais como a ideia de que a terra é um legado de Deus a toda a humanidade. (ALBUQUERQUE, 1987, p.34)

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Diante de tais contestações, na França verifi cou-se uma necessidade de distribuição de terras e uma mudança no eixo produtivo da economia, entendendo que o setor primário era a base para subsidiar esse capitalismo nascente. Sendo assim, como afi rma João Pedro Stedile (1997), as elites e a recém-chagadas ao poder, compreenderam a magnitude do problema, da concentração da propriedade e trataram de buscar uma solução sensata. Promoveram uma redistribuição, democratizando o acesso às terras, nominando tal acontecimento de reforma agrária.

Após a Revolução Francesa, outro fato destacado que podemos entender como uma distribuição de terras ocorreu nos Estados Unidos. Com a vitória dos nortistas frente aos grandes latifundiários escravistas do sul, foi votada uma lei que destinava a ocupação das áreas centrais do território norte-americano, cabendo a seguinte inferência de Stedile:

(...) se implantou uma lei de colonização do Oeste, que estabelecia um tamanho de propriedade máxima de mais ou menos 100 acres (89 hectares) por família, que fun-cionou como uma espécie de reforma agrária sobre as terras públicas, garantindo um acesso mais democrático a todos os que quiseram trabalhar a terra, de forma familiar (STEDILE, 1997. p.76).

Após a experiência americana, destaca-se, já no século XX duas importantes intervenções do Estado na distribuição da terra: México, em 1910 e na Rússia em 1917. Em ambas a necessidade de um levante popular por parte do campesinato, armado, foi de suma importância. Porém, no primeiro país, diferentemente do segundo, não houve uma inspiração socialista, sendo sim, fruto de uma maturidade que perpassou muitos eventos históricos até desaguar na experiência de reforma agrária, praticada por um governo de cunho populista.

Uma experiência mais similar à da Rússia ocorreu em Cuba, em 1959, quando ocorreu a chamada Revolução Cubana, e ambos os países se aproximaram, diferenciando-se das outras ocorridas no México, Guatemala e Nicarágua. No entanto, cabe notar, que as revoluções ocorridas na América Latina, que levaram a tais reformas, devem-se, em grande parte, ao processo de exploração e a formação das elites locais. Desta forma, Eduardo Ernesto Filippi (2008), destaca:

Com as independências nacionais, majoritariamente ocorridas no primeiro quarto do século XIX, nada foi alterado em termos da estrutura de tenência da terra. A estrutura social oligárquica e a concentração de terras nas mãos de poucos proprietários de origem europeia foram a regra nas nações, agora independentes da América Latina. (FILIPPI, 2008, p. 98)

Com esse panorama sobre as intervenções do Estado na distribuição de terras, podemos divagar sobre as possibilidades e exemplos mais próximos à realidade brasileira para debater como Caio Prado Júnior pensou a questão agrária no país e as eventuais alternativas distributivas, no tocante ao processo de formação e à realidade do Brasil.

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A QUESTÃO AGRÁRIA EM CAIO PRADO JÚNIOR

A questão agrária no Brasil é um tema bastante controverso e muito debatido devido sua importância macroeconômica e a sua representatividade no mercado mundial, mas, sobretudo, na sua caracterização fundiária e seu estopo social, abarcando as análises das formas de propriedade e distribuição de terras, bem como a sua funcionalidade. Como alega Claudia Maria Prudêncio de Mera (2008), de forma mais ampla, a problemática agrária ganha ênfase a partir da década de 1980, estudando as consequências da industrialização e modernização da agricultura brasileira que infl uenciam no processo de transformação capitalista no campo. Neste sentido ela acrescenta:

Entre as contribuições geradas nesse período estão dois autores representativos dessas discussões: Caio Prado Junior e Ignácio Rangel. O primeiro tinha como ponto de aná-lise a questão social e da classe trabalhadora. Já para o outro autor a modifi cação na estrutura agrária no Brasil tinha um caráter mais econômico, ou seja, de inserção do setor agrícola no processo de industrialização. (MERA, 2008, p.2)

Esse artigo visa apenas entender a problemática agrária sobre o viés de Caio Prado Júnior e sua análise social, comentando a formulação de etapas e as variáveis para uma possível reforma agrária. Ele, ao relacionar etapas na formação histórica do Brasil, efetua um comparativo do período colonial com o vivido na Europa pré-capitalista, e, segundo Rodne de Oliveira Lima (1999), o caráter mercantilista da empresa agrária brasileira, afasta a validade da tese sobre feudalismo no Brasil, não existindo na raiz da estrutura econômica um caráter camponês como a Europa conheceu. Desta forma, o próprio Caio Prado Júnior, ressalta:

Uma repartição melhor da propriedade agrária, e o mais fácil acesso a ela para os trabalhadores rurais, constitui, portanto, a meta principal de uma política orientada para a transformação das relações de trabalho, e melhoria das condições de vida dos trabalhadores. Mas não há que ver aí, por não ser o caso, nenhuma superação de pseudoetapa feudal ou semifeudal, e ascensão para o capitalismo. (PRADO JÚNIOR, 1981, p. 69)

Airton Souza De Lima (2008), alega que a ideia de que ocorrera feudalismo no Brasil esteve presente desde 1920, no pensamento “autoritário-conservador, frente ao federalismo liberal”. De acordo com essa vertente, a existência do feudalismo por aqui, caracteriza-se pelo localismo econômico e político, empecilho para a construção de um Estado Nacional, o que justifi cava uma revolução democrático-burguesa, e que a soberania nacional seria embargada pelo imperialismo (DE LIMA, 2008).

Caio Prado Júnior, embebido da efervescência cultural das primeiras décadas do século XX, buscou as raízes para o entrave da modernização do país, o que fez com que ele, primeiramente, rompesse com a historiografi a tradicional, pois esta via aspectos feudais da metrópole presentes no Brasil: “senhor de engenho cercado da plebe colonial, rendeiros, ligados pelo laço do contrato de locação, etc.” (FELINE, 1989, p. 79).

Colonial, agroexportadora e escravista. Essas são essas as formulações que Caio Prado

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Júnior tem acerca do processo de formação econômica e social do Brasil, apesar de “mencionar em ‘restos escravistas e servis’”, conforme Lima (1999). Tais formulações estão diretamente ligadas na questão agrária do país, possibilitando que ele formulasse um diagnóstico para que conseguisse estabelecer ações práticas para a solução, ao estudar as massas de trabalhadores do Brasil. Desta forma, e sem acreditar que o único difi cultador fosse o acesso à terra, mas enxergando importância de uma redistribuição desta, Caio Prado Júnior, aponta que apenas essa medida não daria conta de revolucionar a questão agrária no país. Cabendo acrescentar:

(...) fazer com que a utilização da terra no Brasil se realize em benefício principal daqueles que nela trabalham, e não constitua apenas, como é o caso presente, simples-mente um negócio de pequena minoria. (PRADO JÚNIOR, 1979, p. 81)

Para Caio Prado Júnior, segundo Andrius Estevam Noronha (2008), o Brasil já havia alcançado um certo grau de maturidade e não cabia um processo de ruptura revolucionária para resolver o problema da concentração de terra no país, sendo assim, cabia realizar um sistema de tributação que favorecesse os trabalhadores rurais, uma vez que o cerne da concentração de terra o país está na formação econômico-social e na institucionalização da elite agroexportadora se benefi ciando do aparelho estatal:

(...) refl exo da natureza de nossa economia, tal como resulta da formação do país desde os primórdios da colonização, e como se perpetuou, em suas linhas gerais e fundamentais, até os nossos dias. A colonização brasileira e ocupação progressiva do território que formaria o nosso país constituíram sempre, desde o início, e ainda é essencialmente assim nos dias que ocorrem, um empreendimento mercantil (PRADO JÚNIOR, 1981, p. 47)

Para ele, a concentração fundiária e a abundante mão de obra, constitui fatores determinantes para a população rural viver em baixos padrões de desenvolvimento humano. Os baixos salários, a falta de uma legislação trabalhista que regulamentasse normas e o cumpra-se por parte do Estado, norteiam a questão agrária, que, segundo ele, “a abolição da escravidão, a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre”, não afetou “a natureza estrutural da grande exploração” (PRADO JÚNIOR, 1987, p. 79).

Com esses fatores acima elencados, podemos vislumbrar o que Caio Prado Júnior entendia como viável para se aproximar de uma reforma agrária no país. Para Lima (1999), ele acreditava que, para que essa acontecesse, deveria haver uma “prévia mobilização social e imediata capacidade de empreendimento agrário em bases econômicas alternativas à empresa mercantil”, pois era preciso acabar com as barreiras que impediam a produção competitiva que os grandes produtores impunham aos pequenos produtores, fazendo da “luta”, algo desigual. Sendo assim:

Para Caio Prado, o preço da terra, infl acionado pela condição de reserva de valor que a propriedade rural assumiu na estrutura agrária brasileira, sustentava as amarras primárias da produção agropecuária aos moldes mercantis. Adicionalmente, impos-sibilitava a proliferação da pequena unidade de produção, mesmo quando ocorria a subdivisão de terras da grande propriedade, constituía fator de retração do nível de

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desenvolvimento agrário do país e determinava a imobilização massiva de grandes fatores de produção, pela inexistência de rendas que os demandassem, uma vez que se encontravam comprometidas com a pura e simples aquisição do bem patrimonial imóvel. (LIMA, 1999, p.39).

Caio Prado Júnior, ao insistir no processo de formação histórico brasileiro, é de uma felicidade de síntese brilhante, pois, como ocorreu nos países centrais, onde a burguesia nacional se viu obrigada a democratizar a propriedade da terra, com o intuito de estimular o desenvolvimento das forças produtivas (Stedile, 1997), ele entendeu que a população rural brasileira estava em diferente estágio da camponesa daqueles países. Além disso, a aristocracia que mantinha a empresa mercantil, adotou outra forma de sair, sem grandes rupturas, do pré-capitalismo colonial, até o propriamente dito.

CONSIDERAÇÕES

Ainda que de forma tímida e incipiente, este artigo funcionou como prisma para estudar a relevância do trabalho Caio Prado Júnior e como ele enxergava a reforma agrária, mediante um mergulho em sua obra. Entender que afi rmações práticas para um problema tão complexo como a distribuição de terras, por parte de uma fi gura tão importante, sujeita a críticas tão latentes e estudos tão aprofundados, sem esquecer que ele é fruto de seu tempo, foi muito desafi ador no momento de confecção deste artigo.

Caio Prado Júnior, buscou com simplicidade entender o processo de formação histórico do país, sem grandes elucubrações, afi rmando que o caminho para a reforma agrária passa pelo controle social da cadeia produtiva, mostrando a diferença da passagem europeia do feudalismo para o capitalismo e a dinâmica encontrada no Brasil. Ele mostra que tais diferenças de concepções analíticas são um impeditivo para as fórmulas europeias de distribuição e acesso à terra, mesmo muitas vezes se chocando com as ideologias que ele traz consigo, e que o nortearam durante sua vida de militante.

Não há nenhuma pretensão de afi rmação de que, após este trabalho, que o possa se dar por satisfeito de conhecer o pensamento e críticas sobre o trabalho de Caio Prado Júnior, pois um compêndio tão vasto e estudiosos tão ávidos e mais interessados, tem muito mais a elucidar e contribuir para um diálogo mais aprofundado.

Desta forma, afi rmamos que, após iniciarmos uma leitura sobre tal tema, mesmo que somente pelo prisma de Caio Prado Júnior, percebemos que não há maneira melhor de se situar, em meio há algo tão complexo, se não for entendendo o processo de formação do país. Assim, e quebrando todos os protocolos de considerações fi nais, gostaríamos de deixar uma última citação:

O tema da reforma agrária é, seguramente, um dos mais equivocados nos embates políticos e partidários deste momento no Brasil. Equivocado pelo modo como é co-mumente proposto em diferentes meios; equivocado pela enorme carga de subinfor-mação que o acompanha, pelas descabidas paixões que desperta, pela real ignorância do tema que se manifesta em muitas das opiniões a respeito: todos parecem ter um palpite a dar sobre o assunto, da apresentadora de televisão ao dirigente estudantil, e

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acham que sua ocupação já os qualifi ca para opinar e opinar de maneira contundente e defi nitiva. Todos parecem ter respostas, o que inclui não poucos especialistas. São raros, porém, os que tem o fundamental na produção do conhecimento e das propostas necessárias à solução dos problemas sociais: as perguntas, base da indagação séria e consequente e ponto de partida da refl exão objetiva. (MARTINS, 1999, p. 105).

REFERÊNCIAS

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CORASSIN, M. L. A Reforma Agrária na Roma Antiga. São Paulo: Brasiliense, 1988.

DE LIMA, A. S. Caio Prado Jr. e a polêmica “Feudalismo-Capitalismo”: Pela Desconstrução de Consensos. Aurora. Ano II, número 3, dezembro de 2008.

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FILIPPI, E. E. Experiências internacionais de reforma agrária: entre socialismo e populismo? In: Vera Lúcia Silveira Botta Ferrante; Dulce Consuelo Andreatta Whitaker. (Org.). Reforma agrária e desenvolvimento: desafi os e rumos da política de assentamentos rurais. Brasília: NEAD, 2008, v. 11, p. 88-110.

GALVÃO DE SOUSA, J. P.; GARCIA, C. L.; TEIXEIRA de C.; José F. Dicionário de política. São Paulo, T. A Queiroz Editora, 557 p., 1998.

HILL, C. A Revolução Inglesa de 1640. Lisboa: Presença. 2001 p.19-20.

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MARTINS, J. de S. Reforma agrária – o impossível diálogo sobre a História possível. Tempo Social; Revista Sociologias. USP, S. Paulo, 11(2): 97-128, out. 1999 (editado em fev. 2000).

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PRADO JÚNIOR, C. A questão agrária no Brasil. 3ª edição. São Paulo: Editora Brasiliense, 1981, p. 47-48.

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STUBBES, P. Anatomy of Abuses. Ed. Furnivall, Part II, pág. 14.