metodologia para mensurar o impacto da …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo...

22
METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA INOVAÇÃO NAS ATIVIDADES EMPRESARIAIS Carolina Juliana Lindbergh Farias 1 Cézar Augusto Lins de Andrade 2 Cátia Fernanda Lima Santos Freitas 3 Jameson da Silva Gonçalves Junior 4 Resumo O presente artigo tem como objetivo mostrar a metodologia aplicada na incubadora de empresas de base tecnológica utilizada para mensurar as atividades de inovação. O propósito desse trabalho é disseminar a informação obtida, encontrada através da aplicação de uma metodologia própria, ao utilizar diferentes variáveis para mensurar a inovação nas micro e pequenas empresas da realidade brasileira. O estudo está fundamentado em um referencial teórico que apresenta informações sobre metodologias aplicadas atualmente nas micro e pequenas empresas, para mensurar atividades ligadas à inovação, entre elas destacam-se: o Radar da Inovação e o MAPEL. Essas duas ferramentas foram utilizadas para avaliar o grau de inovação das micro e pequenas empresas, sendo observado a necessidade de implementar uma nova metodologia que apresente indicadores direcionados para empresas nascentes. Este presente estudo foi desenvolvido em uma incubadora de empresas de base tecnológica do Estado de Pernambuco, considerando no ambiente incubado as zonas da inovação, bem como o papel das incubadoras de empresas de base tecnológica no fomento ao empreendedorismo. A pesquisa foi desenvolvida com base nos padrões do Manual de Oslo somada à abordagem de Schumpeter. A preocupação com o crescimento das empresas incubadas no quesito de inovação e a necessidade de indicadores direcionados especificamente para pequenos empreendimentos inovadores, deram inicio às atividades de pesquisa sobre as metodologias aplicadas e ao desenvolvimento de um método próprio para analisar o grau da inovação nessas empresas, denominado de Termômetro da Inovação. Os resultados encontrados demonstram com clareza que a metodologia denominada termômetro da inovação tem uma melhor aplicabilidade, direcionamento e mensuração do grau de inovação às micro e pequenas empresas, exercendo assim um maior grau de confiabilidade para indicar os resultados finais das atividades de inovação nas organizações. Palavras-chave: Inovação, incubadora, mensuração da inovação. 1 Bacharel em Administração, mestranda em Administração e Desenvolvimento Rural (PADR/UFRPE). Endereço: Rua Alagoinha,438, CEP: 53439-300 - Paulista/PE, Telefone: (81) 9748.1774, e-mail: [email protected] 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando em Administração e Desenvolvimento Rural PADR/UFRPE. Endereço: Rua Murilo Braga, 08, Sucupira, CEP:54410-4 60 Jaboatão dos Guararapes PE. Telefone:(81) 9330-5921, e-mail: [email protected] 3 Bacharel em Administração, pós graduada em psicologia organizacional. Endereço: Av. Presidente Kennedy, 7454, aptº 201, Ed. Caraveli, Candeias Jaboatão dos Guararapes CEP: 54.440-480. Telefone: (81) 8120.0962, e-mail: [email protected]. 4 Graduando em Administração (UFRPE). Endereço: Rua Leandro Barreto, 355, bloco 23, apt. 04, Jardim São Paulo, CEP: 50790-000 - Recife/PE. Telefone: (81) 3039-1966, e-mail: [email protected]

Upload: phungxuyen

Post on 14-Oct-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA INOVAÇÃO

NAS ATIVIDADES EMPRESARIAIS

Carolina Juliana Lindbergh Farias1

Cézar Augusto Lins de Andrade2

Cátia Fernanda Lima Santos Freitas 3

Jameson da Silva Gonçalves Junior4

Resumo

O presente artigo tem como objetivo mostrar a metodologia aplicada na incubadora de

empresas de base tecnológica utilizada para mensurar as atividades de inovação. O propósito

desse trabalho é disseminar a informação obtida, encontrada através da aplicação de uma

metodologia própria, ao utilizar diferentes variáveis para mensurar a inovação nas micro e

pequenas empresas da realidade brasileira. O estudo está fundamentado em um referencial

teórico que apresenta informações sobre metodologias aplicadas atualmente nas micro e

pequenas empresas, para mensurar atividades ligadas à inovação, entre elas destacam-se: o

Radar da Inovação e o MAPEL. Essas duas ferramentas foram utilizadas para avaliar o grau

de inovação das micro e pequenas empresas, sendo observado a necessidade de implementar

uma nova metodologia que apresente indicadores direcionados para empresas nascentes. Este

presente estudo foi desenvolvido em uma incubadora de empresas de base tecnológica do

Estado de Pernambuco, considerando no ambiente incubado as zonas da inovação, bem como

o papel das incubadoras de empresas de base tecnológica no fomento ao empreendedorismo.

A pesquisa foi desenvolvida com base nos padrões do Manual de Oslo somada à abordagem

de Schumpeter. A preocupação com o crescimento das empresas incubadas no quesito de

inovação e a necessidade de indicadores direcionados especificamente para pequenos

empreendimentos inovadores, deram inicio às atividades de pesquisa sobre as metodologias

aplicadas e ao desenvolvimento de um método próprio para analisar o grau da inovação

nessas empresas, denominado de Termômetro da Inovação. Os resultados encontrados

demonstram com clareza que a metodologia denominada termômetro da inovação tem uma

melhor aplicabilidade, direcionamento e mensuração do grau de inovação às micro e pequenas

empresas, exercendo assim um maior grau de confiabilidade para indicar os resultados finais

das atividades de inovação nas organizações.

Palavras-chave: Inovação, incubadora, mensuração da inovação.

1 Bacharel em Administração, mestranda em Administração e Desenvolvimento Rural (PADR/UFRPE).

Endereço: Rua Alagoinha,438, CEP: 53439-300 - Paulista/PE, Telefone: (81) 9748.1774, e-mail:

[email protected] 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando em Administração e Desenvolvimento Rural –

PADR/UFRPE. Endereço: Rua Murilo Braga, 08, Sucupira, CEP:54410-4 60 Jaboatão dos Guararapes – PE.

Telefone:(81) 9330-5921, e-mail: [email protected] 3Bacharel em Administração, pós graduada em psicologia organizacional. Endereço: Av. Presidente Kennedy,

7454, aptº 201, Ed. Caraveli, Candeias – Jaboatão dos Guararapes – CEP: 54.440-480. Telefone: (81) 8120.0962,

e-mail: [email protected]. 4 Graduando em Administração (UFRPE). Endereço: Rua Leandro Barreto, 355, bloco 23, apt. 04, Jardim São

Paulo, CEP: 50790-000 - Recife/PE. Telefone: (81) 3039-1966, e-mail: [email protected]

Page 2: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

METHODOLOGY FOR MEASURE THE IMPACT OF INNOVATION

IN BUSINESS ACTIVITIES

Carolina Juliana Lindbergh Farias

Cézar Augusto Lins de Andrade

Cátia Fernanda Lima Santos Freitas

Jameson da Silva Gonçalves Junior

Abstract

This article aims to show the methodology applied in the business incubator based technology

to measure innovation activities. The purpose of this paper is to disseminate the information

obtained, found through the application of a methodology, using different variables to

measure innovation in micro and small enterprises in the Brazilian reality. The study is based

on a theoretical framework that provides information on methodologies currently used in

micro and small enterprises, to measure activities related to innovation, among them are: the

Innovation Radar and MAPEL. These two tools were used to evaluate the degree of

innovation of micro and small businesses, and we observed the need to implement a new

methodology to present indicators targeted for start-ups. This present study was developed in

an incubator for technology-based companies in the State of Pernambuco. The methodology

considers the environment incubated the areas of innovation, as well as the role of business

incubators in promoting technology-based entrepreneurship. The survey was developed based

on the standards of the Oslo Manual added to Schumpeter's approach. The concern with the

growth of the incubated companies in the category of innovation and the need for indicators

targeted specifically for small innovative enterprises, gave early research activities on the

methodologies and the development of a method for analyzing the degree of innovation in

these companies, called Thermometer of Innovation. The results clearly show that the

methodology called thermometer innovation has better applicability, targeting, and

measurement of the degree of innovation of micro and small domestic companies, thus

exerting a greater degree of reliability to indicate the final results of the activities of

organizational innovation.

Keywords: Innovation, incubator, innovation measurement.

Page 3: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

1. Introdução

O objetivo do presente trabalho se define por uma pesquisa que pretende mensurar as

atividades de inovação nas empresas, com base nas metodologias já aplicadas anteriormente

nas organizações, adaptando a realidade das empresas do ambiente incubado, somadas à

observação da dimensão da inovação no contexto atual. Dessa forma foi definida uma

metodologia que considera os indicadores apropriados para atender às micro e pequenas

empresas do ambiente incubado de base tecnológica.

Partindo do pressuposto de que as empresas são movidas pelas habilidades

empreendedoras que oxigenam a mudança no ciclo econômico, defendido por Schumpeter, a

tentativa de conhecer o grau de inovação nas empresas se faz necessário para poder gerir

melhor as ações estratégicas, minimizando os fatores que levam as organizações ao declínio,

diminuindo em paralelo o desenvolvimento econômico da região. Ações essas que são

importantes para o aumento da competitividade e produtividade bem como melhoria da

qualidade de vida, geração de emprego e renda.

Considerando que a inovação é o fator “mola” da economia para o desenvolvimento

de uma região, buscar-se-á identificar quais as transformações que são feitas por essas

empresas.

As metodologias utilizadas para mensurar o grau de inovação nas empresas foram

adaptadas para a utilização das mesmas em empresas que fazem parte do ambiente incubado.

A aplicação da metodologia foi desenvolvida pela atual necessidade de avaliar e poder

comparar anualmente o grau de inovação, produtividade e desenvolvimento das empresas

incubadas.

O fato das incubadoras serem um modelo mundialmente conhecido pela sua eficiência

para promover a interação Universidade/Empresa, através do desenvolvimento e transferência

de tecnologia. A exemplo do ocorrido no vale do Silício/EUA, o nascedouro dos parques

tecnológicos, tem influenciado para que o desenvolvimento desta pesquisa fosse realizado em

especial ao ambiente incubado de base tecnológica, em interação com a Universidade, na

busca de contribuir com as pesquisas para desenvolver, sobretudo, a incubadora e disseminar

um modelo que contribua para a promoção de suas atividades.

2. Inovação

Page 4: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

A inovação é a mudança de pensar, não se resume ao uso de novas tecnologias, nem

ao desenvolvimento de novos produtos e processos, é a incorporação de novos conhecimentos

a atividade produtiva e sua comercialização.

Existem palavras abordadas no conceito de inovação que são adversas ou se

completam quando são facilmente englobadas em uma mesma linha de raciocínio, porém, se

não forem bem substanciadas pode haver difícil entendimento. Dessa forma esclarecemos o

conceito de invenção e criação, para não acarretar sinônimos errados com a inovação.

Invenção confunde-se muito com descoberta, contudo, invenção é quando alguém cria

uma nova tecnologia ou produto através de um processo contínuo de melhoramentos,

podendo chamar de invenção um aperfeiçoamento ocorrido, é o resultado do esforço da

capacidade de criar do homem, não sendo necessariamente incorporado no processo

produtivo, muito se percebe-se que as invenções tem origem em uma necessidade,

diferentemente da descoberta que é um acontecimento que ocorre quando não se espera, por

se tratar de algo no qual não se esperava acontecer, seja uma revelação de algo até então

ignorado, muitas vezes em um processo de invenção ocorrem descobertas.

Criação é o primeiro passo para poder inovar, considerando as oportunidades, boas

ideias e criatividade. Segundo Schumpeter, os empreendedores são seres capazes de promover

a inovação, que tanto necessita para romper os ciclos da economia, defendia também que o

capitalismo se desenvolvia através do aparecimento de empreendedores, isto é, inventores

extraordinariamente criativos (ou inovadores) que eram os responsáveis por todas as ondas de

prosperidade que o sistema conhecia, agentes de mudança na economia que é rotativa, como

um ciclo, esses empreendedores criavam a ruptura nos processos circulares, dando um salto

na economia, na sociedade, nos negócios e em todos os stakeholders. Quando analisado sob a

ótica Schumpteriana, o fenômeno do empreendedorismo vem ganhando significância, pois se

torna agente ativo de atividades que geram inovações e mudanças na economia.

O atual ambiente econômico é propicio a uma intensa renovação de atitudes e novas

buscas, dessa forma as organizações que desejam se manter no mercado iniciam uma

constante luta para se sobressair da concorrência, acarretando a criação de novos produtos ou

implementação dos que já existem, modificando as formas de fazer as coisas, com melhores

desempenhos em relação a produtividade e melhor qualidade.

Nessa intensa luta busca-se cada vez mais a diminuição dos custos e aumento de valor

agregado do produto ou serviço, que consequentemente dinamizam a economia.

As bases da inovação para a construção desse artigo serão guiadas na visão de

Schumpeter que define cinco visões da inovação, que são:

Page 5: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

1) A introdução de um novo bem, ou qualidade em um bem já existente;

2) Novos métodos de produção;

3) Abertura de novos mercados;

4) Novas matérias primas ou bens manufaturados;

5) Uma nova organização no estabelecimento.

“É preciso nunca esquecer que a inovação

não é um termo técnico. É termo econômico social.

Seu critério não é a ciência nem a tecnologia, mas

uma mudança no cenário econômico e social, no

comportamento das pessoas, como consumidoras ou

produtoras, como cidadãos, estudantes ou

professores.” (Druker, 1981).

Assim consideramos que promover a criação de empresas, o reconhecimento social

dos empreendedores e a percepção de que existem oportunidades de negócio, são medidas que

fomentam o crescimento econômico de uma sociedade (Leite, 2006, p. 25).

Dessa maneira quando se trata da introdução de um novo bem, serviços ou produtos,

Schumpeter faz referência aos empreendedores que tem uma ideia, a tornam economicamente

viável e relevante para o mercado em um processo inovador. Quando esse processo se reduz a

melhoramentos dos produtos e de processos já existentes, atualmente é considerado que esse

processo possa acarretar vantagem competitiva sustentável (VCS) pelas organizações, que se

sobressaem da concorrência, porém aos poucos esses processos vão sendo copiados, mudados

e melhorados por outras empresas, o único jeito de romper essas barreiras, segundo

Schumpeter, é através da destruição criadora.

Atualmente, para que ocorra esse salto na curva, que seria através da destruição

criadora, passando de uma vantagem competitiva sustentável para algo revolucionário é

defendida como conceito a Estratégia do Oceano Azul, ou seja, conseguir tornar a

concorrência irrelevante, buscando novos mercados através da inovação, ou mesmo a

recriação, que pode ser a criação de uma nova maneira de algo que já existe, buscando novos

mercados ainda não alcançados, como ocorreu com o Circu de Solei.

A inovação na dinâmica de Schumpeter modifica constantemente a indústria,

revolucionando a estrutura econômica, partindo de dentro essa modificação de destruir as

velhas formas e criar as novas, encontram diversas dificuldades em fazer com que as pessoas

apoiem essas ideias. O economista John Maynard Keynes afirma em dizer que “A maior

dificuldade do mundo não é fazer com que as pessoas aceitem novas ideias, mas sim, fazê-las

esquecer das velhas”.

Page 6: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

Sendo assim outra possibilidade de inovar é considerar o “começar de novo” mais

valioso do que gastar suas energias em o “tentar melhorar” a forma já existente, em vez de

utilizar as mesmas ferramentas para produzir pequenas alterações, considerar a busca de

novas ferramentas para desenvolver algo novo, esse é o pensamento que leva a obter uma

inovação radical.

Segundo Schumpeter, inovações radicais provocam grandes mudanças no mundo,

enquanto inovações “incrementais” preenchem continuamente processos de mudança,

constituem a chamada vantagem competitiva, por isso o surgimento do conceito de destruição

criadora é tão importante, porém o mais difícil.

3. Metodologias de Mensuração da Inovação

As pequenas e médias empresas atualmente representam 98% do total de empresas

constituídas no Brasil. Mensurar as atividades de inovação nas MPE não é nada fácil, além da

necessidade de definir indicadores específicos para a realidade do Brasil, considerando o

processo de inovação de forma sistêmica, a grande dificuldade é medir a saída dos

investimentos feitos.

A entrada pode consistir em número de pesquisadores na empresa, forma de liderança,

o quanto é investido em P&D para a inovação, entre outros a dificuldade é como levantar os

resultados da saída desses investimentos, como saber de forma técnica, por exemplo, qual a

qualidade da força de trabalho no processo de inovação?

Os indicadores utilizados atualmente pelo Brasil são encontrados no manual de Oslo e

fazem menção aos estudos realizados nos países da OECD. O manual foi criado para países

desenvolvidos, com diferentes culturas empresariais e sociais, das realidades encontradas no

Brasil.

Os indicadores para mensurar as atividades de inovação devêm ser escolhidos

analisando a realidade organizacional e não contemplando outras realidades, sendo assim

oferece à devida importância a cultura organizacional no contexto econômico e social.

Os indicadores tradicionais de inovação mais aceitos, não contemplam

especificamente a realidade das micro e pequenas empresas incubadas.

Segundo o José Rios e Jefferson Pinto (2011) os indicadores mais utilizados são:

Estatísticas de P&D; mensurados pelos gastos e mão de obra alocada em Pesquisa e

Desenvolvimento não apresentam resultados dos inputs do processo;

Page 7: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

Patentes, são consideradas mais medidas do esforço inventivo do que um sucesso inovador.

Deve ser utilizado juntamente com outra medida de inovação;

Monitoração direta da inovação; possui algumas desvantagens, pois a enumeração das

inovações de uma empresa não reflete necessariamente o grau de sucesso mercadológico do

produto;

Indicadores bibliométricos é mensurado através da contabilização de artigos científicos ou

citações em artigos científicos, a desvantagem é que a inovação consiste em desenvolvimento

experimental e não pesquisa básica.

Técnicas semi-quantitativas, tratam da avaliação de desempenho de departamentos de P&D,

análise de produtividade em organização P&D, a desvantagem é que não retrata a empresa

globalmente em escala mundial.

Dos indicadores tradicionais, a número de patentes pode ser utilizado reajustando pela

fórmula que considera: o número de patentes ativas no mercado, como um sucesso inovador,

pelo número de patentes total. Pode ser exemplificado pela fórmula abaixo:

NP =∑ n° patentes ativas no mercado

∑ n°patentes

Dessa forma este trabalho busca encontrar melhorias para desenvolver indicadores que

se adequem a realidade do Brasil. Apesar de partir dos indicadores já difundidos, buscou-se

nessa pesquisa apurar a cultura desenvolvida nas organizações brasileiras antes de escolher os

indicadores.

Para ter melhor aplicabilidade e relevância o modelo elaborado utilizou-se como

amostra da pesquisa uma incubadora de empresas de base tecnológica.

A base desse método é composta por metodologias já utilizadas no Brasil, que também

partem do manual de Oslo: Radar da Inovação e MAPEL.

3.1. Radar da Inovação

O conceito de inovação é bastante variado, dependendo, principalmente, da sua

aplicação. De forma sucinta, a inovação é a exploração com sucesso de novas ideias que

gerem valor. A questão principal a ser estudada é como pode ser mensurada a inovação dentro

das empresas. Diante dos vários estudos e métodos criados para chegar a tal objetivo,

encontra-se o Radar da Inovação.

Page 8: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

O Radar da Inovação consiste em uma metodologia baseada nas 12 dimensões da

inovação descritas por Mohanbir Sawhney, que permite avaliar o grau de maturidade

inovadora das organizações de pequeno porte. (Bachmann e Destefani, 2008). Uma décima

terceira dimensão foi criada, por Bachmann e Destefani, intitulada como Ambiência

Inovadora.

Cada dimensão possui algumas questões que foram simplificadas em três situações,

visando classificar a empresa analisada em pouco ou nada inovadora, inovadora ocasional ou

inovadora sistêmica. Cada afirmação possui uma pontuação específica, chamada de Escore

(Grau de Maturidade). A média aritmética dos Escores em todas as dimensões resulta na

mensuração do Grau de Inovação da Micro e pequena empresa avaliada.

Após a avaliação na empresa as dimensões terão um escore entre um e cinco, indicado

de acordo com a percepção do consultor que aplicou o questionário e a média aritmética

resultará no Grau de Inovação Global da empresa avaliada, sendo cinco, o grau de inovação

máximo que uma empresa pode atingir.

3.2 Mapel

O método MAPEL é utilizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que

consiste em avaliar seis dimensões, essa ferramenta busca avaliar o grau de maturação as

atividades de inovação na empresa. As dimensões avaliadas são: métodos, ambiente, pessoas,

estratégia, liderança e resultados, sendo cinco voltadas para os processos estruturais da

organização e uma para os resultados obtidos.

A aplicação da metodologia consiste em um questionário caracterizado por quatro

perguntas por dimensão, desdobrando-se em seis possíveis respostas, que variam em uma

gradação de zero a três pontos, depois que a pontuação de cada dimensão é encontrada é

avaliada uma última dimensão vinculante das demais que corresponde ao resultado obtido,

onde será confrontado com o esperado e comparado com outras empresas de mesmo porte e

atividade.

Algumas observações foram feitas na aplicação do MAPEL:

A Extensão e complexidade das perguntas acabam por destacar a omissão na abordagem,

em termos de trocas de informação da empresa.

O nível de escolaridade dos entrevistados foi uma variável que interferiu na aplicabilidade

do método e apuração das respostas concisas.

Page 9: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

As perguntas apresentam ligeiras ambiguidades e polissemias, tornando difícil às vezes até

mesmo para os graduados na área interpretarem.

Outro fato em comum entre as pessoas abordadas, é que boa parte dos empresários não

sabiam ao certo como responder precisamente o que foi perguntado.

Em outros momentos várias das perguntas foram desconsideradas pelos empresários por

não se aplicarem a realidade da empresa.

3.3 Termômetro da Inovação

O termômetro da inovação foi desenvolvido para mensurar a inovação nas micro e

pequenas empresas, com base na Teoria Shumpteriana, somada ao Manual de Oslo. O nome é

uma analogia ao termômetro de Kanitz, antigo método para verificar o nível de falências das

organizações, foi onde originou a ideia de testar uma equação que levaria a identificação do

grau de inovação das micro e pequenas empresas, devido à necessidade de uma equação que

corrija as avaliações feitas na identificação da inovação nas organizações.

Algumas necessidades podem ser observadas tais como:

a) Melhores indicadores: os indicadores utilizados nem sempre estão condizentes com a

realidade de cada região e também com a realidade das micro e pequenas empresas no Brasil,

por isso se faz necessário adequar os indicadores a realidade existente no ambiente da

pesquisa, por esse motivo foram adicionados e retirados alguns indicadores.

b) Novas escalas de medição: atualmente os valores são empíricos, dados de acordo com a

percepção de quem aplica o método, dessa forma detém alto nível de tendências. Para que o

modelo possa se tornar um elemento técnico com maior confiabilidade nas escalas de

medição, deve ter baixo nível de tendências e ser avaliado de forma técnica, por essa questão

foram atribuídas escalas de medição bi variáveis.

c) Aplicabilidade: atualmente são elaborados enormes questionários que misturam a

necessidade de encontrar o grau de inovação com analise estratégica organizacional, servindo

mais de um diagnostico para consultoria empresarial, do que foco na inovação. Dessa forma

considera-se que os métodos utilizados atualmente são técnicas para consultorias empresariais

em gestão organizacional, com foco em desenvolver a organização através de acionar ao

empresário para ações que já deveriam ser tomadas e ainda não foram identificadas.

A percepção de se trabalhar com inovação nessa pesquisa parte do pressuposto que a

empresa já tenha dois anos desde o inicio de suas atividades, onde nesses primeiros anos a

Page 10: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

organização deve estar desenvolvendo seus métodos próprios de processos internos bem como

captação de clientes e atender a demanda existente.

Após o período de dois anos a empresa já deve estar com seus processos internos

formados, ou bem encaminhados e nesse momento é a hora de inovar, de se preocupar com

desenvolvimento de processos depois deles já firmados e sua aplicabilidade deve ser a cada

dois anos.

Outra mudança concedida no termômetro da inovação foi a sua aplicabilidade para

uma forma mais dinâmica, possibilitando a sua aplicação para o próprio empresário, onde

posteriormente um consultor externo poderia verificar as respostas obtidas indo na própria

empresa e buscando evidenciar as respostas.

Portanto considera-se que houve mudanças considerando as metodologias anteriores

nas escalas de medição, nos indicadores, na aplicabilidade do questionário e no tempo

estimado de mensuração.

O termômetro da inovação segue a teoria de Schumpeter (1988), onde diz que a

inovação é definida por cinco combinações, (SHUMPETER, 1988, P. 7).

1.Introdução de um novo bem, que os consumidores não estejam familiarizados ou uma

mudança na qualidade.

2.Introdução de novo método de produção, podendo ser uma nova maneira de utilizar

comercialmente a mercadoria.

3. Abertura de novo mercados.

4. Conquista de novas fontes de obtenção de matéria-prima ou de bens.

5. Estabelecimento de uma nova organização ou criação de Monopólio.

Somadas as abordagens do Manual de Oslo que considera a inovação em quatro tipos:

inovação tecnológica de produto e de processos, inovação em marketing, inovação

organizacional, estabelece os indicadores do termômetro:

Liderança empreendedora visa identificar o perfil do gestor;

Desenvolvimento organizacional visa identificar a inovação em modelos organizacionais;

Atividades na empresa visa identificar a ocorrência de inovação de produtos ou processos;

Marketing visa identificar a inovação em marketing, abertura de novos mercados;

Sustentabilidade empresarial visa identificar se há dominância de ações sustentáveis no

ambiente socioambiental.

A dimensão denominada, liderança empreendedora: considera o perfil da gestão

organizacional, visa identificar se através de ações desenvolvidas na empresa podem ser

Page 11: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

contempladas como fatores de influencia na inovação. Pressupõe que através dos líderes são

incentivadas e implementadas ações do processo de inovação de forma sistêmica, busca-se

então identificar se os líderes se consideram capazes de inspirar confiança, fazendo as pessoas

acreditarem na importância de suas atividades para a empresa, ajudar os empregados a

desenvolverem suas próprias atividades, compartilhar informações e conhecimento dentro da

empresa, estando sempre em busca de novas coisas. Através dessa variável busca avaliar qual

é o perfil do gestor no comando da organização, se a visão inovadora contempla essa

dimensão estando atrelando a visão do empreendimento positivamente na sociedade.

Desenvolvimento organizacional: esse indicador busca avaliar se as atitudes

inovadoras estão inseridas dentro da organização. Foi baseado nas características detentoras

nas empresas de base tecnológica no Vale do Silício, através de uma pesquisa realizada onde

demonstrou que as empresas de base tecnológica de sucesso teêm características semelhantes

tais como: testam ideias inovadoras rapidamente, estimulam ideias como um processo

sistêmico e contínuo, aceitar erros e corrigi-los, avaliar os equívocos cometidos, trabalhar com

o procedimento do open-innovetion e cocriação, não se limitando em trabalhar dentro das

paredes da empresa, se envolvendo com outros projetos ou projetos com pessoas de fora para

buscar ideias para dentro da empresa.

Atividades na empresa: esse indicador considera os processos de inovação em

produtos/serviços ou processos, através de informações que buscam identificar as possíveis

inovações incrementais e radicais desenvolvidas na organização, as mudanças de estratégia,

os teste de produtos e serviços que não deram certo, a retirada de produtos e serviços do

mercado, as formas de reduzir custos e aumentar valor, a participação em projetos inovadores

dentro da empresa e o desenvolvimento de melhorias nos produtos, processos ou serviços.

Marketing: através do pressuposto que a inovação precisa ser algo desenvolvido para a

população, ser aceita e vendável, busca identificar através do marketing direcionado na

organização como é aceitação da empresa pela grande massa populacional. Consiste em

analisar a percepção de criar ondas de necessidades nos consumidores, de desejos e tornar o

produto vendável, através do conhecimento de informações com mercados que a empresa

atua, seus segmentos, desenvolvimento de pesquisa de mercado, a busca de conhecimento

através de pesquisas, como é a comunicação da empresa com os clientes externos, buscando

atender suas necessidades e quais as formas de comunicação existentes, por fim busca-se

avaliar de que forma a empresa incrementa suas vendas principais.

Sustentabilidade empresarial: partindo do pressuposto que se as atividades

desenvolvidas por uma empresa inovadora, precisa ser vendável concomitantemente

Page 12: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

respeitadora do ambiente natural e social, além de que o impacto das ações sustentáveis

diminui o risco dos seus negócios. Do ponto de vista comercial, os consumidores estão cada

vez mais exigentes, apresentam novos valores na sociedade, sobretudo, adeptos a uma vida

melhor. Produtos e serviços são mais vendidos como satisfação dos desejos, do que sua real

necessidade.

Tal dimensão enfatiza a capacidade de empenho das empresas, governos e sociedade

em assegurar para as futuras gerações um mundo melhor. Do que adianta obter lucros

exorbitantes, se a atividade exercida é predatória e desfavorável ao andamento contínuo das

suas atividades do meio ambiente e social. Percebe-se também que as empresas de base

tecnológica que desenvolvem suas atividades de forma responsável e equilibrada além de

gerar lucros para os stakehorders contribuem para a manutenção do ambiente em que se

instalam.

Vários são os exemplos de sucesso no posicionamento sustentável das empresas de

base tecnológica. A Microsoft por exemplo, desenvolve ações de empregabilidade através do

programa potencial ilimitado, que já certificou 45 mil pessoas, formou 80 mil

desenvolvedores de plataformas Microsoft e 140 mil especialistas em segurança da

informação, gerando 495 mil profissionais no mercado de trabalho contemplando segmentos

populacionais em situação de risco social (mulheres pobres, jovens de classe social mais

baixa, afrodescendentes, pessoas portadoras de deficiências), são empresas promotoras de

sustentabilidade inclusiva.

Várias são as posições que podem ser definidas pelas empresas, a DELL, destaca-se

pela sustentabilidade produtiva, primando pela separação do lixo, reutilização do papel, uso

de lâmpadas de baixo consumo energético e ainda, todas as empresas que utilizam tecnologias

limpas em seus processos produtivos repercutindo em toda a cadeia produtiva.

Busca-se conhecer essa dimensão na empresa por questionamentos como

procedimentos adotados pela empresa a procura de minimizar danos ao meio ambiente,

práticas de descarte, obtenção de licenciamento, certificação ambiental, a identificação da

percepção do gestor em face dessa nova vertente, se existe procedimentos de reuso,

reciclagem e como é tratada a força humana dentro do ambiente de trabalho, avaliando

também as condições de trabalho e necessidades dos funcionários, identificando as condições

mínimas necessárias para a sustentabilidade das ações desenvolvidas dentro da empresa.

As escalas de medição utilizadas são baseadas nas Zonas de inovação classificando-se

em inovação conceitual, inovação reativa e inovação básica sendo acrescentado mais uma

Page 13: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

zona de inovação denominada não inovadora para contemplar as empresas que não estão em

nenhuma das zonas de inovação.

Inovação conceitual: caracteriza-se por empresas que desenvolvem produtos ou

serviços com novo conceito proposto de valor ou modelos de negócio revolucionário.

Também se assemelha a inovação radical defendida no Manual de Oslo, esse tipo de inovação

ocorreu com o circo de Solei, uma das empresas mais inovadoras do mundo. Percebe-se que

se nos primeiros anos tivessem sido aplicados os tradicionais métodos de mensurar a inovação

que englobam extensos questionários para identificar os recursos da empresa, o grau de

escolaridade dos líderes, o nível atrativo do setor e o interesse dos consumidores, o resultado

certamente seria que não é uma empresa inovadora. Porém o Circo de Solei conseguiu propor

um novo valor, criou ondas de desejos nos consumidores, tornaram a concorrência irrelevante

e hoje detém seus próprios métodos reestabelecendo um novo conceito de circo entre os

consumidores.

Inovação reativa: corresponde a inovação que se baseia em produtos/serviços

existentes, voltados para novos mercados, sendo exercida de forma sustentável.

Inovação básica: caracterizada por pequenas melhorias no produto/serviços, baseados

em extensão das linhas ou melhorias incrementais.

Acrescentando mais uma zona denominada de não inovadora: quando a empresa não

detém de atividades, liderança nem recursos necessários para desenvolver a inovação.

O termômetro da inovação visa adaptar as deficiências, nas metodologias propostas

anteriormente, aproximando os indicadores da realidade vivenciada na amostra da pesquisa,

analisando a inovação com base nas abordagens de Schumpeter, através de um tripé que

sustenta o desenvolvimento empresarial, englobando a figura do empreendedor, as atividades

organizacionais e a utilização de recursos.

O resultado obtido é especificado em um termômetro que indica qual o grau da

inovação na empresa analisada.

Figura – 1 Termômetro da inovação

25 Zona conceitual

21,5 Grau de inovação desenvolvido

21,4 Zona relativa

19,2 Grau de inovação em transformação

19,1 Zona básica

16,6 Grau de inovação em criação

16,5 Não inovadora

Page 14: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

Fonte: Elaboração Própria

4.Metodologia

Para atingir os objetivos propostos nesse artigo de natureza quantitativa e qualitativa,

foram realizadas pesquisas diretas e indiretas.

No primeiro caso, foram elaborados questionários estruturados e aplicados em oito

empresas de base tecnologia presentes no ambiente incubado. A pesquisa indireta se apoiou

em diversas fontes bibliográficas e documentais.

Para a criação da metodologia do Termômetro, bem como, a equação utilizada para

mensurar o grau da inovação da empresa, fez-se necessário aplicar os questionários

formulados com base nas outras metodologias de mensuração da inovação, tais como o

MAPEL, o Radar da Inovação e utilizar as informações levantadas como base para a criação

do termômetro.

O questionário tem como base questionamentos de natureza dicotômica, que foram

transformadas as respostas em variáveis Dummies (variável binária), sendo “Sim”

considerado 1 e a resposta “Não” considerada 0. Para cada dimensão são propostos cinco

questionamentos, que correspondem a uma escala para cada dimensão de 0 a 5, sendo as cinco

dimensões consideradas as variáveis explanatórias e o grau de inovação a variável

dependente.

Com as informações obtidas, foi utilizado um modelo de regressão múltipla, através

do Excel, para formular uma equação de regressão, que será utilizada para mensurar o grau de

inovação de cada empresa, após a aplicação do Termômetro.

5.Análise dos Resultados

A análise da dimensão liderança empreendedora, considera a cultura desenvolvida

pelo empreendedor inovador em criar períodos de prosperidade, segundo Schumpeter,

identifica “como ele conduz os meios de produção para novos canais” na busca de fomentar a

inovação e oferecer possibilidades dentro da organização. Esta dimensão é a caracterização

defendida como habilidade empreendedora.

Nos questionários aplicados os empreendedores obtiveram um nível de inovação com

alto grau e desempenho em 75% das empresas pesquisadas, em uma escala de até cinco

perguntas sobre as ações desenvolvidas pelos empreendedores, apenas 25% das empresas

Page 15: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

responderam desenvolver apenas três das cinco ações que favorecem o empreendedor

inovador, abaixo o gráfico representativo da análise da dimensão.

Gráfico 1- Liderança Empreendedora

Fonte: Elaboração Própria

A segunda

dimensão, denominada

desenvolvimento organizacional, representa a essência das ações na empresa de aspecto

inovador, em consonância com todos os funcionários, abertura de ideias oriundas de fontes

externas, mudanças organizacionais e se buscam desenvolver, aperfeiçoar, criar e estimular a

inovação de forma sistemática. Na apuração das respostas a pesquisa nas empresas do

ambiente incubado, constata-se que 75% das organizações possuem quatro das cinco

características organizacionais necessárias para o desenvolvimento da inovação, 12,5%

classifica-se como inovação básica e 12,5% se classificam como desenvolvedora de todas as

ações mínimas necessárias para inovar. Segue abaixo o gráfico 2 com as respostas obtidas.

Gráfico 2 – Desenvolvimento

Organizacional

Fonte: Elaboração Própria

Na análise das atividades empresariais, terceira dimensão, que considera a inovação de

produtos/serviços e processos. Constata através das respostas obtidas que 12,5% das empresas

estão em nível de inovação básico, 12,5% estão exercendo relativamente a inovação,

entretanto 25% das empresas possuem níveis de inovação conceitual e as demais estão em um

nível favorável para o desenvolvimento da inovação. Segue abaixo o gráfico 3 com a

representatividade das respostas obtidas.

Gráfico 3 – Atividades empresariais

Page 16: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

Fonte: Elaboração Própria

Na quarta dimensão, Marketing, identifica se as atividades desenvolvidas na empresa

molda a sociedade com novos desejos, segundo Schumpeter, é a sociedade que deve ser

tomada como referência ao grupo, considerando o fluxo circular que todos se adaptam ao

meio de modo a satisfazer certas necessidades. A busca dessa dimensão procura analisar se a

empresa está agindo em seu meio na satisfação das necessidades, criando desejos. Nas

respostas obtidas, percebe-se uma que as atividades inovadoras em 75% das empresas

afirmam ter três das cinco atividades necessárias nessa dimensão e as demais 25% afirmam

ter 4 das ações inovadoras. O gráfico 4 abaixo representa essa descrição:

Gráfico 4- Marketing

Fonte: Elaboração Própria

Na quinta dimensão denominada de Sustentabilidade Empresarial, busca constatar a

preocupação das empresas de base tecnológica com o desenvolvimento das ações voltadas

para a inovação de forma sustentável. Identifica a questão da empresa ligada com o aspecto

ambiental e com o cliente interno de sua organização, aspecto social.

Através dos questionários aplicados na pesquisa identificou que existem poucas

medidas de avaliação sistêmicas do ambiente do trabalho, bem como a não valoração dos

impactos das atividades empresariais. Também se pode perceber que as organizações fazem

pouco uso, em participação de atividades que desenvolvam o ambiente e a sociedade.

Considera-se que as ações de sustentabilidade organizacional se aproveitam dos

benefícios que podem ser proporcionados através de atividades ligadas ao social.

Consumidores exigentes agregam valor em empresa que agem conscientemente corretas e são

proativas no ambiente social ou natural.

Page 17: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

O gráfico 5 representa as respostas obtidas que consagram o baixo aspecto empresarial

das empresas de base tecnológica na dimensão social e ambiental, responsável pela gestão

empresarial sustentável. (Melo e Froes, 2011).

Gráfico 5 – Sustentabilidade Empresarial

Fonte: Elaboração Própria

O gráfico 6 representa o cruzamento de todas as dimensões relacionadas nas empresas

entrevistadas do ambiente incubado. A inovação conceitual seria obtido através da constante

das retas, no nível 5.

Gráfico 6 – Cruzamento das dimensões

Fonte: Elaboração própria

5.1 Análise dos resultados a

partir do modelo de regressão

múltipla

A análise dos dados a partir do modelo de regressão múltipla é necessária quando se

estuda acontecimentos que necessitam de vários fatores para explica-lo, indicando assim a

construção de um modelo cuja escolha das variáveis independentes tem como função explicar

Page 18: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

a variação da variável dependente. Logo, a variável estudada é expressa como uma função

linear das variáveis explicativas, onde se estima valores para o primeiro termo através dos

valores conhecidos do segundo termo, como mostra a equação de regressão múltipla genérica

abaixo:

Onde:

Y é a variável dependente;

β é a constante;

Xn são as variáveis independes e;

ui é o erro.

Quando se analisa um evento, levantam-se várias hipóteses que podem ser influentes

para que esse evento aconteça. Essas hipóteses são as variáveis independentes. Porém, sempre

existem variáveis que não são avaliadas e que podem de alguma forma influenciar no modelo.

Essas variáveis que não aparecem na regressão são explicadas através do erro (Ui).

Onde:

;

Para o estudo em questão, foi necessário rodar um modelo utilizando o Excel como

ferramenta, e a base de dados adquirida através de questionários aplicados a empresas

incubadas do setor de tecnologia da informação. Segue abaixo a tabela de Regressão Múltipla:

Tabela 1 – Modelo de Regressão Linear Múltipla Variável Dependente: Y

Método dos Mínimos Quadrados

Observações: 8

Variável Coeficiente Erro Prob

X1 0,782 0.093911 0,00000

X2 0,482 0.099903 0,00000

X3 0,457 0,099123 0,00001

X4 0,427 0,996234 0,00000

Page 19: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

Fonte: Elaboração Própria

Onde:

Y é o Grau de Inovação;

X1 é Liderança empreendedora;

X2 é o Desenvolvimento Organizacional;

X3 são as atividades na empresa;

X4 é o Marketing e;

X5 é a Sustentabilidade empresarial.

Analisando o modelo e adotando o nível de significância de 0,01, percebe-se que as

variáveis escolhidas para identificar o grau de inovação de uma empresa são bastante

significativas, tendo em vista que as probabilidades encontradas são de quase zero, estando

abaixo do nível de significância, o que indica em todas as variáveis explicativas rejeitam a

hipótese nula do β ser igual a zero, tornando a variação das variáveis influentes no modelo.

Substituindo os coeficientes estimados acima, tem-se a equação de regressão:

Essa equação servirá para que determinada empresa identifique em que estágio de inovação se

encontra. A partir do termômetro da inovação aplicado, o empresário obterá valores em uma

escala de zero a cinco em cada uma das dimensões, que poderá substituir nas variáveis da

equação de regressão e chegar a um valor numérico, que segundo a escala do termômetro da

inovação, indicará em que estágio inovador a empresa se encontra.

Para ser mostrado de maneira mais clara, segue abaixo uma simulação dos resultados obtidos

de uma empresa fictícia, denominada Delta.

Tabela 2 - Dados da Empresa Delta

Fonte: Elaboração Própria

Substituindo esses escores na equação do termômetro:

X5 0,652 0,983149 0,00000

C 11 0.441102 0,00043

Dimensões Escores

Liderança Empreendedora (X1) 3

Desenvolvimento Organizacional (X2) 4

Atividades na Empresa (X3) 3

Marketing (X4) 5

Sustentabilidade Empresarial (X5) 2

Page 20: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

Y = 20,084

Segundo as escalas do termômetro da inovação, a empresa Delta, encontra-se no

estágio Zona relativa, onde podemos constatar que o grau de inovação 20,084 é considerado

que a empresa desenvolve a inovação de forma ocasional, porém aproxima-se do estágio

inicial da inovação conceitual.

Com todas essas considerações, é possível que o empresário identifique em que

estágio de inovação sua empresa se encontra.

6.Considerações

As Atividades direcionadas para o desenvolvimento do grau da inovação na

organização foram dimensionadas de cinco formas: Liderança Empreendedora,

Desenvolvimento Organizacional, Atividades Empresariais, Marketing e Sustentabilidade

Empresarial. O conjunto dessas dimensões pode ser considerado os fatores defendidos por

Schumpeter e descritos no Manual de Oslo ao que rege startups de base tecnológica. O

desenvolvimento dos questionários foi formulado com base nas metodologias utilizadas

recentemente do Radar da Inovação, MAPEL e de formulários do Vale do Silício que

consagram características semelhantes de empresas de base tecnológica.

A nova metodologia específica, defendida para se trabalhar em um ambiente incubado,

recebe o nome de Termômetro da Inovação e objetiva distinguir as empresas com base nas

suas zonas da inovação, através do grau de inovação obtido nos resultados dos

questionamentos.

As respostas são de base binária para que não ocorra à interpretação errônea de quem

está avaliando, por esse motivo também é que o próprio empresário pode responder as

alternativas na primeira etapa e posteriormente ser feita a averiguação das respostas obtidas in

loco. Abaixo o resultado de todas as empresas incubadas de base tecnológica que

responderam os questionários aplicados.

Tabela – 3 Grau de inovação das empresas incubadas da INCUBATEP

Empresas Grau de

inovação

A 19,947

B 19,033

C 17,816

Page 21: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

D 22,385

E 20,114

F 21,251

G 22,36

H 23,012

Fonte: Elaboração própria

Dessa maneira, pode considerar que a empresa C encontra-se na zona de inovação

básica, as empresas A, B, E e F se encontram na zona relativa de inovação e as empresas D, G

e H se encontram na zona conceitual de inovação.

Conclui-se que o termômetro da Inovação é um método eficaz e simples de ser

aplicado, tendo em vista que os resultados obtidos confirmam a percepção dos consultores e

avaliadores ao visitar as empresas, porém o termômetro propõe uma forma de mensurar,

saindo das tendências perceptivas que estão relacionadas a atuação dos consultores em outras

metodologias e propõe a facilitação de diagnósticos focados em atividade inovadoras de base

tecnológica.

Page 22: METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (28).pdf · carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando

Referências

VII SEMEAD. PINTO, Jeferson de Souza; ANHOLON, Rosley. A inovação nas empresas e a

necessidade de novos paradigmas em indicadores de desempenho, 2004.

XVI Workshop Amprotec. BENCHMANN e Associados. Medindo a inovação na micro e

pequena empresa, 2008.

BACHMANN, Dóran L.; DESTEFANI, Jully Heverly. Metodologia para estimar o Grau de

Inovação nas MPE. Cultura do Empreendedorismo e Inovação, 2008.

KASSAI, José Roberto; KASSAI, Sílvia. Desvendando o termômetro de insolvência de

Kanitz, 1998.

LOURES, Camila S.; FIGUEIREDO, Paulo N. Mensuração de Capacidade Tecnológicas

Inovadoras em empresas de economias emergentes: méritos, limitações e complementaridades

de abordagens existentes. Vol. IX, 2009.

Manual de Oslo: Diretrizes para a coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3ª Edição.

MATTOS, Fernando; STOFFEL, Rafael; TEIXEIRA, Rodrigo de Araújo. Mobilização

empresarial pela inovação: Cartilha Gestão da Inovação. Confederação Nacional da Indústria,

Brasília, 2010. 47 p.

MELO Neto, Francisco Paulo de, e FROES, César. O bem-feito: os novos desafios da gestão

de responsabilidade socioambiental sustentável corporativa- Rio de Janeiro: Qualitymark

Editora, 2011. ISBN 978- 85- 7303-012-9

SCHUMPETER, Alois Joseph. Teoria do Desenvolvimento Econômico: uma investigação

sobre lucros, capital, crédito, juros e o ciclo econômico. 1997. Círculo do livro Ltda. ISBN

85-351-0915-3