experiência da incubadora do eit/ufmt para promover a...
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1Mestre em Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) /
Cooperativa dos Pescadores e Artesãos de Pai André e Bonsucesso (COORIMBATÁ); Av.
Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança. Cuiabá - MT; (65) 3615-8001; [email protected]
2Doutor em Engenharia Mecânica, Cooperativa dos Pescadores e Artesãos de Pai André e
Bonsucesso (COORIMBATÁ)/ARCA Multincubadora; Rua Prof. Feliciano Galdino, nº 50 –
Porto. Cuiabá – MT; (65) 3615-2800; [email protected] 3Pedagoga, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); Av. Fernando Corrêa da Costa, nº
2367 - Bairro Boa Esperança. Cuiabá - MT; (65) 3615-8001; [email protected] 4Doutor em Computação, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Av. Fernando
Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança. Cuiabá - MT; (65) 3615-8001;
Experiência da Incubadora do EIT/UFMT para promover a função da inovação
na evolução socioambiental e na inclusão social
Oscar Zalla Sampaio Neto1; Nicolau Priante Filho
2; Lótus Maria de Souza Reuben
3; Josiel
Maimone de Figueiredo4
Resumo
Este artigo apresenta orientações conceituais, os processos de execução, avaliação,
planejamento e estruturação da Incubadora do Escritório de Inovação Tecnológica da
Universidade Federal de Mato Grosso (EIT/UFMT) com o objetivo de consolidar a função da
Inovação na evolução socioambiental e na inclusão social. Baseando-se na experiência
inovadora da Tecnologia Social “Pesquisador Cooperado”, desenvolvida pela Cooperativa dos
Pescadores e Artesãos de Pai André e Bonsucesso (COORIMBATÁ) e a UFMT, como
estratégia de estruturação de processos de incubação e orientando-se pelos princípios
presentes na identidade (missão, visão e valores) da Incubadora desenvolveu-se um método
que possibilitou o envolvimento significativo de toda equipe da Incubadora no processo de
mudança, trazendo a percepção de novos conceitos e o desenvolvimento de novas
competências, processos e ferramentas. A Metodologia de Gerência de Projetos do Sistema de
Administração de Recursos de Tecnologia da Informação (MGP-SISP) foi adaptada para
atender essa nova realidade. Como resultado do trabalho foi possível a adaptação da gestão do
Programa de Extensão “Incubadora de Tecnologia Social e Economia Solidária” dentro da
Metodologia SISP para a gestão de projetos sociais. A identidade da Incubadora da UFMT
assim como o organograma, a descrição dos papéis e responsabilidades dos membros da
equipe e o planejamento financeiro foram elaborados de maneira autogestionária. Os sistemas
exigidos pelo Termo de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos – CERNE foram
estabelecidos para atenderem e prospectarem empreendimentos econômicos solidários a
serem incubados, de modo articulado com demandas de programas governamentais. Foi
definida uma Estrutura Analítica do Projeto (EAP) implementada no Sistema GPWeb para
gerenciamento, gestão estratégica e protocolos eletrônicos de documentos. Todos os
processos desenvolvidos podem orientar reaplicações em outras incubadoras. Destaca-se a
originalidade da forma de articulação da UFMT com a ARCA Multincubadora propiciando
uma inovadora forma de institucionalizar a Incubadora do EIT.
Palavras chave: Estrutura Analítica de Projetos – GPWeb. Economia Solidária. Tecnologia
Social. projeto de inclusão social. CERNE.
EIT / UFMT Incubator’s experience to promote the role of innovation in
environmental development and social inclusion
Keywords: Work breakdown structure – GPWeb. Solidarity Economy. Social Technology.
social inclusion project. CERNE.
ABSTRACT
This article presents conceptual guidelines, the process of planning, appreciation, structuring
and execution of Federal University of Mato Grosso Tecnhological Innovation Office
Incubator (TIO / UFMT), with the aim to consolidate the role of Innovation in environmental
evolution and social inclusion. Based on the innovative experience of "Cooperated
Researcher" Social Technology, developed by the Cooperative of Fishermen and Artisans of
Pai André and Bonsucesso (COORIMBATÁ) and UFMT, as a strategy for structuring
processes of incubation and guided by principles current in the identity ( mission, vision and
values) of the Incubator has developed a method that allowed for the meaningful involvement
of all staff in the Incubator process of change, bringing awareness of new concepts and
developing new skills, tools and processes. The Methodology of Project Management (SISP)
has been adapted to meet this new reality. As a result of the work it was possible to adapt the
management of the Outreach Program "Solidarity Economy and Social Technology
Incubator" within the SISP methodology for management of social projects. The identity of
the Incubator as well as the organization chart, the description of the roles and responsibilities
of team members and financial planning were prepared on a self-managed way. The systems
required by the Reference Terms to Support New Ventures – CERNE were established to
meet and to prospect solidarity economy enterprises to be incubated, articulated with
government programs demands. Was defined the Work Breakdown Structure (WBS) and it
was implemented in GPWeb system for management, strategic management and electronic
protocols of documents. All processes developed can guide replication in other incubators.
Highlights the originality of this way of articulation between UFMT and ARCA
Multincubator providing an innovative way to institutionalize the TIO Incubator .
INTRODUÇÃO
São muitos os exemplos da história da humanidade nos quais o poder de
transformação da sociedade iniciou com a coragem de indivíduos ou de grupos de refletirem
sobre suas ações e mudarem a si mesmos para promover processos construtivos e
colaborativos.
Como descrito por Priante et.al. (2012) pesquisadores da Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT), incomodados com as dificuldades de fazer com que os resultados de
suas pesquisas fossem aplicados na solução de problemas regionais, transformaram sua forma
de atuação como pesquisadores. A nova forma proposta teve como ponto de virada a
associação, por parte dos pesquisadores, a uma cooperativa sediada na periferia da cidade, a
Cooperativa de Pescadores e Artesãos de Pai André e Bonsucesso (COORIMBATÁ), que
havia alterado seu estatuto, de forma inovadora, incluindo a pesquisa científica como um dos
seus objetivos.
Como “Pesquisadores Cooperados”, prática reconhecida posteriormente como
Tecnologia Social e vencedora do Prêmio ODM Brasil, tiveram e continuam tendo papel
determinante no estabelecimento de processos inovadores para transformar nossas cidades.
Esta nova forma de atuação propicia um maior envolvimento do pesquisador com a
comunidade, ampliando aspectos educativos de formação e autoformação, além de sua
especialidade técnica, favorecendo assim a atuação transdisciplinar sendo eficaz no
estabelecimento de fortes relações de confiança entre diferentes atores. A capacidade de
articulação do Pesquisador Cooperado propicia também condições para que outras entidades,
governamentais ou não, atuem de forma integrada na busca de sustentabilidade e formação de
uma rede de produção e de comercialização desses empreendimentos de forma solidária.
Uma transformação importante na UFMT foi a incorporação da prática “Pesquisador
Cooperado” nos processos de incubação de empreendimentos econômicos solidários na
Incubadora do Escritório de Inovação Tecnológica da UFMT denominada Incubadora de
Tecnologia Social e Economia Solidária (INTECSOL). Essa incubadora tem como um de seus
objetivos a formação de uma rede entre os empreendimentos, a Rede de Colaboração
Solidária, implantada pela COORIMBATÁ, envolvendo diretamente os produtores familiares
associados, a comunidade acadêmica e demais parceiros. Nesse contexto, o pesquisador
cooperado trouxe maior envolvimento dos pesquisadores da UFMT com os empreendimentos
compostos por pessoas de comunidades tradicionais como quilombos, pescadores, artesãos,
atingidos por barragens, trabalhadores assentados da agricultura familiar e grupos que
difundem práticas agroecológicas. Esse processo de incorporação e interação do pesquisador
cooperado, entretanto, tem representado um grande desafio não somente em relação à
formação e a consolidação de uma equipe multidisciplinar como também no estabelecimento
e comprovação de utilização dos sistemas exigidos pelo Centro de Referência para Apoio a
Novos Empreendimentos (CERNE).
Para um entendimento mais adequado desse desafio, é preciso entender o processo de
evolução da incubadora. Assim, em Mato Grosso, a primeira incubadora foi criada em 2001,
denominada Incubadora Cuiabá Soft, uma incubadora setorial para empresas de Tecnologia
da Informação e Comunicação. Situada no campus da UFMT, a Cuiabá Soft passou por uma
reformulação em 2005 e transformou-se na Arca Multincubadora, que é uma associação sem
fins lucrativos, entendida como um Centro de Inteligência em Negócios Inovadores
Sustentáveis, formado por alianças estratégicas, fruto da união de órgãos públicos, da
iniciativa privada e do terceiro setor.
O objetivo da Arca Multincubadora é servir de agente de inclusão social de
empreendedores inovadores, através do desenvolvimento de sistema integrado de
conhecimentos multidisciplinar e transdisciplinar, constituído de quatro Incubadoras:
Agrotecnologia, Mista (Base Tecnológica e Convencional), Tecnologia Social e Cultural que
atuam de forma integrada, interligada e interdependente.
Em janeiro de 2010 a estrutura de incubação da Arca Multincubadora foi incorporada
pelo EIT-UFMT. O EIT-UFMT é um órgão classificado como um Núcleo de Inovação
Tecnológica (NIT), conforme os preceitos da Lei de Inovação Tecnológica (Lei 10.973/2004),
e tem como missão “gerir a política de inovação da UFMT a fim de articular os atores
internos e externos para efetivar o processo de inovação”. Sua atuação tem as finalidades de
gestão da propriedade intelectual, estudos e pesquisas em gestão estratégica da inovação, a
articulação e interação entre pesquisadores e organizações para criar redes sociais de inovação
e a gestão integrada dos processos de incubação dos empreendimentos de economia solidária,
e empreendimentos inovadores, fomentando o empreendedorismo com ênfase na incubação
de organizações, de forma a difundir a cultura da inovação. Assim, a incubação feita pelo
EIT-UFMT, conta com a relação cíclica, e inter-relacionada entre a INTECSOL/UFMT, Arca
Multincubadora e os incubados.
Com isso, a atuação do EIT-UFMT extrapolou seu papel tradicional de Núcleo de
Inovação Tecnológica e trouxe a sua visão transversal, interdisciplinar e transdisciplinar do
processo de inovação tecnológica para o processo de incubação de empresas. Efetivou
também sua atuação de realizar de forma integrada as ações relacionadas com base
tecnológica e tecnologia social.
Toda essa participação universitária com a esfera empresarial tem como base Lei de
Inovação Tecnológica que estabeleceu um modelo de inovação baseado na concepção da
tripla-hélice na qual os atores são classificados como empresa, governo e universidade. Nesse
contexto, esta lei obriga que as universidades tenham um papel ativo nesse processo e dentro
das ações envolve a estruturação de ambientes propícios à Inovação.
Toda essa transformação tomou um novo e grande impulso de desenvolvimento para a
Incubadora com a aprovação e execução simultânea de oito projetos/programas que são: (1)
“Incubadora de Tecnologia Social e Economia Solidária - INTECSOL” edital PROEXT 2013
– MEC/SESu; (2) “Projeto de implementação, do nível de maturidade CERNE” edital
SEBRAE/ANPROTEC 01/2011 Aplicação do Modelo CERNE; (3) “Centro Interdisciplinar
de Estudos em Biocombustíveis – CIEB” CNPQ 552093/2009-2; (4) “Incremento da
infraestrutura do programa de incubação de empresas de base tecnológica da UFMT” –
MCT/SETEC/CNPq nº 09/2011- Apoio a Incubadoras de Empresas; (5) “Rede de
Colaboração Solidária – Região do APM Manso” - convênio/Resolução de Diretoria de
FURNAS nº 003/2656; (6) “Adequação da Coleta Seletiva de Várzea Grande”, (7) “Rede
Leiteira da Baixada Cuiabana”; (8) “Conexão Peixe na Alimentação Escolar” sendo estes
últimos três aprovados pelo Programa ReDes do Instituto Votorantim em parceria com o
BNDES. Como conceituado anteriormente pela relação cíclica, os projetos/programas
aprovados têm como entidades executoras hora a Universidade, hora a Arca Multincubadora
hora os Empreendimentos Incubados contando cada qual com a parceria dos demais para a
respectiva execução. Este novo quadro exigiu uma reengenharia da estrutura organizacional
da Incubadora.
O Estudo, Análise e Proposições sobre as Incubadoras de Empresas no Brasil
(ANPROTEC e MCTI, 2012) em sua avaliação taxonômica para organização/estruturação das
incubadoras de empresas brasileiras as dividiu em três grupos; de economia solidária, de
empresas de base tecnológica e de empresas tradicionais tendo as universidades como as
principais instituições de vinculação. Este Estudo indica que o foco de atuação das
incubadoras brasileiras está voltado preponderantemente na dinamização da economia local
tendo como principal área de captação de empreendimentos a microrregião onde a incubadora
está inserida. Em suas análises o Estudo cria dois grupos de incubadoras que são: Incubadoras
de empresas orientadas para o desenvolvimento local ou setorial e Incubadoras de empresas
orientadas para a geração e uso intensivo de tecnologia. Para o primeiro grupo o Estudo
aponta que a inovação organizacional é a sua prioridade de esforços. Em suas proposições o
Estudo aborda quatro grandes temas: recursos financeiros, pessoal, questões organizacionais e
ação das agências de fomento e dos órgãos de governança. Como alternativas para a
sustentabilidade financeira das incubadoras propõe ampliação da prestação de serviços, a
participação da incubadora nas empresas incubadas e ainda a criação de fundos locais e
estaduais formados por recursos oriundos de parte dos impostos gerados a mais pelas
incubadas. Indica a necessidade de programas permanentes de capacitação da equipe da
incubadora seja através de metodologias de ensino a distância ou seminários práticos
presenciais. Nas questões organizacionais para as incubadoras vinculadas as universidades,
indica como grande fragilidade a falta de autonomia administrativa e de orçamento próprio.
A introdução do Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos (Cerne)
que visa promover a melhoria dos resultados das incubadoras em termos qualitativos e
quantitativos vem ao encontro de algumas das proposições apresentadas no Estudo citado
anteriormente. Para ser certificada pelo CERNE uma incubadora deve comprovar que sua
gestão conta com oito sistemas: 1) Sistema de Sensibilização e Prospecção; 2) Sistema de
Seleção; 3) Sistema de Planejamento; 4) Sistema de Capacitação; 5) Sistema de Assessoria; 6)
Sistema de Acompanhamento e Avaliação; 7) Sistema de Graduação e de Projetos Futuros; 8)
Sistema de Gerenciamento Básico (ANPROTEC e SEBRAE, 2009).
CATÃO e PIMENTEL NETO (2010) abordam que no caso da incubação de
empreendimentos de base tecnológica há experiências de utilizar o processo seletivo como
uma nova possibilidade de desenvolver empreendimentos desclassificados no processo
seletivo por insuficiência em algum dos requisitos analisados. Assim, o processo seletivo da
incubadora representa uma forma de sensibilização e prospecção de potenciais incubados.
Já para SINGER (2007) os processos de incubação de empreendimentos econômicos
solidários apresentam uma esplêndida complexidade, pois buscam o bem-estar dos envolvidos
com o empreendimento e não apenas a maximização dos lucros. Esses empreendimentos são
normalmente constituídos por pessoas da sociedade de baixa escolaridade, sem perfil
empresarial e com deficiências de acesso a informação. Assim, o sistema de sensibilização e
de prospecção de empreendimentos econômicos solidários bem como a sensibilização e a
consolidação de uma equipe para atuar nesses processos de incubação representa um grande
desafio.
Para a inovação organizacional referida no Estudo, consultores de empresas e autores
como Jair Moggi, Daniel Burkhard, Christopher Shaefer, Tϋno Voors, Bernard Lievegoed
entre outros desenvolvem um paralelismo entre a empresa e o ser humano, considerando a
empresa como um ser vivo.
Moggi (2001) descreve o tempo atual caracterizando-o pela necessidade de maior
flexibilidade e agilidade em atender demandas, hipercompetitividade planetária, aumento da
conscientização das pessoas em todos os níveis sociais, escassez de recursos,
desregulamentação do Estado, crescimento da necessidade de participação de todos os
colaboradores nos locais de trabalho entre outras. Este novo ambiente demanda organizações,
sejam elas incubadoras, empresas ou empreendimentos econômicos solidários, com modelos
de gestão que não se baseiem mais nos paradigmas trazidos pelo racionalismo científico que
induzem a uma visão mecânica e fragmentada do mundo e dos processos organizacionais. O
autor apresenta o novo paradigma dos seres vivos para os modelos de gestão, pois acredita
que as organizações orgânicas, seguindo características de seres vivos têm “flexibilidade e
capacidade de regeneração, reagem rapidamente aos impulsos externos, aprende a
desenvolver seu nível de consciência, adapta-se rapidamente ao meio, é interdependente e
está conectado com outros organismos externos”.
Schaefer e Voors (2000) argumentam que as organizações são criadas por pessoas e
para pessoas e que de uma maneira consciente ou inconsciente estas organizações refletem a
imagem de ser humano dos que assumiram essa iniciativa. Para esses autores a imagem de ser
humano segue os arquétipos trazidos por Jung, Assagioli ou outros tantos psicólogos
humanistas estando ligado tanto ao mundo físico quanto ao mundo espiritual e que nossa
natureza psicológica é vivida por meio das faculdades do pensar, sentir e querer. Os autores
destacam também o aspecto do desenvolvimento caracterizando cada um de nós como
indivíduos únicos com detalhes específicos da biografia individual. Os autores concluem o
paralelismo entre o ser humano e as organizações apontando que as organizações “também
devem ter uma identidade única, devem conter um aspecto ligado o corpo, alma e espírito,
bem como fases características do desenvolvimento”.
Moggi e Burkhard (2004) aprofundam o modelo arquetípico de uma visão espiritual do
ser humano e das organizações vendo-as em quatro níveis. Nas organizações temos o nível 1,
que é o seu nível mais palpável, relacionado com os recursos (equipamentos, dinheiro,
móveis, etc.). No nível 2 temos os processos, que são os fluxos de materiais, informações, etc.
No nível 3 temos as relações, que são as formas com as pessoas se envolvem dentro da
organização. Neste nível temos presentes os sentimentos, as vontades, o exercício da
liderança, etc. No nível 4 é o nível da identidade da organização que expressa a visão, os
valores e a missão da organização e que trás a sua história biográfica. Comparativamente com
o Ser Humano no se nível 1 temos o corpo físico, no nível 2 os processos vitais, no nível 3
temos nossas sensações e sentimentos e no nível 4 existe o Eu ou consciência.
Schaefer e Voors (2000) analisando o desenvolvimento consciente das iniciativas
descrevem os desafios característicos e oportunidades que existem no ciclo de vida da
maioria das organizações. Os autores descrevem o desenvolvimento das organizações em três
fases: pioneira, diferenciada e integrada apresentando as características de cada uma delas
com suas respectivas crises e suas possibilidades de desenvolvimento
No mesmo sentido Greiner (1998) faz uma análise e proposição de como as
organizações crescem. Tendo como base o legado da psicologia europeia que argumenta que
o comportamento individual é primeiramente determinado pelos acontecimentos do passado e
suas experiências e não no que está por vir, o autor faz uma extensão dessa teoria para o
problema do desenvolvimento das organizações identificando cinco fases de desenvolvimento
que as organizações tendem a passar e para cada fase com seus períodos de evolução,
crescimento, estabilidade e revolução. O autor aponta que a forma como a organização
resolve suas revoluções determina a entrada ou não em novos níveis de desenvolvimento.
A Incubadora compartilha de uma visão orgânica das organizações, ou seja, cada
instituição é um organismo vivo, dinâmico, que está em constante transformação e é formada
por partes que compõem o todo e pelo todo que tem em sua essência, o reflexo das
peculiaridades de cada parte. Portanto, o processo de desenvolvimento de um organismo
social tem a ver, em parte, com aprender, no sentido de desenvolver habilidades,
conhecimento e capacidades; mas também tem a ver, em igual medida, com o desaprender,
no sentido de se libertar das limitações e restrições do passado (Kaplan, 2012). Nas escolas,
no trabalho, e nas relações familiares o ser humano construiu historicamente uma hierarquia
vertical e dominadora, a equipe da Incubadora da UFMT tem a coragem de se fazer ouvir uns
aos outros e de valorizar os conhecimentos, percepções, ideias que, mesmo antagônicas
algumas vezes, se colocam em estado de escuta, se pautando em conceitos da Educação
Democrática e vivenciando a autogestão.
Desde o ano de 2006 pesquisadores da UFMT atuam de modo articulado e em processo
participativo e autogestionário para consolidar um sistema de incubação de empreendimentos
que integre mecanismos já consolidados de incubadoras de empreendimentos de base
tecnológica aos de incubadoras de empreendimentos econômicos solidários (EES). Nos
últimos anos, foi possível captar recursos dos Editais PROEXT-MEC para a estruturação
desse sistema, com destaque ao Programa “Sistema Integrado de Inovação Tecnológica Social
– SITECS” aprovado em 2010 e em 2011 e tendo sua continuidade com novas aprovações nos
anos de 2012 e 2013 com o Programa “Incubadora de Tecnologia Social e Economia
Solidária – INTECSOL”. KARLING et al. (2012) descreve os detalhes da metodologia de
incubação da INTECSOL que toma por base a pesquisa-ação através de Gestores de
Tecnologia Social, papel exercido com base na prática do “Pesquisador Cooperado” da
COORIMBATÁ. As dificuldades encontradas para a estruturação da equipe e a definição dos
papéis dos integrantes da Incubadora da UFMT possibilitaram o desenvolvimento de uma
metodologia participativa que será apresentada a seguir.
Os Gestores em Tecnologia Social atuam nos Empreendimentos Econômicos
Solidários incubados utilizando a prática da consultoria vivencial, desenvolvida a partir da
partilha de experiências dos pesquisadores cooperados em reuniões mensais com caráter
formativo e de acompanhamento dos trabalhos. Essas reuniões ocorrem desde 2011 com uma
equipe multidisciplinar, composta por pessoas de diferentes áreas de formação e de diversas
faixas etárias e experiências de vida que se complementam na realização de trabalhos com as
comunidades/empreendimentos. Essas reuniões possibilitam o encontro entre os membros da
equipe que atuam mais presencialmente em cada comunidade/empreendimento com outros
membros da equipe que atuam no setor de gestão administrativa e financeira da Incubadora
conhecida como Gestão Compartilhada criando um espaço de avaliação, reflexão,
planejamento e elaboração de planos de ação.
O processo de incubação da Incubadora da UFMT objetiva superar contradições e
reinventar modos de relações de trabalho assim como a função dos programas de extensão, da
ciência e da inovação. Através da criação de fortes relações de confiança que possibilitam
uma vivência dentro da comunidade/empreendimento e um diálogo flexível e integrado, as
demandas surgem dentro dos empreendimentos incubados sendo o elo de ligação exercido
pelo Gestor em Tecnologia Social e acontece na relação dinâmica entre sociedade e
comunidade acadêmica.
Jair Moggi (2007), consultor de empresas por mais de 30 anos, abordando os processos
de mudança que as organizações passam relata que da sua experiência percebe que as
organizações não evoluem se as pessoas e os grupos que a compõem não se desenvolvem.
Esta percepção aponta que no processo de mudança que a Incubadora estava passando trazido
pelos fatores externos já citados, para os fatores internos deveriam ter os mesmos cuidados e
atenção. Se fez necessária a ênfase no aprendizado e no desenvolvimento de uma cultura de
mudança possibilitando a equipe da Incubadora apreender fazendo através de um
envolvimento significativo de todas as pessoas no processo. Neste cenário o grupo através das
individualidades que o compõem é capaz de criar novos conceitos, métodos, processos e
ferramentas de trabalho tornando-se proprietários do processo e habilitando-se assim a
sustentá-lo.
DESENVOLVIMENTO
Orientados por esses conceitos e práticas, cientes que a nova realidade trazida pelos
novos projetos/programas aprovados possibilitariam a Incubadora da UFMT ultrapassar o seu
atual estágio de desenvolvimento, caracterizado pelos ideais e impulsos de seus pioneiros, se
lançou em um período de revolução que a colocasse em uma nova fase de desenvolvimento
mais estruturada, com papéis, funções e processos melhor descritos e acordados entre todos os
membros, já que a Incubadora tem em sua história de construção a autogestão como um dos
seus pilares.
Para esse processo de mudança a Incubadora teve o apoio de um consultor de processos
com formação pelo programa da ADIGO Consultores de Liderança Facilitadora.
O escopo desse processo de mudança considerou todas as dimensões da Incubadora, ou
seja: os níveis de identidade, relações, processos e recursos. O processo iniciou-se em outubro
de 2012 e teve sua primeira etapa concluída em março de 2013.
No final de 2012 foram elaborados questionários de avaliação abordando aspectos
diversos que envolvem toda a equipe. Houve participação de vários membros durante todo o
processo de elaboração, tabulação e apresentação do diagnóstico.
Uma estagiária da faculdade de Administração de Empresas, uma Gestora em
Tecnologia Social formada em Pedagogia e um Psicólogo que compõe a Secretaria Executiva
da incubadora, foram os responsáveis pela elaboração do questionário, que contou com
contribuições sugeridas por demais componentes da equipe. A avaliação foi aplicada entre os
membros da Incubadora da UFMT e cada Gestor em Tecnologia Social levou até os EES
incubados para que seus representantes pudessem também avaliar o trabalho da Incubadora. O
instrumento de avaliação foi composto por perguntas abertas e também de múltipla escolha. O
processo de avaliação em toda organização é complexo e requer muito cuidado, pois as
pessoas são convidadas a expressar suas opiniões pessoais sobre o local de trabalho,
mudanças que pensam ser necessárias e relações interpessoais, sendo necessária uma grande
atenção aos conflitos que possam surgir durante o percurso.
Para auxiliar na tabulação da avaliação contou-se com a contribuição de um professor
da Faculdade de Nutrição da UFMT e especialista em análise estatística que foi responsável
pela sistematização dos dados.
Na primeira reunião geral do ano de 2013, o coordenador do Escritório de Inovação
Tecnológica (EIT/UFMT), explicou sobre a missão e visão que orientam o trabalho do
Escritório de Inovação Tecnológica da UFMT e destacou como valores importantes a
linguagem comum e a sociorresponsabilidade. Foi orientada pela identidade do EIT/UFMT
que a equipe da Incubadora desenvolveu a missão, a visão e os valores da Incubadora que está
dentro do EIT/UFMT. Nesta mesma reunião ocorreu o prosseguimento do processo de
avaliação. Pessoas com diferentes funções na incubadora foram convidadas a preencher uma
autoavaliação e também uma avaliação sobre o trabalho na incubadora durante 2012. Foram
divididos grupos para debater sobre a avaliação aplicada e em plenária os grupos
compartilharam suas impressões.
Entre as contribuições trazidas em plenária foi destacada a importância e necessidade
da aplicação deste tipo de avaliação para aprimorar o trabalho. Apontou-se as condições de
trabalho, como pouca privacidade nas salas do EIT, segurança interna frágil, a recepção onde
existe facilidade de qualquer pessoa entrar. Indicou-se ainda que o instrumento de avaliação
utilizado necessitava de aperfeiçoamento. Foi apontada ainda a necessidade de maior
organização do papel de cada um e uma maior estruturação da Incubadora. Outro destaque foi
com relação à resolução de conflitos que não foi bem abordada no ano de 2012 e que esse
fator é importante para que o grupo permaneça coerente com os princípios e trabalhe em
harmonia.
Outras reuniões aconteceram com participação de membros diretamente ligados à
Incubadora e é importante ressaltar que o processo desenvolveu-se de maneira ascendente por
ter a presença de um consultor externo, que trouxe dinâmicas de grupo, exercícios de reflexão,
interação e um olhar de quem não está diretamente ligado à dinâmica do local.
O consultor externo foi fundamental nas reuniões de planejamento, percebendo como as
relações de trabalho e de confiança estavam configuradas e quais atividades encaixavam-se
em dado momento. Trabalhos com movimento, arte, e espaços para diálogos em pequenos
grupos permitiram uma distribuição equilibrada e diversificada, variando tendências
cristalizadas de agrupamento e ampliando o acolhimento e escuta entre os membros da
equipe.
Durante os três primeiros meses de 2013, paralelamente às atividades de incubação,
foram realizadas reuniões gerais de planejamento. Essas reuniões serviram como estratégia de
fortalecimento das relações interpessoais dos membros da Incubadora, e foi espaço de
construção da Identidade da Incubadora e também para avaliar e adequar os processos, papéis
e rotinas estabelecidas para atender tanto as demandas dos membros da Incubadora quanto
dos empreendimentos incubados.
Todas as reuniões da incubadora procuram seguir um método que tem por base
conceitos e processos desenvolvidos no Programa Germinar do Instituto EcoSocial que teve
seus resultados e experiências ilustrados e relatados por Rocha e Teles (2009). Nas reuniões
procura-se trabalhar em três níveis: compreensão (pensar), vivência (sentir) e prática (querer),
através das seguintes formas: Movimentos – atividade de estimulação, integração e contato
não intelectual com o conteúdo; Cumbucas – estímulo intelectual para percepção de
arquétipos e compartilhamento de conceitos; Dinâmica – vivência, autorreflexão e percepção
compartilhada do conteúdo; Atividade Artística – atividade que utiliza elementos de arte,
visando a autopercepção e o seu compartilhamento nos grupos; Planos de Ação – Atividades
acordadas para atender as demandas da Incubadora; Plenária e Avaliação – resgate,
compartilhamento e complemento dos aprendizados da reunião.
Todo esse procedimento é realizado no sentido de se criar um espaço democrático e
possibilitar que processos decisórios que objetiva a tomada de decisão em grupo seja de forma
participativa, gerando equanimidade. Desta forma constrói-se uma relação horizontal, ponto
fundamental para praticar o que se propõe levar aos Empreendimentos Incubados, que é a
autogestão.
Foram muitos os avanços, as mudanças foram profundas na estrutura da Incubadora,
ocorrendo momentos de angústia, de contradições entre o que está se propondo como
orientação para o trabalho e com o que fora realizado.
A apresentação dos 08 projetos que seriam executados foi o ponto de partida para que
os membros tivessem a dimensão da ampliação do montante de trabalho durante o ano e da
necessidade de estruturação e mudanças.
Como o trabalho é dividido em atividades de campo, direto nas
comunidades/empreendimentos e atividades de gestão, os envolvidos puderam expressar suas
preferências e em executar atividades compatíveis com suas características individuais,
tornando possível desenvolver um trabalho com mais alegria e disposição.
Uma das características de uma organização que encontra-se na fase pioneira de
desenvolvimento é uma multiplicidade de papéis, ou seja, muitas vezes os membros exercem
múltiplas funções, mas não têm clareza sobre qual papel ou função desempenha na
organização, são verdadeiros “faz tudo” (Shaefer e Voors, 2000). Os membros foram
convidados a refletir e descrever atividades e funções por si realizadas no ano anterior e a
frequência de execução (semanal, mensal, anual, diária). A partir dos dados levantados e de
sua sistematização, realizado por um dos pioneiros da Incubadora, foram elaboradas planilhas
de planos de ação anual que dimensionaram as horas trabalhadas, as metas a serem atingidas e
o que a incubadora oferece ao incubado.
Um momento crucial no processo de mudança foi a distinção e separação de papéis e
funções, onde categorias foram criadas: Secretaria Executiva, Gestores em Tecnologia
Social, Gestão Compartilhada, Consultores, Estagiários e Bolsistas. Historicamente alguns
membros da Incubadora desenvolviam vários papéis e funções. Para uma melhor estruturação
e partindo da percepção individual, cada membro foi convidado a integrar o grupo onde
melhor desempenha o seu papel. Essa atividade foi bastante esclarecedora ao grupo, pois
antes os consultores vinham desempenhando papel de gestor, bolsistas no papel de gestores
ou da gestão compartilhada e etc., o que possibilitou um redirecionamento e otimização do
trabalho. Pequenos grupos foram formados e cada grupo descreveu que funções esperava que
o outro grupo exercesse. Foram feitas adequações e acordos entre cada um dos grupos e
finalmente as funções sistematizadas foram apresentadas a todos. Esse trabalho orientou a
elaboração do Regimento Interno da Incubadora, além de completar as informações
oferecidas individualmente, estabelecendo-se novos acordos e principalmente clareza e
transparência.
No ano de 2012 só ocorriam reuniões gerais da incubadora, isto é, com toda equipe.
Foi percebida a necessidade de criar novas estruturas de reuniões, que agora com grupos e
funções definidas, possibilitou a criação de um calendário geral de atividades: Reuniões
semanais somente entre membros da Secretaria Executiva, quinzenais entre Gestores em
Tecnologia Social, e entre membros da Gestão Compartilhada sempre que necessário, da
Secretaria Executiva com cada grupo desses descritos com frequência quinzenal e uma
reunião geral mensal com todos os membros.
Cada Gestor em Tecnologia Social ficou responsável por orientar um bolsista ou
estagiário e fazer a ponte entre as informações obtidas nos empreendimentos com todos os
membros da Incubadora. Foram desenvolvidas simultaneamente ações de planejamento e capacitação com três
diferentes equipes formadas por professores, acadêmicos, estagiários, bolsistas, Gestores em
Tecnologia Social, profissionais da Gestão Compartilhada e consultores externos contratados
por diferentes projetos desenvolvidos pela Incubadora: Equipe 1 - dedicou-se
preferencialmente à adaptação do Programa INTECSOL à Metodologia de Gerência de
Projetos do Sistema de Administração de Recursos de Tecnologia da Informação (SISP);
Equipe 2 - dedicou-se ao estudo e planejamento do processo de certificação CERNE (2009)
para a Incubadora; Equipe 3 - dedicou-se preferencialmente ao planejamento de consolidação
das informações obtidas das reuniões gerais da incubadora, dedicadas à definição da
identidade da Incubadora (Missão, Valores e Visão). Periodicamente, representantes dessas
equipes compartilhavam seus trabalhos entre si através da participação em reuniões gerais da
incubadora, onde as demandas de uma equipe eram feitas aos membros das demais equipes,
para que o processo como um todo fosse intensamente participativo.
As perguntas que iniciaram a reflexão sobre a Identidade da Incubadora foram: Porque a
incubadora existe? Quem são nossos clientes? Que valores agregamos a eles? O que a
incubadora faz de melhor? Em que direção devemos apontar nossos esforços?
Para responder às perguntas, os membros remeteram ao trabalho que vêm realizando e
às práticas da Incubadora.
As informações obtidas dos membros das equipes numa reunião geral eram
sistematizadas pela Equipe 1, através do software FreeMind para elaboração do mapa mental
da Incubadora de modo a atender as exigências do CERNE (2009), com a identificação dos
Sistemas exigidos para atender os empreendimentos incubados. As propostas de mapas
mentais da Incubadora eram então discutidas e validadas nas outras reuniões gerais da
Incubadora. Procedimento semelhante foi adotado para a sistematização das informações no
software GPWeb sempre buscando compatibilizar as demandas dos membros da equipe da
Incubadora, as demandas de uma gestão profissional das atividades do Programa e as
exigências do Sistema SIGPROJ adotado pelo MEC para a elaboração do relatório final do
Programa INTECSOL.
RESULTADOS E CONCLUSÃO
A tabulação dos resultados da avaliação foi apresentada em uma reunião geral da
Incubadora. Houve um impacto positivo na equipe, enxergando suas opiniões individuais
expressas num todo, e percebendo pontos em comum. Embora o instrumento de avaliação
possa ser aprimorado, abordando aspectos que sejam pensados por quem tem uma visão mais
global da Incubadora e que a participação de um especialista em análise estatística aconteça
desde o início da elaboração desse instrumento, o resultado foi proveitoso e de aprendizado
para todos os envolvidos.
A partir das percepções trazidas pela avaliação foram elaborados de forma participava
a identidade da incubadora, o seu planejamento financeiro atendendo demandas
organizacionais, de controle, de formação, de atendimento aos incubados, de
dimensionamento e remuneração da equipe, de resultados e metas a serem alcançadas e de
processos administrativos. Assim como, houve um esforço para sanar algumas deficiências
apontadas pelos membros e que dependiam de arranjos para melhorar a qualidade e segurança
no trabalho, no que se refere a ações nas comunidades, que muitas vezes são distantes e em
áreas de difícil acesso, fator latente apresentado na avaliação.
As figuras 1 e 2 trazem o Mapa Mental e a Estrutura Analítica de Projetos que são
resultados do planejamento participativo e que possibilitaram a criação de mecanismos de
acompanhamento transparentes e autogestionários que criam condições para um melhor e
maior monitoramento dos processos de incubação e de gestão.
Figura 1. Mapa Mental da Incubadora do EIT/UFMT para incubação de empreendimentos
econômicos solidários, seguindo a metodologia CERNE (2009).
Figura 2. Estrutura Analítica de Projeto da Incubadora do EIT/UFMT utilizada no software
GPWeb compatível com os relatórios exigidos pelo Sigproj Proext-MEC.
Neste processo de mudança por qual passou a Incubadora da UFMT destaca-se a
criação de sua identidade, criada pela sua equipe e orientada por sua biografia.
VALORES
Valorização da vida através da cooperação e do trabalho criativo
Compromisso com os resultados
Disseminação do conhecimento
Respeito pela diversidade humana e pelo meio ambiente
Autogestão e postura proativa
Transparência e flexibilidade nos processos gerenciais e nas relações interpessoais
Aperfeiçoamento Contínuo
MISSÃO
Promover o surgimento e o fortalecimento de empreendimentos através da articulação
de conhecimentos, projetos e de redes de entidades, a fim de consolidar a função da inovação
na evolução socioambiental e na inclusão social.
VISÃO
Ser uma incubadora reconhecida nacionalmente por princípios humanitários que
compartilha esforços para promover a felicidade;
Atuar de forma organizada e estruturada para consolidar uma equipe multidisciplinar
até 2015. (para nós);
Ser certificada pelo CERNE até 2015;
Operacionalizar redes de produção e comercialização de empreendimentos incubados.
(para os incubados).
O planejamento financeiro realizado trabalhou com recursos na ordem de
R$500.000,00 de cinco diferentes fontes de financiamento com seus requisitos próprios de
utilização e prestação de contas. Na distribuição orçamentária 74,36% dos recursos foram
destinados a pagamento de pessoal, seja equipe interna permanente ou consultores externos
para atendimento das demandas dos incubados ou de estruturação da incubadora, 13,4% para
custeio e 12,2% para capacitação da equipe e dos incubados.
Consolidou-se a estrutura da Incubadora com a definição dos papéis e
responsabilidades, interdependências e processos.
Figura 3. Estrutura da Incubadora do EIT/UFMT e as linhas gerais de atuação.
Na superação de um período de revolução através de um processo de mudança
consciente que partiu da explicitação de seus propósitos, acompanhado das claras definições
de papeis, processos e estruturas e na nova função das lideranças, possibilitou a Incubadora da
UFMT entrar em seu novo e salutar estágio de desenvolvimento transitando de uma fase
pioneira para uma nova fase estruturada. Com maior equilíbrio e consciência, em um
ambiente onde a criatividade e o envolvimento das pessoas pode se manifestar
espontaneamente, criou condições para que a Incubadora da UFMT cresça de tamanho, tenha
um maior nível de profissionalismo, que as tomadas de decisões sejam mais coerentes com a
sua identidade e desta forma mais racionais e analíticas, tenha uma estrutura e papéis
claramente definidos trazendo uma maior clareza das atividades de trabalho por cada um de
seus membros possibilitando que cada individualidade da equipe exerça seu papel de
liderança de forma mais funcional do que pessoal.
Outro aspecto importante a ser destacado nesse processo evolucionário é a capacidade
da incubadora de incorporar ações e profissionais de várias áreas de conhecimento de forma
que a atuação seja complementar e participativa. Portanto tal realidade se mostra como um
espaço (ou talvez o único espaço) no qual a Universidade atinja seu objetivo máximo, que é a
geração de conhecimento multidisciplinar acoplada com a solução de problemas demandados
pela sociedade.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o Ministério da Educação - edital PROEXT MEC/SESu, Furnas
Centrais Elétricas – setor de Responsabilidade Social e SEBRAE/ANPROTEC edital Modelo
CERNE pelo suporte financeiro e ao CNPq (552093/2009-2) pela bolsa de estudos.
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