metodologia para controle operacional de …
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Dissertação de Mestrado
METODOLOGIA PARA CONTROLE
OPERACIONAL DE BARREIRAS
GEOSSINTÉTICAS EMPREGADAS EM
DEPÓSITOS DE REJEITOS DE MINERAÇÃO
AUTORA: JÚLIA CALDEIRA RAMOS
ORIENTADOR: Prof. Dr. Romero César Gomes (UFOP)
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA DA UFOP
OURO PRETO - NOVEMBRO DE 2013
Catalogação: [email protected]
R175m Ramos, Júlia Caldeira.
Metodologia para controle operacional de barreiras geossintéticas
empregadas em depósitos de rejeitos de mineração [manuscrito] / Júlia
Caldeira Ramos. – 2013.
119f.: il., color.; grafs.; tabs. ; fig.
Orientador: Prof. Dr. Romero César Gomes.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto.
Escola de Minas. NUGEO.
Área de concentração: Geotecnia de Barragens.
1. Rejeitos industriais - Teses. 2. Durabilidade (Engenharia) - Teses.
3. Propriedades mecânicas – Teses. 4. Propriedades térmicas – Teses
I. Gomes, Romero César. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Título.
CDU: 622.7.097
iii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Antonio e Maria Aparecida, pelo apoio e amor incondicional.
iv
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus que me abençoou com muita força, perseverança e
dedicação.
Agradeço à minha família pelo carinho e incentivo diário.
Ao Junio pelo companheirismo, cumplicidade, amor e pelas palavras de otimismo
durante os momentos de cansaço e fragilidade.
À minha amiga Helayne que disponibilizou um pouco do seu tempo para me auxiliar
com seus valiosos conhecimentos.
Aos alunos da UFOP, Letícia e Alex, que contribuíram muito para conclusão do meu
trabalho. Muito obrigada pela participação e dedicação.
Ao Jefferson, Roberto e Carlos Magno da Nortene e a própria Nortene que
possibilitaram a realização da maior parte dos ensaios.
À Engepol e à professora Kátia do laboratório de química da UFOP pela realização dos
demais ensaios.
À empresa Votorantim pela oportunidade, em especial ao Hamilton que me auxiliou
com muitas informações válidas que contribuíram de forma significativa para o
mestrado.
À DAM Projetos de Engenharia pelo apoio e compreensão aos momentos de dedicação
ao mestrado.
E ao meu orientador Romero que esteve sempre ao meu lado, me conduzindo da melhor
forma possível. Muito obrigado pela confiança, disponibilidade e dedicação.
v
RESUMO
Depósitos de rejeitos contaminantes de mineração exigem a adoção de sistemas de
barreiras de fluxo como salvaguardas do meio ambiente local. Estes sistemas são
executados comumente por meio da associação de camadas de argila compactadas com
geomembranas, particularmente geomembranas de PEAD. Neste sentido, uma premissa
de controle operacional de depósitos de rejeitos com essas barreiras inclui a avaliação e
monitoramento do desempenho das geomembranas utilizadas como interfaces de
estanqueidade ao longo do fundo e dos taludes laterais de depósitos de rejeitos. A
questão primária que se impõe, portanto, tem foco na aferição da durabilidade das
geomembranas em ambientes tão agressivos e a evolução de potenciais
susceptibilidades das mesmas à exposição contínua aos rejeitos depositados. O escopo
desse estudo consistiu na proposição de procedimentos simples e práticos para um
adequado sistema de controle e monitoramento do desempenho de geomembranas de
PEAD, confinadas em um depósito de rejeitos de zinco implantado no município de
Três Marias/MG. A metodologia proposta incluiu procedimentos para exposição e
coleta das amostras expostas aos rejeitos e o estabelecimento de propriedades-índices,
mecânicas e térmicas, para serem monitoradas por meio de campanhas experimentais de
ensaios de laboratório. Os resultados obtidos mostraram a viabilidade da proposta e sua
validação, demonstrando, entretanto, que as medições feitas num prazo de 12 meses
encontram-se ainda no domínio de variação das próprias características estruturais das
geomembranas de PEAD, demandando, portanto, prazos suficientemente mais longos
para que possam ser efetivamente adotados como parâmetros de controle do projeto.
vi
ABSTRACT
Contaminant waste deposits from mining operations require the adoption of barrier flow
systems as protection for the local environment. These systems are usually made by
associating compacted clay layers with liners, especially HDPE geomembranes. In this
sense, operational control with barriers waste deposits includes evaluation and
monitoring of the performance of liners used along the bottom and side slopes of the
waste deposits. Therefore, the primary question that appears is the durability of
geomembranes in such aggressive environments and the evolution of their performance
during continuous exposure to the waste. The scope of this work was to propose simple
and practical procedures for control and monitoring of the performance of HDPE
geomembranes, confined in a deposit of zinc waste located in the municipality in Três
Marias, State of Minas Gerais. The proposed methodology included procedures for
exposing and collecting samples exposed to the waste and establishing mechanical and
thermal index-properties to be monitored by experimental campaigns of lab tests. The
results obtained show the viability of the proposed methodology and its validation,
showing, however, measurements made within 12 months are still in the range of
variation of HDPE geomembrane characteristics. Therefore it requires longer term
analyses so that they can be effectively adopted as parameters for project control.
vii
Lista de Figuras
Figura 2.1 – Configurações típicas para sistemas de controle de fluxo (Gomes, 2012) ...... 8
Figura 2.2 – (a) Lagoa de chorume; (b) Aterro sanitário; (c) Lagoa de vinhaça em
usinas de cana-de-açúcar; (d) Revestimento de canais ...................................................... 10
Figura 2.3 – Solda por termofusão (Gomes, 2012) ............................................................ 12
Figura 2.4 – Solda por aporte de material (Gomes, 2012) ................................................. 12
Figura 2.5 – Solda por termofusão (Gomes, 2012) ............................................................ 16
Figura 2.6 – Solda química (Gomes, 2012) ....................................................................... 16
Figura 2.7 – Conexão tubo/ geomembrana ........................................................................ 18
Figura 2.8 – Tipos de geocompostos bentoníticos (Gomes, 2012) .................................... 22
Figura 2.9 – Aplicações dos geocompostos bentoníticos .................................................. 23
Figura 2.10 – Tipos de emendas dos geocompostos bentoníticos (Gomes, 2012) ............ 25
Figura 3.1 – Conformação do Depósito de Rejeitos Murici .............................................. 30
Figura 3.2 – Capacidade de armazenamento de rejeitos do Depósito Murici ................... 31
Figura 3.3 – Localização do Depósito de Rejeitos Murici ................................................ 32
Figura 3.4 – Área de implantação do Depósito de Rejeitos Murici ................................... 34
Figura 3.5 – Depósito de Rejeitos Murici: Módulos Leste e Central ................................ 37
Figura 3.6 – Concepção Original do Sistema de Barreiras do Depósito Murici: GM:
geomembrana de PEAD com 1,5mm de espessura; SC: solo compactado com 0,60m de
espessura; SDV: sistema de detecção de vazamentos, com 0,20m de espessura; CR:
camada de regularização de base, 0,20m de espessura ...................................................... 39
Figura 3.7 – Sistema de Barreiras do Depósito Murici ...................................................... 41
viii
Figura 3.8 – Vista geral da fase construtiva do Sistema de Barreiras do Depósito
Murici ................................................................................................................................. 43
Figura 4.1 – Esforços de tração em uma geomembrana (Gomes, 2012) ........................... 45
Figura 4.2 – Ancoragem simples da geomembrana (Gomes, 2012) .................................. 46
Figura 4.3 – Comprimentos típicos de mobilização para geomembrana de PEAD
(Koerner, 2005) .................................................................................................................. 47
Figura 4.4 – Ancoragem da geomembrana em trincheira (Gomes, 2012) ......................... 47
Figura 4.5 – Diagrama de esforços em uma geomembrana ancoradas (Gomes, 2012) ..... 48
Figura 4.6 – Influência da temperatura nas propriedades das geomembranas (Müeller e
Jacob, 2003) ....................................................................................................................... 49
Figura 4.7 – Corpos de prova típicos para ensaios-índices de tração ............................... 50
Figura 4.8 – Comportamento tensão-deformação de geomembranas de PEAD ............... 51
Figura 4.9 – Ensaio de tração unidirecional em faixa larga ............................................... 52
Figura 4.10 – Corpo de prova típico e arranjo do ensaio de resistência à propagação
do rasgo .............................................................................................................................. 53
Figura 4.11 – Arranjo típico do ensaio de puncionamento estático ................................... 54
Figura 4.12 – Arranjo típico do ensaio de puncionamento dinâmico ................................ 55
Figura 4.13 – Esquema geral do Ensaio DSC .................................................................... 56
Figura 4.14 – Curva típica do Ensaio DSC e temperaturas de transição ........................... 57
Figura 4.15 – Determinação do Tempo de Oxidação Induzida (OIT) no Ensaio DSC ..... 58
Figura 5.1 – ‘Mostruário de desempenho’ das geomembrana-testes: (a) pórtico de
fixação; (b) geomembranas fixadas e numeradas .............................................................. 62
Figura 5.2 – ‘Mostruário de desempenho’ das geomembranas-testes: (a)
posicionamento inicial no campo; (b) posicionamento no reservatório ............................ 62
Figura 5.3 – Corpos de prova de geomembrana cortados para ensaios de tração ............. 63
ix
Figura 5.4 – Estágios do ensaio à tração: (a) Corpo de prova posicionado na máquina de
tração; (b) e (c) Corpo de prova sob tração; (d) Ruptura da amostra ................................ 64
Figura 5.5 – Corpos de prova de geomembrana cortados para ensaios de resistência ao
rasgo .................................................................................................................................. 65
Figura 5.6 – Realização do ensaio de resistência ao rasgo ................................................ 65
Figura 5.7 – Equipamento preparado para realização do ensaio de puncionamento ......... 66
Figura 5.8 – Estágios do ensaio ao puncionamento: (a) Corpo de prova para realização
do ensaio; (b) Posicionamento da haste para início do ensaio; (c) haste pressionada
contra o corpo de prova; (d) Ruptura do corpo de prova ................................................... 66
Figura 5.9 – Ensaio DSC: (a) Equipamento utilizado; (b) Cadinho com o corpo de
prova de geomembrana e cadinho vazio (referência); (c) Fechamento do sistema; (d)
Ensaio em andamento ........................................................................................................ 68
Figura 5.10 – Ensaio OIT: (a) Corpo de prova de geomembrana no cadinho; (b)
Cadinho com o corpo de prova de geomembrana e cadinho vazio (referência); (c)
Equipamento utilizado para realização do ensaio; (d) Fechamento do sistema e início do
ensaio ................................................................................................................................. 69
Figura 6.1 – Curvas dos ensaios de tração em amostras de referência – Direção
Longitudinal ....................................................................................................................... 72
Figura 6.2 – Curvas dos ensaios de tração em amostras de referência – Direção
Transversal ......................................................................................................................... 73
Figura 6.3 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 01 – Direção
Longitudinal ...................................................................................................................... 75
Figura 6.4 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 01 – Direção
Transversal ......................................................................................................................... 76
Figura 6.5 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 02 – Direção
Longitudinal ....................................................................................................................... 77
Figura 6.6 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 02 – Direção
Transversal ......................................................................................................................... 78
x
Figura 6.7 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 03 – Direção
Longitudinal ...................................................................................................................... 79
Figura 6.8 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 03 – Direção
Transversal ......................................................................................................................... 80
Figura 6.9 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 06 – Direção
Longitudinal ....................................................................................................................... 81
Figura 6.10 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 06 – Direção
Transversal ........................................................................................................................ 82
Figura 6.11 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 09 – Direção
Longitudinal ....................................................................................................................... 83
Figura 6.12 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 09 – Direção
Transversal ........................................................................................................................ 84
Figura 6.13 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 12 – Direção
Longitudinal ....................................................................................................................... 85
Figura 6.14 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 12 – Direção
Transversal ......................................................................................................................... 86
Figura 6.15 – Variações das propriedades-índices (resistência à tração e deformação
específica no escoamento): (a) e (b) Direção Longitudinal; (c) e (d) Direção
Transversal ........................................................................................................................ 87
Figura 6.16 – Curvas dos ensaios de resistência ao rasgo para amostras de referência .... 89
Figura 6.17 – Curvas dos ensaios de resistência ao rasgo para amostras EXP 01 ............. 90
Figura 6.18 – Curvas dos ensaios de resistência ao rasgo para amostras EXP 02 ............. 91
Figura 6.19 – Curvas dos ensaios de resistência ao rasgo para amostras EXP 03 ............. 91
Figura 6.20 – Curvas dos ensaios de resistência ao rasgo para amostras EXP 06 ............. 92
Figura 6.21 – Curvas dos ensaios de resistência ao rasgo para amostras EXP 09 ............. 93
Figura 6.22 – Curvas dos ensaios de resistência ao rasgo para amostras EXP 12 ............. 93
xi
Figura 6.23 – Variações das propriedades-índices (resistência ao rasgo): (a) Direção
Longitudinal; (b) Direção Transversal ............................................................................... 94
Figura 6.24 – Curvas dos ensaios ao puncionamento para amostras de referência ........... 95
Figura 6.25 – Curvas dos ensaios ao puncionamento para amostras EXP 01 ................... 96
Figura 6.26 – Curvas dos ensaios ao puncionamento para amostras EXP 02 ................... 97
Figura 6.27 – Curvas dos ensaios ao puncionamento para amostras EXP 03 ................... 98
Figura 6.28 – Curvas dos ensaios ao puncionamento para amostras EXP 06 ................... 99
Figura 6.29 – Curvas dos ensaios ao puncionamento para amostras EXP 09 ................. 100
Figura 6.30 – Curvas dos ensaios ao puncionamento para amostras EXP 12 ................. 101
Figura 6.31 – Variações das propriedades-índices (resistência ao puncionamento) das
amostras ensaiadas ........................................................................................................... 102
Figura 6.32 – Curvas dos ensaios DSC: (a) amostra de referência; (b) EXP 01; (c) EXP
02; (d) EXP 03; (e) EXP 06; (f) EXP 09; (g) EXP 12 ..................................................... 104
Figura 6.33 – Variações das temperaturas de fusão das amostras ensaiadas ................... 104
Figura 6.34 – Variações das temperaturas de degradação das amostras ensaiadas ......... 105
Figura 6.35 – Curva do ensaio OIT para a amostra de referência ................................... 105
Figura 6.36 – Curvas dos ensaios OIT: (a) EXP 01; (b) EXP 02; (c) EXP 03; (d) EXP
06; (e) EXP 09; (f) EXP 12 .............................................................................................. 107
Figura 6.37 – Variações dos tempos de oxidação para as amostras ensaiadas ................ 108
xii
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 – Vantagens e desvantagens dos geocompostos bentoníticos (Bouazza,
2002) .................................................................................................................................. 26
Tabela 3.1 – Opções para Arranjo e Geometria do Depósito Murici (Geoconsultoria,
2007) .................................................................................................................................. 36
Tabela 3.2 – Características granulométricas dos rejeitos de zinco (VMZ – Três
Marias) ............................................................................................................................... 38
Tabela 3.3 – Características químicas dos rejeitos de zinco (VMZ Três – Marias ) ......... 38
Tabela 6.1 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Longitudinal Geomembrana
Não Exposta – Amostra de Referência .............................................................................. 72
Tabela 6.2 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Transversal Geomembrana
Não Exposta – Amostra de Referência .............................................................................. 73
Tabela 6.3 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Longitudinal Geomembrana
Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 01L ............................................................................. 74
Tabela 6.4 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Transversal Geomembrana
Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 01T ............................................................................. 75
Tabela 6.5 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Longitudinal Geomembrana
Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 02L ............................................................................. 77
Tabela 6.6 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Transversal Geomembrana
Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 02T ............................................................................. 78
Tabela 6.7 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Longitudinal Geomembrana
Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 03L ............................................................................. 79
Tabela 6.8 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Transversal Geomembrana
Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 03T ............................................................................. 80
xiii
Tabela 6.9 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Longitudinal Geomembrana
Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 06L ............................................................................. 81
Tabela 6.10 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Transversal Geomembrana
Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 06T ............................................................................. 82
Tabela 6.11 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Longitudinal Geomembrana
Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 09L ............................................................................. 83
Tabela 6.12 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Transversal Geomembrana
Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 09T ............................................................................. 84
Tabela 6.13 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Longitudinal Geomembrana
Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 12L ............................................................................. 85
Tabela 6.14 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Transversal Geomembrana
Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 12T ............................................................................. 86
Tabela 6.15 – Síntese dos Resultados dos Ensaios de Tração ........................................... 88
Tabela 6.16 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Rasgo Amostra de Referência:
(a) Direção Longitudinal; (b) Direção Transversal ............................................................ 88
Tabela 6.17 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Rasgo Amostra EXP 01: (a)
Direção Longitudinal; (b) Direção Transversal ................................................................. 90
Tabela 6.18 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Rasgo Amostra EXP 02: (a)
Direção Longitudinal; (b) Direção Transversal ................................................................. 90
Tabela 6.19 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Rasgo Amostra EXP 03: (a)
Direção Longitudinal; (b) Direção Transversal ................................................................. 91
Tabela 6.20 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Rasgo Amostra EXP 06: (a)
Direção Longitudinal; (b) Direção Transversal ................................................................. 92
Tabela 6.21 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Rasgo Amostra EXP 09: (a)
Direção Longitudinal; (b) Direção Transversal ................................................................. 93
Tabela 6.22 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Rasgo Amostra EXP 12: (a)
Direção Longitudinal; (b) Direção Transversal ................................................................. 93
Tabela 6.23 – Síntese dos Resultados dos Ensaios de Rasgo ............................................ 94
xiv
Tabela 6.24 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Puncionamento Amostra de
Referência .......................................................................................................................... 95
Tabela 6.25 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Puncionamento Amostra
EXP 01 ............................................................................................................................... 96
Tabela 6.26 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Puncionamento Amostra
EXP 02 ............................................................................................................................... 97
Tabela 6.27 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Puncionamento Amostra
EXP 03 ............................................................................................................................... 98
Tabela 6.28 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Puncionamento Amostra
EXP 06 ............................................................................................................................... 99
Tabela 6.29 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Puncionamento Amostra
EXP 09 ............................................................................................................................. 100
Tabela 6.30 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Puncionamento Amostra
EXP 12 ............................................................................................................................. 101
Tabela 6.31 – Síntese dos Resultados dos Ensaios de Puncionamento ........................... 102
Tabela 6.32 – Resultados dos Ensaios de Calorimetria Diferencial de Varredura
(DSC) ............................................................................................................................... 104
Tabela 6.33 – Resultados dos Ensaios de Determinação dos Tempos de Oxidação
(OIT) ................................................................................................................................ 108
Tabela 6.34 – Resultados dos Ensaios Realizados – Síntese Geral ................................. 109
xv
Lista de Símbolos, Nomenclatura e Abreviações
ABNT − Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANA – Agência Nacional de Águas
ASTM − American Society for Testing and Materials
CR – Camada de Regularização
CV – Coeficiente de Variação
DSC − Calorimetria Diferencial de Varredura
dT – Profundidade da Trincheira
Ea − Empuxo Ativo
Ep − Empuxo Passivo
EL− Elevação
EXP – Exposta
Fσs − Força Cisalhante sobre a geomembrana devido ao peso do solo de cobertura
Fσi − Força Cisalhante sob a geomembrana devido ao peso do solo de cobertura
FTi− Força Cisalhante sob a geomembrana devido á componente vertical de Tadm
GBR–P− Barreira Geossintética Polimérica
GCL − Geocomposto Bentonítico
GM – Geomembrana
GRI − Global Reporting Iniciative
GT – Geotêxtil
HDPE – High-Density Polyethylene
HP-OIT− Ensaio de Alta Pressão – Tempo de Oxidação Indutiva
IGSBR – Associação Brasileira de Geossintéticos
ka − Coeficiente de Empuxo Ativo
kp − Coeficiente de Empuxo Passivo
ᶩ − Comprimento de Mobilização
Lanc − Comprimento de Ancoragem
NBR − Norma Brasileira
xvi
OIT − Tempo de Oxidação Indutiva
ONU – Organização das Nações Unidas
PEAD − Polietileno de Alta Densidade
pH – Potencial Hidrogeniônico
PVC − Policloreto de Vinila
SC – Solo Compactado
SDV − Sistema de Detecção de Vazamentos
SEMAD – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Std -OIT – Ensaio Padrão – Tempo de Oxidação Indutiva
Tadm − Tensão Admissível
Tc – Temperatura de Cristalização
Tm – Temperatura de Fusão
Tg – Temperatura de Transição Vítrea
tGM – Espessura da Geomembrana
UV– Ultra Violeta
VMZ−TM – Votorantim Metais Zinco – Três Marias
β – Inclinação do Talude
δ − Recalque
σ − Esforços de Tração
ᵞ – Peso Específico
∆H –Entalpia
xvii
ÍNDICE
CCAAPPÍÍTTUULLOO 11 −− IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................. 1
1.2 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO .......................................................................... 3
1.3 ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ................................................................ 4
CCAAPPÍÍTTUULLOO 22 −− SSIISSTTEEMMAASS DDEE BBAARRRREEIIRRAASS UUTTIILLIIZZAANNDDOO
GGEEOOSSSSIINNTTÉÉTTIICCOOSS EEMM DDEEPPÓÓSSIITTOOSS DDEE RREEJJEEIITTOOSS CCOONNTTAAMMIINNAANNTTEESS
2.1 SISTEMAS DE BARREIRAS .................................................................................. 6
2.2 GEOMEMBRANAS ................................................................................................. 9
2.2.1 Geomembranas de Polietileno de Alta Densidade − PEAD ............................. 9 2.2.2 Geomembranas de Policloreto de Vinila − PVC ............................................ 15 2.2.3 Instalação de Geomembranas ......................................................................... 17
2.3 GEOCOMPOSTOS BENTONÍTICOS (GCL) ....................................................... 21
2.3.1 Propriedades dos Geocompostos Bentoníticos ............................................... 23 2.3.2 Emendas ......................................................................................................... 24 2.3.3 Instalação ........................................................................................................ 25
CCAAPPÍÍTTUULLOO 33 −− EESSTTUUDDOO DDEE CCAASSOO:: DDEEPPÓÓSSIITTOO DDEE RREEJJEEIITTOOSS DDEE ZZIINNCCOO
DDAA VVMMZZ EEMM TTRRÊÊSS MMAARRIIAASS//MMGG
3.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 27
3.2 HISTÓRICO E CONDICIONANTES DO SISTEMA DE DISPOSIÇÃO DE
REJEITOS DA VOTORANTIM ................................................................................... 28
3.3 DEPÓSITO DE REJEITOS MURICI ..................................................................... 30
3.3.1 Concepção e Premissas do Projeto ................................................................. 30 3.3.2 Localização e Condicionantes Geológico−Geotécnicos da Área ................... 32
xviii
3.4 SISTEMA DE BARREIRAS DO DEPÓSITO DE REJEITOS .............................. 37
3.4.1 Natureza e Características dos Rejeitos .......................................................... 37 3.4.2 Natureza e Características do Sistema de Barreiras ....................................... 38
CCAAPPÍÍTTUULLOO 44 −− EENNSSAAIIOOSS DDEE RREEFFEERRÊÊNNCCIIAA
4.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 44
4.2 ESFORÇOS ATUANTES EM GEOMEMBRANAS ............................................. 45
4.3 PROPRIEDADES MECÂNICAS PARA ANÁLISES DE DURABILIDADE ..... 50
4.3.1 Resistência à Tração ....................................................................................... 50 4.3.2 Resistência ao Rasgo ...................................................................................... 52 4.3.3 Resistência ao Puncionamento ....................................................................... 54
4.4 PROPRIEDADES TÉRMICAS PARA ANÁLISES DE DURABILIDADE ......... 55
4.4.1 Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)................................................ 56 4.4.2 Tempo de Oxidação Indutiva (OIT) ............................................................... 58
55 −− MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA PPRROOPPOOSSTTAA −− EENNSSAAIIOOSS EE EESSTTUUDDOO DDEE CCAASSOO
5.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 60
5.2 ‘MOSTRUÁRIO DE DESEMPENHO’ .................................................................. 61
5.3 METODOLOGIA DOS ENSAIOS MECÂNICOS E TÉRMICOS ....................... 63
5.3.1 Ensaios de Resistência à Tração ..................................................................... 63 5.3.2 Ensaios de Resistência ao Rasgo .................................................................... 64 5.3.3 Ensaios de Resistência ao Puncionamento ..................................................... 66 5.3.4 Ensaios de Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC) ............................. 67 5.3.5 Ensaios para Determinação do Tempo de Oxidação Indutiva (OIT) ............. 68
CCAAPPÍÍTTUULLOO 66 −− AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO EE AANNÁÁLLIISSEE DDOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS PPAARRAA OO
EESSTTUUDDOO DDEE CCAASSOO
6.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 71
6.2 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO .......................................................... 71
xix
6.3 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA AO RASGO .......................................................... 88
6.4 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA AO PUNCIONAMENTO ..................................... 94
6.5 ENSAIOS DSC – CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA ........ 102
6.6 ENSAIOS OIT – DETERMINAÇÃO DOS TEMPOS DE OXIDAÇÃO ............ 105
6.7 SÍNTESE GERAL DOS RESULTADOS ............................................................. 108
CCAAPPÍÍTTUULLOO 77 −− CCOONNCCLLUUSSÕÕEESS EE EESSTTUUDDOOSS CCOOMMPPLLEEMMEENNTTAARREESS
7.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 111
7.2 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 112
7.3 ESTUDOS COMPLEMENTARES ...................................................................... 114
RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS ................................................................................................................................................ 111166
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Desde o início de sua história o homem tem buscado extrair ao máximo as riquezas da
natureza. A intensa busca por novas tecnologias para atender as necessidades humanas
geram cada vez mais resíduos que eram e ainda são lançados em um dos três
reservatórios geoquímicos da natureza: atmosfera, litosfera e hidrosfera. A
interdependência desses sistemas fornece energia para um sistema integrador que é a
biosfera.
A mineração é considerada um dos setores essenciais à economia de um país, pois gera
riquezas e viabiliza tecnologias promovendo uma melhor qualidade de vida. As
atividades decorrentes desse segmento são fatores determinantes na formação e
progresso de diversas regiões brasileiras. Contudo, não se pode deixar de mencionar o
impacto que as atividades de mineração exercem sobre o meio ambiente; estes impactos
foram bastante mais enfatizados a partir da década de 70, quando tornou-se imperativo
um criterioso e completo programa de planejamento e gestão das atividades minerarias.
Até a década de 1980, os recursos naturais eram explorados de forma desenfreada já que
a economia era voltada apenas ao consumo excessivo. Não existia preocupação com a
disposição de resíduos e esses eram lançados diretamente sobre o solo e cursos d’água,
sem maior controle ambiental. No Brasil, as questões ambientais passaram a ser objeto
de consideração específica principalmente ao longo dos anos 90, em grande parte
devido aos desdobramentos dos encontros temáticos promovidos pela Organização das
Nações Unidas (ONU), como a Eco 92, conferência de cúpula realizada no Rio de
Janeiro da qual participaram mais de uma centena de chefes de Estado e na qual foram
discutidos os grandes temas relativos às questões do meio ambiente.
2
A partir de eventos dessa natureza, impactos negativos como a degradação de áreas,
poluição dos recursos hídricos e contaminação do solo e da água, passaram a ser
considerados fatores determinantes para a escolha do local para disposição de cada um
dos diferentes tipos de resíduos existentes, bem como da avaliação criteriosa e integrada
do projeto do sistema de sua disposição final.
A maioria das empresas do ramo de mineração passou a procurar soluções e alternativas
que permitisse o uso dos recursos com menor impacto. Um importante avanço no
processo de disposição foi o confinamento de rejeitos através de diques e barragens de
terra. Nessas estruturas, no entanto, ainda persistia uma série de deficiências técnicas de
concepção e execução que comprometiam consideravelmente sua estabilidade e
segurança. Apenas mais recentemente, os projetos de barragens e pilhas de rejeitos e
estéreis passaram a contar com maior atenção das mineradoras em decorrência de
graves acidentes provocados pela ruptura destas estruturas de contenção (Gomes, 2008).
A elaboração de legislações ambientais mais rígidas em todo o mundo têm impacto
direto nestes empreendimentos, induzindo um grande aumento nos investimentos por
parte das empresas de mineração para a adequação técnica necessária, ou seja, o
atendimento às especificações e normas reguladoras que foram sendo prescritas.
Com a função de garantir a preservação das áreas de disposição e evitar a contaminação
do ambiente local, os resíduos são classificados pela NBR10004, quanto aos riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, em Classe I - Resíduos Perigosos,
Classe II - Resíduos Não Inertes e Classe III - Resíduos Inertes. Na disposição dos
resíduos de Classe I e II deverá ser providenciado um adequado sistema de controle de
fluxo.
Com este propósito, são utilizadas as barreiras de fluxo com a função de evitar a
contaminação do lençol freático e que devem apresentar determinadas características
físicas, mecânicas e hidráulicas específicas, caracterizadas em termos de parâmetros de
operação, durabilidade, resistência mecânica, resistência química aos resíduos
depositados, resistência às intempéries e, principalmente, garantia de estanqueidade.
3
As barreiras de fluxo são constituídas por materiais naturais como as argilas
compactadas associadas ou não a materiais industrializados como os geossintéticos. A
escolha do sistema adequado irá depender do resíduo a ser depositado. Nesse contexto,
pesquisas vêm sendo realizadas a fim de avaliar o comportamento dessas barreiras
quando em contato com soluções contaminantes de naturezas diversas.
A necessidade de controle de fluxo em obras de geotecnia tornou-se, portanto, muito
comum e impositiva no caso de disposição de rejeitos de mineração potencialmente
contaminantes. A aplicação de geossintéticos tem favorecido bastante a prática destas
soluções geotécnicas, tanto pelas facilidades operacionais como pela flexibilização das
técnicas construtivas, reduzindo prazos e propiciando arranjos mais consistentes.
A questão primária que se impõe, portanto, tem foco na durabilidade das geomembranas
em ambientes tão agressivos e a evolução de potenciais susceptibilidades das mesmas
aos rejeitos depositados, que incorporam aditivos químicos diversos durante o processo
de beneficiamento industrial e que poderiam, desta forma, comprometer o desempenho
geotécnico de resistência e de estanqueidade do sistema de controle de fluxo.
1.2 – OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO
A presente pesquisa teve como objetivo principal estabelecer uma metodologia de
abordagem de procedimentos de controle e monitoramento do desempenho de
geomembranas de PEAD (passíveis de aplicação para geomembranas de outra
natureza), compreendendo:
(i) Procedimentos para exposição e coleta das amostras de geomembranas aos
rejeitos de mineração;
(ii) Definição de propriedades-índices características para a correlação dos
resultados entre as amostras expostas e as amostras de referência (não
expostas aos rejeitos);
(iii) Adoção de metodologias de ensaios relativamente simples e disponíveis para
aplicações práticas;
4
(iv) Possibilidade de adoção posterior no âmbito da própria empresa de
mineração, pela imposição óbvia dos longos períodos de monitoramento.
1.3 – ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
A dissertação foi subdividida em 7 capítulos, com as seguintes abordagens:
O capítulo 1 constitui esta Introdução que resume a contextualização do estudo, os
objetivos visados e a estruturação da dissertação.
O Capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica sobre sistemas de barreiras aplicáveis
a rejeitos contaminantes, com ênfase especial nas características das geomembranas de
PEAD e PVC e nos geocompostos bentoníticos. A abordagem é complementada
também com aspectos construtivos de sistemas de barreiras utilizando estes tipos de
geossintéticos.
A natureza e as características gerais do sistema de disposição de rejeitos da Unidade
VMZ –Três Marias são apresentadas no Capítulo 3, que inclui ainda as premissas da
concepção do empreendimento e os condicionantes geológico-geotécnicos locais.
Ênfase especial é dada à natureza e às características gerais do sistema de barreiras
adotado no chamado Depósito Murici, que constitui o estudo de caso da presente
pesquisa.
Os capítulos 4, 5 e 6 avaliam a metodologia proposta para controle e monitoramento de
geomembranas em sistemas de disposição de rejeitos contaminantes de mineração. No
Capítulo 4, são tratados os ensaios mecânicos e as técnicas térmicas que são propostas
para fornecer propriedades-índices, cujos valores permitiriam quantificar a evolução do
desempenho geotécnico destas interfaces confinadas em depósitos de rejeitos.
No Capítulo 5, são apresentados os procedimentos adotados para a exposição e coleta
de amostras de geomembranas de PEAD aos rejeitos de zinco do estudo de caso
analisado, bem como a sistemática dos ensaios realizados com as amostras coletadas
5
(após 1mês, 2 meses, 3 meses, 6 meses, 9 meses e 12 meses de exposição direta no
depósito) e com as amostras de referência (não expostas ao rejeito).
No capítulo 6, são apresentados em separado e de forma integrada os resultados das
séries de ensaios realizados e discutidas possíveis correlações das propriedades-índices
analisadas.
O Capítulo 7 apresenta a síntese das principais conclusões do estudo, incluindo-se ainda
algumas recomendações e sugestões para pesquisas futuras que visem dar continuidade
à metodologia proposta, no âmbito do estudo de caso analisado e de obras similares.
6
CAPÍTULO 2
SISTEMAS DE BARREIRAS UTILIZANDO GEOSSINTÉTICOS EM
DEPÓSITOS DE REJEITOS CONTAMINANTES
2.1 – SISTEMAS DE BARREIRAS
As barreiras de fluxo são utilizadas para reter, com máxima adequação, possíveis
líquidos percolados, de forma a evitar a contaminação das águas e dos solos. Nesse
sentido, devem apresentar determinadas características como durabilidade, resistência
mecânica, resistência química aos rejeitos depositados, resistência às intempéries e
principalmente estanqueidade.
No início da aplicação desses sistemas, utilizavam-se comumente solos tipicamente
argilosos (com coeficiente de condutividade hidráulica da ordem de 10-9 m/s) com
espessura mínima de 1,5m. Porém, mesmo apresentando resistência a longo prazo, as
argilas podiam apresentar contração das camadas induzindo trincas, comprometendo-se,
assim, a estanqueidade do sistema.
Para Rowe et al. (2004), aplicam-se os seguintes princípios básicos na implantação de
barreiras de fluxo:
• As barreiras de fluxo devem apresentar baixa condutividade hidráulica (valores
mínimos da ordem de 10-9 m/s) e não podem apresentar trincas na condição natural
ou mesmo quando submetidas aos efeitos da compactação. Em contato com
soluções químicas, a condutividade hidráulica deverá ser da ordem de 10-10 m/s e o
transporte deverá ser predominantemente por mecanismos de difusão;
• O solo utilizado deverá apresentar uma quantidade mínima de 15 a 20% de
partículas menores que 2µm, índice de plasticidade menor que 7%, atividade
coloidal maior que 0,3 e capacidade de troca catiônica de 10cmol/dm3, associadas às
interações dos argilominerais presentes;
7
• Deverá haver compatibilidade entre a barreira argilosa e o rejeito disposto, de forma
que não haja aumentos significativos na condutividade hidráulica;
• A barreira argilosa compactada deverá apresentar espessura mínima de 0,9 a 1,0m;
dependendo, porém, das prescrições legais aplicáveis, essa espessura poderá ser
alterada para 0,60m, quando utilizada junto com geomembranas;
• Na contenção de rejeitos industriais tóxicos, a barreira argilosa deverá apresentar
espessura mínima entre 3,0 a 4,0m, sendo que alguns casos podem demandar
camadas com espessuras muito maiores ou a utilização de barreiras compostas
múltiplas.
As argilas compactadas como barreira de fluxo foram muito utilizadas até poucos anos
atrás. O fato é que as camadas de argilas por serem muito espessas, ocupam
considerável volume que poderia ser ocupado pelos rejeitos. Além disso, a exposição
solar ou recalques diferenciais quase sempre provocam trincamento nas camadas,
facilitando a passagem de efluentes.
Assim, devido às limitações no uso da argila como barreira, os geossintéticos têm
ocupado um lugar de destaque em sistemas de controle de fluxo. O surgimento das
geomembranas e, posteriormente, dos geocompostos argilosos deram origem a novas
configurações de barreiras de fluxo com importantes características como baixa
permeabilidade, facilidade na instalação e, principalmente, aumento da capacidade do
reservatório.
Os valores muito reduzidos de condutividade hidráulica (da ordem de 10-12 cm/s) faz
com que o uso de geomembranas em obras de proteção ambiental passe a constituir uma
alternativa bastante interessante. Sendo um produto manufaturado, ou seja, passível de
um controle de produção rigoroso, é possível garantir suas propriedades físico-
químicas. Em função das características do material que será depositado no aterro, as
geomembranas são fabricadas comumente em PEAD (Polietileno de Alta Densidade) ou
em PVC (Policloreto de Vinila), com diferentes espessuras (Van Zaten, 1986; Sarsby,
2007).
8
Outro geossintético utilizado em sistemas de controle de fluxo são s geocompostos
bentoníticos (GCL´s). Os geocompostos bentoníticos consistem em geral de uma fina
camada de bentonita sódica envolvida por dois geotêxteis formando um único material.
Tal configuração resulta em um produto uniforme que cumpre com as exigências
técnicas das aplicações às quais é destinado. Dependendo do rejeito a ser armazenado,
as geomembranas e os geocompostos bentoníticos podem ser utilizadas isoladamente ou
combinados em diferentes configurações e arranjos.
Quando constituídos por uma única camada impermeável, estes sistemas são chamados
simples. São empregados geralmente nos casos de contenção de materiais onde os riscos
de vazamentos eventuais não causariam danos significativos ao meio ambiente. Os
chamados sistemas compostos são aqueles que envolvem a combinação de solos
argilosos compactados e materiais sintéticos segundo diferentes combinações.
Quando se tratam de rejeitos perigosos, são recomendados os sistemas duplos. Neste
caso, o sistema de barreiras é composto por duas geomembranas e uma camada de
argila, conjugados por uma camada de detecção de vazamentos (SDV) e por um sistema
de coleta dos percolados acima da geomembrana principal. A Figura 2.1 apresenta
algumas configurações típicas para sistemas de controle de fluxo.
(a) Barreiras simples
(b) Barreiras compostas
(c) Barreiras duplas compostas
Figura 2.1 – Configurações típicas para sistemas de controle de fluxo (Gomes, 2012)
9
A seguir, serão apresentadas as características gerais das geomembranas de PEAD, das
geomembranas de PVC e dos geocompostos bentoníticos, bem como as principais
vantagens e desvantagens para cada um destes tipos mais comuns adotados em sistemas
de controle de fluxo.
2.2 – GEOMEMBRANAS
2.2.1 – Geomembranas de Polietileno de Alta Densidade – PEAD
Geomembrana (Barreira geossintética polimérica – GBR–P) pode ser definida como
uma estrutura constituída de materiais geossintéticos produzida industrialmente em
forma de lâmina, que atua como uma barreira (ABNT NBR ISO 10318).
As geomembranas são classificadas em reforçadas quando há uma armadura de reforço
incorporada ao produto, formando uma estrutura monolítica, e texturizadas, quando
apresentam acabamento superficial rugoso com a função de aumentar as características
de atrito de interface.
As geomembranas são constituídas por PEAD, sendo produzidas pela polimerização do
etileno a baixa pressão com catalisadores específicos e copolímeros, resultando em um
polímero de alto peso molecular com excelentes propriedades físico-químicas. São
fornecidas em bobinas, com larguras entre 5m e 10m, comprimentos da ordem de 200m
e espessuras entre 1,0 e 2,5 mm.
Internacionalmente, as primeiras aplicações de geomembranas de PEAD foram feitas no
âmbito de indústrias metalúrgicas e mineradoras (Van Zaten, 1986). Em obras dessa
natureza, além da impossibilidade de manutenção das barreiras, são utilizados produtos
químicos extremamente agressivos e solicitações mecânicas acima do comum. A partir
da década de 80, com o aumento da conscientização para a proteção ambiental, uma
série de aplicações com as geomembranas tem sido fomentada com sucesso em
diferentes aplicações geotécnicas, com custos mais baixos quando comparados a outros
sistemas de barreiras.
10
Devido à sua facilidade de instalação, flexibilidade e sua reduzida permeabilidade, as
geomembranas podem ser empregadas em aterros sanitários (base e cobertura), lagoas
de efluentes, tratamento de rejeitos industriais, canais de irrigação e adução, lagos
ornamentais, reservatórios para água, enterrados ou elevados, lagoas para piscicultura,
mineração, barragens de terra e de concreto, reservatórios subterrâneos para tanques de
combustíveis, entre outros.
Na Figura 2.2, são apresentadas algumas aplicações de obras com geomembranas de
PEAD.
(a) (b)
(c)
(d)
Figura 2.2 – (a) Lagoa de chorume; (b) Aterro sanitário; (c) Lagoa de vinhaça em usinas
de cana-de-açúcar; (d) Revestimento de canais.
11
2.2.1.1 – Ancoragem
Durante a vida útil da obra, a geomembrana deve ser fixada contra instabilizações. Essa
fixação é feita através do sistema de ancoragem que pode ser provisório ou definitivo. A
ancoragem é dita provisória quando são utilizados elementos móveis para fixação,
construídos por materiais que não danifiquem a geomembrana, como sacos preenchidos
com areia ou solos finos.
A ancoragem definitiva é feita em canaletas, abertas na superfície do terreno, distante da
borda do talude da vala de 0,50 a 1m, dependendo da inclinação e da altura do talude.
Para evitar a diminuição da seção das canaletas de ancoragem, estas devem ser
executadas com um mínimo de defasagem da colocação da geomembrana.
Em superfícies de concreto, a geomembrana pode ser colocada diretamente sobre o
concreto ou sobre uma esponja de neoprene de célula fechada, e aderida à superfície do
concreto por meio de adesivo adequado. A fixação da geomembrana no concreto pode
ser feita por meio de um perfil metálico ou de plástico, preso ao concreto através de
parafusos com porca, rebite ou fixação especial.
Com perfil parcialmente embutido no concreto, a geomembrana deve ser soldada por
extrusão a um perfil pré-fabricado do mesmo polímero da geomembrana, embutido no
concreto na ocasião da construção da estrutura.
2.2.1.2 – Emendas
Quando utilizadas em obras de contenção e/ou barreira de fluxo, as geomembranas
precisam sofrer um processo de emenda que pode ser em campo ou em fábrica
dependendo da finalidade. Dependendo do tipo de rejeito e da natureza da técnica
empregada, essas emendas podem apresentar resistência reduzida. Caso haja
descolamento ou mesmo ruptura de alguma dessas emendas, poderá haver fuga do
material armazenado e comprometimento da função não apenas da geomembrana, mas
de toda a obra. Assim, é de extrema importância o estudo e compreensão dos processos
que envolvem as emendas em projetos de barreiras para controle de fluxo (Lodi, 2003).
12
Dessa forma, destaca-se a seguir os principais tipos de emendas efetuadas em
geomembranas de PEAD (Van Zaten, 1986, Shukla, 2002; Koerner, 2005).
a) Solda por termofusão: As faces dos painéis de geomembrana a serem emendados
são unidas por aquecimento obtido por transferência de calor por suflamento de
ar ou cunha metálica. A solda é de linha dupla com um canal central, através do
qual se faz o ensaio não destrutivo de pressurização, para verificar a sua
estanqueidade (Figura 2.3).
Figura 2.3 – Solda por termofusão (Gomes, 2012)
b) Solda por aporte de material (extrusão): um filete extrudado a partir de um
cordão ou de grânulos do mesmo polímero componente dos painéis da
geomembrana é depositado na borda sobreposta do painel (Figura 2.4).
Figura 2.4 – Solda por aporte de material (Gomes, 2012)
2.2.1.3 – Ensaios para Aferição da Estanqueidade das Emendas
Para iniciar a soldagem dos painéis de geomembrana na obra, os parâmetros de solda
devem ser definidos por meio de ensaios de cisalhamento e descolamento (normas
ASTM D 6392 e GRI GM 19). Nesses ensaios, a tensão de ruptura da solda, que varia
conforme a espessura e o tipo de polímero utilizado deve atender aos valores
relacionados nas prescrições técnicas do projeto. Após a definição dos parâmetros, as
soldas serão executadas e submetidas a detalhadas inspeções visuais e a ensaios. De
acordo com as recomendações da IGSBR 01, esses ensaios podem ser:
13
a) Ensaios não-destrutivos: ensaios realizados simultaneamente com os serviços de
solda. Assim, todas as soldas deverão ser verificadas ao longo do seu
comprimento para certificação da estanqueidade. Esses ensaios podem ser:
• Ensaio de vácuo: esse ensaio é realizado em soldas feitas pelo processo de
extrusão. O cordão de solda, em tramos de 50 cm, é submetido a uma pressão de
20kPa, que é aplicada no interior de uma caixa transparente vedada com
neoprene no contato com a geomembrana e colocada de antemão sobre a solda
molhada com água e sabão. Após a aplicação da sucção sob a pressão de ensaio,
aguarda-se por um tempo de 10 segundos para verificar se houve ou não a
formação de bolhas de sabão. Caso haja a formação de bolhas, após o período de
10s, a caixa transparente é movida para a área adjacente deixando um traspasse
mínimo de 7,5 cm com a mesma. Todas as áreas onde houver a formação de
bolhas deverão ser marcadas e posteriormente reparadas.
• Ensaio da Faísca Elétrica: Esse ensaio é realizado em superfícies que apresentam
irregularidades ou curvas e que não seja possível a realização do ensaio de
vácuo. Um arame fino condutor, de diâmetro inferior à espessura da
geomembrana, é colocado ao longo da borda do traspasse superior tal que esse
fique no interior da solda por extrusão realizada. Toda a linha de solda é
verificada por um mecanismo semelhante a uma vassoura metálica, ligada a uma
fonte de 20 kV. Faíscas elétricas são emitidas quando da detecção de falhas
existentes.
• Ensaio de Pressurização: Esse ensaio é executado no espaço livre entre as duas
linhas de solda por cunha quente ou ar quente. O equipamento utilizado, o qual
depende da espessura e rigidez da geomembrana, deve ser capaz de suprir e
sustentar uma pressão de 70 a 205 kPa. Os dois extremos da linha de solda são
selados. A seguir, em um dos extremos do canal é colocado um dispositivo no
qual é inserida uma agulha conectada a uma válvula com manômetro e é
injetado ar até obter uma pressão entre 70 e 205 kPa. Após a estabilização do
sistema, aproximadamente dois minutos, é feita a primeira leitura do
manômetro. Após cinco minutos faz-se novamente a leitura do manômetro. A
14
máxima queda de pressão, que também depende da espessura e rigidez da
geomembrana, deve ser de 14 a 35 kPa. Se a queda de pressão for superior aos
limites estipulados, a solda analisada deverá ser corrigida.
• Ensaio de Jato de Ar: Esse ensaio é realizado quando a solda não pode ser
testada pelo ensaio de vácuo nem pelo ensaio de faísca elétrica devido às
condições locais e quando essa for constituída por apenas uma linha. Como o ar
é injetado por um orifício de 5 mm de diâmetro a uma pressão em torno de 350
kPa, deve-se ter precaução na execução do ensaio para que não cause danos à
geomembrana.
• ‘Spark Test’: Quando houver a possibilidade da existência de furos seja por
queda de objetos durante a instalação, transporte ou mesmo por defeito de
fabricação, os painéis de geomembrana deverão ser verificados pelo ensaio de
‘Spark Test’. O ensaio é constituído por uma fonte de baixa amperagem e alta
tensão ( 20 a 100 kV), que depende da espessura da geomembrana. Um fio
terra e uma haste com uma escova ou barra metálica são ligados à fonte e
passada lentamente por um operador sobre todos os painéis de geomembrana
instalados. A geomembrana atua como material isolante entre o solo e a haste
metálica; se for detectada qualquer descontinuidade será emitida uma faísca
seguida de um sinal sonoro tipo bip.
b) Ensaios destrutivos: São realizados para avaliar estatisticamente a qualidade das
soldas, em corpos de prova de 2,54 cm de largura por 15 cm de comprimento.
As recomendações a serem seguidas são as das normas ASTM D 6392, D 4437,
D 413, D 3083, D 638 e GRI GM 19, visando atender basicamente a duas
propriedades:
• Resistência ao Cisalhamento: este ensaio consiste em submeter o corpo de
prova, com a geomembrana superior presa a uma das garras do tensiômetro e
a inferior presa a outra garra, a um esforço de cisalhamento direto a uma
velocidade que depende do tipo de polímero da geomembrana, e registrar a
sua máxima resistência e a localização da zona de ruptura;
15
• Resistência ao Descolamento: nesse ensaio o corpo de prova deve ser preso
às garras do tensiômetro do mesmo lado da solda, e forçado a abrir ao longo
da mesma.
Devido a características como alta resistência a substâncias químicas, alta resistência
mecânica e bom desempenho a baixas temperaturas, em obras para disposição de
rejeitos, utilizam-se preferencialmente as geomembrana de PEAD, mesmo levando-se
em conta tratar-se de um material de difícil trabalhabilidade, elevado coeficiente de
expansão térmica, pouca aderência aos solos e sensível a trincamento por tensão.
2.2.2 – Geomembranas de Policloreto de Vinila – PVC
Geomenbranas de PVC constituem excelentes alternativas como barreira de fluxo em
obras de construção civil ou industrial. Além da característica de amoldar com
facilidade a qualquer superfície (obras em solo ou em concreto), elas são uma ótima
solução para obras que necessitem de resistência e estabilidade, como barreiras de
controle de fluxo em lajes, reservatórios, muros de arrimo e projetos paisagísticos, entre
outras aplicações.
As geomembranas de PVC são fabricadas por meio do processo de calandrado. Neste
processo, o polímero, os aditivos e os plastificantes são mesclados e aquecidos de modo
a iniciar uma reação entre componentes. Logo a mescla é transportada a um moinho de
rodas onde é homogeneizada para, em seguida, passar pela calandra, que é um sistema
formado por rodas contrapostas que conferem uma forma de lâmina ao produto final.
Esse método permite fabricar geomembranas compostas de uma ou várias lâminas em
sua espessura, entre as quais é possível inserir malhas de reforço. São fornecidas em
rolos, com 1,40 m de largura, comprimentos da ordem de 40 m e espessuras entre 0,60 e
2,0 mm.
Graças às suas características como seu alongamento superior a 200%, elas podem ser
pré-soldadas em painéis e com dimensões conforme cada necessidade. São instaladas
com rapidez e praticidade, o que resulta na redução de mão-de-obra e de equipamentos,
com ganho de tempo de instalação e menores cronogramas da obra.
16
Outra vantagem é que a união entre as geomembranas de PVC pode ser feita por
métodos diversos (alta frequência, ar quente, cunha quente e por colas apropriadas). São
confiáveis e apresentam grande facilidade em termos de reparos. Como os
equipamentos utilizados nas soldas são especiais, além de controlarem automaticamente
a velocidade e a temperatura de execução, eles também conferem a eficiência das
emendas. Um teste de pressão ou vácuo pode ser realizado durante a instalação para
verificação da estanqueidade já que as soldas são duplas (semelhante a uma costura
dupla e paralela, com um intervalo vazio entre elas).
2.2.2.1– Emendas
As geomembranas de PVC, ao contrário das geomembranas de PEAD, podem ser
soldadas em fábrica, formando grandes painéis, reduzindo ou mesmo eliminando grande
parte dos trabalhos de emendas em campo. Assim, quando há a necessidade dessas
emendas em campo, essas poderão ser (Van Zaten, 1986, Shukla, 2002; Koerner, 2005):
a) Solda por termofusão: as faces dos painéis de geomembranas a serem
emendados são unidas por aquecimento obtido por transferência de calor por
suflamento de ar ou cunha metálica (Figura 2.5).
Figura 2.5 – Solda por termofusão (Gomes, 2012)
b) Solda química: dois painéis são unidos mediante o ataque químico das
superfícies provocado por um solvente volátil que leva à fusão das partes, com o
auxílio de pressão mecânica (Figura 2.6).
Figura 2.6 – Solda química (Gomes, 2012)
17
c) Solda por alta frequência: a união dos dois painéis se dá por interação molecular
causada por alta frequência.
d) Vedação por emulsão: compreende uma vedação complementar para garantir a
estanqueidade da solda; faz-se a deposição na borda sobreposta do painel de
uma pasta preparada a partir do polímero dissolvido e componente dos painéis.
Dentre os polímeros que servem de matérias primas para a fabricação de
geomembranas, o PVC é o segundo mais usado a nível mundial. Por sua flexibilidade, a
geomembrana de PVC amolda-se muito bem aos vários tipos de obras em solo ou em
concreto. Aliando-se suas boas características de resistência, facilidade de soldagem,
atrito de interface, baixa condutividade hidráulica e baixo custo, resulta em um dos
melhores produtos para barreira de fluxo. Apresenta, porém fraco desempenho a altas e
baixas temperaturas, baixa resistência à radiação ultravioleta, ozônio, sulfetos e
intempéries, além de baixa resistência química a algumas substâncias.
2.2.3 – Instalação de Geomembranas
O passo mais importante para assegurar a qualidade de aplicação de geomembranas em
obras compreende bons procedimentos de instalação. Assim, é importante que as
exigências e necessidades da instalação sejam definidoras das etapas anteriores, sempre
à luz de manuais, normas e padrões de aceitação. Sendo assim, destaca-se a seguir os
procedimentos a serem adotados na instalação de geomembranas:
a) Preparação das superfícies que receberão a geomembrana: a superfície a ser
revestida deverá ser preparada imediatamente antes da colocação da
geomembrana. Para evitar que a superfície seja danificada, esta deverá estar lisa
e livre de objetos pontiagudos, de pedras, material orgânico e madeira. Além
disso, não serão permitidas pedras com diâmetro maior que 9,52mm nos últimos
15 cm do solo de apoio da geomembrana. Caso o sistema de barreiras inclua a
argila compactada, a superfície desta camada não deverá ter mudanças abruptas
no seu nivelamento. Enfim, todas as recomendações citadas acima deverão ser
seguidas antes da colocação da geomembrana;
18
b) Canaleta de Ancoragem: as dimensões das canaletas são determinadas em
função da inclinação e altura do talude. Assim, a canaleta escavada deverá ter as
dimensões previstas no projeto. Para evitar danos ocasionados pela chuva,
ressecamento com trincas e abatimento das suas laterais, essas canaletas deverão
ser escavadas imediatamente antes da colocação da geomembrana, tomando-se
os devidos cuidados para que o reaterro destas não cause danos à geomembrana.
Ainda com relação a possíveis danos, no caso dessas canaletas serem escavadas
em solos rijos e duros, as bordas deverão ser levemente arredondadas. Sob o
reservatório, poderá ser utilizado um geotêxtil não tecido agulhado com massa
por unidade de área elevada como elemento de proteção;
c) Conexão da geomembranasa estruturas de concreto: essa conexão é feita através
de perfil de PEAD. Para que fique solidarizado à estrutura, o perfil de PEAD é
colocado na fôrma antes da concretagem. A geomembrana é soldada ao perfil
através de solda por extrusão ou por meio de perfis metálicos fixados
externamente através de parafusos;
d) Interferências: no projeto deverão ser detalhadas todas as interferências da
geomembrana com tubos, caixas de entrada e saída e outras superfícies, para as
devidas especificações dos trabalhos de campo nestas zonas do maciço (Figura
2.7);
Figura 2.7 – Conexão tubo/ geomembrana
e) Colocação de geomembrana: para fins de controle operacional, o número, a
localização e a data de colocação de cada painel deverão ser registrados durante
a instalação da geomembrana.
19
Além disso, diariamente deverá ser elaborado o ‘as built’ do projeto. A
colocação dos painéis deverá seguir estritamente as especificações do projeto
executivo. A geomembrana deverá ser colocada verticalmente, no sentido da
inclinação do talude e de forma que fique com o mínimo possível de rugas e
ondulações, porém com folga mínima, para que não fique tensionada ao dilatar e
contrair.
Para evitar o levantamento da geomembrana pelo vento, esta deverá ser
ancorada temporariamente com sacos de areia ou terra, pneus ou quaisquer
outros elementos que não cause danos à mesma, a fim de se obter boa
conformação da superfície, ao longo das bordas e cantos dos painéis antes da
ancoragem definitiva. A geomembrana deverá ser protegida mecanicamente com
geotêxtil, ‘geomembrana de sacrifício’ ou uma camada de solo, caso o tráfego
de veículos sobre a mesma seja inevitável;
f) Emendas: as soldas deverão ser feitas verticalmente na direção da inclinação do
talude. As soldas horizontais deverão ser realizadas a uma distância superior a
1,5m do pé do talude, no fundo, ou em áreas de grande concentração de tensões.
Em cantos e locais de geometria irregular, o número de soldas deverá ser o
mínimo possível. Para permitir um trespasse plano, ‘bocas de peixe’ ou rugas
nos trespasses das soldas deverão ser cortados. Um ‘manchão’ oval ou redondo
deverá ser colocado no caso de irregularidades na continuidade da
geomembrana.
Os trespasses entre os painéis deverão ser de 10 cm nas soldas por termofusão e
7,5 cm nas soldas por extrusão e deverão estar secos e limpos antes da realização
das soldas. Antes da realização das soldas, o equipamento e o desempenho do
soldador deverão ser verificados. Além disso, as soldas executadas nos painéis
de geomembrana deverão ser realizadas sob as mesmas condições que as soldas-
testes (amostras com 1m de comprimento por 0,30 m de largura, com a solda
centrada ao longo do comprimento).
Das amostras para soldas testes deverão ser extraídas cinco corpos de prova com
2,5 cm de largura por 30 cm de comprimento para serem testados ao
cisalhamento e ao descolamento. Estes corpos de prova não deverão romper;
caso isso ocorra, os ensaios serão repetidos para mais cinco corpos de prova, de
20
acordo com as recomendações técnicas e os valores de resistências estipulados
pela norma GRI GM 19;
g) Verificação das soldas: a verificação das soldas deverá ser feita simultaneamente
aos serviços de solda através dos ensaios não destrutivos e destrutivos. Para
ensaios não destrutivos, as soldas realizadas por termofusão deverão ser testadas
ao longo do seu comprimento através dos ensaios de pressão de ar e as soldas
por extrusão através do ensaio de vácuo ou pelo ‘spark test’ que, devido à
localização, não possam ser testadas pelo ensaio de vácuo. Para verificação da
estanqueidade global da geomembrana instalada, pode ser usado o ensaio ‘spark
test’.
Os ensaios destrutivos (cisalhamento e descolamento) deverão ser realizados em
cinco corpos de prova, no tensiômetro na obra ou em laboratório independente;
h) Critério de aceitação das soldas: deverão ser realizados ensaios destrutivos com
cinco corpos de prova e todos deverão ser aprovados quanto à localização da
ruptura e quanto a resistência da solda. Além disso, a ruptura deverá ocorrer pelo
rasgamento da geomembrana e não pela área soldada;
i) Controle de qualidade da instalação: a qualidade da instalação da geomembrana
será comprovada pela apresentação de planilhas, relatórios com o registro de
todos os serviços executados, ensaios não destrutivos e destrutivos além do ‘as
built’ da área instalada. É recomendada a contratação de uma empresa
fiscalizadora especializada para acompanhar os serviços e o controle de
qualidade da instalação;
j) Verificação da qualidade assegurada da instalação: todas as etapas da instalação
da geomembrana deverão ser verificadas simultaneamente à realização dos
serviços. Os itens a serem verificados são: superfície de apoio, colocação dos
painéis de geomembrana, ancoragens, interferências, execução e verificação das
soldas.
Todos estes itens deverão obedecer às especificações do projeto, às normas
pertinentes e às recomendações da IGSBR 01.
21
2.3 – GEOCOMPOSTOS BENTONÍTICOS (GCL)
Os geocompostos bentoníticos ou Geosynthetic Clay Liners (GCL) consistem em geral
de uma fina camada de bentonita sódica, envolvida por geotêxteis ou geomembrana
formando um único material. Tal configuração resulta em um produto uniforme que
cumpre com as exigências técnicas das aplicações às quais é destinado.
São apresentados em bobinas com largura e comprimento em torno de 5 e 50 m,
respectivamente, e espessuras de 1 cm, sendo o conteúdo de argila, com umidade entre
10 e 20%, da ordem de 5 kg/m2 (Shukla, 2002; Sarsby, 2007). Normalmente são usados
como alternativa para substituir a camada de argila compactada ou como camada
complementar em sistemas compostos por vários geossintéticos e camadas de argila
compactada, solução que pode se mostrar bastante interessante em projetos
compreendendo a disposição de resíduos ou efluentes muito contaminantes.
Sua função é a de atuar como uma barreira de fluxo, similar a uma camada de argila
compactada, em função da propriedade da bentonita ser expansiva ao entrar em contato
com algum líquido. No momento em que o produto se encontra confinado, o processo
de expansão gera uma diminuição dos índices de vazios do meio, garantindo
baixíssimos valores de condutividade hidráulica. As permeabilidades do geocomposto e
da argila compactada deverão ser mantidas inalteradas, tanto no estado seco como no
úmido, após passar por um ou mais ciclos de umedecimento e secagem.
A substituição de uma camada de argila compactada por um geocomposto bentonítico,
em termos de viabilidade econômica, deve ser realizada baseando-se nos seguintes
fatos: disponibilidade de argila próxima ao local da obra, distância média de transporte
da argila, qualidade da argila disponível e cálculo da espessura da camada de argila a ser
substituída.
Um geocomposto possui valores de condutividade hidráulica da ordem de 10-9 m/s, ou
seja, garante uma estanqueidade equivalente a de uma camada de argila compactada de
aproximadamente 1m de espessura com coeficiente de permeabilidade da ordem de 10-7
m/s (Sarsby, 2007).
22
Outro ponto bastante interessante é a comparação com as geomembranas. No momento
em que ocorre um dano ou falha na instalação de uma geomembrana, considerando que
a mesma não possui capacidade de auto-selagem (característica dos geocompostos),
surge uma forte tendência do percolado se encaminhar em direção ao dano e atravessar
a manta. Devido a esse fato, é importante sempre a previsão de camadas
complementares às geomembranas que possam garantir estanqueidade mesmo quando
numa eventual falha de instalação ou dano das mesmas.
De acordo como são fabricados, os geocompostos podem ser classificados em
reforçados ou não. Nos geocompostos reforçados, as camadas externas de geossintéticos
são unidas mecanicamente por costura ou agulhamento. Os produtos não reforçados são
fabricados com o uso de adesivos. Recomenda-se que em taludes sejam utilizados os
geocompostos reforçados, uma vez que possuem maior resistência ao cisalhamento. A
Figura 2.8 ilustra os diferentes tipos de geocompostos bentoníticos.
Figura 2.8 – Tipos de geocompostos bentoníticos (Gomes, 2012)
O geocomposto bentonítico substitui a argila compactada com grandes vantagens em
obras como aterros sanitários (base e cobertura), valas de rejeitos industriais, proteção
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em armazenamento de combustíveis, reservatórios de água e lagoas ornamentais, entre
outras obras. Algumas destas aplicações são apresentadas na Figura 2.9.
(a) Geomembrana sendo instalada sobre o geocomposto de bentonita
(a) Aplicação de geocomposto bentonítico na cobertura de aterro industrial
(b) Figura 2.9 – Aplicações dos geocompostos bentoníticos
Mesmo que os geocompostos possam ser utilizados como revestimento único, tem sido
mais frequente o seu uso em sistemas compostos seja com geomembranas ou mesmo
geocompostos drenantes. Geralmente nestes sistemas, o geocomposto é colocado sob a
geomembrana, substituindo a camada de argila compactada.
2.3.1 – Propriedades dos Geocompostos Bentoníticos
a) Condutividade Hidráulica: essa propriedade é dependente da tensão que está
atuando no geocomposto, sendo da ordem de 10-9 cm/s para as encapsuladas em
geotêxtil e de 10-12 cm/s para as aderidos a geomembranas;
24
b) Resistência ao Cisalhamento: para a resistência de geocompostos argilosos,
consideram-se duas possibilidades de ruptura (Shukla, 2002):
• Pelo próprio corpo da bentonita (resistência interna): quando hidratada, a
argila bentonítica apresenta baixa resistência ao cisalhamento. Em
função do estado da bentonita, o ângulo de atrito varia: quando estão
secas, tendem a apresentar ângulos de atrito superiores a 30˚, porém
quando hidratadas, esses ângulos podem ser reduzidos a valores
inferiores a 10˚. Essa variação de ângulo de atrito pode causar
instabilidades podendo provocar rupturas através da bentonita. No
entanto, esse problema pode ser resolvido pelo agulhamento entre os
geotêxteis das duas faces do geocomposto;
• Pela interface entre o geotêxtil (ou geomembrana) e o material adjacente
(resistência de interface): o material em contato com o geocomposto e a
fuga da bentonita do invólucro geotêxtil podem condicionar a resistência
de interface. Como diversas situações podem ocorrer, recomenda-se a
realização de ensaios de forma que as condições de umidade e dissipação
de poropressões possam ser representadas conforme a situação de
campo.
c) Autocicatrização: a expansão da bentonita presente no geocomposto bentonítico
permite que eventuais furos resultantes da instalação sejam sanados. Essa
capacidade de autocicatrização do geocomposto bentonítico permite que, em
ciclos de umedecimento e secagem, caso haja o aparecimento de trincas, as
propriedades hidráulicas do elemento possam ser resgatadas, garantindo-se a
manutenção da estanqueidade do sistema.
2.3.2 – Emendas
Nos Geocompostos Bentoníticos, a maioria das emendas é efetuada por simples
superposição, com comprimentos que variam entre 10 e 30 cm. A Figura 2.10 ilustra as
opções comuns de emendas entre estes geossintéticos.
25
Figura 2.10 - Tipos de emendas de geocompostos argilosos (Gomes, 2012)
Em geocompostos argilosos (GCLs) produzidos com geotêxteis agulhados, a bentonita é
colocada numa proporção da ordem de 0,8 kg/m, na região de superposição, que deve
penetrar nos poros do geotêxtil e, quando hidratados, promover a autoligação entre os
painéis; para geotêxteis colados, é necessário a colocação de bentonita adicional. No
caso de geocompostos argilosos com geomembranas, é utilizada apenas a superposição
como emenda; porém, se for imprescindível, uma capa de geomembrana pode ser
soldada como uma garantia adicional.
2.3.3 – Instalação
A instalação dos geocompostos bentoníticos é feita de modo similar à instalação das
geomembranas. A superfície que onde será aplicado o geocomposto bentonítico deve
estar nivelada, seca, limpa e livre de quaisquer materiais soltos ou pontiagudos que
possam danificá-lo. O geocomposto deve ser manejado com cuidado para evitar danos
e, em taludes, ele deve ser ancorado de forma segura e a abertura do rolo ser
adequadamente sequenciada ao longo da superfície a ser coberta.
26
A colocação do geocomposto deve ser normal ao talude e a ancoragem feita em
canaletas escavadas na crista do talude, com fixação com sacos de areia contra a ação de
ventos. Além disso, o geocomposto não poderá ser aplicado em dias de chuva forte ou
em áreas alagadas. A aplicação do geocomposto deve ser feita de tal forma que possa
ser envolto pelo solo de cobertura ou pela geomembrana no mesmo dia.
As principais vantagens dos geocompostos bentoníticos são a sua fácil instalação, baixo
custo, pequena espessura, boa flexibilidade com os recalques das camadas subjacentes
de solo ou resíduos, facilidade de execução de reparos, autocicatrização e sua habilidade
de expansão quando em contato com líquidos. Por outro lado, suas principais
desvantagens são a limitada espessura desta barreira pode produzir vulnerabilidade a
acidentes mecânicos, permeabilidade a gases nos casos de bentonitas levemente úmidas
e incompatibilidade com certos efluentes. A Tabela 2.1 apresenta um resumo das
principais vantagens e desvantagens um geocomposto bentonítico.
Tabela 2.1 – Vantagens e desvantagens dos geocompostos bentoníticos (Bouazza, 2002)
Vantagens Desvantagens Rápida instalação, trabalho menos qualificado e baixo custo
Baixa resistência ao cisalhamento da bentonita hidratada (GCL não reforçado)
Condutividade hidráulica muito baixa para água se for instalado corretamente
GCLs podem sofrer punção durante a instalação
Pode resistir a grandes recalques diferenciais
Bentonita com baixa umidade é permeável
Excelentes características de autocicatrização
Potenciais problemas de resistência na interface com outros materiais
Não depende da disponibilidade de solos locais
Pequena capacidade de atenuação de percolados
Facilidade de conserto Possibilidade de menor resistência ao cisalhamento após o pico
Resistência aos efeitos de ciclos de gelo/degelo
Possibilidade de maior fluxo a longo prazo devido a uma redução na espessura da bentonita sobre uma tensão normal aplicada
Maior espaço para armazenamento visto a pequena espessura
Possibilidade de aumento na condutividade hidráulica devido a problemas de compatibilidade com contaminantes se não pré-hidratado com água inicialmente
Não há necessidade de ensaios e condutividade hidráulica em campo
Alto fluxo difusivo de contaminante se comparado com liners de argila compactada
Quando hidratado o GCL é uma barreira hidráulica eficiente
Tendência de troca de íons (para GCL com bentonita sódica)
Redução de tensões de sobrecargas sobre substratos compressíveis
Tendência de ressecamento para coberturas inadequadas (camada > 0,6 m de solo)
27
CAPÍTULO 3
ESTUDO DE CASO: DEPÓSITO DE REJEITOS DE ZINCO DA VMZ
EM TRÊS MARIAS/MG
3.1 – INTRODUÇÃO
O zinco é considerado o terceiro metal não ferroso mais consumido no mundo, na
sequência do alumínio e do cobre. O zinco se destaca pela sua elevada resistência à
corrosão e facilidade de combinação com outros metais. Cerca de 45% do consumo
nacional de zinco é empregado na galvanização. As indústrias de construção civil,
eletrodomésticos e transportes são os maiores consumidores de produtos galvanizados.
As reservas mundiais de zinco estão estimadas em 250 Mt. Os mais importantes
depósitos estão distribuídos na Austrália, China, México, Peru, Cazaquistão e Índia,
representando nada menos que 73,9% do total. Apenas 1,0% dessas reservas estão
localizadas no Brasil. São 2,2 Mt, concentradas no Estado de Minas Gerais. A produção
mundial de zinco contido em concentrado atingiu 12,4 Mt em 2011. Os maiores
produtores são a China, Austrália e Peru. O Brasil produziu 198 mil t, representando
1,6% da produção mundial (DNPM, 2012).
No Brasil a produção nacional de zinco provém de três minas localizadas em dois
estados. Em Minas Gerais, a Votorantim Metais Zinco S/A produz minérios silicatados
na mina de Vazante (minas a céu aberto e subterrânea) e sulfetados na mina de Morro
Agudo (mina subterrânea). Após beneficiados, estes minérios garantem mais de 80% da
necessidade da planta metalúrgica de Três Marias, ao passo que a planta de Juiz de Fora
produz zinco utilizando como matéria-prima o concentrado sulfetado importado. No
Estado do Mato Grosso, a Prometálica Mineração Ltda limita-se à extração e
beneficiamento de minério sulfetado de zinco em sua jazida de Monte Cristo, localizada
no município de Rio Branco.
28
A Votorantim Metais Zinco S/A, empresa de capital nacional integrante do Grupo
Votorantim, é a principal produtora de zinco no País. Ela dirige seu foco para a
mineração e metalurgia de zinco, níquel e aços longos. Hoje, a VM é uma das cinco
maiores produtoras mundiais de zinco, maior fabricante de níquel eletrolítico da
América Latina, líder brasileira na produção de alumínio primário e segunda maior
empresa brasileira na produção de metais não-ferrosos (VOGBR, 2008).
A empresa está presente em toda a cadeia de produção do metal, desde a extração de
concentrado até a metalurgia de produtos de zinco (zinco SHG em lingotes, liga de
zinco GA, liga de zinco Zamac, óxido de zinco e pó de zinco), sendo que toda a
produção de concentrado de zinco destina-se a empresas do mesmo grupo. Por outro
lado, a produção de concentrado de zinco da Votorantim Metais é insuficiente para
suprir a sua própria demanda, sendo necessário importar aproximadamente 37% do total
do concentrado consumido. A unidade industrial de Três Marias possui capacidade
produtiva anual de 200 mil toneladas de zinco (2012).
3.2 – HISTÓRICO E CONDICIONANTES DO SISTEMA DE DISPOSIÇÃO DE
REJEITOS DA VOTORANTIM
Com o objetivo de beneficiar o minério de zinco extraído da mina localizada em
Vazante/MG, a Votorantim Metais Zinco – Unidade Três Marias (VMZ-TM), antiga
Companhia Mineira de Metais, foi constituída em 1956 com a implantação da fábrica
situada no município de Três Marias em 1959, que teve início de suas atividades apenas
em 1969 (VOGBR, 2008).
No final de 1970, a VMZ-TM produzia 10 mil t/ano de zinco metálico em lingotes. Em
1972, esta produção já era de 25 mil t/ano. Em 1978, a VMZ-TM passou a produzir
zinco eletrolítico do tipo ‘High Grade’ (HG), com 99,9% de pureza. A produção foi
aumentando gradativamente, passando a 70 mil t/ano em 1990.
Em 2002, quando foi implantado o processo de transformação metalúrgica do zinco em
sistema misto, utilizando o minério silicatado e o minério sulfetado, sua produção
alcançou 180 mil t/ano.
29
No início de suas atividades (1969), a unidade VMZ-TM depositava os rejeitos gerados
pelo tratamento de zinco em pilhas, ao lado da planta industrial, junto à margem direita
do rio São Francisco. As lamas eram filtradas, transportadas por correias até o local de
disposição, onde eram espalhadas e compactadas. Com o objetivo de impedir o
carreamento de sedimentos para o rio São Francisco e minimizar a contaminação do
mesmo, em 1983, foi construído um dique (chamado Barragem Velha ou Dique de
Segurança) entre o depósito existente e o rio.
Entre 1990 e 2007, com a constatação da presença de metais (Zn, Cd, Pb, Mn, Ni e Fe)
e sulfato (SO4) no material que constitui a pilha de rejeitos e no solo de fundação, bem
como de elevadas concentrações de metais no aquífero localizado logo abaixo das
pilhas e próximo ao rio São Francisco, a VMZ-TM deu início ao processo de
desativação da Barragem Velha.
Assim, em 2001, com o objetivo de receber os rejeitos gerados na planta, foi construída
a Barragem Córrego da Lavagem. Em 2002, com o lançamento dos rejeitos no
reservatório da barragem em plena operação, um aumento súbito de vazão no dreno de
pé além de valores anômalos de zinco na água efluente levaram a uma reestruturação
completa do sistema de disposição de rejeitos de zinco da unidade.
Neste propósito, a VMZ fez um acordo com a Agência Nacional de Águas – ANA e a
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD/MG
(Limiar, 2007) para sanar de vez os passivos ambientais das barragens, mediante a
implantação de um novo sistema de disposição de rejeitos para a planta industrial de
Três Marias.
O novo sistema, denominado Depósito Murici, foi projetado para armazenar os rejeitos
perigosos da planta industrial da unidade, mediante uma criteriosa observância dos
procedimentos técnicos e ambientais vigentes. O projeto conceitual incluía uma
estrutura com múltiplas bacias de disposição, dimensionadas para o armazenamento dos
rejeitos gerados na própria planta, dos rejeitos previamente acumulados no reservatório
da Barragem da Lavagem, dos rejeitos depositados no passado junto à Fábrica, bem
como dos solos contaminados da área do reservatório da barragem.
30
3.3 – DEPÓSITO DE REJEITOS MURICI
3.3.1 – Concepção e Premissas do Projeto
O Depósito Murici foi projetado para receber os rejeitos gerados no processo de
beneficiamento de zinco da planta industrial e também os rejeitos e solos contaminados
provenientes dos passivos ambientais existentes, correspondentes à Barragem do
Córrego da Lavagem e ao antigo depósito localizado próximo à planta.
A Figura 3.1 apresenta a configuração geométrica do Depósito Murici, no âmbito do
Projeto Conceitual proposto. Para fins de desenvolvimento operacional, as diferentes
bacias de acumulação foram denominadas de ‘depósitos Leste, Central e Oeste’. Uma
quarta etapa do sistema de disposição compreende uma zona de alteamento dos
depósitos central e oeste. O sistema prevê uma disposição distinta de materiais secos e
em polpa nestas bacias, num processo de distribuição controlada ao longo do depósito,
por um período de 17 anos (2011 – 2028).
Figura 3.1 – Conformação do Depósito de Rejeitos Murici
Assim, os rejeitos secos oriundos da Barragem Velha e os solos contaminados da
Barragem Córrego da Lavagem seriam dispostos no módulo Leste. O transporte seria
por caminhões formando uma pilha, construindo-se apenas um dique inicial periférico e
31
em solo compactado. Os demais materiais em polpa, constituídos pelos rejeitos da
Barragem Córrego da Lavagem e pelos rejeitos gerados na unidade industrial seriam
dispostos no módulo Central e Oeste e transportados em forma de polpa através de
rejeitoduto.
A projeção em planta do Depósito Murici abrange uma área de aproximadamente 98 ha.
Para atender ao cronograma de disposição previsto pela VMZ, a implantação do
depósito foi prevista em três fases construtivas:
Fase 1 - construção dos depósitos Leste e Central, tendo a crista dos diques na
cota El. 598 m;
Fase 2 - construção do depósito Oeste, tendo a crista do dique na cota El. 598 m;
Fase 3 - construção de um alteamento para jusante dos depósitos Oeste e Central
da cota 598 m para a cota El. 602 m.
Numa etapa inicial, serão construídos dois diques (El. 598,00), conformando o módulo
Leste e Central (Figura 3.2). Após a exaustão da capacidade do módulo Central, o
terceiro dique deverá ser construído, conformando o módulo Oeste (El. 598,00).
Finalmente, os dois depósitos (Central e Oeste) serão, então, alteados, formando um
único depósito final (El. 602,00), de forma a atender a um volume total de estocagem de
18,6 x 106 m
3 de rejeitos (VOGBR, 2008).
Os diques de contenção foram propostos com alturas variando entre 10 m a 40 m, sendo
constituídos por solos argilosos de baixa permeabilidade. Os taludes externos foram
projetados com inclinação de 1V:1,8H e os internos com inclinação de 1V:2H.
Figura 3.2 – Capacidade de armazenamento de rejeitos do Depósito Murici
32
3.3.2 – Localização e Condicionantes Geológico-Geotécnicos da Área
O depósito Murici foi implantado a aproximadamente 3,5 Km da unidade industrial
VMZ, no município de Três Marias/MG, às margens da Rodovia BR 040 e do Rio São
Francisco, abrangendo uma área de aproximadamente 98 ha (Figura 3.3).
UNIDADE INDUSTRIAL TRÊS MARIASVOTORANTIM METAIS
TRÊS MARIAS
BR 040
RIO SÃO FRANCISCO
LOCAL DE INSERÇÃO DODEPÓSITO MURICI
Figura 3.3 – Localização do Depósito de Rejeitos Murici
A área do Depósito Murici está localizada a nordeste da Fábrica, em face dos
condicionantes do meio físico local e da infraestrutura existente (rio São Francisco a
Norte e NW, a barragem de Três Marias ao Sul e a cidade e a rodovia BR-040 ao Sul e
SE) (Geoconsultoria, 2007). O relevo da região é relativamente plano, com algumas
áreas dissecadas por processos morfoclimáticos associados ao condicionamento
geológico. A vegetação nativa da região é constituída predominantemente pelo cerrado,
incluindo gramíneas, arbustos e árvores de médio porte, com ocorrências de veredas.
Na zona de domínio do empreendimento, foram estudadas cinco áreas distintas,
optando-se, finalmente, pela locação do depósito de contenção de rejeitos em uma área
de encosta de grande extensão, apresentando baixa declividade e com capacidade para
garantir a estocagem dos rejeitos para a vida útil de 17 anos prevista para a planta.
33
A escolha em relação às demais alternativas é devidamente justificada por atender os
seguintes critérios:
depósito de encosta, sem interferências com drenagens locais;
locação a uma distância mínima de 200m de cursos d’ água ou de
quaisquer coleções hídricas;
possibilidade de execução em etapas;
capacidade de armazenamento dos rejeitos por um longo período
(admitido como sendo de 20 anos no projeto conceitual);
distâncias a núcleos populacionais superiores a 500m;
condicionantes geológico-geotécnicos favoráveis;
local com declividade inferior a 20%;
depósito sem canal de cintura;
facilidade de acesso (mediante realocação da estrada de acesso à
Barragem da Lavagem, situada além do empreendimento);
condições ambientais, operacionais e de fechamento mais favoráveis que
as demais alternativas estudadas.
Como desvantagens potenciais, a opção adotada implica a mobilização de grandes
quantidades de materiais para a construção do grande volume de aterro para o dique
inicial e necessidade de utilização de solos adicionais e externos à área da escavação
para revestimento dos taludes da fase final do depósito, além de remanejamento de
pequeno trecho de estrada de terra municipal.
A região apresenta um relevo em padrão de ‘cuestas’ (Limiar, 2007), áreas que são
formadas pela ação da drenagem do rio São Francisco sobre os grandes planaltos
regionais (Figura 3.4), dominados pelas litologias da Formação Três Marias, constituída
por uma sequência de arcóseos cinzas, de granulometria predominantemente fina a
muito fina, intercalados com siltitos cinza-esverdeados e/ou violáceos. A Formação
Três Marias é recoberta discordantemente, de forma erosiva, pela Formação Areado
(Cretáceo Inferior) e por depósitos sedimentares cenozóicos indiferenciados
(Chiavegatto, 1992).
34
Figura 3.4 – Área de implantação do Depósito de Rejeitos Murici
A investigação geotécnica local compreendeu a realização de sondagens a trado,
sondagens a percussão, sondagens mistas e abertura de poços, num total de 143
investigações (Geoconsultoria, 2007). Estas investigações permitiram definir o perfil
geotécnico local em termos do contato solo – rocha e horizontes de saprolito, solo
residual maduro e depósito superficial de colúvio, bem como a posição do lençol
freático à época das investigações (realizadas em janeiro e fevereiro de 2006).
Estes estudos foram complementados por ensaios de permeabilidade in situ e pela coleta
de amostras para execução de ensaios de laboratório, para a caracterização geotécnica
completa dos materiais presentes. Em função desta abrangência e dos quantitativos
executados, a campanha de investigação geotécnica local mostrou-se consistente e
subsidiou de forma adequada as premissas e os critérios adotados em projeto.
O perfil geotécnico local é constituído por um horizonte superior de material argiloso a
argilo - siltoso, de coloração avermelhada a amarelada, com espessura média de
2,5 m, que se sobrepõe a um solo residual siltoso a silto-arenoso, de cor variegada. O
contato solo - rocha é brusco, quase sempre com rocha sã. A investigação geotécnica
mostrou que praticamente toda a espessura de solo local é passível de escavação e
utilização como material de revestimento dos diques.
35
O nível de água foi acompanhado durante a execução das sondagens, que foram
realizadas no período de chuvas, tendo sido definida a posição estabilizada do mesmo.
Em quatro sondagens, o NA foi encontrado na zona de rocha, enquanto, em outras cinco
sondagens, encontrava-se, quase sempre, na base do horizonte de solo, próximo ao
contato com a rocha.
Com base no levantamento dos quantitativos e dos resultados dos ensaios realizados na
área, foram quantificados 94 valores de condutividades hidráulicas dos materiais
presentes, sendo 11 obtidos no colúvio, 30 no solo residual maduro, 36 no saprolito e
outros 17 em rocha.
O projeto conceitual impôs a regularização completa do fundo e dos taludes do
depósito, visando a implantação de um sistema de barreiras para controle de fluxo
posterior. Para respeitar o topo rochoso identificado nas sondagens e a posição
detectada do NA local, impôs-se a necessidade de se prever um fundo do reservatório
inclinado, no sentido do Córrego Retiro Velho. Por outro lado, a conformação proposta
implicou a necessidade de remoção dos solos mais superficiais para geração de volumes
de revestimento condizentes com as dimensões do empreendimento.
No projeto conceitual apresentado, os limites críticos da escavação avançam em relação
às camadas mais superficiais até o saprolito (caso geral), preservando-se uma distância
mínima de 2,0m em relação ao NA local, tendo sido atendida a espessura mínima de
1,5m de solos não saturados, conforme a especificação b do Item 4.1.2 da Norma NBR
10157.
Nestas condições, a referência hidráulica do subsolo local constitui a camada de
saprolito, desconsiderando-se os horizontes mais superficiais do mesmo nas zonas em
que o nível de escavação avança além destes limites. Do total dos ensaios (17)
realizados nesta camada, inseridos no âmbito dos horizontes de escavação previstos,
76,5% dos valores (ou seja, 13 resultados) enquadram-se tipicamente na faixa de
valores da ordem ou inferiores a 5,0 x 10-5
cm/s, compreendendo uma faixa que se
estende desde 1,81 x 10-4
cm/s até 2,36 x 10-6
cm/s (Gomes, 2008).
36
Por outro lado, a condutividade hidráulica da rocha local é da ordem de 2,5 x 10-5
cm/s
(média de 17 medidas). Neste contexto, o aterro foi executado em uma área com
predominância de materiais com coeficientes de permeabilidade inferiores ao valor
referenciado como mínimo admissível pela especificação c do Item 4.1.2 da Norma
NBR 10157.
Uma vez escolhida a alternativa para a área da disposição dos rejeitos, a geometria e
arranjo do depósito foram analisados contemplando três diferentes alternativas, em
função das potenciais interferências com terceiros na parte alta da área e com a linha de
drenagem do vale, na parte baixa da mesma (Tabela 3.1). Estas alternativas foram,
então, comparadas e analisadas em termos das respectivas capacidades de estocagem e
das correlações ‘volume do aterro versus volume de armazenamento’ mais adequadas.
Tabela 3.1 – Opções para Arranjo e Geometria do Depósito Murici (Geoconsultoria, 2007)
Para a implantação do depósito, foi escolhida a opção B e os rejeitos de zinco
começaram a ser lançados no Depósito Central em 06/2011 e no Depósito Leste em
08/2011. O Depósito Oeste constitui atualmente apenas uma potencial opção de projeto
(a empresa desenvolve inclusive um projeto de beneficiamento dos rejeitos para geração
de materiais pozolânicos). A Figura 3.5 apresenta uma vista geral do Depósito Murici
na operação atual.
37
Figura 3.5 – Depósito de Rejeitos Murici: Módulos Leste e Central
3.4 – SISTEMA DE BARREIRAS DO DEPÓSITO DE REJEITOS
3.4.1 – Natureza e Características dos Rejeitos
Os materiais depositados no Depósito Murici, conforme exposto previamente, são
compostos de diferentes origens e naturezas (Geoconsultoria, 2007; Limiar, 2007):
• rejeitos dispostos na Barragem Córrego da Lavagem;
• rejeitos dispostos ao lado da planta metalúrgica;
• rejeitos que ainda serão gerados na produção industrial e;
• rejeitos industriais, que hoje são dispostos no aterro industrial, sendo eles: resíduos de
cadinho, pedra volatilizada, tijolo antiácido, tijolos refratários, sulfato de cálcio, entulho
civil e bióxido de Mn (os rejeitos industriais não foram inseridos nas análises de forma
geral, pois representam apenas uma pequena parcela do total dos rejeitos gerados).
Os rejeitos da planta industrial e dispostos nas barragens são compostos por lama
terciária e resíduo de pH 9, ambos em forma de polpa, apresentando um teor de sólidos
da ordem de 23%. São materiais de granulometria muito fina, com mais de 80%
passante na peneira 400 (Tabela 3.3)
38
Tabela 3.2 – Características granulométricas dos rejeitos de zinco (VMZ –Três Marias)
Malha # % Retida % Passante
60 1,14 98,86
100 4,66 95,34
170 9,91 90,09
200 11,19 88,10
325 16,97 83,03
400 18,69 81,31
Os rejeitos são classificados como Classe I (perigoso), segundo a norma NBR 10.004,
devido às grandes quantidades de zinco, manganês, cádmio, fluoreto e chumbo solúveis
contidos (Tabela 3.3).
Tabela 3.3 – Características químicas dos rejeitos de zinco (VMZ –Três Marias)
Parâmetros Limite Máximo no Extrato
(mg/L) Resultados (mg/L)
Bário 0,70 0,18
Cádmio 0,005 7,80
Chumbo 0,01 0,73
Cloreto 250,0 9,40
Cobre 2,00 0,16
Ferro 0,30 0,11
Fluoreto 1,50 5,90
Manganês 0,10 132,0
Nitrato (nitrogênio) 10,0 4,10
Sulfato 250,0 7.066,00
Zinco 5,0 2.010,0
Sódio 200,00 15,10
3.4.2 – Natureza e Características do Sistema de Barreiras
Por se tratar de rejeito de Classe I, o Depósito Murici deve garantir uma completa
estanqueidade, mediante a incorporação de uma camada mínima de solo não saturado de
1,50m inserida no fundo do depósito e acima do NA crítico do terreno. Com relação às
39
especificações das normas brasileiras e europeias, são feitas as seguintes considerações
adicionais em relação ao sistema de barreiras destas estruturas:
a barreira de fluxo deve ser composta por uma geomembrana de PEAD com
permeabilidade da ordem de 10-12
cm/s e por uma camada de solo compactado
com permeabilidade inferior a 10-7
cm/s e espessura de 0,60m;
a barreira de fluxo deve estar assentada sobre base regularizada de fundação;
a barreira de fluxo deve contemplar sistemas de drenagem para coleta e remoção
dos efluentes líquidos percolados e sistema de detecção de eventuais
vazamentos;
a barreira de fluxo deve se estender por toda a área do depósito, impedindo, ao
longo de todo o domínio de acumulação, o livre contato dos rejeitos
contaminantes com o solo natural;
a barreira de fluxo deve atender integralmente os pré-requisitos mínimos de uma
estrutura desta natureza, como exigidos pela Norma NBR 10157 e pela
‘Directiva Europeia’ 1999/31/CE.
O sistema de barreiras originalmente previsto era constituído por uma barreira do tipo
composta (Figura 3.6), que conjugava uma GBR–P de PEAD de 1,5mm de espessura e
uma camada de solo compactado de 0,60m de espessura (Gomes, 2008). Este sistema
incluía ainda dispositivos para proteção da GBR–P e a inserção de um sistema para
detecção de eventuais vazamentos.
Figura 3.6 – Concepção Original do Sistema de Barreiras do Depósito Murici:
GM: geomembrana de PEAD com 1,5 mm de espessura; SC: solo compactado com
0,60m de espessura; SDV: sistema de detecção de vazamentos, com 0,20m de
espessura; CR: camada de regularização da base, com 0,20m de espessura
40
Nos taludes de aterro e internos aos diques, o projeto previa a instalação da
geomembrana de PEAD, enquanto que, nos taludes de corte, o revestimento deveria
contemplar uma camada de solo compactado, com 4,0 m de espessura com cobertura
por geomembrana.
Em relação à configuração proposta, Gomes (2008) apresentou as seguintes
considerações adicionais:
a camada de argila compactada tem a função de segunda camada de barreira,
atuando no sentido de conter ou atenuar possíveis vazamentos decorrentes de
potenciais imperfeições de fabricação ou de danos de instalação ou de operação
das geomembranas em campo;
na configuração proposta, ao se inserir o sistema de detecção de vazamentos
após a camada de argila compactada, há que se ter em conta que tal detecção só
será efetivamente constatada após a completa dissipação dos percolados através
da camada, o que poderá demandar um período de tempo que venha a
comprometer a adoção de medidas imediatas de remediação do problema; neste
sentido, uma proposição seria a inserção da camada de argila compactada na
base do sistema de barreira;
no contexto de que, quanto mais efetiva e rápida for a detecção, mais efetivas
deverão ser as medidas de remediação, sugere-se a inserção de uma segunda
geomembrana imediatamente abaixo do sistema de detecção de vazamentos,
evitando-se, desta forma, interferências do fluxo pela camada de regularização
da base;
por outro lado, como é praticamente impossível garantir a plena estanqueidade
da geomembrana durante toda a vida útil do empreendimento, recomenda-se a
adoção de um segundo sistema de barreiras sob a geomembrana de topo, na
forma de um geocomposto argiloso (GCL), para se contar com os efeitos
extremamente benéficos de autocicatrização inerentes à camada de bentonita
incorporada ao mesmo;
41
na concepção de uma camada de base e barreira final, a camada de argila
compactada pode ser entendida como barreira de contenção e atenuação após
duas outras interfaces plenas de barreiras; neste contexto, a sua espessura pode
ser reduzida ao mínimo prescrita pelas normas (0,50m), aliviando-se a obtenção
de volumes adicionais de solos para compactação e compensando-se custos com
adoção de materiais sintéticos em arranjos alternativos;
o sistema alternativo proposto configura-se apenas como uma sugestão para
otimização do sistema de barreiras proposto a nível de projeto final, sendo
possível outras variantes e concepções, a critério da empresa projetista, sem
comprometimento da eficiência global e mediante uma adequada análise dos
custos envolvidos.
O sistema de barreiras de fluxo adotado no Depósito Murici é composto por uma dupla
camada de barreiras, tanto para a área de fundo quanto para os taludes internos. Assim,
o sistema de barreiras de fluxo do fundo é composto, de cima para baixo, pelas
seguintes interfaces (Figura 3.7):
Figura 3.7 – Sistema de Barreiras do Depósito Murici
1ª camada de geomembrana de PEAD (polietileno de alta densidade) com
espessura de 1,5 mm;
42
camada de solo argiloso compactado com 0,60 m de espessura,
correspondendo à 2ª camada de barreira;
camada de areia com 0,30 m de espessura, com tubos perfurados, para
funcionar como camada de detecção de vazamentos;
2ª camada de geomembrana de PEAD (polietileno de alta densidade) com
espessura de 1,5 mm;
camada de solo argiloso compactado com 0,40 m de espessura,
correspondendo à 4ª camada de barreira.
O sistema de barreiras dos taludes é similar para todos os módulos do depósito (Figura
3.7), exceto para a porção superior dos taludes internos, que tendem a ficar expostas por
longos períodos de tempo e cujas geomembranas serão emendadas aos trechos
adicionais lançados sobre os taludes alteados, sendo composto por:
1ª camada de geomembrana de PEAD (polietileno de alta densidade) com
espessura de 1,5 mm;
Camada de geocomposto drenante;
2ª camada de geomembrana de PEAD (polietileno de alta densidade) com
espessura de 1,5 mm;
Camada de geocomposto bentonítico (GCL).
Para permitir a identificação da origem do problema, o sistema de detecção de
vazamentos é dividido em células, com redes de drenagem independentes e separadas
por leiras de solo compactado. A coleta de todas as células é direcionada a uma caixa de
concreto instalada estrategicamente para fácil acesso e aferição. No caso de vazamentos,
o percolado coletado nas caixas de detecção é bombeado novamente para o depósito
(VOGBR, 2008).
O sistema de drenagem de percolado implantado sobre o sistema de barreiras é
composto por uma camada de areia de 30 cm, na qual foi instalada a rede de drenagem
formada por tubos perfurados e corrugados, distribuídos em espinha de peixe que
escoará o líquido percolado até o sistema de captação. A captação do sobrenadante é
feita através de bomba em balsa flutuante, da qual o percolado é encaminhado para
estação de tratamento através de tubulação (VOGBR, 2008). A Figura 3.8 mostra uma
visão geral do depósito durante a construção do sistema de barreiras de fluxo.
43
Figura 3.8 – Vista geral da fase construtiva do Sistema de Barreiras do Depósito Murici
44
CAPÍTULO 4
ENSAIOS DE REFERÊNCIA
4.1 – INTRODUÇÃO
Numa abordagem de avaliação do comportamento da durabilidade de geomembranas
em sistemas de disposição de rejeitos contaminantes, os efeitos deletérios da degradação
química (comumente associados aos efeitos de radiações UV em uma dada fase da obra)
resultam basicamente dos seguintes mecanismos: (i) amolecimento e perda das
propriedades físicas por despolimerização e cisão molecular; (ii) enrijecimento e
fragilização devido à perda de plastificantes e aditivos; (iii) redução das propriedades
mecânicas e aumento da permeabilidade e (iv) ruptura das emendas da geomembrana
(Haxo e Nelson, 1984). Em geral, estes efeitos são incrementados pelas tensões
mecânicas induzidas pelo aumento dos volumes de rejeitos estocados.
Com efeito, as geomembranas, quando instaladas em aterros sanitários ou reservatórios
de rejeitos, podem sofrer diversos tipos de esforços. Além de esforços de natureza física
e química, podem atuar nas geomembranas os esforços mecânicos induzidos durante a
sua instalação e vida útil, que podem causar problemas e comprometer o desempenho e,
assim, a sua própria durabilidade.
Para Matheus (2002), a ruptura da geomembrana pode ser condicionada pelos seguintes
esforços:
a) As geomembranas podem ser perfuradas com o lançamento de agregado, de
rejeito, queda de ferramentas, além de outros elementos;
b) Quando apoiada em suporte rígido trincado ou em superfície granular, as
pressões exercidas por líquidos e sólidos contidos sobre a geomembrana, podem
provocar rompimento por estouro;
45
c) A instalação de revestimento de proteção sobre a geomembranas ancorada em
taludes muito inclinados ou com deformações excessivas devido a recalques
diferenciais das superfícies de suporte podem induzir o aparecimento de
esforços tangenciais ocasionando uma possível ruptura por tração;
d) Partículas sólidas no líquido contido, tráfego, ação de ondas e o efeito de
variação de volume dos revestimentos rígidos (concreto, argamassas, etc.)
podem ocasionar desgaste por abrasão;
e) Líquidos ou gases podem ocasionar subpressões e gerar ruptura por tração.
Além de todos os esforços citados, podem atuar ainda nas geomembranas esforços
decorrentes do peso próprio ou do rejeito a ser estocado, esforços por dilatação térmica
e efeitos de recalques ou de arraste provocado por deslizamento do rejeito ou da
cobertura, dentre outros. A espessura da geomembrana será determinada em função
dessas solicitações (Holtz et al., 1995; Koerner, 2005).
4.2 – ESFORÇOS ATUANTES EM GEOMEMBRANAS
A solicitação mais comum é referente aos recalques do solo de fundação e o arraste da
geomembrana. Os procedimentos de projeto apresentados resumidamente a seguir são
aqueles detalhados e exemplificados em Gomes (2012). Na ocorrência de um recalque
δ, forças normais à superfície induzem esforços de tração que mobilizam uma extensão
da geomembrana (Figura 4.1).
Figura 4.1 - Esforços de tração em uma geomembrana (Gomes, 2012)
46
sendo:
Tadm: tensão admissível na geomembrana;
: comprimento de mobilização;
Fσs: força cisalhante sobre a geomembrana, devido ao peso do solo de cobertura;
Fσi: força cisalhante sob a geomembrana, devido ao peso do solo de cobertura;
FTi: força cisalhante sob a geomembrana, devido à componente vertical de Tadm.
De acordo com a Figura 4.1, tomando-se o equilíbro das forças atuantes nas direções y e
x, respectivamente, tem-se que:
0Fy
senTadm
2
senTadm2
0Fx
Tiisadm FFFT cos
iadm
isadm tgsenT
tgtgT
25,0)()(cos
relação que permite a determinação do comprimento de mobilização por:
is
iadm
tgtg
tgsenT
cos (4.1)
Quando as geomembranas são lançadas em superfícies inclinadas, elas devem ser
ancoradas para não deslizar, sob a ação dos esforços que atuam sobre a mesma. Na
Figura 4.2, é apresentada a situação em que a ancoragem é proporcionada apenas pela
simples extensão de um comprimento adicional da geomembrana.
Figura 4.2 - Ancoragem simples da geomembrana (Gomes, 2012)
47
Neste caso, a determinação da espessura da geomembrana é obtida da seguinte forma:
is
iadm
tgtg
tgsenT
cos
admadmT
iadm
isGM
tgsen
tgtgt
cos
(4.2)
Para a determinação do comprimento de mobilização, calcula-se a sobrecarga atuante
sobre a geomembrana e adota-se uma espessura de referência. Com o auxílio de
gráficos como o da Figura 4.3, determina-se o comprimento de mobilização
correspondente.
Figura 4.3 - Comprimentos típicos de mobilização para geomembranas PEAD
(Koerner, 2005)
Outra forma de ancoragem consiste na inserção da geomembrana em uma trincheira
escavada na borda do talude, como ilustrado na Figura 4.4.
Figura 4.4 - Ancoragem da geomembrana em trincheira (Gomes, 2012)
48
No caso da ancoragem em uma trincheira, surgem esforços adicionais desenvolvidos
pelos empuxos passivos e ativos sobre a geomembrana (Figura 4.5).
Figura 4.5 - Diagrama de esforços em geomembranas ancoradas (Gomes, 2012)
Da condição de equilíbrio na direção horizontal, tem-se que:
0Fx
aPTiisadm EEFFFT cos
Sabendo-se que:
TaTTaTTaa dkddkddkE
2
1
2
1
TpTP dkdE
2
1
e sendo:
: peso específico do solo na trincheira;
dT: profundidade da trincheira;
kp: coeficiente de empuxo passivo;
ka: coeficiente de empuxo passivo;
E = Ep- Ea
resulta que:
TapT dkkdE
2
1 (4.3)
Dessa equação, resultam as duas incógnitas, dT e ; arbitrando-se um valor para ,
obtém-se o valor correspondente para dT.
49
A quantificação dos efeitos de degradação das geomembranas ao longo da vida útil dos
depósitos de rejeitos tende, assim, a ser feita comumente com base em ensaios de
referência baseados em processos mecânicos, adotando-se propriedades - índices, cujos
valores são monitorados em condições de longo prazo. Estas propriedades incluem, por
exemplo, a resistência à tração, alongamentos na ruptura ou resistências ao
puncionamento.
Por outro lado, várias propriedades das geomembranas são muito sensíveis às variações
de temperatura, decorrentes principalmente da perda de componentes voláteis como os
aditivos solventes e os plastificantes. Estas perdas são definidas por diferentes estágios
em função dos tempos de exposição (Figura 4.6):
Estágio A (fase de anti-oxidação): ação dos aditivos estabilizantes;
Estágio B (fase de indução): oxidação incipiente do geossintético com perda da
ação dos aditivos estabilizantes;
Estágio C (fase da oxidação): degradação intensa das propriedades físicas e
mecânicas do geossintético (função das temperaturas)
Figura 4.6 – Influência da temperatura nas propriedades das geomembranas
(Müeller e Jacob, 2003)
Neste sentido, os efeitos de degradação de geomembranas em depósitos de rejeitos
podem ser avaliados também, de forma bastante prática, por meio de processos térmicos
como, por exemplo, as técnicas DSC (calorimetria diferencial de varredura) e OIT
(tempo de indução indutiva). As propriedades mecânicas e térmicas indicadas no escopo
da metodologia proposta neste trabalho são descritas a seguir.
50
4.3 – PROPRIEDADES MECÂNICAS PARA ANÁLISES DE DURABILIDADE
4.3.1 – Resistência à Tração
O ensaio mais usual para a determinação das propriedades mecânicas de uma
geomembrana é o de resistência à tração. Apesar das várias configurações de ensaios e
de corpos de prova, os ensaios unidirecionais são os mais comuns. Nestes ensaios, as
extremidades dos corpos de prova são presos em um par de garras metálicas e
tracionados em máquinas universais de ensaios, a uma velocidade de 50 mm/min,
enquanto são registradas as deformações até a ruptura. A partir dos resultados obtidos,
expressos por curvas que correlacionam forças de tração por unidade de largura versus
deformação axial, podem ser obtidos os módulos de rigidez correspondentes do
material.
Os ensaios de tração podem ser basicamente de dois tipos: ensaios-índices para controle
de qualidade do produto ou ensaios de desempenho, com características representativas
para a determinação de parâmetros de projeto. No primeiro caso, incluem-se os ensaios
em faixa estreita (corpos de prova com dimensões 50 mm x100 mm) ou com corpos de
prova na forma de halteres (Figura 4.7). Para geomembranas com espessuras inferiores
a 1,0mm, recomenda-se a aplicação das normas ASTM D 882 ou ISO 527; para
geomembranas de maiores espessuras, são recomendadas as normas ASTM D 638 ou
ISO 527 (Bueno e Vilar, 2004).
Figura 4.7 – Corpos de prova típicos para ensaios-índices de tração
51
No caso de geomembranas de PEAD, o comportamento tensão-deformação é definido
por um pico característico para baixas tensões, tipicamente da ordem de 15% (Figura
4.8). Este ponto da curva define a chamada ‘tensão de escoamento’ que constitui um
parâmetro característico do ensaio.
Na continuação do ensaio, o alongamento crescente do corpo de prova implica na
redução da sua seção transversal e, consequentemente, uma queda dos valores das
tensões medidas, para taxas constantes de deformação. Com o rearranjo das cadeias
poliméricas, as tensões passam a aumentar continuamente até a condição de ruptura, sob
deformações de 700% a 1200% ou até maiores.
Figura 4.8 – Comportamento tensão - deformação de geomembranas de PEAD
Para restringir a tendência de contração lateral na zona central do corpo de prova
durante os ensaios de tração e, assim, obter resultados mais representativos do
comportamento real das geomembranas em campo, são utilizados corpos de prova com
larguras maiores que os comprimentos, tipicamente 200 mm x 100 mm ou 500 mm x
100 mm (Figura 4.9) e, por isso, o método é designado por ‘ensaio de tração de faixa
larga’ (ASTM D 4595).
52
Estes ensaios ‘tensão - deformação’ permitem a determinação de vários parâmetros
mecânicos dos geossintéticos, tais como a resistência à tração, o alongamento na força
máxima e a rigidez secante ou a robustez do material.
Figura 4.9 – Ensaio de tração unidirecional em faixa larga
Podem ser utilizados diferentes tipos de garras, em função da natureza e características
dos materiais a serem ensaiados. As garras devem ser suficientemente largas para
abranger toda a largura dos corpos de prova e devem impedir o deslizamento dos
mesmos durante o ensaio. Para monitorar a possibilidade de deslizamentos durante o
ensaio, devem ser desenhadas duas linhas ao longo de toda a largura do corpo de prova
junto às margens das garras.
Em geral, são utilizadas as garras de natureza compressiva, mas em alguns casos,
principalmente devido a deslizamentos excessivos, podem ser usadas garras cilíndricas.
Os corpos de prova devem ser colocados centrados ao longo das garras e o alinhamento
ao longo do seu comprimento deve ser paralelo à direção de aplicação das forças.
4.3.2 – Resistência ao Rasgo
Outra propriedade mecânica potencialmente interessante para estimar o comportamento
da geomembrana em obras geotécnicas é o ensaio de resistência ao rasgo que consiste
basicamente na medição da força necessária para promover a propagação de um rasgo
previamente efetuado num corpo de prova de geomembrana.
53
O equipamento utilizado nos ensaios de rasgo é o mesmo utilizado para a realização dos
ensaios de tração e os corpos de prova podem ser fixados por garras de compressão
hidráulica, pneumáticas ou garras em cunha metálica; analogamente ao caso anterior, as
garras devem impedir o deslizamento dos corpos de prova durante o ensaio, sem os
danificar.
De acordo com os procedimentos da norma ASTM D 4533, o corpo de prova tem forma
trapezoidal, no qual é feita uma incisão de 12 mm perpendicular ao menor lado (Figura
4.10). As forças são aplicadas até o rasgo completo do corpo de prova e a resistência ao
rasgamento é definida, então, pelo valor da força máxima aplicada.
Figura 4.10 – Corpo de prova típico e arranjo do ensaio de resistência à propagação do
rasgo
Outras variantes do ensaio utilizam corpos de prova cortados por um ângulo de 90 graus
em sua porção central, o qual é submetido a esforços até o rasgamento (normas ASTM
D 1004, por exemplo). São ensaios sem grandes atrativos do ponto de vista da definição
de parâmetros de projeto, mas que apresentam um potencial de aplicabilidade muito
grande como instrumento de avaliação do comportamento de geomembranas in situ,
pelo caráter relativo das medições efetuadas de maneira simples e de forma bastante
controlada em laboratório.
54
4.3.3 – Resistência ao Puncionamento
A resistência ao puncionamento pode ser determinada por meio de ensaios estáticos ou
dinâmicos (normas ASTM D 4833 e 1424, respectivamente). No primeiro caso, o ensaio
consiste na aplicação, a velocidade constante, de esforços estáticos induzidos por uma
haste ou um pistão padronizado (Figura 4.11) que é pressionado sobre um corpo de
prova de geomembrana posicionado sobre uma base vazada. O equipamento utilizado
para a realização dos ensaios de puncionamento estático é o mesmo usado para os
ensaios de tração e rasgamento, neste caso operando sob esforços de compressão.
Figura 4.11 – Arranjo típico do ensaio de puncionamento estático
Durante o ensaio, o pistão avança continua e perpendicularmente através do corpo de
prova a uma velocidade constante de 50 ± 10 mm/min, até ocorrer a ruptura do mesmo,
sendo que a base tem que garantir uma efetiva fixação e impedir quaisquer
deslizamentos do corpo de prova ensaiado. Os valores da força de pressão aplicada e do
deslocamento correspondente são continuamente registrados durante o ensaio.
Os resultados obtidos a partir de um ensaio de puncionamento estático incluem
normalmente o valor médio da força de puncionamento máxima (resistência ao
puncionamento da geomembrana) e o valor médio do deslocamento para a força
máxima registrada, para o conjunto de corpos de prova ensaiados, bem como os
respectivos valores de desvio padrão e/ou coeficientes de variação. A resistência ao
55
puncionamento dos geossintéticos após a exposição aos vários agentes de degradação
pode ser expressa em termos de resistência residual (em %), obtida pela relação entre as
resistências ao puncionamento das amostras expostas e das amostras de referência (não
expostas).
No ensaio dinâmico, o efeito do puncionamento é dado pelo diâmetro do furo causado
ao corpo de prova posicionado na base do equipamento mediante a queda livre de um
cone padronizado de 550g de uma altura de 500 mm (Figura 4.12). Mede-se o diâmetro
do furo através da introdução no mesmo de um cone graduado. O cone graduado mede
o diâmetro do furo até 50±0,1 mm, apresenta um comprimento de 200±0,1mm e cada
divisão do mesmo corresponde um incremento do diâmetro de 2 mm.
Figura 4.12 – Arranjo típico do ensaio de puncionamento dinâmico
4.4 – PROPRIEDADES TÉRMICAS PARA ANÁLISES DE DURABILIDADE
Os processos térmicos compreendem a aplicação de técnicas que permitem medir as
variações ao longo do tempo de uma dada propriedade física da geomembrana em
função de variações de temperatura, impostas à mesma sob condições controladas. Estas
técnicas implicam a utilização de quantidades muito reduzidas de amostra, mas exigem
56
aparatos instrumentais específicos e de custos elevados constituindo, portanto,
procedimentos especiais e não rotineiros. Na presente pesquisa, foram utilizados os
ensaios DSC (Calorimetria Diferencial de Varredura) e OIT (Tempo de Oxidação
Indutiva) para geomembranas de PEAD e serão estas, portanto, as únicas técnicas
descritas no âmbito destes estudos.
4.4.1 – Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)
A técnica de DSC constitui uma metodologia muito útil para a determinação da
temperatura de transição vítrea (Tg), temperatura de cristalização (Tc), temperatura de
fusão (Tm) e variação da entalpia de fusão e de cristalização de geomembranas, baseada
na imposição de um fluxo contínuo de calor a taxa constante sobre a amostra a ser
ensaiada.
Num forno de elevadas temperaturas, dois cadinhos metálicos são dispostos sobre uma
base de um metal altamente condutor, geralmente platina (Figura 4.13). A amostra e a
referência (material inerte) são então aquecidas pelo mesmo sistema de fornecimento de
fluxo de calor (Canevarolo, 2003).
Figura 4.13 – Esquema geral do Ensaio DSC
Ao longo do programa de aquecimento, as temperaturas da amostra e da referência se
mantêm iguais até que ocorra alguma alteração física ou química na amostra. Se a
reação for exotérmica, a amostra irá liberar calor, ficando por um curto período de
57
tempo, com uma temperatura maior que a referência. Do mesmo modo, se a reação for
endotérmica a temperatura da amostra será temporariamente menor que a referência.
Cada vez que a amostra reage, um fluxo de energia se estabelece entre os cadinhos
através da base de platina. O fluxo é então mensurado através dos sensores de
temperatura (termopares) posicionados sob cada cadinho, obtendo assim um sinal
proporcional à diferença de capacidade térmica entre a amostra e a referência.
O registro gráfico da técnica DSC é expresso em termos de fluxo de calor dividido pela
massa da amostra (mW/mg) em função das temperaturas (°C) ou tempos (min), de
modo que a curva obtida não é afetada pela massa que compõe o cadinho. Transições de
primeira ordem (endotérmicas ou exotérmicas) são caracterizadas como picos, que
definem as temperaturas de referência (Figura 4.14). A área do pico diretamente sob a
curva mW/mg é proporcional à entalpia ∆H envolvida no processo.
Figura 4.14 – Curva típica do Ensaio DSC e temperaturas de transição
Transições de segunda ordem (como a temperatura de transição vítrea Tg) implicam
alterações na linearidade da curva, que são geralmente chamadas de ‘degraus’ e isto
ocorre porque não há mudança na entalpia como em reações de fusão ou cristalização,
mas somente uma mudança na capacidade calorífica do sistema.
A temperatura de transição vítrea também é um fenômeno cinético: quanto maior a taxa
de aquecimento aplicada, mais visível será a sua caracterização na curva DSC, ou seja,
o degrau característico da curva poderá ser mais bem visualizado. Assim, altas taxas de
aquecimento deslocam o valor de Tg para valores mais elevados de temperatura.
58
4.4.2 – Tempo de Oxidação Indutiva (OIT)
Esta técnica implica a determinação do tempo necessário para que uma dada amostra de
geomembrana seja oxidada sob temperatura e pressão conhecidas e esse tempo (valor
OIT), portanto, constitui uma medida indireta da concentração dos antioxidantes
presentes na amostra (específicos de cada material).
Em função das condições de temperatura e pressão, o ensaio pode ser realizado por dois
métodos: ensaio padrão (Std - OIT) que utiliza temperatura de 200˚C e pressão de
35kPa e o ensaio de alta pressão (HP - OIT) que utiliza a temperatura de 150˚C e
pressão de 3500 kPa. Esses ensaios são prescritos pelas normas ASTM D 3895 e ASTM
D 5885, respectivamente.
Na prática, utilizam-se dois métodos diferentes: testes OIT dinâmicos e isotérmicos. Na
técnica dinâmica, a amostra é aquecida a uma taxa de aquecimento constante definida,
até que se inicie a reação. Em testes OIT isotérmicos, o material é previamente aquecido
sob atmosfera de gás inerte e, em seguida, mantido a uma temperatura constante durante
vários minutos, até se estabelecer o equilíbrio, e subsequentemente exposto a uma
atmosfera oxidante (ar ou oxigênio).
O intervalo de tempo entre o primeiro contato com o oxigênio até a completa oxidação
do material é chamado de Tempo de Oxidação Indutiva OIT. Este parâmetro é indicado
na Figura 4.15, num exemplo de ensaio realizado acoplado à técnica DSC.
Figura 4.15 – Determinação do Tempo de Oxidação Indutiva (OIT) no Ensaio DSC
59
Como as normas para a realização desses ensaios não especificam valores mínimos de
OIT para geomembranas, adotam-se comumente as recomendações prescritas na norma
GRI GM13. Assim, para geomembranas lisas ou texturizadas, independentemente da
espessura, o tempo de oxidação mínimo admissível é de 100 minutos para o ensaio
padrão (Std - OIT) e de 400 minutos para ensaios em elevadas pressões (HP - OIT).
60
CAPÍTULO 5
METODOLOGIA PROPOSTA: ENSAIOS E ESTUDO DE CASO
5.1 – INTRODUÇÃO
Para a aferição dos efeitos de degradação e de envelhecimento das geomembranas com
o tempo, em função da exposição direta aos rejeitos de zinco estocados no depósito,
buscou-se estabelecer uma metodologia de controle que apresentasse características de
acurácia e praticidade, combinadas em um elenco de ensaios com padrão definido e de
execução periódica, em intervalos de tempo específicos, e sob uma perspectiva de
correlação sistemática da magnitude da variação das propriedades-índices avaliadas ao
longo do tempo.
É evidente que uma proposição dessa natureza demande um longo período de medições
para se tornar consolidada e avaliativa. Igualmente relevante é que as amostras
ensaiadas a diferentes tempos sejam expostas e manuseadas de forma análoga e
mediante procedimentos similares. Neste sentido, a coleta de amostras exumadas em
tais reservatórios constitui alternativa praticamente inviável; na exceção de zonas
acessíveis das geomembranas em campo, estas não incorporam as reais condições da
exposição in situ ou não permitem a reprodução uniforme dos procedimentos de coleta
em diferentes intervalos de tempo. Por outro lado, não é prática real a implantação de
‘mostruários de desempenho’ em tais projetos, entendidos como dispositivos contendo
várias amostras de geomembranas do sistema de barreiras do depósito, imersas na polpa
de rejeitos, passíveis de coleta em diferentes intervalos de tempo.
Neste sentido, a proposta deste trabalho é baseada na implantação de dispositivos desta
natureza, como premissa de projeto de sistemas de barreiras de rejeitos potencialmente
contaminantes, e na formulação de campanhas experimentais em laboratório capazes de
aferir a variação de propriedades-índices da geomembrana exposta aos rejeitos, ao
61
longo do tempo, sob os referidos critérios de efetividade e praticidade. Neste propósito,
foram definidas séries de ensaios mecânicos e térmicos, abrangendo ensaios de
resistência à tração, resistência ao rasgo, resistência ao puncionamento, ensaios tipo
DSC e OIT, adotando-se análises de correlações dos resultados a partir de amostras de
referência (não expostas aos rejeitos) e de amostras imersas nos rejeitos de zinco.
A metodologia proposta foi implantada e está sendo aplicada a um projeto real, no caso
o Depósito Murici de rejeitos de zinco da unidade VMZ Três Marias. Como o período
de observação e monitoramento tende a se estender por toda a vida útil do
empreendimento, conclui-se por uma natural perda de ênfase nos resultados no espaço
restrito de tempo do escopo dessa pesquisa.
5.2 – ‘MOSTRUÁRIO DE DESEMPENHO’
O chamado ‘mostruário de desempenho’ foi preparado com geomembranas de PEAD,
de 1,5mm de espessura e texturizada em uma das faces, utilizadas como elementos do
sistema de barreiras do Depósito de Rejeitos Murici da unidade da VMZ – Três Marias.
A geomembrana foi cortada em vinte e duas amostras com dimensões de 60 cm x 60
cm, sendo duas tomadas de imediato como amostras de referência enquanto que outras
vinte amostras foram imersas no rejeito, constituindo o ‘mostruário de desempenho’
propriamente dito.
O dispositivo constitui basicamente um pórtico de PVC para alocação e fixação das
amostras de geomembrana (Figura 5.1a), ajustadas ao suporte e devidamente
identificadas (Figura 5.1b). O pórtico foi, então, posicionado no fundo do depósito de
rejeitos e em área de fácil acesso posterior por barco (Figura 5.2a). Todo o conjunto foi
protegido da incidência da radiação solar (Figura 5.2b) por uma cobertura adequada,
leve como o próprio pórtico, ambos capazes de flutuarem livremente com a ascensão do
nível do reservatório.
62
(a)
(b)
Figura 5.1 – ‘Mostruário de desempenho’ das geomembranas-testes: (a) pórtico de
fixação; (b) Geomembranas fixadas e numeradas.
(a)
(b)
Figura 5.2 – ‘Mostruário de desempenho’ das geomembranas-testes: (a) posicionamento
inicial no campo; (b) posicionamento no reservatório.
No contexto das análises previstas, as amostras foram coletadas nos seguintes intervalos
de tempo: 1 mês, 2 meses, 3 meses, 6 meses, 9 meses e um ano (limite do tempo de
observação da presente pesquisa) após imersão das geomembranas no lago de rejeitos
de zinco. As amostras foram sempre coletadas em duplicidade para a realização dos
ensaios previstos, utilizando-se sempre uma sistemática simples, mas repetitiva, para a
sua remoção do pórtico, acondicionamento, proteção e encaminhamento para os testes
em laboratório. Esta sistemática será adotada para as amostras restantes, com intervalos
de tempo de imersão nos rejeitos de 2 anos, 5 anos, 10 anos e ao final de vida útil do
reservatório, sob os cuidados e responsabilidades da própria empresa.
63
5.3 – METODOLOGIA DOS ENSAIOS MECÂNICOS E TÉRMICOS
5.3.1 – Ensaios de Resistência à Tração
O ensaio de tração foi realizado conforme a norma ASTM D6693, utilizando corpos de
prova com a forma de haltere. Essa norma especifica realizar os ensaios nas direções
longitudinal e transversal, de acordo com a direção da textura na amostra de
geomembrana.
Para a realização do ensaio de tração, utilizou-se uma máquina universal de ensaios da
marca EMIC, modelo DL-1000, equipada com uma célula de carga de 10.000N e garras
de aperto manual, que permitem o registro das deformações. Um software específico foi
utilizado para a aquisição, registro e apresentação dos resultados obtidos.
Os corpos de prova foram cortados nas direções longitudinal e transversal de acordo
com o molde-padrão (Figura 5.3) e fixados à máquina para a realização do ensaio. Em
geral, o ensaio foi realizado com base em 12 corpos de prova (6 corpos de prova na
direção longitudinal e 6 corpos de prova na direção transversal) para a amostra de
referência e para cada amostra sob os tempos de exposição pré-estabelecidos (1, 2, 3, 6,
9 e 12 meses). A espessura dos corpos de prova foi determinada com precisão e como
média de medidas, constituindo dado de entrada para a obtenção dos resultados do
ensaio.
Figura 5.3 – Corpos de prova de geomembrana cortados para ensaios de tração
64
A Figura 5.4 apresenta a sequência de etapas envolvidas na realização do ensaio. O
resultado é expresso por meio do registro contínuo da curva tensão-deformação do
corpo de prova até a sua ruptura.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 5.4 – Estágios do ensaio à tração: (a) Corpo de prova posicionado na máquina de
tração; (b) e (c) Corpo de prova sob tração; (d) Ruptura do corpo de prova.
5.3.2 – Ensaios de Resistência ao Rasgo
O equipamento utilizado para realização desse ensaio é o mesmo utilizado para os
ensaios de tração (máquina universal). Esse ensaio foi realizado conforme as
recomendações prescritas pela norma ASTM D1004. Assim como nos ensaios de
tração, devido à textura da geomembrana, esse ensaio foi realizado para as direções
longitudinal e transversal dos corpos de prova.
65
Os corpos de prova foram cortados conforme o molde padrão (Figura 5.5) e levados à
máquina para a realização do ensaio. O ensaio foi feito em quatro corpos de prova (2 na
direção longitudinal e 2 na direção transversal), para a amostra de referência e para as
amostras degradadas com diferentes tempos de exposição ao rejeito de zinco (1, 2, 3, 6,
9 e 12 meses).
Figura 5.5 – Corpos de prova de geomembrana cortados para ensaios de resistência ao
rasgo
A Figura 5.6 mostra um estágio da realização do ensaio, que fornece, assim, o esforço
necessário para induzir o rasgo do corpo de prova ensaiado.
Figura 5.6 – Realização do ensaio de resistência ao rasgo
66
5.3.3 – Ensaios de Resistência ao Puncionamento
O equipamento utilizado para realização desse ensaio é o mesmo utilizado para os
ensaios de tração e resistência ao rasgo (este aspecto favorece em muito a adoção desta
série de ensaios para aferição do comportamento mecânico das amostras ensaiadas). A
Figura 5.7 apresenta a conformação do equipamento para realização desse ensaio.
Figura 5.7 – Equipamento preparado para a realização do ensaio de puncionamento.
Conforme a norma ASTM D4833, o ensaio de punção é realizado através do
puncionamento de um corpo de prova circular de geomembrana cortado por uma haste
metálica através de um cilindro vazado com 45 mm de diâmetro, que é pressionada no
centro do corpo de prova até que ocorra o seu puncionamento. A Figura 5.8 apresenta a
sequência de estágios relativos à execução desse ensaio.
(a)
(b)
67
(c)
(d)
Figura 5.8 – Estágios do ensaio ao puncionamento: (a) Corpo de prova para realização
do ensaio; (b) Posicionamento da haste para início do ensaio; (c) Haste pressionada
contra o corpo de prova; (d) Ruptura do corpo de prova.
Para cada amostra foram realizados 6 ensaios, utilizando-se corpo de prova na forma
retangular e com largura equivalente ao diâmetro da base do equipamento de ensaio.
5.3.4 – Ensaios de Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)
Os ensaios de Calorimetria Diferencial de Varredura foram realizados em um aparelho
da marca TA Instruments, modelo DSC 2010, com fluxo de calor, calibrado com padrão
do elemento índio.
O corpo de prova, com massa aproximada de 5mg, é colocado em um cadinho de
alumínio e pesado; os cadinhos contendo o corpo de prova e outro vazio (referência) são
hermeticamente fechados e posicionados no interior do equipamento em ambiente
oxidante (ar comprimido) e ligados a termopares.
As análises foram feitas sob uma razão de aquecimento de 10˚C/min, a partir de 10˚C
até se atingir a temperatura de 350˚C.
68
As variações das características do corpo de prova ensaiado sob fluxo de calor são
estimadas com base nas diferenças das capacidades térmicas e das respostas à taxa de
aquecimento aplicada entre o corpo de prova e a referência. A Figura 5.9 apresenta a
sequência de estágios envolvidos na execução desse ensaio.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 5.9 – Ensaio DSC: (a) Equipamento utilizado; (b) Cadinho com o corpo de prova
de geomembrana e cadinho vazio (referência); (c) Fechamento do sistema; (d) Ensaio
em andamento.
5.3.5 – Ensaios para Determinação do Tempo de Oxidação Indutiva (OIT)
O ensaio tipo OIT mede o tempo necessário para que o corpo de prova do material (no
caso, a geomembrana de PEAD) seja oxidada sob pressão e temperatura específicas. O
69
ensaio realizado foi o ensaio padrão Std-OIT, executado de acordo com as prescrições
da norma ASTM D3895.
Os corpos de prova foram cortados em porções com massas aproximadas de 5mg e
colocados em cadinhos de alumínio, sendo, então, levados ao equipamento próprio para
a realização dos ensaios. Tal como no ensaio precedente, a técnica foi aplicada para
porções da amostra de referência e para amostras removidas do reservatório de rejeitos.
No ensaio, procedeu-se inicialmente ao equilíbrio do corpo de prova na temperatura
inicial do equipamento. Em seguida, aplicou-se uma taxa de aquecimento à razão de
20˚C/min até a temperatura atingir 200˚C, utilizando-se nitrogênio (N2). Ao atingir a
temperatura limite, realizou-se uma isoterma a esta temperatura por 5 minutos. Em
seguida, efetuou-se a mudança do gás interno para oxigênio a uma taxa de 50m/min
por um período de no mínimo 100min.
O valor do tempo de oxidação dos corpos de prova foi obtido graficamente verificando-
se o tempo decorrido desde o início da aplicação do oxigênio até a completa oxidação
do material. A Figura 5.10 apresenta a sequência de procedimentos adotados na
execução desse ensaio.
(a)
(b)
70
(c)
(d)
Figura 5.10 – Ensaio OIT: (a) Corpo de prova de geomembrana no cadinho; (b)
Cadinho com o corpo de prova de geomembrana e cadinho vazio (referência); (c)
Equipamento utilizado para realização do ensaio; (d) Fechamento do sistema e início do
ensaio.
71
CAPÍTULO 6
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS PARA O
ESTUDO DE CASO
6.1 – INTRODUÇÃO
Neste capítulo são apresentados os resultados das séries de ensaios mecânicos e
térmicos realizados, com suas respectivas análises. Para uma melhor aferição do
comportamento da durabilidade das geomembranas expostas aos rejeitos de zinco, as
análises serão apresentadas em conjunto, considerando-se as amostras imersas ao rejeito
sob tempos de exposição de 1, 2, 3, 6, 9 e 12 meses e as amostras de referência (não
expostas).
Na exposição a seguir, são apresentados e discutidos inicialmente os resultados das
séries dos ensaios mecânicos realizados: ensaios de resistência à tração, resistência ao
rasgo e resistência ao puncionamento. Complementarmente, são abordados, de forma
análoga, os ensaios térmicos realizados: técnicas DSC e OIT.
6.2 – ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO
Amostra Não Exposta – Amostra de Referência
As Tabelas 6.1 e 6.2 apresentam os resultados dos ensaios de resistência à tração,
realizados em corpos de prova da geomembrana de PEAD de 1,5mm de espessura
(amostra de referência e não exposta à ação direta dos rejeitos de zinco no Depósito
Murici), nas direções longitudinal e transversal, respectivamente.
Na sequência de cada Tabela, são apresentadas as correspondentes curvas dos ensaios
de tração realizados nos diferentes corpos de prova destas amostras, para as direções
longitudinal e transversal, respectivamente (Figuras 6.1 e 6.2).
72
Tabela 6.1 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Longitudinal
Geomembrana Não Exposta – Amostra de Referência
Corpos
de Prova
Força/Largura
Escoamento
(N/mm)
Força/Largura
Força Máxima
(N/mm)
Def. Especif.
Escoamento
(%)
Def. Especif.
Ruptura
(%)
Tensão
Esc.
(MPa)
Desl.
(mm)
1 27,1 27,5 19,4 420,1 16,81 210
2 28,0 33,0 19,2 499,5 17,19 250
3 29,1 34,4 18,4 507,6 17,63 254
4 28,1 32,2 18,8 492,8 17,37 246
5 28,5 34,1 18,5 556,1 17,50 278
6 27,2 33,1 19,8 522,6 16,70 261
Média 28,01 32,38 19,00 499,8 17,20 249,9
Desvio
Padrão
0,7708 2,494 0,5382 45,08 0,3757 22,54
Coef.
Var.(%)
2,752 7,704 2,833 9,020 2,184 9,020
Figura 6.1 – Curvas dos ensaios de tração em amostras de referência – Direção
Longitudinal
73
Tabela 6.2 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Transversal
Geomembrana Não Exposta – Amostra de Referência
Corpos
de Prova
Força/Largura
Escoamento
(N/mm)
Força/Largura
Força Máxima
(N/mm)
Def. Especif.
Escoamento
(%)
Def. Especif.
Ruptura
(%)
Tensão
Esc.
(MPa)
Desl.
(mm)
1 31,1 23,2 16,2 192,7 18,88 96
2 30,8 21,5 15,4 120,0 18,53 60
3 32,2 23,1 15,2 283,6 19,17 142
4 32,0 22,3 14,8 135,5 19,04 68
5 30,3 21,5 15,1 268,4 18,07 134
6 31,0 22,3 14,6 120,5 19,03 60
Média 31,25 22,30 15,21 186,8 18,79 93,39
Desvio
Padrão
0,7183 0,7199 0,5445 74,24 0,4168 37,12
Coef.
Var.(%)
2,299 3,229 3,581 39,75 2,219 39,75
Figura 6.2 – Curvas dos ensaios de tração em amostras de referência – Direção
Transversal
74
Os resultados caracterizam um padrão homogêneo das amostras e um comportamento
mecânico típico de geomembrana de PEAD de 1,5mm de espessura, com resistência
média ao escoamento de 17,2 MPa (CV = 2,18%) e deformação correspondente de
19,0% na direção longitudinal e resistência média ao escoamento de 18,8 MPa (CV =
2,22%) na direção transversal, com deformação correspondente de 15,2%.
Amostra Exposta ao Rejeito – EXP 01 (1 mês)
As Tabelas 6.3 e 6.4 apresentam os resultados dos ensaios de tração realizados em
corpos de prova de amostras de geomembranas coletadas do ‘mostruário de
desempenho’, um mês após exposição direta aos rejeitos de zinco estocados no
Depósito Murici, nas direções longitudinal e transversal, respectivamente.
Na sequência de cada Tabela, são apresentadas as correspondentes curvas obtidas a
partir dos ensaios de tração realizados nos diferentes corpos de prova destas amostras,
designadas por EXP 01(Figuras 6.3 e 6.4).
Tabela 6.3 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Longitudinal
Geomembrana Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 01L
Corpos
de Prova
Força/Largura
Escoamento
(N/mm)
Força/Largura
Força Máxima
(N/mm)
Def. Especif.
Escoamento
(%)
Def. Especif.
Ruptura
(%)
Tensão
Esc.
(MPa)
Desl.
(mm)
1 32,6 36,5 17,6 500,1 18,83 250
2 30,9 35,2 19,1 455,8 17,89 228
3 30,1 32,0 18,7 427,3 18,02 214
4 27,7 36,4 18,4 429,5 16,13 215
5 30,4 36,4 20,0 431,7 17,85 216
6 29,1 34,8 18,2 455,7 17,45 228
Média 30,14 35,22 18,66 450,0 17,70 225,0
Desvio
Padrão
1,635 1,742 0,8350 27,74 0,8903 13,87
Coef.
Var.(%)
5,425 4,945 4,474 6,164 5,031 6,164
75
Figura 6.3 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 01 – Direção Longitudinal
Tabela 6.4 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Transversal
Geomembrana Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 01T
Corpos
de Prova
Força/Largura
Escoamento
(N/mm)
Força/Largura
Força Máxima
(N/mm)
Def. Especif.
Escoamento
(%)
Def. Especif.
Ruptura
(%)
Tensão
Esc.
(MPa)
Desl.
(mm)
1 30,9 22,3 14,8 170,5 17,87 85
2 31,5 21,8 13,7 176,3 18,33 88
3 34,8 23,3 13,8 108,0 21,08 54
4 33,5 21,4 14,2 50,1 20,28 25
5 34,9 23,5 14,4 49,4 20,20 25
6 34,2 22,2 14,4 54,0 20,85 27
Média 33,30 22,42 14,20 101,4 19,77 50,69
Desvio
Padrão
1,709 0,8216 0,3968 60,00 1,344 30,00
Coef.
Var.(%)
5,131 3,665 2,794 59,18 6,799 59,18
76
Figura 6.4 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 01 – Direção Transversal
Os resultados caracterizam variações de desempenho inespecíficas no âmbito dos
padrões de variabilidade das próprias características do material ensaiado, em função,
naturalmente, do período limitado de observação. No escopo da metodologia proposta
para a análise de desempenho das geomembranas confinadas no Depósito Murici, o
valor médio da resistência ao escoamento foi de 17,7 MPa (+ 2,9% em relação à
amostra de referência) para uma deformação correspondente de 18,7% (- 1,8% em
relação à amostra de referência) na direção longitudinal e o valor médio da resistência
ao escoamento foi de 19,8 MPa (+ 5,2% em relação à amostra de referência) na direção
transversal, para uma deformação correspondente de 14,2% (- 6,6% em relação à
amostra de referência).
Os coeficientes de variação associados aos valores das tensões de escoamento do
material passaram a ser superiores a 5,0% para estas amostras, em relação a valores da
ordem de 2,2% obtidos nos ensaios realizados com as amostras de referência da
geomembrana de PEAD.
De forma similar, as Tabelas 6.5 a 6.14 apresentam os resultados dos ensaios de tração
realizados nas amostras retiradas após 2, 3, 6, 9 e 12 meses de exposição aos rejeitos,
respectivamente, com a representação gráfica dos mesmos sendo indicados na sequência
imediata da respectiva tabela de sistematização dos dados (Figuras 6.5 a 6.14).
77
Amostra Exposta ao Rejeito – EXP 02 (2 meses)
Tabela 6.5 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Longitudinal
Geomembrana Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 02L
Corpos
de Prova
Força/Largura
Escoamento
(N/mm)
Força/Largura
Força Máxima
(N/mm)
Def. Especif.
Escoamento
(%)
Def. Especif.
Ruptura
(%)
Tensão
Esc.
(MPa)
Desl.
(mm)
1 28,1 20,0 14,8 136,2 17,43 68
2 27,2 25,2 20,9 404,5 16,67 202
3 25,3 30,7 21,2 517,2 15,64 259
4 26,2 29,6 20,0 489,8 16,55 245
5 27,5 32,7 20,2 528,5 17,30 264
6 26,5 31,4 20,6 518,6 16,75 259
Média 26,78 28,28 19,61 432,5 16,72 216,2
Desvio
Padrão
0,9883 4,780 2,398 152,1 0,6373 76,05
Coef.
Var.(%)
3,690 16,90 12,23 35,17 3,810 35,17
Figura 6.5 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 02 – Direção Longitudinal
78
Tabela 6.6 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Transversal
Geomembrana Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 02T
Corpos
de Prova
Força/Largura
Escoamento
(N/mm)
Força/Largura
Força Máxima
(N/mm)
Def. Especif.
Escoamento
(%)
Def. Especif.
Ruptura
(%)
Tensão
Esc.
(MPa)
Desl.
(mm)
1 28,3 20,4 15,4 123,2 17,34 62
2 27,8 21,3 15,3 271,7 17,50 136
3 29,7 21,2 13,5 91,8 17,78 46
4 27,3 19,8 15,1 93,5 16,98 47
5 28,9 21,1 15,0 193,1 17,85 97
6 28,1 20,0 14,8 136,2 17,43 68
Média 28,35 20,63 14,85 151,6 17,48 75,79
Desvio
Padrão
0,8384 0,6299 0,6853 69,49 0,3160 34,75
Coef.
Var.(%)
2,957 3,053 4,615 45,85 1,807 45,85
Figura 6.6 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 02 – Direção Transversal
79
Amostra Exposta ao Rejeito – EXP 03 (3 meses)
Tabela 6.7 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Longitudinal
Geomembrana Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 03L
Corpos
de Prova
Força/Largura
Escoamento
(N/mm)
Força/Largura
Força Máxima
(N/mm)
Def. Especif.
Escoamento
(%)
Def. Especif.
Ruptura
(%)
Tensão
Esc.
(MPa)
Desl.
(mm)
1 28,0 34,0 20,6 462,2 15,91 231
2 30,2 35,1 18,1 487,9 17,33 244
3 30,0 36,4 18,2 509,2 18,39 255
4 29,4 24,6 18,8 272,2 17,18 136
5 30,8 37,4 20,0 516,1 17,69 258
6 29,0 33,5 18,2 485,2 17,56 243
Média 29,54 33,51 19,00 455,4 17,34 227,7
Desvio
Padrão
0,9825 4,588 1,074 91,80 0,8174 45,90
Coef.
Var.(%)
3,326 13,69 5,653 20,16 4,713 20,16
Figura 6.7 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 03 – Direção Longitudinal
80
Tabela 6.8 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Transversal
Geomembrana Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 03T
Corpos
de Prova
Força/Largura
Escoamento
(N/mm)
Força/Largura
Força Máxima
(N/mm)
Def. Especif.
Escoamento
(%)
Def. Especif.
Ruptura
(%)
Tensão
Esc.
(MPa)
Desl.
(mm)
1 33,2 22,2 14,1 92,7 19,74 46
2 30,3 22,4 15,2 207,0 18,15 103
3 35,1 23,8 13,0 62,6 20,76 31
4 34,9 24,0 13,8 81,1 21,05 41
5 35,8 24,8 12,5 195,9 20,94 98
Média 33,86 23,45 13,71 127,9 20,13 63,93
Desvio
Padrão
2,216 1,114 1,041 68,13 1,225 34,06
Coef.
Var.(%) 6,543 4,752 7,593 53,29 6,086 53,29
Figura 6.8 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 03 – Direção Transversal
81
Amostra Exposta ao Rejeito – EXP 06 (6 meses)
Tabela 6.9 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Longitudinal
Geomembrana Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 06L
Corpos
de Prova
Força/Largura
Escoamento
(N/mm)
Força/Largura
Força Máxima
(N/mm)
Def. Especif.
Escoamento
(%)
Def. Especif.
Ruptura
(%)
Tensão
Esc.
(MPa)
Desl.
(mm)
1 29,5 34,2 19,1 493,4 17,56 247
2 28,6 31,6 18,8 464,4 16,70 232
3 28,8 34,8 18,3 529,4 17,58 265
4 28,3 30,3 20,2 446,7 16,95 223
5 28,5 34,1 18,4 516,9 16,94 258
6 30,4 35,2 19,3 504,3 18,90 252
Média 29,01 33,39 19,04 492,5 17,44 246,3
Desvio
Padrão
0,8138 1,960 0,7057 31,58 0,8016 15,79
Coef.
Var.(%)
2,805 5,871 3,707 6,413 4,597 6,413
Figura 6.9 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 06 – Direção Longitudinal
82
Tabela 6.10 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Transversal
Geomembrana Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 06T
Corpos
de Prova
Força/Largura
Escoamento
(N/mm)
Força/Largura
Força Máxima
(N/mm)
Def. Especif.
Escoamento
(%)
Def. Especif.
Ruptura
(%)
Tensão
Esc.
(MPa)
Desl.
(mm)
1 31,9 21,9 13,5 119,7 18,88 60
2 31,2 30,9 14,2 551,0 18,48 276
3 31,4 24,7 14,6 401,9 19,17 201
4 30,4 21,3 14,1 138,4 19,03 69
5 31,0 21,9 14,1 72,2 18,93 36
6 31,0 22,6 14,6 189,5 18,78 95
Média 31,18 23,89 14,19 245,5 18,88 122,7
Desvio
Padrão
0,4918 3,610 0,4301 188,8 0,2376 94,41
Coef.
Var.(%)
1,577 15,11 3,031 76,93 1,259 76,93
Figura 6.10 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 06 – Direção Transversal
83
Amostra Exposta ao Rejeito – EXP 09 (9 meses)
Tabela 6.11 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Longitudinal
Geomembrana Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 09L
Corpos
de Prova
Força/Largura
Escoamento
(N/mm)
Força/Largura
Força Máxima
(N/mm)
Def. Especif.
Escoamento
(%)
Def. Especif.
Ruptura
(%)
Tensão
Esc.
(MPa)
Desl.
(mm)
1 27,6 32,7 17,0 546,6 16,90 273
2 27,3 33,8 18,1 554,5 16,75 277
3 28,5 32,4 18,5 511,9 16,99 256
4 27,7 33,4 18,2 522,3 17,42 261
5 29,6 30,6 17,0 462,8 18,24 231
6 28,5 26,9 17,5 395,2 17,26 198
Média 28,19 31,63 17,72 498,9 17,26 294,4
Desvio
Padrão
0,8331 2,566 0,6353 60,25 0,5379 30,12
Coef.
Var.(%)
2,956 8,113 3,586 12,08 3,117 12,08
Figura 6.11 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 09 – Direção Longitudinal
84
Tabela 6.12 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Transversal
Geomembrana Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 09T
Corpos
de Prova
Força/Largura
Escoamento
(N/mm)
Força/Largura
Força Máxima
(N/mm)
Def. Especif.
Escoamento
(%)
Def. Especif.
Ruptura
(%)
Tensão
Esc.
(MPa)
Desl.
(mm)
1 29,5 * 14,1 35,9 17,87 18
2 29,2 21,3 14,5 117,9 17,70 59
3 28,9 15,6 14,5 52,2 17,53 26
4 30,3 11,6 14,0 45,5 18,57 23
5 31,4 22,7 14,2 110,8 19,02 55
6 28,8 21,5 14,0 169,1 17,54 85
7 29,5 21,5 14,2 105,1 18,02 53
Média 29,66 19,03 14,20 90,92 18,04 45,46
Desvio
Padrão
0,9087 4,441 0,2189 48,36 0,5633 24,18
Coef.
Var.(%)
3,064 23,33 1,541 53,19 3,123 53,19
Figura 6.12 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 09 – Direção Transversal
85
Amostra Exposta ao Rejeito – EXP 12 (12 meses)
Tabela 6.13 – Resultados dos Ensaios de Tração – Direção Longitudinal
Geomembrana Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 12L
Corpos
de Prova
Força/Largura
Escoamento
(N/mm)
Força/Largura
Força Máxima
(N/mm)
Def. Especif.
Escoamento
(%)
Def. Especif.
Ruptura
(%)
Tensão
Esc.
(MPa)
Desl.
(mm)
1 29,9 32,4 20,2 451,1 17,48 226
2 29,5 24,2 17,8 226,3 17,33 113
3 28,3 24,6 20,0 322,1 16,82 161
4 29,5 33,6 18,4 477,0 17,34 238
5 28,9 30,9 19,3 455,3 16,83 228
6 28,5 32,0 19,7 467,7 16,79 234
Média 29,10 29,62 19,24 399,9 17,10 199,9
Desvio
Padrão
0,621 4,119 0,9432 102,4 0,3161 51,18
Coef.
Var.(%)
2,134 13,91 4,903 25,60 1,849 25,60
Figura 6.13 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 12 – Direção Longitudinal
86
Tabela 6.14 – Resultados dos Ensaios de tração – Direção Transversal
Geomembrana Imersa no Rejeito de Zinco – EXP 12T
Corpos
de Prova
Força/Largura
Escoamento
(N/mm)
Força/Largura
Força Máxima
(N/mm)
Def. Especif.
Escoamento
(%)
Def. Especif.
Ruptura
(%)
Tensão
Esc.
(MPa)
Desl.
(mm)
1 32,6 23,3 15,0 303,6 18,85 152
2 30,7 21,3 14,3 218,4 18,38 109
3 30,7 22,7 15,1 240,9 18,48 120
4 30,6 21,7 14,8 259,5 18,10 130
5 31,2 20,2 15,1 52,20 18,69 26
6 31,8 21,9 13,8 123,3 19,16 62
Média 31,27 21,86 14,67 199,7 18,61 99,83
Desvio
Padrão
0,805 1,066 0,533 93,80 0,3727 46,90
Coef.
Var.(%)
2,575 4,877 3,632 46,98 2,003 46,98
Figura 6.14 – Curvas dos ensaios de tração em amostras EXP 12 – Direção Transversal
87
A Figura 6.15 apresenta as variações das propriedades-índices (tensão de escoamento e
deformação correspondentes às direções longitudinal e transversal) obtidas em ensaios
simples de tração (corpos de prova para controle de qualidade em forma de haltere), no
contexto da metodologia proposta para se estabelecer uma sistemática de controle e
monitoramento das características de variações da durabilidade de geomembranas de
PEAD confinadas em depósitos de rejeitos contaminantes.
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 6.15 – Variações das propriedades-índices (resistência à tração e deformação
específica no escoamento): (a) e (b) Direção Longitudinal; (c) e (d) Direção Transversal
Os resultados mostram um comportamento essencialmente homogêneo das amostras e
pouco influenciado pelas condições operacionais em campo, para o período de
observações realizadas. Estas variações reduzidas são quantificadas na Tabela 6.15, que
resume a síntese dos resultados obtidos nestes ensaios. Todas as variações foram
inferiores a 10%. Nota-se, entretanto, um certo padrão inespecífico condicionado pelas
características estruturais da própria geomembrana.
88
Tabela 6.15 – Síntese dos Resultados dos Ensaios de Tração
Ensaio /Amostras Referência 1 mês 2 meses 3 meses 6 meses 9 meses 12 meses
Tensão Escoamento
Longitudinal (MPa)
17,20 17,70 16,72 17,34 17,44 17,26 17,10
% degradação 2,9 -2,8 0,8 1,4 0,35 -0,6
Deformação
Longitudinal (%)
19,00 18,66 19,61 19,00 19,04 17,72 19,24
% degradação -1,8 3,2 0,0 0,2 -6,7 1,3
Tensão Escoamento
Transversal (MPa)
18,79 19,77 17,48 20,13 18,88 18,04 18,61 % degradação 5,2 -7,0 7,1 0,5 -4,0 -1,0
Deformação
Transversal (%)
15,21 14,20 14,85 13,71 14,19 14,20 14,67
% degradação -6,6 -2,4 -9,9 -6,7 -6,6 -3,6
6.3 – ENSAIOS DE RESISTÊNCIA AO RASGO
Amostra Não Exposta – Amostra de Referência
A Tabela 6.16 apresenta os resultados dos ensaios de resistência ao rasgo, realizados em
corpos de prova da geomembrana de PEAD de 1,5mm de espessura (amostra de
referência e não exposta à ação direta dos rejeitos de zinco no Depósito Murici) nas
direções longitudinal e transversal. As correspondentes curvas dos ensaios estão
apresentadas na Figura 6.16.
Tabela 6.16 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Rasgo
Amostra de Referência: (a) Direção Longitudinal; (b) Direção Transversal
89
Figura 6.16 – Curvas dos ensaios de resistência ao rasgo para amostras de referência
As amostras de referência (não expostas) da geomembrana de PEAD apresentaram
valores médios de resistência ao rasgo de 228,0N na direção longitudinal e de 250,6N
na direção transversal, com valores bem reduzidos de coeficientes de variação. Estes
valores estão em conformidade com padrões desta grandeza para geomembranas de
PEAD de 1,5mm de espessura.
A facilidade e a boa repetibilidade dos resultados atestam a opção interessante desse
ensaio como metodologia de controle e monitoramento de amostras de geomembranas
confinadas (ou exumadas) de sistemas de barreiras de depósitos de rejeitos
potencialmente contaminantes. Avaliações da relevância da adoção destas grandezas
para este tipo de problema, entretanto, demandam a obtenção da evolução dos
parâmetros de controle (resistência ao rasgo de amostras expostas ao rejeito) por prazos
bem mais longos de operação do empreendimento.
Amostras Expostas ao Rejeito – EXP 01 a EXP 12 (1 a 12 meses)
De forma similar, as Tabelas 6.17 a 6.22 apresentam os resultados dos ensaios de rasgo
realizados nas amostras retiradas após 1, 2, 3, 6, 9 e 12 meses de exposição aos rejeitos,
respectivamente, com a representação gráfica dos mesmos sendo indicados na sequência
imediata da respectiva tabela de sistematização dos dados (Figuras 6.17 a 6.22).
90
Tabela 6.17 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Rasgo
Amostra EXP 01: (a) Direção Longitudinal; (b) Direção Transversal
Figura 6.17 – Curvas dos ensaios de resistência ao rasgo para amostras EXP 01
Tabela 6.18 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Rasgo
Amostra EXP 02: (a) Direção Longitudinal; (b) Direção Transversal
91
Figura 6.18 – Curvas dos ensaios de resistência ao rasgo para amostras EXP 02
Tabela 6.19 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Rasgo
Amostra EXP 03: (a) Direção Longitudinal; (b) Direção Transversal
Figura 6.19 – Curvas dos ensaios de resistência ao rasgo para amostras EXP 03
92
Tabela 6.20 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Rasgo
Amostra EXP 06: (a) Direção Longitudinal; (b) Direção Transversal
Figura 6.20 – Curvas dos ensaios de resistência ao rasgo para amostras EXP 06
Tabela 6.21 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Rasgo
Amostra EXP 09: (a) Direção Longitudinal; (b) Direção Transversal
93
Figura 6.21 – Curvas dos ensaios de resistência ao rasgo para amostras EXP 09
Tabela 6.22 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Rasgo
Amostra EXP 12: (a) Direção Longitudinal; (b) Direção Transversal
Figura 6.22 – Curvas dos ensaios de resistência ao rasgo para amostras EXP 12
94
A Figura 6.23 apresenta as variações das propriedades-índices (resistências ao rasgo
correspondentes às direções longitudinal e transversal) obtidas em ensaios de rasgo. Os
resultados, a exemplo do caso anterior, mostram variações pouco expressivas em função
das condições operacionais em campo, para o período de observações realizadas. Em
alguns casos, estas variações foram superiores a 10%. Estas pequenas variações são
quantificadas na Tabela 6.23, que resume a síntese dos resultados obtidos nestes
ensaios.
(a)
(b)
Figura 6.23 – Variações das propriedades-índices (resistência ao rasgo): (a) Direção
Longitudinal; (b) Direção Transversal
Tabela 6.23 – Síntese dos Resultados dos Ensaios de Rasgo
Ensaio /Amostras Referência 1 mês 2 meses 3 meses 6 meses 9 meses 12 meses
Rasgo Longitudinal
(N)
228 214,4 253,35 241,2 230,95 212,7 232,8
% degradação -6,0 11,1 5,8 1,3 -6,7 2,1
Rasgo Transversal
(N)
250,6 242,85 227,65 277,3 227,25 250,25 255,6
% degradação -3,1 -9,2 10,7 -9,3 -0,1 2,0
6.4 – ENSAIOS DE RESISTÊNCIA AO PUNCIONAMENTO
Amostra Não Exposta – Amostra de Referência
A Tabela 6.24 apresenta os resultados dos ensaios de resistência ao puncionamento,
realizados em corpos de prova da geomembrana de PEAD de 1,5mm de espessura
(amostra de referência e não exposta à ação direta dos rejeitos de zinco no Depósito
Murici). As correspondentes curvas dos ensaios estão apresentadas na Figura 6.24.
95
Tabela 6.24 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Puncionamento
Amostra de Referência
Corpos
de Prova
Força Máxima
(N)
1 687
2 707
3 692
4 655
5 693
6 673
Média 684,7
Desvio Padrão 18,21
CV (%) 2,660
Figura 6.24 – Curvas dos ensaios ao puncionamento para amostras de referência
A amostra de referência (não exposta) da geomembrana de PEAD apresentou um valor
médio de resistência ao puncionamento de 684,7N, obtido para um conjunto de seis
corpos de provas. As forças máximas de puncionamento variaram entre 655N e 707N,
com um coeficiente de variação de 2,66% e desvio padrão de 18,21. Estes valores estão
em conformidade com padrões desta grandeza para geomembranas de PEAD de 1,5mm
de espessura.
96
Amostras Expostas ao Rejeitos – EXP 01 a EXP 12 (1 a 12 meses)
De forma similar, as Tabelas 6.25 a 6.30 apresentam os resultados dos ensaios de
puncionamento realizados nas amostras de geomembrana retiradas após 1, 2, 3, 6, 9 e
12 meses de exposição aos rejeitos, respectivamente, com a representação gráfica dos
mesmos sendo indicados na sequência imediata da respectiva tabela de sistematização
dos dados (Figuras 6.25 a 6.30).
Tabela 6.25 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Puncionamento
Amostra EXP 01
Corpos
de Prova
Força Máxima
(N)
1 673
2 710
3 685
4 716
5 732
6 677
Média 698,8
Desvio Padrão 23,98
CV (%) 3,431
Figura 6.25 – Curvas dos ensaios ao puncionamento para amostras EXP 01
97
Tabela 6.26 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Puncionamento
Amostra EXP 02
Corpos
de Prova
Força Máxima
(N)
1 634
2 626
3 688
4 649
5 727
6 667
Média 665,3
Desvio Padrão 37,78
CV (%) 5,680
Figura 6.26 – Curvas dos ensaios ao puncionamento para amostras EXP 02
98
Tabela 6.27 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Puncionamento
Amostra EXP 03
Corpos
de Prova
Força Máxima
(N)
1 660
2 656
3 707
4 707
5 681
6 702
Média 685,5
Desvio Padrão 23,18
CV (%) 3,382
Figura 6.27 – Curvas dos ensaios ao puncionamento para amostras EXP 03
99
Tabela 6.28 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Puncionamento
Amostra EXP 06
Corpos
de Prova
Força Máxima
(N)
1 719
2 700
3 725
4 731
5 728
6 730
Média 722,1
Desvio Padrão 11,64
CV (%) 1,612
Figura 6.28 – Curvas dos ensaios ao puncionamento para amostras EXP 06
100
Tabela 6.29 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Puncionamento
Amostra EXP 09
Corpos
de Prova
Força Máxima
(N)
1 676
2 650
3 655
4 660
5 645
6 649
Média 655,8
Desvio Padrão 11,02
CV (%) 1,680
Figura 6.29 – Curvas dos ensaios ao puncionamento para amostras EXP 09
101
Tabela 6.30 – Resultados dos Ensaios de Resistência ao Puncionamento
Amostra EXP 12
Corpos
de Prova
Força Máxima
(N)
1 686
2 669
3 639
4 641
5 650
6 654
Média 656,4
Desvio Padrão 18,15
CV (%) 2,765
Figura 6.30 – Curvas dos ensaios ao puncionamento para amostras EXP 12
102
A Figura 6.31 apresenta as variações das propriedades-índices (resistências ao
puncionamento) obtidas em ensaios de puncionamento efetuado por uma haste metálica
através de um cilindro vazado com 45mm de diâmetro. As resistências médias ao
puncionamento das amostras ensaiadas variaram entre 655,8N e 722,1N, com variações
percentuais máximas limitadas a cerca de 5%, conforme indicado na Tabela 6.31.
Figura 6.31 – Variações das propriedades-índices (resistência ao puncionamento) das
amostras ensaiadas
Tabela 6.31 – Síntese dos Resultados dos Ensaios de Puncionamento
Ensaio /Amostras Referência 1 mês 2 meses 3 meses 6 meses 9 meses 12 meses
Puncionamento (N) 684,7 698,8 665,3 685,5 722,1 655,8 656,4
% degradação 2,1 -2,8 0,1 5,46 -4,2 -4,1
6.5 – ENSAIOS DSC CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA
A Figura 6.32 apresenta os resultados dos ensaios de Calorimetria Diferencial de
Varredura (DSC), realizados em corpos de prova da geomembrana de PEAD de 1,5mm
de espessura para a amostra de referência e para as demais amostras expostas à ação
direta dos rejeitos de zinco no Depósito Murici.
Os valores das temperaturas de fusão e de degradação são indicados pelos picos inferior
e superior, respectivamente, característicos das curvas do ensaio DSC e estão
sistematizados na Tabela 6.32.
103
(a)
104
Figura 6.32 – Curvas dos ensaios DSC: (a) amostra de referência; (b) EXP 01; (c) EXP
02; (d) EXP 03; (e) EXP 06; (f) EXP 09; (g) EXP 12.
Tabela 6.32 – Resultados dos Ensaios de Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC)
Ensaio /Amostras Referência 1 mês 2 meses 3 meses 6 meses 9 meses 12 meses
Temperatura de
Fusão (˚C)
133,61 133,14 131,24 133,61 133,14 132,19 133,14
% degradação -0,35 -1,77 0,0 -0,35 -1,06 -0,35
Temperatura de
Degradação (˚C)
268,69 269,63 267,27 270,11 267,74 267,74 269,16
% degradação 0,35 -0,53 0,53 -0,35 -0,35 0,17
As Figuras 6.33 e 6.34 apresentam as variações das propriedades-índices (temperaturas
de fusão e de degradação) obtidas nos ensaios de Calorimetria Diferencial de Varredura
(DSC). Os valores médios da temperatura de fusão e de degradação, para as amostras
ensaiadas num período de 12 meses, foram de 132,9˚C e 268,6˚C, respectivamente. Em
todos os casos, as variações percentuais foram inferiores a 2%.
Figura 6.33 – Variações das temperaturas de fusão das amostras ensaiadas
105
Figura 6.34 – Variações das temperaturas de degradação das amostras ensaiadas
6.6 – ENSAIOS OIT DETERMINAÇÃO DOS TEMPOS DE OXIDAÇÃO
A Figura 6.35 apresenta os resultados dos ensaios OIT (Determinação do tempo de
Oxidação) para a amostra de referência da geomembrana de PEAD de 1,5mm de
espessura. O tempo de oxidação é expresso pela extensão do patamar horizontal obtido
a partir da curva típica do ensaio, sendo dado, portanto, pela diferença entre as duas
leituras limites do patamar que, nesse caso, será (35,92 min – 16,84 min), o que
corresponde a um valor de OIT = 19,08 minutos. A curva correspondente à amostra
exposta ao rejeito é indicada na Figura 6.36.
Figura 6.35 – Curva do ensaio OIT para a amostra de referência
106
107
Figura 6.36 – Curvas dos ensaios OIT: (a) EXP 01; (b) EXP 02; (c) EXP 03; (d) EXP 06;
(e) EXP 09; (f) EXP 12.
108
As variações da propriedade-índice medida neste ensaio (tempos de oxidação em
minutos) estão indicadas na Figura 6.37 e os respectivos valores de OIT (tempos de
oxidação) estão sistematizados na Tabela 6.33.
Figura 6.37 – Variações dos tempos de oxidação para as amostras ensaiadas
Tabela 6.33 – Resultados dos Ensaios de Determinação dos Tempos de Oxidação (OIT)
Ensaio /Amostras Referência 1 mês 2 meses 3 meses 6 meses 9 meses 12 meses
Tempo de Oxidação
OIT (min)
19,02 16,23 28,26 12,42 7,05 21,86 7,73
% degradação -14,67 48,58 -34,70 -62,93 14,93 -59,36
6.7 – SÍNTESE GERAL DOS RESULTADOS
A metodologia proposta para avaliação da durabilidade de geomembranas de PEAD
inseridas em sistemas de barreiras de depósitos de rejeitos de mineração potencialmente
contaminantes inclui a análise conjunta de resultados de ensaios mecânicos e térmicos
para amostras expostas aos rejeitos no chamado ‘mostruário de desempenho’.
Nesta abordagem, as seguintes propriedades-índices foram consideradas:
- tensão de escoamento na direção longitudinal;
- deformação correspondente à tensão de escoamento na direção longitudinal;
- tensão de escoamento na direção transversal;
- deformação correspondente à tensão de escoamento na direção transversal;
- resistência ao rasgo (direção longitudinal e transversal);
- resistência ao puncionamento;
109
- temperaturas de fusão e de degradação;
- tempos de oxidação.
As variações medidas para todas estas propriedades-índices ao longo do período de
observação desta pesquisa estão sistematizadas na Tabela 6.34, correlacionadas com os
valores obtidos para a amostra de referência (não exposta aos rejeitos de zinco
estocados no Depósito Murici da Unidade VMZ - Três Marias).
Tabela 6.34 – Resultados dos Ensaios Realizados – Síntese Geral
Ensaio /Amostras Referência 1 mês 2 meses 3 meses 6 meses 9 meses 12 meses
Tensão Escoamento
Longitudinal (MPa)
17,2 17,7 16,72 17,34 17,44 17,26 17,1
% degradação 2,9 -2,8 0,8 1,4 0,35 -0,6
Deformação
Longitudinal (%)
19,00 18,66 19,61 19 19,04 17,72 19,24
% degradação -1,8 3,2 0,0 0,2 -6,7 1,3
Tensão Escoamento
Transversal (MPa)
18,79 19,77 17,48 20,13 18,88 18,04 18,61
% degradação 5,2 -7,0 7,1 0,5 -4,0 -1,0
Deformação
Transversal (%)
15,21 14,2 14,85 13,71 14,19 14,2 14,67
% degradação -6,6 -2,4 -9,9 -6,71 -6,6 -3,6
Rasgo Longitudinal
(N)
228 214,4 253,35 241,2 230,95 212,7 232,8
% degradação -6,0 11,1 5,8 1,3 -6,7 2,1
Rasgo Transversal (N) 250,6 242,85 227,65 277,3 227,25 250,25 255,6
% degradação -3,1 -9,2 10,7 -9,3 -0,1 2,0
Puncionamento (N) 684,7 698,8 665,3 685,5 722,1 655,8 656,4
% degradação 2,1 -2,8 0,1 5,46 -4,2 -4,1
Temperatura de Fusão
(˚C)
133,61 133,14 131,24 133,61 133,14 132,19 133,14
% degradação -0,35 -1,77 0,0 -0,35 -1,06 -0,35
Temperatura de
Degradação (˚C)
268,69 269,63 267,27 270,11 267,74 267,74 269,16
% degradação 0,35 -0,53 0,53 -0,35 -0,35 0,17
Tempo de Oxidação
OIT (min)
19,02 16,23 28,26 12,42 7,05 21,86 7,73
% degradação -14,67 48,58 -34,70 -62,93 14,93 -59,36
110
À exceção dos tempos de oxidação, cujas variações mostraram-se bastante discrepantes,
todos os demais ensaios são potencialmente indicados para o monitoramento proposto,
com índices de correlação compatíveis e aceitáveis. A representatividade do controle é
pouco conclusiva para períodos inferiores a 12 meses, como verificado pela alternância
ora positiva, ora negativa, das medições, independentemente do prazo maior das
amostras expostas aos rejeitos.
Estes resultados demonstram que tais variações estão ainda dentro do domínio de
variação das próprias características estruturais das geomembranas de PEAD,
demandando, portanto, prazos suficientemente mais longos para que possam ser
efetivamente adotados como parâmetros de controle do projeto.
111
CAPÍTULO 7
CONCLUSÕES E ESTUDOS COMPLEMENTARES
7.1 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
O escopo desse projeto de pesquisa, iniciado a partir das realidades de um estudo de
caso de um depósito de rejeitos de mineração, consistiu em estabelecer procedimentos
de controle e monitoramento do desempenho de geomembranas de PEAD confinadas
em um depósito de rejeitos de zinco da Unidade VMZ implantada no município de Três
Marias/MG.
O empreendimento possui um longo histórico de problemas ambientais, agravados em
função da localização do mesmo nas vizinhanças do Rio São Francisco e da própria
cidade. Neste sentido, a empresa, mediante acordo geral firmado com os órgãos
ambientais, optou pela implantação de um novo depósito de rejeitos de grande porte,
utilizando as melhores técnicas disponíveis em termos da escolha do local, sistemáticas
de operação e controle de campo e, no aspecto mais diretamente ligado a este trabalho,
por sistemas de barreiras conjugando camadas de argilas compactadas e geossintéticos.
Neste sentido, uma premissa de controle operacional do depósito de rejeitos incluiu
obviamente a avaliação do desempenho das geomembranas de PEAD, de 1,5mm de
espessura, utilizadas como interfaces de estanqueidade ao longo do fundo e dos taludes
laterais do depósito. A questão primária que se impõe, portanto, tem foco na aferição da
durabilidade das geomembranas em ambientes tão agressivos e a evolução de potenciais
susceptibilidades das mesmas à exposição contínua aos rejeitos depositados.
Considerando-se as características e dimensões do projeto e as condições de longo
prazo de um monitoramento dessa natureza, a metodologia proposta baseou-se nas
seguintes proposições gerais:
112
(i) Procedimentos para exposição e coleta das amostras de geomembrana aos
rejeitos de mineração;
(ii) Definição de propriedades-índices características para a correlação dos
resultados entre as amostras expostas e as amostras de referência (não
expostas aos rejeitos);
(iii) Adoção de metodologias de ensaios relativamente simples e disponíveis para
aplicações práticas;
(iv) Possibilidade de adoção posterior no âmbito da própria empresa de
mineração, pela imposição óbvia dos longos períodos de monitoramento.
Tais proposições resultaram na implantação do ‘mostruário de desempenho’ para a
exposição e coleta de amostras expostas aos rejeitos de zinco e na adoção de ensaios de
laboratório centrados na determinação de propriedades mecânicas e térmicas das
amostras expostas, a diferentes períodos de tempo e correlacionadas às das amostras de
referência (não expostas).
7.2 – CONCLUSÕES
As principais conclusões relativas à metodologia proposta e aplicada ao estudo de caso
avaliado podem ser sistematizadas da seguinte forma:
• O ‘mostruário de desempenho’ atendeu, de forma simples e efetiva, as premissas
de uma coleta continuada e garantiu a submersão das amostras nos rejeitos de
zinco ao longo da evolução do reservatório e foram submetidas, portanto, à ação
exclusiva de degradação pelos potenciais efeitos deletérios dos próprios rejeitos
(garantindo-se ainda a não exposição das amostras a radiações UV pelo
encapsulamento do mostruário, particularmente na fase inicial do lançamento
dos rejeitos);
• Na coleta das amostras, realizadas nos seguintes intervalos de tempo: 1 mês, 2
meses, 3 meses, 6 meses, 9 meses e um ano (limite do tempo de observação da
presente pesquisa), a representatividade da amostragem foi garantida pela
113
adoção sistemática dos mesmos procedimentos para a sua remoção do pórtico,
acondicionamento, proteção e encaminhamento para o laboratório;
• A infraestrutura disponível no país atende e viabiliza de forma adequada, em
termos práticos e não apenas de pesquisa, os procedimentos experimentais
propostos na presente metodologia, baseados em ensaios para determinação de
propriedades mecânicas e térmicas de geomembranas de PEAD;
• À exceção dos tempos de oxidação (técnica OIT), cujas variações mostraram-se
bastante discrepantes, todos os demais ensaios são potencialmente indicados
para o monitoramento proposto, com índices de correlação compatíveis e
aceitáveis;
• Em relação aos ensaios mecânicos, as propriedades-índices propostas como
referência, e que se mostraram relevantes, foram as seguintes:
- tensão de escoamento na direção longitudinal; deformação
correspondente à tensão de escoamento na direção longitudinal; tensão de
escoamento na direção transversal e deformação correspondente à tensão
de escoamento na direção transversal; obtidas em ensaios simples de
tração (corpos de prova para controle de qualidade em forma de halteres);
- resistências ao rasgo, correspondentes às direções longitudinal e
transversal, obtidas em ensaios convencionais de rasgo;
- resistências ao puncionamento, obtidas em ensaios de puncionamento
efetuado por uma haste metálica através de um cilindro vazado com
45mm de diâmetro.
• O equipamento utilizado para realização de todos estes ensaios é o mesmo, o que
favorece muito a adoção desta série de ensaios para aferição do comportamento
mecânico de diferentes amostras de geomembrana;
• Em relação aos ensaios baseados em técnicas térmicas, as propriedades-índices
propostas como referência, e que se mostraram relevantes, foram as seguintes:
114
- temperaturas de fusão e de degradação das amostras ensaiadas, obtidas
por meio dos ensaios de Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC);
- tempos de oxidação, obtidos pela técnica OIT.
• Aparentemente, é pouco confiável as prescrições normativas em relação à
fixação de valores mínimos de OIT para geomembranas (norma GRI GM13, por
exemplo); estes parâmetros mostraram-se muito inconsistentes no âmbito do
presente estudo;
• A representatividade do controle é pouco conclusiva para períodos inferiores a
12 meses, como verificado pela alternância ora positiva, ora negativa, das
medições, independentemente do prazo maior das amostras expostas aos
rejeitos;
• Estes resultados demonstram que tais variações estão ainda dentro do domínio
de variação das próprias características estruturais das geomembranas de PEAD,
demandando, portanto, prazos suficientemente mais longos para que possam ser
efetivamente adotados como parâmetros de controle do projeto.
7.3 – ESTUDOS COMPLEMENTARES
A principal recomendação decorrente dos estudos realizados é a sua óbvia continuidade,
no âmbito dos procedimentos pré-estabelecidos, para amostras coletadas após exposição
aos rejeitos de zinco por períodos de 2 anos, 5 anos, 10 anos e ao final de vida útil do
reservatório, sob os cuidados e responsabilidades da própria empresa de mineração.
Estes resultados permitirão análises do desempenho geotécnico de geomembranas de
PEAD em reservatórios de rejeitos potencialmente contaminantes por longos períodos,
propiciando dados e observações muito relevantes, em face do caráter incipiente destes
estudos na literatura técnica especializada (particularmente no Brasil).
115
Outro estudo proposto seria a investigação da técnica OIT à luz da degradação dos
aditivos presentes em geomembranas de PEAD, particularmente compostos
plastificantes e antioxidantes. Ensaios de laboratório aplicando essa técnica para
condições bastante específicas (como ensaios em estufas, com ou sem circulação de ar
ou em câmaras com exposição severa das amostras a radiações UV) parecem não
reproduzir adequadamente as condições reais de campo para interfaces expostas a
rejeitos.
Outro estudo particularmente relevante diz respeito ao comportamento de emendas de
geomembranas em campo. Embora existam diferentes proposições de procedimentos
para a sua adequada execução em campo e uma série de testes de controle em relação à
estanqueidade destas feições, o fato concreto é que as emendas de painéis constitui um
elemento-chave de extrema relevância prática e causa quase generalizada de problemas
em aplicações de geomembranas em sistemas de barreiras de depósitos de rejeitos.
116
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