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  • METODOLOGIA DA PESQUISA: UM GUIA PRTICO

  • Conselho Cientifico / Editorial

    Prof. Dr. Auner Pereira Carneiro Faculdade Metropolitana So Carlos - FAMESC

    Prof. Dr. Ed Porto Bezerra Programa de Mestrado em Comunicao Social - PPGC/UFPB

    Universidade Federal da Paraba - UFPB

    Prof. Dr. Fabricio Moraes de Almeida Universidade Federal de Rondnia - UNIR

    Prof. Dr. Javier Vergara Nes Universidade de Playa Ancha - Chile

    Prof. Dr. Jerjes Ruiz Castro Diretor da Universidad Politcnica de Nicargua - UPOLI

    Prof. Jos Antonio Torres Universidad de Jan Espanha

    Prof. Dr. Jose Manuel Bautista Vallejo Universidad de Huelva - Espanha

    Prof. Dra. Martha Vegara Fregoso Universidad de Guadalajara - Mxico

    Prof. Dr. Sahudy Montenegro Gonzlez Universidade Federal do ABC (UFABC)

    Prof. Msc. Sandra Cristina Souza Reis AbreuUniversidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

  • Itabuna / Bahia, 2010.

    Autores:

    Fabiana da Silva KauarkFernanda Castro Manhes

    Carlos Henrique Medeiros

    METODOLOGIA DA PESQUISA: UM GUIA PRTICO

  • K21 Kauark, Fabiana. Metodologia da pesquisa : guia prtico / Fabiana Kauark, Fernanda Castro Manhes e Carlos Henrique Medeiros. Ita- buna : Via Litterarum, 2010. 88p. ISBN

    1.Pesquisa. 2. Pesquisa Metodologia. I. Manhes, Fer- Nanda Castro. II. Medeiros, Carlos Henrique. III.Ttulo.

    CDD 001.42

    Todos os direitos reservados. A reproduo no autorizada desta publicao, por qualquer meio, total ou parcial, constitui violao da lei n 9.610/98.

    Copyright 2010, Fabiana Kauark,Fernanda Castro Manhes e Carlos Henrique Medeiros

    Todos direitos desta edio reservados VIA LITTERARUM EDITORA

    Rua Rui Barbosa, 934 - Trreo - CentroItabuna - Bahia, Brasil - 45600-220

    Tel.: (73) 4141-0748 :: [email protected] www.vleditora.com.br :: www.quiosquecultural.com.br

    REVISOAurlio Schommer

    PROJETO GRFICO E CAPAMarcel Santos

    DIAGRAMAOtalo Felipe

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Ficha catalogrfica : Elisabete Passos dos Santos CRB5/533

  • APRESENTAO

    Para o estudante, a expresso metodologia cientfica de mau gosto, enfadonha e sem sentido, representando coisa que algum buro-crata da Universidade inventou, movido pelo sadismo, para complicar a vida. Ou seja, uma coleo de regras que se somam ao j complicado idioma ptrio e aos desafios apresentados pelo prprio objeto de estu-do. primeira vista, o senso comum do estudante tem razo.

    Na verdade, metodologia cientfica muito mais do que mar-gem esquerda recuada a tantos centmetros ou padronizao das cita-es. uma coleo, reunida ao longo de sculos de aperfeioamento da cincia, com a contribuio das academias, universidades e cientis-tas, de pressupostos para realizar e apresentar um trabalho de pesquisa, visando a eficcia deste, de seus resultados, por um lado, e, por outro, proporcionar um padro reconhecvel por outros pesquisadores e pelo pblico geral. Melhorou? No. Segue sendo algo que, para ser corre-tamente expresso, precisa de uma linguagem complicada. O grande mrito deste livro, Metodologia da Pesquisa: um guia prtico, jus-tamente traduzir metodologia cientfica em algo acessvel.

    Nunca houve tantos alunos de graduao, tantos mestrandos, tantos doutorandos. Cada um destes precisa dominar a metodologia cientfica, compreend-la ao menos o suficiente para planejar e bem conduzir o trabalho que deles ser exigido, seja uma simples monogra-fia, seja uma longa tese de doutorado. O Caminho das Pedras, se no esgota o tema, vasto como a prpria Cincia, ser de grande utilidade a todos os estudantes, especialmente por focar a pesquisa acadmica, o ambiente acadmico.

    O grande mrito desta obra , portanto, a simplicidade com que apresenta o complexo, constituindo, assim, ferramenta til e de fcil

  • manuseio. Boa leitura e boa consulta, pois este daqueles livros que o estudante-pesquisador deve ter sempre mo.

    Aurlio Schommer Presidente da Cmara Bahiana do Livro

  • PREFCIO

    O objetivo da cincia explicar os fenmenos naturais de forma objetiva. Graas a ela, agora sabemos por que chove, por que o sol nas-ce pela manh, por que uma planta cresce e temos respostas para uma mirade de dvidas primitivas. Portanto, a cincia no deve ser mantida apenas nos laboratrios, nas discusses entre os pesquisadores e peri-dicos. A cincia deve ser um conhecimento popular, continuamente renovado, para que todos os esforos de divulgao frutifiquem. Cada princpio exposto e cada teoria proposta devem ser divulgados para alm da pequena rea frequentemente visada. Este o verdadeiro va-lor da cincia, a importncia de sua expresso horizontal.

    A cincia e a tecnologia podem transformar nossas vidas. Para explicar isso, basta dizer que no vivemos como viviam h 50 anos nossos avs. Estamos em uma poca em que os avanos tecnolgicos e as descobertas so parte de cada dia. So estas razes que devem levar as pessoas a conhecer estes avanos e descobertas, no s como infor-mao cultural e cientfica para servir como material de conferncia em um debate mais qualificado para este material, mas para entender fenmenos cotidianos.

    Cincia e pesquisa no necessitam de locais especficos para sua implementao, apesar de existirem algumas instituies em que a in-vestigao e a cincia esto em seu pico. A universidade um deles.

    Kingman Brewster, ex-presidente da Universidade de Yale em me-ados da dcada de setenta, disse que a universidade se preocupa com quatro questes: a acumulao de fatos (accumulating facts), a apren-dizagem de competncias (learning skills), a aquisio de julgamentos (acquiring judgment) e as descobertas, trazendo coisas novas (making discoveries).

  • Quanto ao acmulo de fatos e habilidades de aprendizagem, ns temos livros que percorrem grandes caminhos e novas ferramentas pe-daggicas, com grande poder de transformao da realidade.

    No entanto, a real importncia da Universidade para a cincia so as questes terceira e quarta entre as definidas por Brewster (aqui-sio de julgamentos e descobertas), porque o julgamento crtico no pode ser empacotado ou programado. Criar novas realidades pode depender de reflexo solitria, mas tambm de discusso, argumento, desafio e resposta, para colocar nossos preconceitos em contraste com os dos outros. Tudo isso pesquisa cientfica.

    As instituies de ensino superior, especialmente as universida-des, tem como fins a excelncia humana e cultural e a investigao cientfica, e como meio principal para atingir esses fins a carreira do-cente. Em muitas partes do mundo, nota-se uma crise em relao a cada um destes fins.

    Dedicao pesquisa cientfica uma das aes mais importantes para as universidades. A cincia, no ambiente acadmico, pode e deve ser abordada em profundidade. Isto deve ser entendido sempre no sen-tido do ensino das cincias e da dedicao pesquisa cientfica como uma fonte de renovao e de exigncia de progresso.

    Uma universidade digna do nome aquela que faz cincia e a ensina, no apenas divulga os conhecimentos adquiridos por outros, de forma simplificada. , portanto, indiscutvel que a pesquisa uma das tarefas especficas da universidade.

    No entanto, a questo : devemos perguntar o que se entende por pesquisa cientfica e o que a universidade pode fazer por ela.

    preciso destruir o mito de que o trabalho de pesquisa privil-gio de gnios e somente eles podem faz-lo. um mito que a cincia apenas para aqueles com doutorado. Se se aceita a existncia de nveis de pesquisa ou fases de pesquisa, podem investigar tanto estudantes de graduao como de ps-graduao.

    Todos ns podemos investigar o significado mais profundo da pa-lavra pesquisa. A investigao uma vocao humana universal. Esta-mos sempre em busca da verdade. Essa investigao, para levar do conhecimento vulgar e do emprico ao conhecimento cientfico,

  • verdade, precisa ser sistemtica, organizada e exige reflexo permanen-te, algo que a Universidade e o ambiente acadmico deve proporcionar a todos. Em contrapartida, cabe a todos tomar conscincia da impor-tncia do mtodo cientfico e segui-lo.

    A futura universidade um fenmeno cultural de massa e, como tal, enfrentar o desafio de levar a complexidade, a incerteza e a ne-cessidade de mudanas a um nmero crescente de pessoas de todos os nveis sociais e culturais. Se for bem-sucedida na tarefa, ir contribuir enormemente para elevar o saber, levando o debate cientfico para o cotidiano no mais de uma elite, mas de uma maioria.

    Um livro como este aqui apresentado tem todas as qualidades do ensino e da pesquisa, sendo, ao mesmo tempo, acessvel a estudantes e pesquisadores de todos os nveis. Quando estes descobrem o prazer de investigar aplicando o mtodo cientfico, descobrem em seguida a paixo da descoberta que fruto do trabalho metdico, alicerado na identificao do problema, na formulao de hipteses e na pesquisa sis-temtica. Sendo assim, este livro uma ferramenta excelente para fazer e ensinar cincia.

    Dr. H.C. Jos Manuel Bautista VallejoUniversidade de Huelva (Espanha)

  • SUMRIO

    INTRODUO ................................................................................13

    1 A CINCIA ...................................................................................17

    1.1 Do Medo Cincia ......................................................................171.2 A evoluo da Cincia .................................................................191.3 A neutralidade cientfica..............................................................221.4 O esprito cientfico ....................................................................23

    2 A PESQUISA .................................................................................24

    2.1 Conceitos e significados ..............................................................242.2 Tipos de Pesquisa .......................................................................252.3 Fases e etapas da pesquisa ...........................................................29

    3 A CINCIA E O PESQUISADOR: atitudes dos cientistas ................... 32

    4 PRODUES CIENTFICAS E COMUNICAOo produto final das pesquisas ............................................................33

    4.1 O caminho das pedras para a produo de textos cientficos ......36

    5 O PROJETO DE PESQUISA ...........................................................38

    5.1 Estrutura material do trabalho cientfico .....................................395.2 Etapas para a elaborao de um projeto de pesquisa .....................46

    5.2.1 Escolha do Tema .......................................................................... 46

    5.2.1.1 Fatores internos - afetividade em relao a um tema ou alto grau de interesse pessoal ............................................................................... 46

  • 13

    5.2.1.2 - Fatores Externos - a significao do tema escolhido, sua novida-de, sua oportunidade e seus valores acadmicos e sociais ................... 47

    5.2.2 Levantamento ou Reviso de Literatura ..................................... 47

    5.2.3 Problema ...................................................................................... 50

    5.2.4 Hiptese ...................................................................................... 52

    5.2.5 Justificativa ................................................................................... 52

    5.2.6 Objetivos ...................................................................................... 52

    5.2.7 Metodologia ................................................................................. 53

    5.3 Instrumentos de pesquisa ............................................................545.3.1 Fichamentos ................................................................................ 54

    5.3.2 Internet ........................................................................................ 57

    5.3.3 Questionrio ................................................................................ 58

    5.3.4 Formulrio ................................................................................... 58

    5.4 Tcnicas para coleta de dados ................................................605.4.1 Observao ................................................................................. 62

    5.4.2 Entrevista .................................................................................... 64

    6 OS MTODOS CIENTFICOS .......................................................65

    6.1 Cronograma ...............................................................................686.2 Oramento/Recursos .................................................................696.3 Anexos ou Apndices ..................................................................696.4 Referncias ................................................................................ 696.5 Glossrio ....................................................................................706.6 Esquema do Trabalho .................................................................706.7 Coletas de Dados ....................................................................... 74

    7 PESQUISA EM EDUCAO ..........................................................75

    7.1 Produes cientficas em educao textos cientficos .................. 79

    REFERNCIAS ................................................................................85

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    INTRODUO

    Este trabalho no tem a pretenso de abranger todas as questes

    envolvidas em Metodologia Cientfica. Trata-se, to somente, de um fundamento primo para consultas por parte dos alunos dos cursos de formao acadmica ou no exerccio da profisso, portanto formao continuada, que precisam utilizar os princpios e procedimentos da rea de Metodologia da Pesquisa Cientifica (METEC). Nesse sentido, fornecer dicas para a iniciao e estruturao de trabalhos cientficos em nvel de graduao e ps-graduao, possibilitando tais construes, a pretenso dos estudos, escritos e formataes, orientados para a efe-tividade da produo cientfica, aqui constantes. A inteno maior a de fomentar o aluno ou pesquisador busca pelo aprofundamento terico ou prtico, que dever se dar a partir da investigao literria e da siste-matizao da bibliografia complementar da rea especifica de sua pesqui-sa at possibilidades de interveno investigativa da pesquisa de campo.

    Na estrutura deste trabalho, pensado como modelo para a sala de aula, as normas e regras da metodologia cientfica so apresentadas e explicadas para cada parte de um trabalho cientfico, sem a pretenso de abordar cada tema de forma exaustiva. O objetivo que este livro seja um guia para consultas rpidas sobre o universo das produes cientficas.

    Observaes prprias e aleatrias, sem conotao cientfica, tor-nam possvel afirmar que a disciplina de Metodologia Cientfica uma das mais abdicadas pelos alunos em praticamente todos os cursos de graduao e ps-graduao, lato sensu e stricto sensu. Lembra o ve-lho chavo: odeio matemtica. A comparao com a cincia Matem-tica bem apropriada, pois ambas as reas tm sua rejeio ancorada no desconhecimento a priori de seus fundamentos. A Matemtica

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    amada ou odiada. A Metodologia Cientfica tambm, sob as mesmas possibilidades de justificativas. Muitos no percebem a importncia destes conhecimentos para o dia-a-dia, talvez por falhas na metodolo-gia de ensino, por vezes pouco estimulante. Ou seja, na verdade, essa rejeio no se d pela disciplina em si, j que seu contedo simples e at mesmo primrio.

    A disciplina Metodologia Cientfica eminentemente prtica e de-ve-se estimular os alunos para que busquem respostas s suas dvidas. Se nos referimos a um curso superior, estamos naturalmente nos refe-rindo a uma Academia de Cincia e, como tal, as respostas aos proble-mas de aquisio de conhecimento precisam ser buscadas atravs do rigor cientfico e apresentadas atravs das normas acadmicas vigentes.

    Dito isto, fica claro que metodologia cientfica no um simples contedo a ser decorado pelos alunos, a ser verificado em um dia de prova. preciso fornecer aos alunos os instrumentos para que sejam capazes de atingir os objetivos da Academia, que so o estudo e a pes-quisa em qualquer rea de estudo. Trata-se ento de se aprender fa-zendo, como sugerem os conceitos mais modernos da Pedagogia. Este conhecimento fundamenta prticas e direciona atitudes profissionais mais concisas, buscando ensaios e acertos, no ensaios e erros.

    Procuramos seguir rigorosamente as normas definidas pela As-sociao Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT para elaborao de trabalhos cientficos.

    Qualquer Faculdade nada mais do que o local prprio da busca incessante do saber cientfico. Neste sentido, esta disciplina tem uma importncia fundamental na formao do profissional. Se os alunos procuram a Academia para buscar saber, precisamos entender que Me-todologia Cientfica nada mais do que a disciplina que estuda os caminhos do saber, sendo que mtodo quer dizer caminho, logia quer dizer estudo, e cincia quer dizer saber. Mas aprender a pesqui-sar pode ser prazeroso e, c entre ns, no to difcil assim.

    Vamos fazer um teste. Imagine-se como um pesquisador em seu exerccio de investigao. Siga as orientaes contidas na pgina a se-guir e veja o quanto de pesquisador voc j tem desenvolvido. Agora, mos obra e cabea ao trabalho. Bom desempenho!

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    Avalie seu Potencial como Pesquisador. Responda Sim (S) ou No (N) s indagaes abaixo:

    A decorao de sua sala de estudo melhor do que a de seu apartamento.

    Alguma vez j levou um artigo acadmico para um bar ou caf.

    Para avaliar bares ou cafs, leva em conta a existncia de to-madas de laptop.

    Alguma vez j decidiu questes acadmicas em um evento es-portivo.

    Em relao a microfilmes e microfichas, tem indiscutvel pre-ferncia por um deles.

    Sempre l referncias bibliogrficas de artigos acadmicos.

    Pensa que as letras gregas escritas no agasalho de uma irman-dade so frmulas estatsticas.

    Precisa explicar s crianas por que continua estudando.

    Refere-se a contos de fada como Branca de Neve e cols..

    Pergunta-se se uma conversa consigo mesmo pode ser cita-da com comunicao pessoal, de acordo com as regras da ABNT.

    5 ou 6 S Pronto para cursar disciplinas sobre mtodos de pesquisa; 7 ou 8 S Provavelmente, um bom mestrando; 9 ou 10 S Com certeza, um bom doutorando.

    Figura 1 Quadro de referncias das aptides para o estudo das cincias pela prtica da Metodologia Cientfica.

  • 17

  • 17

    1 A CINCIA

    1.1 Do Medo Cincia

    A evoluo humana marcada pela evoluo da inteligncia da espcie. Tal caracterstica marcante conhece trs fases mais ou menos consecutivas, diferenciadas pela atitude do homem frente natureza: a fase do medo, a do misticismo e a da cincia.

    Os seres humanos primitivos no conseguiam entender os fen-menos naturais. Por este motivo, suas reaes atinham-se ao medo, por absoluta impotncia diante do incompreensvel, como as tempes-tades, os raios, as variaes de temperatura. Sem dominar tcnicas re-levantes para domar a natureza e os perigos desta, este homem era refm do aleatrio.

    Num segundo momento, o homem passa a tentar explicaes para os fenmenos a partir de pensamentos abstratos e associativos, elaborando a magia, as crenas e as supersties. As tempestades po-diam ser fruto de uma ira divina; a boa colheita, da benevolncia dos mitos. As desgraas ou as fortunas eram explicadas atravs da troca do humano com o mgico. Embora tais ideias no resultem em aplicaes prticas imediatas, elas representam uma evoluo na trajetria da in-teligncia humana, importante, pois o ganho da metfora (associao simblica de situaes) est na gnese do pensamento especulativo, fundamental para a etapa evolutiva seguinte.

    A tcnica, a tecnologia, ou seja, a capacidade de aprender a tra-balhar com bens naturais, transformando-os em bens manufaturados e teis, da em outros bens e servios elaborados, em degraus de com-plexidade crescente, no exclusividade humana. Certas espcies de macacos e outros animais tambm so capazes de aprender tcnicas, fabricando bens teis, e pass-las a seu grupo social. Porm, ape-nas o homem, atravs da cincia metdica, evoluo do pensamento

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    mgico, metafrico, para a especulao sistemtica, capaz de pro-duzir tecnologia avanada, aquela que o faz passar de vtima do meio natural a senhor quase onipotente deste. Do medo magia, metfo-ra, lgica, cincia. Eis o caminho do animal com maior capacidade de pensamento abstrato, ou, para quem prefira algo compatvel com certas teologias, do ser vivo de todos diferenciado, justamente pela in-teligncia sem par.

    O desenvolvimento do conhecimento humano tambm est in-trinsecamente ligado caracterstica gregria (comunitria). Assim, o saber de um indivduo transmitido a outro, que, por sua vez, passa este saber a um terceiro. Deste modo evolui a cincia. Mas...

    O que Cincia?

    Acumulao de conhecimentos sistemticos. Caracteriza-se pelo conhecimento racional, sistemtico, exato e veri-

    ficvel.

    Forma sistematicamente organizada de pensamento objetivo.

    Segundo alguns autores: A cincia o conjunto de conhecimentos racionais, certos ou provveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificveis, que fazem refern-cia a objetos da mesma natureza (ANDER-EGG, 1973).

    Atividade pela qual os homens adquirem um conhecimento ordenado dos fenmenos naturais, trabalhando com uma metodologia particular (obser-vao controlada e anlise) e com um conjunto de atitudes (ceticismo, ob-jetividade, etc.) (MARX & HILLIX, 1963).

    Um cientista, seja terico ou experimental, formula enunciados ou siste-mas de enunciados e verifica-os um a um. No campo das cincias empri-cas (...) ele formula hipteses ou sistemas de teorias e submete-os a teste, confrontando-os com a experincia, atravs de recursos de observao e experimentao (POPPER, 1959).

    Concebe-se fazer o fazer cincia como produzir conhecimentos no sentido de chegar a novas descobertas. Para tanto necessrio observar, realizar experincias, construir instrumentos, descobrir leis, estabelecer previses, procurar explicaes, elaborar teorias, conceitos, submeter hipteses a testes, escrever e publicar resultados e tentar, finalmente, que a tecnologia aplique suas descobertas (DOLIVEIRA, 1984).

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    E voc, como conceituaria a cincia? Exercite e crie seu conceito. No se esquea de colocar aspas e, ao finalizar o pargrafo, seu sobre-nome e o ano dentro de parnteses, fazendo parte deste quadro de au-tores, colocando-se como fonte. Assim comeamos o nosso exerccio de citao, que mais tarde conceituaremos. Vamos l!

    1.2 A evoluo da Cincia

    Entre todos os animais, ns, os seres humanos, somos os mais capazes de criar e transformar o conhecimento; somos os mais capa-zes de aplicar o que aprendemos, por diversos meios, numa situao de mudana do conhecimento. Somos os mais capazes de criar um sistema de smbolos, como a linguagem, e com eles registrar nossas prprias experincias e pass-las para outros seres humanos. Essas ca-ractersticas diferenciam-nos dos patos, dos macacos e dos lees.

    Ao criarmos este sistema de smbolos, ao longo da evoluo da es-pcie humana, permitimo-nos tambm ordenar melhor o pensamen-to, por consequncia, catalogar e prever os fenmenos que nos cercam.

    Os egpcios tinham desenvolvido um saber tcnico evoludo, prin-cipalmente nas reas de matemtica, geometria e medicina, mas os gregos foram provavelmente os primeiros a buscar o saber que no tivesse, necessariamente, uma relao com a utilizao prtica. A pre-ocupao dos precursores da filosofia (filo = amigo + sofia (sphos) = saber - amigo do saber) era buscar conhecer o porqu e para que de tudo o que se pudesse pensar.

    O conhecimento histrico dos seres humanos sempre teve uma forte influncia de crenas e dogmas religiosos. Na Idade Mdia, a Igreja Catlica serviu de marco referencial para praticamente todas as

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    ideias discutidas, na Europa, na poca1. Exceto pelo clero, a populao no participava do saber, j que os documentos para consulta estavam presos nos mosteiros das ordens religiosas.

    No perodo do Renascimento, aproximadamente entre o final do sculo XIII e meados do sculo XVII, os seres humanos retomaram o prazer de pensar e produzir o conhecimento atravs das ideias. Neste perodo, as artes, de uma forma geral, tomaram um impulso significa-tivo. Michelangelo Buonarroti esculpiu a Esttua de David e pintou o teto da Capela Sistina, na Itlia; Thomas Morus escreveu A Utopia2; Tommaso Campanella escreveu A Cidade do Sol; de Francis Bacon a autoria de A Nova Atlntica; de Voltaire, no perodo posterior, deno-minado Iluminismo, Micrmegas, caracterizando um pensamento no descritivo da realidade, mas criador de uma realidade ideal, do dever ser.

    Nos sculos XVII e XVIII, a burguesia assumiu uma caracters-tica prpria de pensamento, tendendo para um processo que tivesse imediata utilizao prtica. Com isso surgiu o Iluminismo, corrente filosfica que props a luz da razo sobre as trevas dos dogmas reli-giosos. O pensador Ren Descartes mostrou ser a razo a essncia dos seres humanos, criando a clebre frase penso, logo existo. No aspec-to poltico, o movimento Iluminista expressou-se pela reivindicao de escolha direta dos governantes atravs da vontade popular, na frmula igualitria um homem, um voto. Neste perodo, a partir de 1789, ocor-reu a Revoluo Francesa, responsvel pela implantao da frmula.

    O Mtodo Cientfico surgiu como uma tentativa de organizar o pensamento para se chegar ao meio mais adequado de conhecer e con-trolar a natureza. J no fim do perodo do Renascimento, Francis Bacon pregava o mtodo indutivo como meio de se produzir o conhecimen-to. Este mtodo entendia o conhecimento como resultado de experi-mentaes contnuas e do aprofundamento do conhecimento emp-rico. Por outro lado, atravs de seu Discurso sobre o mtodo, Ren

    1 Leia o livro: O Nome da Rosa, de Umberto Eco, ou veja o filme originado do livro.2 Utopia um termo que deriva do grego, onde u = no + topos = lugar - em nenhum

    lugar.

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    Descartes defendeu o mtodo dedutivo como aquele que possibilitaria a aquisio do conhecimento atravs da elaborao lgica de hipteses e da busca de sua confirmao ou negao. A Igreja e o pensamento mgico cederam lugar a um processo denominado, por alguns histo-riadores, de laicizao da sociedade. Se a Igreja trazia at o fim da Idade Mdia a hegemonia dos estudos e da explicao dos fenmenos relacionados vida, a partir do Renascimento e do Iluminismo, a cin-cia tomou a frente deste processo.

    No sculo XIX, a cincia passou a ter maior ateno, crescendo muito em nmero de adeptos e pesquisadores. Parecia que tudo s tinha explicao atravs da cincia. Como se o que no fosse cientfico no correspondesse verdade. Se Nicolau Coprnico, Galileu Galilei, Giordano Bruno, entre outros, foram perseguidos pela Igreja em funo de suas ideias sobre as coisas do mundo, o sculo XIX serviu como re-ferncia de desenvolvimento do conhecimento cientfico em todas as reas: na sociologia, Augusto Comte desenvolveu sua explicao de so-ciedade, criando o Positivismo, vindo logo aps outros pensadores; na Economia, Karl Marx procurou explicar as relaes sociais atravs das questes econmicas, resultando no Materialismo Dialtico; Charles Darwin revolucionou a Antropologia e feriu os dogmas sacralizados pela religio com a Teoria da Hereditariedade das Espcies, ou Te-oria da Evoluo. A cincia passou a assumir uma posio quase religiosa diante das explicaes dos fenmenos sociais, biolgicos, antropolgicos, fsicos e naturais.

    Conhecemos a gnese da Cincia. Mas como o conhecimento tem sido conceituado e como podemos compreend-lo? Encontrem a resposta. Os caminhos? Leiam, pesquisem, identifiquem, experimen-tem, comparem, avaliem, internalizem e usem o conhecimento. Boa investigao!

    O que conhecimento?

    Palavras de tericos:

    Conhecimento a crena verdadeira justificada.

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    Partimos do conceito de Plato. Sobre este, outros dados e informaes

    podemos acrescentar, classificando-o sobre ticas diferenciadas.

    Conhecimentoespontneo - ametdico e assistemtico, nascendo

    da tentativa do homem de resolver os problemas de sua vida diria.

    subjetivo, pois depende de juzos pessoais a respeito das coisas, ocor-

    rendo o envolvimento das emoes e dos valores de quem observa.

    ainda um conhecimento particular, restrito a uma pequena amostra

    da realidade.

    Conhecimentocientfico uma conquista recente da humanidade,

    surgido apenas no sculo XVII. metdico e sistemtico, voltado para

    a resoluo de problemas inerentes a toda a humanidade. objetivo,

    no dependendo dos pensamentos e desejos de nenhuma pessoa em

    particular, pois o conhecimento cientfico pode ser replicado por qual-

    quer um que utilize o mesmo mtodo e trabalhe com a realidade da

    mesma maneira. um conhecimento geral, na medida em que busca

    estabelecer as regularidades dos fenmenos e no as suas particula-

    ridades. Busca leis gerais.

    Mais uma vez, convidamos voc para conceituar, exercitando a escrita e a sistematizao do pensamento. O que conhecimento? No se esquea das orientaes anteriores sobre como fazer sua citao.

    1.3 A neutralidade cientfica A Cincia, atravs da evoluo de seus conceitos, est dividida por

    reas do conhecimento. Assim, hoje temos conhecimento nas reas das

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    Cincias Humanas, Sociais, Biolgicas, Exatas, entre outras. Mesmo estas divises tm outras subdivises cuja definio varia segundo con-ceitos de muitos autores. As Cincias Sociais, por exemplo, podem ser divididas em Direito, Histria, Sociologia, entre outras.

    Em meio a esta pluralidade cientfica, muitas vezes o pesquisador se depara com temticas prximas a sua realidade profissional, ou re-alidade vivenciada em seu contexto social, pondo em xeque a neutra-lidade cientfica. preciso manter-se eticamente neutro de opinies pessoais, neutro de achismos, isento de palpites.

    sabido que para se fazer uma anlise desapaixonada de qualquer tema necessrio que o pesquisador mantenha certa distncia emo-cional do assunto abordado. Mas ser isso possvel? Seria possvel um padre, ao analisar a evoluo histrica da Igreja, manter-se afastado de sua prpria histria de vida? Ou, ao contrrio, um pesquisador ateu abordar um tema religioso sem um consequente envolvimento ideol-gico nos caminhos de sua pesquisa?

    Provavelmente a resposta seria no. Mas, ao mesmo tempo, a conscincia desta realidade pode nos preparar para trabalhar esta vari-vel de forma que os resultados da pesquisa no sofram interferncias alm das esperadas. preciso que o pesquisador tenha conscincia da possibilidade de interferncia de sua formao moral, religiosa, cultu-ral e de sua carga de valores para que os resultados da pesquisa no sejam influenciados por eles alm do aceitvel.

    1.4 O esprito cientfico

    O esprito cientfico , antes de mais nada, uma atitude ou dispo-sio subjetiva do pesquisador que busca solues srias, com mtodos adequados, para o problema que enfrenta. Esta atitude no inata nas pessoas, devendo ser aprendida. O esprito cientfico se traduz por uma mente crtica, objetiva e racional.

    Criticar julgar, discernir, distinguir, analisar melhor para poder avaliar os elementos componentes da questo. O crtico s admite o que suscetvel prova.

    A conscincia objetiva, por sua vez, implica no rompimento corajoso

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    com as posies subjetivas, pessoais e mal fundamentadas do conheci-mento vulgar.

    A objetividade torna o trabalho cientfico impessoal, a ponto de desaparecer, por completo, a pessoa do pesquisador. S interessa o pro-blema e a soluo. Qualquer um pode repetir a mesma experincia, em qualquer tempo, e o resultado ser sempre o mesmo.

    2 A PESQUISA

    2.1 Conceitos e significados

    Pesquisa o mesmo que busca ou procura. Pesquisar, portanto, buscar ou procurar resposta para alguma coisa. Em se tratando de Cincia, a pesquisa a busca de soluo a um problema que algum queira saber a resposta. No se deve dizer que se faz cincia, mas que se produz cincia atravs de uma pesquisa. Pesquisa , portanto o ca-minho para se chegar cincia, ao conhecimento. Mas como alguns autores tm definido pesquisa? E voc?!

    O que pesquisa?

    Segundo alguns autores:

    Pesquisar significa, de forma bem simples, procurar respostas para indaga-es propostas. (SILVA e MENEZES, 2001)

    Pesquisa cientfica a realizao concreta de uma investigao planejada, desenvolvida e redigida de acordo com as normas da metodologia consagra-das pela cincia. (RUIZ, 1991)

    A pesquisa uma atividade voltada para a soluodeproblemas, atravs do emprego de processos cientficos. (GIL apud SILVA e MENEZES, 2001)

    Pesquisa cientfica um conjunto de procedimentos sistemticos, baseados no raciocnio lgico, que tem por objetivo encontrar soluesparaospro-blemas propostos mediante o emprego de mtodos cientficos. (ANDRADE, 2001)

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    uma atitude e uma prtica terica de constante busca que define um pro-cesso intrinsecamente inacabado e permanente. uma atividade de aproxi-mao sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combina-o particular entre teoria e dados. (MINAYO, 1993)

    uma atitude, um questionamento sistemtico, crtico e criativo, mais a in-terveno competente na realidade, ou o dilogo crtico permanente com a realidade em sentido terico e prtico. (DEMO, 1996)

    Pesquisa um conjunto de aes propostas para encontrar a soluo para um problema que tem por base procedimentos racionais e sistemticos. (SANTOS, 2001)

    A pesquisa cientfica concebida como um processo, termo que significa dinmico, mutante e evolutivo. Um processo composto por mltiplas etapas relacionadas entre si, que acontece ou no de maneira sequencial ou cont-nua. Pesquisa um processo composto por diferentes etapas interligadas. (SAMPIERI, COLADO e LUCIO, 2006)

    Agora sua vez. Conceitue pesquisa.

    2.2 Tipos de Pesquisa

    A importncia de conhecer os tipos de pesquisas existentes est na necessidade de definio dos instrumentos e procedimentos que um pesquisador precisa utilizar no planejamento da sua investigao. O tipo de pesquisa categoriza a pesquisa na sua forma metodolgica de estratgias investigativas. Mas preciso que o pesquisador saiba usar os instrumentos adequados para encontrar respostas ao problema que ele tenha levantado.

    na pesquisa que utilizaremos diferentes instrumentos para che-garmos a uma resposta mais precisa. O instrumento ideal dever ser estipulado pelo pesquisador para se atingir os resultados ideais. Um

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    exemplo prtico do cotidiano : ao se cavar um buraco na areia da praia, preciso utilizar uma p. Para fazer um buraco no cimento, preciso utilizar uma picareta. Nestes casos utilizam-se ferramentas ideais, apropriadas, que daro melhores resultados em relao ao objetivo estimado. Nisso reside a importncia de definir o tipo de pesquisa, escolhendo, em de-corrncia, os instrumentos ideais ao desempenho timo.

    Existem vrias formas de classificar as pesquisas, a depender da natureza, da abordagem (assunto), do propsito (objetivo) e dos proce-dimentos efetivados para alcanar os dados (meio). As formas clssicas de pesquisa esto elencadas a seguir:

    Do ponto de vista da natureza das pesquisas, estas podem ser:

    Pesquisa Bsica: objetiva gerar conhecimentos novos teis para o avano da cincia sem aplicao prtica prevista. En-volve verdades e interesses universais.

    Pesquisa Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para apli-cao prtica, dirigida soluo de problemas especficos. En-volve verdades e interesses locais.

    Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, podem ser:

    Pesquisa Qualitativa: considera que h uma relao dinmica entre o mundo real e o sujeito, isto , um vnculo indissocivel entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que no pode ser traduzido em nmeros. A interpretao dos fenme-nos e a atribuio de significados so bsicas no processo de pesquisa qualitativa. No requer o uso de mtodos e tcnicas estatsticas. O ambiente natural a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador o instrumento-chave. descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado so os focos principais de abordagem.

    Pesquisa Quantitativa: considera o que pode ser quanti-ficvel, o que significa traduzir em nmeros opinies e

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    informaes para classific-las e analis-las. Requer o uso de recursos e de tcnicas estatsticas (percentagem, mdia, moda, mediana, desvio-padro, coeficiente de correlao, anlise de regresso).

    Pesquisa QuantitativaX

    Pesquisa Qualitativa

    Segundo Martins & Bicudo (1989), a Ideia de Fato e Fenmeno resume-se a descrever:

    a) a Pesquisa Quantitativa lida com fatos (tudo aquilo que pode se tornar objetivo atravs da observao sistemtica; evento bem especificado, delimitado e mensurvel);

    b) a Pesquisa Qualitativa lida com fenmenos ( [do grego phai-nomenon: aquilo que se mostra, que se manifesta] evento cujo sentido existe apenas num mbito particular e subjetivo).

    A questo Pesquisa Fenomnica x Factual tambm assim exposta:

    Factual: prev a mensurao de variveis pr-determinadas, buscando verificar e explicar sua existncia ou influncia sobre outras variveis. Busca uma regra, um princpio que reflita a uniformidade daquilo que estudado. Centraliza sua busca em informaes matematizveis. No se preocupa com exce-es, mas sim com generalizaes.

    Fenomnica: prev a coleta de dados a partir de interaes sociais e sua anlise a partir da hermenutica do pesquisador. No possui condies de generalizao e est fortemente as-sociada ao conhecimento filosfico.

    Do ponto de vista de seus objetivos, conforme aponta Gil (1991), podem ser:

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    Pesquisa Exploratria: objetiva a maior familiaridade com o problema, tornando-o explcito, ou construo de hipteses. Envolve levantamento bibliogrfico; entrevistas com pessoas que tiveram experincias prticas com o problema pesquisa-do; anlise de exemplos que estimulem a compreenso. Assu-me, em geral, as formas de Pesquisas Bibliogrficas e Estudos de Caso.

    Pesquisa Descritiva: visa descrever as caractersticas de de-terminada populao ou fenmeno, ou o estabelecimento de relaes entre variveis. Envolve o uso de tcnicas padroniza-das de coleta de dados: questionrio e observao sistemtica. Assume, em geral, a forma de Levantamento.

    Pesquisa Explicativa: visa identificar os fatores que determi-nam ou contribuem para a ocorrncia dos fenmenos. Apro-funda o conhecimento da realidade porque explica a razo, o porqu das coisas. Quando realizada nas cincias naturais requer o uso do mtodo experimental, e nas cincias sociais requer o uso do mtodo observacional. Assume, em geral, as formas de Pesquisa Experimental e Pesquisa Ex post facto.

    Do ponto de vista dos procedimentos tcnicos (Gil, 1991), podem ser:

    Pesquisa Bibliogrfica: quando elaborada a partir de mate-rial j publicado, constitudo principalmente de livros, arti-gos de peridicos e, atualmente, material disponibilizado na Internet.

    Pesquisa Documental: quando elaborada a partir de mate-riais que no receberam tratamento analtico.

    Pesquisa Experimental: quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variveis que seriam capazes de in-fluenci-lo, definem-se as formas de controle e de observao dos efeitos que a varivel produz no objeto.

    Levantamento: quando a pesquisa envolve a interrogao di-reta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.

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    Estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exausti-vo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.

    Pesquisa Ex post facto: quando o experimento se realiza de-pois dos fatos.

    Pesquisa-Ao: quando concebida e realizada em estreita as-sociao com uma ao ou com a resoluo de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da situao ou do problema esto envolvidos de modo coopera-tivo ou participativo.

    Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da in-terao entre pesquisadores e membros das situaes inves-tigadas.

    2.3 Fases e etapas da pesquisa

    O planejamento e a execuo de uma pesquisa so parte de um processo sistematizado que compreende, em sntese, trs fases de de-senvolvimento: decisria, construtiva e redacional, que acabam por requerer procedimentos que acontecem em quatro etapas da pesqui-sa: escolha do tema e elaborao do projeto de pesquisa o assunto, a justificativa, formulao do problema, determinao de objetivos, metodologia; coleta de material reviso de literatura (leituras, ficha-mento de citaes, resumos); coleta de dados, seleo e organizao do material coletado tabulao de dados, anlise e discusso dos resul-tados, concluso da anlise; e redao final e divulgao formatao (normas ABNT), apresentao.

    Escolha do tema e elaborao do projeto da pesquisa - es-colher um tema uma tarefa que exige sempre um estudo exploratrio muito srio, pois dela depende, em grande parte, o sucesso do trabalho (DONOFRIO, 1999, p. 42).

    H que se considerar, em relao escolha do tema, duas situaes:

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    aquela em que o tema proposto pelo professor, como geralmen-te acontece nos trabalhos acadmicos, e aquela em que o pesqui-sador o escolhe livremente (seja para uma dissertao, que tem como objeti vo servir como instrumento de avaliao de alguma disciplina, tese ou outro tipo de pesquisa). Deve-se considerar tambm que, mesmo que o tema seja proposto pelo professor, os detalhes de sua abordagem so de responsabilidade do pesqui-sador, o que vai exigir tambm um estudo exploratrio para que este possa decidir qual caminho seguir entre os tantos possveis. Escolhido o tema, passa-se elaborao de um projeto ou outra produo cientfica.

    Coleta de Material/Informaes - Nesta fase, buscam-se os instrumentos necessrios para a consecuo da pesquisa. De-pendendo da natureza do trabalho, varia o tipo de material a ser procurado e estudado. As fontes principais, na maioria das vezes, so as bibliogrficas: livros, revistas especializadas, jor-nais, internet, outros trabalhos acadmicos, entre outros. No levantamento bibliogrfico deve-se atentar, na leitura, para questes consideradas im portantes para o desenvolvimento da pesquisa.

    Se for algum material de propriedade do pesqui sador, ele pode sublinhar e fazer observaes ou outros tipos de destaque no pr-prio material. Para facilitar o trabalho e para as informaes no se perderem, esses destaques devem ser passados depois para fi-chas. Se o material no pertencer ao pesquisador, ele deve se valer apenas do fichamento. Isso no quer dizer apenas utilizar aquelas fichas padroni zadas que se encontram nas livrarias. Pode-se tam-bm utilizar papel comum. E, claro, cada vez mais, esses dados vm sendo armazenados em arquivos eletrnicos e magnticos. Seja qual for o meio utilizado, o importante conter todas as in-formaes necessrias.

    As fichas podem ser de diversos tipos. A ficha bibliogrfica aque-la em que se anotam as referncias bibliogrficas do material uti-lizado. Se for material emprestado, inte ressante anotar quem

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    emprestou; se for retirado de biblioteca, de qual foi e o nmero de registro. Pode ser feita tambm uma ficha de citao, em que se transcrevem trechos do material consultado, anotando-se a p-gina em que se encontram na obra. Pode-se ainda fazer ficha de resumo, da obra inteira ou de trechos dela. Pode-se igualmente fazer ficha de esquema, onde se pode abordar a obra inteira ou trechos atravs da elaborao de esquemas. Dependendo do tipo de pesquisa, nesta etapa que so elaborados e aplicados outros instrumentos de coleta de dados, como questionrios, protocolos verbais, entrevistas. Os questionrios podem ser abertos (questes dissertativas), fechados (questes objetivas) ou mistos (os dois ti-pos de questes no mesmo instrumento). Os protocolos verbais podem ser gravaes, utilizando equipamentos tecnolgicos. As entrevistas podem ser diretas ou indiretas.

    Seleo e organizao do material coletado - coletado o ma-terial, preciso analis-lo, selecion-lo e dividi-lo em tpicos, que constituiro as partes do trabalho. Feito isso, e aps muita reflexo, pode-se organizar o plano definitivo do trabalho.

    Redao final e divulgao - Na redao final, o pesquisa-dor deve levar em conta, alm do tipo de linguagem utilizado, questes relativas formatao, ao modo de apresentao de trabalhos cientficos.

    Quanto divulgao dos trabalhos, isso pode variar de acordo com seus propsitos. Aqueles desenvolvidos como instrumento de avaliao para alguma disciplina acadmica costumam restrin-gir-se ao espao de sala de aula. Trabalhos de concluso de curso, dissertaes e teses, alm da defesa pblica, passam a compor o acervo pelo menos da biblioteca da instituio em que foram de-senvolvidos. H trabalhos elaborados com a finalidade expressa de serem publicados, como os artigos, mas nada impede que ou-tros tipos de trabalho, dependendo do interesse que despertarem, tambm o sejam. Essa publicao pode ser feita como trabalho sintetizado, em revistas especializadas, ou na ntegra, em livros, s vezes com algumas adaptaes.

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    Contudo, muitos autores dividem o trabalho em etapas mais es-pecficas, contidas nos quatro procedimentos acima referenciados. Es-tas so assim definidas: 1) escolha do tema; 2) reviso de literatura; 3) justificativa; 4) formulao do problema; 5) determinao de objetivos; 6) metodologia; 7) coleta de dados; 8) tabulao de dados; 9) anlise e discusso dos resultados; 10) concluso da anlise dos resultados; 11) redao e apresentao.

    Ento, ao consultar fundamentos e orientaes sobre o processo da pesquisa cientfica, deparamos com especificaes terminolgicas que podem diferenciar as fases e etapas de elaborao do plano de uma pesquisa, mas que em sua essncia so equivalentes no processo.

    3 A CINCIA E O PESQUISADOR: atitudes dos cientistas

    Vamos pensar um pouco?

    A realizao de um trabalho cientfico resulta de dedicao pes-quisa para obter respostas, qualquer que seja a finalidade ou uso pr-tico, terico ou futuro destas. Esta pesquisa se dar todo o tempo antes, durante e depois do planejamento. Muitas vezes, a pesquisa interrompida para novos direcionamentos, novo planejamento e nova ao.

    no conhecimento cientfico que o homem descansa sua busca por verdades. nele ou por ele que alcana respostas, tem suas intui-es e experimentaes comprovadas. O conhecimento cientfico aquele que tem natureza formal e obtm na experincia o seu conte-do.

    Kant (1998, p.20) descreve a relao necessria do terico com o prtico para o conhecimento cientfico quando afirma: os conceitos sem as intuies so vazios, e as intuies sem os conceitos so ce-gas. Esta afirmao refora a ideia de que o racionalismo (razo) e o empirismo (intuitivo e experimental) juntos, passveis de leis, teorias e sistemas, formam o conhecimento cientfico.

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    Desta forma, so atitudes a desenvolver por pesquisadores para o alcance do conhecimento cientfico, para o encontro de verdades: o empirismo, o determinismo probabilstico, a parcimnia e a manipu-lao cientfica.

    I - Empirismo: A atitude emprica aquela que afirma a necessi-dade de observar os fenmenos antes de chegarmos a qualquer concluso sobre eles.

    II - Determinismo Probabilstico: O universo um lugar onde os fenmenos ocorrem em determinada ordem, obedecendo a um processo de causalidade. Nada acontece sem a presena de causas e condies anteriores.

    III - Parcimnia: Em se tratando de especulaes ou hipteses, o cientista frugal e avaro: nunca prope uma explicao complexa ou abstrata a menos que explicaes mais simples tenham sido demonstradas como falsas ou inadequadas.

    IV - Manipulao Cientfica: O cientista no deve supor relaes inexistentes ou imaginrias entre os fenmenos. Quando em d-vida, deve manipular a ocorrncia de um evento enquanto obser-va o que acontece ao segundo.

    As atitudes dos cientistas tambm lhe so definidas a partir de pro-cedimentos prprios do trabalho cientfico. Estes acontecem sistema-ticamente de acordo com cada fase de desenvolvimento e etapas da pesquisa.

    4 PRODUES CIENTFICAS E COMUNICAOo produto final das pesquisas

    Toda pesquisa acadmica intenta uma produo cientfica, isto , toda pesquisa precisa ser registrada e divulgada. Este registro pode se valer de formatos variados, a comear pela escrita. A divulgao acon-

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    tece de uma forma, escrita, ou duas, escrita e oral, seguida ou no de publicaes em literaturas ou peridicos do mundo acadmico. Aqui vale ressaltar que estas produes para divulgao nos portais cien-tficos precisam ser validadas, reconhecidas e aprovadas por uma insti-tuio, ou seja, o pesquisador, autor do trabalho cientfico, precisa estar associado a uma unidade/pessoa jurdica a sua universidade/faculda-de, organizao para a qual presta servios, alm de ter orientao de um professor, com formao superior a sua, que seja da rea ou linha de pesquisa adotada e possua a formao adequada para desenvolver o trabalho.

    O trabalho, aps estes trmites e at a sua publicao, j conhe-cido de muitos; houve todo um processo de leitura, anlise e reescrita. Desta maneira, o estilo do texto, os dados, as referncias, os conheci-mentos oriundos da prtica da pesquisa esto explcitos e implcitos na obra cientfica. por isso que os plgios so reconhecidos, identifica-dos e para quem os faz provocam o efeito contrrio, tornando inconfi-vel tudo que este autor venha a produzir. De resto, plagiar crime na maioria das legislaes nacionais.

    As pesquisas originam produes cientficas diversas. Os princi-pais textos cientficos produzidos no ambiente acadmico so as pro-dues realizadas no cotidiano dos processos de estudos dos alunos em suas universidades/faculdades e os chamados TCC Trabalho de Concluso de Curso.

    Por serem conduzidas por uma pluralidade de motivos e necessi-dades, as pesquisas podem ser apresentadas em uma gama de formatos de produes cientficas. Na Figura 2, a seguir, possvel observar al-guns dos principais tipos de produes cientficas, que variam de acor-do com o objetivo que se estimou, a finalidade proposta para as respos-tas da investigao e os resultados da pesquisa.

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    Prof Valria Almeida [email protected] empresarial e do Ensino Superior

    Figura 2 - Principais textos cientficos produzidos no ambiente acadmico.Fonte: Almeida (2004)

    Existem ainda obras que se caracterizam como produtos da co-xistem ainda obras que se caracterizam como produtos da co-municao oral. Exemplos destas so: seminrios, palestras, confern-eminrios, palestras, confern-cias, comunicao em congressos. Cada um dos tipos de comunicao oral, no ambiente acadmico, se vale das produes que se caracteri-zam como comunicao escrita.

    Os tipos de textos cientficos so apresentados aos alunos, de ma-neira mais enftica, no Ensino Superior. O projeto principia toda pes-quisa cientfica, seja qual for a finalidade de produo textual. Assim, toda pesquisa e trabalho que segue uma sistematizao, com certo ri-gor cientfico, realizado no curso superior, produo cientfica. Da a importncia de valorizar e dedicar-se ao mximo a cada etapa, cada exerccio de seu estudo.

    Algumas dicas so de grande valia tanto para a produo escrita do trabalho cientfico quanto para a produo oral. Outras dicas so ainda mais importantes para o planejamento. Nesse sentido, cuidados, atenes, disciplina, dedicao, rigor cientfico, inovao, conhecimen-tos, especficos ou no, so imprescindveis ao bom resultado e aos be-nefcios da obra na sua totalidade.

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    4.1 O caminho das pedras para a produo de textos cientficos

    Produzir cientificamente requer seguir orientaes. Observ-las, guiar-se por algumas normatividades peculiares, muitas vezes no en-contradas em manuais de produo do trabalho cientfico, salutar.

    Dentre algumas referncias metodolgicas de regras e normas textuais para a produo escrita, podemos citar alguns desafios, pedri-nhas, para a realizao de um trabalho com o rigor das leis cientficas:

    Sigaemfrente

    1 - Seguir as regras gramaticais, guardando fidelidade linguagem oficial.

    2 - Verificar a terminologia aplicada ao tema.

    3 - Evitar termos repetitivos enriquece o contedo e evita que o artigo se torne enfadonho, mas um fator que no deve se sobrepor ao que prio-ritrio: a simplicidade e o objetivo.4 - Ter em fcil acesso todo o material necessrio para a elaborao do artigo, evitando interrupes que tiram a concentrao. 5 - Elaborar rascunhos e fazer revises antes da publicao. 6 - Ser fiel s origens (fontes) das citaes garante a sustentao da idoneidade.7 - Ter imparcialidade quando o tema sugerido (principalmente de nature-za polmica) implicar na anlise ou constatao de diferenas culturais e sociais. 8 - Ser autntico, pois as ideias dizem muito sobre o autor do trabalho. 9 - Utilizar perodos curtos e objetivos.10 - Evitar expresses temporais inteis ou imprecisas, tais como atual-mente, ano passado. Para atualmente basta usar os verbos no tempo presente. Para ano passado utilizar em ...(ano, sculo ou perodo histri-co), pois o trabalho poder ser lido no futuro.

    Siga o caminho e desvie-se de...

    1 - Frases longas (repletas de vrgulas ou no). 2 - Erros ortogrficos.

    3 - Traduo literal e embromao. 4 - Imagens/tabelas ilegveis.

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    5 - Erros gramaticais (paralelismo, concordncia, conjugao, crase).6 - Cpia literal. 7 - Blablabla (encher linguia).

    Sigaocaminhodeseudestino...

    AlunodeGraduao-Pelo menos uma publicao nacional relacionada com seu trabalho de diplomao. Se voc for bolsista de Iniciao Cien-tfica, ser esperada uma ou mais publicaes sobre seu trabalho de pes-quisa.AlunodeMestrado-Se voc for bolsista CAPES/CNPq ou outro, espera-se que termine o mestrado com algumas publicaes qualificadas, sendo pelo menos uma delas internacional, como resultado de sua dissertao. Se for aluno em tempo parcial, sua dissertao deve gerar pelo menos uma publicao nacional.AlunodeDoutorado-Neste caso, os critrios devem ser mais rigorosos. No doutorado espera-se que o aluno adquira capacidade de elaborar um trabalho independente e criativo. Esta capacidade deve ser demonstrada pela criao de novo conhecimento, validado por publicaes em bons ve-culos cientficos ou pela obteno de patentes.

    Esperam-se alguns artigos em bons workshops e congressos internacio-nais e um artigo em revista qualificada sobre o resultado da tese.

    Quanto ao planejamento da pesquisa, preciso caminhar sem-pre acompanhado de um tutor ou do orientador, que co-autor do trabalho cientfico realizado por seu orientando. Nesse sentido, dicas so sempre bem-vindas. Procure ao mximo dialogar com seu orien-tador, pois esta relao precisa ser de companheirismo e construo conjunta, cada um em seu papel, que est implcito na denominao das funes: orientador, aquele que orienta, sugere, revisa o trabalho com o olhar de leitor e conhecedor do objeto a ser estudado; autor da pesquisa, aquele que traa as hipteses, pensa e formata o problema, investiga, levanta e sistematiza dados, encontra respostas ou no, pro-duz seu trabalho cientfico segundo o mpeto prprio da descoberta, fundamentado em teoria e estudos j realizados, seguindo uma ordem metdica e cientfica, sob as orientaes recebidas.

    A nossa experincia indica que a simulao de algumas indaga-es e as possveis respostas so conselheiras, sinalizando o sucesso do processo da construo do trabalho cientfico.

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    E agora Jos? Orientando: orientado ou (des)orientado?

    Quais so seus recursos, seus conhecimentos e suas habilidades? Quais so os recursos, os conhecimentos e as habilidades de seu

    orientador? Como selecionar o orientador? O que mais importante para voc? Quais so os requisitos, compromissos e direitos do orientando? Quais so os requisitos, compromissos e direitos do orientador? Preencha o formulrio de aceitao ou desistncia do aluno. Conhea o formulrio de aceitao ou desistncia do orientador. Quais as questes ticas da pesquisa e do trabalho acadmico que

    precisam ser respeitadas? Existe um Comit de tica em Pesquisa na sua Faculdade, Universida-

    de? Conhea-o, reconhea-o. Como funciona este Comit? Como funciona a Comisso Nacional de tica e Pesquisa CONEP?

    Lembre-se: o orientador precisa estar prximo do orientando. A lingua-gem precisa ser prxima. O conhecimento precisa ser superior ao do orien-tando. A disponibilidade precisa ser elstica. A empatia precisa existir e falar mais forte na hora dos conflitos. Alis, conflitos no podem existir entre orien-tador e orientando.

    5 O PROJETO DE PESQUISA

    Projeto um termo que deriva do verbo projetar, delinear um plano, ou vrios planos; planejar; executar, incidir sobre algo. O Pro-jeto de Pesquisa consiste neste planejamento para uma determinada pesquisa. , portanto, um esquema de coletas, de mensurao e de anlise de dados. Serve como um instrumento ao cientista, auxiliando-o na distribuio de seus recursos. Auxilia no estabelecimento de uma abordagem mais focalizada sobre um determinado problema, cami-nhando da definio do problema s metas gerais e especficas da

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    pesquisa. Indica os procedimentos metodolgicos necessrios para a consecuo das metas propostas. Ele precede toda e qualquer produ-o cientfica final.

    O Projeto de Pesquisa trar elementos para responder a questes fundamentais. O que pesquisar? Por que e para que se deseja a pesqui-sa? Como pesquisar? Com quais recursos? Em que perodo?

    O ponto de partida para a elaborao e execuo de um projeto a definio do problema, que, para facilitar a identificao do horizonte de respostas, deve ser formulado como pergunta, ser claro, preciso e possvel de ser respondido. Desta forma, aconselhamos a construo do projeto aps a definio do problema da pesquisa, para que ento seja definido o tema. Depois, segue a formulao das hipteses, a de-finio dos objetivos, a justificativa, o fundamento terico do assunto (precedido de leituras primrias, realizadas ainda quando das definies do problema e do tema), a metodologia, o cronograma, o oramento do projeto, que so tpicos de elaborao de um projeto de pesquisa.

    Os temas podem surgir da observao do cotidiano, da vida pro-fissional, do contato e relacionamento com especialistas, do feedback de pesquisas j realizadas e do estudo de literatura especializada.

    Por fim, resta observar que a estrutura material e as etapas para a elaborao de um projeto de pesquisa, que devem ser seguidas para que se obtenha xito, so as mesmas para elaborao e ao de outros planos de trabalho cientfico: estudos preliminares; anteprojeto; proje-to final; montagem e execuo. Isto posto, vamos detalhar as etapas e conhecer as especificidades de cada uma delas.

    5.1 Estrutura material do trabalho cientfico

    Todo trabalho cientfico possui uma estrutura material que segue quase sempre um mesmo formato e atende s normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT. O formato que define a estru-tura do trabalho tambm deve atender s orientaes do manual de normas da Instituio Superior. Toda pesquisa tem seu registro escri-to organizado em trs divises: pr-texto, texto e ps-texto, conforme apresentado no quadro a seguir.

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    ESTRUTA MATERIAL DO TRABALHO CIENTFICO

    1 PR-TEXTO

    Capa Folha de rosto Dedicatria Agradecimentos Epgrafe Listas (figuras, abreviaturas) Resumo Sumrio

    2 TEXTO

    Introduo Contextualizao O problema Objetivos Justificativas

    Referencial Terico Captulos, ou partes...

    Metodologia rea de estudo Universo de estudo Objeto de estudo Populao e amostra

    Resultados (aps desenvolvi-mento do projeto e aplicao da pesquisa, que d origem a outra produo cientfica)

    3 PS-TEXTO

    Referncias Apndices (citados no cor-

    po do trabalho) Anexos (citados no corpo do

    trabalho)

    Existem variaes quanto ordem dos tpicos que fazem parte do Texto do trabalho cientfico, a depender da orientao da instituio ou do orientador. Por exemplo: a metodologia est inserida no tpico de Introduo, subdividida ou como parte dissertativa do texto introdutrio. preciso conferir com o orientador. Outra situao variante diz respei-to ao tpico Fundamentao Terica, que pode receber outra denominao: Marco Terico, Reviso de Literatura, Referencial Terico ou outros. Neste caso, necessria uma distino de contedo, pois quando o texto de-senvolvido neste tpico leva o ttulo Reviso de Literatura, o contedo deste texto, prioritariamente, deve abordar outros estudos j realizados sobre o assunto, ou seja, informaes e dados que so oriundos de outras investigaes, realizadas por outros pesquisadores. O recheio dissertati-vo aqui no corresponde teoria. Quando isso acontecer, o tpico deixa de ser meramente Reviso de Literatura e passa a apresentar um fun-damento desta ou daquela teoria.

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    Por exemplo, numa produo cientfica sobre economia de mer-cado, o objeto de estudo diz respeito ao problema do aumento do pre-o do po, que est representado por uma questo de investigao: quais os principais fatores que contriburam para o aumento do preo do po?

    As respostas a esta pergunta podem variar de estado para estado, localidade para localidade. Para representar a variedade de possibilida-des de respostas, o pesquisador valer-se- de outros estudos, apresen-tados em outras pesquisas, registrando uma Reviso de Literatura. Mas, ao utilizar uma das teorias da Economia que respalda a dinmica de preo no mercado (Teoria da Oferta e da Procura, teoria de preos, teoria de consumo, que revelam os principais e possveis motivos de escolha, ou a da restrio oramentria, entre outras), dever o pes-quisador titular este captulo como Referencial terico, Marco terico.

    Abaixo apresentamos uma sinopse dos tpicos e subtpicos que compe a parte denominada texto de um trabalho cientfico. Basea-mo-nos no modelo de projeto que elaborado antes da efetivao da pesquisa. No caso da pesquisa j realizada, os tpicos Cronograma e Oramento do lugar ao tpico Resultados. Veja as conceituaes dos tpicos apresentados como parte do que compe o texto e tire suas dvidas exercitando na atividade-desafio apresentada logo a seguir.

    SINOPSE PARA ELABORAO DE PRODUES CIENTFICAS

    1 INTRODUO (O que ?) - ao que se refere a pesquisa.

    1.1 Contextualizao (Onde?) - deve apresentar o assunto, demonstran-do que este faz parte do contexto vivenciado pelas pessoas.1.2 O problema (O que incomoda? O que pretende descobrir?) - deve ser dissertado, encerrando com uma ou algumas questes que busquem responder por que e para que da interveno.1.3 Justificativa (Por qu?) deve, com riqueza de detalhes, apresentar o motivo que impulsionou a realizao do Projeto e definir a importncia de tratar e intervir sobre o assunto abordado na pesquisa.1.4) Os objetivos (Para qu?) deve descrever aes que se pretende al-canar. Ficar atento aos verbos que devem ser utilizados para a elaborao dos objetivos gerais e para os objetivos especficos.

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    1.5) As hipteses (se... probabilidades) so respostas afirmativas ou negativas, que provavelmente sero respondidas aps os resultados da aplicao do projeto.

    2 REFERENCIAL TERICO (Quem j falou e pode comprovar a respei-to?) - refere-se ao estudo terico, abordagem dos autores ou rgos e instituies sobre o assunto. Para a escrita e entendimento (leitura), facilita a compreenso se for dividido em tpicos. Neste caso, divida em no mxi-mo dois tpicos.

    3 METODOLOGIA

    3.1 rea e universo de estudo (espao geogrfico, territorial... o todo) - Universo (local em que ser aplicado o trabalho de interveno, com identificao e caractersticas). 3.2 Fontes de coleta de dados.3.3 Populao e amostra, ou sujeitos da pesquisa (pessoas envolvi-das, entrevistados, investigados).3.4 Tipo e mtodos da pesquisa.

    3.5 Procedimentos e tcnicas da pesquisa (como fazer).3.6 Variveis (quais fatores podem levar a pesquisa para esse ou quele resultado? O que pode variar as hipteses da pesquisa)

    4 CRONOGRAMA

    5 ORAMENTO

    6 REFERNCIAS

    Agora sua vez. Pense numa situao-problema que respalde ne-cessidade de pesquisa. Pode ser a partir de uma manchete, um pro-blema do seu cotidiano profissional ou pessoal; ou a partir de uma curiosidade, algo que voc possa identificar um questionamento, uma indagao. Feito isso, comece a preencher a sinopse a seguir, pesquise e pense em que tipo de produo cientfica pode a pesquisa ser transfor-mada. Consulte o modelo de sinopse que apresentamos anteriormen-te. Verifique as conceituaes do modelo e siga passo a passo no seu exerccio. Sucesso!

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    SINOPSE PARA ELABORAO DE PRODUES CIENTFICAS

    Tema (para subsidiar na delimitao do ttulo)

    Ttulo (deve ao mximo explicar o que contm o Projeto e ir subsidiar a Introduo)

    1 INTRODUO (O que ?)1.1 Apresentao

    1.2 Justificativa

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    1.3 O problema

    1.4 Os objetivos Geral:

    Especficos:

    1.5 As hipteses (se... probabilidades)

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    2 REFERENCIAL TERICO

    3 METODOLOGIA3.1 rea , universo e sujeitos da pesquisa

    3.2 Tipos de pesquisa e mtodos

    3.3 Tcnicas / Procedimentos

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    4 RESULTADOS

    5.2 Etapas para a elaborao de um projeto de pesquisa

    5.2.1 Escolha do Tema

    Existem dois fatores principais que interferem na escolha de um tema para o trabalho de pesquisa. Abaixo esto relacionadas algumas questes que devem ser levadas em considerao nesta escolha.

    5.2.1.1 Fatores internos - afetividade em relao a um tema ou alto grau de interesse pessoal

    Para se trabalhar uma pesquisa preciso ter um mnimo de prazer nesta atividade. A escolha do tema est vinculada, portanto, ao gosto pelo assunto a ser trabalhado. Trabalhar um assunto que no seja do agrado do pesquisador tornar a pesquisa um exerccio de tortura e sofrimento.

    Na escolha do tema deve-se levar em considerao a quantida-de de atividades a ser cumprida para executar o trabalho, avaliando o tempo disponvel para tal, subtraindo deste aquele necessariamente

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    dedicado s atividades cotidianas, estabelecendo assim o limite das ca-pacidades do pesquisador em relao ao tema pretendido. preciso tambm que o pesquisador tenha conscincia de sua limitao de co-nhecimentos para no entrar em um assunto fora de sua rea. Se a rea em foco a de cincias humanas, deve o pesquisador ater-se aos temas relacionados a esta rea.

    5.2.1.2 - Fatores Externos - a significao do tema escolhido, sua novi-dade, sua oportunidade e seus valores acadmicos e sociais

    Na escolha do tema deve-se tomar cuidado para no executar um trabalho que no interessar a ningum. O trabalho merece ser feito se tiver uma importncia qualquer para pessoas, grupos de pessoas ou para a sociedade em geral.

    Outro fato a ser levado em considerao o limite de tempo dis-ponvel para a concluso do trabalho. Quando a instituio determina um prazo para a entrega do relatrio final da pesquisa, no se deve en-veredar por assuntos que, devidamente explorados, forcem este prazo. O tema escolhido deve estar delimitado dentro do tempo possvel para a concluso do trabalho.

    Ainda sobre a escolha do tema, preciso, previamente, verificar a disponibilidade de material para consulta. Por vezes, o tema escolhido pouco trabalhado por outros autores e no h fontes secundrias para consulta. A falta dessas obriga o pesquisador a buscar fontes primrias, que demandam grande disponibilidade de tempo. Esse problema no impede a realizao da pesquisa, mas deve ser levado em considerao para que o tempo institucional no seja excedido.

    5.2.2 Levantamento ou Reviso de Literatura

    O Levantamento de Literatura a localizao e obteno de do-cumentos para avaliar a disponibilidade de material que subsidiar o tema do trabalho de pesquisa. Este levantamento realizado junto s bibliotecas ou servios de informaes existentes. Sampieri, Colado e Lucio (2006) enfatizam esta etapa do trabalho cientfico como sendo o marco terico, a construo de uma perspectiva terica. neste

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    captulo do trabalho que pode se efetivar o modo de contextualizar o problema de pesquisa cientfica elaborado. marco porque aqui so definidos o conceito de teoria e outros conceitos relacionados com a elaborao de teorias, que, por sua vez, esto relacionados com os en-foques qualitativos e quantitativos da pesquisa.

    Listamos a seguir algumas sugestes para o levantamento de literatura:

    Locais de coletas - Determine com antecedncia quais bibliotecas, agncias governamentais ou particulares, instituies, indivduos ou acervos devero ser procurados.

    Registro de documentos - Esteja preparado para copiar os docu-mentos, seja atravs de fotocpias, fotografias ou outro meio qualquer.

    Organizao - Separe os documentos recolhidos de acordo com os critrios de sua pesquisa. O levantamento de literatura pode ser deter-minado em dois nveis: a - nvel geral do tema a ser tratado - relao de todas as obras ou documentos sobre o assunto; b - especfico a ser tratado - relao somente das obras ou documentos que contenham dados referentes especificidade do tema a ser tratado.

    CITAO

    Segundo a Associao Brasileira de Normas Tcnicas (2001, p.1), citao a meno no texto de uma informa-o extrada de outra fonte. Pode ser uma citao dire-ta, citao indireta ou citao de citao, de fonte escrita ou oral. A NBR10520:2001 define os parmetros para a apresentao de citaes em documentos. As citaes em trabalho escrito so feitas para apoiar uma hiptese, sustentar uma ideia ou ilustrar um raciocnio por meio de menes de trechos citados na bibliografia consultada.

    Tipos de Citao:

    Citao direta - quando transcrevemos o texto utilizando as prprias palavras do autor. A transcrio literal vir entre aspas.

    Exemplo:

    Segundo Vieira (1998, p.5) o valor da informao est diretamente ligado maneira como ela ajuda os tomadores de decises a atingirem as metas da organizao.

    Citao indireta - a reproduo de ideias do autor. uma citao livre, usando as prprias palavras para dizer o mesmo que o autor

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    disse no texto. Contudo, a ideia expressa continua sendo de autoria do autor que voc consultou, por isso necessrio citar a fonte, dar crdito ao autor da ideia.

    Exemplo:

    O valor da informao est relacionado com o poder de ajuda aos tomado-res de decises a atingirem os objetivos da empresa (VIEIRA, 1998).

    Citao de citao - a meno de um documento ao qual voc no teve acesso, mas tomou conhecimento por citao em outro trabalho. Usamos a expresso latina apud (citado por) para indicar a obra de onde foi retirada a citao. Sobrenome(s) do(s) Autor(es) Original(is) (apud Sobrenome(s) do(s) Autor(es) da obra de que retiramos a ci-tao, ano de publicao da qual retiramos a citao). uma citao indireta.

    Exemplo:

    Porter (apud CARVALHO e SOUZA, 1999, p.74) considera que a vanta-gem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma empresa con-segue criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de fabricao pelas empresas.

    Apresentao das citaes no texto - At trs linhas: aparece fazen-do parte normalmente do texto.

    Exemplo:

    Porter (apud CARVALHO e SOUZA, 1999, p.74) considera que a vanta-gem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma empresa con-segue criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de fabricao pelas empresas.

    Mais de trs linhas: recuo de 4 cm para todas as linhas, a partir da margem esquerda, com letra menor (fonte 10) que a do texto utilizado e sem aspas.

    Exemplo:

    Drucker (1997, p.xvi) chama a nova sociedade de sociedade capitalista.Nesta nova sociedade, o recurso econmico bsico os meios de produo, para usar uma expresso dos economistas no mais o capital, nem os re-cursos naturais (a terra dos economistas), nem a mo-de-obra. Ele ser o conhecimento. As ativida-des centrais de criao de riqueza no sero nem a alocao de capital para usos produtivos, nem a mo-de-obra os dois plos da teoria econmica dos sculos dezenove e vinte, quer ela seja clssica,

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    marxista, keynesiana ou neoclssica. Hoje o valor criado pela produtividade e pela inovao, que so aplicaes do conhecimento ao trabalho. Os princi-pais grupos sociais da sociedade do conhecimento sero os trabalhadores do conhecimento executi-vos que sabem como alocar conhecimento para usos produtivos...

    5.2.3 Problema

    O problema a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa. Depois de definido o tema, levanta-se uma questo para ser respondida atravs de uma hiptese, que ser confirmada ou negada atravs do trabalho de pesquisa. Veja a seguir algumas observaes e orientaes que sustentam o planejamento e a prtica da pesquisa. Desta forma, com base em Gil (2001), podemos refletir elencando situaes que pre-cisam ser contemplados.

    Em geral, um bom problema de pesquisa atende a cinco caractersticas:

    Deve ser formulado como uma pergunta. Deve ser claro e preciso. Deve ser emprico. Deve ser suscetvel de soluo. Deve ser limitado a uma dimenso vivel.

    Oproblemadepesquisadeveserformuladocomoumapergunta

    Maneira simples e direta de formulao. Facilita a identificao do problema.

    O tema no o problema

    O problema de pesquisa deve ser claro e preciso

    Se a formulao for vaga ou imprecisa, como pode ser resolvido? No deve conter termos com definio incerta ou ambgua.

    Complemento: definio operacional.

    Indica como o fenmeno medido.O problema de pesquisa deve ser emprico

    Problemas de pesquisa no devem se referir a valores morais.

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    No devem conduzir a consideraes subjetivas ou julgamentos morais. Problemas sobre melhor/pior, bom/mau, devem ser reformulados. Referncias a fatos empricos e no a percepes pessoais.

    O problema de pesquisa deve ter um horizonte de soluo

    Deve-se ter alguma ideia de como o problema proposto poder ser resolvido.

    No adianta propor um tema bem formulado se no houver como cole-tar dados que levem a (ou demonstrem) sua soluo.

    Requer domnio da tecnologia adequada a sua soluo.

    O problema de pesquisa deve ser delimitado

    Quanto tempo ser necessrio para coletar as informaes que levem soluo do problema?

    A delimitao do escopo permite trabalhar de maneira focada, obten-do dados relevantes dentro do tempo delimitado para a execuo da pesquisa.

    Edepois?

    O pesquisador dever oferecer uma soluo possvel para o problema proposto.

    O pesquisador dever coletar dados e analis-los. Confirmao da hiptese: problema solucionado.

    Se os dados no levarem a concluses precisas: problema no foi solucionado.

    Dicas

    Incio da pesquisa requer definio de um problema.

    Definio de um bom problema de pesquisa requer conhecimento so-bre o tema que est sendo tratado.

    No tarefa trivial. Essencial para o desenvolvimento do trabalho de pesquisa. Problema que no for bem formulado pode tornar a pesquisa invivel.

    Exemplo:Tema: A educao da mulher: a perpetuao da injustia.Problema: A mulher tratada com submisso pela socie-

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    dade. Aqui voc inicia o levantamento de dados, dados secundrios. Neste momento voc passa a utilizar a tcni-ca do fichamento, que tem variaes de formatos e tipos, conforme voc verificar no captulo que trata dos instru-mentos de pesquisa.

    5.2.4 Hiptese

    Hiptese sinnimo de suposio. Neste sentido, hiptese uma afirmao categrica (uma suposio) que tente responder ao proble-ma levantado no tema escolhido para pesquisa. O trabalho de pesqui-sa, ento, ir confirmar ou negar a hiptese (ou suposio) levantada.

    Exemplo: Em relao ao problema definido acima - Hiptese: a so-ciedade patriarcal, representada pela fora masculina, ex-clui as mulheres dos processos decisrios.

    5.2.5 Justificativa

    A justificativa, num projeto de pesquisa, como o prprio nome indica, o convencimento de que o trabalho de pesqui-sa possui fundamentos para ser efetivado. A comprovao do tema escolhido pelo pesquisador e a hiptese levantada so de suma importncia para a sociedade ou para alguns indivduos. Deve-se tomar o cuidado, na elaborao da justificativa, de no se ten-tar justificar a hiptese levantada, ou seja, tentar responder ou concluir o que vai ser buscado no trabalho de pesquisa. A justificativa exalta a importncia do tema a ser estudado e justifica a necessidade imperiosa de se levar a efeito tal empreendimento.

    5.2.6 Objetivos

    A definio dos objetivos determina o que o pesquisador quer atingir com a realizao do trabalho de pesquisa. Objetivo sinnimo de meta, fim. Os objetivos podem ser separados em Objetivos Gerais e Objetivos Especficos.

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    Os enunciados dos objetivos devem comear com um verbo no infinitivo e este verbo deve indicar uma ao passvel de mensurao. Como exemplos de verbos usados na formulao dos objetivos, pode-se citar:

    determinar estgio cognitivo de conhecimento: os verbos apontar, arrolar, definir, enunciar, inscrever, registrar, relatar, repetir, sublinhar e nomear;

    determinar estgio cognitivo de compreenso: os verbos des-crever, discutir, esclarecer, examinar, explicar, expressar, iden-tificar, localizar, traduzir e transcrever;

    determinar estgio cognitivo de aplicao: os verbos aplicar, demonstrar, empregar, ilustrar, interpretar, inventariar, mani-pular, praticar, traar e usar;

    determinar estgio cognitivo de anlise: os verbos analisar, classificar, comparar, constatar, criticar, debater, diferenciar, distinguir, examinar, provar, investigar e experimentar;

    determinar estgio cognitivo de sntese: os verbos articular, compor, constituir, coordenar, reunir, organizar e esquema-tizar;

    determinar estgio cognitivo de avaliao: os verbos apreciar, avaliar, eliminar, escolher, estimar, julgar, preferir, selecionar, validar e valorizar.

    5.2.7 Metodologia

    O caminho e os passos a seguir no decorrer do projeto represen-taro a metodologia do mesmo, que deve apresentar as tcnicas que sero utilizadas para a coleta e anlise dos dados (entrevistas, questio-namentos, testes, tcnicas de agrupamento de dados, elaborao de tabelas, descrio e codificao). Os objetivos da pesquisa e as hip-teses a comprovar devem ser levados em conta para a definio da metodologia.

    A metodologia a explicao minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ao desenvolvida no mtodo (caminho) do trabalho de

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    pesquisa. a explicao do tipo de pesquisa, do instrumental utilizado (questionrio, entrevista), do tempo previsto, da equipe de pesquisado-res e da diviso do trabalho, das formas de tabulao e tratamento dos dados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.

    A metodologia composta de partes que descrevem o local, os sujeitos, o objeto de estudo, os mtodos e tcnicas, que muitas ve-zes esto descritos como procedimentos da pesquisa, as limitaes da pesquisa, o tratamento de dados, conforme descrito na sinopse apre-sentada anteriormente.

    5.3 Instrumentos de pesquisa

    5.3.1 Fichamentos

    O Fichamento uma parte importante na organizao para a efe-tivao da pesquisa de documentos. Ele permite um fcil acesso aos dados fundamentais para a concluso do trabalho.

    Os registros e a organizao das fichas dependero da capacidade de organizao de cada um. Os registros no so feitos necessariamen-te nas tradicionais folhas pequenas de cartolina pautada. Podem ser fei-tos em folhas de papel comum ou, mais modernamente, em qualquer programa de banco de dados de um computador. O importante que eles estejam bem organizados e de acesso fcil para que os dados no se percam. Existem trs tipos bsicos de fichamentos: bibliogrfico, re-sumo ou contedo, e citaes.

    Ficha Bibliogrfica a descrio, com comentrios, dos tpicos abordados em uma obra inteira ou parte dela.

    Exemplo:

    Educao da Mulher: a Perpetuao da Injustia (1)Histrico do Papel da Mulher na Sociedade (2).................................... (3) 2. (4) TELES, Maria Amlia de Almeida. Breve histria do feminismo no Brasil. So Paulo: Brasiliense, 1993. 181 p. (Tudo Histria, 145)

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    Insere-se no campo do estudo da Histria e da Antropologia Social. A au-tora faz uso de fontes secundrias, colhidas atravs de livros, revistas e depoimentos. A abordagem descritiva e analtica. Aborda os aspectos histricos da condio feminina no Brasil a partir do ano 1500 de nossa era. Alm da evoluo histrica da condio feminina, a autora desenvol-ve alguns tpicos especficos da luta das mulheres pela condio cidad. Conclui fazendo uma anlise de cada etapa da evoluo histrica feminina, deixando expressa sua contraposio ao movimento ps-feminista, princi-palmente s ideias de Camile Paglia. No final da obra faz algumas indica-es de leituras sobre o tema Mulher. (5)

    Observao: neste e em outros exemplos de Fichas, os nmeros entre parnteses representam o que est explicado abaixo:

    (1) - Ttulo do trabalho (conforme expresso no item 6.6).

    (2) - Seo primria do trabalho (conforme expresso no item 6.6).

    (3) - Seo secundria e terciria do trabalho (se houver e confor-me expresso no item 6.6).

    (4) - Numerao do item a que se refere o fichamento (conforme expresso no item 6.6).

    (5) - Comentrios ou anotaes do pesquisador sobre a obra re-gistrada.

    Ficha de Resumo ou Contedo: uma sntese das principais ideias contidas na obra. O pesquisador elabora esta sntese com suas prprias palavras, no sendo necessrio seguir a estrutura da obra.

    Exemplo:

    Educao da Mulher: a Perpetuao da InjustiaHistrico do Papel da Mulher na Sociedade...................... 2. TELES, Maria Amlia de Almeida. Breve histria do feminismo no Brasil. So Paulo: Brasiliense, 1993. 181 p. (Tudo Histria, 145).

    O trabalho da autora baseia-se em anlise de textos e na sua prpria vivn-cia nos movimentos feministas, como relato de uma prtica.

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    A autora divide seu texto em fases histricas, quais sejam Brasil Colnia (1500-1822), Imprio (1822-1889), Repblica (1889-1930), Segunda Rep-blica (1930-1964), Terceira Repblica e o Golpe (1964-1985), com especial ateno, neste ltimo perodo, aos anos de 1968 e 1975, respectivamente marcados pelas revoltas estudantis e pelo Ano Internacional da Mulher, alm de analisar a influncia externa nos movimentos feministas do Brasil. Em cada um desses perodos so lembrados os nomes das mulheres que mais se sobressaram e suas atuaes nas lutas pela libertao da mulher.A autora trabalha ainda assuntos como o cotidiano das mulheres da peri-feria de So Paulo, a participao das mulheres na luta armada, a luta por creches, a violncia, a participao das mulheres na vida sindical e nas greves, o trabalho rural, a sade, a sexualidade e os encontros feministas.Depois de suas concluses, onde, entre outros assuntos, faz uma crtica ao ps-feminismo defendido por Camile Paglia, indica alguns livros para leitura.

    Observao: Existem dois tipos de resumos:

    a) Informativo: so as informaes especficas contidas no docu-mento. Nesta ficha pode-se relatar sobre objetivos, mtodos, re-sultados e concluses. Sua preciso pode substituir a leitura do documento original.

    b) Indicativo: so descries gerais do documento, sem entrar em detalhes da obra analisada (o exemplo acima se refere a um resu-mo indicativo).

    Ficha de Citaes: a reproduo fiel das frases que se pretende usar como citao na redao do trabalho.

    Exemplo:

    Educao da Mulher: a Perpetuao da Injustia Histrico do Papel da Mulher na Sociedade ................................... 2. TELES, Maria Amlia de Almeida. Breve histria do feminismo no Brasil. So Paulo: Brasiliense, 1993. 181 p. (Tudo Histria, 145).

    Uma das primeiras feministas do Brasil, Nsia Floresta Brasileira Augusta defendeu a abolio da escravatura, ao lado de propostas como a educao

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    e a emancipao da mulher, e a instaurao da Repblica (p. 30).Sou neta, sobrinha e irm de general (...) Aqui nesta casa foi fundada a Camde Campanha da Mulher pela Democracia. Meu irmo, Antnio Mendona Molina, vinha trabalhando h muito tempo no Servio Secreto do Exrcito contra os comunistas. Nesse dia, 12 de junho de 1962, eu tinha reunido aqui alguns vizinhos, 22 famlias ao todo. Era parte de um trabalho meu para a parquia Nossa Senhora da Paz. Nesse dia o vigrio disse assim: Mas a coisa est preta. Isso tudo no adianta nada porque a coisa est muito ruim e eu acho que se as mulheres no se meterem, ns estaremos perdidos. A mulher deve ser obediente. Ela intuitiva, enquanto o homem objetivo. (Amlia Molina Bastos apud Teles, p. 54)Na Justia brasileira, comum os assassinos de mulheres serem absolvi-dos sob a alegao de defesa de honra. (p. 132).

    5.3.2 Internet

    A Internet representa uma novidade nos meios de pesquisa. Trata-se de uma rede mundial de comunicao via computador onde as in-formaes so trocadas livremente entre todos. Sem dvida, a Internet representa uma revoluo no que concerne troca de informao. A partir dela, todos podem informar a todos. Mas se ela pode facilitar a busca e a coleta de dados, ao mesmo tempo oferece alguns perigos. Na verdade, grande parte das informaes passadas por essa rede no tm critrios de manuteno de qualidade da informao.

    Explicando melhor: qualquer um pode colocar sua home page (pgina) na rede. Vamos supor que um indivduo coloque uma pgina na net (rede) com o objetivo de discorrer sobre Histria do Brasil. Tal indivduo pode perfeitamente, sem que ningum o impea, dizer que o Brasil foi descoberto por Diogo da Silva, no ano de 1325. Sendo assim, devemos levar em conta que toda e qualquer informao colhida na Internet dever ser confirmada antes de divulgada.

    A Internet no chega a ser uma tcnica de pesquisa. um recurso, uma ferramenta para coleta de dados, com a qual podemos levantar dados. Necessrio o cuidado com a fidedignidade da fonte. Para tra-balhos cientficos preciso utilizar sites especializados, oficiais e com comprovao acadmico-cientfica.

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    5.3.3 Questionrio

    O Questionrio, numa pesquisa, um instrumento ou programa de coleta de dados. A confeco feita pelo pesquisador; o preenchi-mento realizado pelo informante. A linguagem utilizada no ques-tionrio deve ser simples e direta para que o interrogado compreenda com clareza o que est sendo perguntado. No recomendado o uso de grias, a no ser que se faa necessrio por conta de caractersticas de linguagem de grupo (grupo de surfistas, por exemplo).

    Todo questionrio deve passar por uma etapa de pr-teste, num universo reduzido, para que se possam corrigir eventuais erros de for-mulao. Ao questionrio deve preceder a carta de explicao ou de autorizao da pesquisa, que precisa fazer referncia ao seu contedo, as instrues para efetivao da investigao atravs do questionrio, o pedido de autorizao e o agradecimento pela ateno, disponibilidade e veracidade das informaes prestadas.

    Nesse sentido, acompanhando o questionrio deve seguir a Carta Explicao, com proposta da pesquisa, instrues para preenchimen-to, instrues para devoluo, incentivo para o preenchimento e agra-decimento. No questionrio devem constar itens de identificao do respondente que, preferencialmente, para que as respostas possam ter maior significao, no o identifiquem diretamente com perguntas do tipo nome, endereo, telefone, a no ser que haja extrema ne-cessidade, como para selecionar alguns questionrios para uma poste-rior entrevista. Quanto s questes a serem pesquisadas, estas precisam contemplar hipteses de veracidade. Assim, precisam ser bem formu-ladas e claras. Por isso interessante (dependendo da intencionalidade) que o questionrio apresente questes diretas e indiretas, fechadas e abertas, objetivas e subjetivas, que permitam respostas por alternativas a escolher e respostas descritivas.

    5.3.4 Formulrio

    Formulrio um instrumento com campos pr-impressos, nos quais so preenchidos dados e informaes levantados na pesquisa, o que permite a formalizao das comunicaes e o registro destes dados (CURY, 2005).

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    Segundo Oliveira (2005), os formulrios podem ser: planos cam-pos desenhados e pr-impressos em papel padronizado, seguindo as normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT); cont-nuos - tambm elaborados em papel, mas destinados ao preenchimen-to por impressoras de