minha iniciação - 1º trabalho

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MINHA INICIAÇÃO IMPRESSÕES Ap.: M.: Gilmar de Moura Santos Ao V.: M.: Leandro J. Rezende Grande Oriente Do Brasil Grande Oriente Santa Catarina Aug.: R.: L.: S.: Guardiões Da Virtude, nº 4198 Agosto 2013 RESUMO Alguns momentos são marcantes na vida de qualquer pessoa. Existem momentos que se revestem de alegria e outros de tristeza, motivos pelos quais ficamos impossibilitados de ignorá-los, o que permite fiquem gravados em nossa memória. Os momentos alegres são lembrados sempre com prazer ao rebuscarmos nossas lembranças; já os momentos tristes, esses muitas vezes insistentemente nos desafiam, não queremos lembrá-los, mas que eventualmente, nos vem à lembrança, mesmo a contra gosto. Mas também existem momentos que não são alegres, tampouco tristes, mas que, dada a sua importância têm um registro especial em nossa memória. Palavras-chave: ritual - maçom - simbologia - conhecimento. Vinte e seis de Julho de dois mil e treze, nunca esquecerei aquela data. Foi um dia para o qual se antecederam alguns atos, questionamentos, providências e certa dose de expectativa, afinal eu estava sendo iniciado na Maçonaria, através de um Ritual; o qual, para mim, se constituiria de um ato em que inúmeras facetas poderiam estar presentes, já que, de acordo com sua finalidade, qualquer ritual de iniciação se desenvolve de forma pré-estabelecida, e sempre

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Page 1: Minha Iniciação - 1º Trabalho

MINHA INICIAÇÃOIMPRESSÕES

Ap.: M.: Gilmar de Moura SantosAo V.: M.: Leandro J. Rezende

Grande Oriente Do BrasilGrande Oriente Santa Catarina

Aug.: R.: L.: S.: Guardiões Da Virtude, nº 4198Agosto 2013

RESUMO

Alguns momentos são marcantes na vida de qualquer pessoa. Existem momentos que se revestem de alegria e outros de tristeza, motivos pelos quais ficamos impossibilitados de ignorá-los, o que permite fiquem gravados em nossa memória. Os momentos alegres são lembrados sempre com prazer ao rebuscarmos nossas lembranças; já os momentos tristes, esses muitas vezes insistentemente nos desafiam, não queremos lembrá-los, mas que eventualmente, nos vem à lembrança, mesmo a contra gosto. Mas também existem momentos que não são alegres, tampouco tristes, mas que, dada a sua importância têm um registro especial em nossa memória.

Palavras-chave: ritual - maçom - simbologia - conhecimento.

Vinte e seis de Julho de dois mil e treze, nunca esquecerei aquela data. Foi um dia para

o qual se antecederam alguns atos, questionamentos, providências e certa dose de

expectativa, afinal eu estava sendo iniciado na Maçonaria, através de um Ritual; o qual,

para mim, se constituiria de um ato em que inúmeras facetas poderiam estar presentes,

já que, de acordo com sua finalidade, qualquer ritual de iniciação se desenvolve de

forma pré-estabelecida, e sempre se caracteriza por um ato significativo, onde sua

descrição e importância nem sempre é aparente.

Mas aquele não foi um ritual qualquer, pois, caracterizou-se por uma verdadeira viagem

simbólica. Feitos os preparativos, e atendidas algumas exigências pré-estabelecidas,

estava eu no horário determinado aguardando no local indicado para me submeter ao

Ritual de Iniciação, o qual, para mim, representava o ingresso em um universo

diferente, de pessoas que inspiravam confiança ao mesmo tempo em que sugeriam

existir algo misterioso que estava faltando para minha formação, dada algumas

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afinidades que se apresentavam para com os amigos que influenciaram minha decisão

em aceitar o ingresso na Maçonaria.

Ao ser abordado, pela pessoa que iria me conduzir ao local do ritual, fui orientado de

imediato a evitar o contato visual, e tudo estava envolto em ações dotadas de muito

sigilo, já que ao ser vendado e convidado a acompanhar aquela pessoa, me senti

conduzido por alguém que não conhecia, de uma forma que sugeria não me ser

permitido identificar ou questionar coisa alguma. Então, totalmente vendado e

encapuçado, busquei concentrar-me em pensamentos diversos, que vagavam desde o

momento em que fui convidado até o desenrolar de todos os atos até aquela data e

circunstância.

Portanto, a minha condução se deu, até o local do ritual, de forma velada não sentindo,

porém, em momento algum, qualquer receio ou dúvida, pois acreditava que o

significado de tudo seria dado no momento devido.

A minha iniciação se deu, no meu entender, com uma característica essencialmente

mística e oculta, a partir do momento em que fui abordado e vendado, pois daquele

momento em diante fui submetido a várias circunstâncias destinadas a meditação,

especialmente quando fui conduzido à câmara de reflexão, onde me foi sugerido de

forma expressa que naquele lugar eu deveria permanecer por algum tempo para refletir.

Ali permaneci por algum tempo, com meus sentidos reduzidos, porém aguçados,

tentando avaliar o significado de tudo que estava ao meu redor. Esta etapa antecedeu o

ritual simbólico, o qual foi bastante significativo.

As provas, revestidas de forte simbolismo, me levaram a meditar sobre a condição

humana. As sensações e percepções eram diversas diante da sucessão de situações

muito simbólicas, contando sempre com uma mão atenciosa me cercando. Tive um bom

tempo para ficar pensando em várias coisas, de forma que me foi proporcionado

também um verdadeiro teste de paciência e exame de consciência, pois fui conduzido de

um lado para outro diversas vezes, subindo e descendo escadas, a maior parte do tempo

sentado ouvindo música ambiente, e o resto num silêncio quase sepulcral, mas sentindo

sempre alguém presente me observando e solicito para alguma eventual necessidade.

Page 3: Minha Iniciação - 1º Trabalho

Os momentos de reflexão, aliados as mensagens emanadas pelo simbolismo, permitiram

e me levaram a avaliar sobre a importância e a necessidade do cumprimento de meus

deveres para com Deus, com meus semelhantes, com a Pátria, com a Família e,

principalmente, comigo: a busca e dedicação ao conhecimento, a compreensão e

dedicação na construção da harmonia entre as pessoas, doar-se e servir ao próximo com

perseverança e em prol da humanidade.

Ao me sentir, de forma sugestiva, retornando ao princípio da vida, morrendo e

renascendo, fui levado a pensar sobre o que realmente importa na vida, qual riqueza

verdadeira, o que podemos e o que devemos edificar, o que fiz de minha vida até aquele

momento e qual o valor de tudo que fiz até então. A conclusão não poderia ser outra,

afinal é inquestionável a absoluta igualdade entre eu e meus semelhantes já que

nascemos, crescemos e morremos, sem nenhuma exceção. A única diferença inegável

está no campo das virtudes e das ações, pois é aqui que nos individualizamos e

eternizamos nossas identidades.

Me deparei com muita simbologia naquela ocasião, durante minha iniciação, na Câmara

de Reflexões, no tumulo do rico, no tumulo do pobre, na morte do profano, no

testamento, interrogatórios, nas viagens e suas provas, no cálice, no juramento e nas

obrigações, as quais destacavam valores, compromissos e condutas que o candidato

assume ao afirmar que deseja ser aceito para fazer parte da Irmandade Maçônica, em

especial confirmar ser "livre e de bons costumes", condição preliminar para ser

admitido na Ordem.

O lado místico através da simbologia, e o lado oculto através do cerimonial, me fizeram

reafirmar a compreensão de que longo é o caminho para o nosso despertar espiritual, no

decorrer de nosso desenvolvimento humano interno que, muitas vezes, por questões de

valores insignificantes nos afastam na maioria das vezes da união consciente com o

criador, e dos laços afetivos com nossos semelhantes, sempre causando vazios e

incompreensões, que são responsáveis pela desarmonia, e que muitas dessas questões se

desenvolvem naturalmente em nosso meio, nos afastando daqueles que são

indispensáveis para a nossa existência, assim como nós o somos. Isso tudo ocorre, na

maioria das vezes, o que não entendemos facilmente, quando buscamos preencher

nossas vidas com coisas que não constituem patrimônio permanente, simplesmente pelo

fato de se lograr um lugar melhor no seio da sociedade, o que não passa de mera ilusão.

Page 4: Minha Iniciação - 1º Trabalho

Neste sentido, ao morrer o Profano nasceu o Maçom, e esse renascimento está voltado

ao aperfeiçoamento, para uma nova vida permeada pela luz, pela harmonia e pelo amor

fraternal, em busca do conhecimento e da verdade, perseguindo a perfeição e a virtude,

fugindo das paixões e do vício, com os indissolúveis compromissos de: guardar silêncio

absoluto de tudo o que ver e ouvir entre meus  irmãos, e ainda de tudo que vier a saber;

vencer as paixões desprezíveis e contrárias a honra, praticando ações humanas que não

sejam incompatíveis com a fraternidade; e, aceitar as leis maçônicas submetendo-me ao

que  for determinado em seu nome, através da Ordem na qual me dispus a ser admitido.

Diante do meu compromisso assumido com os mistérios da Ordem, sobre o Livro da

Lei, como prova de aceitação me foram confiados alguns dos segredos, necessários para

distinguir o maçom, sendo eles: o Sinal do Grau, de Ordem e de Saudação (que me

lembrou respeito e retidão); o Toque (em que se dá o reconhecimento entre irmãos, de

forma velada); e, a Palavra Sagrada (relacionada a passagem bíblica, destinada a

reconhecer o maçom).

Referência

Ritual: Rito Adonhiramita / Grande Oriente do Brasil – São Paulo, 2009. Ritual do 1º Grau: Aprendiz – Maçom do Rito Adonhiramita.