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9 771517 200009 00128 Conselho Federal de Administração REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO ANO 28 Nº 128 JANEIRO-FEVEREIRO 2019 Área carece de gestão responsável para evitar tragédias, atender comunidades e garanr lucros MINERAÇÃO EM XEQUE

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Conselho Federal de Administração

REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃOANO 28 Nº 128 JANEIRO-FEVEREIRO 2019

Área carece de gestão responsável para evitar tragédias, atender comunidades e garantir lucros

MINERAÇÃO EM XEQUE

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editorial 4REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃOANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

A Administração brasileira, representada institucionalmente pelo Sistema Conselhos Federal e Regionais de Administração (CFA/CRAs), não é um indivíduo, mas o inverso: é a união de quase meio milhão de profissionais, dotados de conhecimentos e saberes distintos e imensuráveis. Portanto, é ingênuo pensar que o nosso avanço como classe dependa de uma pessoa, ou de um pequeno grupo de pessoas. É preciso abrir as portas para a multiplicidade e a diversidade, empoderando e instigando cada célula do nosso sistema a contribuir com sua parcela, para que o êxito seja sempre coletivo e nunca pessoal.

A lúcida linha de raciocínio exposta acima foi chancelada pelo plenário do CFA, no último dia 12 de janeiro. Com a proposta de gestão compartilhada, fomos escolhidos para guiar a autarquia nos próximos dois anos. Foi um momento de ruptura gerencial: a comunidade da Administração abandonava o modelo monocráti-co para dar lugar ao oposto: o colaborativo, coletivo, participativo e democrático. Isso implica na radical mudança de comportamento organizacional, que exige maior comprometimento e responsa-bilidade de todos os envolvidos.

Observando o cenário geral, o exercício do poder apresenta a primeira e principal mudança: deixa de ser centralizado para ser repartido. Na prática, minha condição de presidente é a literal, a de presidir. Por sua vez, os diretores do CFA terão autonomia em suas ações e serão os efetivos protagonistas. Além disso, assumimos que ninguém é possuidor do conhecimento pleno, podendo sem-pre aprender uns com os outros. A tautologia permite que áreas distintas da autarquia conversem entre si na hora de formular projetos, promovendo a enriquecedora interdisciplinaridade tão familiar em nossa profissão.

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GESTÃOCOMPAR-TILHADA

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5REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

ANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

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editorial 6REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃOANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

Vigora em nosso modal da gestão com transparência total das ativida-des. Isso promove a consistência na atuação do Conselho e inibe quais-quer inconformidades que por ven-tura se apresentem ao longo dos pro-cessos. A medida se estende também aos CRAs, respeitando, obviamente, a autonomia de cada um.

A transformação pela qual passa a nossa casa tem um objetivo primá-rio: atender-nos como profissionais de Administração. Quando digo que essa é uma gestão compartilhada, não me refiro apenas ao corpo de conse-lheiros do Sistema CFA/CRAs, mas a

cada um dos mais de 400 mil registra-dos em todo o Brasil. Seja no Norte ou Sul do país, sua atuação é igualmente relevante para este Conselho, assim como a de qualquer outro de nós. Aqui – rechaçando possíveis traumas de demagogia – você tem vez e voz.

Sabe aquele descontentamento com a profissão, verbalizado sem direcionamento? Queremos que o reporte a nós. Se lhe incomoda, nos incomoda. Ligue para a ouvidoria do CFA, envie um e-mail, não nos prive de ter ciência e encontrar soluções para os nossos problemas. Caso tenha uma ideia, sugestão, contribuição, nos

procure do mesmo jeito. Juntos, pode-mos aperfeiçoar mais a Administra-ção brasileira.

O conteúdo publicado nessa revis-ta (e em todos os outros veículos de comunicação da autarquia) também é direcionado a nós, profissionais de Administração. Se ler, ouvir ou assis-tir algo e quiser se posicionar de algu-ma forma, negativa ou positiva, não hesite em fazê-lo. A sua participação será o diferencial nesses próximos dois anos de gestão. Quanto mais jun-tos e afinados estivermos, melhores administradores seremos, e seremos mais fortes como profissão.

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sumário 8REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃOANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

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22Após tragédias em Mariana e Brumadinho,

mineração brasileira requer reorientação em

suas práticas 40

Repensar modais socioeconômicos

pode garantir sustentabilidade

de grandes centros urbanos

Secretário de Administração de Sergipe fala sobre Gestão

Pública

Mauro Kreuz é eleito presidente

do CFA para o próximo biênio e garante gestão compartilhada

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6246

Grandes lançamentos do

cinema se deparam com a era do

streaming. É hora de inovar ou abrir

falência

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CFA cria grupo no WhatsApp para levar informação

ao público em primeira mão

61Planejamento Estratégico do

Sistema CFA/CRAs para o período

de 2019-2022 já está disponível no site da autarquia

Biografia de Belmiro Siqueira,

Patrono da Administração, é primeira obra

literária lançada pelo CFA

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leitor 10REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃOANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

expediente

O acesso digital da RBA facilita para nós estudantes que precisamos de conteúdo de qualidade. Parabéns pela iniciativa de disponibilizar a revista on line.Pedro Jorge Soares

Uma das melhores entrevistas que já li na RBA. A matéria com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, nos mostra como a profissionalização na gestão é essencial para o desenvolvimento das cidades.Davi Ferreira

Depois que li a matéria sobre “O Doutrinador” na edição 127 da Revista fiquei super curioso para ver o filme. Poderiam trazer mais matérias assim na revista, fica a sugestão.Carlos Gomes

Extremamente esclarecedora a matéria que falou sobre o futuro da administração. Como administradora veja que é muito importante o CFA sempre abordar este assunto.Clara Mendonza

EDITORConselho Federal de Administração

CONSELHEIROS FEDERAIS DO CFA 2019/2020Adm. Fábio Mendes macêdo (AC) • Adm. Carolina Ferreira Simon Maia (AL) • Adm. José Celeste Pinheiro (AP) • Adm. José Carlos de Sá Colares (AM) • Adm. Roberto Ibrahim Uehbe (BA) • Adm. Fran-cisco Rogério Cristino (CE) • Adm. Carlos Alberto Ferreira Junior (DF) • Adm. Hércules da Silva falcão (ES) • Adm. Ivany Rosa de Oliveira (GO) • Adm. Aline Mendonça da Silva (MA) • Adm. Norma Sueli Costa de Andrade (MT) • Adm. Gracita Hortência dos Santos Barbosa (MS) • Adm. Gilmar Camargo de Almeida (MG) • Adm. Mauro dos Santos Leonidas (PA) • Adm. Marcos Kalebbe Saraiva Maia Costa (PB) • Adm. Amilcar Pacheco dos Santos (PR) • Adm. José Carlos Gomes de Souza (PE) • Adm. Pedro Alencar Carvalho Silva (PI) • Adm. Wagner Siqueira (RJ) • Adm. Ione Macêdo de Me-deiros Salem (RN) • Adm. Cláudia de Salles Stadtlober (RS) • Adm. André Luís Saoncela da Costa (RO) • Adm. Ellen Regina dos Santos Lobo (RR) • Adm. Ildemar Cassias Pereira (SC) • Adm. Mauro Kreuz (SP) • Adm. Diego Cabral Ferreira da Costa (SE) • Adm. Rogério Ramos de Souza (TO)

DIRETORIA EXECUTIVA DO CFA 2019/2020Presidente: Adm. Mauro Kreuz Vice- Presidente: Adm. Rogério RamosDiretor Administrativo e Financeiro: Adm. Francisco Rogério CristinoDiretor de Fiscalização e Registro: Adm. Carlos Alberto Ferreira Júnior Diretora de Formação Profissional: Adm. Cláudia de Salles Stadtlober Diretor de Desenvolvimento Institucional: Adm. Diego Cabral Ferreira da Costa Diretor de Relações Internacionais e Eventos: Adm. Gilmar Camargo de Almeida Diretor de Gestão Pública: Adm. Fábio Mendes MacêdoDiretora de Estudos e Projetos Estratégicos: Adm. Gracita Hortência dos Santos Barbosa

CONSELHO EDITORIALProf. Adm. Idalberto Chiavenato • Prof. Carlos Osmar Bertero • Prof. Milton Mira de Assumpção Filho

CONSELHO DE PUBLICAÇÕESAdm. Francisco Rogério Cristino • Adm. Carlos Alberto Ferreira Júnior • Adm. Cláudia de Salles Stadtlober • Adm. Diego Cabral Ferreira da Costa • Adm. Gilmar Camargo de Almeida • Adm. Fábio Mendes Macêdo • Adm. Gracita Hortência dos Santos Barbosa • Adm. Aline Mendonça da Silva

COORDENAÇÃO DOS CONSELHOSAdm. Diego Cabral Ferreira da Costa

PRODUÇÃOCoordenação Geral: Renata CostaEditora-chefe: Renata CostaProjeto gráfico: Renata ManeschyDiagramação: André Eduardo RibeiroRevisão: Valéria LimaTiragem: 2 mil exemplares

A RBA é uma publicação bimestral do Conselho Federal de Administração sob a responsabilidade da Câmara de Desenvolvimento Institucional.

As matérias não refletem necessariamente a opinião do CFA.

OUVIDORIA DO CFAouvidoria.cfa.org.brTelefone: 0800-647-4769

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entrevista 12

GESTÃO PÚBLICA

Para George Gois, além de comprometimento, empenho e dedicação, a área exige empatia social dos seus profissionaisPOR REDAÇÃO

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13REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

ANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

Há quase 20 anos atuando na gestão pública, o atual Secretário de Administração de Sergipe, George da Trindade Gois, fala sobre a área e conta o que considera indispensável ao exer-cício profissional. Para o administrador que, dentre outros cargos, já presidiu a Junta Comercial do estado de Sergipe, foco, comprometimento, austeridade e transparência devem figurar entre as principais qualidades de um gestor.

RBA – Quando se fala em gestão pública, o que é primordial e por quê?George Gois – O primordial para uma gestão, independentemente de ser no campo público ou privado, é o foco, o comprometimento, a austeridade e a transparência. Esses elementos juntos são a base para o sucesso da administração. Claro, outros elementos são importantes quando levamos em consideração uma gestão eficaz, como a busca de conhecimentos , a t roca de informações e o intercâmbio com outros órgãos públicos.

Outro aspecto elementar é ter uma boa equipe. Observo: somente acei-te [o trabalho] caso realmente gos-te daquela área, tenha força e garra para encarar a administração de um órgão público. Sabemos bem que ser gestor, ser líder, não é uma das tarefas mais fáceis, pois lidamos diariamente com colaboradores comprometidos e descomprometidos, seja na esfera privada e, mais ainda, na pública. Con-tudo, é preciso vencer estes e outros tipos de barreiras, uma vez que o tra-balho em equipe é fundamental para a conquista do sucesso de uma gestão, tendo como meta prioritária o cidadão como extensão do estado.

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entrevista 14

alvarás da Prefeitura e dos Bombeiros.  Deixamos a Jucese com Sergipe ocupando a quarta colocação geral, preste a assumir a ponta com a inte-gração do meio ambiente, entre todos os estados do Brasil, no Ranking de Qualidade da Redesim, elaborado e divulgado pela Receita Federal.

Como secretário de Administração de Sergipe, qual a sua prioridade para o desenvolvimento do estado e como irá trabalhar para alcançar esse objetivo?Nossa prioridade é fazer uma gestão transparente e eficaz voltada para a sociedade, uma vez que a Secretaria de Administração de Sergipe é respon-sável por promover ações de gestão de políticas públicas, serviços de logística integrada e a administração dos servi-dores públicos do Governo do Estado.Queremos priorizar a transparên-cia, deixando os processos governa-

mentais mais claros, a exemplo das compras, com o objetivo de facilitar o acompanhamento do cidadão co-mum. Vamos implantar o Programa de Integridade Administrativa – já em funcionamento em alguns estados – para alcançarmos uma melhor ges-tão dos contratos administrativos e um maior controle sobre as empresas contratantes com o serviço público.Também vamos investir mais em tec-nologia, digitalizando e virtualizando processos administrativos, fazendo com que tramitem com maior celeri-dade. Precisamos prestar um serviço de excelênciapara que o estado obte-nha resultados duradores, num curto espaço de tempo.

Pensando no amplo conceito da sus-tentabilidade, é possível promover uma administração sustentável no Estado? Como?

De que maneira o administrador pode ser peça chave nos governos?Atuo no setor público há mais de 18 anos, passando pela Secretaria de Indústria, Comércio e Agricultura e pela Assessoria de Planejamento, ambas integrantes da estrutura ad-ministrativa da Prefeitura de Boquim, em Sergipe; pela Junta Comercial de Sergipe [Jucese]; pela Direção Ad-ministrativa da Federação Nacional das Juntas Comerciais, a Fenaju; e, agora, pela Secretaria de Estado da Administração de Sergipe.Com certeza, todo o meu conhecimento na área de Administração, aliado ao cur-so de formação acadêmica, foi funda-mental para guiar minhas gestões nes-ses quatro órgãos. Não resta dúvida que o administrador tem toda a expertise para lidar com os trâmites administrati-vos de uma instituição e, principalmen-te, administrar os recursos humanos e financeiros da maneira mais adequada possível, agregando o devido aproveita-mento das ferramentas e dos aparatos disponíveis para tornar a organização eficiente naquilo a que se propõe a fazer em prol da sociedade.

Qual ação de maior impacto o senhor promoveu quando presidente da Ju-cese e que resultados colheu?Em cinco anos de gestão à frente da Junta Comercial de Sergipe, nossa maior ação de impacto foi a desburo-cratização na abertura de empresas, a melhoria do ambiente de negócios, por meio da Redesim, que aqui funciona através do Portal Agiliza Sergipe. Trata--se de uma ferramenta online que faz a integração dos órgãos públicos envol-vidos no registro e licenciamento de empresas. Hoje, em Sergipe, já é possí-vel abrir uma empresa em até dois dias úteis. Abrir no sentido de obter con-trato social, CNPJ, inscrição estadual,

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15REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

ANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

É possível, sim! Diante de uma situação tão crítica que vivemos na terra, com certeza, os órgãos públicos têm o dever de dar uma atenção especial a práticas sustentáveis. Com a digitalização e otimização dos pro-cessos, conseguiremos reduzir a uti-lização de papéis, com investimen-tos na área de energia solar, gestão e acompanhamento dos gastos com recursos hídricos, também é possível poupar recursos naturais. Existem várias maneiras de aperfeiçoar as gestões em prol da racionalização do uso desses insumos.Vale ressaltar que, enquanto presi-dente na Jucese, [eu e minha equi-pe] tivemos experiências exitosas, promovemos ações que reduziram substancialmente a utilização de papel e os gastos com água e energia, com melhoria nos serviços prestados. Agora, na Secretaria de Administra-

ção, continuaremos persistindo nesses tipos de ações, buscando ampliá-las.

Quais danos e implicações a má ges-tão pode provocar na esfera pública?Má gestão é aquela que não tem zelo pelos recursos públicos, que ainda mantêm entraves, burocracias des-necessárias que atrapalham a vida do cidadão, trazendo à tona várias conse-quências negativas, como a falta de ser-viços básicos primordiais e a lentidão em processos. Tem uma questão que acho importantíssima para nós, gesto-res públicos: temos sempre que pensar naqueles que estão do outro lado do balcão, nos colocar no lugar deles. É pensar: “Como você gostaria de ser tratado?” e “Como você gostaria que o serviço funcionasse?”. Temos que aper-feiçoar, facilitar e agilizar os serviços. Também é importante frisar que a burocracia, em certos momentos, é

necessária, pois protege e disciplina, estabelecendo fases, contribuindo para o aprimoramento das ações. Há certas coisas com as quais precisamos ter mais cuidado. Há coisas no serviço público que poderiam, sim, ser mais ágeis, que não deveriam exigir certos procedimentos; contudo, por trás des-tas cobranças, existe uma segurança.

Como o senhor avalia a gestão pública no Brasil atualmente?Gradativamente, as gestões dos ór-gãos públicos estão sendo conduzidas por indicados técnicos que apresen-tam capacidade, produtividade e com-prometimento pessoal. As gestões que enxergam que é preciso pensar na próxima geração e não nas próximas eleições já começam a colher dividen-dos, inclusive políticos.Apesar do momento difícil em que vivemos, continuo esperançoso que os administradores públicos do nosso Brasil terão a criatividade necessária para encontrar saídas efetivas, para conduzir o País a um patamar razoa-velmente seguro, com um arco de me-lhorias extensivas a toda sociedade.

O senhor é um profissional registrado em seu conselho de classe, o Sistema CFA/CRAs. Como avalia a relevância dessas autarquias?É s e mp re b o m f r is a r q u e , d e maneira positiva, os Conselhos de Administração agregam nos seus respectivos estados, especificamente no tocante à Administração Pública. Por estas e outras razões, posso ga-rantir que o registro do administra-dor junto ao CRA é de extrema im-portância, pois confere total legali-dade para o exercício da profissão e segurança à sociedade de modo geral, com ações que traduzam a bus-ca de acertos e benefícios a todos, categoria e sociedade.

Monumento aos Formadores da Nacionalidade • Aracaju / SE

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eleição 16

COMPARTILHARÉ PRECISO

Chapa “Gestão Compartilhada” trouxe propostas inovadoras e foi eleita com quase 60% dos votos. Presidente e vice dividirão decisões e responsabilidades com diretores e conselheirosPOR REDAÇÃO

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COMPARTILHARÉ PRECISO

“Presidente não manda. Presidente preside”. É assim que o novo presidente do Conselho Federal de Administração (CFA), Mauro Kreuz, define sua função, à frente do cargo que ocupará pelo próximo biênio. Eleito ao lado do agora vice-presi-dente Rogério Ramos, Kreuz quer deixar uma nova marca na gerência do CFA: o compartilhamento.

“Nossa gestão será descentralizada e compartilhada, dando ao vice-presidente e aos diretores autonomia para desenvolve-rem seus projetos. Acredito que com este modelo, com a figura do presidente como um coordenador, damos mais agilidade à gestão e celeridade nos planos de trabalho de cada campo. Isso implica também na corresponsabilidade. Como a tomada de decisões é compartilhada, todos assumem responsabilidade pelos trabalhos e deci-sões. Isso dá transparência e descentraliza a gestão”, expõe o presidente da autarquia.

Doutor em Administração, Kreuz já pre-sidiu por duas vezes a Câmara de Formação Profissional do CFA e ressalta que a comuni-dade de administradores no país é represen-tativa, mas poderia ser maior. Hoje, o CFA tem mais de 400 mil profissionais creden-ciados, mas, pelas contas do recém empos-sado presidente, poderia ter 4 milhões. “São bacharéis, tecnólogos, mestres, doutores de áreas conexas que poderiam estar registra-dos no Sistema CFA/CRAs. Esse é o nosso primeiro grande objetivo: fortalecer nossa comunidade, aumentá-la”, afirma.

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Diretoria Executiva biênio 2019/2020

eleição 18

Para isso, o programa de Certifica-ção Profissional será potencializado e as diretorias ganharão mais poder para desenvolver os projetos de suas respectivas áreas. Outra mudança ( já implementada) é a repaginação dos eventos promovidos pelo Conselho, que passarão por uma ampla refor-mulação conceitual, deixando de ter apelo acadêmico e assumindo um apelo de mercado.

“Queremos promover uma aproxi-mação maior com nossa comunidade, com mais diálogo. Vamos ouvir a to-dos, tanto críticas quanto sugestões. Estamos abertos para aprender com as boas práticas e entender o que afli-ge nossa comunidade lá na base. To-dos estão legitimados a mostrar suas inquietudes e apontar soluções para

melhorar e resgatar a autoestima e o amor pela nossa profissão. Precisa-mos nos orgulhar mais do que somos e do que fazemos”, enfatiza Kreuz.

Para o vice-presidente eleito, Ro-gério Ramos, conselheiro federal pelo estado do Tocantins, a gestão com-partilhada que se estabelece agora no CFA vai empoderar os 27 conse-lheiros pelo país. “Esses representan-tes foram eleitos em suas bases para atender anseios de administradores atuantes em todo território nacional. Esta articulação vai dar voz e vez a todos eles e, desta maneira, atende-remos o Brasil como um todo”, disse.

Kreuz concorda e afirma que é preciso ouvir mais os Regionais. “Entendemos que há muitos bons exemplos nos Conselhos Regionais

e queremos criar um banco de boas práticas, que possam ser levadas aos demais estados”, disse.

Diretorias listam as prio-ridades para o próximo biênioPara dar início ao trabalho junto às diretorias do CFA, presidente e vice estão fazendo diagnósticos juntamen-te com os novos diretores eleitos, para pontuar um plano de trabalho mais objetivo a ser executado no período de dois anos. “Nesta gestão compar-

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tilhada, os diretores das câmaras é que darão o tom das prioridades a serem postas em prática”, afirma Mauro Kreuz.

Para presidir a Câmara de Fisca-lização e Registro, foi eleito Carlos Alberto Ferreira Junior, conhecido no Sistema como Carlão. Entre as prioridades de sua diretoria está a me-lhoria na fiscalização nos estados. “Já tivemos muitos avanços nos últimos anos com tecnologia e sistemas inte-grados. Mas só isso não resolve. Ainda temos certos desníveis nos estados e agora pretendemos fazer as devidas padronizações para conseguir fisca-lizar melhor”, disse.

Carlão afirmou ainda que o obje-tivo é estabelecer um banco de da-dos de boas experiências, que possa

ser compartilhado entre os estados. “Vamos realizar, ainda este ano, uma Convenção Nacional do Sistema. Te-mos fiscais bons e experientes nos conselhos regionais. O que precisa-mos agora é integrar tecnologia, ação humana e atos normativos para que a fiscalização seja mais coesa e presen-te no Brasil inteiro”, explicou.

Diego da Costa foi eleito diretor da Câmara de Desenvolvimento Institu-cional (CDI) do CFA, área responsá-vel por toda a comunicação do órgão. Entre as principais ações da Câmara para 2019, está a ampliação da Rádio ADM e do CFAPlay – webrádio e we-btv do CFA, respectivamente. “Tere-mos mais quatro novos programas na programação: 'ADM Responde', 'Café com Administração', 'Saiu na RBA' e

Séries sobre campos específicos da Administração”, explica.

Para o diretor da CDI, o CFAPlay está fazendo um bom uso do YouTu-be, uma plataforma que acredita ser ferramenta indispensável nas casas, hoje em dia. “A TV ganha novas carac-terísticas e nós estamos fazendo um bom uso destes canais. Nossa ideia é nos aproximarmos cada vez mais do nosso público”, disse.

De acordo com Costa, a principal função da CDI é aproximar cada vez mais o Conselho do público em ge-ral. Uma das ações para isso foi a im-plantação do "Administração na sua mão”, um canal criado no WhatsApp para distribuir notícias relacionadas ao Sistema CFA/CRAs e a profissão como um todo.

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eleição 20

Internacio-nalizaçãoEntre as principais novidades da Câma-ra de Relações Internacionais e Even-tos do órgão (CRIE) para 2019, está a realização do Fórum Internacional de Administração (FIA). De acordo com o novo diretor da CRIE, Gilmar Camar-go, o evento acontecerá no segundo se-mestre em Palmas, Tocantins.

Fora isso, a Câmara vai fomentar ainda no primeiro semestre eventos regionais. “Teremos os Encontros Re-gionais de Profissionais de Adminis-tração. Nosso país é muito grande e com muitas particularidades. Por isso, a ideia é organizar cinco encontros re-gionais. Essas discussões regionaliza-das vão nos preparar para o Encontro Brasileiro de Administração e, depois disso, para o FIA”, afirma.

Paralelamente, a CRIE estuda fazer missões internacionais para conhecer boas práticas de Administração mun-do afora. A Câmara pretende ainda re-tomar parcerias internacionais como com a Organização Latino-americana de Administração (OLA), com a Orga-nização das Nações Unidas (ONU), com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Camargo anunciou ainda que vai propor a criação de um Clube de Vanta-gens que visa credenciar parceiros com o objetivo de oferecer benefícios aos profissionais de Administração, como previdência privada, plano de saúde, fi-nanciamento imobiliário, entre outros.

Para dirigir a Câmara de Formação Profissional, foi eleita a conselheira Cláudia de Salles Stadtlober, do Rio Grande do Sul. Claudia tem ampla ex-periência como docente. Hoje, atua como professora do curso de Adminis-

cemos nossa categoria. Ao darmos mais ênfase às certificações, estamos contribuindo para o reconhecimento da classe”, afirma.

Fábio Mendes Macêdo, eleito di-retor da Câmara de Gestão Pública (CGP), disse que uma das principais missões é integrar todos os Conse-lhos Regionais. “Criamos excelentes mecanismos de análise da gestão pú-blica. Exemplo disso é o Índice CFA de Governança Municipal (IGM--CFA). No Acre tivemos uma experi-ência bastante positiva, de integração com o Tribunal de Contas. Agora que-remos ampliar isso para todo o Brasil, mostrando a importância da Admi-

tração da Unisinos e coordena o curso de Medicina da mesma instituição. “Entre nossos principais projetos está reforçar esse trabalho de desenvolvi-mento e apoio do ensino com qualida-de. Para isso, serão reeditadas as nor-mas que estabelecem essa relação e também ampliada as parcerias, como as que temos com a Angrad [Associa-ção Nacional dos Cursos de Gradua-ção em Administração]”, expõe.

Além disso, Cláudia ressaltou que pretende ampliar o trabalho de Cer-tificação Profissional para poder au-mentar a capilaridade do Conselho. “Desenvolvendo as certificações, am-pliamos as áreas de atuação e fortale-

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ANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

Todos estão legitimados a mostrar suas inquietudes e apontar soluções para melhorar e resgatar a autoestima e o amor pela nossa profissão.Mauro Kreuz, presidente do CFA

nistração na gestão pública”, diz.A diretora da Câmara de Estudos

e Projetos Estratégicos (CEPE) é Gracita Barbosa, conselheira fede-ral pelo estado de Mato Grosso do Sul. Ela dará continuidade e amplia-rá o Sistema CFA de Governança Planejamento e Gestão Estratégica de Serviços Municipais de Água e Esgotos (CFA-Gesae). “Este sistema é um dos mais importantes do pa-ís, porque permite dar diretrizes de como se faz um bom planejamento para diminuir o consumo de água e melhorar a rede de esgoto. Vamos promover diversos desdobramentos deste projeto em 2019, com a multi-

plicação dos saberes”, explicou.O conselheiro federal Francisco

Rogério Cristino vai dirigir a Câ-mara de Administração e Finanças (CAF), cujo principal papel é receber projetos de todas as áreas do CFA e verificar a disponibilidade finan-ceira para execução. “Como nosso presidente já disse, o objetivo é dar autonomia às diretorias, para que sugiram e desenvolvam projetos de relevância para o Conselho e nossa categoria profissional como um todo. Na Câmara de Administração e Finanças, da-remos total apoio para viabi-lizar esses projetos”, afirma.

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especial 22

43 potenciais agentes fiscalizadores, 24.092 barragens no país e apenas3% efetivamente fiscalizadas em 2017. Tragédia anunciada?

POR REDAÇÃO

A CULPA É DE QUEM?

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especial 24REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃOANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

É preciso repensar modelos, para

permitir que as mineradoras

continuem atuando na região, com

mais segurança e responsabilidade.

José Balbino Figueiredo, vice-presidente da regional Vale do

Jequitinhonha da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemig)

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17 Passaram mai de dois meses desde que o mundo viu

atônito a enxurrada de lama, decorrente de um dos maio-res acidentes com barragens de mineração no mundo, que varreu a região de Brumadinho, em Minas Gerais. O incidente deixou centenas de mortos e desaparecidos, sem falar no estrondoso dano ambiental causado.

Brumadinho não foi o primeiro município mineiro a amargar esse tipo de desgraça. Há dois anos, a cidade de Mariana já figurava nas manchetes como vítima da incongruência em atividades de mineração no país. Até o momento, há poucas respostas que expliquem o que de fato aconteceu ou deixou de acontecer para que tragédias desta magnitude ocorressem.

Analisando o cenário das barragens do país, é pos-sível começar a compreender melhor como tragédias desta proporção ocorrem no Brasil. De acordo com o Relatório de Segurança de Barragens 2017, consolidado pela Agência Nacional de Águas (ANA) com informa-ções encaminhadas pelos 43 agentes fiscalizadores do país, o Brasil possui 24.092 barragens de diferentes tipos: acúmulo de água, de rejeitos de minérios ou in-dustriais e para geração de energia.

Para complicar ainda mais, o país tem 43 potenciais agentes fiscalizadores, dos quais quatro são federais e 39 estaduais. Ainda de acordo com o relatório, em 2017, 31 órgãos atuavam efetivamente como fiscalizadores por terem instalado sob sua jurisdição empreendimentos com as características especificadas pela Política Na-cional de Segurança de Barragens (PNSB).

É neste ponto que se chega a um dos números mais alarmantes: apenas 3% do total de barragens cadastradas foram vistoriadas pelos órgãos fiscalizadores em 2017. E mais: não há nenhum ato de autorização, outorga ou licenciamento em 42% das barragens do país e em 76% dos casos não está definido se a barragem é ou não sub-metida à PNSB por falta de informação.

O resultado direto disso são os acidentes. O relatório da ANA aponta que, em sete anos, o Brasil teve 24 acidentes e 52 incidentes, com 31 mortos e diversos impactos ambien-tais e sociais – desconsiderando o caso de Brumadinho, ocorrido após a publicação do documento. No entanto, os números não são definitivos: segundo a Agência, muitas ocorrências não são reportadas.

Sérgio Medici Eston, professor de Engenharia de Mi-nas da Universidade de São Paulo (USP), critica o

modelo confuso de fiscalização adotado no Brasil.

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25REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

ANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

Número de barragens no Brasil:

24.092Fins: acúmulo de água, de

rejeitos de minérios ou industriais e geração de energia

Acidentes:

4 acidentes e 10 incidentes com barragens. Não foram

registradas vítimas fatais.

Órgãos fiscalizadores:

31recomendo utilizar

algum micro texto para manter o alinhamento

Classificação por risco:

3.545 foram classificadas na

Categoria de Risco (CRI)

5.459 quanto ao Dano Potencial

Associado (DPA). Das barragens cadastradas,

723 (3%) foram classificadas

simultaneamente como de CRI e DPA altos.

Barragens apontadas como mais vulneráveis: subiu de 25 em 2016 para 45 em 2017. Destas 45, 25

pertencem a órgãos e entidades públicas.

Principais problemas apontados: baixo nível de conservação, insuficiência do vertedor e falta de documentos que

comprovem a estabilidade da barragem.

Número de fiscalizações: 780 fiscalizações, um decréscimo de 16% com relação a 2016.

Barragens sem nenhum ato de autorização,

outorga ou licenciamento: 42%

Barragens fiscalizadas ou vistoriadas: 3%

Recursos públicos estaduais e federais de ações orçamentárias ligadas aos serviços de operação, manutenção

e recuperação de barragens: R$ 34 milhões.

Para ele, o ideal seria que apenas um órgão fiscalizasse estas barragens no país, com mais aporte financeiro e qualificação dos técnicos. “Hoje, além de termos muita gente responsável por fiscalizar, e que no fim das contas ninguém acaba fazendo o serviço di-reito, temos grupos ineficientes, com pessoas pouco qualificadas, pouca verba, o que torna o serviço ainda mais precário”, critica.

Em resumo, a fiscalização dos bar-ramentos de geração hidrelétrica é feita pela Agência Nacional de Ener-gia Elétrica (ANEEL); as barragens de rejeito de minério são fiscalizadas pela Agência Nacional de Mineração (ANM); e a fiscalização das barragens de usos múltiplos da água em corpos hídricos de domínio da União – inte-restaduais e transfronteiriços – é fei-ta pela Agência Nacional de Águas (ANA). Além disso, os órgãos esta-duais são responsáveis pela fiscaliza-ção de barragens de usos múltiplos da água em rios estaduais. Assim, o nó está feito.

José Balbino Figueiredo, vice-pre-sidente da regional Vale do Jequiti-nhonha da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemig) e presidente do Sindicato das Indus-trias de Rochas Ornamentais do Es-tado de Minas também critica a con-fusão quando o assunto é fiscalizar barragens. Para ele, a saída é definir papéis, e não culpar a atividade em si. “É preciso repensar modelos, para permitir que as mineradoras conti-nuem atuando na região, com mais segurança e responsabilidade”, disse.

“Quem cuida das barragens no Bra-sil? É a Agência Nacional de Minera-ção? Ou quem? Nós estamos vendo uma cobrança muito grande da popu-lação, mas principalmente dos meios

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de comunicação e do Ministério Pú-blico com relação à Secretaria de Esta-do do Meio Ambiente, que deveria ter barrado as licenças. Mas quem é res-ponsável pelo que? Hoje é tudo muito confuso: licenciamento ambiental é atribuição do estado; construção de barragens é com a União. É preciso deixar tudo claro, definir bem os pa-peis”, argumenta Figueiredo.

FuturoEm busca de uma solução, o governo federal está tentando capacitar mais servidores para ampliar a fiscalização de barragens no Brasil. O Ministério do Desenvolvimento Regional em par-ceria com a Escola Nacional de Admi-nistração Pública (ENAP) está promo-vendo Programa de Capacitação em Segurança de Barragens. De acordo com Paulo Marques, diretor de Educa-ção Continuada da ENAP, o principal objetivo do curso é robustecer a força de trabalho nas agências reguladoras que fiscalizam as barragens.

“As técnicas de gestão são muito importantes quando pensamos na inspeção das barragens. Se não hou-ver um sistema permanente de fiscali-zação, que os próprios gestores destas empresas deveriam implementar, fica complicado antever situações desta natureza˜, explicou. “E, do outro la-do, o governo está capacitando mais pessoas para ampliar a fiscalização no país”, explica o diretor da ENAP.

Mesmo que tardia, a ação é bastan-te necessária. De acordo com World Mine Tailings Failures (WMTF), or-ganização norte-americana sem fins lucrativos que rastreia todas as falhas registradas nas instalações de arma-zenamento de rejeitos, o incidente em Brumadinho foi a mais séria falha em barragens de rejeitos na última déca-

da em todo o mundo. Ainda segundo a WMTF, de 1908

a 2017, foram identificadas ao menos 119 falhas consideradas graves e mui-to graves em barragens no mundo. E no decorrer das décadas, os acidentes têm ficado mais comuns. Entre 1998 e 2007 foram 19 casos. De 2008 a 2017, 27 acidentes.

Para a ONG norte-americana, o que mais assusta é esta escalada nos números. Técnicos da entidade apon-tam que, caso não haja mudança na legislação e regulamentação do setor, além de mudanças nas práticas da in-dústria, a expectativa é que ocorram pelo menos 19 falhas muito graves entre 2018 e 2027.

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ECONOMIA MINERAL DO BRASILSETEMBRO 2018

(AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO ANM)

*PIB Industrial é composto pelos Segmentos: Indústria extrativa (4,2%), Indústria de transformação (12,3%), Produção e distribuição de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (2,0%) e Construção Civil (6,4%) – IBGE.

Composição do PIB: Agropecuária 5,3%; Indústria 24,9%; Serviços 69,8%

**PIB da Indústria Extrativa inclui Mineração e Petroleo e Gás pelo IBGE

9.415 minas em regime de concessão

1.820 lavras garimpeiras

13.250 licenciamentos (areia, cascalho e argila)

830complexos de águas minerais

Area ocupada pelo setor mineral:

0,5% de todo territorio nacional

PIB da Indústria Extrativa**

4,2%

16,8% do PIB Industrial*

Produção:

+ de 2 bilhões de ton/ano

Faturamento:

US$ 32 bilhões em 2017

Empregos:

180 mil diretos e + de 2 milhões indiretos

Exportações:

US$ 28,3 bilhões + de 400 milhoes

de toneladas movimentadas nos portos brasileiros em 2017

Liderança nas exportações: Niobio (1°) / Minério de Ferro (3°) Vermiculita (3°) / Grafita (3°)

Bauxita (3°) / Caulim (5°)

As exportações do Setor Mineral em 2017 subiram 31,2% e o Saldo Mineral cresceu 27% em relação a 2016

O Setor Mineral contribuiu em 2017 com 30% do Saldo Comercial Brasileiro

O incidente em Brumadinho foi a mais séria falha em barragens de rejeitos na última década em todo o mundo

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Especialistas são unânimes: não existe atividade 100% segura. Para garantir o bom funcionamento da mineração é preciso trabalhar com gestão de risco

POR REDAÇÃO

A GESTÃO É O CAMINHO

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29REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

ANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

O caminho para minimizar os impactos em situações de crise é sempre o mesmo: investir na sua prevenção e gerenciamento. É o que garante o administrador Mauro Lúcio Batista Cazarotti que tem ampla expe-riência na gestão de grandes obras e eventos, tanto na esfera pública quan-to privada.

Cazarotti é coordenador dos Cur-sos de Logística e Marketing da Fa-culdade de Gestão Woli (FGW) e do Curso de Administração da Faculda-de Integrada Brasil Amazônia (FI-BRA). Com toda esta bagagem, ele já teve a oportunidade de ver de perto problemas graves acontecerem em diferentes campos de atuação.

Para o especialista é preciso criar gabinetes de crise, que antecipem a prevenção e as abordagens neces-sárias, caso acidentes aconteçam. “Quando esta atitude é tomada depois [do fato crítico], atrasamos muito os resultados. Identificar os problemas e gerenciar as informações vai dire-cionar melhor os trabalhos. É possível saber com precisão o que fazer numa situação de acidente. Mas, para que isso ocorra de maneira efetiva, é pre-ciso ter pessoas capacitadas para ge-renciar estes riscos”, explica.

“As pessoas, de modo geral, que-rem que as atividades não tenham falhas. Isso não existe. Precisamos de administradores aptos a gerenciar ris-cos e que os amenizem para o mínimo possível”, afirma.

De acordo com Cazarotti, o que mais preocupa é que não existam muitos gestores que conheçam estes proces-sos. “Hoje, o profissional capaz de fazer a gestão de risco, que vai analisar tanto os riscos humanos quanto os desastres

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naturais, tem que se antecipar aos pro-blemas. E esta gestão pode ser feita por um engenheiro, médico, ou qualquer outro profissional, desde que ele tenha preparação profissional e técnica na área de gerenciamento”, garante.

Ele afirma que há formação inter-nacional para área de gerenciamento de projetos e de riscos e certificações que capacitam profissionais a atu-arem na área. “Mesmo assim o que

vemos é agentes públicos e privados ‘batendo cabeça’. É preciso montar um gabinete de crise que desenhe um escopo inicial de atuação; trace um planejamento; detalhe o desenvolvi-mento das ações; corrija as falhas e, com isso, diminua os riscos. Com um plano deste traçado e posto em práti-ca, todas as consequências causadas por grandes catástrofes seriam dimi-nuídas”, explica.

Pode demorar um pouco, mas assim

que as investigações forem concluídas,

vão descobrir que há erro humano nestes

episódios.Sérgio Medici Eston, professor de Engenharia de Minas da Universidade de

São Paulo

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ANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

Não foi acidentePara Sérgio Medici Eston, professor de Engenharia de Minas da Univer-sidade de São Paulo (USP), acidentes como o de Brumadinho ou Mariana não podem ser considerados como fatalidade. “Podemos classificar como fatalidade coisas como maremotos, tempestades ou qualquer outra ma-

nifestação da natureza ou climática. Fora isso, toda tragédia que possa ocorrer tem o dedo humano. Pode demorar um pouco, mas assim que as investigações forem concluídas, vão descobrir que há erro humano nestes episódios”, afirma.

Segundo Eston, a administração das mineradoras coloca em primeiro lugar o lucro, os resultados financei-ros. “Acontece que, para certas coisas,

não há como cortar custos porque isso afeta diretamente vidas, de funcio-nários e da comunidade”, diz. Para ele, faltam entre os altos escalões das companhias engenheiros, que estão mais focados no aspecto técnico da empresa. “Este tipo de negócio não pode ter uma administração fria, foca-da exclusivamente na lucratividade. É preciso garantir aspectos de seguran-ça, focando na manutenção e controle de riscos. Depois que isso estiver sob controle, daí sim é possível pensar no mercado de competição", avalia.

Por outro lado, as empresas pre-cisam mudar suas culturas a fim de minimizar problemas como este. Para o professor da USP, o foco do gerenciamento deve ser nos riscos e não nos lucros. Exemplos bem suce-didos já estão sendo colocados em prática. Sérgio cita países como Aus-trália e Canadá, que cada vez mais estão incorporando às companhias programas que colocam altos ges-tores no chão da empresa – conceito conhecido em inglês como ‘Boots on For Safety’ –, para ver de perto a realidade da segurança e os riscos de acidentes.

Na Austrália, as mineradoras ado-tam o Global Mineral Industry Risk Manegement. “É obvio que o risco nunca vai ser zero. Trata-se de uma atividade que sempre apresentará riscos. Mas lá na Austrália, por exem-plo, com a adoção deste tipo de pro-grama, os acidentes não acontecem com tanta freqüência e nem com a dramaticidade vivida no Brasil”, afir-ma Eston. Ele ainda defende que das mais de 24 mil barragens existentes no país, pelo menos uma dúzia deve-ria receber atenção direta e em curto prazo para não repetir o que houve em Brumadinho.

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feita com cuidado ao meio ambiente e a sociedade”, afirma.

José Balbino Figueiredo, vice-pre-sidente da regional Vale do Jequiti-nhonha da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemig)

Transparência“Estes dois desastres e outros que

já houve antes, mostram que é preciso mudar a gestão das mineradoras: a engenharia tem que ter mais partici-pação na tomada de decisões porque atualmente a prioridade não é a segu-rança. Parece que a preferência é o re-sultado financeiro”. A afirmação é do professor Alberto Sayão, engenheiro geotécnico e professor de engenharia civil da PUC-Rio.

Para ele, vários indícios demons-tram que algo estava errado na bar-ragem de Brumadinho, tanto é que novos equipamentos de segurança estavam sendo instalados. “Em todas as barragens do país é preciso ter um engenheiro responsável por emitir a Declaração de Condição de Estabili-dade (DCE), que atesta a segurança da barragem. Acontece que, muitas vezes, quem gerencia o negócio não dá muita bola para aspectos técnicos. O engenheiro responsável por emitir uma DCE precisa ter comunicação direta com quem toma decisões e es-ta pessoa deve colocar o aspecto de segurança em primeiro lugar, antes mesmo do lucro. Mas pelo que temos visto, não é esta a realidade nas mine-radoras”, lamenta Sayão.

Um dos principais erros cometi-dos depois de acidentes como estes é culpar a mineração como um todo. O professor da PUC-Rio cita o caso de Mariana, que há três anos viveu algo semelhante, porém de menores proporções. “A cidade de Mariana sofre até hoje com a interrupção das atividades da Samarco porque quase toda região dependia diretamente das operações da companhia. Uma mine-radora como esta gera emprego, paga impostos. Sou extremamente favo-rável à mineração, contanto que seja

e presidente do Sindicato das Indus-trias de Rochas Ornamentais do Esta-do de Minas afirma que Minas Gerais é o principal estado do país quando o assunto é mineração. “Com exceção do petróleo, extraímos todo o tipo de

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minérios, sejam eles ferrosos, não fer-rosos, minerais, gemas”, afirma. Com isso, a mineração é responsável por 30% da economia no estado.

"Temos uma legislação ambien-tal que já é bem restritiva. Fora isso,

há varias frentes que se opõem à mineração e, assim, se opõem ao de-senvolvimento do estado de Minas. Após catástrofes como essas, temos uma proliferação de inverdades que fazem com que as pessoas acreditem

em boatos. É isso que nos preocupa”, pondera Figueiredo.

Ele dá o exemplo de Mariana que, mesmo com a interrupção das ati-vidades da Samarco, ainda vive da mineração, que é o principal produto econômico do município. “Os valores de impostos que deixaram de ser reco-lhidos da Samarco neste período, por exemplo, permitiriam que o governo do estado estivesse com a folha de pa-gamentos em dia”, afirma.

MudançaPara Sayão, depois de acidentes como o de Brumadinho ou Mariana, é pre-ciso tirar lições. “É preciso investigar muito bem tecnicamente, identificar as causas e abrir as conclusões para a comunidade em geral, para a acade-mia. Hoje, as pessoas que trabalharam em Mariana, por exemplo, que fize-ram os laudos, não podem falar sobre o que descobriram porque o contrato é sigiloso. Isso é muito errado. O po-der público precisava tomar as rédeas, formar uma comissão de investigação antes mesmo da empresa nomear a sua. E quando os relatórios estives-sem concluídos, isso seria posto a pú-blico. Se não aprendermos com o erro, estamos arriscando errar novamente”.

Hoje, as empresas causadoras dos acidentem contratam as consultorias que farão as investigações e emitirão os laudos finais. E tudo isso fica nu-ma caixa preta. “Está tudo errado. É preciso mudar urgente para que a sociedade entenda o que aconteceu e não simplesmente tenha medo de barragens. As acéquias não são cul-padas. Elas são necessárias neste tipo de negócio e é preciso lidar melhor com as obras de engenharia, estudar os acidentes e aprender com eles para não repeti-los”.

Rio ainda afetado pelo desastre de Mariana / MG

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MUITOS ACIDENTES, POUCAS SOLUÇÕESEntidade ranqueia, desde 1960, a cronologia das principais falhas nas barragensde rejeitos em todo o mundo. O Brasil aparece oito vezes na lista

POR REDAÇÃO

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O WISE Uranium Project faz parte do Serviço Mundial de In-formação sobre Energia que estuda os impactos na saúde e no meio am-biente da mineração de urânio e da produção de combustível nuclear. O projeto compila as principais falhas nas barragens de rejeitos em todo o mundo, desde 1960. Já foram listados no relatório, que é atualizado constan-temente, 122 casos de acidentes gra-ves. Para figurar na lista, são levados em conta aspectos como volume de sedimentos derramados e o impacto causado pelos acidentes.

O Brasil aparece oito vezes no rela-

Participantes do Enbra

tório. E a tragédia de Brumadinho figu-ra como a primeira da lista. O relatório traz a informação dos acidentes, quan-to de material residual escapou, quais as consequências e se houve mortos.

Além do acidente em Brumadinho, o Brasil aparece em quinto lugar com um acidente ocorrido em 17 de feve-reiro de 2018 em Bacarena, no Pará, numa mina de bauxita. A barragem de contenção transbordou após for-tes chuvas - e a empresa sustenta que não houve rompimentos. O que se sabe é que, em decorrência do aci-dente, líquidos altamente alcalinos e carregados de metal inundaram as

áreas residenciais circundantes, inu-tilizando o abastecimento de água potável na área.

A tragédia ocorrida em Mariana, no dia 5 de novembro de 2015, figura em 13° lugar na lista. Na ocasião, 32 milhões de metros cúbicos de rejei-tos inundaram povoados, destruí-ram mais de 150 casas e deixaram 17 mortos e outros dois desapare-cidos. A lama polui o Rio Gualaxo do Norte, o Rio Carmel e o Rio Doce em mais de 663 quilômetros, des-truindo 15 quilômetros quadrados de terra ao longo dos rios e cortan-do o abastecimento de água potável

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dos moradores. A causa do acidente foi uma falha da barragem de rejei-tos de Fundão, devido à drenagem insuficiente, levando à liquefação das areias dos rejeitos logo após um pequeno terremoto.

Em 14° lugar aparece o acidente na mina Herculano, também em Minas, que deixou dois trabalhadores mortos e um desaparecido.

Em abril de 2009, uma forte chuva fez uma barragem transbordar, depois de os canais de drenagem não terem conseguido conter o derrame da lama vermelha residual da extração de bau-xita em Bacarena, no Pará. O acidente

é 29° mais grave da lista.Em 32° lugar está o acidente de Mi-

raí, em Minas Gerais. Dois milhões de m3 de lama, contendo água e argila ("lama vermelha”) transbordaram após chuva forte, atingindo cerca de quatro mil moradores dos municípios de Mi-raí e Muriaé, que ficaram sem casas. As lavouras e pastagens da região foram destruídas e o abastecimento de água foi comprometido em cidades dos es-tados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. O acidente ocorreu em janeiro de 2007.

Ocorrido em 2001, o acidente de Sebastião das Águas Claras, no distri-to de Nova Lima, também em Minas

Gerais, ocupa o 42° lugar. A causa do acidente foi uma falha na barragem de resíduos de uma mina de ferro. Uma onda de rejeitos viajou por pe-lo menos seis quilômetros, deixando três trabalhadores desaparecidos e ao menos dois mortos.

E o último acidente brasileiro considerado grave que figura na lis-tagem aconteceu em 1986 e ocupa o 76° lugar no ranking. Foi em Itabiri-to, Minas Gerais, quando a parede de uma barragem cedeu, liberando cerca de 100.000 toneladas de re-jeitos que percorreram mais de 12 quilômetros.

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1° LUGAR • MINA CÓRREGO DO FEIJÃO,

BRUMADINHO, MINAS GERAIS25 de janeiro de 2019

Tipo de minério: ferroTipo de acidente: falha da barragem de rejeitos N° 1

Quantidade de rejeito: 12 milhões de metros cúbicos

Impactos: A onda de rejeitos devastou a estação de carregamento da mina, sua área administrativa e duas

bacias de retenção de sedimentos menores (B4 e B4A); viajou aproximadamente 7 km de descida até o Rio

Paraopeba, destruindo uma ponte do ramal ferroviário da mina e se espalhando por partes da comunidade local Vila Ferteco, perto da cidade de Brumadinho;

o chorume foi então levado adiante pelo Rio Paraopeba; 186 pessoas foram mortas e

122 ainda estão desaparecidas.

2° LUGAR • MINA CIENEGUITA, URIQUE, CHIHUAHUA, MEXICO

4 de junho de 2018

Tipo de minério: ouro e prataTipo de acidente: falha da barragem de rejeitos Quantidade de rejeito: 249.000m3 de rejeitos

e 190.000m3 de material de aterro

Impactos: A falha na barragem resultou na liberação de rejeitos que viajaram 29 km; a maior parte dos rejeitos

foi depositada ao longo do curso do rio Cañitas. A Procuradoria Federal de Proteção Ambiental (PROFEPA) diz que os rejeitos não contêm

cianeto ou qualquer metal pesado. Três trabalhadores foram mortos, dois feridos

e quatro estão desaparecidos.

CONFIRA A LISTA DOS 5 MAIORES ACIDENTES

ENVOLVENDO BARRAGENS DE CONTENÇÃO, SEGUNDO O WISE URANIUM PROJECT:

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4° LUGAR • HUANCAPATÍ, PROVÍNCIA RECUAY, REGIÃO ÁNCASH, PERU

03 de março de 2018

Tipo de minério: desconhecidoTipo de acidente: colapso do aterro da barragem

de rejeitos nº 2 apos chuva pesadaQuantidade de rejeito: 80.000 m3

Impactos: o incidente contaminou a lavoura das redondezas, o riacho Sipchoc e o rio Santa.

5° LUGAR • BARCARENA, PARÁ, BRASIL17 de fevereiro de 2018

Tipo de minério: bauxitaTipo de acidente: transbordamento da bacia

de lama vermelha apos chuva forte [a empresa, no entanto, sustenta que nenhum rompimento ocorreu]

Quantidade de rejeitos: desconhecido

Impactos: Líquidos altamente alcalinos e carregados de metal inundaram as áreas residenciais circundantes,

inutilizando o abastecimento de água potável.Em 12 de março de 2018, o ativista ambiental

local Paulo Nascimento foi morto a tiros na frente de sua casa.

3° LUGAR • CADIA, NEW SOUTH WALES, AUSTRALIA

9 de março de 2018

Tipo de minério: ouro e cobreTipo de acidente: falha na barragem de rejeitos, um dia apos dois terremotos de magnitude 2,7 serem registrados na área

Quantidade de rejeito: desconhecido

Impactos: A falha no aterro resulta no "avanço limitado" do material de rejeito da barragem

do norte para o sul. O avanço foi contido dentro da barragem de rejeitos do sul.

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CIDADES RESILIENTESA necessidade de repensar modais de atividade e gestão nos agrupamentos humanos, em busca de uma sociedade integrada e sustentável

POR REDAÇÃO

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Passados mais de dois meses do rom-pimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, a consternação nacional e internacional ainda é grande. Por isso, segurança, sustentabilidade e projetos de redução de riscos – sociais e ambientais – ascenderam entre os temas em discussão no Brasil, diante da mesma problemática: desenvolver cidades resilientes. Preo-cupações que já deveriam fazer parte do desenho urbano e das estratégias para o alcance do desenvolvimento sustentável, mas ainda lutam por espaço.

O Conselho Federal de Administra-ção (CFA) se põe à frente nessa questão. No intuito de reunir forças e apresentar modelos sustentáveis de gestão para os municípios brasileiros, a autarquia tem abordado com frequência cases mun-diais de sucesso, muito antes da tragédia em Brumadinho. No fim do ano passado, por exemplo, o francês Sébastien Maire, especialista em gestão de autoridades e responsável pelo projeto de resiliência da cidade de Paris, esteve no CFA e contou sobre a sua expertise para construir e im-plementar estratégias na França até 2030.

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Segundo Maire, a resiliência não deve ser tratada apenas no âmbito da administração, prefeitura ou do servi-ço público, mas também no contexto dos territórios, habitantes e fluxos que fazem a cidade funcionar. Em outras palavras, o conceito, nesse caso, é o de capacidade de restauração e recupe-ração do equilíbrio. Um planejamento urbano responsável e sustentável pre-cisa considerar a prevenção e a capa-cidade regenerativa das cidades, face aos riscos que poderão ocorrer e pre-cisam ser evitados com uma gestão urbanística competente. “É preciso ter territórios adaptados e adaptáveis. Eu diria que também é preciso ter ci-dades colaborativas e sustentáveis, com mobilidade e planejamentos ur-banos”, relatou.

Além de contar sobre a sua experi-ência profissional na capital francesa, o especialista comentou a mudança positiva que a cidade europeia de Roterdã, na Holanda, teve depois que recebeu o projeto “Cidades Resilien-tes”. “Mesmo sendo um lugar de nível social baixo, os olhares da gestão pú-blica ficaram nesse projeto. Foi uma revolução por lá. Tudo foi compar-ticipado pelo povo, pois é preciso a participação de todos para desenhar os anseios e vontades daqueles que ali vivem”, acrescentou.

A participação e o envolvimento efetivo de governos, iniciativas pri-vadas, sociedade civil e cidadãos são essenciais para formar cidades mais resilientes. Fabrine Schwanz, conselheira do Conselho Regional de Administração do Espírito Santo (CRA-ES), trabalha com a promoção do desenvolvimento econômico-ter-ritorial sustentável em várias regiões do Brasil, e defende a ideia. "Colocar em prática ações, com base na parti-cipação de grupos de cidadãos e da sociedade civil, e assegurar que todos

medida crucial é o desenvolvimento de estratégias para reduzir impactos ambientais ocasionados pelo descar-te de resíduos, utilização excessiva dos recursos naturais e emissão de gases poluentes.

Também torna-se fundamental o estímulo ao empreendedorismo como ferramenta para o desenvolvimento econômico. O caminho, de acordo com Fabrine, é considerar as opor-tunidades locais na disseminação de atividades que vão do turismo à agricultura familiar, pesca, comércio,

compreendam o seu papel na redução de risco de desastres é um importante passo”, afirma.

Schwanz explica que tornar as cidades sustentáveis e os assenta-mentos humanos inclusivos, segu-ros e resilientes permeia uma série de desafios, como a disponibilização de educação, saúde e mobilidade ur-bana para a população. Nesse contex-to, é indispensável que se estimule: utilização de transportes coletivos e ciclovias; gestão dos gastos públicos; e geração de emprego e renda. Outra

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serviços e indústria, desenvolvendo e estimulando a inovação em prol da sustentabilidade.

Ações em prol do Desenvolvimento SustentávelDe acordo com a Organização das Na-ções Unidas (ONU), são estimadas 41 megalópoles com mais de 10 milhões

de habitantes em 2030. Assim, trans-formar a gestão dos espaços urbanos é essencial para que o desenvolvi-mento sustentável seja alcançado.

De acordo com Fabrine, há práticas possíveis de serem realizadas, a fim de sanar os efeitos negativos desse boom demográfico existente. Ela cita como exemplo a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, lança-da em 2015 pela ONU, com objetivos e metas para que os países adotem, entre suas prioridades, escolhas ne-cessárias para melhorar a vida das

Um planejamento urbano responsável e sustentável precisa considerar a prevenção e a capacidade regenerativa das cidades.Sébastien Maire, Responsável pelo projeto de resiliência da cidade de Paris

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cidades e, consequentemente, das pessoas, agora e no futuro. São tarefas a serem cumpridas pelos governos, a sociedade civil, o setor privado e to-dos cidadãos na jornada coletiva para um 2030 sustentável.

Em um dos objetivos, a ONU lan-çou um olhar sobre questões como as que ocorreram recentemente em Brumadinho, pois trata especifica-mente sobre cidades e assentamentos inclusivos, seguros, resilientes e sus-tentáveis. Segundo a conselheira do CRA-ES, esse objetivo analisa a imple-mentação de estratégias de redução de riscos de desastres, o número de pessoas mortas, desaparecidas e dire-tamente afetadas por catástrofes, e as perdas econômicas diretas em relação ao PIB ocasionadas pelos eventos.

Ainda para a especialista, instituir e manter atualizado o Plano Diretor Urbano (PDU) também é uma ação importante e possível de ser realizada atualmente. O PDU possui um con-junto de propostas para o desenvol-vimento socioeconômico e espacial do solo urbano, das redes de infraes-trutura e de elementos fundamentais da estrutura urbana, principalmente na liberação do funcionamento de atividades empresariais que define propostas de curto, médio e longo pra-zos, considerando a realidade social, econômica, política e administrativa do município e sua região.

Com o Plano Diretor Urbano, é possível visualizar os impactos de uma ocupação desordenada do so-lo, como a formação de comunidade em encostas com riscos de desaba-mento nas grandes cidades; não só regulamentando esta ocupação, mas também fiscalizando-a, por exemplo.

CONHEÇA A AGENDA 2030 DA ONU PARA CIDADES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS ATÉ 2030:

n Garantir o acesso de todos à ha-bitação segura, adequada e a preço acessível, e aos serviços básicos e urbanizar as favelas.

n Proporcionar o acesso de todos a sistemas de transporte seguros, acessíveis, sustentáveis e preço acessível, melhorando a segurança rodoviária por meio da expansão dos transportes públicos, com es-pecial atenção para as necessida-des de indivíduos em situação de vulnerabilidade, mulheres, crianças, pessoas com deficiência e idosos.

n Aumentar a urbanização inclu-siva e sustentável, e a capacidade para o planejamento e a gestão par-ticipativa, integrada e sustentável dos assentamentos humanos, em todos os países.

n Fortalecer esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural do mundo.

n Reduzir significativamente o nú-mero de mortes e de pessoas afeta-das por catástrofes, e diminuir subs-tancialmente as perdas econômicas diretas causadas por elas em relação ao produto interno bruto global, in-cluindo os desastres relacionados à água, com o foco em proteger os

pobres e as pessoas em situação de vulnerabilidade.

n Reduzir o impacto ambiental ne-gativo per capita das cidades, inclu-sive prestando especial atenção à qualidade do ar, gestão de resíduos municipais e outros.

n Proporcionar o acesso univer-sal a espaços públicos seguros, inclusivos, acessíveis e verdes, em particular para as mulheres e crian-ças, pessoas idosas e pessoas com deficiência.

n Apoiar relações econômicas, so-ciais e ambientais positivas entre áreas urbanas, periurbanas e rurais, reforçando o planejamento nacional e regional de desenvolvimento.

n Até 2020, aumentar substan-cialmente o número de cidades e assentamentos humanos, adotan-do e implementando políticas e planos integrados para a inclusão, a eficiência dos recursos, mitigação e adaptação à mudança do clima, a resiliência a desastres; desenvol-ver e implementar, de acordo com o Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres 2015-2030, o gerenciamento holístico do risco de desastres em todos os níveis.

n Apoiar os países menos desen-volvidos, inclusive por meio de as-sistência técnica e financeira, para construções sustentáveis e robus-tas, utilizando materiais locais.

Arquitetura sustentável projetada por Stefano Boeri, em Milão

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O PROFISSIONAL DE ADMINISTRAÇÃO COLABORANDO COM A GESTÃO DO SANEAMENTO

MUNICIPAL SOB DIVERSOS ASPECTOS.

Acesse: GESAE.ORG.BR

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BLOCKBUSTERS NA ERA DO STREAMING

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Em algum momento você deve ter ouvido falar nos famosos blockbusters. São produções cine-matográficas de grande impacto, ou seja, filmes com temas populares, produzidos para atrair o público e lucrar milhões de dólares ao ano. Títulos com or-çamentos gigantes e, em alguns casos, produções simples, cujo maior objetivo é gerar lucro.

O termo surgiu na década de 40 para nomear uma bomba utilizada pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. O artefato tinha o poten-cial de destruir quarteirões inteiros, por isso o nome blockbuster. Os produtores de cinema começaram a utilizar esse termo para se referir a filmes que eram sucesso de bilheteria.

Segundo Thamires Viana, crítica de cinema do site CineClick, esse tipo de filme tem características em que há a presença de “um ator muito famoso como protagonista, duram em média 100 minutos e possuem alto orçamento, que é suprido com o sucesso da bilheteria. As temáticas são populares e costumam atrair o público”.

O conceito ficou mais forte com o sucesso de “Tubarão”, de Steven Spielberg, em 1975. O longa trazia grandes atores e orçamentos milionários. “Tubarão foi um marco para a história do cinema no ano de lançamento. Foi o primeiro filme a ultrapas-sar a quantia de US$ 100 milhões nas bilheterias. A produção custou cerca de US$ 9 milhões e arre-cadou mais de US$ 450 milhões mundialmente”, afirma Thamires.

Tubarão foi estrategicamente pensado para que alcançasse o maior percentual de faixa etá-ria e culturas, trazendo assim milhões de pessoas para o cinema e atingindo sucesso de vendas nas bilheterias. Os produtores planejaram cada detalhe, desde a data de lançamento até a divulgação. Via-na afirma, ainda, que “o tema foi o grande atrativo para o público, já que foi o primeiro filme a trazer um tubarão mecânico e realista para as tecnologias da época”. A partir daí, a indústria passou a pensar mais nos blockbusters.

Já pensou como será a indústria cinematográfica daqui a alguns anos? A tecnologia chegou e a inovação veio para promovernovas mudanças do setorPOR REDAÇÃO

BLOCKBUSTERS NA ERA DO STREAMING

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Anos mais tarde, foi criada a ino-vadora empresa Blockbuster Inc. O empreendimento revolucionou a in-dústria audiovisual na década de 90. Funcionava como uma loja locadora de filmes, lançamentos e produtos au-diovisuais. Foi um sucesso. A empresa tinha um inteligente sistema de fran-quias e, em poucos anos, já contava com 4.500 lojas funcionando em todo o mundo.

A empresa foi considerada uma das marcas mais famosas dos Estados Unidos. O tempo foi passando e come-çaram a surgir outros canais de distri-buição de filmes. A organização ten-tou se reinventar, mas os resultados foram cada vez menores. Lojas foram fechando e a situação piorava. Depois que a Netflix chegou com um sistema inovador de catálogo e entrega de fil-mes online, em 2010 a Blockbuster Inc. ruiu de vez e decretou falência.

Revolução da NetflixSe alguém tinha dúvidas de que a Netflix viria para revolucionar, hoje não tem mais. A empresa tem um dos serviços de streaming (distribuição digital) mais populares do mundo. A crítica de cinema do CineClick de-clara que os serviços da plataforma online “com certeza fizeram uma di-ferença gritante para as produções cinematográficas”. Ainda segundo ela, atualmente “o público frequen-ta o cinema apenas para conferir fil-

mes que queiram muito assistir. No entanto, a maioria aguarda a

chegada aos serviços de streaming”.

Houve muita especulação.

O cinema precisa se reinventar e isso já vem

acontecendo com novas linguagens e

tecnologias.Márcio Moraes, professor de

cinema e mídias digitais

Muitos acreditavam que, aos poucos, os jovens deixariam de ir ao cinema para assistirem os filmes em casa. As plataformas digitais estremeceram o mercado cinematográfico. De acordo com Thamires Viana, os produtores já usam boas estratégias para atrair ao público: “Alguns filmes conceituados já têm se limitado a estrearem em pla-taformas digitais, mas vão para as sa-las de cinema com sessões especiais a fim de atrair o público certo”.

Na visão de Sabrina Tosi, recém--formada em cinema, as pessoas estão preferindo a Netflix por conta da faci-lidade de acesso e pelo custo benefí-cio. “Infelizmente, ir ao cinema hoje em dia se tornou algo caro”, afirma.

Assim como as outras mídias, o cinema também teve que evoluir. As novas estratégias têm tudo para pro-gredir com o passar do tempo, porém ainda não geram valores exorbitan-tes de bilheterias. “No entanto, filmes blockbusters sempre terão público nas salas de cinema e permanecerão dessa forma devido à atratividade e expectativa que gera na massa”, diz Thamires Viana.

Outros dados importantes a serem abordados são os do Oscar 2019. A Ne-tflix – que conta com a marca de 167 mi-lhões de assinantes em todo o mundo – teve 15 indicações de produções ori-ginais. Ainda para este ano, a empresa diz ter pretensões ousadas. Os orça-mentos dos filmes previstos chegam a ser de 200 milhões de dólares, sendo produções dignas de Hollywood.

A plataforma está rompendo os padrões de lançamentos clássicos da indústria e criando outros formatos inovadores que acompanham a tec-nologia. Os filmes originais não vão para o cinema e mesmo assim lucram milhões. Veio ou não veio para que-brar paradigmas?

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BLOCKBUSTERS 2019

Este é um ótimo ano para o cinema blockbuster. Produções multimilionárias prometem alavancar arrecadações absurdas de bilheteria. Confira o top 5 de lançamentos que chegarão em 2019:

Potencial de quedaCom a chegada dos serviços de streaming, o setor cinematográ-fico começou a sentir os sinais de perigo. As vendas nas bilhe-terias estão caindo a cada ano e os altos custos das franquias e superproduções não estão mais dentro dos orçamentos. Cada vez mais, o cinema americano fica a mercê do mercado externo.

Segundo o professor de ci-nema e mídias digitais Márcio Moraes, “esses novos serviços de distribuição estão fazendo o cinema ser revisto e as suas bilheterias estão diminuindo. Muito mais que uma ameaça, é uma mudança de audiência”, afirma. “O cinema precisa se reinventar e isso já vem aconte-cendo com novas linguagens e tecnologias”, completa Moraes.

Um dos acontecimentos que marcou as grandes empresas ci-nematográficas foi o fracasso do longa-metragem “Transformers 5 - O Último Cavaleiro”, que te-ve a menor renda da história. Mesmo que a produção tenha gerado expectativas, jorraram análises negativas. Segundo Thamires Viana, “um dos erros cometidos pelas grandes fran-quias é não se reinventar. O longa chegou aos cinemas sem um roteiro atrativo e trazendo mais do mesmo para o público, além de cometer erros de sequ-ência gigantescos”. Para tentar recuperar o prejuízo, os atores e produtores montaram uma tur-nê mundial.

Ficou claro que a nova ge-ração de dispositivos móveis e plataformas com catálogos de filmes chegaram chacoalhan-do o mercado do cinema. Quem quiser continuar no jogo (ou nas telas) precisa encontrar uma

1 VINGADORES: ULTIMATOLançamento: 26 de abrilDireção: Anthony Russo, Joe Russo

3 VELOZES E FURIOSOS: HOBBS E SHAWLançamento: 1o de agostoDireção: David Leitch

2 CAPITÃ MARVELLançamento: 7 de marçoDireção: Anna Boden, Ryan Fleck

4 TOY STORY 4Lançamento: 20 de junhoDireção: Josh Cooley

5 O REI LEÃOLançamento: 18 de julhoDireção: Jon Favreau

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LNa correria do dia a dia, está cada vez mais difícil encontrar tempo para preparar refeições di-árias de maneira mais saudável. A boa notícia é que novas oportunidades de negócios têm surgido para ajudar as pessoas a se alimentarem de forma mais balanceada e nutritiva – resultado do crescimento do consumo de alimentos e bebidas saudáveis em todo o mundo, nos últimos anos.

No Brasil, muitos mudaram os seus padrões de consumo de alimentos para aderir a um estilo de vida mais saudável. De acordo com uma publicação do Sebrae Nacional, em janeiro deste ano, consumir alimentos mais ricos em nutrientes é muito impor-tante para 28% dos brasileiros. Além disso, 22% da população opta por comprar alimentos naturais e sem conservantes. Isto significa uma movimenta-ção no setor de US$ 35 bilhões por ano, tornando o país o 5º maior mercado do mundo no segmento de alimentação saudável.

Com a prática de substituir alimentos conven-cionais por versões mais nutritivas, é natural que o mercado responda com o surgimento de mais lojas e restaurantes de alimentação saudável para atender a demanda. É o que apostam administrado-res que abriram empresas de produtos e refeições nessa linha.

Atenta ao segmento, a administradora capixaba Cristiane Christo, de 37 anos, sempre se interessou pela alimentação saudável e apostou em uma casa especializada em saladas como negócio, há 4 meses.

“Eu e meu marido percebemos uma mudança no comportamento no que diz respeito à alimenta-ção. As pessoas estão cada vez mais preocupadas em se cuidar e se alimentar de forma consciente e com comida de verdade. E a Saladeria Leve Sabor surgiu dessa ideia, que é fornecer uma alimentação balanceada para gerar energia e disposição para os nossos clientes”, explica a administradora.

Além da variedade das saladas, as comidas ser-vidas na empresa de Cristiane são feitas sem óleo, os bolos sem açúcar e glúten, os sucos são naturais e as pizzas – novidades da casa – são feitas com massa de aipim.

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saúde 52REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃOANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

“Uma dica é estar sempre por den-tro de novas tendências, fazer parce-rias estratégicas e, principalmente, gostar de se alimentar bem. Sem acreditar no seu produto, é muito di-fícil vendê-lo e agregar valor ao seu cliente, que se torna seu parceiro mais importante”, aconselha a empreende-dora. E completa: “Em qualquer tipo de empreendimento, fazer um plano de negócios e analisar se há demanda para a sua região é essencial".

A descoberta de novos mercadosDesde 2007, o administrador brasi-liense Rodrigo Bindes trabalha na área da alimentação. Começou com uma loja especializada em saladas e sanduíches considerados mais sau-dáveis, a Subway, logo quando a rede norte-americana chegou ao Brasil. Mas não parou por aí.

A vontade de buscar novas opções de experiências gastronômicas de qualidade fez com o que o adminis-trador brasiliense, hoje com 36 anos, idealizasse uma empresa que ajudas-se muitas pessoas a comerem de uma forma mais saudável em suas rotinas. Assim, nasceu a Nutrifresh, em Brasí-lia. Hoje, o empreendimento possui cinco lojas na região, além da indús-tria, e está em fase de preparação para expansão da marca nacionalmente.

As lojas Nutrifresh funcionam for-necendo marmitas com refeições sau-dáveis, elaboradas por nutricionistas e chefs de cozinha da cidade. Segundo Bindes, as receitas são feitas sem con-servantes ou corantes, com baixo teor de sódio e gordura. Também existe a preocupação com as embalagens, que passam por um processo de con-gelamento, mantendo a qualidade

e as propriedades nutricionais dos alimentos. Além das lojas físicas, a empresa possui um site, para que o cliente escolha suas preferências e faça o seu pedido com comodidade.

"Percebi que o mercado de alimen-tação mais saudável estava começan-do a ter sinais de crescimento, quando tive a oportunidade de comprar uma loja de um franqueado da Subway. Da mesma forma, vi que o fastfood

QUER EMPREENDER NO SEGMENTO? APOSTE NESTAS DICAS!

n Planejar estrategicamente, com clareza e de forma bem elaborada.

n Sonhar grande, mas começar pequeno para alcançar seu objetivo no negócio.

n Deter o controle financeiro.

n Fazer gestão de pessoas.

n Gerir e monitorar constantemente os processos.

n Entender e ouvir os clientes para sempre buscar inovações e melhorias.

n Permanecer atento e atualizado sobre o mercado.

n Conhecer e entender a concorrência, para tornar seu negócio mais competitivo.

n Buscar por capacitações frequentemente.

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ANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

tinha muito espaço para expansão. Na época, ainda existiam poucas redes de alimentação realmente bem estabele-cidas”, recorda Bindes.

Com a experiência na área de ali-mentação e franquias, o administra-dor é diretor do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e similares de Brasília (Sindhobar), conselheiro da Associação Brasileira de Bares e Res-taurantes (Ab-rasel) e mentor de pes-

soas que queiram abrir negócios co-mo o dele. Suas sugestões vão desde estudos para análise de concorrência e diferencial no mercado, ao benchma-rketing com outros administradores que já estão empreendendo na área.

"Alimentação saudável é um nicho muito amplo. Há comida vegana, ve-getariana, nutrição, suplementos, ra-wfood (alimentação crua), orgânicos e outras dietas específicas. Isto significa

que há muito a crescer e oportunida-des para novos negócios”, expõe Bin-des, entusiasmando os interessados.

Segmento promissor e crescenteAssim como o relatou Rodrigo Bindes, o conselheiro do Conselho Regional de Administração do Espírito Santo (CRA-ES), Robson Brandão Neves, considera o segmento da alimenta-ção saudável promissor e crescente em restaurantes, cafeterias, lancho-netes, delivery, marmitas, foodtrucks, entre outros.

"Os empreendedores que optarem por ou sinalizarem entrar no mercado da alimentação saudável vão encon-trar um público crescente, mas tam-bém exigente, que conhece a qualida-de dos alimentos, tem conhecimento da sua importância nutricional e quer se sentir confiável em suas escolhas”, analisa Robson.

O que é importante ter em men-te para ter um negócio com grandes chances de sucesso, de acordo com Neves, é a busca frequente por capa-citações, desde estudos sobre gestão até normas e legislações vigentes.

De acordo com Robson Brandão, a burocracia para abrir uma empresa ainda é grande no Brasil, em compa-ração a outros países. Mas já existem algumas iniciativas positivas, como o Micro Empreendedor Individual (MEI) e as linhas de créditos que alguns ban-cos oferecem, com juros menores, para ajudar e estimular os pequenos negó-cios. “Empreender no Brasil não é fácil. Entretanto, algumas iniciativas estão surgindo para tornar esta opção de fon-te de renda mais leve”, pondera Neves.

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REDAÇÃO RBA

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WALL STREET (20th Century Fox, 1987)

O filme, contextualizado no ambiente de negócios da década de 1980, é uma demonstração bastante completa dos conceitos de Governança Corporativa. Prato cheio para treinamentos e aulas que envolvam teoria da agência, relacionamento entre agente e principal, funcionamento de conse-lhos, fusões e aquisições, mercado de ações, dentre tantos outros. Um enredo vibrante, em especial para os profissionais de Administração, com atuações fantásticas de Mi-chael Douglas e Charlie Sheen.

Nesta edição da RBA, o presidente da Associação

Nacional dos Cursos de Graduação em

Administração (Angrad), professor Taiguara de

Freitas Langrafe, sugere sucessos do cinema, da

TV e da literatura. Os títulos abordam temas

que vão desde o mercado financeiro e governança, passando por liderança, até disputas políticas e

corrupção. Três dicas para enriquecer ainda mais a

sua carreira.Langrafe é doutor em

Administração pela Faculdade de Economia,

Administração e Contabilidade da

Universidade de São Paulo (FEA-USP). Além do posto na Angrad, Taiguara ainda

ocupado os cargos de vice-reitor, superintendente

adjunto e pró-reitor de Administração da Fundação Escola de

Comércio Álvares Penteado (FECAP),

entidade na qual também é membro do Núcleo

Docente Estruturante.

dicas

EMPRESAS FEITAS PARA

VENCER(Jim Collins, 2011)

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O livro já se tornou um clássico na literatura da Administração. Destaca fatores que levaram empresas de determinado setor a apresentarem resultados muito acima das demais, inspirando diversas melhorias em organiza-ções pelo mundo. Um dos con-ceitos mais interessantes do livro é o da Liderança de Nível 5. Além de reunir diversas competências típicas do exercício da liderança, as “Empresas Feitas para Vencer" tinham líderes (classificados no livro como "Nível 5") que eram humildes e trabalhavam pelo desempenho da organização, sem interesse em holofotes – o que pode soar como um contrassenso em tempos de muito marketing pessoal e autopromoção. Vale a pena a leitura.

REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃOANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

HOUSE OF CARDS(Netflix, 2013 a 2018)

A trama se desenvolve em torno do congres-sista americano Francis Underwood (Kevin Spacey) e sua esposa Claire Underwood (Robin Wright), em uma escalada até o cargo mais importante dos Estados Unidos: a Presidência da República. A série apresenta os bastidores da política estadunidense, com negociações, barganhas, corrupção e outros elementos do ambiente, com personagens que fazem de tudo para permanecer ou orbitar no poder. Leva a diversas reflexões sobre os proces-sos políticos, seus atores e o quão tênue pode ser a distância entre a ficção e a realidade na trama apresentada – em especial, para nós brasileiros, em tempos de Lava Jato.

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CFA 56

CFA À MÃO

Novo projeto do Conselho cria gruposno WhatsApp para enviar notícias e conteúdos de forma instantâneaPOR REDAÇÃO

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A Câmara de Desenvolvimento Institucional (CDI) do Conselho Federal de Administração (CFA) lançou o projeto “Administração na sua mão”: gru-pos de WhatsApp para partilhar informação com o público. Quem participa fica por dentro do todo o conteúdo produzido pelos canais de comunicação do órgão, transmissões ao vivo da Rádio ADM e do CFAPlay, além de notícias em primeira mão.

Para fazer parte de um desses grupos é simples: o profissional ou estudante interessado deve adicionar o número do CFA (61 99926-0731) em sua agenda de contatos e, em seguida, enviar a mensagem “Admi-nistração na sua mão” por meio do aplicativo. Em seguida, ele será incluído no grupo. A ferramenta é exclusiva para alertar ao usuário sobre as últimas notícias da área.

A novidade surge em consonância com o lema da nova direção do CFA, capitaneada pelo presidente

Mauro Kreuz: “Gestão compartilhada”. A máxima deste biênio na autarquia ultrapassa o corpo de

conselheiros, englobando também os mais de 400 mil profissionais registrados, além

dos estudantes que se preparam para atuar na área.

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CFA 58REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃOANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

#AQUITEMSEBRAE

54,5% DOS EMPREGOS FORMAIS NO BRASIL. AQUI TEM PEQUENO NEGÓCIO.Se você é empreendedor, pode contar por aí que é responsável por 54,5% dos empregos formais do nosso país. Pode contar que representa 98,5% das empresas nacionais e que já ofereceu a mais de 750 mil jovens a oportunidade do primeiro emprego. Pode contar com o Sebrae para deixar o seu dia a dia mais simples, ampliar o seu negócio, gerar novos empregos e oferecer qualificação e apoio especializado.

VINÍCIUS AGUIARBossaCliente Sebrae

ATENÇÃO!

O projeto contempla apenas a propagação de notícias do Conselho, portanto não é possível enviar mensagens.

Sugestões de pauta e outros relatos devem ser enviados para a Ouvidoria, pelo número 0800-647-4769 ou ouvidoria.cfa.org.br.

Idealizador do projeto, o diretor da CDI, Diego da Costa, afirma que a intenção é se fazer presente no dia a dia do público do Conselho. “Criamos os grupos porque é fundamental es-tar mais próximo do profissional e do estudante. O que o CFA desenvolve é voltado para eles e precisamos parti-lhar o nosso conteúdo de modo mais contundente”, explicou.

Com menos de dois meses de lan-çado, o projeto já conta com mais de 10 grupos de WhatsApp completos. A iniciativa é ilimitada, se adequando a

quantidade de pessoas interessadas e disponível a todos que tenham inte-resse no conteúdo divulgado.

Mais“Administração na sua mão” é mais uma plataforma para a divulgação da atuação do CFA. Além de publicações no portal oficial do órgão – cfa.org.br –, as notícias são distribuídas pelas pá-ginas da autarquia no Facebook, Twit-ter, Instagram e também no CFAPlay.

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REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃOANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

Ter uma certificação profissional é um diferencial em qualquer carreira. Quando emitida pelo próprio con-selho de classe, tem um peso ainda maior. Pensando nisso, o Conselho Fe-deral de Administração (CFA) criou, há cinco anos, seu próprio programa para certificar os profissionais regis-trados na autarquia. Desde o segundo semestre do ano passado, a iniciativa que contemplava cinco áreas passou a agregar outras três: Organização, Métodos, Informações e Sistemas (OMIS); Gestão da Saúde; e Gestão Pública.

A inclusão de novos seguimentos na Certificação atende a demanda do mercado e a evolução da Administra-ção. De acordo com o vice-diretor da Câmara de Formação Profissional, Mauro Leônidas, “essas são áreas fundamentais e emergentes na pro-

fissão. O selo do Sistema CFA/CRAs vai possibilitar que o mercado tenha segurança quando estiver em busca de um profissional”.

Com tempo de validade estabele-cido, o programa ratifica a qualidade dos seus certificados a cada quatro anos, por meio de prova. Segundo Leônidas, a medida garante que o profissional detentor do selo se man-tenha atualizado. “Hoje, não basta só o diploma – que pode ser de 20 ou 30 anos atrás. Esse selo é, na verdade, um atestado de atualização”, confirma.

SobreO Programa de Certificação Profis-sional do Sistema CFA/CRAs foi concebido em 2014. Inicialmente, atendia apenas a área de Recursos

Humanos e a certificação era emiti-da por comprovação de experiência do requerente. Com o tempo, também passou a atender: Administração de Materiais – Logística; Administração Financeira; Administração Mercado-lógica – Marketing – Administração de Vendas e da Produção; além das novas já citadas nesta matéria.

Atualmente, para obter a certifica-ção é necessário se submeter a uma prova, desenvolvida e aplicada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que é parceira no projeto.

O profissional interessado no selo deve ser registrado em um dos 27 Con-selhos Regionais de Administração (CRAs) e estar em dia com suas obri-gações junto à entidade. As inscrições ficam abertas ao longo de todo o ano e podem ser feitas pelo site: certifica-cao.cfa.org.br

Programa do Sistema CFA/CRAs jáabrange oito áreas da AdministraçãoPOR REDAÇÃO

CERTIFICAÇÃO

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CFA 60

Programa do CFA em parceria com a SMPE-PR já tem alista de CRAs participantes para a edição de 2019POR REDAÇÃO

O programa de Capacitação em MPEs do Conselho Federal de Administração (CFA) já tem os Regionais participantes para este ano. Os CRAs contemplados foram os do Amazonas, Acre, Amapá, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. A escolha se deu por meio de sorteio público, realizado na Assembleia de Presidentes Conjunta do Sistema CFA/CRAs, no último dia 14 de fevereiro.

Agora, os profissionais registrados nesses estados podem pleitear o curso, que é gratuito. No entanto, é preciso ficar atento para a abertura do período de inscrições, já que as vagas são limitadas (55 por Regional) e decididas em sorteio público. Para

isso, basta acompanhar o site do CFA (cfa.org.br), ou se inscrever em um dos grupos de WhatsApp da autarquia para receber as últimas notícias (veja como na página 56).

A Capacitação é fruto do Acordo de Cooperação Técnica entre o CFA e a Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República (SMPE-PR). A iniciativa tem por objetivo preparar profissionais de Administração que desejem realizar consultoria às micro e pequenas empresas do país, o que fomenta práticas responsáveis de gestão nessas categorias empresariais.

O Programa contempla encontros presenciais e à distância. As aulas são ministradas pela equipe da Fundação

Instituto de Administração (FIA) da Universidade de São Paulo. Já no último módulo, os participantes passam a conhecer na prática as rotinas de uma MPE. Ao final da capacitação, eles precisam apresentar um trabalho.

Diante da competit ividade do mercado e da indispensável qualificação profissional, o Programa de Capacitação em MPEs é mais do que uma oportunidade para quem atua ou pretende atuar na área: é a chancela de qualidade conferida ao administrador conectado a este importante nicho de mercado; afinal, o programa está ancorado nos dois órgãos de maior autoridade no assunto.

CAPACITAÇÃO EM MPEs

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REAJUSTANDO A BÚSSOLACFA publica “Planejamento Estratégico do Sistema CFA/CRAs 2019–2022”. Documento norteia a caminhada da Administração no Brasil nos próximos quatro anosPOR REDAÇÃO

Traçar objetivos é premissa irre-futável em qualquer organização. Da mesma forma, definir rotas para che-gar lá é crucial quando se busca bons resultados. Nesse cenário, o planeja-mento estratégico se apresenta como instrumento da Administração capaz de amplificar eficiência e eficácia na empreitada. Por isso, o método é visto com extrema atenção pelo Sistema CFA/CRAs, que acaba de disponibi-lizar seu planejamento referente ao período de 2019 a 2022.

No caso das autarquias de Adminis-tração do país, o destino das suas ativi-dades é o profissional da área. Portanto, tudo que se planejou para os próximos quatro anos tem como foco o desenvol-vimento da profissão e sua execução responsável, com primazia pela ética e pelo profissionalismo. Mas, claro, pla-nejar não significa inflexibilizar.

O presidente do Conselho Fede-ral de Administração (CFA), Mauro Kreuz, defende que a medida precisa

ter sentido balizador, sem engessar as tomadas de decisões. “O Planeja-mento Estratégico é um grande guia orientador, do qual devem emanar os efetivos projetos do Sistema. No entanto, não pode ser percebido co-mo uma camisa de força. É, na ver-dade, um norteador das ações que serão desenvolvidas. Para isso, ele tem um mapa estratégico que está segmentado em perspectivas, obje-tivos e estratégias”, explica o líder da autarquia.

A tarefa de arquitetar a caminhada do próximo quadriênio foi realizada ao longo do “Seminário de Reflexões Estratégicas: Para Onde Vai a Admi-nistração e Para Onde Devemos Ir”, realizado no último semestre de 2018, em Brasília. Presidentes, conselhei-ros e colaboradores, instigados pelo método Oceano Azul, interagiram ao longo de dois dias para dar forma ao Planejamento Estratégico, agora em vigor no Sistema CFA/CRAs.

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CONFIRA ALGUNS DOS OBJETIVOS LISTADOS PELO DOCUMENTO:

n Divulgar as funções, prerroga-tivas e a importância dos profis-sionais de Administração junto às organizações e à sociedade.n Interagir com o sistema educacio-nal para fomentar a qualidade for-mativa e a divulgação da profissão.n Disseminar e consolidar a Uni-versidade Coorporativa.n Estimular a inovação em tecno-logias de gestão nas organizações.n Defender, ampliar e consolidar o mercado de trabalho dos profis-sionais de Administração.n Posicionar o Sistema CFA/CRAs perante temas emergentes da so-ciedade e atuar como protagonista no desenvolvimento político, eco-nômico e social.*Acesse o portal do CFA e confira o Planejamento Estratégico do Sistema CFA/CRAs na íntegra.

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BELMIRO: AMOR E ADMINISTRAÇÃO

A vida do Patrono da Administração se transforma na primeira obra literária editada pelo CFA e está disponível para downloadPOR REDAÇÃO

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63REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

ANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

Conhecer o passado – ou seja, a história – é fundamental para acertar o caminho a ser seguido no futuro. A máxima vale tanto para evitar erros, como para repetir ou melhorar o que foi sucesso. No caso do Conselho Federal de Administração (CFA), a biografia de Belmiro Siqueira, Patrono da profissão no país, serve como registro à vida da autarquia ao mesmo tempo em que inspira pessoas da área e tantas outras.

Ciente disso, o CFA lançou “Belmiro: amor e Ad-ministração”, em dezembro passado. A biografia do Patrono é a primeira obra literária da classe, com aspecto de romance e capaz de informar, entreter e emocionar os leitores sem excluir o registro his-tórico das primeiras três décadas da entidade. O livro é de autoria do jornalista e escritor Wellington Penalva e se baseia no relato de amigos, familiares e colegas que estiveram ao lado do conhecido ad-ministrador em seus 65 anos de vida.

Para produzir a obra, o autor e uma equipe do CFA entrevistaram mais de 30 pessoas, em dife-rentes lugares do país. Além disso, foi realizado um vasto trabalho de pesquisa documental, liderado pelo sociólogo brasiliense Vitor Camargo, coletan-do, inclusive, informações da formação da família de Belmiro no início do século passado.

A história começa com um prelúdio do últi-mo ano de vida de Siqueira, quando descobre a doença que viria ser a causa da sua morte. Em seguida, retorna no tempo, com a chegada da sua família materna ao Brasil rural da virada do século XIX para o XX, até se estabelecer na cidade de Ubá, em Minas Gerais. Infância e juventude são exploradas em um ambiente interiorano, con-textualizando o traço mais marcante do Patrono dos administradores brasileiros: a personalidade demasiadamente empática.

Seguindo a trajetória do homem que transitou pela gestão pública ao longo de toda a carreira pro-fissional – de Vargas a Sarney –, está o surgimento do próprio CFA. Belmiro foi um dos responsáveis pela regulamentação da profissão e o principal fomenta-dor da autarquia, ainda em seus primórdios. Na posi-ção de ministro do Departamento de Administração do Serviço Público (DASP), foi ele quem despachou o documento que sancionaria a Lei 4.769/1965 com

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CFA 64REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃOANO 28 Nº 128 JANEIRO/FEVEREIRO 2019

MAIS

A biografia de Belmiro Siqueira está disponível para download gratuito no site do CFA. Basta acessar cfa.org.br, ir na seção “Institucional”, opção “Publ icações” (c fa .org .br/servicos-publicacoes) e baixar o livro.

o presidente Artur da Costa e Silva, já em 1967.

O livro traz, ainda, passagens en-graçadas, emocionantes, intrigantes e até excêntricas de Belmiro Siqueira que, depois de sair de Ubá, estabele-ceu-se no Rio de Janeiro. Lá, residiu até o dia em que “ficou encantado”; nas palavras do amigo Wallace Souza, “Parafraseando Guimarães Rosa: Bel-miro não morreu, ficou encantado”.

Quem ler a biografia vai encon-trar um personagem bem-humo-rado, otimista, capaz de ajudar ao próximo, independentemente de quem seja ou como seja; apaixona-do pela vida, pelo conhecimento e pela partilha. Belmiro era uno, o que torna sua vida pessoal e profissional coisas quase indistintas em sua bio-grafia. Uma obra para se emocionar e se inspirar.

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endereços

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CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MINAS GERAIS (CRA-MG) Presidente: Adm. JEHU PINTO DE AGUILAR FILHO Avenida Olegário Maciel, 1233 – Lourdes30180-111 - Belo Horizonte/MGFone: (31) 3218-4500 – 3218-4535 - Fax: (31) 3273-5699E-mail: [email protected] • Site: www.cramg.org.brHorário de funcionamento: das 9 horas às 17 horas

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARÁ (CRA-PA) • INTERVENÇÃOPresidente: Adm. - Registro: - Aniversário: Rua Osvaldo Cruz, 307 - Campina - 66017-090 - Belém/PAFone: (91) 3202-7889 - Celular: (91) 98896-1257/ (91) 98896-1345 CRA - Fax: (91) 3202-7851Site: www.cra-pa.com.brHorário de funcionamento: das 8h30 às 17h30

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DA PARAIBA (CRA-PB) Presidente: Adm. GERALDO TADEU INDRUSIAK DA ROSA Av. Piauí, 791 - Bairro dos Estados - 58030-331 - João Pessoa/PBFone: (83) 3021-0296E-mail: [email protected] • Site: www.crapb.org.brHorário de funcionamento: das 12h às 18h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARANÁ (CRA-PR)Presidente: Adm. SÉRGIO PEREIRA LOBO Rua Cel. Dulcídio, 1565 - Água Verde - 80250-100 - Curitiba/PRFone: (41) 3311-5555 - Fax: (41) 3311-5566E-mail: [email protected] • Site: www.cra-pr.org.brHorário de funcionamento: das 9 horas às 18 horas

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (CRA-PE) Presidente: Adm. MAURI VIEIRA COSTA Rua José de Vasconcelos, 93 - Tamarineira52110-040 - Recife/PEFone: (81) 3268-4414/3441-4196 - Fax: (81) 3268-4414E-mail: [email protected] • Site: www.crape.org.brHorário de funcionamento: das 8 horas às 14 horas / Atend. Público 08 horas às 12 horas

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PIAUÍ (CRA-PI) Presidente: Adm. ROBERTHY DOS SANTOS BARBOSA Rua Áurea Freire, nº 1349 - Jóquei - 64049-160 - Teresina/PIFone: (86) 3233-1704 - Fax: (86) 3233-1704E-mail: [email protected] • Site: www.cra-pi.org.brHorário de funcionamento: das 12 horas às 19 horas

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO DE JANEIRO (CRA-RJ) Presidente: Adm. WALLACE DE SOUZA VIEIRA Rua Professor Gabizo, 197 - Edf. Belmiro Siqueira - Tijuca20271-064 - Rio de Janeiro/RJFone: (21) 3872-9550 - Fax: (21) 3872-9550E-mail: [email protected] • Site: www.cra-rj.org.brHorário de funcionamento: das 9 horas às 18 horas

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO NORTE (CRA-RN) Presidente: Adm. ZENÓBIO PEREIRA Rua Coronel Auriz Coelho, 471 - Lagoa Nova59075-050 - Natal/RNFone: (84) 3234-6672/9328 - Fax: (84) 3234-6672/9328E-mail: [email protected] • Site: www.crarn.com.brHorário de funcionamento: Interno: das 09h às 18h e ao Público: das 12 h às 17h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL (CRA-RS) Presidente: Adm. CLAUDIA DE SOUZA PEREIRA ABREU Rua Marcílio Dias, 1030 - Menino Deus90130-000 - Porto Alegre/RSFone: (51) 3014-4700/3014-4769 - Fax: (51) 3233-3006E-mail: [email protected] • Site: www.crars.org.brHorário de funcionamento: das 8h30min às 17h30min

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RONDÔNIA (CRA-RO) Presidente: Adm. MARCOS TADANORI ITO Rua Tenreiro Aranha, 2988 Olaria – 76801-254 - Porto Velho/ROFone: (69) 3221-5099/3224-1706 - Fax: (69) 3221-2314E-mail: [email protected] • Site: www.craro.org.brHorário de funcionamento: das 8h às 17h e ao Público às 14h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RORAIMA (CRA-RR) Presidente: Adm. SATURNINO MORAES FERREIRA Rua Prof. Agnelo Bitencourt, 1620 - São Francisco69305-170 - Boa Vista/RRFone: (95) 3624-1448 - Fax: (95) 3624-1448E-mail: [email protected] • Site: www.crarr.org.brHorário de funcionamento: das 8h às 14h – externo e das 14h às 18h interno

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SANTA CATARINA (CRA-SC)Presidente: Adm. PAULO SÉRGIO JORDANI Av. Pref. Osmar Cunha, 260 - 8º andar Sl.: 701 a 707/ 801 a 807 Ed. Royal Business Center88015-100 - Florianópolis/SCFone: (48) 3229-9400 - Fax: (48) 3224-0550E-mail: [email protected] • Site: www.crasc.org.brHorário de funcionamento: das 8 horas às 18 horas

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO (CRA-SP) Presidente: Adm. ROBERTO CARVALHO CARDOSO Rua Estados Unidos, 865/889 - Jardim América01427-001 - São Paulo/SPFone: (11) 3087-3208/ 3087-3473 - Fax: (11) 3087-3256E-mail: [email protected] • Site: www.crasp.com.brHorário de funcionamento: das 8h15 às 17h50min

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SERGIPE (CRA-SE) Presidente: Adm. SIDNEY VASCONCELOS ANDRADE Rua Senador Rollemberg, 513 - São José49015-120 - Aracaju/SEFone: (79) 3214-2229/3214-3983 - Fax: (79) 3214-3983E-mail: [email protected] • Site: www.crase.org.brHorário de funcionamento: das 8 horas às 17 horas

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE TOCANTINS (CRA-TO) Presidente: Adm. FRANCISCO ALMEIDA COSTA 602 Norte Av.: Teotônio Segurado Cj 01 Lt 0677006700 - Palmas/TOFone: (63) 3215-1240/3215-8414 - (63) 98402-0526E-mail: [email protected] • Site: www.crato.org.brHorário de funcionamento: das 8 horas às 18 horas

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