metodologias de desenvolvimento de novos produtos industriais_tese_doutoramento

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  • 7/25/2019 Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais_tese_doutoramento

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    Manuel Jos Lopes Nunes

    MMeettooddoollooggiiaassddeeDDeesseennvvoollvviimmeennttooddeeNNoovvooss

    PPrroodduuttoossIInndduussttrriiaaiiss

    Dissertao submetida Universidade do Minho para obteno do grau de Doutor no

    Ramo de Engenharia de Produo e Sistemas na rea de Engenharia Econmica.

    Departamento de Produo e Sistemas

    Escola de Engenharia da Universidade do Minho

    2004

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    Ao meu pai

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    AAggrraaddeecciimmeennttooss

    Ao Doutor Antnio Paisana pelo seu empenho, orientao e conselhos dados, no

    sentido de desenvolver um trabalho positivo.

    Doutora Ana Cristina Braga pelo seu apoio e orientao na elaborao deste

    trabalho.

    minha esposa pela sua motivao, compreenso e fora, com que sempre me

    acompanhou.

    minha filha pela sua vivacidade e fora impulsionadora.

    Aos meus pais, eterna gratido, pela sua dedicao e amparo, com que sempre me

    acolheram.

    Finalmente, a todos os que tornaram, directa e indirectamente, possvel a execuo

    deste trabalho.

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    RReessuummoo

    O produto o principal meio que a empresa pode utilizar na orientao dos seus recursos para

    as exigncias do mercado, no sentido de proporcionar valor aos clientes e alcanar, deste modo,os objectivos da organizao. No entanto, a estratgia de produto contem decises complexasque afectam e condicionam a organizao, quer interna quer externamente. O desenvolvimentode novos produtos, ou a alterao da carteira de produtos actual, exige o compromisso de todasas reas funcionais para configurar, de forma integrada e slida, a oferta proporcionada aomercado.

    Actualmente, um dos principais objectivos das empresas consiste em desenvolver e introduzirnovos produtos no mercado num perodo de tempo reduzido. Este objectivo originou oaparecimento de uma nova forma de gesto do processo de concepo e desenvolvimento denovos produtos o Desenvolvimento Acelerado de Novos Produtos. A possibilidade de criar esustentar uma vantagem competitiva, baseada na reduo do time-to-market dos novosprodutos, justifica que os gestores do processo de concepo e desenvolvimento procuremdefinir uma srie de tcnicas e metodologias que permitam essa reduo.

    A reviso bibliogrfica realizada permitiu desenvolver um questionrio com o objectivo decaracterizar o sector industrial e o meio envolvente das empresas, analisar a estratgia deinovao de produtos e as actividades de concepo e desenvolvimento de novos produtos daempresa no mercado e determinar o nvel de utilizao de algumas tcnicas e metodologias quepermitem reduzir o time-to-market dos novos produtos. Esta reduo permite melhorar aeficincia do processo de concepo e desenvolvimento de novos produtos.

    No estudo realizado identificam-se algumas tcnicas e metodologias que permitem reduzir otime-to-marketdos novos produtos. Com base numa amostra de 32 empresas do sector doscomponentes para a indstria automvel em Portugal, analisa-se a relao entre essas tcnicase metodologias e o time-to-market, e, entre essas tcnicas e metodologias e o xito de novoscomponentes no mercado.

    A anlise estatstica dos dados, realizada no mbito deste projecto de investigao, permitiuverificar que existe uma relao directa entre o xito dos novos produtos e a utilizao dealgumas tcnicas de fabrico/industrializao, tecnologias da informao e tcnicas de design. Aanlise efectuada indica tambm a existncia de factores determinantes do xito dos novosprodutos, como a reduo do time-to-markete o grau de participao no processo de concepoe desenvolvimento do departamento de marketing, do departamento de produo, dosengenheiros e designers, dos clientes e dos fornecedores.

    Os factores que emergem do mercado global actual determinam a existncia de produtos comum ciclo de vida cada vez mais reduzido. Isto implica a necessidade de procurar meios quepermitam a reduo do time-to-market dos novos produtos e o xito desses produtos nomercado. Nesta dissertao, aps a anlise fundamentada da problemtica da inovao deprodutos nos mercados industriais, procurou-se desenvolver um conjunto de tcnicas emetodologias que permitem reduzir o time-to-marketdos novos produtos. No entanto, importa

    salientar que o objectivo no optimizar o ciclo de desenvolvimento dos novos produtos nasempresas. O objectivo procurar determinar o time-to-market mais adequado, atravs dautilizao de um conjunto de tcnicas e metodologias que permitam melhorar a eficincia doprocesso de concepo e desenvolvimento de novos produtos nas empresas do sector doscomponentes para a indstria automvel em Portugal.

    Palavras-Chave: Estratgia de Novos Produtos; Desenvolvimento de Novos Produtos; Time-to-Market

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    AAbbssttrraacctt

    The product is the main instrument a company has to direct its resources in order to meet

    market needs, offer value to its customers and, in this way, attain the organizations goals.However, the product strategies involve complex decisions which affect the organization,internally and externally. New product development or changes in the current product portfoliodemand a commitment from all functional areas in an organisation in order to configure themarket supply in an integrated and solid way.

    Presently, one of the companies main goals consists of developing and introducing new productsin the market in shortest period of time. This led to the emergence of a new type ofmanagement in process conception and development of new products the Accelerated ProductDevelopment. The possibility of creating and maintaining a competitive advantage based on thereduction of time-to-market of the new product explains the fact that, increasingly, managerstry to define a series of techniques and methodologies which make this reduction possible in theconception and development of new product process.

    The bibliography research that was undertaken constituted the basis for building thequestionnaire that was used in this project, which aimed at (a) characterising the industrialsector and the environment where companies operate, (b) analysing the product innovationstrategy and the companies activities of conception and developing new products in the markets,(c) determining the rate of utilization of techniques and methodologies that reduce time-to-market of new products.

    In the present study, a number of techniques and methodologies which help reducing the newproducts time-to-market were identified. Based on a sample of 32 companies belonging to theindustry car components in Portugal, an analysis was made of the relationship between thesetechniques and methodologies and the time-to-market, and between former and the success ofnew components in the market.

    According to the statistic analysis made, there is a direct relationship between success of the

    new products and the use of some techniques of manufacture/industrialization, information anddesign technologies. The analysis made also indicates the existence of other determining factorsin the success of new products, such as the reduction of new product time-to-market and theparticipation level of marketing and production departments, engineers and designers, clientsand suppliers in process of conception and development of new products.

    One of the most important factors that characterize current market globalization is theincreasing reduction in product life cycles. This indicates the need to find means that promotereductions in new products time-to-market and its success in the market. In this dissertationthere is a comprehensive analysis of product innovation in industrial markets and a number oftechniques and methodologies that reduce new products time-to-market are presented.However, it is important to point out that the objective of this research was not the optimizationof the development cycle of new products. The objective was to determine a number oftechniques and methodologies susceptible of improving the process of conception and

    development of new products, with a view to reducing their time-to-market. The case studiedwas that of the industry of car components in Portugal.

    Key-words: New Product Strategy; New Product Development; Time-to-Market.

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    nnddiicceeGGeerraall

    AgradecimentosResumoAbstractndice geralndice de figurasndice de quadrosLista de siglas, abreviaturas e acrnimos

    INTRODUO ...................................................................................... 11. Enquadramento e objectivos ..................................................................... 32. Estrutura da dissertao .......................................................................... 7

    PARTE I REVISO BIBLIOGRFICA............................................ 9CAPTULO 1 O XITO DA INOVAO DE PRODUTOS NOS MERCADOSINDUSTRIAIS.......................................................................................... 11

    1.1. Conceito de novo produto industrial ..................................................... 111.2. Causas do fracasso das inovaes de produto nos mercados industriais ..... 15

    1.2.1. Modelos de classificao das variveis que afectam o resultado dosnovos produtos .............................................................................. 23

    1.3. Medidas do resultado de um novo produto industrial ............................... 33

    CAPTULO 2 FACTORES QUE CONDICIONAM O RESULTADO DAINOVAO DE PRODUTOS NOS MERCADOS INDUSTRIAIS........................ 42

    2.1. Factores estratgicos .......................................................................... 422.1.1. Vantagem do produto .................................................................... 422.1.2. Sinergia tecnolgica ...................................................................... 452.1.3. Sinergia de marketing ................................................................... 462.1.4. Estratgia .................................................................................... 472.1.5. Recursos da empresa .................................................................... 532.1.6. Nvel de risco assumido ................................................................. 53

    2.2. Factores do meio envolvente ............................................................... 542.2.1. Potencial do mercado .................................................................... 552.2.2. Competitividade no mercado .......................................................... 562.2.3. Ambiente corporativo .................................................................... 58

    2.3. Factores de processo .......................................................................... 602.3.1. Protocolo ..................................................................................... 63

    2.3.2. Excelncia nas actividades preliminares ........................................... 642.3.3. Excelncia nas actividades de marketing .......................................... 662.3.4. Excelncia nas actividades tcnicas ................................................. 692.3.5. Apoio da gesto de topo ................................................................ 702.3.6. Anlise financeira/de negcio durante o processo de desenvolvimento . 73

    2.4. Factores organizacionais ..................................................................... 732.4.1. Comunicaes internas/externas .................................................... 74

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    2.4.2. Estrutura organizativa do processo de desenvolvimento de novosprodutos industriais ........................................................................ 75

    CAPTULO 3 O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS NOSMERCADOS INDUSTRIAIS........................................................................ 79

    3.1. Meio envolvente e desenvolvimento de novos produtos industriais ............ 793.2. O processo de desenvolvimento de novos produtos industriais ................. 813.3. Fontes de vantagem competitiva associadas estratgia de novos

    produtos nos mercados industriais ......................................................... 853.3.1. Qualidade .................................................................................... 863.3.2. Servios ...................................................................................... 883.3.3. Controlo de custos ........................................................................ 883.3.4. Capacidade de inovao ................................................................ 893.3.5. Reduo do time-to-market........................................................... 89

    3.4. Acelerao do processo de desenvolvimento de novos produtos industriais 903.4.1. Velocidade como um dos objectivos principais da empresa ................. 923.4.2. Estratgias de produto baseadas na reduo do time-to-marketdos

    novos produtos industriais ............................................................... 933.4.3. Estratgias de introduo de novos produtos no mercado industrial

    importncia de uma excessiva acelerao .......................................... 94

    PARTE II DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO..................... 97

    CAPTULO 4 A REDUO DO T I M E - T O - M A R K E T DOS NOVOS PRODUTOSINDUSTRIAIS COMO FACTOR DE VANTAGEM COMPETITIVA..................... 99

    4.1. Medidas do ciclo de desenvolvimento de um novo produto industrial ......... 994.2. O time-to-marketcomo factor de vantagem competitiva ......................... 105

    4.2.1. O time-to-marketcomo factor de xito dos novos produtos ................ 1124.3. Factores determinantes do time-to-market............................................ 114

    4.3.1. Utilizao de equipas de desenvolvimento multifuncionais .................. 117

    4.3.2. Participao dos clientes no processo de design ................................ 1184.3.3. Participao dos fornecedores no processo de design ......................... 1184.3.4. Gesto simultnea de actividades ................................................... 1194.3.5. Caractersticas do mercado ............................................................ 1194.3.6. Utilizao de tcnicas avanadas para a reduo do time-to-market.... 1204.3.7. Nvel de compromisso e apoio da gesto de topo .............................. 1204.3.8. Nvel de qualidade do novo produto ................................................ 120

    CAPTULO 5 TCNICAS PARA REDUZIR O T I M E - T O - M A R K E T DOSNOVOS PRODUTOS NOS MERCADOS INDUSTRIAIS.................................. 122

    5.1. Classificao das tcnicas para reduzir o time-to-marketdos novosprodutos nos mercados industriais ......................................................... 122

    5.2. Tcnicas de concepo ....................................................................... 1265.2.1. Especificao do produto ............................................................... 1305.2.2. Desdobramento da funo qualidade ou quality function deployment

    (QFD) ........................................................................................... 1325.2.3. Anlise conjunta ou conjoint analysis.............................................. 1355.2.4. Design para a excelncia ou design for excelence.............................. 1365.2.5. Design para a fabricao e montagem ou design for manufacturability

    and assembly(DFMA) ..................................................................... 137

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    5.2.6. Design para os ensaios/testes ou design for testability(DFT) .............. 1405.2.7. Design para a operacionalidade ou design for operability(DFO) .......... 1405.2.8. Mtodos de Taguchi ...................................................................... 1415.2.9. Optimizao multidisciplinar do design ou multidisciplinary design

    optimization(MDO) ........................................................................ 142

    5.2.10 Design modular e design adaptvel ou design for adaptability(DFA) ... 1435.2.11. Inovao incremental .................................................................. 1445.2.12. Transferncia rpida da concepo de novos produtos ..................... 1475.2.13. Tecnologia de grupo .................................................................... 1505.2.14. Fabricao rpida de prottipos ou prototipagem rpida (rapid

    prototyping) .................................................................................. 1515.2.15. Anlise modal de falhas e seus efeitos failures mode effect analysis

    (FMEA) ......................................................................................... 1535.3. Tcnicas organizacionais ..................................................................... 155

    5.3.1. Tcnicas de gesto simultnea ....................................................... 1555.3.1.1. Engenharia simultnea ............................................................. 1605.3.1.2. Marketing simultneo ou concorrente ......................................... 163

    5.3.2. Processos de desenvolvimento de novos produtos industriais poretapas .......................................................................................... 170

    5.3.3. Equipas de desenvolvimento multifuncionais .................................... 1755.4. Tcnicas de fabrico/industrializao ...................................................... 191

    5.4.1. Planeamento das necessidades de recursos (MRP) ............................ 1935.4.2.Just in time.................................................................................. 1955.4.3. Sistema de optimizao da tecnologia de produo ........................... 2005.4.4. Controlo estatstico de processos (SPC) ........................................... 201

    5.5. Tecnologias da informao .................................................................. 2035.5.1. Desenho assistido por computador ou computer aided design(CAD) .... 2055.5.2. Engenharia assistida por computador ou computer aided engineering

    (CAE) ........................................................................................... 2065.5.3. Produo assistida por computador ou computer aided manufacturing

    (CAM) ........................................................................................... 2075.5.4. Produo integrada por computador ou computer integratedmanufacturing(CIM) ...................................................................... 208

    5.5.5. Troca de dados electrnica ou electronic data interchange(EDI) ......... 2095.5.6. Internet e Intranet ........................................................................ 2105.5.7. Sistemas periciais ou expert systems.............................................. 2115.5.8. Groupware.................................................................................. 2125.5.9. Gesto de dados de produto ouproduct data management(PDM) ....... 213

    CAPTULO 6 METODOLOGIA.................................................................. 2176.1. Breve caracterizao do sector dos componentes para a indstria

    automvel em Portugal ........................................................................ 2176.2. Metodologia da investigao ................................................................ 226

    6.2.1. Introduo ................................................................................... 2266.2.2. Questionrio ................................................................................ 2276.2.3. Inqurito ..................................................................................... 2296.2.4. Anlise dos dados ......................................................................... 230

    6.3. Anlise e discusso dos resultados ....................................................... 2326.3.1. Introduo ................................................................................... 2326.3.2. Caracterizao da amostra ............................................................. 232

    6.3.2.1. Parte I ................................................................................... 232

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    6.3.2.2. Parte II .................................................................................. 2336.3.3. Resultados ................................................................................... 237

    6.3.3.1. Tcnicas de design ................................................................ 2426.3.3.2. Tcnicas organizativas ........................................................... 2456.3.3.3. Tcnicas de fabrico/industrializao ......................................... 246

    6.3.3.4. Tecnologias da informao ..................................................... 2486.3.4. Factores determinantes do xito dos novos produtos no sector doscomponentes para a indstria automvel em Portugal ......................... 249

    6.3.4.1. A medida do xito ................................................................... 2496.3.4.2. Determinantes do xito ............................................................ 250

    6.3.5. Factores determinantes do time-to-marketdos novos produtos nosector dos componentes para a indstria automvel em Portugal .......... 252

    6.3.6. Aplicao das diferentes tcnicas de design nos fabricantes decomponentes para a indstria automvel em Portugal ......................... 254

    6.3.7. Aplicao das diferentes tcnicas organizacionais nos fabricantes decomponentes para a indstria automvel em Portugal ......................... 256

    6.3.8. Aplicao das diferentes tcnicas de fabrico/industrializao nosfabricantes de componentes para a indstria automvel em Portugal ..... 260

    6.3.9. Aplicao das diferentes tecnologias da informao nos fabricantes decomponentes para a indstria automvel em Portugal ......................... 261

    CAPTULO 7 CONCLUSES E FUTURA INVESTIGAO........................... 2647.1. Concluses e contribuio do trabalho desenvolvido ............................... 264

    7.1.1. As tcnicas de reduo do time-to-marketde novos produtos no sectordos componentes para a indstria automvel em Portugal ................... 265

    7.1.2. O futuro do processo de concepo e desenvolvimento de novosprodutos no sector dos componentes para a indstria automvel emPortugal ........................................................................................ 269

    7.2. Limitaes do trabalho desenvolvido e perspectivas de trabalho futuro ...... 272

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.............................................................. 273

    ANEXO 1 Verso preliminar do questionrio.......................................... 297ANEXO 2 Verso final do questionrio................................................... 307ANEXO 3 Carta de apresentao do trabalho de investigao................ 319ANEXO 4 Anlise da fiabilidade interna do questionrio........................ 321

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    nnddiicceeddeeFFiigguurraass

    Figura 1: Categorias de novos produtos ........................................................ 12

    Figura 2: O tringulo do xito dos novos produtos ......................................... 21Figura 3: Modelo explicativo dos factores crticos no processo de

    desenvolvimento de novos produtos ............................................... 23Figura 4: Modelo conceptual dos factores que afectam o desenvolvimento de

    novos produtos ............................................................................ 25Figura 5: Modelo de Craig e Hart ................................................................. 27Figura 6: Modelo de Poolton e Barclay .......................................................... 29Figura 7: Modelos de desenvolvimento de novos produtos .............................. 62Figura 8: Ambiente e rendimento das equipas de desenvolvimento de novos

    produtos ..................................................................................... 78Figura 9: Ciclo design-fabrico-teste .............................................................. 84Figura 10: Gesto da acelerao do processo de desenvolvimento e introduo

    de novos produtos no mercado industrial ........................................ 91Figura 11: Curva logstica: rendimento versustempo .....................................

    93Figura 12: O ciclo de vida da inovao ......................................................... 102Figura 13: Ciclo da inovao e time-to-market.............................................. 103Figura 14: Elementos do time-to-market...................................................... 104Figura 15: A empresa imitadora tem menos oportunidades ............................. 105Figura 16: Implicaes financeiras do time-to-market.................................... 107Figura 17: O preo do tempo ...................................................................... 108Figura 18: Time-to-marketde novos produtos e resultados empresariais .......... 116Figura 19: Evoluo das alteraes no design entre as empresas que utilizam a

    QFD e as que no utilizam .............................................................

    134Figura 20: Etapas da aplicao da tcnica DFMA ............................................ 139Figura 21: Etapas dos Mtodos de Taguchi ................................................... 141

    Figura 22: Estratgia multiprojecto ..............................................................

    148Figura 23: Produo tradicional ................................................................... 156Figura 24: Processo tradicional de desenvolvimento de produtos ..................... 158Figura 25: Processo de desenvolvimento simultneo ...................................... 159Figura 26: Simultneo versussequencial ...................................................... 161Figura 27: Efeitos da publicidade anterior ao lanamento ................................ 169Figura 28: Estrutura de um processo stage-gate........................................... 171Figura 29: Determinantes da efectividade do trabalho em equipas

    multifuncionais ............................................................................ 177Figura 30: Qualidades do lder .................................................................... 178Figura 31: Estrutura funcional ..................................................................... 182Figura 32: Estrutura matricial ..................................................................... 183Figura 33: Estrutura autnoma ................................................................... 185Figura 34: Relao entre distncia e comunicao .........................................

    188Figura 35: Viso funcional de um sistema PDM .............................................. 214Figura 36: Empresas portuguesas versusestrangeiras ................................... 220Figura 37: Peso do sector automvel na actividade ........................................ 221Figura 38: Dimenso das empresas (volume de negcios em 2001) ................. 221Figura 39: Dimenso das empresas (n de trabalhadores em 2001) ................. 222Figura 40: Estrutura da cadeia de fornecimento ............................................ 225Figura 41: Peso dos fornecimentos em 1 linha ............................................. 225

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    Figura 42: Nmero de trabalhadores ............................................................ 233Figura 43: Nvel de concorrncia no sector .................................................... 234Figura 44: Crescimento do mercado ............................................................ 234Figura 45: Rentabilidade do sector .............................................................. 235Figura 46: Estabilidade do meio envolvente .................................................. 235

    Figura 47: Importncia da inovao tecnolgica na competitividade .................

    236Figura 48: Aplicao das tcnicas de design .................................................. 255Figura 49: Grau de satisfao da aplicao de cada tcnica de design ............... 256Figura 50: Processo de natureza funcional-sequencial versus processo de

    natureza simultnea ..................................................................... 257Figura 51: Aplicao das tcnicas organizacionais .......................................... 258Figura 52: Grau de satisfao da aplicao de cada tcnica organizacional ........ 258Figura 53: Grau de participao nas equipas de desenvolvimento

    multifuncionais ............................................................................ 259Figura 54: Aplicao das tcnicas de fabrico/industrializao ........................... 260Figura 55: Grau de satisfao da aplicao de cada tcnica de industrializao .. 261Figura 56: Aplicao das tecnologias da informao ....................................... 262Figura 57: Grau de satisfao da aplicao de cada tecnologia da informao .... 262Figura 58:Ranking de Inovao 2003 (SII-1) ............................................... 270

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    nnddiicceeddeeQQuuaaddrrooss

    Quadro 1: Categorias de novos produtos em funo da tecnologia e do mercado 13

    Quadro 2: Classificao dos diferentes tipos de desenvolvimento de novosprodutos ..................................................................................... 14

    Quadro 3: Factores que determinam o xito e o fracasso dos novos produtos .... 18Quadro 4: Regras de ouro para o xito de um novo produto ............................ 19Quadro 5: Avaliao do desenvolvimento de novos produtos ........................... 22Quadro 6: Esquema de anlise organizacional: as 7S de Mckinsey ................... 26Quadro 7: Avaliao do desenvolvimento de novos produtos ........................... 30Quadro 8: Linhas de investigao na literatura de novos produtos ................... 32Quadro 9: Diferentes medidas de rendimento de novos produtos ..................... 34Quadro 10:Medidas de resultado mais adequadas segundo a estratgia

    empresarial .............................................................................. 41Quadro 11: Desenvolvimento da estratgia tecnolgica de acordo com a

    evoluo do mercado ................................................................. 52Quadro 12: Determinantes do processo de desenvolvimento de novos produtos 81Quadro 13: Etapas do processo de desenvolvimento de novos produtos

    industriais ................................................................................ 100Quadro 14: O custo de chegar tarde ao mercado ........................................... 108Quadro 15: Redues no tempo de introduo de novos produtos .................... 113Quadro 16: Factores determinantes do time-to-market.................................. 115Quadro 17: Tcnicas para a reduo do time-to-marketdos novos produtos ..... 123Quadro 18: Importncia do processo de design ............................................. 127Quadro 19: Tcnicas de concepo .............................................................. 129Quadro 20: Fases e aces tpicas da QFD .................................................... 133Quadro 21: Comparao entre diversas estratgias de concepo de novos

    produtos .................................................................................. 149

    Quadro 22: Tcnicas de prototipagem rpida ................................................

    152Quadro 23: Diferentes denominaes do conceito de engenharia simultnea ..... 160Quadro 24: Regras para a implantao de um sistema stage-gate................... 174Quadro 25: Tcnicas de fabrico/industrializao ............................................ 193Quadro 26: Meios utilizados pelojust in time................................................ 195Quadro 27: Vantagens do sistemajust in time.............................................. 197Quadro 28: Principais analogias entre o JIT e o DIAP ..................................... 197Quadro 29: Ferramentas utilizadas pelo SPC ................................................. 202Quadro 30: Tecnologias de informao relacionadas com a reduo do time-to-

    market.....................................................................................

    204Quadro 31: Importncia da indstria automvel na economia em 2001 ............ 219Quadro 32: Distribuio regional das empresas de componentes ..................... 222Quadro 33: Peso dos principais subsectores .................................................. 223Quadro 34: Principais tecnologias nas empresas portuguesas ..........................

    224Quadro 35: Projectos de concepo e desenvolvimento de novos produtos na

    empresa ...................................................................................

    237Quadro 36: Estrutura do processo de concepo e desenvolvimento de novos

    produtos na empresa ................................................................. 237Quadro 37: Consistncia interna da questo 5 .............................................. 239Quadro 38: Factores retidos e varincia total explicada da questo 5 ............... 239Quadro 39: Consistncia interna da questo 8 .............................................. 240

    xvii

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    Quadro 40: Consistncia interna para validao da questo 8 ......................... 242Quadro 41: Consistncia interna da seco tcnicas de designda questo 10 .... 243Quadro 42: Consistncia interna da seco tcnicas de designda questo 10 .... 244Quadro 43: Consistncia interna para validao da seco tcnicas de designda

    questo 10 ............................................................................... 245

    Quadro 44: Consistncia interna da seco tcnicas organizativasda questo 10 246Quadro 45: Factores retidos e varincia total explicada da seco tcnicasorganizativasda questo 10 ....................................................... 246

    Quadro 46: Consistncia interna da seco tcnicas de fabrico/industrializaoda questo 10 ........................................................................... 247

    Quadro 47: Factores retidos e varincia total explicada da seco tcnicas defabrico/industrializao da questo 10 .......................................... 247

    Quadro 48: Consistncia interna da seco tecnologias da informaodaquesto 10 ............................................................................... 248

    Quadro 49: Factores retidos e varincia total explicada da seco tecnologias dainformao da questo 10 ......................................................... 248

    Quadro 50: Indicadores de xito dos novos produtos ..................................... 250Quadro 51: Determinantes do xito dos novos produtos ................................. 251Quadro 52: Determinantes do time-to-marketdos novos produtos ..................

    253Quadro 53: Determinantes do xito dos novos produtos ................................. 268

    xviii

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    LLiissttaaddeeSSiiggllaass,,AAbbrreevviiaattuurraasseeAAccrrnniimmooss

    AFIA Associao de Fabricantes para a Indstria Automvel

    AIMA Associao dos Industriais de Montagem de Automveis

    CAD Computer Aided Design

    CAE Computer Aided Engineering

    CAM Computer Aided Manufacturing

    CIM Computer Integrated Manufacturing

    DAP Desenvolvimento Acelerado de Produtos

    DFA Design for Adaptability

    DFE Design for Excelence

    DFMA Design for Manufacturability and AssemblyDFO Design for Operability

    DFT Design for Testability

    EDI Electronic Data Interchange

    FMEA Failures Mode Effect Analysis

    Inteli Inteligncia em Inovao

    IStrat Informao Estratgica para o Automvel

    JIT Just-in-time

    KMO Kaiser-Meyer-Olkin

    MDO Multidisciplinary Design Optimization

    MRP Manufacturing Resources Planning

    OPT Optimized Production Technology

    PDM Product Data Management

    PIB Produto Interno Bruto

    QFD Quality Function Deployment

    SMED Single Minute Exchange of Dies

    SPC Statistical Process Control

    xix

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    xx

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    IINNTTRROODDUUOO

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    11..EENNQQUUAADDRRAAMMEENNTTOOEEOOBBJJEECCTTIIVVOOSS

    O desenvolvimento de novos produtos e a capacidade de inovao so instrumentos

    competitivos fundamentais para o xito a longo prazo e sobrevivncia da empresaindustrial. Atravs do desenvolvimento de novos produtos a organizao adapta-se,

    diversifica-se e, inclusivamente, rejuvenesce-se ou reinventa-se para se adequar s

    condies variantes da tecnologia e do mercado [Calantone, Cavusgil e Zhao, 2002;

    Patterson, 1998; Atuahene-Gima, 1996].

    Para alm de um contexto meramente acadmico, tambm nas empresas industriais

    se est consciente do potencial que a comercializao de novos produtos tem para se

    alcanar um crescimento corporativo e se obter lucro no futuro. A sofisticao

    crescente das exigncias dos clientes considerada como uma das foras de mercado

    emergentes com maior intensidade na ltima dcada, o que implica maiores exigncias

    em termos de disponibilidade de opes de produto. Desta forma, a inovao e a

    diferenciao so instrumentos imprescindveis para a manuteno e crescimento da

    quota de mercado.

    A importncia que o desenvolvimento de novos produtos tem na obteno e

    sustentao da rentabilidade a longo prazo, pode justificar-se em funo de trs

    factores: a) a rapidez com que evoluem e se substituem as tecnologias, o que

    aumenta o perigo de obsolescncia da carteira de produtos que necessrio manter

    actualizada [Johne, 1999; Edgett, Shipley e Forbes, 1992; Johne e Snelson, 1988a]; b)

    a chegada fase de maturidade da maioria dos mercados, o que implica um maior

    conhecimento e experincia dos clientes acerca das categorias de produtos disponveis

    e, consequentemente, uma elaborao mais aperfeioada das suas preferncias e

    exigncias, o que torna necessrio um compromisso com o desenvolvimento

    permanente de novos produtos que satisfaam as novas exigncias e necessidades

    [Loch, 2000; Barczak, 1995]; e c)a globalizao e intensificao da concorrncia, queoriginou que as empresas procurem alargar e diversificar as suas carteiras de produtos

    como meio de as tornar atractivas para os seus clientes e manter a sua fidelidade

    [Loch, 2000; Cooper, Edgett e Kleinschmidt, 1999].

    3

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    Assim, as diversas investigaes realizadas desde o incio da dcada de oitenta fazem

    referncia a este fenmeno. Por exemplo, Booz, Allen e Hamilton (1982) aps a anlise

    de 700 empresas (60% das quais foram empresas industriais), concluem que 28% do

    crescimento dessas empresas, nos cinco anos anteriores realizao do estudo,

    gerado pela comercializao de novos produtos. Em investigaes similares, Tushman

    e Nadler (1986) referem que 35% dos lucros das empresas analisadas resultam de

    produtos com menos de dez anos, e Wind e Mahajan (1997) referem que 25% das

    vendas das empresas consideradas resultam de produtos introduzidos no mercado nos

    ltimos trs anos. Estes valores disparam nos sectores de alta tecnologia, onde os

    factores competitivos referidos so mais extremos. Num outro estudo, Loch, Stein e

    Terweisch (1996) fazem referncia ao facto de que na indstria electrnica 90% da

    facturao provm de produtos que tm menos de cinco anos.

    O principal obstculo que as empresas industriais tm de enfrentar na concepo e

    desenvolvimento de novos produtos a elevada taxa de insucesso1 dos novos

    produtos introduzidos no mercado. Crawford (1987) avalia a taxa de insucesso em

    39% para os produtos de consumo e em 31% para os produtos industriais.

    Dado que a concepo e desenvolvimento de novos produtos constitui, uma actividade

    de elevado risco, este facto originou numerosos estudos com o objectivo de reduzir

    esse risco atravs da compreenso das variveis que podem contribuir para obtermelhores ou piores resultados, e a consequente aplicao deste conhecimento pela

    gesto da inovao de produtos [Cooper, 2003; Keizer, Halman e Song, 2002; Yusog,

    2000; Souder, 1998; Griffin, 1997c; Mishra, 1996; Hart, 1993]. De acordo com Cooper

    e Kleinschmidt (1995b) trata-se de obter uma seleco e hierarquizao2 adequada

    dos projectos de novos produtos com maiores possibilidades de xito, assim como a

    definio das caractersticas que o processo de concepo e desenvolvimento de novos

    produtos deve apresentar para assegurar esse resultado.

    1 importante esclarecer que ao longo deste trabalho de investigao se parte da premissa de que osprodutos foram comercializados, isto , que estes nascem quando efectivamente introduzidos no mercado.Se um produto eliminado nas fases anteriores ao seu lanamento no mercado definitivo, mais do queinsucesso deveramos referirmo-nos no superao do processo de desenvolvimento.2Esta imprescindvel devido s mltiplas opes de desenvolvimento que podem existir, escassez detempo e aos recursos escassos.

    4

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    O meio envolvente econmico mundial tem sido objecto de mudanas significativas nas

    ltimas dcadas. Aps a Segunda Guerra Mundial, as empresas concentraram as suas

    estratgias na inovao e em fortes campanhas de marketing. Posteriormente, nos

    anos setenta, a eficincia converteu-se no objectivo prioritrio e as empresas lderes

    em custos dominavam o mercado. Nos anos oitenta apareceram numerosas tcnicas

    importadas do Japo que reduziam ainda mais os custos e, por sua vez,

    proporcionavam melhores nveis de qualidade; referimo-nos ao Just-in-Time, Optimal

    Product Tecnology, Material Resource Planninge Total Quality Management.

    Em meados dos anos oitenta, as empresas japonesas lderes, e algumas empresas

    americanas e europeias, demonstraram o poder de duas novas dimenses de

    vantagem competitiva: a variedade com um custo reduzido e o tempo de resposta

    reduzido. Estas empresas reduziram o tempo necessrio para fabricar e distribuir os

    seus produtos e, mais importante, reduziram o tempo necessrio para desenvolver e

    introduzir novos produtos no mercado. Estas capacidades permitiram-lhes no apenas

    reduzir os seus custos, mas tambm oferecer uma ampla gama de produtos, aceder a

    novos segmentos de mercado e incrementar, em pouco tempo, a satisfao

    tecnolgica dos seus produtos.

    Assim, surge uma nova forma de competir no mercado, que foi denominada de

    competncia baseada no tempo. A rapidez na resposta s necessidades do mercadoexige ser-se um perito no aproveitamento do tempo.

    Conceber e desenvolver novos produtos num reduzido perodo de tempo, para que

    estejam quanto antes disponveis no mercado, constituem uma das principais

    preocupaes das empresas actuais. Deste modo, surge uma nova forma de gesto do

    processo de concepo e desenvolvimento de novos produtos centrada na reduo do

    tempo de desenvolvimento ou time-to-market, que se identifica como

    Desenvolvimento Acelerado de Produtos ou, simplesmente, Novo Processo de

    Desenvolvimento.

    A importncia atribuda ao time-to-market dos novos produtos, como factor de

    vantagem competitiva, originou que uma das principais preocupaes dos gestores do

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    processo de concepo e desenvolvimento de novos produtos seja a definio de uma

    srie de tcnicas e modelos que ajudem a reduzir esse tempo.

    O presente estudo com base numa amostra de 32 empresas do sector dos

    componentes para a indstria automvel em Portugal pretende analisar a relao

    entre as diferentes tcnicas e metodologias identificadas para conseguir redues do

    time-to-market de novos produtos, com especial interesse no seu nvel de

    aplicabilidade no sector objecto de estudo, e o time-to-market e o xito de novos

    componentes no mercado.

    Com base na reviso bibliogrfica realizada, foi desenvolvido um questionrio para

    caracterizar o sector industrial e o meio envolvente em que a empresa desenvolve a

    sua actividade, analisar a poltica de inovao de produto e as actividades de

    concepo e desenvolvimento de novos produtos da empresa, avaliar o xito dos

    novos produtos na empresa e, por ltimo, determinar o nvel de utilizao de

    diferentes tcnicas e mtodos que permitem melhorar a eficincia do processo e

    reduzir o ciclo de desenvolvimento.

    A anlise estatstica dos dados obtidos, por utilizao de tcnicas estatsticas de

    anlise multivariada, sugere que existe uma relao directa entre o xito dos novos

    produtos e a utilizao de determinadas tcnicas de fabrico/industrializao,tecnologias da informao e tcnicas de design. A anlise realizada tambm indica que

    a reduo do time-to-marketdos novos produtos e o grau de participao no processo

    de concepo e desenvolvimento de novos produtos do departamento de marketing,

    do departamento de produo, dos engenheiros e designers, dos clientes e dos

    fornecedores constituem factores determinantes do xito dos novos produtos.

    O trabalho desenvolvido no mbito desta dissertao, intitulada Metodologias de

    Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais, tendo por base de estudo a anlise

    fundamentada da problemtica da inovao de produtos nos mercados industriais,

    procurou, de alguma forma, contribuir para o desenvolvimento de um modelo baseado

    num conjunto de tcnicas e metodologias, que permita enfrentar um mercado global

    cada vez mais exigente. As caractersticas deste mercado esto relacionadas com o

    aumento da especificidade de produtos com ciclos de vida cada vez mais reduzidos, o

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    que determina a necessidade de procurar mecanismos que permitam reduzir o time-

    to-markete aumentar o xito dos novos produtos no mercado. O futuro da empresa de

    componentes para a indstria automvel passa por uma crescente utilizao das

    tcnicas analisadas no presente trabalho de investigao. Este facto implica um melhor

    conhecimento destas tcnicas, das suas vantagens e das dificuldades que podem surgir

    no seu processo de implantao. No se trata de reduzir o mximo possvel o time-to-

    market dos novos produtos, mas de procurar buscar o time-to-market dos novos

    produtos mais adequado a cada empresa, em particular, em funo da dinmica

    caracterizadora do meio envolvente em que cada empresa desenvolve a sua

    actividade. De qualquer forma, a utilizao destas permitir melhorar a eficincia do

    processo de concepo e desenvolvimento de novos produtos, aumentando as

    possibilidades de xito dos novos produtos lanados no mercado pelas empresas do

    sector dos componentes para a indstria automvel.

    22..EESSTTRRUUTTUURRAADDAADDIISSSSEERRTTAAOO

    A presente dissertao divide-se em duas partes distintas e visa o estudo da

    importncia da reduo do time-to-market de novos produtos, como factor

    determinante da criao de vantagens competitivas sustentadas. Cada uma das partesest dividida em captulos relacionados com os objectivos estabelecidos, de acordo

    com uma estrutura que orienta o trabalho, atravs da anlise fundamentada da

    problemtica da inovao de produtos nos mercados industriais e da apresentao de

    um conjunto de tcnicas e mtodos que permitem obter uma reduo do time-to-

    markete aumentar a taxa de xito dos novos produtos no mercado.

    A parte I da dissertao apresenta uma reviso bibliogrfica sobre a inovao de

    produto nos mercados industriais. Pretende-se reflectir acerca do conceito de novo

    produto industrial, analisar as causas do insucesso das inovaes de produto e

    determinar como avaliar o xito/fracasso das inovaes de produto. De seguida,

    analisa-se o significado de diversos factores que condicionam o resultado da inovao

    e as suas implicaes na gesto da inovao de produtos industriais. Tambm se

    apresenta uma viso geral da problemtica associada gesto do processo de

    7

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    concepo e desenvolvimento de novos produtos nos mercados industriais e analisam-

    se algumas fontes de vantagem competitiva associadas estratgia de produto nos

    mercados industriais: a qualidade do produto, o servio, a reduo de custos, a

    capacidade de inovao e a reduo do time-to-market. Por ltimo, analisa-se a

    importncia para a empresa industrial de acelerar os processos de inovao de

    produto.

    Na parte II da dissertao descreve-se o desenvolvimento do trabalho realizado e

    apresentam-se as concluses resultantes. Salienta-se a importncia da reduo do

    tempo de desenvolvimento e introduo de novos produtos no mercado industrial, ou

    reduo do time-to-market de novos produtos, como factor determinante de

    vantagens competitivas sustentadas, analisando-se as diferentes abordagens que

    demonstram essa importncia. A seguir, prope-se uma classificao das principais

    tcnicas identificadas para conseguir redues do time-to-marketde novos produtos e

    analisam-se essas tcnicas, com especial interesse no seu nvel de aplicabilidade no

    sector dos componentes para a indstria automvel em Portugal, assim como na sua

    influncia sobre o time-to-markete xito de novos componentes no mercado.

    8

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    PARTE I

    RREEVVIISSOOBBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAA

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    CCAAPPTTUULLOO11

    OOXXIITTOODDAAIINNOOVVAAOODDEEPPRROODDUUTTOOSSNNOOSSMMEERRCCAADDOOSSIINNDDUUSSTTRRIIAAIISS

    Ao longo deste captulo, aps reflectir sobre o que significa o conceito de novo

    produto, abordam-se trs aspectos bsicos. Em primeiro lugar, analisam-se

    algumas das causas do insucesso das inovaes de produto referidas com maior

    frequncia na literatura cientfica e as diferentes classificaes propostas destas

    variveis. De seguida, investiga-se como avaliar o xito/fracasso das inovaes de

    produto.

    11..11..CCOONNCCEEIITTOODDEENNOOVVOOPPRROODDUUTTOOIINNDDUUSSTTRRIIAALL

    Na maioria dos trabalhos de investigao sobre novos produtos, observa-se que

    existe uma determinada relutncia em definir claramente o que se considera como

    novo produto. Este facto assinala a dificuldade em delimitar este conceito e est,

    deste modo, em conformidade com a grande diversidade de definies de novos

    produtos industriais propostas.

    Em geral, um novo produto pode definir-se desde a perspectiva do cliente ou da

    empresa, o que origina conceitos diferentes. Tal como refere Crawford (1984a), do

    ponto de vista da empresa, um novo produto constitui qualquer acrscimo na

    carteira de produtos existente. Isto , qualquer artigo que no era anteriormente

    comercializado pela empresa, e que passou a ser, quer atravs do seu

    desenvolvimento e industrializao prprios quer atravs da sua aquisio noexterior.3 Contudo, do ponto de vista do mercado, a novidade de um produto

    determina-se pela percepo que os potenciais utilizadores tm do novo produto,

    quando analisam a sua adopo. Na mesma linha de investigao, Danneels e

    Kleinschmidt (2001) consideram que, na perspectiva do cliente, as caractersticas

    da inovao, a capacidade de assumir riscos e os nveis de mudana em padres de

    comportamento definidos constituem formas de novos produtos. Porm, na

    3As possveis formas de aquisio de novos produtos, que as empresas podem utilizar, e atravs das

    quais evitam os custos de desenvolvimento directo, so a absoro de outras empresas, a compra dedeterminadas patentes ou a aquisio de licenas e franquias [Kotler, 1995].

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    perspectiva da empresa, os desafios ambientais e os resultantes dos projectos de

    investimento estratgico da empresa, assim como a evoluo tecnolgica e as

    alteraes no mercado, constituem dimenses de um novo produto.

    Assim, um utilizador pode classificar como novos produtos, alm dos que no

    conhece por serem originais, os que adquire pela primeira vez, independentemente

    destes j existirem no mercado, ou aqueles que identifica de forma diferente, em

    consequncia de estratgias de reposicionamento desses produtos no mercado.

    Combinando o grau de novidade com que os produtos so identificados pelas

    empresas e pelo mercado, Booz, Allen e Hamilton (1982) distinguem seis

    categorias de novos produtos (Figura 1): produtos novos para o mercado, novaslinhas de produtos, introduo de produtos nas linhas actuais da empresa,

    melhorias ou revises dos produtos existentes, reposicionamentos e redues de

    custo. As empresas, normalmente, procuram uma combinao adequada de

    produtos das seis categorias referidas, que lhes permita, por um lado, aproveitar

    todo o potencial das tecnologias que utilizam para a satisfao das diferentes

    preferncias dos seus clientes e, por outro, antecipar a obsolescncia da carteira de

    produtos iniciando a explorao de novas possibilidades tecnolgicas.

    Figura 1:Categorias de novos produtos

    ALTA

    MDIA

    BAIXA MDIA ALTA

    10%

    7%

    11%

    26%26%

    20%

    Reposicionamentos

    Introduo de produtosnas linhas actuais

    Reduo de custos

    Melhoria dosprodutos

    existentes

    Produtos novospara o mercado

    Novas linhas deprodutos

    Novidadep

    araomercado

    Novidade para a empresa

    Fonte: Booz, Allen & Hamilton (1982)

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    Outra classificao possvel do grau de novidade de um produto pode ser definida

    em funo da tecnologia incorporada no produto (nova, melhorada ou sem

    alteraes) e dos objectivos propostos para o mercado onde o produto comercializado, tal como prope Smith (1981) (Quadro 1).

    Quadro 1:Categorias de novos produtos em funo da tecnologia e do mercado

    Incrementar novidades comerciaisObjectivos dos

    produtos Sem m ud a na st e c n o l g i c a s

    T e c n o l o g i a

    m e l h o r a d a N o v a t e c n o l o g i a

    Mercado semalteraes Reformulao Substituio

    Fortalecer o

    mercado Recomercializao

    Produtos

    melhorados

    Aumento da gama de

    produtosMercado novo Novas utilizaes Aumento domercado Diversificao

    Fonte: Smith (1981)

    Por outro lado, Yoon e Lilien (1985) definem o que um novo produto em

    comparao com o que constitui um produto reformulado. Para estes autores, um

    novo produto implica uma mudana tecnolgica que lhe permita ser competitivo em

    novos mercados, ou a aplicao, pela primeira vez, de tecnologia nunca antesincorporada no produto. Os produtos reformulados incluem modificaes que

    afectam a sua utilizao, reduzem o seu custo e possibilitam uma maior durao.

    Johne e Snelson (1989) propuseram, de forma semelhante a Smith (1981), uma

    classificao dos desenvolvimentos de novos produtos industriais. Esta classificao

    diferencia vrios nveis de novidade na tecnologia utilizada, no mercado alvo e na

    estratgia de marketing utilizada na comercializao do produto. O resultado da

    sua anlise proporciona duas categorias bsicas de desenvolvimentos de novos

    produtos: o desenvolvimento de produtos existentes, em que se incluem todas as

    melhorias, extenses e actualizaes realizadas nos produtos das linhas existentes,

    e o desenvolvimento de produtos novos, em que se inclui apenas as novas linhas

    de produtos da empresa. A principal novidade da sua abordagem consiste em

    identificar diferentes nveis de risco associados a cada tipo de desenvolvimento de

    novos produtos (Quadro 2).

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    Quadro 2:Classificao dos diferentes tipos de desenvolvimento de novos produtos

    Tecnologiaactualmente utilizada

    na empresa

    Nova tecnologia, que, porm,ainda no foi utilizada na

    empresaLinhaactual

    Novalinha(+)

    Linhaactual(+)

    Novalinha(++)

    Clientesactuais DPE DPN

    + DPE+ DPN++Poltica de marketingdesenvolvida pela

    empresa Novosclientes (+)

    DPE+

    DPN++

    DPE++

    DPN+++

    Clientesactuais DPE

    + DPN++ DPE++ DPN+++Nova poltica de

    marketing, que, porm,no utilizada

    Novosclientes

    (++)DPE++ DPN+++ DPE+++ DPN++++

    DPE: Desenvolvimento de produtos existentes

    DPN: Desenvolvimento de produtos novos+: Nvel de risco

    Fonte: Johne e Snelson (1989)

    O risco no lanamento de novos produtos aumenta com a utilizao de novas

    tecnologias, que podem no proporcionar os resultados de funcionamento

    esperados, a satisfao de novos mercados em que a empresa no tem qualquer

    experincia, e o desenvolvimento de novas polticas de marketing para a

    comercializao dos produtos. A interseco de cada um destes elementos

    acrescenta nveis de risco a qualquer projecto de desenvolvimento de um novo

    produto industrial. Em qualquer caso, as empresas devem manter um equilbrio

    adequado entre os diferentes elementos, para que o nvel de risco resultante se

    mantenha dentro de valores aceitveis, para que assim seja possvel sustentar o

    crescimento da organizao.

    No mbito deste trabalho de investigao, o estabelecimento de uma definio de

    um novo produto industrial implica considerar, que cada desenvolvimento de um

    novo produto envolve uma afectao de recursos humanos e financeiros e um nvel

    de crescimento potencial diferentes. Se o interesse pela actividade de

    desenvolvimento de novos produtos resulta fundamentalmente da sua importncia

    na sustentao e melhoria da competitividade da empresa, parece lgico que o

    conceito de novo produto a adoptar se refira aos produtos que no constituam

    simples melhoramentos, actualizaes ou reposicionamentos dos produtos

    existentes. Pelo contrrio, devem ser aqueles que pressupem maiores nveis de

    envolvimento da empresa, maior perda de recursos em caso de fracasso e maiores

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    expectativas de lucro em caso de xito. Consequentemente, entende-se como

    novos produtos: os produtos includos em novas linhas de produto

    tecnologicamente avanadas ou os produtos includos nas linhas de produto

    existentes, mas que apresentam uma ruptura tecnolgica e inovadora com osrestantes produtos dessas linhas. O mercado a que se destinam os novos produtos

    um dos factores de risco que ir influenciar o resultado obtido. Porm, o grau de

    novidade de um novo produto pode ser elevado, independentemente do tipo de

    mercado de destino seleccionado para comercializar esse produto.

    Em defesa do conceito proposto, pode referir-se que em alguns dos trabalhos mais

    recentes, embora ainda no exista uma definio explcita, foram seleccionados

    como objecto de estudo os seguintes: novos produtos que alm de terem sidocomercializados num perodo de tempo inicial curto, sejam significativos, isto , que

    no representam apenas extenses ou reformulaes dos existentes [Cooper,

    Edgett e Kleinschmidt, 1999; Kleinschmidt e Cooper, 1995]; novos produtos em

    que foi considerada a hiptese de enfrentar novos competidores, mercados ou

    necessidades insatisfeitas, o que indica, principalmente, o desenvolvimento de

    novas linhas de produtos [Yap e Souder, 1994; Johne e Rowntree, 1991]. Deste

    modo, Redmond (1995), que considera os novos produtos como instrumentos da

    estratgia corporativa, acrescenta que devem ser considerados como novos

    produtos, os que persigam objectivos estratgicos de importncia. Isto , os

    produtos que implicam um esforo estratgico avultado ou uma afectao de

    recursos considervel, e os produtos que apresentam um risco estratgico elevado,

    ou uma elevada probabilidade de gerar uma perda significativa de recursos.

    11..22..CCAAUUSSAASSDDOOFFRRAACCAASSSSOODDAASSIINNOOVVAAEESSDDEEPPRROODDUUTTOO

    NNOOSSMMEERRCCAADDOOSSIINNDDUUSSTTRRIIAAIISS

    O desenvolvimento de novos produtos tornou-se num dos factores determinantes

    do xito empresarial. Em 1990 o volume de negcios realizado por produtos que

    no existiam cinco anos antes era de 40% [Griffin e Page, 1996]. Esta percentagem

    mais elevada para as empresas de alta tecnologia. Assim, estima-se que na

    indstria electrnica cerca de 90% da facturao provm de produtos que tm

    menos de cinco anos [Loch, Stein e Terweisch, 1996].

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    A importncia dos novos produtos nas vendas totais das empresas tem aumentado

    ao longo do tempo, passando de 33% no perodo 1976-1981, para 40% em 1981-

    1986, 42% em 1986-1990 e 45% em 1990-1995 [Griffin, 1997a].

    De modo idntico, os novos produtos tm um impacto fundamental sobre os lucros

    das empresas. Assim, em 1982 os estudos realizados pela Product Development

    and Management Association mostram que os novos produtos representam 23%

    dos lucros das empresas. Em 1990, essa percentagem passou para 33,2 e em 1995

    para 30% [Griffin, 1997c].

    Contudo, esta crescente importncia do desenvolvimento de novos produtos

    contrasta com as enormes dificuldades e incertezas associadas a esse processo.Estudos realizados permitem estimar uma taxa de xito na introduo de novos

    produtos no mercado inferior a 60%:

    no Reino Unido, a taxa de xito situa-se nos 54,3% [Scott, Shipley e Forbes,

    1992];

    nos Estados Unidos da Amrica, as taxas oscilam entre os 47%, valor obtido

    pela sociedade ACNielsen4para o sector de produtos cosmticos, de artigos

    de manuteno e de alimentao, e os 55% referido por Maidique e Zirger

    (1984). As observaes mais recentes provm do estudo realizado pela

    Product Development and Management Associationcom uma taxa de xito

    de 59% [Griffin, 1997c], e do trabalho de Karakaya e Kobu (1994), em que

    a taxa de xito de 68% para as empresas de alta tecnologia e de 60%

    para as restantes;

    no Canad, o estudo de Cooper (1979a e 1979b) revelou uma taxa de xito

    mdia de 59%, destacando que 41% dos projectos que no tiveram xito,

    apenas 19% fracassaram comercialmente depois do lanamento, uma vez

    que cerca de 22% foram abandonados antes de serem introduzidos no

    mercado;

    no Japo, a taxa de xito foi estimada em 59,8% [Scott, Shipley e Forbes,

    1992].

    Existem vrios exemplos que ilustram a dificuldade de alcanar o xito no

    lanamento de um novo produto no mercado. Quando Henry Ford liderava o

    desenvolvimento de novos veculos fracassou estrondosamente com o lanamento

    4ACNielsen reports, disponvel em Hhttp://www.acnielsen.comH

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    do seu modelo Edselem 1950, perdendo mais de 100 milhes de dlares. A Sony

    sofreu perdas avultadas quando apostou no sistema de vdeo BETAMAX, e no no

    sistema VHS (introduzido pela JVC no Japo em 1976), que se converteu no padro

    do mercado. A classe A da Mercedes foi submetida a diferentes modificaes,porque o projecto final apresentava uma estabilidade limitada quando se

    efectuavam curvas a grande velocidade.

    Estes exemplos confirmam que uma elevada percentagem dos recursos, que as

    empresas investem no desenvolvimento de novos produtos, so incorrectamente

    utilizados em projectos que fracassam aps a sua introduo no mercado ou,

    inclusive, abandonados antes da introduo do mercado. Estima-se que 46% dos

    recursos investidos pelas empresas norte-americanas so atribudos a projectosque fracassam ou so anulados[Nobelius e Trygg, 2002].

    O problema enfrentado pelas empresas consiste em definir os factores que

    determinam o xito dos novos produtos, para poder estabelecer, antecipadamente,

    a que projectos devem atribuir os seus escassos recursos. Em virtude da

    importncia que o problema adquiriu, desenvolveram-se numerosas investigaes

    que procuram identificar esses factores.

    Um dos trabalhos iniciais foi realizado por Myers e Marquis (1969). Este estudo

    utiliza dados de 567 produtos e processos desenvolvidos com xito em mais de 100

    empresas e 5 sectores. Os resultados deste estudo evidenciam a importncia dos

    aspectos comerciais, acima dos tecnolgicos, como determinantes do xito do

    processo de desenvolvimento, e a importncia da integrao funcional para o xito

    dos novos produtos.

    A este trabalho inicial, seguiram-se outros que, atravs da mesma metodologia

    (anlise de projectos desenvolvidos com xito, exclusivamente), identificaram a

    importncia de uma orientao para o mercado como elemento determinante do

    xito [Souder e Chakrabarti, 1978].

    Por outro lado, realizaram-se uma srie de estudos que procuraram encontrar as

    causas do fracasso (e no do xito) dos novos produtos [Cooper, 1979b]. As

    principais causas de fracasso identificadas foram a falta de compreenso das

    necessidades do mercado e a excessiva orientao para o produto.

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    A principal crtica, que se faz a estes estudos, que a anlise em separado do xito

    e do fracasso ignora a possibilidade de analisar se as variveis que contribuem para

    o xito determinam, por sua vez, os fracassos, e vice-versa. Por isso, torna-se

    necessrio estudar simultaneamente os xitos e os fracassos, para definir asvariveis que influenciam ambos os resultados.

    O projecto SAPPHO (Scientific Activity Predictor from Patterns with Heuristic

    Origins) foi o primeiro trabalho de investigao a incluir dados relativos a xitos e

    fracassos [Rothwell, Feeman, Horseley, Jervis e Robertson, 1974]. A partir de 43

    pares de xito/fracasso de empresas qumicas e fabricantes de instrumentos

    cientficos do Reino Unido, este projecto identificou 41 factores relacionados

    significativamente com o xito dos novos produto. Entre esses factores podiadestacar-se a compreenso das necessidades do mercado, orientao para o

    mercado, desenvolvimento eficiente e liderana da gesto de topo (Quadro 3). Os

    resultados dos diferentes estudos SAPPHOforam confirmados por estudos similares

    realizados em outros pases como a Finlndia, a Hungria, a Alemanha e o Japo.

    Quadro 3:Factores que determinam o xito e o fracasso dos novos produtos

    Adequado conhecimento das necessidades dos utilizadores

    Ateno poltica de marketing e publicidade Eficincia na forma de realizar o processo de desenvolvimento de novos produtos Utilizao eficiente da tecnologia externa empresa e da comunicao com centros

    de k n o w - h o w associados a essa tecnologia Antiguidade na empresa e autoridade dos executivos responsveis pelo processo de

    desenvolvimento de novos produtos

    Fonte: Rothwell, 1992

    No final da dcada de setenta foi realizado um estudo sobre 195 inovaes de

    produto no Canad: o projecto NewProd [Cooper, 1979a e 1979b]. O primeiro

    destes estudos examinou 102 novos produtos que obtiveram xito e 93 fracassos

    em 103 empresas industriais. A principal diferena, entre a metodologia utilizada

    neste estudo e no SAPPHO, que cada par xito/fracasso foi obtido da mesma

    empresa, enquanto que no o estudo SAPPHOmanteve apenas constante o sector

    ou indstria para cada par. Isto permitiu que os estudos NewProdidentificassem as

    diferenas no resultado determinadas pelas caractersticas especficas de cada

    empresa e da equipa de desenvolvimento de novos produtos.

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    Estes estudos foram posteriormente actualizados [Cooper e Kleinschmidt, 1990;

    Cooper, 1990; Cooper e Kleinschmidt, 1987a; Cooper, 1985], tendo sido

    confirmados os resultados do primeiro estudo. Estes estudos identificaram onze

    factores significativamente relacionados com o xito na introduo de novosprodutos no mercado.

    O factor mais determinante desse xito a vantagem do produto, isto , a

    superioridade e singularidade do novo produto em relao aos produtos

    concorrentes. Em segundo lugar, destaca-se o conhecimento do mercado e a

    orientao tecnolgica do novo produto. Existem outros factores identificados que

    so considerados como barreiras para o xito, em concreto: apresentar um preo

    relativo mais elevado, dinmica e competitividade do mercado; e outros, ainda,

    identificados como determinantes para o xito: sinergias no marketing e gesto,

    comunicaes eficazes e esforo no lanamento, assim como a necessidade,

    crescimento e dimenso do mercado. Cooper e Kleinschmidt (1993a, 1993b)

    resumem os resultados dos seus estudos estabelecendo quinze regras de ouro para

    o xito de um novo produto no mercado (Quadro 4).

    Quadro 4:Regras de ouro para o xito de um novo produto

    1. Um produto superior2. Uma forte orientao para o mercado3. Um conceito de produto global4.

    Anlise inicial intensiva5. Definio exacta do conceito6. Um plano de lanamento estruturado7. Coordenao inter funcional8. Apoio da gesto de topo9. Utilizao das sinergias10.Nvel de atraco/Propenso dos mercados

    11.Pr-seleco de projectos12.Nvel de qualidade do acompanhamento do novo produto aps a sua

    introduo no mercado13.Disponibilidade de recursos14.Importncia do factor tempo15.Necessidade de um processo por etapas

    Fonte: Cooper e Kleinschmidt, 1993a e 1993b

    Em 1995, Cooper e Kleinschmidt (1995a e 1995b) realizaram novos estudos no

    projecto NewProd em empresas qumicas norte-americanas e europeias, onde a

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    vantagem do produto torna a ser o factor mais fortemente relacionado com o xito

    financeiro dos novos produtos. No ltimo destes trabalhos comprova-se a existncia

    de uma divergncia entre os factores que os executivos consideravam relevantes

    para o xito e os factores que realmente esto altamente relacionados com o xitofinanceiro do produto. Isto , os executivos continuam sem definir claramente quais

    os factores que so determinantes para o xito empresarial.

    Cooper (1998) assinala a existncia de trs factores chave para o xito das

    inovaes (Figura 2):

    1. Um processo de desenvolvimento de elevada qualidade, em que se requer:

    nfase nas reas anteriores ao processo de design;

    correcta e antecipada definio do produto; forte orientao para o mercado;

    existncia de pontos de reviso onde se decida sobre a continuidade ou o

    abandono do projecto;

    nfase na qualidade de execuo das actividades;

    realizao de todas e cada uma das etapas do projecto;

    flexibilidade do processo.

    2. Estratgia de desenvolvimento clara e explcita:

    objectivos para as diferentes unidades de negcio;

    comunicar empresa o papel do desenvolvimento de novos produtos nos

    objectivos da empresa;

    fixar objectivos a longo prazo que permitam o desenvolvimento de

    inovaes radicais.

    3. Recursos adequados para o desenvolvimento de novos produtos, ou seja:

    a gesto de topo ter de atribuir os recursos necessrios para o processo

    de desenvolvimento;

    o oramento de I&D ter de ser adequado;

    os recursos humanos necessrios esto no lugar adequado e podem

    dedicar o tempo necessrio ao processo de desenvolvimento.

    Nos trabalhos do estudo Stanford Innovation Project, da Universidade de Stanford,

    sobre a indstria electrnica dos Estados Unidos da Amrica, podem encontrar-se

    resultados semelhantes [Terwiesch, Loch e Niederkofler, 1998]. Deste estudo

    podem extrair-se cinco concluses importantes:

    1. uma organizao e gesto interna excelentes so crticas para o xito do

    produto;

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    2. os novos produtos devem proporcionar ao cliente um valor acrescentado

    significativo;

    3. as empresas devem escolher projectos compatveis com as suas capacidades

    tecnolgicas, comerciais e organizacionais;4. o compromisso da gesto de topo e o seu apoio ao processo de

    desenvolvimento um elemento essencial para o xito;

    5. o meio envolvente do mercado tambm define a probabilidade de xito dos

    novos produtos; assim, os produtos pioneiros tm maiores possibilidades de

    xito em mercados de reduzida rivalidade competitiva.

    Figura 2:O tringulo do xito dos novos produtos

    Estratgia denovos produtos

    xito dosnovos

    produtos

    Compromisso derecursos

    Processos dedesenvolvimento deelevada qualidade

    Fonte: Cooper, 1998

    Em consequncia de todos os estudos mencionados, foi possvel identificar um

    amplo conjunto de variveis relevantes, que necessrio considerar no

    desenvolvimento de novos produtos, para garantir os resultados favorveis da

    inovao. No quadro 5 indicam-se algumas das variveis referidas com maior

    frequncia na literatura, assim como as aces preventivas que podem ser

    realizadas para evitar o aparecimento de problemas.

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    Quadro 5:Avaliao do desenvolvimento de novos produtos

    Varivel aconsiderar

    Possveis fontes de conflito Aces preventivas

    Necessidadesdos clientes

    Falta de compreenso adequada dasnecessidades dos clientes, dos benefciosque realmente esperam obter atravs do

    produto.

    Anlise permanente das preferncias egostos dos clientes, compreenso eacompanhamento durante o

    desenvolvimento.

    Anlise daconcorrncia

    Conhecimento insuficiente das foras efraquezas dos concorrentes, ignornciadas suas estratgias competitivas e tipo

    de oferta.

    Evitar o sentimento de superioridadeda organizao, estudo sistemtico das

    aces da concorrncia e suasvantagens competitivas.

    Conhecimentodo mercado

    Desconhecimento das caractersticas dosmercados, em relao ao potencial de

    vendas, ritmo de crescimento,incerteza...

    Definio adequada do mercado a quese destina a inovao, anlise dapreviso da procura durante o

    desenvolvimento, avaliao dascontingncias futuras.

    Conceito deproduto

    Excessiva orientao para o produto,ausncia de benefcios superiores, reais

    ou diferenciados para os clientes, falta deexactido na definio dos desempenhosque deve apresentar.

    Orientao para o cliente nodesenvolvimento, identificao de

    benefcios chave, teste de conceito ede produto anteriores introduo nomercado.

    Comunicaoorganizacional

    Ausncia da adequada comunicao entredepartamentos e elementos da empresa

    ou entre estes e os interlocutoresexternos.

    Preocupao com o desenvolvimentode comunicaes fluidas a todos osnveis, envolvimento da gesto de

    topo, incentivos ao dilogo.

    T i m e - t o - m a r k e t

    Perodos de desenvolvimento mais longosdo que o previsto, custos elevados,

    atraso na data de introduo no mercado,desaproveitamento de oportunidades.

    Projectos de processos flexveis,incorporao de tcnicas de

    acelerao, conceito de produtoexplcito e que no necessitem de

    modificaes posteriores, atribuio derecursos suficiente.

    Atitude dadireco

    Diminuta preponderncia para aactividade de inovao, atitude

    desfavorvel perante a necessidade deassumir riscos, ausncia de dilogo

    estratgico.

    Gesto participativa e flexvel, criaodo clima adequado para a inovao,

    envolvimento da gesto de topo,compromisso de recursos humanos e

    financeiros.

    Tecnologia

    Ausncia dos conhecimentos necessriosna empresa para realizar

    convenientemente a explorao datecnologia que se pretende utilizar ou

    para que o produto incorpore osdesempenhos requeridos.

    Desenvolvimento da estratgiatecnolgica que permita organizao

    estar consciente dos recursosdisponveis e dos que necessita criarpara manter a sua competitividade.

    Capacidades demarketing

    Ausncia das capacidades de marketingnecessrias para a comercializao

    adequada do produto. Desenvolvimentoineficiente de estratgias.

    Incorporao da orientao para omercado como forma de potenciar odesenvolvimento de estratgias demarketing e o controlo dos recursos

    disponveis.

    Canais dedistribuio

    O produto no recebe o apoio esperadodos canais de distribuio, de forma queno chega ao cliente final nas condies

    previstas.

    Os possveis conflitos com o canal dedistribuio sero avaliados na escolhadas oportunidades de mercado

    seleccionveis.

    Meio envolvente

    Mudanas no meio envolventeempresarial que suponham novas

    restries econmicas, tecnolgicas,laborais ou de produo.

    Projectos flexveis e anlise estratgicapermanente do meio envolvente.

    Servio deapoio

    ps-venda

    Ausncia de servios adequados aps oprocesso de venda ou durante a

    instalao.

    Considerao do servio de apoio ps-venda como um elemento bsico dobenefcio proporcionado. Anlise da

    duas repercusso anterior introduodo novo produto no mercado.

    Fonte: Elaborao prpria

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    11..22..11..MMOODDEELLOOSSDDEECCLLAASSSSIIFFIICCAAOODDAASSVVAARRIIVVEEIISSQQUUEEAAFFEECCTTAAMMOO

    RREESSUULLTTAADDOODDOOSSNNOOVVOOSSPPRROODDUUTTOOSS

    Para abordar adequadamente o estudo das variveis que condicionam o resultadodos novos produtos, necessrio adoptar uma classificao dessas variveis, que

    permita sistematizar as concluses das diferentes investigaes realizadas. Uma

    das primeiras classificaes, e possivelmente das mais simples, a que distingue

    entre factores internos controlveis pela direco , relativos fundamentalmente

    existncia de eficazes fluxos de informao, ao compromisso com o projecto e

    preocupao com o mercado na empresa, e factores externos no controlveis ,

    ou referidos regulao do meio envolvente competitivo [Souder e Chakrabarty,

    1978].

    Outro modelo dos factores crticos no processo de desenvolvimento de novos

    produtos o elaborado por Maidique e Zirger (1984). Apresenta um carcter

    explicativo, no sentido em que se procura referenciar as interaces que as

    variveis agrupadas em cada factor exercem entre si. Distinguem-se, tal como se

    pode observar na figura 3, cinco grupos funcionais.

    Figura 3:Modelo explicativo dos factores crticos no processo de desenvolvimento de novos

    produtos

    Mercado

    Apoio da direco

    Clienteslderes

    I&D Marketing

    Mercado

    Fonte: Maidique e Zirger, 1984

    Em relao organizao, quatro deles so constitudos por factores internos: a

    competncia das funesde marketing, I&D e produo, a aco da gesto de topo

    orientada para a eliminao das barreiras entre essas funes, o planeamento de

    actividades adequadoe a comunicaoa todas as funes dos objectivos a atingir

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    pela empresa. O quinto grupo inclui factores externos empresa, onde se incluem

    as caractersticas do mercado em que o novo produto ser comercializado. Este

    modelo foi avaliado empiricamente pelos autores, determinando-se a contribuio

    relativa de cada grupo de factores para o resultado final [Zirger e Maidique, 1990].

    Por outro lado, Cooper e Kleinschmidt (1987a) propem um esquema, actualizado

    em sucessivos trabalhos de investigao [Kleinschmidt e Cooper, 1995a e 1995b],

    cuja principal particularidade que transcende na sua anlise o limite das

    actividades funcionais, para integrar uma perspectiva estratgica tanto do processo

    de desenvolvimento de novos produtos como das suas caractersticas (Figura 4).

    Distingue-se o meio envolvente corporativo ou meio envolvente interno (conjunto

    de recursos, experincia e capacidades de marketing, produo e I&D de que aempresa dispe) do meio envolvente externo ou mercado para onde se

    desenvolvem os novos produtos.

    A avaliao emprica deste ltimo modelo permitiu agrupar os factores mais

    significativos em dois grandes blocos: factores controlveis e factores no

    controlveis, circunstanciaisou do meio envolvente. Entre os primeiros incluem-se

    as variveis com efeito a curto prazo e que o director e equipa de desenvolvimento

    controlam; os segundos referem-se a situaes preestabelecidas, que configuram o

    ponto de partida do projecto e que no podem ser alterados pela empresa. Uma

    concluso muito importante, resultante destas investigaes, que a influncia no

    resultado dos novos produtos dos factores controlveis muito superior dos

    circunstanciais, o que deve incentivar a importncia de uma adequada gesto do

    desenvolvimento de novos produtos nas empresas.

    Por outro lado, Lilien e Yoon (1989) agrupam os factores de xito e fracasso em

    funo de trs critrios:

    1. grau de generalidade, em que se distingue se os factores so relevantes

    para as inovaes de produto, de processo ou para ambas; se so aplicveis

    a inovaes destinadas a mercados industriais, de consumo ou

    indiferentemente; e se se referem a inovaes de produto incrementais ou

    radicais;

    2. responsabilidade da gesto de topo, que compreende todos os factores que

    reflictam as aces da gesto de topo, em relao estratgia de novos

    produtos, especificao das actividades a desenvolver pelo marketing e

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    Metodologias de Desenvolvimento de Novos Produtos Industriais

    pela I&D e avaliao do potencial do mercado, assim como do ciclo de vida

    previsvel para o produto, atravs da investigao de mercados;

    3. nveis de controlo da direco, onde se estima em que medida os factores

    so total ou parcialmente controlveis pela empresa e o grau de dinamismoque representam. Isto , em que medida so o resultado de uma deciso

    pontual (por exemplo, o gestor de produto decide planear o processo de

    desenvolvimento de um novo produto da sua responsabilidade) ou se obtm

    em resultado de uma srie de atitudes desenvolvidas a