metodologia da economia 2013 aulas 7-8

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Metodologia da Economia Bibliografia: Blaug (1993), Parte II, cap.1; Caldwell (1984), caps. 6 e 8; Mattos (1999); Mill (1974); Prado (1991), caps. 3 a 5, 7 e 8; Ramos (1993), cap.4. Aulas 7 e 8 Visões clássicas de metodologia da economia: Stuart Mill, Neville Keynes, Robbins, Hutchison e Friedman. 1

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Page 1: Metodologia da economia 2013   aulas 7-8

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Metodologia da Economia

Bibliografia: Blaug (1993), Parte II, cap.1; Caldwell (1984), caps. 6 e 8; Mattos (1999); Mill (1974); Prado

(1991), caps. 3 a 5, 7 e 8; Ramos (1993), cap.4.

Aulas 7 e 8Visões clássicas de metodologia

da economia: Stuart Mill, Neville Keynes, Robbins, Hutchison e Friedman.

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1. A metodologia implícita nos clássicos - I

• Os primeiros economistas clássicos (Smith, Ricardo, Malthus) não fizeram reflexões metodológicas em seus escritos principais.

• Certamente, em suas obras principais Smith recorre a estilos metodológicos muito diferentes. • Há partes da RN que parecem abordagens de

estática comparativa de livro atual de Micro.• Todavia, outras partes da obra usam muitas

informações históricas, institucionais, etc.• Num ensaio filosófico que escreveu (a “História da

Astronomia”) parece sugerir que o importante é ir até o fim no desenvolvimento das consequências de alguns princípios básicos (autointeresse na RN, empatia na TSM).

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1. A metodologia implícita nos clássicos - II

• Ricardo vai seguir o método hipotético-dedutivo. Ele parte de certos princípios gerais e tira as conclusões a partir deles.

• Ricardo é um expoente (claro!) do que Schumpeter denominou “vício ricardiano”, que consiste em aplicar modelos altamente abstratos ao mundo real.

• Por exemplo, a visão do Ricardo quanto ao estado estacionário é um claro exemplo desse vício.

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2. Senior e o começo da metodologia

• Nassau Senior escreve as primeiras reflexões propriamente metodológicas.• Introductory Lecture on Political Economy (1827).• Outline of the Science of Political Economy (1836).

• Senior é o primeiro que faz a distinção entre ciência e arte.

• Para ele, há quatro princípios dos quais decorre por dedução toda a economia:

• Toda pessoa deseja maximizar sua riqueza com o menor esforço.

• A população tende a crescer mais rapidamente que os meios de subsistência.

• Trabalho com máquinas produz resultado líquido positivo.• Agricultura tem retornos decrescentes.

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3. Mill e o ensaio de 1836 - I

• Mill escreveu em 1836 “Da definição de Economia Política e do método adequado a ela”.

• Nesse ensaio, afirma que só após alguns anos de crescimento de uma ciência surge a preocupação de definir suas características (“o muro da cidade não a precede”) .

• Ele enfatiza a separação entre a ciência e o conjunto de regras práticas (a arte).• Os princípios de uma ciência permitem elaborar uma

arte, mas essas dimensões não devem ser confundidas.

• Para ele, a Economia Política (EP) pode ser vista como uma ciência que trata dos aspectos humanos da produção e distribuição de riquezas na dimensão social da humanidade.

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3. Mill e o ensaio de 1836 – II

• Para Mill há uma ciência que estuda a vida dos homens no estado (dimensão) social, que ele chama de “economia social” ou “política especulativa”.

• A EP é um ramo desta ultima, que diz respeito ao homem enquanto um ser que deseja possuir riqueza e é capaz de julgar a eficácia comparativa dos meios para chegar a esse fim.

• A EP só considera esse motivo, omitindo todos os outros exceto os antagonistas diretos dele: • A) A aversão ao trabalho.• B) O desejo de satisfação presente de “indulgências

dispendiosas”. • A EP mostra como seria o curso da humanidade se o

desejo de riqueza (refreado como já dito) fosse a regra absoluta para nossas ações.

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3. Mill e o ensaio de 1836 – III

• A EP observa as ações humanas sob a suposição de que o homem é determinado

“pela necessidade de sua Natureza, a preferir uma maior porção de riqueza do que uma menor”.

• Segundo Mill, a EP não procede assim ...porque todo economista político seja sempre tão ridículo ao ponto de supor que a humanidade realmente assim se constitui, mas porque este é o modo pelo qual a ciência

necessariamente deve proceder.•Com efeito, o método da ciência é tal que:

Quando um efeito depende de uma concorrência de causas, estas causas devem ser estudadas cada uma à

sua vez e suas leis devem ser investigadas separadamente se desejarmos, através das causas,

obter o poder de prever ou de controlar o efeito, uma vez que a lei do efeito é composta pelas leis de todas as

causas que o determinam (p.307).

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3. Mill e o ensaio de 1836 – IV

• Isto pode ser considerado como o nascimento da ideia de homem econômico racional (mas Mill não usa esse termo).

• Para Mill, as previsões da EP, quando aplicadas ao mundo, falharão até que sejam modificadas através da incorporação da influência provocada por outras causas.

• Daqui sai a definição de EP de Mill:A ciência que traça as leis daqueles fenômenos da sociedade que se originam das operações

combinadas da humanidade para a produção de riquezas, na medida em que aqueles fenômenos não sejam modificados pela procura de qualquer

outro objeto.

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3. Mill e o ensaio de 1836 – V

• Para Mill, nas ciências sociais é difícil fazer experimentos cruciais → limites para utilização da indução (o que ele chama de “método a posteriori”).

• Logo, a saída é utilizar o método a priori (ou da especulação abstrata).

• Em realidade, nas ciências sociais só podemos fazer experimentos olhando para nosso interior. Isso permite propor hipóteses (assumptions), a partir das quais podemos chegar por dedução a verdades abstratas.

• Se modificamos essas conclusões considerando as circunstâncias não calculadas, podemos aceitá-las como verdadeiras e aplicá-las.

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3. Mill e o ensaio de 1836 – VI

• Ao aplicar os princípios abstratos da EP aos casos particulares, temos que levar os fatores particulares não generalizáveis (casos perturbadores).

• Não se pode falar em lei e exceção; o que existe são duas leis agindo conjuntamente, onde a menos notável é a força perturbadora que causa a exceção.

• O método “a posteriori” (indução) é importante para verificar as conclusões da ciência, porém imperfeito:Se o conhecimento de quais são as causas particulares que

operam em qualquer instância dada nos fosse revelado com autoridade infalível ... nos tornaríamos profetas. Mas

as causas não são assim reveladas; elas devem ser colhidas por observação, e a observação ... tem a tendência de ser

imperfeita.

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3. Mill e o ensaio de 1836 – VII

• O verdadeiro homem prático de estado combina o conhecimento do seu país e sua época com os conhecimentos de filosofia política abstrata (e de EP).

• Os efeitos são determinados por uma concorrência de causas. Negligenciando uma podemos raciocinar corretamente a partir de todas as outras, mas o resultado não terá nenhum valor no caso particular.

• A disciplina mental boa nos protege contra as premissas falsas e o raciocínio imperfeito, mas nada pode garantir que não estejamos negligenciando algo.

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4. Pontos sobre a metodologia de Mill - I

•Mill é o ponto de partida de toda uma tradição em Metodologia da Economia.

• Assume a existência de um corpo legítimo de ciência de EP. • Tem uma visão do que seja uma boa ciência

•Tema básico (tanto no "Ensaio" quanto no “Sistema da Lógica“, de 1844): EP deve ser, e de fato é, uma ciência, mas seu método não é exatamente o mesmo das ciências físicas. •O projeto milliano tem por trás um problema central de reconciliar uma visão ultra-empirista do conhecimento com a teoria econômica ricardiana (altamente abstrata).•A diferença que permite/exige que as Ciências Sociais tenham outro método é a impossibilidade de se efetuar experimentos controlados.

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4. Pontos sobre a metodologia de Mill - II

•Para Mill, a diferença relevante não é entre indução e dedução, mas entre ciências que podem ser feitas dedutivamente (p.ex., física newtoniana) , e aquelas que devem permanecer sendo experimentais (química).•A chave para que uma ciência possa ser feita dedutivamente é a "lei da composição das causas o efeito conjunto de diversas causas é igual à soma dos seus efeitos separados“.•Dado que o conhecimento que podemos ter depende da composição de causas, as que podem ter magnitudes em circunstâncias , as leis de causação em EP devem ser vistas sempre como leis tendênciais (portanto as leis são verdadeiras ou falsas, mas os resultados práticos num caso determinado dependem da combinação das forças em ação)

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4. Pontos sobre a metodologia de Mill - III

•Dado que os fenômenos sociais, para Mill, são simplesmente a soma das ações dos indivíduos da sociedade, a EP está perfeitamente sujeita à lei da composição (veja-se que Mill é o típico individualista metodológico).•Economia é dedutiva porque:

• - Não é possível realizar experimentos controlados• - EP só se preocupa com um tipo particular de fenômenos, aqueles vinculados com a procura de riqueza (logo, EP é uma ciência com uma única causa, não estuda toda a conduta social do ser humano)

•Neste ponto entra o Homem Econômico Racional Para a EP não importa o homem em sua complexidade (porque o resto pode ser composto depois), logo é necessário se centrar na procura de riqueza e, no máximo, nos motivos que diretamente se contrapõem a ela (a preguiça e a ostentação ou gastança).

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4. Pontos sobre a metodologia de Mill - IV

• Mill sabe que isto o HER é uma abstração (até absurda), mas assume que dela depende a possibilidade de se fazer a ciência da EP

• Como consequência disso, EP será verdadeira apenas em termos abstratos (donde sai o conceito de verdades abstratas).

• Em realidade, a EP seria uma parte de uma ciência maior que Mill nunca definiu muito bem; no Ensaio ele fala da Economia Social, e na Lógica fala na "Etologia política".

• Para um empirista como Mill não existe conhecimento a priori. O que a EP toma como a priori são observações que devem partir de inferências indutivas válidas. O que acontece é que a fundamentação empírica válida é a introspecção (e a observação "empática" das ações dos outros).

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4. Pontos sobre a metodologia de Mill - V

• Para que a EP seja útil em termos de aplicações, deve se (re)introduzir o método a posteriori, porque assim poderemos verificar quais causas particulares (e quais contratendências) estão agindo numa situação específica.

• Logo, o método a posteriori na EP não serve para descobrir a verdade, mas para verificá-la.

•O que a EP construiu como corpo de conhecimento é um conjunto de leis tendenciais, mas Mill reconhece que isto pode ser insatisfatório para o homem prático (mas é problema deste por não entender como se faz ciência).• O homem prático tende a ver a EP como uma ciência cheia de exceções, mas em realidade a EP não tem (ou deveria ter) exceção nenhuma, só que é por princípio inexata. • O papel do teste em EP não é o de testar as hipóteses da ciência, mas o de ver, em cada caso específico, os fatores perturbadores que estão agindo.

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5. Neville Keynes e a “pacificação” da ME - I

• Outro autor importante é John Neville Keynes com seu "Scope and method of political economy" (1890), escrito após a Rev. Marginalista, após a Methodenstreit e no mesmo ano (e no mesmo espírito?) dos Princípios de Marshall. • Keynes faz a mágica de ser ao mesmo tempo marshalliano e ricardiano (e em certa medida também aceita os historicistas: devemos combinar o melhor de todos) .

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5. Neville Keynes e a “pacificação” da ME - II

• Para JNK, há uma tradição metodológica milliana que enfatiza o seguinte:

i. Uma clara diferenciação entre ciência positiva e avaliação normativa.

ii. Isolamento do estudo da riqueza de todos os outros aspectos da sociedade.

iii. Caráter dedutivo (a priori) não experimental da EP.iv. Caráter abstrato da EP.v. Caráter hipotético da EP (uma ciência apenas de

tendências).vi. A observação entre como uma verificação (no fim).• JNK via a primeira como crucial, e em particular ele fez

uma distinção tripartite mais clara, entre ciência positiva (estuda o que é), ciência normativa (estuda normas e regras, o que deve ser) e arte (aplicações à política, o que pode ser alcançado).

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5. Neville Keynes e a “pacificação” da ME - III

• JNK também se propõe construir uma ponte entre as visões, mas seu balanço é muito mais ricardo-milliano do que historicista.

• “Se a indução pura é inadequada, a dedução pura é igualmente inadequada.O erro de pôr esses métodos em oposição mútua, como se o

emprego de um deles excluísse o do outro é muito comum. De fato, é somente com a combinação sem preconceitos de ambos os métodos que

qualquer avanço da ciência econômica torna-se possível”.

• Para JNK, a ciência precisa de leis gerais e como na EP não se pode depender do a posteriori, só podemos confiar na dedução a partir de princípios elementares da natureza humana.

• Logo, ele também fala da ciência tendencial e hipotética, e das contratendências, com a verificação no fim apenas para determinar as causas perturbadoras.

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6. Lionel Robbins: economia como meios e fins - I

• Em 1932 Lionel Robbins escreve seu livro “Um ensaio sobre a natureza e o significado da ciência econômica”.

• Este livro da a definição frequentemente aceita de que: “A economia é a ciência que estuda a conduta humana como uma relação entre fins e recursos escassos que tem

usos alternativos” .• Esta definição reduz a economia a um certo tipo de

microeconomia.• Deixa de lado não apenas os historicistas e

institucionalistas, mas também qualquer abordagem econométrica.

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6. Lionel Robbins: economia como meios e fins - II

• Para Robbins, os postulados da economia não são consequência de longas cadeias de inferência, mas se baseiam em evidências óbvias e imediatas.• Isso faz com que suas bases sejam até mais confiáveis

que as das ciências naturais (podemos nos enganar quanto ao que fará um átomo, mas conhecemos nossas preferências).

• Como diz Robbins, “o postulado mais importante da teoria do valor é o fato de que os indivíduos podem arranjar suas preferências em uma ordem, e de fato o fazem” (in Blaug, p.125)

• Consequência: críticas à economia só podem ser politicamente motivadas.

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6. Lionel Robbins: economia como meios e fins - III

• Pontos centrais da visão de Robbins:a. Generalizações econômicas são proposições auto-evidentes

sobre a realidade.b. Fins são múltiplos e podem ser ordenados; meios e tempo

são limitados e têm usos alternativos.c. Conhecimento do presente e do futuro é incompleto e

incerto: importância das expectativas.d. Racionalidade (ou seja, consistência nas escolhas) e

previsão perfeita são assunções simplificadoras que servem como aproximações iniciais á realidade.

e. Postulados básicos são combinados com outros subsidiários sobre o mundo para checar aplicações.

f. Não há possibilidade de geral leis empíricas por indução.

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7. Hutchison e o positivismo em economia - I

• Terence Hutchison, formado em Cambridge, trabalhou em Alemanha entre 1935-38.

• Ai conheceu os trabalhos do Círculo de Viena e de Popper.

• Ele escreveu em 1938 seu livro: “O significado e os postulados básicos da teoria econômica”.

• Essa obra é considerada a primeira introdução na economia da visão do positivismo lógico, incluindo ai também elementos popperianos.

• Hutchison se preocupa com a demarcação: para ele só serão científicos os enunciados empíricos testáveis de forma intersubjetiva e potencialmente falseáveis.

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7. Hutchison e o positivismo em economia - II

• Elabora algumas críticas fortes da posição apriorista, especialmente a de Robbins (e da escola austríaca como um todo).a. Vacuidade das proposições da teoria pura. Para ele, boa parte das

proposições da teoria tradicional não proíbem nada, logo são tautológicas (obs.: termo controverso).• Ex: Postulado de racionalidade.

b. Necessidade de termos conhecimento perfeito para ter conduta racional.

c. Necessidade de uso mais intensivo de técnicas empíricas (para ele, economia só deve fazer proposições testáveis; por isso é considerado ultra-empirista por alguns críticos).

d. Crítica à possibilidade do uso da introspecção para comprovar postulados fundamentais.

• Para ele, a teoria só serve como inspiração para a ciência empírica: tudo deve ser verificado.

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8. O Ensaio metodológico de Friedman - I • O ensaio de Friedman (“A metodologia da

Economia Positiva”, ou MEP) escrito em 1953, é o único artigo de metodologia que leram a maioria dos economistas ortodoxos.• Na época da publicação, Friedman já era um

conhecido especialista em economia monetária. • Teve um grande impacto, e foi criticado, na época

de sua publicação bem como anos mais tarde, por muitos economistas e filósofos famosos. • Friedman, porém, nunca respondeu seus críticos.

• Pode ser considerado uma obra prima de marketing acadêmico.

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8. O Ensaio metodológico de Friedman - II • A preocupação de Friedman não era introduzir

uma visão filosófica particular em economia.• Ele estava respondendo a críticas

contemporâneas à teoria neoclássica, especialmente à “polêmica do marginalismo”, provocada pelos artigos de Hall & Hitch (1939) e de Lester (1946) e à introdução da concorrência imperfeita (Chamberlin, 1933).

• Há uma longa polêmica sobre a posição filosófica de Friedman no ensaio (se é instrumentalista, realista ou outra), e alguns autores acham que ele mistura diversas perspectivas.

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9. A argumentação do MEP - I • O título mostra a importância da separação entre

Economia Positiva (o que é) e Economia Normativa (o que deve ser, a política, os valores).

• Questão: como decidir se uma hipótese deve ser (provisoriamente) aceita como parte do “corpo sistematizado de teorias a respeito do que é”.

• Critério básico: o objetivo da ciência é a previsão. • Teorias científicas formadas por: a) uma linguagem

(sistema de arquivo que organiza o material empírico, como a oferta ou a demanda); b) hipóteses substantivas, que devem ser julgadas pelo poder preditivo dos fenômenos que pretendem explicar.

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9. A argumentação do MEP - II • Critérios complementares de escolha de teorias:

dado que há um número finito de fatos mas um número infinito de teorias possíveis, deve-se escolher pelos critérios de: • a) Simplicidade: exige menos conhecimentos iniciais.• b) Fecundidade: permite previsões mais precisas.

• Todavia, a previsão pode ser complicada em economia pela dificuldade de experimentos controlados e pela inexistência de experimentos cruciais.

• Isso leva ao risco de ficar em tautologias (economia como matemática disfarçada).

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9. A argumentação do MEP - III • Mas também é difícil obter conhecimento empírico. Em

particular, muitas vezes não da para saber se um conjunto de fatos são os que inspiram a teoria ou os que permitem testá-la.

• Com todas essas dificuldades, pode se cair na tentação de querer avaliar uma teoria por seus pressupostos (ou seja, se os pressupostos são realistas, a teoria pode ser boa).

• Esse é o ponto central da visão de Friedman: a validade de uma teoria não pode ser avaliada pelo realismo dos seus pressupostos. Não se deve confundir “acuidade descritiva e relevância analítica”.

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9. A argumentação do MEP - IV • Para Friedman, quanto mais significativa uma

teoria, menos realistas devem ser seus pressupostos :“Uma hipótese é importante quando explica muito com

base em pouco...consequentemente, para que seja importante, uma hipótese deve ser descritivamente falsa

em seus pressupostos”.• Exemplo da lei da queda dos corpos no vácuo.

• As teorias não devem descrever como as coisas acontecem, mas as coisas devem acontecer como se a teoria fosse verdadeira .• Ex. dos jogadores de sinuca e das folhas da árvore.

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9. A argumentação do MEP - V • Neste caso, a consciência dos agentes sobre os

motivos de suas ações é irrelevante: o importante é ver o que os agentes fazem, não o que eles acreditam estar fazendo.

• Segundo Friedman, uma teoria nunca pode ter pressupostos suficientemente realistas:

“Uma teoria completamente realista do mercado de trigo teria de incluir não apenas as condições diretamente

subjacentes à oferta e à demanda de trigo como, ainda ...teria de incluir dados a respeito dos comerciantes

de trigo, cor dos olhos e dos cabelos de cada comerciante...” (p.189-90)

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9. A argumentação do MEP - VI • Este ponto foi criticado por muitas pessoas.

• Segundo Sen, Friedman confunde “toda a verdade” com “unicamente a verdade”.

• Para Friedman, a única maneira de saber se ignorar a magnitude dos custos do produtor é mais grave do que ignorar a cor dos cabelos será comparando as discrepâncias entre o comportamento previsto e o comportamento real dos agentes em cada caso.