aulas de economia da graduaÇÃo (word)

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Aulas de Economia Itens da Aula Apresentação Ementa Objetivos Conteúdo Aula 01 Aula 02 Aula 03 Aula 04 Aula 05 Aula 06 Aula 07 Aula 08 Referências Glossário Economia Apresentação CONTEXTUALIZAÇÃO É de fundamental importância para qualquer profissional que tenha a pretensão de administrar, de trabalhar, com atos e fatos comerciais, compreender as noções, conceitos e as teorias sobre economia. E, principalmente, para a administração, essa disciplina é de extrema importância já que o administrador ao desenvolver a sua atividade na empresa (organização) será não somente

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Page 1: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Aulas de Economia

Itens da Aula

Apresentação

Ementa

Objetivos

Conteúdo

Aula 01

Aula 02

Aula 03

Aula 04

Aula 05

Aula 06

Aula 07

Aula 08

Referências

Glossário

Economia

Apresentação

CONTEXTUALIZAÇÃO

É de fundamental importância para qualquer profissional que tenha a

pretensão de administrar, de trabalhar, com atos e fatos comerciais, compreender as

noções, conceitos e as teorias sobre economia. E, principalmente, para a

administração, essa disciplina é de extrema importância já que o administrador ao

desenvolver a sua atividade na empresa (organização) será não somente àquele que

interpreta os fatos econômicos, mas que com base nesses dados, toma decisões

referentes aos processos organizacionais.

O estudo dos aspectos econômicos que envolvem o cotidiano das pessoas faz

parte de uma das mais abrangentes categorias do conhecimento humano, as ciências

Page 2: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

sociais, na qual a economia está inserida. Genericamente, a economia centra sua

atenção nas condições da propriedade material, na acumulação da riqueza e em sua

distribuição aos que participam do esforço social de produção. Por isso dissemos que

a aquisição de noções teóricas da economia nos possibilita a compreensão de questões

relativas aos índices de pobreza, aos níveis de desemprego, de preços, taxas de juros

etc., fornecendo inclusive soluções a essas questões e outras. Sendo assim,

destacamos que os conhecimentos que você irá adquirir serão significativamente

relevantes para a sua formação profissional.

Vale destacar que também, a ciência econômica pode também nos

proporcionar um melhor entendimento do que pode ser feito para prevenir, corrigir ou

pelo menos aliviar problemas como os citados acima.

Visando proporcionar uma adequada base filosófica e conceitual a disciplina

abordará um conjunto de conhecimentos de quatro campos fundamentais:

1. Introdução à economia

2. Introdução a microeconomia

3. Introdução à macroeconomia

4. Contabilidade nacional

Esses conteúdos serão tratados no conjunto de 9 (nove) aulas numa seqüência

lógica e com clareza de idéias. Procurar entender, em toda sua extensão, esses 4 eixos

de sustentação é a tarefa mais importante dos que se dedicam à economia.

Durante os estudos, você perceberá que a atividade econômica se define a partir

da integração de complexas variáveis e das limitações (restrições e escassez) de espaço

geográfico e de recursos naturais. Esta ciência é influenciável por fatores

antropológico-culturais, pelo ordenamento político, pelo progresso tecnológico e pelo

imprevisível comportamento dos diversos grupos sociais que constituem as nações

(países). Esses temas serão contemplados nos nossos estudos proporcionando-lhe o

desenvolvimento de sua capacidade de realizar boas predições com base nos

construtos teóricos da economia.

Então vamos lá e bons estudos ao longo da disciplina.

Page 3: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

EMENTA

A Ciência Econômica e sua importância para a administração. O objetivo de

estudo da Ciência Econômica. Introdução à economia. Características das economias

de mercado. A moeda: evolução histórica, formas de moeda, instituições, sistema

monetário nacional e internacional, preços e inflação. Taxas de câmbio. O Balanço de

Pagamentos. Os Agregados macroeconômicos: renda, produto, investimento.

Produção e emprego nas economias de mercado. Concorrência perfeita e imperfeita.

Políticas econômicas. A Ciência Econômica focada em Microeconomia: Produção e

Custos. Teoria do Consumidor e Estrutura de Mercados.

Objetivos Específicos

Ao final da disciplina, você será capaz de:

Compreender o método empregado pelos pesquisadores no estudo dos fatos e

fenômenos econômicos ocorridos na economia de um país num determinado

período de tempo;

Propor medidas e soluções aos problemas correlatos à área;

Identificar as principais escolas e teóricos da história da evolução do

pensamento econômico;

Reconhecer o mecanismo de funcionamento do sistema financeiro;

Identificar os setores e elementos que compõem a estrutura do sistema

produtivo e que impactam na gestão das organizações;

Associar a história da origem e evolução da moeda com o atual sistema

financeiro e sua composição;

Compreender o funcionamento de um sistema de preços e sua influência na

alocação de recursos escassos.

Identificar o sistema de oferta e demanda, bem como o efeito das políticas

monetárias na economia de um país;

Identificar as causas e tipos de inflação no sistema e a forma de cálculo

empregada pelo setor público no país;

Apontar as variáveis que influenciam o nível de produção de uma firma nos

distintos mercados.

Page 4: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Determinar as variáveis macroeconômicas e como elas são medidas;

Correlacionar situações do cotidiano da gestão das empresas com o movimento

de mecanismo do mercado financeiro;

Resolver problemas do cotidiano das empresas na área no que tange ao

emprego de conceitos advindos da micro e macroeconomia.

CONTEÚDO

AULA 1 - A CIÊNCIA ECONÔMICA

1.1 A Economia e as Ciências Sociais

1.2 Definição

1.3 Objeto de Estudo

1.4 O Cerne do Problema

1.4.1 Primeiro problema – o que produzir e em quais quantidades?

1.4.2 Segundo problema – como produzir?

1.4.3 Terceiro problema – para quem produzir?

1.5 Conceitos Básicos

1.5.1 Necessidades humanas: a visão da economia

1.5.2 Divisão da economia

1.5.2.1 As tradicionais

1.5.2.2 Outra concepção

1.5.3 Utilidade

1.5.4 Bens econômicos

.

AULA 2 - SISTEMA ECONÔMICO

2.1 Organização da Atividade Econômica

2.2 Sistema Econômico – Uma Visão Geral

2.2.1 Definição de Sistema Econômico

2.2.2 Composição do Sistema Econômico

2.2.3 Agentes Econômicos: papel e funções

2.2.3.1 Agente econômico unidades familiares

2.2.3.1 Estudos do IBGE

Page 5: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

2.2.3.2 Agente econômico empresas

2.2.3.3 Agente econômico governo

2.2.4 Fluxos do Sistema Econômico

2.2.5 A Circulação no Sistema Econômico

2.2.6 Integração dos Agentes Econômicos

2.2.6.1 Influências da modernidade

2.2.6.2 Influências da modernidade

2.2.7 A Economia Solidária

.

AULA 3 - MOEDA E MERCADO FINANCEIRO

3.1 Moeda – O Lado Monetário da Economia

3.1.1 Breve histórico da moeda

3.2 Funções da Moeda

3.3 Tipos de Moeda Fiduciária

3.4 Oferta de Moeda

3.4.1 Teoria quantitativa da moeda

3.4.2 Oferta de moeda pelo banco central

3.5 O Papel dos Bancos e o Multiplicador Monetário

3.6 Sistema Financeiro Nacional

3.6.1 Composição do sistema financeiro nacional

3.6.2 Conselho monetário nacional

.

AULA 4 - NOÇÕES BÁSICAS DE ECONOMIA ABERTA

4.1 A Taxa de Câmbio

4.1.1 Os Movimentos do Câmbio e suas repercussões

4.2 A Taxa de Câmbio Real

4.3 Os Regimes Cambiais

4.3.1 O Câmbio Flutuante

4.3.2 O Câmbio Fixo

4.4 Balanço de Pagamentos

.

Page 6: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

AULA 5 – CUSTO DE VIDA E INFLAÇÃO

5.1 Introdução

5.2 Conceituação

5.3 Números-Índice: Os Medidores da Inflação

5.4 Como construir um Índice de Custo de Vida - ICV

5.4.1 Aplicações ICV

5.5 Consequências da Inflação

5.6 Tipos de Inflação

5.6.1 Inflação de demanda

5.6.2 Inflação de custos

5.7 Custo e Padrão de Vida, Consumo e Poupança

.

AULA 6 - AGREGADOS MACROECONÔMICOS

6.1 Introdução

6.1.1 Agregados macroeconômicos básicos

6.2 Produto

6.2.1 O cálculo do PIB

6.2.2 valor imputado

6.2.3 fluxo de estoque

6.3 Consumo

6.4 Renda

6.4.1 Fluxo circular da renda

6.4.2 Renda x produto

6.5 Poupança

6.6 Investimento

6.6.1 Medição do produto nacional e da renda nacional

6.6.2 O mercado como uma maneira de medir produção

6.7 Política Econômica do Estado

6.8 Política Monetária

6.9 Política Fiscal

.

Page 7: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

AULA 7 - INTRODUÇAO À MICROECONOMIA

7.1 Análise da Demanda de Mercado e seus Fundamentos

7.1.1 A questão da utilidade

7.2 Curva de Indiferença (CI)

7.2.1 Restrição orçamentária (RO)

7.3 Variáveis que Influenciam a Demanda

7.3.1 Variáveis e o cálculo da demanda

7.4 Elasticidade

7.4.1 Elasticidade-preço

7.4.2 Determinantes e a elasticidade

7.4.3 Oferta e custo marginal

7.4.4 Elasticidade de oferta

7.5 Utilidade Marginal

7.5.1 Redução da utilidade marginal

7.5.2 A maximização da utilidade por parte dos consumidores

.

AULA 8 - NOÇÕES DA TEORIA DA PRODUÇÃO E DA TEORIA DE CUSTOS

8.1 Teoria da Firma

8.2 Teoria da Produção

8.2.1 Conceitos básicos da teoria da produção

8.2.2 Fatores de produção

8.2.3 Função da produção

8.3 Conceitos Gerais da Produção

8.3.1 Hipótese de existência de fatores fixos na função da produção

8.4 Equilíbrio a Firma

8.4.1 Os custos de produção

8.4.2 A visão econômica e a visão contábil financeira dos custos

AULA 9 - MERCADO: OFERTA E PROCURA

9.1 Conceito e Estrutura

9.2 Componentes do Mercado

Page 8: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

9.2.1 A Demanda

9.2.2 A Oferta

9.2.3 O Equilíbrio do Mercado

9.2.4 Classificação da estrutura de mercado

9.3 Mercado e o Governo

9.4 O Mecanismo do Mercado

9.5 Estruturas Básicas do Mercado

9.5.1 Concorrência Perfeita

9.5.2 Monopólio

9.5.3 Oligopólios

9.5.4 Concorrência monopolística

.

AULA 01 DE ECONOMIA

CONTEÚDO DA AULA 01

AULA 1 - A CIÊNCIA ECONÔMICA

1.1 A Economia e as Ciências Sociais

1.2 Definição

1.3 Objeto de Estudo

1.4 O Cerne do Problema

1.4.1 Primeiro problema – o que produzir e em quais quantidades?

1.4.2 Segundo problema – como produzir?

1.4.3 Terceiro problema – para quem produzir?

1.5 Conceitos Básicos

1.5.1 Necessidades humanas: a visão da economia

1.5.2 Divisão da economia

1.5.2.1 As tradicionais

1.5.2.2 Outra concepção

1.5.3 Utilidade

1.5.4 Bens econômicos

.

Page 9: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Aula 01 – Economia – A ciência econômica

As grandes questões mundiais e locais sobre desemprego, preços, crescimento

econômico etc são afetas à disciplina que você inicia agora, que versa sobre a

economia. Durante as aulas, você estudará os conceitos, métodos e procedimentos

que constituem explicações e visões sobre aqueles temas e outros. Vamos iniciar a

primeira aula, mas antes faça uma reflexão sobre as questões que se seguem.

1. Você concorda com a opinião de alguns economistas de que o mercado é o

elemento responsável pela crise econômica?

2. Você acredita que o Estado seja capaz de garantir plenamente o bem estar da

sociedade?

3. Você acredita que o processo de globalização não traga benefícios aos países mais

pobres?

1.1 A ECONOMIA E AS CIÊNCIAS SOCIAIS

As Ciências Sociais envolvem um conjunto de aspectos do comportamento

humano, que abrange atividades diferentes para atender as necessidades das pessoas

nos relacionamentos e nas ações do homem na sociedade. E é neste campo do saber

que se inclui a Economia. Demarcamos, a seguir, os territórios do conhecimento das

Ciências Sociais para que você compreenda a interface da economia com as demais

áreas sociais. Para tanto, numa abordagem simplificada podemos descrever algumas

das outras Ciências Sociais da seguinte maneira:

Ciência Política - trata das relações entre a União, os Estados e

Municípios, das formas de governo e da administração dos negócios

públicos.

Sociologia - ocupa-se das relações sociais e culturais das pessoas e da

organização estrutural da sociedade.

Psicologia - preocupa-se com o comportamento e atitude das pessoas e

dos grupos sociais, o ser humano e suas dimensões afetivas e

Page 10: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

emocionais, a sua motivação, estímulos, processos de aprendizagem e

socialização.

Direito – define e fixa normas e regras com a objetividade moral do

comportamento e dos costumes e valores da sociedade.

Administração – a esta área, cabe o papel de planejar, coordenar,

acompanhar e avaliar a condução dos meios de produção, distribuição e

controle dos fatores produtivos.

À Economia - que, como as demais áreas, abrange apenas uma fração das ciências

sociais - compete o estudo da ação econômica do homem, envolvendo

essencialmente o processo de produção, circulação e distribuição da renda. (ROSSETI,

2003).

A importância da Economia na Administração está exatamente no usufruto de

seus conceitos e abstrações pelo administrador. Ao administrador cabe o papel de

atuar sobre os agentes econômicos (da ciência econômica) podendo corrigir, prevenir

e mesmo apresentar soluções aos problemas correlatos à área. A administração

desenvolve atividades no sentido de melhorar o emprego dos componentes

produtivos, visando o alcance da eficiência das atividades econômicas em benefício de

pessoas, organizações e nações.

1.2 DEFINIÇÃO

A expressão economia tem origem na palavra grega oikos, que significa casa,

fortuna, riqueza, e na palavra nomos (também grega), que quer dizer lei, regra ou

administração.

Até o ano de 1615, este conjunto de conhecimento era denominado

simplesmente de economia, nome ainda preferido. Neste mesmo ano, pela primeira

vez, usou-se um nome mais extenso: economia política. Foi o autor francês Antoine de

Montchrétien (1.575-1621) quem acrescentou a palavra política à expressão

economia, em seu célebre livro Traité de L’Économie Politique, no qual afirmou: a

ciência da aquisição da riqueza é comum ao Estado e à família.

Page 11: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Vejamos agora outras idéias para que você possa consolidar o conceito de Economia:

Economia é a ciência que estuda as relações humanas denominadas econômicas,

avaliáveis em moedas e tendo por fim um consumo.

É a ciência do abastecimento que trata da arte da aquisição – Aristóteles.

Economia pode ser entendida como sendo o processo que combina fatores de

produção* para criar bens e serviços.

*Fatores de produção

é o conjunto de bens (matéria-prima, material secundário), e serviços (mão-de-obra)

empregados na produção (insumos).

Modernamente, “define-se Economia como a ciência que estuda o emprego de

recursos escassos, entre usos alternativos, com o fim de obter os melhores resultados,

sejam na produção de bens, ou na prestação de serviços”. (SOUZA, 2003, p. 15).

Para Vasconcelos e Garcia (1999, p. 2):

Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a

sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos na

produção de bens e serviços de modo a distribuí-los entre as

várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as

necessidades humanas.

Com base nas definições acima temos a trilogia básica da Economia, como

observa-se no seguinte esquema:

Page 12: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

A definição etimológica do termo economia pode indicar desde a administração da

casa até o estudo da escassez de recursos. O nosso estudo visa compreender as

relações humanas denominadas econômicas, conforme abordado nos conceitos.

Após estas explicações, você já é capaz de identificar o objeto da Economia? O que

exatamente estuda a Ciência Econômica?

1.3 OBJETO DE ESTUDO

O objeto de estudo de uma área do conhecimento consiste em demonstrar o

que ela estuda, ou seja, qual o seu conteúdo ou teor. Pois bem, o objeto de estudo da

Economia está relacionado à investigação do comportamento humano quanto às

relações de custo, recursos, troca etc. Toda a ação humana que envolve a trilogia

produção, consumo e distribuição é uma atividade econômica. Por exemplo, a compra

de um quilo de carne por uma dona de casa.

A Economia é também o estudo de como as pessoas asseguram meios para sua

sobrevivência (alimentação, moradia, transporte etc.), focando nos problemas

enfrentados por estas pessoas e as maneiras como estes problemas são resolvidos. Em

resumo, o objeto da Economia decorre desse conceito, ou seja, das relações humanas

denominadas econômicas.

Ao longo dos estudos, você notará que as ferramentas que o homem utiliza

para produzir bens e serviços são denominadas fatores e classificadas

tradicionalmente em três categorias:

Recursos naturais

Trabalho

Capital

A essa classificação, que é antiga, pode-se acrescentar um outro fator da

contemporaneidade, a informação, que pode ser transformada em conhecimento.

Assim, a informação pode ser incorporada a essa lista, uma vez que o conhecimento é

um fator que modifica as relações econômicas. O estudo das ferramentas (fatores de

produção) e sua distribuição também fazem parte do objeto da Economia.

Page 13: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

1.4 O CERNE DO PROBLEMA

Os problemas da economia surgem em função da escassez de bens e serviços,

posto que a limitação de recursos produtivos provoca como conseqüência a limitação

da oferta de bens. A escassez, destaca o professor VASCONCELLOS, (2002, p.21) “surge

em virtude das necessidades humanas ilimitadas e da restrição física de recursos”.

Os problemas fundamentais da economia podem ser sumariamente dividido em três

aspectos:

O que produzir e em quais quantidades?

Como produzir?

Para quem produzir?

Passemos, agora, às considerações mais detalhadas sobre cada um desses aspectos.

1.4.1 Primeiro Problema - O que produzir e em quais quantidades?

Sabe-se que as organizações enfrentam ou se deparam com recursos

produtivos escassos (limitados), como mão-de-obra especializada, matérias-primas,

capital fixo, capital de giro e empresários dispostos a arriscar seus recursos no setor

produtivo. Por outro lado, também sabemos que as necessidades humanas são

ilimitadas. Diante deste cenário, é necessário que o administrador tome decisões

quanto a:

Qual será a composição de bens e serviços a ser produzida num dado período e

numa dada região?

Quais quantidades serão produzidas?

1.4.2 Segundo Problema - Como produzir?

Refere-se a definição de questões imprescindíveis para a produção, tais como:

Que tecnologias serão aplicadas na produção dos bens e serviços?

As tecnologias a serem empregadas estão à disposição ou é necessário

importá-las mediante o pagamento de direitos (royalties)?

Page 14: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

A decisão de como produzir implica em decidir a escolha de técnicas e a definição

de equipamentos, o que implica no envolvimento de recursos que são, na maioria das

vezes, limitados. Se existe abundância de mão-de-obra a custo barato, mas o custo do

capital é elevado, normalmente as empresas optarão a utilizar mais trabalho (L, de

labor) e menos capital (K). Nesse caso, a produção será mais manual e menos

mecanizada. Além disso, para descobrir novos produtos ou processos, as organizações

precisam investir em pesquisas e desenvolvimento.

1.4.3 Terceiro Problema - Para quem produzir?

O ponto de partida da decisão das empresas sobre para quem produzir está

diretamente ligado à expectativa de realizar lucro. Pautadas por esse objetivo, as

empresas decidem quais as camadas da população irão abastecer com bens e serviços,

com base na renda da população. Você como administrador certamente terá que

decidir para qual classe social e região territorial a sua empresa pretende atender com

a produção de bens e serviços.

1.5 CONCEITOS BÁSICOS

É importante para você, caro aluno, conhecer e entender alguns conceitos

básicos da área de economia que irão contribuir no melhor desempenho de suas

funções de administrador. Cinco desses conceitos são essenciais para darmos início ao

aprofundamento do tema. São eles:

Necessidade

Divisão da economia

Métodos econômicos

Utilidade

Bens econômicos

1.5.1 Necessidades humanas: A visão da Economia

Genericamente, pode-se definir necessidade como a sensação de falta ou

carência de determinado bem. O uso dos componentes que atendem às necessidades

constitui o que a economia denomina de consumo. Passando certo tempo, as

necessidades se renovam e passamos a necessitar de novos bens e serviços.

Page 15: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

As necessidades podem ser consideradas de três tipos:

Primárias - são as estritamente necessárias para a existência da

pessoa humana. Exemplo: alimentação, vestuário, transporte,

moradia, saúde, higiene, educação.

Secundárias - são as necessidades que se instalam para

determinadas pessoas em certo tempo e só são necessárias para

determinada pessoa. As necessidades secundárias decorrem de

nosso desejo, gostos e preferências. Um exemplo é fumar.

Coletivas - são aquelas que satisfazem as necessidades de

determinados grupos de pessoas por algum tempo e demandam

recursos e ações que ultrapassam as possibilidades de cada

indivíduo ou grupo de indivíduos. Alguns exemplos: religião,

segurança, esporte, escola, igreja, clubes.

1.5.2 Divisão da Economia

É de praxe na Economia desenvolvermos o seu estudo em diversos capítulos ou

unidades, do que trataremos aqui.

1.5.2.1 As tradicionais

A Economia possui uma lógica própria de mapeamento dos fenômenos econômicos

que se divide em quatro aspectos denominados divisão clássica da economia:

Produção

Repartição

Circulação

Consumo

Estes quatro fatores formam um ciclo de operação, conforme o seguinte esquema:

Page 16: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Reconhecendo a importância do ciclo de operação, o economista inglês James Mill

propôs, em 1821, sua divisão em quatro partes, cunhando o termo divisão

quadripartida. A divisão quadripartida foi seguida durante muito tempo, até o

desenvolvimento de novos estudos na área. Há divergência entre os autores quanto a

outros aspectos da questão, a saber:

quanto à denominação dos capítulos (partes) - alguns autores denominam o

segundo capítulo de Repartição, enquanto outros o chamam de Distribuição;

quanto à localização (ordem) dos capítulos - alguns autores afirmam que o

segundo capítulo deve ser a Circulação e o terceiro a Repartição.

Ainda hoje muitos economistas continuam dando preferência à divisão quadripartida.

Entretanto, alguns autores opinam que a divisão clássica é de três partes apenas:

produção, repartição (circulação) e consumo.

1.5.2.2 Outra concepção

Uma classificação importante é a apresentada pelo economista John Richard Hicks,

Prêmio de Ciências Econômicas em 1972, que aplica o conceito baseado numa

classificação moderna. Ele divide a Economia em três fases, que são a teoria

econômica, a estatística econômica e a economia aplicada ou descritiva. Vejamos a

seguir cada um dos conceitos:

Teoria Econômica - corresponde a um conjunto de conhecimentos sobre os fatos ou

fenômenos econômicos, ou seja, o comportamento da realidade. Os conhecimentos da

realidade (Economia Positiva) possibilitam nortear ou estabelecer as normas

(Economia Narrativa) da política econômica de um país. Os fatos ou fenômenos

Page 17: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

econômicos podem ser observados de dois ângulos diferentes, razão pela qual a teoria

econômica se classifica em microeconomia e macroeconomia.

Microeconomia - é o estudo da atividade econômica do

indivíduo ou da empresa (chamados agentes econômicos). Daí os

estudos da teoria do consumidor, da teoria da empresa, da

teoria da produção etc. A microeconomia analisa os fatos

econômicos com detalhes de forma micro. É um ramo da Ciência

econômica que estuda o comportamento das unidades de

consumo representados pelos indivíduos e pelas famílias; as

empresas e suas produções e custos; a produção e preços de

diversos bens, serviços e fatores produtivos. A análise

microeconômica, ou teoria de preços, como parte da Ciência

Econômica, preocupa-se explicar como se determina o preço dos

bens e serviços bem como os fatores de produção.

Macroeconomia - é o estudo da atividade econômica global de

todos os indivíduos e empresas (todos os agentes econômicos),

compreendendo os estudos dos agregados econômicos (a renda

nacional, o consumo, a poupança, e os investimentos globais) e

da teoria geral do equilíbrio e do desenvolvimento econômico.

Entende-se por agregados macroeconômicos as medidas-síntese

do resultado da atividade global do sistema econômico. Parte da

Ciência Econômica que focaliza os componentes do sistema

econômico como um todo tem como objetivo de estudo a

relação entre os grandes agregados estatísticos; a renda

nacional; o nível de emprego e dos preços; o consumo; a

poupança e os investimentos totais.

Estatística Econômica - entendida como manipulação dos dados

econômicos geralmente expressos em números. É o ramo que

lida com os dados numéricos relativos a fenômenos sociais ou

naturais, com o objetivo de medir ou estimar a expressão desses

Page 18: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

fenômenos e verificar suas inter-relações. Os métodos

estatísticos são necessários para permitir o estudo de fenômenos

numericamente extensos (fenômenos de massa), classificando e

abreviando os dados obtidos e procurando determinar a

existência de tendências características que se acentuam do

número de observações. Classifica-se em duas fases:

Coleta, seleção e exame dos dados econômicos para a

formação de um juízo.

Preparo complementar por estimativas, nos casos em que

muitos dados e informações não foram obtidos

satisfatoriamente na fase da coleta.

Economia Aplicada ou Descritiva - é também integrante da

chamada Economia Positiva, compreende os exemplos de fatos

ou fenômenos contemporâneos que esclarecem as perguntas ou

questões formuladas pelos economistas, formando, assim, o

conjunto de conhecimentos que constituem a Teoria Econômica.

A Economia Aplicada ou Descritiva trabalha com o emprego

pragmático do conhecimento das leis econômicas visando a

disciplinar e orientar a atividade produtiva. Enquanto a chamada

economia “pura” cuida da formulação conceitual abstrata da

realidade econômica, a Economia Aplicada tem a função

normativa de determinar alternativas, métodos e processos de

produção tanto a nível de empresa quanto ao da sociedade. Na

medida em que utiliza recursos técnicos para atender as

necessidades práticas do processo econômico, a Economia

Aplicada vai se especializando e se ramifica em Economia

industrial, Economia comercial, agrícola, financeira, com o

objetivo de especializar para racionalizar o processo de

produção, distribuição e consumo.

Page 19: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Antes de avançarmos por outras conceituações fundamentais da Economia, convém

frisar que ela deve ser considerada uma ciência unitária. Se fazemos tal divisão é

porque desejamos facilitar a compreensão de suas partes, sem o que a compreensão

do todo poderia tornar-se uma árdua tarefa.

1.5.3 Utilidade

Conceitua-se a utilidade em Economia como sendo a qualidade que têm as

coisas de corresponder às nossas necessidades. Para que alguma coisa nos satisfaça, é

preciso que preencha algumas condições, a saber:

Deve possuir a qualidade física exigida e necessária;

Deve estar no lugar e hora da necessidade;

Deve estar disponível no momento da necessidade;

Deve estar na posse de quem os necessita.

Tomemos como exemplo de utilidade o automóvel: ele só é útil se no momento

que a pessoa precisa se deslocar de um lugar para outro ele estiver à sua disposição.

1.5.4 Bens Econômicos

São todos os bens produzidos pelo homem com finalidade de satisfazer

necessidades. Chamam-se bens toda a coisa útil capaz e própria para satisfazer

mediata ou imediatamente as necessidades do homem. Para existir um bem

econômico, também se faz necessário que algumas condições estejam dadas. São elas:

Necessidade;

Ligação entre a necessidade e o bem (a coisa);

Possibilidade de aplicação do bem para satisfazer a necessidade;

Limitação da quantidade do bem em relação à necessidade.

É importante destacar, para não pairar dúvidas, que nem todo bem é um bem

econômico. Que bens são esses? Por que não podemos dizer que são econômicos? E,

se não são econômicos, de que tipo eles são? Eles interferem de algum modo na

economia? Se isto aguçou sua curiosidade, que tal pesquisar sobre este assunto em

sites que tratam de economia?

Page 20: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

CONCLUINDO

Nesta primeira aula, abordamos temas que dão uma visão fundamental do

que trata a Economia e que serão de muita importância em sua formação e atuação

como administrador:

Iniciamos com a contextualização da Economia no grande campo das Ciências

Sociais, onde também se insere a administração.

Passamos pelos problemas fundamentais da Economia (o que, como e para

quem produzir).

Tratamos de alguns conceitos básicos empregados na Economia.

Também discutimos a noção de divisão da Economia, enfocando as distintas

concepções dos autores.

Vimos os métodos empregados no estudo da Ciência Econômica (dedutivo,

indutivo, misto etc.).

Enfocamos o conceito de utilidade e bens econômicos.

.

Exercícios

Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as

atividades na plataforma de ensino.

.

AULA 02 DE ECONOMIA

CONTEÚDO DA AULA 02

AULA 2 - SISTEMA ECONÔMICO

2.1 Organização da Atividade Econômica

2.2 Sistema Econômico – Uma Visão Geral

2.2.1 Definição de Sistema Econômico

2.2.2 Composição do Sistema Econômico

2.2.3 Agentes Econômicos: papel e funções

2.2.3.1 Agente econômico unidades familiares

2.2.3.1 Estudos do IBGE

2.2.3.2 Agente econômico empresas

Page 21: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

2.2.3.3 Agente econômico governo

2.2.4 Fluxos do Sistema Econômico

2.2.5 A Circulação no Sistema Econômico

2.2.6 Integração dos Agentes Econômicos

2.2.6.1 Influências da modernidade

2.2.6.2 Influências da modernidade

2.2.7 A Economia Solidária

Aula 02 – Economia – Sistema Econômico

A gestão das organizações exige múltiplas habilidades dos administradores. Essas

habilidades são constituídas com base no conhecimento interdisciplinar e

especializado das áreas do saber, donde se presume que compete ao administrador

desenvolver idéias, princípios e conceitos sobre o funcionamento e a composição do

sistema econômico.

E falar de sistema econômico significa falar também de seus agentes. Compreender o

papel dos agentes econômicos é muito importante para o profissional que tem a

responsabilidade de gerir uma determinada organização. Tema que será aprofundado

nesta aula, onde também iremos descrever como se realizam a qualificação dos

sistemas econômicos e o fluxo e a circulação do sistema produtivo de uma economia.

Nesta reflexão de início de aula, porém, vamos apresentar uma outra forma de

interpretação do papel da economia na sociedade, a fim de contribuir para a

ampliação de seus conhecimentos sobre um mesmo assunto. Leia o texto a seguir e

reflita sobre os princípios da Economia Solidária comparando com a visão tradicional

da Economia.

2.1 ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA

As questões-chave da economia existem desde que as pessoas passaram a

permanecer em lugar fixo, evitando a vida nômade e formando agrupamentos

(cidades, sociedades), trabalhando no cultivo do terra (colheita, e criação de

rebanhos), gerando rendimentos com atividades artesanais e prestação de serviços. É

a partir de tais condições que vão surgir questões relativas a:

Page 22: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Utilização dos recursos;

Escolha do que produzir;

Distribuição dos produtos decorrentes da produção;

Organização da vida econômica em sociedade.

Na administração do processo produtivo em escala* global ou macroeconômica

encontramos duas questões-chave:

Eficiência produtiva - diz respeito ao aproveitamento correto

dos insumos de produção (recursos).

Eficácia alocativa - diz respeito a uma combinação adequada da

produção final de produtos gerados, com o objetivo de

satisfazer, simultaneamente, as necessidades de consumo e as

exigências do processo de acumulação da sociedade.

*Escala: aumento nos custos unitários dos produtos de uma empresa que atua

segundo os princípios de uma economia de escala. Escala significa também

quantidade global.

Ainda há outras duas questões-chave também importantes:

Justiça distributiva - diz respeito aos mecanismos de distribuição

da produção.

Ordenamento institucional - que significa a definição das regras

política, econômica e social que resultam em: eficiência, eficácia

e justiça. (ROSSETTI, 2003).

Para melhor entender estas questões-chave, é necessário considerarmos a

constituição do sistema produtivo (econômico) como um todo. Comecemos por

descrever o panorama geral deste sistema.

2.2 SISTEMA ECONÔMICO – UMA VISÃO GERAL

Page 23: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Visto de forma geral, o sistema econômico é composto por um conjunto de três

elementos:

Estoque de fatores de produção - constitui a própria base da atividade

econômica e condiciona a existência e as dimensões do sistema de produção.

Sua qualificação e combinação determinam a eficiência. As definições sobre os

produtos finais deles decorrem dos padrões de eficácia do sistema como um

todo.

Interação entre os agentes econômicos - As formas de emprego dos recursos,

a sua destinação e a definição dos produtos são determinadas pelos agentes

econômicos, a saber, as unidades familiares, empresas e governo. Tal relação

entre os três grupos pode se dar de forma direta ou indireta nas transações.

Adiante, discutiremos em profundidade e amplitude o conceito de agentes

econômicos.

Complexo de instituições - Os agentes econômicos definem e mobilizam os

recursos necessários para a produção dos bens associados às diferentes

categorias de renda da população. Os agentes agem de acordo com um

complexo de instituições que dá respaldo e forma às suas intenções. As

instituições (onde são organizados os fatores de produção) são também

denominadas unidades produtoras.

As relações estabelecidas entre os agentes econômicos no sistema são definidas pelo

conjunto de instituições. As instituições têm papel e função importantes no sistema:

regulamentação das transações dos agentes econômicos.

Esse sistema poderia ser representado da seguinte maneira:

Page 24: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

2.2.1 Definição de Sistema Econômico

A partir desta discussão, como você definiria o sistema econômico? Relembre

os princípios da teoria geral dos sistemas e os aplique na construção da definição desta

terminologia, com o que queremos contribuir com a seguinte descrição.

Uma outra definição é:

O sistema econômico é a forma como a sociedade está organizada para desenvolver

as atividades econômicas de produção, circulação, distribuição e consumo de bens e

serviços. Mas para que esses fatores façam parte do processo produtivo, eles

precisam estar organizados de tal forma que a sua combinação resulte em algum bem

Page 25: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

ou serviço (lembra-se da aula 1?). Vejamos, pois, como se dá tal composição.

2.2.2 Composição do Sistema Econômico

No sistema econômico de um país ou nação, encontramos um grande e

diversificado número de unidades produtoras, cada uma delas organizando os fatores

da produção para obtenção de um produto ou prestação de um serviço.

É possível classificar essas unidades produtoras de acordo com as

características fundamentais de sua produção, o que nos leva aos três setores básicos

do sistema econômico: primário, secundário e terciário. Vejamos:

SETORES BÁSICOS DO SISTEMA ECONÔMICO

TIPO DEFINIÇÃO EXEMPLOS

Setor primário Constituído pelas unidades

produtoras que utilizam

intensamente os recursos

naturais, sem

transformações

substanciais em seus

produtos.

Atividades rurais, extração

e agropecuária.

Setor secundário Constituído pelas unidades

produtoras dedicadas às

atividades industriais,

através dos quais os bens

são transformados.

Indústrias.

Setor terciário Este se diferencia dos

outros pelo fato de seu

produto não ser tangível,

concreto, embora de

grande importância no

sistema econômico. É

Inclui as ocupações de

comércio, corretagem de

valores, seguro,

transportes, serviços de

consultoria, turismo,

intermediação financeira,

Page 26: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

também chamado setor de

serviços exatamente por

atuar neste segmento.

atividades bancárias etc.

Os três setores da composição do sistema econômico - primário, secundário e terciário

- podem ser descritos de forma um pouco diferente a partir da atuação de cada agente

econômico, sobre o que falaremos agora.

2.2.3 Agentes Econômicos: papel e funções

O sistema econômico também pode ser descrito pela ótica dos agentes, o que

significa dizer que o que se observa é a relação e interação entre três grupos: as

unidades familiares, empresas, governo. Tal observação pode se dar de forma direta

ou indireta nas transações. Vejamos como cada um dos grupos é descrito.

2.2.3.1 Agente econômico unidades familiares

Entende-se como unidade familiar todos os tipos de unidades domésticas,

unipessoais ou familiares, com ou sem parentesco. As unidades familiares podem ser

abordadas por dois ângulos. De um lado temos que as famílias incluem todos os

indivíduos e unidades familiares da economia que, no papel de consumidores,

adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços objetivando o atendimento de suas

necessidades de consumo. De outro lado, as famílias, na condição de proprietárias dos

recursos produtivos, fornecem às organizações os diversos fatores de produção de que

elas necessitam para viabilizar sua produção: trabalho, terra, capital, capacidade

empresarial, capacidade intelectual.

Para ampliarmos os nossos conhecimentos sobre o conceito de unidades familiares

aplicado à agricultura, apresentamos um trecho do texto Unidades familiares de

Page 27: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

produção: uma indagação teórica, de Lyz Elizabeth Amorim Melo Duarte*:

Uma grande massa de lavradores que conta exclusivamente com o trabalho da

família... corresponde a mais de 70% das unidades de produção existentes... “Em 1970

havia mais de 14 milhões de trabalhadores nessas condições, além de 200 mil

indígenas, contados recentemente pelo CIMI”. Trabalhos mais recentes mostram a

persistência das unidades familiares. Dados da FAO/INCRA (Organização das Nações

Unidas para a Agricultura e Alimentação - Instituto Nacional de Colonização e Reforma

Agrária), de 1996, constatam que, dos 5.801.809 estabelecimentos agropecuários

brasileiros, 4.330.053 são do tipo familiar. Unidades que têm a família na direção,

organização e execução dos trabalhos têm presença importante também nos países

mais desenvolvidos. “(...) é fundamentalmente sobre a base de unidades familiares de

produção que se constitui a imensa prosperidade que marca a produção de alimentos

e fibras das nações mais desenvolvidas”.

Texto extraído do site

http://www.fagro.edu.uy/investigacion/GTI/docs/AgFliarConc.pdf - em 08/02/2006.

A qualificação econômica das unidades familiares resulta de características

fundamentais, tais como:

Propriedade dos meios de produção;

Disponibilização de mão-de-obra para o capital;

Apropriação de diferentes categorias de rendas;

Poder de decisão de como, quando, onde e em que o resultado das rendas

(receitas) é gasto ou aplicado.

Portanto, a capacidade de escolha das unidades familiares constitui um dos mais

importantes atributos de um sistema econômico. O desempenho econômico como um

todo depende e está fortemente influenciado pelas decisões independentes dessas

unidades familiares.

2.2.3.1.1 Estudos do IBGE

Page 28: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Visando mensurar as estruturas de consumo, gastos e rendimentos das

famílias, o IBGE realiza o projeto Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF. Além das

informações referentes à estrutura orçamentária das famílias, várias características

associadas às despesas e rendimentos dos domicílios e famílias são investigadas,

viabilizando o desenvolvimento de estudos sobre a composição dos gastos das

famílias.

A investigação é feita segundo as classes de rendimentos, as disparidades

regionais e entre as áreas urbana e rural, a extensão do endividamento familiar, a

difusão e o volume das transferências entre as diferentes classes de renda e a

dimensão do mercado consumidor para grupos de produtos e serviços. Com isso,

amplia-se o potencial de utilização dos resultados encontrados pelo Instituto.

Esses dados possibilitam traçar um perfil das condições de vida da população

brasileira a partir da análise de seus orçamentos domésticos que se subdividem em

vários aspectos. Veja, a seguir, uma demonstração de tal estudo, com resultados do

IBGE relativos a 2001.

As unidades familiares têm rendimentos ou receitas advindas das seguintes operações:

rendimento do trabalho; Transferências; Rendimentos de aluguel; Rendimentos de

aplicações financeiras; Outras categorias. Veja a representação no gráfico:

Ainda segundo o IBGE as unidades familiares aplicam os rendimentos da seguinte

forma:

Page 29: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Dispêndios correntes de consumo = 71,15%

Outros dispêndios correntes = 9,82%

Aumentos de ativos = 17,17%

Diminuição de passivos = 1,86%

Fonte: IBGE, Rio de Janeiro, 2001.

A organização do sistema econômico de uma sociedade (país, nação) tem como

direção ou destino atender às unidades familiares, pois são essas que compõem o

consumo e fazem parte do processo produtivo.

2.2.3.2 Agente econômico empresas

Empresas são agentes econômicos que aplicam os fatores de produção

disponíveis. Seu objetivo é combinar os fatores para a geração de bens e serviço a fim

de atender as necessidades de consumo da sociedade. Em SANDRONI (1989, p. 101),

encontramos um significativo diferencial do conceito de empresa: “organização

destinada à produção e/ou comercialização de bens e serviços, tendo como objetivo o

lucro*”.

*Lucro é a diferença positiva (maior) entre a receita total menos o custo total.

Page 30: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

O conjunto de empresas que compõem o aparelho produtivo (produção) é

heterogêneo sob diversos aspectos: tamanho, forma jurídica (limitadas por quotas,

sociedade por ações, empresas individuais), origem, controle, forma de administração,

natureza dos produtos e outros. Em função do tipo de produção, distinguem-se quatro

categorias de empresas com características próprias de funcionamento:

Agrícola;

industrial;

comercial;

financeira.

Uma empresa pode ser organizada de várias formas, dependendo da maneira como o

capital se divide entre os proprietários.

2.2.3.3 Agente econômico governo

O governo participa como agente econômico devido às particularidades que

envolvem suas ações econômicas. Segundo Edy e Peacock (1963, apud ROSSETTI,

2003), governo é:

Um agente coletivo que contrata diretamente o trabalho de

unidades familiares e que adquire uma parcela da produção

das empresas para proporcionar bens e serviços úteis à

sociedade como um todo.

O governo como componente e agente econômico participa direta ou

indiretamente do sistema econômico. Diretamente, quando adquire bens e serviços

produzidos pelas empresas e também quando adquire os serviços das famílias.

Indiretamente, quando estabelece políticas visando o incentivo ou a regulamentação

da produção de determinados bens ou serviços em determinados setores do sistema

produtivo.

A principal função do governo como agente econômico no sistema é controlar e

direcionar os meios de produção, através de políticas, visando a satisfação das

necessidades das pessoas na sociedade.

Page 31: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

2.2.4 Fluxos do Sistema Econômico

Existem dois fluxos num sistema econômico:

Fluxo real - formado pelos bens e serviços produzidos no sistema econômico;

também recebe o nome de produto.

Fluxo nominal ou monetário - formado pelo pagamento que os fatores de

produção recebem durante o processo produtivo; também denominado renda.

Atenção!

O fluxo real constitui a oferta de bens e serviços.

O fluxo nominal ou monetário constitui a demanda (procura) e possibilita o consumo

(demanda).

A transformação da matéria-prima em produto acabado está no fluxo real, ou

seja, ela transforma no setor secundário os bens do setor primário. Por exemplo,

quando a indústria de móveis de madeira transforma a madeira em um móvel

utilitário. Já no momento em que ocorre uma venda e o respectivo recebimento do

pagamento em dinheiro, esse fato econômico faz parte do fluxo nominal.

Os fluxos monetário e real do sistema econômico e a formação do mercado

podem ser sintetizados no esquema a seguir:

Page 32: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Então, aluno, por tudo que você pôde observar até aqui, o que são o fluxo real, o fluxo

monetário e o mercado num sistema econômico? Como descrevê-los?

2.2.5 A Circulação no Sistema Econômico

O fluxo real, o fluxo monetário e o mercado são os elementos fundamentais do

sistema econômico. O funcionamento desse sistema se caracteriza pelo permanente

trânsito dos fluxos real e monetário, tanto no sentido do mercado como no sentido

contrário. A circulação corresponde a esses fenômenos do sistema.

Essa idéia de circulação no sistema econômico amplia-se com um outro

conceito, o de sistema econômico fechado. O sistema econômico fechado é aquele

que não mantém relações econômicas com outros sistemas. Nesse sistema econômico,

todos os bens e serviços de consumo da produção das empresas são vendidos, não

havendo formação de estoque. Dessa forma, o nosso sistema econômico será formado

pelas empresas e pelas famílias.

Outras reflexões podem ser feitas no estudo do sistema econômico em termos

dessas duas entidades econômicas: família e empresas.

Como estabelecer as interfaces e articulações entre família e empresa?

Vejamos a seguinte situação: o aparelho produtivo contrata, junto às famílias,

os fatores de produção (trabalho, capital etc.), originando-se aí o fluxo monetário. Por

outro lado, o aparelho produtivo organiza os fatores de produção de que agora dispõe

e estabelece o fluxo real, que equivale à oferta de bens e de serviços produzidos. Esses

dois fluxos se encontram no mercado, onde as famílias trocam sua renda (ou fluxo

monetário) pelo produto (fluxo real) para satisfazer suas necessidades.

No mercado os fluxos trocam de mãos: o fluxo real passa para as mãos das

famílias, onde será consumido (pois se trata de bens e serviços), enquanto o fluxo

nominal passa para as mãos do aparelho produtivo, como pagamento pelos bens e

serviços vendidos.

É importante observar que, na realidade, os fluxos monetário e real estão, ao mesmo

tempo, com as famílias e empresários e no mercado, não sendo necessário haver uma

Page 33: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

volta completa para que o ciclo se reinicie.

2.2.5.1 O processo de circulação

Essa movimentação dos fluxos é o processo de circulação do sistema

econômico, imprescindível para que o sistema econômico cumpra o seu papel de

produzir bens e serviços, fazendo-os chegar às pessoas para satisfazer suas

necessidades. Uma representação de tal processo você pode conferir no seguinte

esquema:

Como você pode observar, o sentido horário é o fluxo real, ou seja, de bens e serviços.

Já no sentido anti-horário, circula o fluxo nominal ou monetário.

2.2.5.2 Ramificações

Para melhor entender o funcionamento do sistema econômico, é importante

um estudo mais detalhado da teoria econômica, naqueles que são seus dois ramos

básicos: a microeconomia e a macroeconomia.

Microeconomia - estuda os elementos mais simples do sistema

econômico, como o consumidor individual, focando como o

Page 34: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

consumidor gasta a sua renda, de forma a ter o maior grau de

satisfação possível. Outro exemplo de elemento simples é a

unidade produtora tomada isoladamente, a qual chamamos de

empresa, quando o que está em estudo é a forma como a

empresa emprega os fatores de produção para obter o maior

lucro possível.

Macroeconomia - preocupa-se em estudar o conjunto dos

consumidores de uma sociedade, assim como o conjunto de

empresas dessa mesma sociedade. Seu interesse é determinar os

fatores que influenciam o nível total de renda e do produto do

sistema econômico.

No esquema a seguir, pode-se melhor visualizar a divisão da teoria econômica e o

objeto de estudo de cada um de seus ramos.

Uma ressalva fundamental: macroeconomia e microeconomia são princípios que não

se excluem, antes o contrário: são idéias complementares e intrínsecas.

2.2.6 Integração dos Agentes Econômicos

Page 35: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Caro aluno, com relação à integração dos agentes econômicos, é muito

importante você perceber que os meios e os mecanismos para tal integração derivam

de dois fatores fundamentais:

A diversidade das necessidades humanas;

A diversidade de capacitação das pessoas e nações, o que conduz à

especialização e à divisão social do trabalho.

Desde tempos imemoriais, as necessidades dos homens já eram diversificadas. O

aumento demográfico e a necessidade de proteção provocaram a mudança da vida

nômade para formas sedentárias de organização social, o que exigiu a diversificação de

bens e serviços: produtos destinados à alimentação, vestuário e proteção. O volume

das necessidades decorrentes desse processo exigia capacitações diferenciadas.

Surgiram, assim, três importantes fatores de contribuição ao progresso econômico:

Divisão do trabalho;

especialização;

trocas.

O processo de interação dos agentes econômicos se dá por meio desse trinômio

(divisão do trabalho, especialização e trocas). Esse processo fundamentou-se em pelo

menos dois visíveis benefícios, ambos decorrentes do princípio das vantagens

comparativas*:

Maior eficiência;

ganho de escala.

* Vantagens comparativas: custos comparativo, conceito de custos introduzido em

teoria do comércio exterior por David Ricardo em 1817, A vantagem comparativa

ocorre quando dois países produzem um determinado produto e um país consegue

produzir o produto com um custo menor.

Page 36: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

À medida que a divisão do trabalho e a especialização se generalizam e se

consolidam, as operações produtivas se tornam mais eficientes explorando vantagens

comparativas comprovadas.

2.2.6.1 Influências da modernidade

Após a revolução científica e industrial dos séculos XVIII e XIX, essas práticas

(divisão do trabalho e especialização) vão levar ao aumento da capacidade produtiva,

fomentando a rede de troca entre as nações. Esse fenômeno vai resultar no

desaparecimento gradativo do sistema fundamentado na auto-suficiência.

A intensificação industrial, impulsionada com a divisão do trabalho e a

especialização, contribui para a maior eficiência, e então, novos ganhos de escala têm

sido possíveis (ROSSETTI, 2003). Nessa perspectiva, o ganho na produtividade

decorrente do ganho de escala* (custo) - que provoca redução de custos - é um dos

fatores que contribui para a integração dos agentes econômicos.

*Ganho de escala é a redução de seu custo em função de um aumento na produção

decorrentes de aumento de produtividade, provocando o ganha de escala da

empresa.

2.2.6.2 Influências da modernidade

Nas três últimas décadas do século XX e no prelúdio do século XXI, quando se

intensifica o uso de tecnologias da informação. Como uma das conseqüências na

economia, é possível observar que a necessidade de consumo das pessoas tem sofrido

alterações, tornando-se cada dia mais efêmera. Os produtos exigidos nesse novo

período são artigos descartáveis e de produtos personalizados.

Para as indústrias responderem a essa nova exigência no padrão de consumo

ao mesmo tempo em que fazem a integração com os demais agentes econômicos, elas

precisam produzir produtos diversificados, seguindo um processo diferente de

produção daqueles de produção em série ou contínua. Para a empresa responder a

Page 37: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

esse novo desafio precisa aderir a um novo conceito que surge, denominado de

customização*.

*Customização: redução dos custo pela diversificação da produção com a mesma

estrutura física.

A identificação dos setores que compõem a estrutura de produção do sistema

produtivo nas economias nacionais e a posterior esquematização das inter-relações

entre os agentes econômicos são um fator importante para os governantes das

nações. É através dessa esquematização que a contabilidade nacional trabalha.

O aparelho de produção do sistema econômico pode ser apresentado de forma

esquemática, como demonstrado a seguir:

Você observou que esse esquema agrega os vários elementos da economia que

estudamos até agora segundo os padrões de classificação sugeridos pelas Nações

Unidas?

Vale destacar, porém, que o agrupamento básico demonstrado no esquema pode ser

representado por outros elementos. Os agrupamentos são, geralmente, influenciados

pelo grau de diversificação industrial da economia e pelos diferentes sistemas

nacionais de estatísticas econômicas, a partir dos quais se processam os registros e as

Page 38: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

contabilizações das diferentes categorias de transações integrantes dos Sistemas de

Contas Nacionais.

Nos agrupamentos básicos mais representativos da sociedade, mesmo que em uma

versão simplificada e preliminar do sistema, é fundamental identificar os principais

setores de produção, bem como os resultados de suas atividades operacionais,

segundo os tipos e a destinação dos bens e serviços que fornecem.

2.2.7 A Economia Solidária

A economia solidária representa uma forma de organizacao da atividade

econômica focada na valorização do ser humano, ao contrário do capitalismo que está

centrado na acumulação do capital. Baseado em conceitos socialistas, seu

funcionamento obedece a principios relacionados ao associativismo e ao

cooperativismo, voltando a produção, consumo e comercialização das mercadorias e

serviços entre os seus próprios membros participantes. Cabe descatar que neste

modelo econômico, os seus participantes primam pela igualdade entre os seus

membros e na autonomia de cada unidade ou empreendimento em relação aos

demais.

A gestão das organizações exige múltiplas habilidades dos administradores.

Essas habilidades são constituídas com base no conhecimento interdisciplinar e

especializado das áreas do saber e conhecimento, donde se presume que compete ao

administrador desenvolver idéias, princípios e conceitos sobre o funcionamento e a

composição do sistema econômico.

E falar de sistema econômico significa falar também de seus agentes.

Compreender o papel dos agentes econômicos é muito importante para o profissional

que tem a responsabilidade de gerir uma determinada organização. Leia o texto a

seguir e reflita sobre os princípios da Economia Solidária comparando com a visão

tradicional da Economia.

Economia Solidária - Arno Rochol Fevereiro de 2004

Page 39: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

O que é Economia Solidária?

Você já ouviu falar de capitalismo, globalização, neoliberalismo e trabalho

escravo, não é mesmo? São termos que dizem respeito à produção, distribuição, ao

comércio e consumo de bens e serviços, ou seja, à economia. A teoria econômica

tradicional, porém, não aborda aspectos relevantes, como os morais e os ambientais.

Ou seja, ela não leva em conta se um produto ou um serviço está sendo produzido ou

efetuado por uma empresa que explora seus trabalhadores ou destrói o equilíbrio

ecológico da região.

A Economia Solidária é diferente. Ela é a prática do consumo, comércio,

produção e crédito justos e solidários, visando construir uma nova sociedade, mais

justa e ecologicamente equilibrada.

Ela fomenta o bem viver de todos. É um projeto de desenvolvimento, que

promove as pessoas e a coletividade como sujeitos, e não como objetos da atividade

econômica. Seus valores centrais são o trabalho, o saber e a criatividade, e não o

capital e a propriedade. Usam-se diversos nomes para descrever a nova ciência:

Economia Solidária, Economia Social, Socioeconomia Solidária, Humanoeconomia,

Economia Popular, Economia de Proximidade etc.

*Extraído do site: http://www.dedbrasil.org.br/body_bibliot.htm em 08/02/06.

.

CONCLUINDO

Como vimos nesta aula, a organização da atividade econômica tem como objetivo

responder às questões chaves da disciplina: o que; como; para quê.

Vimos também os elementos do sistema econômico, a sua forma de composição, a

circulação, os fluxos e a integração na contabilidade nacional.

Na próxima aula, vamos tratar dos procedimentos de mensuração da atividade

econômica, visto que o diagnóstico desta atividade subsidia diretamente os processos

de decisão da área.

.

Exercícios

Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as

Page 40: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

atividades na plataforma de ensino.

.

AULA 03 DE ECONOMIA

CONTEÚDO DA AULA 03

AULA 3 - MOEDA E MERCADO FINANCEIRO

3.1 Moeda – O Lado Monetário da Economia

3.1.1 Breve histórico da moeda

3.2 Funções da Moeda

3.3 Tipos de Moeda Fiduciária

3.4 Oferta de Moeda

3.4.1 Teoria quantitativa da moeda

3.4.2 Oferta de moeda pelo banco central

3.5 O Papel dos Bancos e o Multiplicador Monetário

3.6 Sistema Financeiro Nacional

3.6.1 Composição do sistema financeiro nacional

3.6.2 Conselho monetário nacional

.

Aula 03 - Moeda e Mercado Financeiro

Hoje, todos que querem discutir os rumos do Brasil começam pelo tema

política econômica e monetária e os modos de mudá-la. A economia por sua

linguagem própria se mostra como um mundo distante, um território de difícil acesso

ao leigo, exclusivo do saber profissional. O nosso objetivo nessa disciplina é tornar esse

conhecimento acessível a você, futuro administrador. Então para começar, reflita

sobre a pergunta:

De que forma a decisão do Banco Central de cortar os juros básicos da economia pode

mexer com o seu dia-a-dia?

A taxa de juros tem despertado discussões acaloradas entre especialistas da

área, representantes dos setores público e privado e até mesmo entre a maioria de

Page 41: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

leigos. No Brasil, a definição da taxa de juros básica da economia brasileira (a Selic)

acaba mexendo com a vida e as expectativas de toda a população. Por quê?

Apesar de parecer um assunto muito complexo - esperamos que possa ao longo

desta unidade construir noções sobre o funcionamento do sistema nacional financeiro

e compreender como este afeta o seu dia-a-dia.

Após o conhecimento sobre a mensuração da atividade econômica, assunto

muito importante para você, administrador, e tratado na aula 6, vamos adentrar em

assuntos relacionados à moeda e ao mercado financeiro. Sabemos que a moeda é o

meio que facilita as transações econômicas entre os agentes e aproxima os

componentes do sistema produtivo (empresas e famílias), além de ser também o

instrumento que possibilita a efetivação das trocas utilizando um elemento comum.

Por essa razão é importante o estudo dessa aula que tratará de conceitos, evolução

histórica, tipos de moedas, a teoria quantitativa da moeda, a oferta e funções

desempenhadas, sistema financeiro, sua composição.

3.1 MOEDA – O LADO MONETÁRIO DA ECONOMIA

Para Vasconcellos (2002, p. 293) a moeda “pode ser conceituada como um

objeto de aceitação geral, utilizado na troca de bens e serviços, que tem poder

liberatório instantâneo. Sua aceitação é garantida por lei”. Moeda, símbolo de valor, é

a mais antiga representação do dinheiro, em muitos casos usada como sinônimo.

Moeda

É um instrumento de troca que tem a capacidade de transformar bens heterogêneos

em homogêneos, ou seja, imputar valor a bens desiguais através de uma mesma

unidade.

3.1.1 Breve Histórico da Moeda

A moeda como hoje a conhecemos é resultado de uma longa evolução. No

início, não havia moeda, praticava-se o escambo, simples troca, sem equivalência de

valor. As mercadorias usadas no escambo se apresentavam em estado natural,

variando conforme as condições de meio ambiente e as atividades desenvolvidas pelo

Page 42: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

grupo. Algumas mercadorias, por sua utilidade, passaram a ser mais procuradas do que

outras e, aceita por todos, assumiam a função da moeda, circulando como elemento

trocado por outros produtos e servindo para avaliar-lhes o valor. Eram as denominadas

moedas-mercadorias. Diversas foram as mercadorias utilizadas nas trocas, entre elas

destacamos as seguintes: o gado bovino, o sal, o cauri, o pau-brasil, o tabaco, o açúcar,

o cacau, o pano trocado principalmente no estado do Maranhão etc.

Os primeiros registros do uso de moeda datam do século VII a.C., quando já

eram cunhadas na Lídia, reino da Ásia Menor e também no Peloponeso, ao sul da

Grécia. Na verdade, sua história coincide com a descoberta do uso dos metais e o

domínio das técnicas de mineração e fundição. Na Antigüidade, as pessoas usavam os

próprios bens que produziam para comprar outros bens ou para saldar as dívidas. Esse

era o sistema de trocas, mais conhecido como escambo. Os produtos mais comuns na

base da troca eram: gado, fumo, peles, couro, ferro, prata, diamante, ouro e sal, esse

último deu origem ao termo salário.

Com a evolução da economia de escambo, surgiu a moeda mercadoria, quando

passou a haver separação dos atos de vender e comprar. A moeda mercadoria podia

ser guardada e usada posteriormente no momento de necessidade. Nessa fase as

trocas ficaram fáceis de serem executadas, porque as transações de compra e venda

podiam ser executadas independente do comprador ter o bem que interessasse ao

vendedor e vice e versa.

Em português, encontra-se referência à palavra moedeira - originada do latim

monetarius, o fabricante de moedas - desde o século XIV. A introdução da moeda

(Origem e evolução da moeda) nas transações comerciais foi uma inovação que

revolucionou as relações econômicas.

3.2 FUNÇÕES DA MOEDA

A moeda desempenha um conjunto de funções importantes nas relações

econômicas. Destacamos algumas, a saber:

Meio ou instrumento de troca – numa economia em que a base é a especialização e

divisão do trabalho, é de extrema importância que exista um meio que facilite as

Page 43: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

transações, as trocas de mercadorias. A não existência da moeda obrigaria a troca de

bem com bem (o denominado escambo). Isso tornaria difícil encontrar comprador e

vendedor interessado nos mesmos bens.

Unidade de medida – a moeda é um termo que consegue efetuar uma medida de

valor para um bem, ou seja, consegue unificar bens heterogêneos em bens

homogêneos. A unidade de medida determinada pela moeda é um facilitador para a

ocorrência das transações econômicas.

Reserva de valor – a moeda representa um direito que seu proprietário tem sobre

outras mercadorias. Ela pode ser guardada e utilizada no momento oportuno, na hora

da necessidade.

3.3 TIPOS DE MOEDA FIDUCIÁRIA

De acordo com Souza (2003), os banqueiros perceberam que os recibos de

depósitos circulavam entre o público, sem que os depósitos fossem tocados. Os

recibos que circulavam como moeda tinham um depósito correspondente ao total do

valor de face. Com o passar dos anos, os bancos começaram a emitir bilhetes,

independente do recebimento de depósitos: nascia a moeda fiduciária. Nas modernas

economias de hoje em dia, a moeda fiduciária constitui a moeda básica das trocas.

Posteriormente, da moeda-papel com lastro conversível em metal, passou-se

ao papel-moeda, sem o lastro correspondente e sem conversibilidade. O papel moeda

originou-se da escassez de metais preciosos, que dificultava o desenvolvimento das

trocas e, portanto, do setor produtivo.

Outro tipo de moeda fiduciária é a moeda bancária, que se transmite por meio

de cheque e das ordens de pagamentos, transferência de fundos efetuados

eletronicamente. Com o cheque ou a transferência eletrônica, as pessoas não precisam

ir ao banco retirar dinheiro para efetuar os pagamentos.

3.4 OFERTA DE MOEDA

Nas economias modernas, quem oferece moeda ao público são as autoridades

monetárias (Banco Central), em função das necessidades dos agentes econômicos. Os

Page 44: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

agentes econômicos necessitam de meios de pagamentos para a economia circular no

sistema econômico, sendo estes meios formados por:

Moeda nominal - ou moeda corrente;

Depósitos a vista - moeda escritural ou bancária;

Quase moeda - denominação dada ao ativo financeiro não monetário que tem

liquidez imediata e que eventualmente pode ser aceito em pagamento de tributos. Os

títulos públicos de curto prazo são bons exemplos de quase-moeda.

Os Agregados Monetários representam os conceitos de moeda empregados

pelo Banco Central, para mensurar a quantidade de dinheiro que possa estar

circulando na economia em dado momento. Sua classificação obedece ao principio da

liquidez, isto é a capacidade de um ativo ser convertido em meio de troca.

Os Agregados Monetários obedecem à seguinte classificação:

M1 = Papel-moeda em poder do publico + depósitos a vista nos

bancos comerciais;

M2 = M1 + Aplicações financeiras com resgate inferior a 30 dias;

M3 = M2 + Aplicações financeiras com resgate de 30 dias

(Caderneta de Poupança);

M4 = M3 + Aplicações financeiras com resgate superior a 30 dias.

Esses agregados econômicos componentes dos meios de pagamentos estão

distribuídos em ordem decrescente de liquidez, como se pode observar na figura a

seguir:

3.4.1 Teoria Quantitativa da Moeda

Page 45: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Se, de um lado, Keynes e seus seguidores destacam o papel da política

monetária sobre a taxa de juros e sobre a demanda agregada*, de outro Milton

Fridman argumenta que a influência da política monetária sobre os juros é transitória e

que ela, quando exerce influência, é sobre o nível geral de preços. Essa abordagem

monetarista baseia-se na teoria quantitativa da moeda a partir da equação de trocas.

* Demanda agregada

Demanda agregada - é a quantidade de bens ou serviços que a totalidade dos

consumidores deseja e esta disposta a adquirir em determinado período de tempo e

por determinado preço.

MV = PQ

Onde:

M = meios de pagamentos;

V = velocidade da circulação da moeda;

P = nível geral de preços;

Q = quantidade de bens e serviços produzidos na economia.

Multiplicando-se Q x P, encontra-se o produto interno bruto nominal (Y), então temos:

Y = Q x P

A variável Y pode apresentar crescimento real ou crescimento nominal. Ocorre

crescimento real quando o resultado for provocado por aumento de conseqüência do

aumento da variável Q (quantidade de bens e serviços produzidos) e a variável P

manter constante. Ocorre crescimento nominal quando for o contrário do

crescimento real. Esse caso de aumento nominal da variável Y tem como conseqüência

o fenômeno denominado de inflação. Como explicar a inflação?

Para manter a igualdade na teoria quantitativa da moeda (MV = PQ), o aumento dos

Page 46: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

meios de pagamentos (M) mantendo constante a variável Q (quantidade de bens e

serviços produzidos na economia), obriga o aumento da variável P (nível geral de

preços), o que significa inflação.

Outro conceito que veremos agora é o de velocidade-renda da moeda. A

velocidade-renda da moeda corresponde ao número de vezes que o estoque de

moeda passa de mão em mão, em um mesmo período:

V = PQ / M

O conceito de V mais usado é o correspondente aos meios de pagamento M1.

Segundo a teoria quantitativa da moeda, o parâmetro V é constante no curto prazo.

Partindo do pressuposto que a produção (Q) também é constante no curto prazo e

estando com uma economia estabilizada próxima do pleno emprego, se estabelece aí

uma relação entre o estoque de moeda, M, e o nível geral de preços, P, ou seja, P será

uma função da oferta monetária. (SOUZA, 2003)

3.4.2 Oferta de Moeda pelo Banco Central

Uma das principais funções do Banco Central de uma economia é, com certeza,

regular a moeda e o crédito em níveis compatíveis com o crescimento do produto para

manter a liquidez, que é a capacidade que um título tem de ser convertido em moeda

do sistema econômico. A política monetária de um país diz respeito à atuação do

Banco Central para dimensionar os meios de pagamentos e os níveis de taxas de juros,

adequando essas variáveis aos objetivos de crescimento da economia, ou seja, a

geração de empregos, aumento de produção com a estabilização dos preços.

O Banco Central, como encarregado da política monetária, segue as

orientações da política do governo. Na maioria dos casos (países), tem sua

independência e para isso dispõe de um conjunto de funções importantes, das quais

destacamos as seguintes:

Banco emissor – é o responsável e tem monopólio na emissão de

moeda.

Page 47: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Banco dos bancos – é o órgão em que os bancos depositam seus

fundos e transferem fundos de um banco para outro. O Banco

Central também empresta recursos para os bancos.

Banco do governo – é o canal que o governo tem para

implementar a política monetária. Grande parte dos fundos do

governo é depositada no Banco Central.

Banco depositário das reservas internacionais – é o responsável

pela defesa da moeda nacional e da administração (gestão) do

câmbio e das reservas de divisas internacionais.

3.5 O PAPEL DOS BANCOS E O MULTIPLICADOR MONETÁRIO

O Banco Central como autoridade monetária tem a obrigação e o dever de

regulamentar o sistema financeiro nacional. Os bancos comerciais e os bancos

múltiplos possuem a capacidade de criar ou destruir os meios de pagamentos. Os

bancos ao efetuarem empréstimos por créditos em conta corrente estão criando

moeda escritural, uma vez que aumentam os saldos de depósitos a vista.

Esse impacto sobre a expansão dos meios de pagamentos denomina-se

multiplicador monetário. Para controlar os meios de pagamentos, o Banco Central

Page 48: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

exige que parte do montante de depósitos a vista seja recolhido no seu caixa, o que se

denomina de encaixe ou depósito compulsório. Este, por sua vez, é um instrumento de

política monetária usado pelo Banco Central. O Banco Central do Brasil usa com

freqüência essa política na economia brasileira como uma das formas de combate a

inflação, embora sabe-se que existem outras formas e políticas para combater a

inflação, das quais citamos uma comum no nosso meio, o aumento da taxa de juros.

3.6 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Antes de 1965, as funções hoje executadas pelo Banco Central do Brasil eram

distribuídas entre três instituições, que desempenhavam as funções de autoridade

monetária: Superintendência da Moeda e do Crédito, Banco do Brasil e o Tesouro

Nacional. Nos dias atuais o sistema financeiro nacional é composto por uma estrutura

diferente da existente até 1965. Vejamos mais sobre esta estrutura como é hoje:

3.6.1 Composição do Sistema Financeiro Nacional

O sistema financeiro nacional é dirigido pelo Conselho Monetário Nacional

(CMN), que coordena diretamente as demais instituições vinculadas a ele que formam

o subsistema normativo. São elas: o Banco Central do Brasil (BCB), a Comissão de

Valores Mobiliários (CVM), a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e a

Secretaria de Previdência Complementar (SPC). Esse conjunto coordena o subsistema

de intermediação financeira, composto por instituições financeiras diversas e

entidades ligadas aos sistemas de previdência.

3.6.2 Conselho Monetário Nacional

O Conselho Monetário Nacional é o órgão encarregado de estabelecer as

diretrizes gerais das políticas monetárias, cambiais e creditícias do Governo. O CMN é

assim composto:

Ministro da Fazenda – Presidente.

Ministro do Planejamento e Orçamento.

Presidente do Banco Central do Brasil.

Page 49: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

O CMN é secretariado pelo próprio CB. Junto ao CMN funciona também a

Comissão Técnica da Moeda e do Crédito, composta pelo presidente do BCB

(Coordenador), pelo presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelos

Secretários Executivo do Ministério da Fazenda e do Planejamento, pelo secretário de

Política Econômica do Ministério da Fazenda, pelo secretário do Tesouro Nacional e

por quatro diretores do BCB, indicados por seu presidente.

Concluindo

Nesta aula, vimos:

O lado monetário da economia.

Um breve histórico da moeda e sua evolução, função e tipos de

moedas, a oferta e a teoria quantitativa.

O Sistema Financeiro Nacional.

A taxa de câmbio e suas influências na economia.

Sabemos que este conteúdo é complexo porque envolve muitas terminologias e

conceitos abstratos da economia. Mas ao final da disciplina você já terá reunido as

condições necessárias para dominar este assunto e saber analisar e interpretar a

situação econômica (dados estatísticos, previsões etc) bem como a linguagem da

economia aplicada à gestão das organizações.

.

Exercícios

Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as

atividades na plataforma de ensino.

.

AULA 04 DE ECONOMIA

CONTEÚDO DA AULA 04

AULA 4 - NOÇÕES BÁSICAS DE ECONOMIA ABERTA

4.1 A Taxa de Câmbio

4.1.1 Os Movimentos do Câmbio e suas repercussões

4.2 A Taxa de Câmbio Real

Page 50: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

4.3 Os Regimes Cambiais

4.3.1 O Câmbio Flutuante

4.3.2 O Câmbio Fixo

4.4 Balanço de Pagamentos

Aula 04 - Noções Básicas de Economia Aberta

Nessa parte de nossa aula, vamos conhecer importantes definições relacionadas com o

câmbio. Para o profissional de administração, estes conceitos subsidiarão sua

compreensão dos fenômenos da globalização econômica, bem como das relações

empresariais em sua dimensão além fronteira territorial.

4.1 A Taxa de Câmbio

Ao longo dos últimos séculos, dois elementos têm reduzido consideravelmente

a percepção do tamanho de nosso planeta: os custos de transporte e a duração das

viagens. Estes dois elementos são peças fundamentais na aceleração e intensivação do

processo de globalização econômico e financeiro, fazendo com que cada vez mais

nosso mundo fique mais reduzido.

Desse modo, trabalhar com atividades relacionadas ao comércio internacional,

passa obrigatoriamente pelo entendimento do funcionamento dos mercados cambiais

e a suas repercussões sobre as economias locais.

O valor do câmbio representa um parâmetro fundamental para a realização de

negócios entre dois países.

Taxa de câmbio – entende-se como o preço da moeda (divisa) estrangeira, em termo

de moeda nacional. Por exemplo, a cotação (preço) do dólar pode estar em R$ 2,30

reais (cada dólar vale dois reais e trinta centavos); e o preço do libra R$ 3,10 reais

(cada libra vale três reais e dez centavos); e o do peso em R$ 0,80 reais (cada peso vale

oitenta centavos de um real).

4.1.1 Os Movimentos do Câmbio e suas repercussões

Page 51: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

A taxa de câmbio pode apresentar dois movimentos distintos: a valorização e a

desvalorização.

A Desvalorização cambial ocorre quando é necessária uma maior quantidade de

moeda nacional para comprar uma mesma quantidade de moeda estrangeira.

Podemos verificar este movimento, quando um dólar americano tem sua cotação

elevada de R$ 2,30 para R$ 2,50.

Seus principais efeitos são, por um lado,

Por outro lado, a segunda conseqüência é o efeito das importações que passam

a se tornar mais caras e tendem a reduzir o volume em função do aumento de divisas

necessárias ou aumento de moeda nacional para efetuar as importações.

A valorização cambial ocorre quando é necessária uma menor quantidade de

moeda nacional para comprar uma mesma quantidade de moeda estrangeira.

Podemos enxergar este fenômeno, quando um dólar americano tem sua cotação

reduzida de R$ 2,40 para R$ 2,30.

Page 52: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Valorização cambial - pelo lado da valorização cambial ocorre o efeito contrário ao

anterior, ou seja, atua como um estímulo às importações e dificulta as exportações dos

produtos nacionais. A valorização cambial aumenta o poder de competição das

empresas nacionais, isso em se tratando de mercado interno, ou seja, os produtos

importados passam a ter um preço maior para o consumidor. Visando facilitar o

entendimento referente à valorização e à desvalorização da taxa de câmbio,

apresentamos o caso hipotético de uma empresa de exportações:

Problematização

Uma empresa brasileira efetuou uma venda ao exterior (exportação) para os Estados

Unidos de 1.000 unidades do produto Alfa ao preço de 10 dólares cada unidade no dia

30-04-05, sendo que a taxa de câmbio desse dia estava em R$ 2,50 cada dólar.

No dia 03-05-05, ocorreu uma valorização cambial, onde cada dólar passou a custar

dois reais e dez centavos (R$ 2,10).

No dia 10-05-05 saiu a carta de crédito em dólares para a empresa.

Operação Matemática

Ao efetuarmos os cálculos da operação, temos nos dias respectivos as seguintes

situações:

30-04-05 - venda 10.000 unidades alfa x 10 dólares a R$ 2,50 cada = R$ 25.000,00.

30-05-05 - carta de crédito 10.000 dólares a R$ 2,10 cada = R$ 21.000.

Desvalorização ou perda cambial = R$ 4.000,00.

Efeito das variações na taxa de câmbio sobre a taxa de inflação - a taxa de

câmbio é mais um instrumento que o poder público através do Banco Central dispõe

para o controle da inflação, da valorização cambial, também definida como âncora

cambial [valorização da taxa de câmbio e abertura comercial, com o objetivo de

aumentar as importações, que, ao concorrer com os produtos nacionais, permite

estabilizar os preços internos] que ao tornar a moeda nacional mais forte, estimula a

importação de produtos, obrigando a queda dos preços das empresas nacionais,

através do aumento da concorrência. A variação cambial produz efeito positivo e

efeito negativo. Tem-se o efeito positivo no combate a inflação, mas também tem o

efeito negativo para o lado das exportações, pois, as empresas perdem o poder de

Page 53: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

competição com empresas estrangeiras, dado o aumento da concorrência. São dois

lados afetados com as variações das taxas de câmbio, e o poder público precisa avaliar

o lado menos prejudicial à economia em determinado momento e tomar a decisão.

4.2 A Taxa de Câmbio Real

Variação nominal e variação real do câmbio - a desvalorização cambial é a

redução do valor da moeda nacional ou da taxa de conversão do câmbio, ou seja,

aumenta o volume necessário de moeda nacional para adquirir moeda estrangeira.

Mas sabe-se que essa redução nem sempre é real, ela pode ser apenas nominal,

exemplificando: uma desvalorização de 12% na taxa de câmbio, acompanhada de uma

inflação interna de também 12%, ocorreu apenas uma desvalorização nominal, na real

não ocorreu desvalorização. Os termos de valorização ou de desvalorização em termos

reais são freqüentemente utilizados para avaliar a competitividade dos produtos

nacionais, ao comparar com produtos estrangeiros.

Efeito da taxa de câmbio sobre a dívida externa do país - de forma concreta,

uma desvalorização da moeda (cambial), aumenta o estoque (o volume) da dívida

externa em reais (caso do Brasil), não afetando o montante do seu saldo em dólares,

em se tratando de efeito a curto prazo ou de imediato. Mas, quando tratado a médio e

longo prazo, a desvalorização irá estimular as exportações e desestimular as

importações o que pode aumentar a oferta de dólares, e, conseqüentemente, resultar

uma queda no preço deste e aí sim uma redução na dívida em dólares. De forma

contrária, uma valorização cambial tem, obviamente, efeito que diminui o valor da

dívida em reais de imediato, mas pode a médio e longo prazo, ao estimular as

importações, aumentar o volume da dívida em reais. Essa valorização da moeda

nacional pode apresentar um efeito danoso para a economia nacional. Lembremos o

exemplo desse efeito na manutenção por um tempo além do recomendado no início

do plano real onde a moeda tinha uma paridade de 1 por 1 entre dólar e real. Outro

exemplo desastroso foi o caso de nosso país irmão Argentina que manteve por muito

tempo a paridade de 1 por 1 entre dólar e peso argentino. O resultado final todos nós

conhecemos. (VASCONCELLOS, 2002)

4.3 Os Regimes Cambiais

Page 54: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Existem caminhos que podem explicar como é determinado o valor da taxa de

câmbio de um país. Estes caminhos são chamados de regimes cambiais. Em geral

podemos classificar em dois grupos: câmbio fixo e câmbio flutuante.

4.3.1 O Câmbio Flutuante

No regime do câmbio flutuante, o mercado é o elemento responsável pela

determinação da taxa de câmbio. Seu funcionamento obedece as leis universais da

oferta e da procura por divisas. Taxas de câmbio flutuantes ou flexíveis - as taxas de

câmbio flutuam de acordo com a oferta e a demanda de divisas, ou seja, o que se

ajusta é a taxa de câmbio e o Banco Central não tem compromisso de comprar divisas

no mercado.

A oferta e a demanda por divisas são explicas pelos seguintes fatores:

Oferta de divisas - a oferta de divisas depende do volume de exportações

efetuadas pelo país e da entrada de turistas e dos investimentos efetuados por

empresas estrangeiras no país, ou seja, capitais externos (agentes que querem

trocar dólares ou moedas de outros países por reais). A taxa de câmbio é um

determinante na oferta de divisas, tanto pode estimular como ocorrer o

contrário. Analisando pelo lado do detentor, se a relação for alta, o

comportamento é um facilitador da troca da moeda; se a taxa está menor,

dificulta a troca.

Demanda de divisa – os agentes que querem trocar reais por dólares ou outro

tipo de moeda estrangeira; depende das importações efetuadas pelo país e

também da saída de turistas e capitais, ou seja, quando uma empresa nacional

investe em outros países, ocorre a saída de capitais. Fica claro que, quanto

maior a oferta de divisas (dada a demanda) menor a taxa de câmbio. Isso é

possível quando ocorre um superávit na balança de pagamentos de uma

economia nacional, provocando a valorização da moeda.

4.3.2 O Câmbio Fixo

Page 55: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Neste regime, Banco Central fixa antecipadamente a taxa de câmbio e

compromete-se a comprar divisas às taxas fixadas. O que deve ajustar em câmbio com

taxa fixa é a oferta e a demanda de divisas ao valor fixado.

Além dos dois regimes acima, existem regimes intermediários, como a chamada

de flutuação suja, na qual é adotado o regime de câmbio flutuante, com o mercado

definindo a taxa. Neste regime para assegurar o equilíbrio entre a oferta e a procura

na taxa fixada e evitar grandes oscilações (ou seja, a flutuação cambial), o Banco

Central intervém no mercado comprando e vendendo moeda. Outro regime

intermediário é o denominado de bandas cambiais, em que se admite flutuações

dentro de limites fixados pelo Banco Central. Enquadra-se dentro das regras do câmbio

fixo, porque permanece a obrigação do Banco Central de disponibilizar reservas para

atender ao mercado, caso se necessário.

Os regimes de câmbio fixo ou flutuante apresentam características específicas

de cada regime e entre eles algumas vantagens e desvantagens, conforme se coloca no

quadro a seguir:

ASPECTOS CÂMBIO FIXO CÂMBIO FLUTUANTE

(FLEXÍVEL)

Características - Banco Central fixa a taxa

de câmbio;

- Banco Central é obrigado

a disponibilizar as reservas

cambiais.

- O mercado (oferta e

demanda de divisas)

- Banco Central não é

obrigado a disponibilizar as

reservas cambiais.

Vantagens - Maior controle da

inflação (custo das

importações)

- Política monetária mais

independente do câmbio.

- Reservas cambiais mais

protegidas de ataques

especulativos.

Desvantagens - Reservas cambiais

vulneráveis a ataque

especulativos.

- A taxa de câmbio fica

muito dependente da

volatibilidade do mercado

Page 56: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

- A política monetária (taxa

de juros) fica dependente

do volume de reservas

cambiais.

financeiro nacional e

internacional.

- Maior dificuldade de

controle das pressões

inflacionárias, devido às

desvalorizações cambiais.

Fonte: Vasconcellos (2002, p. 359).

4.4 Balanço de Pagamentos

É o registro contábil de todas as transações efetuadas por um país com o Resto

do Mundo. O balanço de pagamentos registra todas as transações efetuadas pela

economia de um país (comércio de mercadorias, serviços e movimentação de capitais).

A contabilidade das transações do país segue as normas gerais da contabilidade

financeira utilizada pelas empresas privadas, ou seja, utiliza o método das partidas

dobradas.

No caso da contabilidade das empresas privadas, toda entrada de dinheiro ou

saída, registra-se na conta caixa, no caso das transações externas não existe uma conta

denominada caixa, mas a conta especial denominada de Haveres e Obrigações no

Exterior (no Brasil Variação de Reservas). Na contabilidade da balança de pagamento,

quando há uma entrada de dinheiro debitamos na conta Haveres e Obrigações no

Exterior (HOE), quando ocorre uma saída creditamos HOE.

O balanço de pagamento está dividido em dois grupos de contas:

Balanço das transações correntes – é o somatório do balanço comercial,

serviços e transferências unilaterais, o que resulta no saldo em conta corrente.

Balanço de capitais – apresenta as transações que produzem variações no ativo

e no passivo externo do país e que modificam sua posição devedora ou credora

perante o Resto do Mundo.

Dentro da Balança de Transações Correntes temos três sub-contas:

Page 57: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Balanço comercial – são contabilizadas nesse grupo as transações do comércio

de mercadorias. O saldo desse grupo pode ser superávit ou déficit; o primeiro

quando as exportações FOB superam as importações FOB.

Balanço de serviços – registra todos os serviços pagos e ou recebidos pelo

Brasil. Os serviços são: juros, seguros, fretes, royalties etc.

Transferências unilaterais – conta composta por todas as doações e remessas

de dinheiro para o país não relacionado com operações comerciais. Um

exemplo: o dinheiro mandado por brasileiros que moram no exterior; por

exemplo, os dekasseguis que enviam dinheiro do Japão ao Brasil.

A conta de capitais divide-se em duas contas:

Movimentos autônomos de capital – na forma de investimentos diretos de

empresas multinacionais, de empréstimos e financiamentos.

Movimento induzido de capital ou compensatório – para financiar o saldo do

balanço de pagamentos, por meio das reservas internacionais, empréstimos de

regulação do Fundo Monetário Internacional e atrasados comerciais.

Quando o país tem problemas de liquidez internacional e por isso não pode

pagar suas obrigações nos prazos de vencimentos, este é obrigado a financiar esse

resultado negativo do balanço de pagamentos.

Existe ainda uma rubrica denominada de Erros e Omissões, que envolve a

diferença entre o saldo do balanço de pagamentos e o financiamento do resultado.

Isso ocorre quando se tenta compatibilizar transações físicas e financeiras das várias

fontes de informações: Banco Central, Receita Federal etc. Como o Banco Central tem

maior controle sobre o item de financiamento do resultado, supõe-se o saldo correto e

joga-se a diferença entre esse item e a soma das transações correntes de capitais

autônomos em Erros e Omissões, um valor de, no máximo, 5% da soma das

exportações e importações (VASCONCELLOS, 2002).

Concluindo

Nesta aula, vimos:

A estrutura de um Balanço de Pagamentos

Page 58: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

A taxa de câmbio real e nominal.

Regimes cambiais.

A taxa de câmbio e suas influências na economia.

Sabemos que este conteúdo é complexo porque envolve muitas terminologias e

conceitos abstratos da economia. Mas ao final da disciplina você já terá reunido as

condições necessárias para dominar este assunto e saber analisar e interpretar a

situação econômica (dados estatísticos, previsões etc) bem como a linguagem da

economia aplicada à gestão das organizações.

.

Exercícios

Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as

atividades na plataforma de ensino.

.

AULA 05 DE ECONOMIA

CONTEÚDO DA AULA 05

AULA 5 – CUSTO DE VIDA E INFLAÇÃO

5.1 Introdução

5.2 Conceituação

5.3 Números-Índice: Os Medidores da Inflação

5.4 Como construir um Índice de Custo de Vida - ICV

5.4.1 Aplicações ICV

5.5 Consequências da Inflação

5.6 Tipos de Inflação

5.6.1 Inflação de demanda

5.6.2 Inflação de custos

5.7 Custo e Padrão de Vida, Consumo e Poupança

.

Aula 05 – Custo de Vida e Inflação

Page 59: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

“Por que a inflação parece sempre ser maior no nosso bolso?” Partindo desta questão,

o Diário do Comércio ouviu especialistas. Parte da entrevista apresentamos abaixo

para você aprofundar sua reflexão sobre a questão:

Por que a inflação é maior no nosso bolso?

Apesar do recuo de alguns índices de preços, muita gente não consegue perceber essa

variação nas gôndolas dos supermercados. O DC resolveu perguntar aos economistas

por que isso acontece. Sandra Silva

Há várias razões para isso. O índice de inflação é uma variação média dos

preços. Além disso, mede os gastos médios de consumo de famílias de várias faixas de

renda, o que pode gerar inúmeras diferenças.

A atualização dos pesos de cada gasto nesses indicadores também não é feita

anualmente, o que deixa defasagens ainda maiores nos hábitos de compras mais

pontuais de cada família. Há dez anos, por exemplo, os gastos de Internet não eram

Page 60: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

tão significativos no orçamento familiar como são atualmente. As despesas com lazer

também tinham outras características (e preços), e até as de alimentação sofreram,

nesse período, muitas alterações.

O coordenador do IPC da Fipe, Paulo Picchetti, explica que há, em alguns

índices, a concentração em um determinado segmento. "No IPC, por exemplo, os

produtos industrializados são os que têm maior concentração", diz.

Piccheti lembra também que o consumidor não avalia direito os preços porque

leva em conta apenas a alteração de valor de um produto específico. "O comprador

verifica que uma determinada mercadoria sofreu uma alta de 20% e acha que a

inflação é equivalente", acredita ele.

Extraído de http://www.dcomercio.com.br/especiais/inflacao/

.

5.1 INTRODUÇÃO

Nesta aula, trataremos de um tema importante e que afeta as transações econômicas,

denominado de inflação. Para tanto, abordaremos o conceito e os tipos de inflação,

bem como a forma de cálculo. Enfocaremos também noções de custo, padrão de vida,

consumo e poupança. Lembre-se que o entendimento sobre a inflação é fundamental

para o seu processo de tomada de decisão administrativa, pois este é um dos

fenômenos econômicos mais perversos, porque subtrai parte das rendas das pessoas,

principalmente dos que têm renda fixa, dos assalariados e das pessoas de baixo poder

aquisitivo.

CURIOSIDADE

A inflação - palavra que vem de inflar, inchar - é um fenômeno moderno na

economia, já que os dicionários de economia do século XIX não a mencionavam.

Mesmo o dicionário de Palgrave, que é de 1926, não apresenta sua definição. Na sua

opinião, se o termo inflação surgiu somente no século XX, é por que o fenômeno

inflação não existia antes? Qual sua resposta?

Sim (Resposta incorreta)

Não (Resposta correta)

Para esclarecer a resposta, veja um caso notório de infalção no Século IV: “Um

Page 61: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

exemplo clássico de inflação foi o aumento de preços no Império Romano, causado

pela desvalorização dos denários que, antes confeccionados em ouro puro, passaram

a ser fabricados com toda sorte de impurezas. O imperador Diocleciano, ao invés de

perceber essa causa, culpou a avareza dos mercadores pela alta dos preços,

promulgando em 301 um edito que punia com a morte qualquer um que praticasse

preços acima dos fixados.”

Extraído de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Infla%C3%A7%C3%A3o

.

5.2 CONCEITUAÇÃO

Mas o que, afinal, significa inflação?

A inflação pode ser definida como um processo de alta generalizada de preços,

o que provoca a redução do poder de compra interno da moeda. É o processo em que

há um aumento contínuo e generalizado nos preços dos bens e serviços produzidos em

uma economia.

Inflação é a conseqüência do desequilíbrio entre a produção de bens e serviços e os

meios de pagamentos (moeda e crédito). Quando o volume de meios de pagamentos

tem um aumento maior do que o aumento da produção de bens e serviços, há uma

necessidade de aumento nos preços, gerando com isso inflação.

A inflação no Brasil tem uma longa história. Vamos reavivar a memória

recordando alguns dados históricos e conceituais no texto a seguir:

O Brasil detém o recorde de ser o país que durante mais tempo viveu com preços

descontrolados. A inflação chegou a 1630% em 1989 e, em 1993, avançou até 2490%.

Seis planos econômicos e cinco trocas de moeda em sete anos tentaram domar o

monstro, que teve seu crescimento acelerado nos anos 1970, com o "milagre

econômico". A meta era crescer a qualquer custo. O poder público era o grande

gerador de empregos, construindo estradas e hidrelétricas, gastos que não geravam

riqueza. Para cobrir suas despesas, o governo emitia papel-moeda. Mais dinheiro em

circulação dava sensação de alto poder aquisitivo, mas não havia bens para atender à

Page 62: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

demanda por consumo. Com isso os preços subiam. "Os salários se esfacelaram e a

economia quase entrou em colapso", recorda-se o economista José Dutra Sobrinho.

Indústrias não investiam em produção, pois o mercado financeiro dava mais retorno.

O Plano Real, em 1993, quebrou esse círculo vicioso e fez com que a inflação fosse

mantida em patamares razoáveis. A Lei de Responsabilidade Fiscal, aprovada em

2000, prevê punições para os governantes que gastarem mais do que o arrecadado, o

que inibe a volta da inflação causada pelo aumento dos gastos públicos. Extraído de

www.matematicahoje.com.br , em 03/03/06.

.

5.3 NÚMEROS-ÍNDICE: OS MEDIDORES DA INFLAÇÃO

A inflação é medida através de números-índice, fórmulas matemáticas que

representam a porcentagem de aumento nos preços dos bens e serviços num

determinado período de tempo. No Brasil, os números-índice apresentados a seguir

são os mais usados:

Índice de Custo de Vida (ICV) - mede a evolução dos gastos de famílias com

renda de até 5 (cinco) salários mínimos com as despesas realizadas para

necessidades básicas, tais como alimentação, habitação, vestuário, transporte

etc.

Índice de Preços por Atacado (IPA) - o IPA considera a evolução dos preços em

nível de comercialização ao atacado. O IPA acompanha um número bem maior

de bens, pois considera não apenas aqueles usados pelas famílias, mas também

matérias-primas e equipamentos.

Índice de Construção Civil (ICC) - é um índice que acompanha apenas a

evolução dos preços dos materiais, equipamentos e mão-de-obra empregados

na construção civil.

Índice Geral de Preços (IGP) - este índice é a média ponderada dos índices

anteriores, sendo que o IPA tem peso 6, o ICV peso 3 e o ICC peso 1. É a media

oficial da inflação no Brasil.

EXEMPLO 5.1

Page 63: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Para entendermos melhor o IGP, vamos supor que num determinado mês o

índice de custo de vida (ICV) teve um aumento de 5%, o índice de preços por atacado

(IPA) aumentou 4% e o índice de construção civil (ICC) uma evolução de 3%. Como

calcular o índice geral de preços (IGP)?

Resolvendo

O cálculo do índice geral de preços (IGP) é dado pela fórmula:

IGP = (6 x IPA) + (3 x ICV) + (1 x ICC) / 10

IGP = (6 x 4) + (3 x 5) + (1 x 3) / 10

Resposta: O IGP foi de 4,2%.

A forma como o IGP é construído expressa de maneira clara o objetivo desse índice

que é: medir a evolução de todos os preços da economia.

É por isso que se utiliza esse índice para medir a inflação no país.

.

5.4 Como construir um Índice de Custo de Vida - ICV

O índice de custo de vida – ICV é um instrumento utilizado para estimar as

taxas de inflação. Embora existam diversos índices no mercado, todos eles obedecem a

uma metodologia padrão.

Para construir um ICV é necessário seguir alguns passos:

Primeiro passo: realizar um levantamento dos hábitos e costumes de uma

população alvo, procurando encontrar o que foi consumido e em qual proporção. Este

publico alvo pode ser determinado por diversas características, tais como: população

de uma cidade, faixa de renda, escolaridade, sexo, etc.

Por exemplo: vamos supor que nosso publico alvo sejam de moradores de uma

pequena cidade que apresentem renda mensal de um a cinco salários mínimos. Após

uma pesquisa detectou que estes moradores consomem somente dois bens: arroz e

peixe, na seguinte proporção: para cada quilo de peixe são consumidos três quilos de

arroz.

Page 64: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Em uma pesquisa no mundo real, são levantados milhares de produtos com

milhares de preços. Embora possa parecer um pouco complicado para o estudante, o

principio de dois produtos pode ser estendido para milhares ou milhões de bens e

serviços.

Em nosso exemplo, utilizamos somente dois produtos em nossa cesta de bens e

serviços: arroz e peixe. Em termos quantitativos, vamos considerar: um quilo de peixe

e três quilos de arroz.

Segundo passo: realizar um levantamento monetário dos custos da cesta de

bens e serviços consumidos pelo publico alvo. Neste caso, devem ser auferidos os

preços de cada elemento pertencente à cesta.

Após estas duas etapas podemos levantar o custo da cesta. Para tanto vamos

supor que o preço de cada quilo de arroz seja de R$ 1,00 e o preço de cada quilo de

peixe de R$ 5,00

Agora que levantamos os preços e as quantidades de arroz e peixe, podemos levantar

o custo de vida ou o custo total (CT) somando o custo de aquisição de arroz (Ca) mais o

custo de aquisição de peixe (Cp).

CT = Ca+Cp

Custo de aquisição de arroz (Ca) = Pa x Qa

Custo de aquisição de peixe (Cp) = Pp x Qp

Onde:

Pa = Preço de cada quilo de arroz consumido;

Qa = Quantidade consumida de arroz;

Pp = Preço de cada quilo de peixe consumido;

Qp = Quantidade consumida de peixe.

Page 65: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Isto também pode ser inserido em uma tabela, conforme a seguir:

Tabela I

Tempo Pa (R$) Qa (Kg) Ca (R$) Pp (R$) Qp (Kg) Cp (R$) CT (R$)

Janeiro de

2009

1,00 3 3,00 5,00 1 5,00 8,00

Assim, com R$ 8,00 Reais é possível sobreviver consumindo quatro quilos de

alimentos. Este valor encontrado representa o custo de vida. Todavia, ao longo do

tempo, o padrão de consumo da população alvo não é constante, pois novos produtos

e serviços entram enquanto que outros produtos e serviços também saem do consumo

habitual. Diante deste problema, isto: é as constantes alterações no padrão de

consumo no longo prazo; seria razoável acreditar em uma contínua pesquisa de

hábitos e costumes, de modo a sempre identificar o custo de vida verdadeiro.

Todavia, a realização de uma pesquisa hábitos e costumes demanda muitos

recursos: tanto monetários, como pessoais, alem de tempo; de modo que sua

execução é realizada em um período de pelo menos cinco a dez anos de intervalo.

Enquanto não é realiza uma nova pesquisa para atualizar a possíveis modificações no

consumo, mantém se os mesmos produtos e as mesmas proporções encontradas na

pesquisa inicial, para os demais períodos atualizando-se somente os preços.

Desse modo para manter um padrão de consumo de quatro quilos de alimentos

(três quilos de arroz e um quilo de peixe) serão necessários mais R$ 0,80 e R$ 1,40,

para os períodos seguintes.

Tabela II

Tempo Pa (R$) Qa (Kg) Ca (R$) Pp (R$) Qp (Kg) Cp (R$) CT (R$)

Período I 1,00 3 3,00 5,00 1 5,00 8,00

Período II 1,20 3 3,60 5,20 1 5,20 8,80

Período

III

1,40 3 4,20 5,40 1 5,40 9,40

Page 66: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Terceiro passo: após levantar os valores do custo de vida ao longo de um

período de tempo, deve-se definir um período com referência e aplicar a seguinte

fórmula:

ICV = [Valor da Cesta no Período Corrente/Valor da Cesta no Período Base]/Valor da

Cesta no Período Base x 100

Para simplificar a correção, vamos sempre considerar o primeiro período como o

período base.

Ex:

Período I = [R$ 8,00/R$ 8,00]x100 = 100,00

Período II = [R$ 8,80/R$ 8,00]x100 = 110,00

Período III = [R$ 9,40/R$ 8,00]x100 = 117,50

O índice de custo de vida vai mostrar o comportamento dos preços ao longo do

tempo. Por exemplo, a inflação acumulada até o período II era de 10%, enquanto que

o acumulado até o terceiro período era de 17,5%.

5.4.1 Aplicações ICV

O uso do ICV é bastante amplo, além de medir a inflação, com ele são

atualizados os valores dos contratos, salários e alugueis.

5.5 CONSEQÜÊNCIAS DA INFLAÇÃO

A inflação tem conseqüências que atuam sobre cinco aspectos da sociedade:

Distribuição de renda;

Balança comercial;

Expectativas;

Mercado de capitais;

Page 67: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Cultura.

Agora, vejamos em detalhes cada aspecto identificado:

A distribuição de renda - os trabalhadores, principalmente os assalariados com

valor fixo mensal, saem perdendo, pois seus salários são reajustados em

grandes intervalos, ao passo que os preços de bens e serviços sobem com mais

freqüência. Os empresários defendem seus ganhos repassando o aumento de

seus custos para o consumidor, através de elevação de preços de seus

produtos. Também os donos de imóveis têm sua propriedades valorizadas,

enquanto os profissionais liberais podem subir seus honorários quando

quiserem.

Page 68: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Extraído: http://www.brazilkids.de/piramide.gif

A balança comercial - com a inflação, os bens e serviços produzidos

internamente tendem a ficar mais caros que os importados, fazendo com que

as pessoas aumentem as compras de produtos importados, o que causa um

déficit na balança comercial.

As expectativas - num processo inflacionário, as incertezas dos empresários a

respeito de suas taxas de lucros futuros fazem com que diminuam os

investimentos, reduzindo a capacidade produtiva do sistema econômico.

Efeito sobre o mercado de capitais - num processo inflacionário intenso, o

valor da moeda deteriora-se rapidamente, ocorrendo desestímulo à aplicação

de recursos no mercado de capitais financeiros. As aplicações em caderneta de

poupança e títulos devem sofrer retração; por outro lado, a inflação cria

estímulos na aplicação em bens que estão imunes aos efeitos inflacionários,

como, por exemplo, investimento em terras.

Cultura da economia - outro efeito maléfico da inflação é que esta cria uma

cultura inflacionária, e os empresários que adquirem essa cultura repassam aos

preços dos produtos o aumento de qualquer fator produtivo, independente se

o aumento neste fator provoca um aumento correspondente no custo do

produto em termos percentuais.

5.6 TIPOS DE INFLAÇÃO

Uma vez perguntei ao meu médico quais seriam as possíveis causas para as

minhas freqüentes dores de cabeça. O doutor me respondeu que poderia haver mais

Page 69: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

de cem motivos a serem considerados. Fazendo uma pequena correlação entre as

minhas dores de cabeça e a inflação, posso afirmar que existem várias causas na

economia que provocam um aumento de preços.

Como são vários os tipos de inflação existentes, mas nós vamos nos ater apenas

a dois tipos de inflação: inflação de demanda e inflação de custos.

5.6.1 Inflação de Demanda

Causada pelo aumento da demanda, significa que há um excesso de procura

dos bens e serviços. A inflação de demanda é causada pelo crescimento dos meios de

pagamentos (emissão de papel moeda e aumento do créditos através de

financiamentos), que não é acompanhado pelo crescimento da produção de bens e

serviços. Como a demanda é exercida através dos meios de pagamentos,

principalmente a moeda, as pessoas realizam suas compras. Por isso, a inflação de

demanda pode ser entendida como o excesso de moeda na economia.

Como vimos, a inflação é prejudicial à economia de um país. Por esse motivo, os

governos procuram, sempre que possível, combatê-la através de um conjunto de

medidas conhecidas como políticas de estabilização.

.

As principais políticas adotadas pelo governo para combater a inflação de demanda

são de dois tipos:

Política monetária – a diminuição da quantidade de dinheiro na economia é

conseguida através de um rígido controle sobre a emissão de papel-moeda,

limitações ao crédito e aumento do encaixe dos bancos comerciais.

Política fiscal - consiste de duas medidas:

1. aumentar os impostos sobre a renda e sobre os bens e

serviços, para reduzir a renda disponível do setor privado;

2. reduzir os gastos do governo em despesas correntes, como

material de escritório, pagamento de funcionários etc.

5.6.2 Inflação de Custos

Page 70: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Tem origem na oferta de bens e serviços. É causada pela elevação dos custos de

produção, repassados para o consumidor através do aumento do preço do produto. A

inflação de custos tem suas causas nas condições de oferta de bens e serviços da

economia. Assim, a demanda permanece inalterada enquanto aumentam os custos de

produção, que são repassados para os preços da mercadoria.

5.7 CUSTO E PADRÃO DE VIDA, CONSUMO E POUPANÇA

Na Declaração Universal dos Direitos do Homem, todo homem e a sua família

têm direito a um padrão de vida que lhes assegure saúde geral e bem estar: direito à

alimentação e vestuário adequado, habitação apropriada, cuidados médicos e serviços

sociais, segurança em caso de desemprego, segurança em caso de doença, invalidez,

viuvez e velhice. Trata-se, enfim, de colocar à disposição do homem os bens

econômicos, satisfazendo, assim, as necessidades humanas.

A palavra padrão tem origem no vocábulo latino patronus e significa modelo,

tipo oficial de medidas e pesos legais, molde de madeira, de papel, de cartão etc. A

palavra vida significa, em última análise, existência. Logo, o conceito de padrão de vida

é o tipo ou norma de existência de um grupo ou classe econômica, em determinada

época e região.

Chama-se padrão de vida o modo de existência e o grau de conforto habituais de um

grupo ou classe econômica, dos quais tal grupo não desistirá sem grande relutância.

.

O padrão de vida pode ser descrito pelos seguintes níveis:

Nível de pauperismo - o indivíduo somente dispõe de recursos para

alimentação e moradia.

Page 71: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Nível mínimo de subsistência - o indivíduo consome parte de sua renda em

alimentos e moradia e outra parte fica reservada para possíveis doenças e

desemprego temporário. Ele não dispõe de recursos para as necessidades

culturais.

Nível mínimo de saúde e dignidade - o indivíduo dispõe de recursos para

alimentação e habitação, podendo também, dar assistência e educação a maior

número de filhos. Dispõe, ainda, de alguma reserva para diversões.

Nível mínimo de conforto - o indivíduo dispõe de recursos para alimentação,

habitação, possíveis doenças, desemprego, diversões e necessidades culturais e

ainda pode dar assistência, educação e ensino mais elevado aos seus filhos.

Entretanto, o padrão de vida está na dependência daquilo que os economistas

chamam custo de vida, o qual traduz o fenômeno da alta dos níveis de preços. Pode-se

afirmar, assim, que a inflação é a causa indireta do crescimento do custo de vida,

porque, segundo o entender da maioria dos economistas, a elevação do nível geral de

preços tem como causa principal o déficit público.

Page 72: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Concluindo

Como vimos, o termo inflação é o nome que se dá ao processo de elevação do nível

geral de preços, isto é, da média dos preços de uma economia, que provoca uma

perda do poder aquisitivo da moeda. Vejamos uma síntese de suas principais

características:

A inflação elevada é um forte sinal de instabilidade da economia.

Há muitos fatores que geram inflação. Um aumento muito grande de um

preço básico da economia, como o petróleo, pode contaminar os demais

preços da economia, provocando inflação maior. Se o governo gasta mais do

que arrecada, e cobre seus gastos extras emitindo dinheiro, está provocando

uma desvalorização de sua moeda. E à medida que a moeda vale menos, os

produtos sobem de preço, gerando a inflação.

A inflação empobrece a população, principalmente as pessoas que têm menos

instrumentos para se defender, das camadas mais pobres.

Os índices de preço, ou de inflação, são indicadores que procuram mensurar a

evolução do nível preços. Um índice de preços é um número que está

associado à média ponderada dos preços de uma determinada cesta de

produtos em um determinado período. Assim, se de um mês para o outro

determinado índice de preços sofre uma elevação de 0,5%, por exemplo,

significa que os preços que fazem parte da cesta correspondente a esse índice

aumentaram, em média, 0,5%. No Brasil, os principais índices de inflação são o

IPC Fipe, o IGP-M, o IPC, o IPA, o INCC, o IGP-DI, INPC, o IPCA, o ICV e o

ICVM”.

(Extraído e adaptado para a aula 6 do site:

http://www.estadao.com.br/investimentos/glossario/i.htm no dia 23 de março de

2006).

.

Exercícios

Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as

atividades na plataforma de ensino.

.

Page 73: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

AULA 06 DE ECONOMIA

CONTEÚDO DA AULA 06

AULA 6 - AGREGADOS MACROECONÔMICOS

6.1 Introdução

6.1.1 Agregados macroeconômicos básicos

6.2 Produto

6.2.1 O cálculo do PIB

6.2.2 valor imputado

6.2.3 fluxo de estoque

6.3 Consumo

6.4 Renda

6.4.1 Fluxo circular da renda

6.4.2 Renda x produto

6.5 Poupança

6.6 Investimento

6.6.1 Medição do produto nacional e da renda nacional

6.6.2 O mercado como uma maneira de medir produção

6.7 Política Econômica do Estado

6.8 Política Monetária

6.9 Política Fiscal

.

Aula 06 - Agregados Macroeconômicos

A discussão de determinados temas da Teoria Macroeconômica pode se tornar

um debate infinito, visto que existem diferentes modelos teóricos e metodológicos

que dão sustentação à análise e à avaliação do comportamento de mercado, do

sistema financeiro e outros. Na interpretação de dados econômicos não é raro

surgirem críticas aos índices quando estes refutam os resultados esperados, como

também são comuns acusações de que o cálculo é que está errado e não a condução

da política monetária. De fato, não somente na economia mas em todas as áreas, a

Page 74: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

utilização de determinadas metodologias conduz a resultados diferentes. Cabe a você,

futuro administrador e observador do mercado financeiro, estar atento a discussões

relativas à:

Metodologia usada para análise e apuração dos dados e índices econômicos

(por exemplo, inflação, PIB, PNB etc);

Impacto de determinadas metodológicas nos resultados econômicos;

Influências destes resultados na organização produtiva de sua empresa.

Em geral, estas discussões e controversas da área da economia são conduzidas

pelos especialistas da área e expostas na imprensa.

Essa aula tem como objetivo apresentar uma noção dos agregados macro

econômicos básicos: produto agregado, forma de cálculo do PIB, fluxo de estoques,

renda, consumo e poupança. Vemos que esses conceitos podem ser medidos com

base em sistemas contábeis, de forma similar às empresas. Isto significa

metaforicamente comparar o país a uma grande empresa, que produz um produto

denominado Produto Nacional. Vale desde já ressaltar que o Produto Nacional

representa um agregado de todos os bens e serviços do país, cujas variáveis

macroeconômicas podem ser extraídas de sistemas contábeis, tipo partidas dobradas

(Sistema de Contas Nacionais) ou matricial (Matriz Insumo-Produto). Também serão

tratados nesta aula conceitos relativos à política econômica do Estado.

6.1 INTRODUÇÃO

No mercado de concorrência, há uma tendência a alocar recursos com o

objetivo de produzir bens de acordo com o padrão de demanda do consumidor. Os

desejos de cada consumidor possuem pesos relativos em função da quantidade de

dinheiro de que dispõem, como você viu na teoria do consumidor. O cerne da

economia consiste na noção de que a demanda do consumidor acha-se determinada

pela utilidade de cada bem em relação a esse consumidor. Os agregados

macroeconômicos são as medidas-síntese (ou valor-síntese) do resultado da atividade

global do sistema econômico ou da economia como um todo. Normalmente, os

agregados macroeconômicos são apresentados pelos valores brutos, por serem mais

Page 75: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

fáceis e práticos os cálculos de apurações. Até mesmo nos países mais adiantados, os

agregados não são apresentados em valores líquidos.

A contabilidade nacional apresenta metodologia de cálculo dos principais

agregados macroeconômicos. Ela quantifica os agregados macroeconômicos de uma

economia, como poupança, investimento, produto interno, salários, tributos,

exportação e importação, a fim de permitir estudos de seu desempenho durante

determinado período de tempo. Por isso, afirma-se que os agregados abrangem os

grandes problemas da economia de uma nação, sendo analisados e avaliados através

da contabilidade nacional. A noção de agregados macroeconômicos se desenvolveu a

partir da obra Teoria Geral de Keynes, publicada em 1936.

6.1.1 Agregados Macroeconômicos Básicos

Os agregados macroeconômicos básicos analisados em conjunto resultam na

avaliação da economia de uma sociedade, de uma nação. São eles:

Produto;

Consumo;

Renda;

Poupança;

Investimento.

A seguir, você conhecerá mais detalhadamente cada um desses agregados.

6.2 PRODUTO

O produto corresponde ao valor bruto de produção de uma economia em um

determinado período de tempo, descontado o valor de todos os produtos

intermediários consumidos no processo de produção desses bens. O produto identifica

também o valor adicionado pela firma ou setor, ou seja, o valor do produto menos os

fatores empregados nessa produção, quando menor corresponde ao valor adicionado.

A fórmula para o cálculo do valor adicionado é:

Valor adicionado = Produto (valor bruto da produção) – Consumo intermediário

.

Page 76: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

O valor bruto da produção (VBP) é o maior agregado gerado em uma economia,

em termos monetários. Ele inclui o produto líquido e o consumo intermediário e

compreende a soma dos valores brutos dos bens e serviços produzidos em uma

economia durante um determinado período de tempo. Uma forma de medir o produto

ou o desempenho de uma economia é através do Produto Interno Bruto (PIB). Essa

estatística procura resumir em uma única cifra o valor corrente de toda atividade

econômica de um país.

Produto Líquido: também denominado excedente: parte da riqueza produzida que

excede a consumida, ao longo do processo produtivo.

.

O consumo intermediário é o consumo corrente de bens e serviços mercantis

utilizados na produção de outros bens e serviços. O consumo intermediário é avaliado

a partir da unidade que utiliza os bens e serviços em seu processo produtivo, ou seja,

a preços de consumidor, incluindo margens de comercialização, transporte e impostos

que incidem sobre produtos. fonte:

http://www.cide.rj.gov.br/produtos/ecoflumi/Matriz/cap1-1-agreg.html#Consumo

O Produto Interno Bruto (PIB) mede as atividades econômicas de uma economia,

através da identificação de dois elementos:

A renda total de todas as pessoas da economia;

A despesa total da economia na produção de bens e serviços.

6.2.1 O Cálculo do PIB

O PIB é a soma de produtos diferentes, diferentes mercadorias. Para se calcular

o valor total de bens e serviços diferentes, é necessário usar uma medida de valor. No

caso, usa-se o preço de mercado.

EXEMPLO 6.1

Page 77: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Calcule o PIB de uma economia que, num certo período, produziu somente os três

produtos como descritos na tabela a seguir:

PRODUTO PREÇO (RS) QUANTIDADE

Batatas 1,00/Tonelada 1.000 toneladas

Mandioca 2,00/Tonelada 2.000 toneladas

Corte de cabelo 2,00/Corte 10.000 cortes

Resolvendo

PIB = P batatas x Q batatas + P mandioca x Q mandioca + P corte cabelo x Q corte

cabelo

Onde: P = preço; Q = quantidade.

PIB = (R$ 1,00 x 1000) + (R$ 2,00 x 2000) + (R$ 2,00 x 10.000) = (R$ 1.000,00) + (R$

4.000,00) + (R$ 20.000,00) = R$ 25.000,00

No caso desta hipotética economia, o PIB - ou seja, a soma de todos os

produtos diferentes a preço de mercado – no dado período foi de R$ 25.000,00.

IMPORTANTE

No cálculo do PIB também são computados os investimentos feitos pelas empresas

para aumento de estoques.

.

Existem várias metodologias para o cálculo do PIB, sendo o IBGE o órgão

responsável pelo cálculo do PIB nacional e, por conseguinte, por definir a metodologia

a ser adotada para cada período.

6.2.2 Valor Imputado

Como citado, a maioria dos bens e serviços são avaliados pelo seu preço de

mercado para o cálculo do PIB. Mas existem bens e serviços que não podem ser

computados assim porque não são vendidos no mercado. Então, é necessário estimar

Page 78: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

seus valores para inclui-los no PIB. A esta estimativa denomina-se imputados. Como

exemplo de valores que devem ser imputados, temos o caso da habitação: as pessoas

(famílias) que têm casa própria não pagam aluguel e nesse caso deverá ser imputado o

valor gasto com habitação. Dessa forma, pode-se afirmar que o PIB é uma medida

imperfeita da atividade econômica devido a esses casos de imputação de valores.

Outra forma de avaliar a economia é através da renda nacional. O PIB mede o

fluxo de reais desta economia e esse fluxo pode ser medido de duas formas: a) o total

da renda proveniente da produção de bens é igual à soma de salários mais lucros; b) a

soma do total gasto com bens e serviços.

A equivalência entre renda e despesa decorre da regra da contabilidade, das

partidas dobradas: toda transação que afeta a renda deve afetar a despesa.

Partidas dobradas: toda transação afeta o lançamento de duas contas uma credora e

outra devedora e a soma de cada uma deve ser igual, é uma técnica utilizada na

contabilidade das organizações.

6.2.3 Fluxo de Estoque

Todas as variáveis da economia podem ser divididas entre fluxo e estoque. O

fluxo é uma quantidade de valor medida por uma unidade de tempo, e o estoque é a

quantidade de valor medida em um determinado ponto do tempo.

6.3 CONSUMO

O consumo são os gastos com bens e serviços efetuados pelos indivíduos e pelo

governo. O consumo pessoal corresponde às parcelas da renda que as pessoas,

consumidores finais, destinam para aquisição de bens e serviços de uso final. Já o

consumo do setor privado é formado pelo consumo das famílias e o das instituições

privadas sem fins lucrativos, sendo que o consumo das instituições privadas sem fins

lucrativos é mensurado pelo custo dos bens e serviços que elas produzem para uso

próprio.

6.4 RENDA

Page 79: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

A renda pode ser definida de formas diferentes, entre elas pode-se afirmar: o

valor adicionado por um setor “S” também equivale à renda, embora o resultado

líquido da atividade produtiva de uma economia possa ser medido a partir de três

óticas diferentes: produto, renda e despesa. O produto e a renda podem ser

mensurados a preço de mercado ou ao custo dos fatores.

6.4.1 Fluxo Circular da Renda

A renda numa economia segue um círculo entre as famílias e as firmas no sistema

produtivo. Imagine uma economia que produza um único bem, o feijão, a partir de um

único fator, o trabalho. Observe a ilustração que torna mais claro o entendimento

deste pressuposto.

Fig. 1 – Renda

Na Fig. 1, se partirmos da firma, o fluxo dos bens corre no sentido anti-horário; já a

renda segue o sentido horário.

6.4.2 Renda x Produto

Page 80: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

As duas siglas da economia (renda e produto) estão bastante próximas e são

interligadas. Vejamos alguns conceitos para compreendermos esta interface do PIB e

da RNB:

Renda Nacional Bruta (RNB) - mede a riqueza (renda) gerada por fatores de

produção de propriedade de residentes. Por exemplo: japoneses que estão

produzindo e morando no Brasil conta como PIB no Brasil e como PNB no

Japão.

Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLE) - é a soma de toda a riqueza gerada

no país que é enviada ao exterior. A RLE é um valor adicionado no país onde

ocorrem as transações econômicas, mas é transferido para o exterior. Um

exemplo bastante freqüente são os brasileiros trabalhadores que estão no

exterior e enviam para o Brasil parte do resultado de seu trabalho; outro caso é

o de empresas que remetem os lucros para os países de sua origem (sede).

Portanto, a relação entre PNB e PIB depende exatamente da RLE:

PNB = PIB – RLE

Note que a RLE é apenas um saldo. Isso significa dizer que tal saldo tanto pode

ser positivo como negativo. É uma situação comum, em tempos de globalização,

brasileiros trabalhando no Japão e japoneses trabalhando no Brasil. A RLE pode

resultar em duas situações:

RLE positiva - PNB > PIB

RLE negativa - PNB

Também é verdade que os índices podem se igualar:

PNB = RNB

6.5 POUPANÇA

Page 81: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

A poupança é igual à diferença entre a renda e o consumo. Ela ocorre quando

indivíduos ou organizações (inclusive o governo) decidem guardar uma parcela de sua

renda para consumir no futuro.

6.6 INVESTIMENTO

O investimento bruto equivale ao aumento do estoque de capital fixo e da

variação dos estoques da economia durante um período de tempo. O investimento

bruto, quando se deduz a depreciação, resulta no investimento líquido. A depreciação

corresponde aos gastos de investimentos efetuados para repor os capitais do processo

produtivo. Esses gastos servem também para a obtenção do Produto Nacional Líquido:

PNL = PNB – Depreciação.

Depreciação: desgaste que um bem sofre pela sua utilização no tempo. A depreciação

pode ocorrer pelo produto se tornar obsoleto.

6.6.1 Medição do Produto Nacional e da Renda Nacional

Como você já viu anteriormente, o sistema econômico moderno produz um

vasto conjunto de bens e serviços: carros, casas, móveis, utilitários etc. Uma das

maneiras de se avaliar o desempenho da economia é através da medição da produção

agregada de bens e serviços. É claro que essa medição não nos dá uma visão completa

de bem-estar da nação; afinal, adquirir mais e mais bens não significa necessariamente

tornar mais realizados ou mais felizes os consumidores. Outras coisas também são

importantes: a realização profissional, a qualidade de nosso meio ambiente etc.

Entretanto, o volume total que é produzido é uma das importantes medidas do

sucesso econômico.

6.6.2 O Mercado como uma Maneira de Medir Produção

A grande variedade de produtos feitos coloca-nos alguns problemas para mensuração

dos índices: Como iremos agregar os produtos numa única medida de produto

nacional? Qual metodologia usar para somar produtos diversos e heterogêneos? Os

preços de mercado fornecem uma resposta. Vamos a esse estudo.

Page 82: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Se uma dúzia de abacaxi é vendida por R$ 10,00 e uma dúzia de manga, por R$

2,00, o mercado está indicando que uma dúzia de abacaxi custa cinco dúzias de

manga, ou que uma dúzia de manga custa 1/5 de uma dúzia de abacaxi.

Produto nacional é o valor em reais (ou em qualquer outra unidade monetária, como

o dólar, o peso, a libra etc.) dos bens e serviços finais produzidos durante o ano.

TABELA 1

UTILIZAÇÃO DOS PREÇOS DE MERCADO PARA SOMAR ABACAXI E MANGA

Produto Quantidade (dúzia) Preço (p/dúzia) Valor de mercado

Abacaxis 3.000 R$ 100,00 R$ 300.000,00

Mangas 2.000 R$ 20,00 R$ 40.000,00

Total R$ 340.000,00

OBS: Preços em reais (R$) - Padrão de Medida Elástica

Os preços em reais (ou qualquer outra unidade monetária, como

exemplificamos acima) fornecem uma base satisfatória para o cálculo do produto

nacional num ano qualquer. Porém, se desejamos avaliar o desempenho da economia

durante vários anos, nos defrontamos com um segundo problema: a inflação altera o

valor do real para menos, e a deflação, muito pouco provável, o altera para mais.

À medida que os anos passam, o valor de mercado do produto nacional pode

crescer por dois motivos bastante diversos:

A quantidade de um produto x pode aumentar - Este aumento é desejável,

uma vez que temos e serviços a nossa disposição.

Os preços desses mesmos bens e serviços podem aumentar - Este aumento é

indesejável, pois mostra o fracasso na batalha contra a inflação. Para julgar o

desempenho, é essencial separar o incremento desejável na quantidade de

produto do incremento indesejável nos preços.

6.7 POLÍTICA ECONÔMICA DO ESTADO

Page 83: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Você poderá notar que a economia aberta ou a economia fechada com governo

interfere nas relações e transações econômicas dos agentes (empresas, famílias etc.)

com a finalidade de desenvolver e manter em equilíbrio as atividades. Para discutir

esse tema, nessa parte da aula efetuamos uma introdução sobre política fiscal.

Com o passar do tempo e principalmente no último século, a participação do Estado na

economia vem crescendo em função de diversas razões:

Crescimento da renda per capta - gera um aumento de consumo de bens e

serviços públicos exemplo: escolas, saúde, lazer etc.

Renda per capta: é o total da renda de um país dividido pela população desse, onde o

resultado é a media de receita por pessoa.

Mudanças tecnológicas - provoca o desenvolvimento da atividade econômica e

conseqüente aumento das necessidades de infra-estrutura; um típico exemplo

brasileiro é o agro-negócio.

Mudanças populacionais - o aumento da taxa populacional, exige mais

investimentos em educação, saúde etc.;

Efeito de guerra - em períodos de guerra, aumenta a participação do Estado na

economia;

Fatores políticos - novos grupos sociais passam a ocupar maior presença

política, demandando outros investimentos públicos.

POLÍTICA ECONÔMICA

A política econômica de um Estado, país é o conjunto de medidas tomadas pelo

governo com o objetivo de atuar e influir sobre o mecanismo de produção,

distribuição e consumo de bens e serviços.

Embora dirigidas ao campo da economia, essas medidas obedecem também a

critérios de ordem política e social, na medida em que certas necessidades da

sociedade em determinados locais do país. O alcance e o conteúdo de uma política

Page 84: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

econômica variam de país para país, dependendo do grau de diversificação de cada

economia, da natureza do regime social, do nível de atuação dos grupos de pressão

(partidos, sindicatos associação de classes etc.). SANDRONI, 1989.

6.8 POLÍTICA MONETÁRIA

A política monetária é um conjunto de medidas adotadas pelo governo visando

adequar os meios de pagamentos disponíveis às necessidades da economia do país.

Essa adequação geralmente ocorre por meio de uma ação reguladora, exercida pelas

autoridades sobre os recursos monetários existentes, de tal maneira que estes sejam

plenamente utilizados e tenham um emprego tão eficiente como possível.

Na maior parte dos países, o principal órgão executor da política monetária é o

Banco Central, entidade do Estado ou dele dependente encarregada da emissão de

moeda, da regulação do crédito, da manutenção do padrão monetário e do controle

de câmbio. Um exemplo dessa política monetária são as taxas de juros fixadas pelo

Banco Central.

6.9 POLÍTICA FISCAL

A política fiscal de um Estado é um conjunto de medidas fiscais ou tributárias

com o objetivo de regulamentar a economia e gerar mecanismos para o país obter

recursos para os investimentos necessários ao desenvolvimento de sua população. O

Estado dispõe de um conjunto de medidas de ordem tributária que geram recursos

para a sua manutenção, podendo criar ou eliminar impostos, desde que obedeça aos

princípios legais e objetive o desenvolvimento.

CONCLUINDO

Como leigos, todos nós entendemos um pouco a respeito de economia.

Participamos de forma incessante na vida econômica da sociedade. Ao decidirmos se

vamos poupar ou comprar, se gastamos sem ter saldo, se economizamos no decurso

de nossas vidas para termos um futuro garantido, estamos participando do sistema

econômico do país e interagindo diretamente ou indiretamente com os mercados. Ao

Page 85: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

atuarmos como consumidores, adquirimos certos conhecimentos empíricos sobre o

funcionamento desse sistema.

Entretanto, em muitos momentos nos sentimos totalmente leigos ao nos

depararmos com a queda ou subida da bolsa de valores, o custo-Brasil, o custo de

vida em ascensão, e as depressões financeiras que passam determinados países entre

outros. Nestes momentos nos sentimos conduzidos por forças externas, semelhantes

a uma caixa preta a qual não temos acesso. Portanto, conhecer o sistema econômico,

o comportamento do mercado e os agregados macroeconômicos nos permite adquirir

uma visão sistêmica.

Isto é perceber que não é simplesmente uma questão de modelos econômicos

numa visão purista da aplicação das fórmulas matemáticas. Mas os modelos devem

considerar a sociedade, cultura, ideologia, psicologia do comportamento humano

(individual e coletivo), a história das guerras, pois tudo nos favorece a compreensão

da economia.

.

Exercícios

Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as

atividades na plataforma de ensino.

.

AULA 07 DE ECONOMIA

CONTEÚDO DA AULA 07

AULA 7 - INTRODUÇAO À MICROECONOMIA

7.1 Análise da Demanda de Mercado e seus Fundamentos

7.1.1 A questão da utilidade

7.2 Curva de Indiferença (CI)

7.2.1 Restrição orçamentária (RO)

7.3 Variáveis que Influenciam a Demanda

7.3.1 Variáveis e o cálculo da demanda

Page 86: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

7.4 Elasticidade

7.4.1 Elasticidade-preço

7.4.2 Determinantes e a elasticidade

7.4.3 Oferta e custo marginal

7.4.4 Elasticidade de oferta

7.5 Utilidade Marginal

7.5.1 Redução da utilidade marginal

7.5.2 A maximização da utilidade por parte dos consumidores

AULA 07 – Introdução à microeconomia

Nesta aula, você vai estudar o comportamento do mercado. Para iniciar seus estudos,

leia a frase a seguir:

“Precisamos de braços (...) no intuito de aumentar a concorrência de trabalhadores e,

mediante a lei da oferta e procura diminuir o salário.” (Fala de um deputado paulista

depois da abolição da escravatura, Anais da Câmara, 1888.)

A lei da oferta e da procura está diretamente relacionada aos mercados de bens e

serviços, mas também se aplica ao mercado de emprego. O mercado de emprego é

uma força dinâmica que se rege de acordo com a lei da oferta e da procura e é

influenciado por fatores diversos. Para além das qualificações dos recursos humanos

(habilitações literárias, conhecimentos técnicos, características pessoais, etc.) existem

ainda outros fatores que não dependem diretamente do indivíduo e que afetam a

acessibilidade do mercado de emprego. Como vimos na fala do deputado do século

XIX, havia um desejo de que a oferta de mão-de-obra superasse a demanda de

empregos, gerando um excedente, para que os empregadores pudessem manipular os

salários. Assim, perguntamos:

Page 87: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Será que este fato social e econômico – a lei da oferta e da procura - ainda rege o

mercado de empregos na atualidade?

Vamos estudar estes aspectos nesta aula!

Essa aula tem o objetivo de proporcionar a você informações e atividades necessárias

à análise da demanda de mercado sob a ótica da microeconomia. Vamos abordar os

conceitos e fundamentos da teoria que influenciam a construção do conceito de

elasticidade e preço de demanda. Para tanto, abordaremos especificamente os temas

correspondentes a modelos de comportamento do consumidor e do produtor que dão

origem a teoria da oferta e envolvem aspectos relevantes da análise de custo dos

negócios e os benefícios que a empresa busca obter. Os exemplos e situações

abordados nesta aula nos mostram que a microeconomia é um instrumento de análise

das organizações muito útil para o administrador.

7.1 ANÁLISE DA DEMANDA DE MERCADO E SEUS FUNDAMENTOS

Você sabe qual é a definição de demanda? Para construir o seu próprio conceito

observe o gráfico a seguir.

Page 88: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Fig. 1 - Curva de Demandas

A Fig. 1, Demanda de Mercado representa o comportamento do consumidor em

relação a um determinado produto. Observe o que acontece quando o preço está em

um nível elevado: é possível notar claramente que a demanda pelo produto é menor,

isto é, uma parte dos consumidores não está disposta a adquirir o produto a este

preço. No gráfico ao nível de preço de R$10,00 teremos 8.000 quilos vendidos.

Agora veja o que ocorre quando o preço cai para R$4,00 o quilo: a demanda

cresce. Isso significa que mais consumidores estarão dispostos a adquirir o produto

àquele nível de preço. Como se vê, ao preço de R$ 4,00 serão efetuadas vendas de

15.000 quilos. Neste exemplo, podemos trabalhar dois conceitos desta aula, o de

demanda e o de comportamento da demanda. Vejamos com mais detalhes cada um

deles:

DEMANDA

É a quantidade de um determinado bem ou serviço que os consumidores desejam

adquirir num dado período de tempo (semana, mês, ano). A demanda não representa

a compra efetiva, mas a intenção de comprar algo por um certo preço.

Em vários dicionários você irá encontrar que demanda é a disposição de

comprar determinada mercadoria ou serviço por parte dos consumidores. Esse

fenômeno é também conhecido como procura.

EXEMPLO 7.1

No verão, há grande demanda por circulador de ar.

A demanda pode ser compreendida também pela quantidade de mercadoria

ou serviço que um consumidor ou conjunto de consumidores está disposto a comprar

por um determinado preço.

EXEMPLO 7.2

Page 89: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

A demanda por acessórios de informática diminui quando aumenta o valor do dólar.

.

EXEMPLO 7.3

Agora vamos ver um exemplo relacionado à economia doméstica.

Se o tomate estiver com preço médio de R$ 5,00 o quilo, o resultado é uma queda da

demanda por tomate devido ao preço elevado. Isto ocorre porque muitos

consumidores não poderão pagar este valor. Nessas situações, é comum os

consumidores passarem a comprar outros tipo de alimento, tais como extrato de

tomate para molhos, pepino e beterraba para saladas etc. Mas se o preço médio do

tomate cair para R$ 0,80 o quilo, vários consumidores voltarão a comprá-lo;

conseqüentemente haverá um aumento na demanda por tomate.

Por este último exemplo, chegamos ao conceito de comportamento da demanda.

Vamos a ele:

COMPORTAMENTO DA DEMANDA

Ocorre devido às restrições orçamentárias dos consumidores, ou seja, cada

consumidor possui um determinado nível de renda, mais elevado ou mais baixo.

Sendo assim, seu consumo está restrito a sua renda.

Por isso, diferentes tipos de rendas geram diferentes comportamentos da

demanda. O consumidor que possui uma renda mais alta continuará adquirindo o

produto mesmo a um preço elevado. Mas aquele que possui renda mais baixa estará

impossibilitado de adquirir o produto para não prejudicar o seu orçamento. Este

comportamento resulta numa queda da demanda. Mas lembre-se que ao cair o preço,

os consumidores de baixa renda voltam a adquirir o produto e conseqüentemente

haverá um aumento da demanda.

Page 90: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Os fundamentos da análise da demanda estão alicerçados no conceito de utilidade,

embora se saiba que esse conceito é subjetivo. Vejamos também o que a teoria diz a

esse respeito.

7.1.1 A Questão da Utilidade

A teoria da demanda baseia-se na teoria do valor utilidade. Temos, assim, que a

utilidade está diretamente relacionada à demanda. Supõe-se que, dados a renda do

consumidor e os preços de mercado, o consumidor ao demandar um bem ou um

serviço está maximizando a sua utilidade. Portanto, quanto maior a quantidade

consumida do bem ou serviço, maior a sua utilidade total.

Também temos o conceito de utilidade marginal, que significa a satisfação

adicional (na margem) obtida pelo consumo de mais uma unidade do bem. A utilidade

marginal é decrescente porque o consumidor vai se saturando desse bem quanto mais

o consome.

Esta relação entre consumidor e bem resulta em muitas análises e teorias. Toda a

teoria de demanda tem como hipótese básica que o consumidor está maximizando sua

utilidade ou satisfação. Vejamos nas próximas seções os conceitos associados a esta

teoria, inclusive o de utilidade marginal.

7.2 CURVA DE INDIFERENÇA (CI)

A curva de indiferença é um instrumento gráfico que serve para ilustrar as

preferências do consumidor. É o lugar geométrico de pontos representando diferentes

combinações de bens que dão ao consumidor o mesmo nível de utilidade e satisfação.

As curvas de indiferença são, assim, formas alternativas de ilustrar as preferências do

consumidor e seu equilíbrio.

Page 91: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Fig. 2 – Curva de indiferença carne e feijão

Na Fig. 2, a curva da indiferença mostra combinações diferentes que provocam o

mesmo nível de utilidade ao consumidor. Todos os pontos da curva representam

situações que proporcionam idêntica satisfação.

Na disciplina de matemática, você também estuda diferentes tipos de curva. Que tal

retomar alguns dados lá expostos, reconfigurando o que foi dito até aqui? Uma outra

dica para compreender melhor o conceito você irá encontrar na Sala de Leitura desta

aula.

7.2.1 Restrição Orçamentária (RO)

Um outro conceito fundamental no estudo da curva da indiferença é o de

restrição orçamentária. Para melhor esclarece-lo, lançamos mão de um novo exemplo:

EXEMPLO 7.4

Um consumidor gostaria de consumir o máximo possível de produtos. Porém, seu

Page 92: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

desejo é limitado por dois fatores: o preço do produto e sua renda. Assim, se o quilo

do produto x custa R$ 4,00 e o quilo do produto y custa R$50,00, e a renda mensal do

indivíduo é de R$ 400,00, ele poderá adquirir no máximo 100 quilos do produto x ou 8

quilos do produto y.

Este exemplo nos fornece a chamada linha da restrição orçamentária, assim definida:

RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA

A restrição orçamentária é o montante de renda disponível do consumidor em um

determinado período de tempo. Ela limita as possibilidades de consumo,

condicionando quanto o consumidor pode gastar.

A restrição orçamentária fica mais fácil de você observar ao visualizar o gráfico a

seguir:

Fig. 3 – Reta orçamentária

Page 93: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Na Fig. 3, quando o consumidor gasta toda a sua renda abaixo da reta

orçamentária, ele está gastando aquém do que poderia. Se gasta acima da reta, o

consumidor está impedido de consumir, em função da restrição de seu orçamento.

Assim, o consumidor estará maximizando sua utilidade quando sua reta orçamentária

tangenciar uma dada curva de indiferença. Se a renda do consumidor aumenta ou cai

os preços dos bens e serviços que o consumidor deseja consumir, a reta orçamentária

eleva-se e permite que ele tenha maiores níveis de satisfação.

O equilíbrio do consumidor se dá no ponto em que a reta de sua restrição

orçamentária tangencia uma curva de indiferença. Ou seja:

Dados os preços das mercadorias e a renda pessoal, o consumidor está em

equilíbrio quando maximiza a utilidade ou a satisfação total derivadas de suas

compras.

Assim, quanto menor for o ângulo formado, maior é a possibilidade de

satisfação do consumidor.

Page 94: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

7.3 VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM A DEMANDA

Quais variáveis afetam a demanda?

A demanda de um determinado bem (produto ou serviço) depende de um

conjunto de variáveis que a influenciam, das quais destacamos:

Riqueza – a riqueza de uma sociedade, bem como sua distribuição, tem

influência direta no consumo (demanda); quanto maior for a riqueza da

sociedade maior é a possibilidade de consumo.

Renda – quando a distribuição da renda de uma sociedade atinge um nível

maior na sua distribuição e alcança um número grande de pessoas, aumenta a

possibilidade de consumo dos habitantes da região.

Preço de outros bens – quando o preço de bens similares em utilidade similar

atinge a satisfação dos consumidores, isso influencia o consumo do referido

similar; ou seja, reduz-se a possibilidade de consumo do bem original devido à

substituição pelo similar que satisfaz;

Fatores climáticos e sazonais – o clima é fator importante no consumo de

determinados bens. Por exemplo, o consumo de alimentos sólidos tem maior

preferência do que os líquidos em períodos de clima frio.

Propaganda – essa tem um papel importante no consumo, pois, quando bem

elaborada, pode induzir o consumidor a adquirir um dado serviço ou produto.

Outros - Hábitos, gostos, preferência dos consumidores, oportunidades de

compra etc.

Tradicionalmente, a função da demanda é colocada como dependente das

variáveis citadas por serem consideradas relevantes e gerais, pois, são as mais

observadas no mercado de bens e de serviços.

Mas como calcular uma determinada demanda em função das variáveis?

7.3.1 Variáveis e a obtenção gráfica da demanda

Vejamos a combinação destas variáveis aplicadas à fórmula da obtenção gráfica da

demanda.

Page 95: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

qdi = f(Pi,Ps,Pc, R, G)

Onde:

qd = quantidade procurada (demandada) do bem i/t (t significa um dado período).

Pi = preço do bem i/t.

Ps = preço dos bens substitutos ou concorrentes / t.

Pc = preço dos bens complementares / t.

R = renda do consumidor.

G = gastos, hábitos e preferências do consumidor / t.

A curva convencional da demanda é negativamente inclinada. Dado o preço do

produto, ela mostra qual é a escala de procura para o consumidor e quanto o

consumidor deseja consumir.

EXEMPLO 7.5

Apresentamos o exemplo extraído do professor Vasconcellos (2002, p. 55), para

compreendermos o conceito e os cálculos:

Preço de R$ 1,00, quantidade demandada 50;

Preço de R$ 2,00, quantidade demandada 45;

Preço de R$ 3,00, quantidade demandada 40;

Preço de R$ 4,00, quantidade demandada 35;

Preço de R$ 5,00, quantidade demandada 30.

Graficamente teremos:

Page 96: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Fonte: Vasconcellos (2002, p. 55).

7.4 ELASTICIDADE

Como vimos, quando ocorre aumento de preço de um determinado bem, a

quantidade demandada tende a cair, *ceteris paribus (quando tudo o mais permanece

constante). Então dissemos que já conhecemos a direção, o sentido (queda), mas não

sabemos a quantidade numérica. Por exemplo, um aumento no preço de 15% provoca

uma queda de demanda, mas de quanto? O conceito de elasticidade fornece essa

resposta.

Ceteris paribus

Expressão latina que significa “permanecendo constante todas as demais variáveis’

Em economia, a expressão é utilizada quando se quer medir as conseqüências de

mudanças de uma variável sobre outra.

.

Page 97: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

ELASTICIDADE

Elasticidade é a alteração percentual de uma variável dada a variação percentual de

outra, ceteris paribus. Sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de uma variável em

função da variação da outra. Pode-se dizer que é a relação entre as diferentes

quantidades de oferta e procura de certas mercadorias em função das alterações

verificadas em seus respectivos preços.

De acordo com este conceito, vejamos a seguir um tipo importante de elasticidade.

7.4.1 Elasticidade-preço

É a variação percentual na quantidade demandada, dada a variação percentual

no preço do bem ceteris paribus, ou seja, tudo o mais constante. De acordo com a

elasticidade-preço, a demanda pode ser classificada em três categorias:

Elástica - A demanda elástica significa que, dada uma variação percentual, a

quantidade demandada varia em sentido contrário. Por exemplo: uma variação

de 10% no preço provoca uma variação contrária de 15%; isso revela que a

quantidade é bastante sensível a variação de seu preço. A demanda é elástica

quando for > 1.

Inelástica - A demanda é inelástica quando os consumidores são pouco

sensíveis à variação do preço. A demanda é inelástica quando for (?).

Elasticidade preço unitário - A demanda de elasticidade unitária ocorre quando

a relação entre o aumento do preço e do consumo é na mesma proporção.

Exemplo: se o preço aumenta em 10% a quantidade cai também em 10%, ou

seja, = 1.

São quatro os fatores que afetam a elasticidade-preço demanda:

Disponibilidade de bens substitutos - Quanto maior a disponibilidade de bens

substitutos, menos será a reação de um aumento de preços, tornando o bem

inelástico.

Page 98: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Essencialidade do bem - Quando um bem não é essencial, um aumento de

preço leva o consumidor a deixar de consumir o produto, o que não afeta a

elasticidade.

Importância relativa do bem no orçamento do consumidor - Depende do

gosto do consumidor pelo bem e a sua importância no orçamento.

Horizonte tempo - Quando o tempo for maior, possibilita ao consumidor

buscar novos produtos substitutos, não alterando a elasticidade do bem.

Com relação a este último fator - horizonte tempo -, ocorrem situações

diferentes que provocam a elasticidade. Vejamos algumas:

Elasticidade renda da demanda: é a variação percentual na quantidade

demandada, dada a variação percentual na renda, ceteris paribus.

Elasticidade preço cruzada da demanda: é a variação percentual na

quantidade demandada, dada a variação percentual no preço de outro bem,

ceteris paribus.

Elasticidade preço da oferta: é a variação percentual na quantidade

ofertada, dada uma variação percentual no preço do bem, ceteris paribus.

Elasticidade das exportações em relação à taxa de câmbio: é a variação

percentual nas exportações, dada a variação percentual na taxa de câmbio,

ceteris paribus.

Elasticidade da demanda da moeda em relação à taxa de juros: é a variação

percentual da procura da moeda, dada a variação percentual da taxa de juros,

ceteris paribus.

Concluindo, podemos afirmar que se uma pequena variação (para mais ou para

menos) nos preços dá origem a uma grande variação na quantidade demandada, diz-se

que a demanda é bastante elástica. Se, ao contrário, uma significativa variação nos

preços produz variações irrelevantes na quantidade demandada, diz-se que a demanda

é bastante inelástica.

Page 99: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Para se saber o nível de variação de uma demanda, criou-se a fórmula da elasticidade

da demanda, que vem a ser:

Elasticidade de Demanda = Elevação percentual na quantidade demandada/Redução

percentual no preço.

7.4.2 Determinantes da Elasticidade

Aqui estão algumas das influências que fazem com que a demanda de bens seja

elástica ou inelástica:

Bens supérfluos versus bens necessários - Os bens supérfluos tendem a ter

uma demanda elástica, e os bens necessários tendem a ter uma demanda

inelástica.

Percentagem de renda - Itens que têm uma importância muito grande no

orçamento tendem ter uma demanda mais elástica.

Substitutibilidade - Itens que tenham bons substitutos tendem a ter uma

demanda mais elástica.

Tempo - A passagem do tempo pode ter uma importante influência na

elasticidade.

7.4.3 Oferta e Custo Marginal

A decisão de uma empresa no tocante à quantidade de um determinado

produto que deseja ofertar a preços alternativos depende de inúmeros fatores. O mais

importante é - via de regra - o custo de produção de quantidades diversas desse

produto. Se a economia enfatiza a utilidade marginal na determinação da demanda do

consumidor, enfatiza igualmente o custo marginal, ou seja, o custo adicional de

produção de mais uma unidade de produto na determinação da oferta das empresas

em face do mercado.

7.4.4 Elasticidade de Oferta

Page 100: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

O conceito é análogo ao de elasticidade de demanda. A oferta é elástica se

responde, de forma mais proporcional, a uma dada variação de preço. E é inelástica se

responde menos que proporcionalmente a uma dada variação de preço. Ao contrário

da demanda, a quantidade ofertada movimenta-se na mesma direção do preço, na

medida em que um preço mais elevado equivale a um lucro mais elevado

(permanecendo inalterado os custos), o que induz a empresa a produzir e vender em

maiores quantidades.

Elasticidade de Oferta = Elevação percentual na quantidade ofertada / Elevação

percentual no preço.

A elasticidade da oferta depende de:

O Custo e a Possibilidade de estocar - Os bens cujo custo de estocagem é

elevado possuem uma baixa elasticidade da oferta. Os bens de rápida

deterioração serão jogados no mercado independentemente do preço; sua

elasticidade da oferta será muito baixa.

Características do Processo de Produção - Se um bem possui um substituto

próximo da produção, com produção rápida, a oferta será elástica; ao

contrário, não.

O tempo - O tempo pode influenciar a elasticidade da oferta, assim como

influencia a elasticidade da demanda.

7.5 UTILIDADE MARGINAL

A utilidade marginal é, então, definida como o prazer ou a satisfação que

recebemos em virtude do consumo de um determinado bem. A utilidade, de per si,

determina o quanto os indivíduos estarão dispostos a pagar em troca desse bem ou a

quantidade que os indivíduos estarão dispostos a adquirir aos diversos preços.

Também chamada de utilidade limite ou utilidade final, a utilidade marginal é aquela

que, dada certa quantidade de um bem, corresponde à utilidade extra adicionada pela

sua última unidade.

Page 101: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

O conceito de utilidade marginal se baseia no princípio da saturabilidade das

necessidades, ou seja, as necessidades humanas admitem uma saturação gradual: à

medida que se aumenta a quantidade dos bens, a satisfação que estes proporcionam

diminui.

7.5.1 Redução da Utilidade Marginal

A utilidade marginal de um bem é definida como a força do desejo do

consumidor em adquirir uma unidade adicional desse bem. O princípio da diminuição

da utilidade marginal afirma que quanto maior a quantidade adquirida de um bem,

tanto menor será a utilidade marginal desse mesmo bem.

7.5.2 A Maximização da Utilidade por Parte dos Consumidores

Ao despenderem sua renda, os consumidores buscam maximizar sua utilidade.

Suponhamos que a renda desses consumidores permita a aquisição de um grande

número de mercadorias. Nesse processo, os consumidores tentarão escolher as

mercadorias que satisfaçam seus desejos mais fortes ou prementes, isto é, tentarão

maximizar sua utilidade.

O consumidor se dirige ao mercado com um conjunto de preferências ou

desejos e uma certa quantidade de renda monetária. Considerando que os desejos dos

consumidores são restritos em razão de suas rendas, esses consumidores deverão

permanecer atentos aos preços dos bens. Em conseqüência, maximizarão sua

satisfação ou utilidade quando despenderem suas rendas de tal forma que a utilidade

marginal (ou adicional) obtida da última unidade de cada bem adquirido seja

exatamente proporcional ao preço pago por cada bem.

Concluindo

É fundamental nas organizações que o gestor possa exercer de forma ampla e

complexa seu papel de gestor voltado para os ambientes interno e externo,

Page 102: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

realizando atividades de:

Planejamento do curso dos negócios a partir das demandas dos consumidores.

Identificação dos fatores críticos que determinaram o êxito no mercado em

relação ao comportamento do consumidor, subsidiando os pressupostos do

planejamento estratégico.

Levantamento dos fatores de mercado que influenciam na demanda,

aquilatando-os e verificando as suas repercussões.

Uma vez conhecido o comportamento do consumidor e do produtor, isto é, os

instrumentos de demanda e oferta, amplia-se a possibilidade de compreensão dos

fatos econômicos e a tomada de decisões estratégicas para as empresas, visando

obter melhores resultados econômicos.

.

Exercícios

Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as

atividades na plataforma de ensino.

.

AUL8 DE ECONOMIA

CONTEÚDO DA AULA 08

AULA 8 - NOÇÕES DA TEORIA DA PRODUÇÃO E DA TEORIA DE CUSTOS

8.1 Teoria da Firma

8.2 Teoria da Produção

8.2.1 Conceitos básicos da teoria da produção

8.2.2 Fatores de produção

8.2.3 Função da produção

8.3 Conceitos Gerais da Produção

8.3.1 Hipótese de existência de fatores fixos na função da produção

8.4 Equilíbrio a Firma

8.4.1 Os custos de produção

Page 103: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

8.4.2 A visão econômica e a visão contábil financeira dos custos

.

Aula 08 - Noções da Teoria da Produção e da Teoria de Custos

Observe as situações a seguir e reflita sobre as seguintes questões: Quais são,

em sua opinião, os fatores que determinam a maximização da produção? Agregar

recursos é suficiente para melhorar a produtividade?

.

.

A aula 8 tem a finalidade de apresentar princípios, conceitos e fatores

empregados na teoria da produção e de custos, bem como as suas leis gerais.

Iniciaremos pelos conceitos de produção e de firma. É extremamente importante para

o profissional de administração, que provavelmente terá que administrar uma

empresa (pública ou privada), dominar a concepção que rege a teoria da firma, a teoria

da produção e custos. Estude com afinco este tema, pois contribuirá muito para o seu

sucesso profissional.

8.1 TEORIA DA FIRMA

Page 104: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

A firma é um importante componente do sistema econômico, que se situa no

setor produtivo, responsável pela transformação de fatores produtivos para a geração

de bens e serviços destinados ao consumo da sociedade. Também é um elemento

fundamental na geração de empregos.

Em economia de mercado encontramos dois agentes: de um lado os

consumidores e de outro a firma. Ao desenvolverem respectivamente suas atividades

básicas de produzir e consumir, as firmas e os consumidores estão se inter-

relacionando por meio de um sistema de preços. A teoria econômica estuda o

comportamento dessa inter-relação através da teoria do consumidor e da teoria da

firma (LER TEXTO: http://www.projetoe.org.br/vteams/teles/tele_01/leitura_01.html ).

As teorias econômicas mais atuais concebem a firma moderna como:

“Um conjunto de contratos entre agentes especializados, que trocarão informações e

serviços entre si, de modo a produzir um bem final. Os agentes poderão estar dentro

de uma hierarquia, que é o que convencionalmente chamamos de firma. Poderão,

entretanto, estar fora dessa hierarquia, relacionando-se extra-firma, mas agindo

motivados por estímulos que os levam a atuar coordenadamente”. (Zylberzstajn,

2003).

8.2 TEORIA DA PRODUÇÃO

O estudo da teoria da produção é importante para a compreensão da teoria da

firma porque os princípios gerais da teoria da produção enfocam os dados necessários

para a análise de custos e da oferta de bens e serviços produzidos. Esses componentes

formam a base para a definição dos preços.

Segundo Carvalho (2004), a teoria da produção desenvolve dois papéis

extremamente importantes. Primeiramente, serve de base para a análise das relações

entre produção e custo de produção. Em segundo lugar serve de apoio para a análise

da demanda da firma, ou seja, fornece o parâmetro da produção que por sua vez está

limitado a capacidade instalada.

Page 105: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

8.2.1 Conceitos Básicos da Teoria da Produção

O estudo da teoria da produção e o desenvolvimento de sua análise exigem, de inicio,

o conhecimento de alguns conceitos e termos fundamentais. Iniciamos com a palavra

produção e suas derivadas.

O termo produção tem origem na expressão latina producere, que significa

criar bens econômicos ou serviços oferecendo-os a venda ou a troca. A ação produzir

significa fazer aparecer bens ou serviços, destinados à venda ou a troca. Também

significa fazer aparecer o valor: a prestação de qualquer serviço que possa ser avaliado

economicamente, isto é, que seja possível atribuir a ele um valor que constitui

produção.

PRODUÇÃO

Fenômeno econômico que cria bens e serviços para a troca ou permuta. Neste caso,

troca ou permuta significam que os bens e serviços produzidos podem ser trocados ou

permutados entre si (chamado troca direta) ou por moedas (denominada troca

indireta), no caso de venda ou compra.

.

Destacamos algumas características importantes associadas à idéia de produção:

A produção é o processo que combina e transforma os fatores de produção

adquiridos pela empresa, visando criar bens e serviços que serão ofertados ao

mercado.

A produção consiste em toda a atividade humana destinada a obter bens ou

serviços necessários a sua própria satisfação.

Toda a produção ocorre em função das necessidades do homem.

A produção envolve transformar um bem ou serviço para que esse adquira

maior utilidade.

A produção pode ser assim classificada:

Produção de bens econômicos - alimento, vestuário, habitação etc.

Page 106: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Produção de serviços - médico, contador, transporte etc.

8.2.2 Fatores de Produção

Os fatores de produção são bens ou serviços utilizados transformáveis em

produção. A atividade produtiva requer a utilização de fatores produtivos que devem

ser remunerados quando utilizados.

FATORES DE PRODUÇÃO

“São todos os recursos utilizados na produção de “coisas” (bens ou serviços) para a

satisfação de necessidades ou desejos do homem. Englobam desde os recursos

naturais como terra, água, minerais, vegetais, até máquinas, equipamentos, recursos

humanos, edifícios, conhecimento técnico, capacidade empresarial etc.” (Foschete,

1998, p. 11).

No estudo da economia, existem várias opiniões a respeito do número de divisões

desses fatores produtivos. Entre elas destacamos as duas principais correntes:

Primeira (Mais antiga)

a) Terra (engloba todos os recursos naturais: terra, água, minerais, etc.)

b) Trabalho (são os recursos físicos, mentais e intelectuais do homem aplicados na

produção)

c) Capital (engloba todos os fatores – meios – de produção fabricados para

produzir outros bens, incluindo aí máquinas, equipamentos, edifícios etc).

Segunda (mais moderna - J. R. Hicks)

a) Trabalho

b) Capital - Terra; terreno

c) Bens de consumo não duráveis - são os produtos que duram pouco, como

alimentos, bebidas etc.

d) Bens de consumo duráveis - são os produtos que não se esgotam

imediatamente com o uso. Exemplos: eletrodomésticos, automóveis, etc.

Page 107: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Podemos ainda incluir como sendo também fator de produção a capacidade

empresarial, o conhecimento existente e adquirido pelos componentes da empresa,

firma (funcionários, diretores etc.).

A escolha do processo de produção depende sua eficiência. A eficiência pode

ser avaliada pelo ponto de vista tecnológico ou pelo ponto de vista econômico:

Eficiência técnica ou tecnológica - Entre dois ou mais processo de produção, é

aquele que proporciona uma mesma produção (quantidades) usando menor

quantidade física de fatores produtivos;

Eficiência econômica - Na comparação entre dois ou mais processos de

produção, é aquele que permite produzir a mesma quantidade física (unidades)

de um mesmo produto, com o menor custo de produção. Essa redução pode

ocorrer em função da redução de mão-de-obra ou consumo de energia etc.

O processo de produção pode ser representado, com maior facilidade de

entendimento através da ilustração a seguir:

Fonte: Vasconcellos, 2002, p.119 (Adaptação)

Nesta ilustração, os elementos do insumo (mão-de-obra, capital físico, área terra,

matérias-primas) são processados e geram determinados produtos.

8.2.3 Função da Produção

A função da produção é identificar e demonstrar a forma de solucionar os

problemas técnicos da produção, pela combinação dos fatores (insumos) que podem

ser utilizados para o melhor desenvolvimento do processo produtivo. A função da

produção pode ser conceituada como o resultado da combinação dos fatores e a

mostra de quantidade de produtos obtidos com essa combinação.

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É importante observar que, para a análise microeconômica da produção, a

função produção, assim determinada, parte-se do pressuposto que o empresário está

utilizando a melhor combinação e conseqüentemente, poderá conseguir a maior

quantidade de produtos acabados decorrentes da produção. Uma conceituação

importante também é a do processo de produção, que, definimos como a técnica

empregada por meio do qual um ou mais fatores são combinados para obtenção do

produto final.

É importante destacar a diferença entre os conceitos de função da produção e

processo de produção, na verdade, uma diferença bastante simples. Confira no quadro

a seguir:

Conceito de processo de produção Conceito de função de produção

A técnica empregada por meio do qual

um ou mais fatores são combinados para

obtenção do produto final. Indica quanto

de cada fator é necessário para obter

uma determinada quantia de produto

acabado.

Indica o máximo de produto que se é

possível conseguir com certa quantidade

de fatores, mediante a adequada escolha

do processo de produção.

Visando entendermos a combinação dos fatores produtivos para se obter o produto, é

importante colocarmos um exemplo que possibilita o entendimento da função

(relembre o conceito de função na aula de matemática) da produção, podendo ser

representada através da expressão:

Q = f (K, L)

Onde:

Q = Quantidade produzida do bem

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F = função

K = Quantidade empregada do fator capital

L = Quantidade empregada do fator trabalho

Essa expressão significa que a quantidade produzida do bem depende ou é função das

quantidades empregadas dos fatores trabalho e capital.

Exemplo de quadro ilustrativo:

Função da Produção

Quantidade produzida (Q) Capital empregado (K) Fator trabalho (L)

4 5 6 7 4 5 6 7 6 7 8 9

Note no exemplo descrito no quadro que os fatores empregados na produção

são fatores variáveis em relação ao todo, embora ao avaliar o valor unitário percebe-se

um comportamento diferente. Na teoria econômica, ao se fazer a análise,

consideram-se dois tipos de relações entre a quantidade produzida do produto e a

quantidade utilizada dos fatores. A primeira ocorre quando, na função de produção,

alguns fatores são fixos e outros são variáveis. Esse tipo de relação identifica o que a

teoria denomina de curto prazo, “que é uma situação em que o nível de produção

pode variar dentro de certo limite, de acordo com a atual capacidade instalada da

firma” (Foschete, 1998, p.72). O segundo tipo de relação identifica o longo prazo, que

ocorre quando todos os fatores são variáveis. Isto significa que “que é uma situação

em quem não só o nível de produção pode variar como também todos os fatores de

produção, particularmente o estoque de capital da firma, ampliando assim, sua

capacidade instalada” (FOSCHETE, 1998, p.72).

8.3 CONCEITOS GERAIS DA PRODUÇÃO

A produção de bens ou serviços envolve vários problemas técnicos, tais como:

Page 110: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Custo de produção - tem uma importância significativa para a empresa já que

dele depende o rendimento da organização; a partir do custo de produção,

pode-se determinar os preços.

Divisão do trabalho - é também um dos princípios fundamentais para obtenção

de mais renda na empresa.

Concentração das empresas - isto é, a escolha adequada da localização da

empresa, normalmente as empresas de um ramo de atividade concentram num

determinado local (distrito, bairro etc.).

Produtividade ou rendimento - expressa o grau de aproveitamento integral

dos fatores de produção disponíveis.

Temos também na produção a lei dos rendimentos crescente e a lei dos rendimentos

decrescente, como descritas aqui:

Rendimento crescente - é um aumento da produção que ocasiona um

aumento de serviços necessários a tal objetivo, isto, porém ocorre até

determinado limite denominado de limite máximo rendimento ou de eficiência.

Rendimento decrescente - a partir do limite máximo na eficiência a tendência

será diminuir o rendimento, mesmo que os fatores utilizados não diminuam, os

fatores aumentarão o custo total não aumentando a produção.

Os rendimentos na produção ao empregar os fatores são crescentes até um

determinado ponto, denominado de ponto máximo e, após esse o rendimento passa a

ser decrescente, como se verifica no gráfico ilustrativo a seguir:

Page 111: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

8.3.1 Hipótese de Existência de Fatores Fixos na Função da Produção

Análise de curto prazo - A função da produção que possui as quantidades de

todos os fatores fixos, menos a de um deles. Se a hipótese considerada for a de

se utilizar uma função de produção simplificada, com apenas dois fatores,

então, um deles será o fator fixo e outro o fator variável. Assim teremos:

Q = (x1 xº2)Onde:

Q = quantidade de produto

x1 = fator variável

xº2 = fator fixo

Lei de rendimentos decrescentes - Essa lei mostra o comportamento da taxa

de variação da produção quando é possível variar apenas um dos fatores,

permanecendo constante os demais fatores. Quando se aumenta a produção

da empresa em decorrência do aumento do fator variável, a taxa de

rendimento é crescente até determinado ponto, denominado de ponto

máximo, após esse nível a taxa começa a diminuir, ou seja, decresce. A lei tem

Page 112: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

como principal objetivo mostrar ao empresário (gestor) o comportamento da

taxa de produção em função da combinação dos fatores, recursos,

(produtividade). Essa lei também é conhecida como lei de produtividade

marginal decrescente. Para efeito de ilustração, imagine uma empresa agrícola

produtora de grãos, o fator terra é um fator fixo, da mesma forma que os

equipamentos utilizados para o preparo da terra e a colheita, ou seja, trator,

colhedeira etc. O fator variável é representado pela mão-de-obra empregada,

ou seja, pelo número de empregados contratados. Essa produção é crescente

até um determinado ponto, após esse a relação produção número de

empregados decresce.

Análise a longo prazo - Essa é outra forma de avaliar o relacionamento entre a

quantidade produzida e a quantidade utilizada de fatores (recursos). Essa

hipótese analisa a composição dos fatores onde todos os componentes são

variáveis, caracteriza a análise a longo prazo. A função da produção de longo

prazo é assim representada: q = f (x1, x2...xn)

A função produção que possui apenas dois elementos ou fatores apresenta

graficamente a forma de uma curva denominada de isoquantas, que significa

“igual quantidade”. Ou seja, pode ser definida como uma curva na qual todos

os pontos representam diferentes combinações dos fatores de produção que

fornecem uma mesma quantidade de produção. Um “conjunto de isoquantas,

representando diferentes níveis de produção e diferentes níveis de combinação

de fatores, constitui um mapa de produção”. (Foschete, 1998, p.74).

A taxa marginal de substituição técnica - A taxa marginal de substituição técnica

significa que o ganho de produção devido ao acréscimo pela utilização de x* é

igual ao decréscimo de produção na redução de x*. A taxa marginal tem

influência da mesma forma a utilização a mais ou a redução.

8.4 EQUILÍBRIO DA FIRMA

O objetivo principal de toda empresa, aqui denominada de firma, é obter

resultados que provoquem a obtenção de lucros nas suas atividades produtivas.

Page 113: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Contudo, na economia monetária, a utilização dos fatores produtivos que

normalmente são escassos, apresenta um dispêndio de recursos que a firma precisa

pagar.

A otimização dos resultados da firma poderá ser obtida quando for possível

maximizar a produção para determinado custo total. Nesse momento, ocorre uma

situação que a teoria econômica denomina de equilíbrio da firma.

8.4.1 Os Custos de Produção

A quantidade de recursos utilizados multiplicada pelo seu preço constitui o

custo para a produção de bens e serviços destinados à comercialização.

Compreendida a posição sobre o equilíbrio da firma como situação de otimização, é

fácil entender que o custo de produção ótimo deverá ser sempre pequeno para que o

resultado obtido seja lucro.

É importante que nós tenhamos um conhecimento sobre alguns termos e

conceitos sobre custos, conforme colocamos a seguir:

O custo é o consumo dos fatores de produção (terra, trabalho e capital)

empregados na produção de bens e serviços.

Segundo o professor Martins (1990, p. 24), “custo é o gasto relativo a

bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços”.

Custo é o sacrifício financeiro com que a entidade arca para obtenção

de um produto ou serviço qualquer, sacrifício esse representado por

entrega ou promessa de entrega de ativos.

Um outro conceito importante é: como custo entende-se a soma de

valores, de bens e serviços consumidos e aplicados para obter um novo

bem ou um novo serviço.

Há, ainda, quem considere e mesmo denomine custos como despesas,

aplicações ou consumo.

Tipos de Custos

Custos fixos (CFT) São aqueles que não alteram em função

da produção, independem do volume de

Page 114: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

atividades.

Custos variáveis (CVT) São aqueles que variam em função da

base de referência (produção, serviço

etc.).

Custos Unitários (CUT) São os custos referentes a uma unidade

de produção ou serviço (custo fixo

unitário + custo variável unitário).

Custo Total (CT) É a soma dos custos fixos totais com a

soma dos custos variáveis totais. CT = CFT

+ CVT.

Exemplo

Quantidade CFT R$ CVT R$ CT R$

0 60 0 60

1 60 30 90

2 60 40 100

3 60 45 105

4 60 55 115

5 60 75 125

6 60 120 180

Outra classificação importante:

Custos de curto prazo - A maioria das empresas, principalmente as de pequeno

porte que é o que predomina em nosso meio, quando produz utiliza fatores

fixos e variáveis. A título de exemplo e para facilitar o entendimento,

consideremos a existência de apenas um fator fixo, identificado pelo tamanho

da estrutura da firma e fatores variáveis capital, mão-de-obra, insumos etc.

Nesse caso a empresa só poderá aumentar ou reduzir sua produção por

intermédio de uma atuação nos fatores variáveis – capital, mão-de-obra,

insumos, uma vez que o seu tamanho, ou seja, sua capacidade produtiva é

Page 115: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

constante e não pode ser alterada (aumento ou redução) a curto prazo. A

análise de custos de produção de curto prazo, a função de produção dessa

firma, pode ser assim identificada:

q = f (x1, x2, x3, xº4)Onde:

Q = quantidade produzida;

X1, x2, x3 = fatores variáveis (capital, mão-de-obra e insumos)

Xº4 = fator fixo.

Custos de longo prazo - Os custos de longo prazo apresentam como

característica a variação de todos os fatores (recursos). Assim, nesse tipo de

produção de período não tem razão de se falar de custo fixo. A função

produção é assim representada:

q = f (x1, x2, x3)Onde:

Q = quantidade produzida em longo prazo

X1, x2, x3, = fatores variáveis (capital, mão-de-obra, insumos etc)

É importante colocar que a produção a longo prazo é a do período e se analisa

o conjunto e não individualmente, como o caso de curto prazo

8.4.2 A Visão Econômica e a Visão Contábil Financeira dos Custos

Existem algumas diferenças entre a visão econômica dos custos e a visão

contábil financeira utilizada pelos contadores e administradores.

No que difere a visão econômica dos custos e a visão contábil financeira utilizada pelos

contadores e administradores?

Page 116: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

A visão econômica é mais genérica, olhando mais o mercado, ou seja, as

transações externas da empresa. Na visão contábil financeira a preocupação volta-se

mais para o detalhamento dos gastos da empresa específica. As principais diferenças,

porém, estão nos seguintes conceitos:

Custos de oportunidade.

Custos contábeis.

Externalidades.

Custos e despesas.

Vamos aprofundar os conceitos destas características:

Custos de oportunidade - Os custos de oportunidades não são contabilizados

no balanço da empresa. São custos implícitos, que não envolvem desembolso

financeiro; não ocorre a saída de recursos do caixa da empresa. Alguns custos

de oportunidade representam recursos que pertencem a empresa e não são

usados no processo produtivo; esses valores são estimados a partir do que a

empresa poderia ganhar usando em outras atividades. Exemplos: o capital que

permanece parado no caixa da empresa (o custo de oportunidade é o que a

empresa poderia estar ganhando se aplicasse esse capital no mercado

financeiro); a empresa tem prédio próprio (ela deve imputar um custo de

oportunidade correspondente ao que pagaria se tivesse de alugar um prédio); o

conhecimento dos proprietários da empresa (se estivessem utilizando seus

conhecimentos em outra empresa ou atividade).

Custos contábeis - Os custos contábeis são os custos como normalmente são

conhecidos na contabilidade das empresas privadas, ou seja, são custos

explícitos que sempre envolvem dispêndio monetário. É o gasto efetivo da

empresa, na compra ou aluguel de insumos. Gasto em contabilidade não

significa desembolso de dinheiro. É o caso da depreciação que é um gasto; mas,

a empresa não desembolsa dinheiro, uma vez que, o desembolso ocorreu na

compra do bem.

Page 117: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Para os economistas, as curvas de custos das firmas devem considerar, além

dos custos contábeis, os custos de oportunidade, só dessa forma terá o custo real que

refletirá a verdadeira escassez relativa do recurso utilizado.

Externalidades (economias externas) - As externalidades (ou economias

externas) podem ser definidas como as alterações de custos e benefícios para a

sociedade derivadas da produção das empresas, ou também como alteração

dos custos e receitas para a empresa derivadas a fatores externos, como

podemos colocar como exemplo: Uma redução na paridade da taxa de cambio

na importação de um fator de produção (matéria-prima) possibilita a redução

do custo da empresa, ao contrário um aumento na taxa de câmbio provoca o

aumento do custo no fator produtivo. A externalidade tanto pode ser positiva

como pode ser negativa. A positiva ocorre quando uma unidade econômica cria

benefícios para outra. É o caso de uma empresa que efetua um investimento

na formação da mão-de-obra e posteriormente essa mão-de-obra já qualificada

muda para outra empresa. Outro exemplo de externalidade positiva é quando

o investimento do setor público com infra-estrutura numa região provoca uma

redução de custos no transporte de insumos para a empresa. A externalidade

negativa ocorre quando a empresa tem um aumento no custo devido à própria

externalidade, por exemplo, quando uma exigência do setor público provoca

um aumento no custo do produto.

Custos versus despesas - Na contabilidade, se faz a diferença entre custos e

despesas. Já na microeconomia, não é feita essa distinção entre os conceitos de

despesa e custo. Na contabilidade o custo incorpora-se ao bem, ele faz parte do

bem; já a despesa não está incorporada ao bem. Por exemplo, os investimentos

com publicidade para vender o produto não são considerados custo, mas sim

despesa.

Exercícios

Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as

atividades na plataforma de ensino.

.

Page 118: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

AULA 09 DE ECONOMIA

CONTEÚDO DA AULA 09

AULA 9 - MERCADO: OFERTA E PROCURA

9.1 Conceito e Estrutura

9.2 Componentes do Mercado

9.2.1 A Demanda

9.2.2 A Oferta

9.2.3 O Equilíbrio do Mercado

9.2.4 Classificação da estrutura de mercado

9.3 Mercado e o Governo

9.4 O Mecanismo do Mercado

9.5 Estruturas Básicas do Mercado

9.5.1 Concorrência Perfeita

9.5.2 Monopólio

9.5.3 Oligopólios

9.5.4 Concorrência monopolística

.

Aula 09 - Mercado: Oferta e Procura

Nesta aula, o assunto é o mecanismo do mercado na economia. Sabendo que o

mercado é constituído de compradores e vendedores, reflita sobre as seguintes

questões:

Quais as características de um mercado em condições de perfeita

concorrência?

Será que o quadro real da economia é melhor caracterizado por imperfeições

de toda ordem que impedem o pleno e eficiente uso dos recursos?

Até que ponto a produção e a distribuição dos bens e serviços são realizadas de

maneira racional, de modo que os desejos dos produtores e consumidores

sejam satisfatoriamente atendidos?

Page 119: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Nesta última aula, demonstraremos que a primeira preocupação que qualquer

administrador empenhado em gerir uma empresa precisa ter é com relação ao

mercado, pois o fator mercadológico é uma função determinante para a empresa, sem

o que não existe possibilidade de uma organização conseguir resultados satisfatórios.

Conhecer o mecanismo do mercado é ponto importante na formação do

administrador. Comecemos por aprofundar seu conceito e estrutura.

9.1 CONCEITO E ESTRUTURA

MERCADO

Local onde se encontram as pessoas, famílias, unidades produtivas, com a finalidade

de efetuar transações econômicas, ou seja, realizar operações de compra e venda de

bens e/ou serviços.

Segundo Rossetti (2003, p.395), o conceito de mercado diz respeito a “um lugar

determinado onde os agentes econômicos realizam suas transações”. Outro conceito

importante sobre mercado é proposto por Sandroni (1989, p.193): “De forma geral o

termo designa um grupo de compradores vendedores que estão em contato

suficientemente próximo para que as transações entre eles afetem as condições de

compra e venda dos demais”. Já Galbraith (1980 apud Rossetti, 2003) traz uma noção

bem diferente para o conceito: mercado é uma abstração, já que com a globalização

não existe mais a conotação geográfica.

Os executivos falam das dificuldades que eles enfrentam no mercado e

referem-se a uma abstração econômica. O mercado define-se por forças

aparentemente antagônicas, as da oferta e as da demanda; quando ambas ocorrem

simultaneamente, define-se o mercado.

Em síntese, pode-se afirmar que mercado é quando existe ao mesmo tempo

oferta e procura de um determinado bem ou serviço. A abstração a que nos referimos

são as forças que definem a oferta e a procura correspondentes. Essas forças definem

os padrões do mercado, que podem ser:

Page 120: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Firme - quando a procura de um bem supera a sua oferta;

Estável - quando tanto a oferta quanto a procura mantém um equilíbrio;

Frouxo - quando a procura é inferior a capacidade da oferta.

O mercado está estruturado em diferentes formas, definidas a partir de um

conjunto de elementos igualmente distintos:

Número de agentes envolvidos;

Formas de componentes dos agentes;

Natureza do fator de produção ou do produto.

A estrutura básica do mercado pode ser definida em quatro elementos que

apresentam características e condições específicas:

Concorrência perfeita;

Monopólio;

Oligopólio;

Concorrência monopolística.

9.2 Componentes do Mercado

9.2.1 A Demanda

DEMANDA

É uma relação que determina a quantidade de um bem ou serviço que os

compradores estariam dispostos a e seriam capazes de adquirir por diferentes preços.

A procura ou demanda de um bem é determinada pelas várias quantidades que os

consumidores estão dispostos a comprar (adquirir), em função dos vários níveis

possíveis de preços, em determinado período de tempo. No quadro 1, damos um

exemplo da demanda de um determinado produto A e sua variação em relação ao

preço.

Page 121: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Quadro 1 - Relação de demanda do produto A

Produto Preço produto x Quantidade Q Demandada

A R$10,00 50

A R$ 8,00 100

A R$ 6,00 200

A R$ 4,00 400

A R$ 2,00 600

.

A demanda ou procura de um determinado produto em função do preço -

nesse caso o produto A - é fácil de compreender através do gráfico abaixo:

Fig. 1

Como pode observar na Fig.1, à medida que cai o preço do produto, a demanda pelo

mesmo aumenta. Ou seja, a curva da demanda indica que, a cada preço de mercado,

corresponde uma quantidade de produto A que os indivíduos iriam procurar.

9.2.2 A Oferta

Page 122: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

OFERTA

A oferta de um determinado bem é definida pelas quantidades que os produtores

estão dispostos e aptos a oferecer no mercado, por determinado preço em

determinado tempo.

Diversos fatores influenciam o comportamento de uma empresa e sua oferta no

mercado:

Preço do bem ou serviço - Para a economia clássica, quanto mais alto o preço

de mercado, maior tenderia ser a quantidade ofertada.

Tecnologia - Quanto maior for o avanço tecnológico, maior tende ser a quantia

ofertada.

Condições climáticas - No caso de produtos que dependem do clima, como é o

caso de produtos agrícolas.

Recursos - O suprimento de insumos necessários para produção da mercadoria.

CURVA DA OFERTA

A curva da oferta mostra a quantidade de produtos ou serviços que as empresas estão

dispostas a vender, em um período de tempo a um determinado valor.

Veja o exemplo no quadro 2:

Quadro 2 - Curva de oferta do produto A

Produto Preço produto A Quantidade Demandada

A R$.. 10,00 260

A R$.. 8,00 240

A R$.. 6,00 200

A R$.. 4,00 150

A R$.. 2,00 80

Um preço alto desalenta os consumidores e induz à substituição por produtos

alternativos. O gráfico abaixo mostra a curva da oferta em função do preço do produto

A:

Page 123: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Pelo gráfico é possível verificar o deslocamento da curva de oferta em função do preço

de vendas do produto A.

9.2.3 O Equilíbrio de Mercado

EQUILÍBRIO DE MERCADO

Condição hipotética de mercado, na qual a oferta é igual à procura. Expressa a

estabilidade do sistema de forças que atuam na circulação e troca de mercadorias e

títulos.

O equilíbrio de mercado ocorre quando as curvas de oferta e de demanda se

cruzam e isso se dá no momento em que os preços e as quantidades atendam as

necessidades dos produtores e dos consumidores. Veja a seguir:

Page 124: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

9.2.4 Classificações da Estrutura de Mercado

A estrutura de mercado possui várias classificações. As menos complexas

fundamentam-se apenas no número de agentes envolvidos em cada um dos lados o da

oferta ou o da procura. Para compreendermos tais classificações, devemos focalizar

nos termos Monopólio, Monopsônio, Mercado de Concorrência Monopolística,

Oligopólio, Oligopsônio. Nesta seção, vamos tratar do Monopsônio e do Oligopsônio,

esclarecendo que essas acepções são contraconceitos, isto é, conceitos negativos ou

conceitos por exclusão.

“Monopsônio é o monopólio às avessas, ou seja, a concentração do poder de compra

por apenas um ente, em detrimento de seus fornecedores ou vendedores. Já o

monopólio é o fenômeno que se manifesta em um mercado em que há um só

vendedor e vários compradores. Monopsônio, perpassa, em suma, como o mercado

em que há vários vendedores e só um comprador, que detém o monopólio de

compra. Diz-se do mercado, atinente a determinado produto, em que existem vários

Page 125: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

vendedores e um comprador apenas. Em contrapartida, o Oligopsônio é o revés do

oligopólio (poucos vendedores em detrimento de muitos compradores), em razão do

poderio de mercado estar concentrado na seara de alguns compradores, que o

exercem em detrimento de seus fornecedores ou vendedores. Oligopsônio é um

pequeno número de empresas compradoras de um dado produto, fornecido por

várias sociedades empresariais.

Obriga-se também que o oligopsônio pode ser formado por um grupo pequeno de

compradores que possuem condição de negociar em condições privilegiadas,

estabelecendo o preço a ser praticado por seus fornecedores. Podemos falar então

em um mercado oligopsonístico, ocorrente em um ambiente com muitos vendedores

e poucos compradores. A título de exemplo, temos o módulo concentracional em

poder das montadoras de automóveis, no que pertine às suas várias fornecedoras de

autopeças”.

Texto elaborado por Luís Gustavo Bregalda Neves, Procurador Federal Pós-graduando

em Direito Tributário e extraído do site:

http://www.noticiasforenses.com.br/artigos/nf190/online/luis-gustavo1-190.htm ,

em 23 de março de 2006.

Agora, vejamos estes conceitos aplicados no modelo constituído por

Stackelberg (1934 apud, ROSSETTI, 2003) e demonstrados no quadro 1:

Fonte: Rossetti (2003, p.398).

Quadro 1 - Classificação segundo Stackelberg

Oferta Procura Um só Vendedor Pequeno número

de vendedores

Grande número de

Vendedores

Um só comprador Monopólio bilateral Quase-monopsônio Monopsônio

Pequeno número

de compradores

Quase-monopólio Oligopólio bilateral Oligopsônio

Grande número de Monopólio Oligopólio Concorrência

Page 126: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

compradores perfeita

.

Por exemplo, na situação de “um só vendedor”, temos o caso da Petrobrás que

representa o monopólio bilateral (um só vendedor). Vejamos outro caso: se você

observar as montadoras de automóveis de São Paulo verá que elas possuem empresas

que fornecem peças somente para elas; este é um caso de monopólio inverso ao da

Petrobrás: ao invés de “um só vendedor” é “um só comprador”. A classificação de

Stackelberg, embora bastante simples, tornou-se clássica no estudo da estrutura de

mercado.

Outra classificação importante da estrutura de mercado é elaborada Marchal (1890

apud, ROSSETTI, 2003) conforme segue:

Fonte: Rossetti (2003, p.399).

Quadro 2 - Estrutura automatizada

Oferta Procura Estrutura

monolítica um

só vendedor

Estrutura

molecular

poucos

vendedores

Muitos

vendedores

com viscosidade

Muitos

vendedores

Com Fluidez

Estrutura

monolítica, um

só comprador

Monopólio

bilateral

Monopsônio

contrariado

Monopsônio

viscoso

Monopsônio

fluido

Estrutura

molecular,

poucos

compradores

Monopólio

contrariado

Oligopólio

bilateral

Oligopsônio

viscoso

Oligopsônio

fluido

Muitos

compradores

com viscosidade

Monopólio

viscoso

Oligopólio

viscoso

Concorrência

duplamente

imperfeita

Concorrência

imperfeita de

Compradores

Muitos

compradores

com fluidez

Monopólio

fluido

Oligopólio fluido Concorrência

imperfeita de

vendedores

Concorrência

perfeita

Page 127: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Vejamos mais um exemplo sobre montadoras, agora de Marchal (1890), sobre

a oferta e procura na situação de “estrutura molecular poucos compradores”. Da

mesma forma que algumas montadoras de automóveis do ABC paulista adquirem

peças estritamente de uma fábrica, existem fábricas que vendem componentes para

várias montadoras. Complementando a discussão, citamos a área de distribuição de

combustíveis, dominada por cinco grandes companhias, a saber: BR Distribuidora,

Shell, Ipiranga, Esso e Texaco no Brasil. Esse caso de poucos vendedores (Shell,

Ipiranga, Esso etc.) explica o “monopsônio contrariado”. É possível observar que a

classificação de Marchal é um pouco mais complexa, mas os componentes são sempre

formados por vendedores e compradores com estruturas bem definidas.

9.3 MERCADO E O GOVERNO

Os recursos de cada economia são limitados, é necessário fazer escolhas.

Portanto, cada economia precisa de um mecanismo para responder às perguntas

fundamentais. Retomaremos as três principais perguntas já discutidas na aula 1:

Quais bens e serviços produzir?

Como produzir estes bens e serviços?

Para quem produzir os bens e serviços?

Para responder as questões, vejamos os dois exemplos a seguir:

Numa primeira instância podemos dizer que as respostas às três questões são

dadas pelo mercado. A existência de mercado (demanda) é que irá definir a oferta de

serviços ou bens. Por exemplo, a abertura de uma escola em um determinado bairro é

definida pela existência de crianças na faixa etária escolar interessadas em ir para a

escola. A existência de demanda provoca a oferta. Este exemplo reflete o conceito que

você já estudou denominado mão invisível.

Mão invisível – Para alguns, a grande contribuição de Adam Smith para o pensamento

econômico é exatamente a chamada "Teoria da Mão Invisível". A lógica desta teoria é

de que todos aplicam o seu capital visando à máxima rentabilidade. Ao fazer isto, a

pessoa não leva em conta o interesse geral da comunidade, mas sim o seu próprio

interesse. Neste sentido, é uma ação egoísta. O paradoxo evidenciado por Adam

Page 128: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Smith em sua concepção teórica é de que, ao promover o interesse pessoal, o

indivíduo acaba por ajudar no interesse geral e coletivo. Ele costumava citar o

exemplo do padeiro e do açougueiro, afirmando que não é pela benevolência de um

ou de outro que nós temos o nosso jantar, o egoísmo deles os faz agir segundo seu

próprio interesse. Todavia, esse interesse individual acaba ajudando o resto da

sociedade, cuja economia, neste sentido, é conduzida e guiada por uma espécie de

Mão Invisível.

O governo também intervém no mercado promovendo incentivos para o

desenvolvimento local. Por exemplo: o governo do Estado de Goiás, há alguns anos,

criou um programa denominado FOMENTAR, atualmente intitulado PRODUZIR. Este

programa dá incentivos fiscais do ICMS para empresas que se instalarem no estado.

Com isso, o governo cria condições de instalação de empresas para o desenvolvimento

do estado e atende a determinadas demandas. Consequentemente, esta ação gera

empregos, renda etc.

Na economia mista, o governo e o mercado compartilham as decisões de o quê,

como e para quem produzir, ou seja, o governo através de políticas (fiscais e

monetárias) pode direcionar a produção de determinados bens e serviços para áreas

ou regiões específicas.

9.4 O MECANISMO DO MERCADO

Em um mercado, um artigo é comprado e vendido. Na maioria dos mercados, o

comprador e o vendedor têm um encontro cara a cara. Entretanto, a proximidade não

é necessária para a existência de um mercado; por exemplo, na transação típica de

uma bolsa de valores. Em uma economia tão complexa como a contemporânea, é

necessário ter um mecanismo para manter a ordem, para colocar as coisas no lugar

certo e evitar que o todo de um produto vá para um lugar só. O mercado é este

mecanismo que mantém a ordem. No mercado, o preço desempenha funções

importantes e inter-relacionadas, evitando situações caóticas. Duas dessas funções, a

título de exemplo:

Page 129: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

O preço dá informação.

O preço dá incentivo.

9.5 ESTRUTURAS BÁSICAS DO MERCADO

Como você viu, a estrutura do mercado pode ser definida em quatro

elementos, que são: concorrência perfeita; monopólio; oligopólio e a concorrência

monopolística. Acompanhe a partir deste ponto cada uma dessas estruturas.

9.5.1 Concorrência Perfeita

As características necessárias para a existência da concorrência perfeita, segundo

Rossetti (2003, 401-402), são:

Atomização - O número de agentes econômicos (compradores e vendedores) é

grande de tal forma que nenhum pode influenciar no mercado. Não consegue

individualmente influenciar os preços dos bens e serviços (produtos)

destinados a comercialização. As condições de equilíbrio não sofrem influências

decorrentes da ação individual.

Homogeniedade - Os produtos ou serviços no mercado de produtos ou o fator

de produção são perfeitamente homogêneo. Nenhuma empresa pode

diferenciar o produto ou o serviço ofertado.

Mobilidade - Cada agente econômico (comprador ou vendedor) atua de forma

individualizada, ou seja, independente dos demais, não existe nenhum tipo de

acordo entre os agentes, as decisões são individuais.

Permeabilidade - Existe um livre acesso para a participação no mercado, ou

seja, não há barreiras para entrada ou saídas dos agentes no mercado.

Preço-limite - O preço do produto ou do serviço está limitado pelo mercado,

nenhum vendedor pode praticar preços além do que o mercado define.

Extra-preço - Não há qualquer eficácia na concorrência com a utilização de

mecanismos de extra-preço, mesmo porque, a existência de mecanismos

elimina a característica de homogêneo.

Transparência - O mercado deve ser transparente. Não há nenhum agente que

detenha informações privilegiadas ou diferentes dos demais.

Page 130: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

A partir dessa caracterização, é possível conceituar a concorrência perfeita da seguinte

maneira:

CONCORRÊNCIA PERFEITA

A concorrência perfeita existe quando há muitos compradores e vendedores e

nenhum desses vendedores ou compradores, por si só, tem controle sobre o preço.

Algumas vezes, este tipo de mercado chama-se simplesmente competitivo.

Assim, temos como princípios da concorrência perfeita:

O número de participantes em um mercado afeta significativamente a maneira

pela qual se determina o preço.

No mercado onde prevalece a concorrência perfeita, as forças impessoais

determinam o preço. Para o comprador individual e o vendedor individual, o

preço está fora de controle.

Num mercado de concorrência perfeita a demanda e a oferta determinam o

preço do bem ou serviço.

A demanda corresponde a um mercado com muitos compradores e muitos

vendedores. Nenhum dos participantes neste mercado tem qualquer controle

sobre o preço.

9.5.2 Monopólio

O monopólio situa-se no outro extremo, é o oposto da concorrência perfeita. Para que

exista o monopólio, é necessárias que estejam dadas as seguintes condições:

Unicidade – há apenas um comprador ou fornecedor (vendedor) que domina

totalmente a oferta ou a procura do bem ou serviço, este tem influência direta

no preço.

Insubstitutibilidade – o produto ou serviço da empresa monopolista não tem

substituto. A necessidade dos consumidores não tem como substituir com a

mesma satisfação com outro produto.

Barreiras – existem barreiras de entrada de novas empresas ou fornecedores

do produto no mercado monopolista, é impossível a entrada.

Page 131: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Poder – a expressão “poder de monopólio” caracteriza a posição privilegiada

em que se encontra o monopolista.

Extra-preço – devido o domínio do mercado: o preço e as quantidades são

definidas pela empresa do monopólio que pratica preços que desestimulam a

entrada de novas empresas.

Opacidade – por definição os monopólios são opacos, as transações não são

transparentes, não se tem como saber dos processos produtivos, fontes

fornecedoras, níveis de oferta etc.

Existem vários tipos de concorrência imperfeita; o monopólio é um deles.

CONCORRÊNCIA IMPERFEITA

Concorrência imperfeita só existe se um comprador ou um vendedor pode influenciar

no preço. Dizemos que este comprador ou vendedor detém poder de mercado.

9.5.3 Oligopólios

A palavra aparece no plural devido a existência de vários tipos de oligopólio .

No oligopólio, nós encontramos um número pequeno de empresas compradoras ou

vendedoras. Alguns mercados são dominados por algumas empresas grandes; outros

contêm milhares de vendedores. Uma indústria onde poucos vendedores têm certo

poder chama-se oligopólio, isto é, poucos vendedores. É o tipo de estrutura de

mercado, nas economias capitalistas, em que poucas empresas detêm o controle da

maior parcela do mercado. Numa indústria oligopolista, os produtores sabem que têm

certo controle sobre o preço.

INDÚSTRIA

Uma indústria significa o conjunto de produtores de um bem ou serviço. O termo

indústria pode ser empregado em relação a qualquer bem ou serviço, não apenas aos

produtos manufaturados.

.

O oligopólio é um pequeno número de empresa e é difícil estabelecer limites.

Podem existir oligopólios mesmo quando existe um número bastante grande de

Page 132: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

concorrentes. É mais comum a existência de um pequeno número de empresas lideres

e co-líderes, que dividem entre si uma grande fatia do mercado como um todo. Da

mesma forma que os outros tipos de mercado, para a existência de oligopólio algumas

características são importantes. Vamos a elas:

Diferenciação – é uma das características que alteram a característica da

homogeneidade, substitutibilidade e padronização.

Rivalização – os concorrentes que atuam sob condições de oligopólio são fortes

rivais entre si. Vale ressaltar que essa característica do oligopólio nem sempre

ocorre.

Barreiras – é também uma característica existente na estrutura de mercado do

oligopólio, já que o número de participantes são reduzidos e de baste poder no

mercado.

Preço, extra-preço e poder – no oligopólio a definição de preço, o extra-preço

e o poder são também características do mercado oligopolista.

Visibilidade – existência da visibilidade entre os componentes do monopólio é

um fator comum, já que as estratégias do grupo são definidas em comum, os

componentes do oligopólio normalmente usam a mesma estratégia na

definição de preços e de quantidades produzidas.

9.5.4 Concorrência monopolística

Esta estrutura de mercado contém características que se encontram nas

definições normais ou comuns do mercado perfeitamente competitivo e

monopolizados. Na concorrência monopolizada, o número de concorrentes é grande.

Cada empresa concorrente participante possui suas próprias características ou

patentes, ou seja, usa de estratégias para diferenciar seus produtos. Ela usa suas

características, seus pontos fortes para competir em condições melhores, ou seja,

diferencia seus produtos de tal forma que cria seu próprio segmento de mercado.

Destacamos as principais características do mecanismo de concorrência

monopolística:

Page 133: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Competitibilidade – um grande número de concorrentes com condições de

competir com condições muito próxima uma das outras.

Diferenciação – as empresas concorrentes conseguem vantagens uma das

outras devido a características que diferenciam uma das outras, exemplo: a

qualidade em seus produtos é superior.

Substitutibilidade – trata-se de um atributo que fica entre a insubstitutibilidade

do monopólio e a plena homogeneidade concorrência perfeita, ou seja, a

empresa lança produtos similares para conquistar parcelas do mercado.

Preço-prêmio – a capacidade de cada concorrente controlar o preço depende

do grau de diferenciação percebido pelo comprador.

Baixas barreiras – as barreiras de entrada de novos concorrente é bastante

baixa, há relativa facilidade na entrada.

Para concluirmos destacamos que atualmente a concorrência monopolística de

mercado é a mais comum no meio empresarial, ou seja, a competição na economia

globalizada ocorre dentro dessa estrutura mercadológica.

CONCLUINDO

Para finalizamos os estudos de economia gostaríamos de retomar os nossos

propósitos pedagógicos. Como você pôde perceber, é de fundamental importância

para o administrador compreender as noções, conceitos e as teorias que

regulamentam a ciência econômica.

Os conceitos que estudamos são diretamente aplicáveis às tarefas do administrador,

que deverá analisar, interpretar e avaliar os fatos econômicos para a tomada de

decisão referente aos processos que afetam a vida nas organizações. Políticas

econômicas e o comportamento do sistema financeiro do mercado, do consumidor e

outros impactam no cotidiano da sociedade, podendo gerar melhor distribuição de

renda ou não.

Esperamos que você possa ter desenvolvido sensibilidade para a leitura dos fatos

econômicos e das interfaces complexas com outras áreas do conhecimento e que

possa realizar predições (antecipações) com base nos construtos teóricos da

Page 134: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

economia. E por fim que esteja apto para formar opiniões bem fundamentadas sobre

as áreas da nossa vida em que as forças econômicas e o interesse público se

entrelaçam como um todo.

.

Exercícios

Antes de finalizar o estudo desta aula, avalie sua aprendizagem realizando as

atividades na plataforma de ensino.

.

Referências

Banco Central do Brasil. Origem da moeda. www.bcb.gov.br/?MORIGEMOEDA

BERTHOUD, Arnaud. A História do Pensamento Econômico e sua herança filosófica.

http.www.uff.br/cpgeconomia/v2n1/4-berthoud.pdf

BASTTER. Introdução a Economia. http://www.bastter.com.br/aprend/economia/

1intro.asp. 2005.

BASTTER. Entenda os tipos de inflação. http://www.bastter.com.br/aprend/outros/

inflacao.asp. 2005.

ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. 20ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.

______, Introdução a Economia. 17ª ed. São Paulo: Atlas, 1997.

CARVALHO, Luiz Carlos Pereira. et al. Manual de economia. 5ª ed. São Paulo: Saraiva,

2004.

CIG – Secretaria de Apoio Técnico / Gabinete Econômico http://www.galizacig.com/

arquivo/mbe/introduccion.htm

GREMAUD, Amaury Patrick et al. Manual de Economia. Equipe de Professores da USP.

5ª ed. São Paulo: Saraiva 2004.

GOMES, Rogério Introdução a Contabilidade Nacional. www.victor@pós.ucb.br

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MARTINS, Elizeu. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 1990.

O Mercantilismo, http://www.economiabr.net/economia/1_hpe2.html

PINDYCK, R e RUBINFELD, D.L. MICROECONOMIA. São Paulo: Makron Books, 1994.

ROSSETI, José Paschoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 2000.

SOUZA, Neli de Jesus de, Curso de Economia. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.

SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia. 7ª ed. São Paulo. Best Seller, 1989.

VASCONCELLOS, Marco Antonio S e GARCIA, Manoel E. Fundamentos de economia.

São Paulo: Saraiva, 1999.

______. Economia: Micro e Macro. 3ª ed.São Paulo: Atlas, 2002.

Glossário

A

Âncora cambial - valorização da taxa de câmbio e abertura comercial, com o objetivo

de aumentar as importações, que, ao concorrer com os produtos nacionais, permite

estabilizar os preços internos.

Aparelho produtivo - conglomerado de empresas caracterizado pelas formas de

produção, envolve os aspectos tecnológicos, inovações, mercados, abrangência,

investimento, etc.

B

Balança comercial - Diferença entre o valor das exportações e das importações de um

país em economia aberta.

Balança de serviços – O balanço de pagamentos é o registro contábil de todas as

transações de um país com outros países do mundo. Ele divide-se em três categorias

de transações: balança comercial, balança de serviços e balança de capitais,

monetários e físicos.

Page 136: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Balanço de pagamentos - Registro contábil de todas as transações comerciais de um

país com o exterior, geralmente registrados durante um ano.

Bens de capital - Engloba os bens que são utilizados para a produção de outros bens,

por exemplo, máquinas e equipamentos.

C

Ceteris paribus - Expressão latina que significa “permanecendo constante todas as

demais variáveis’ Em economia, a expressão é utilizada quando se quer medir as

conseqüências de mudanças de uma variável sobre outra.

CIF (Cost Insurance and Freight) - Significa dizer que o preço da mercadoria é no local

do consumo, ou seja, frete por conta do vendedor.

Contabilidade nacional - A contabilidade nacional é entendida como uma técnica

através da qual são sistematizadas as informações relevantes sobre os vários tipos de

transações realizadas, em um dado período de tempo, entre os diversos agentes de

um sistema econômico.

Custo marginal - É o custo decorrente do aumento de uma unidade de produto, ou

seja, é um custo variável em função da produção de mais uma unidade, visto que o

custo fixo permanece constante.

Custo de oportunidade - Indica o custo resultante da não utilização da melhor

alternativa de emprego de um recurso produtivo.

Customização - Diversificação da produção numa mesma estrutura física; geralmente,

visa favorecer a redução dos custos.

D

Demanda agregada - é a quantidade de bens ou serviços que a totalidade dos

consumidores deseja e esta disposta a adquirir em determinado período de tempo e

por determinado preço.

Page 137: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Depreciação - desgaste que um bem sofre pela sua utilização no tempo. A depreciação

pode ocorrer pelo produto se tornar obsoleto.

E

Escala – O mesmo que quantidade global.

Escala, Deseconomia de - Aumento nos custos unitários dos produtos de uma empresa

que atua segundo os princípios de uma economia de escala. Escala significa também

quantidade global.

Escambo - Simples troca de mercadoria por mercadoria, sem equivalência de valor.

Escassez - É a insuficiência de recursos produtivos (trabalho, capital – físico e

financeiro, terra, capacidade empresarial e tecnologia.

Estratégia - É uma medida adotada pela empresa para conseguir uma vantagem sobre

seu concorrente ex. qualidade do produto, ou preço menor.

Equação de Lucas - A idéia central do modelo de Lucas é que quando há uma mudança

de preços no mercado Z, o mesmo não sabe se essa mudança é no nível de preços

agregados ou apenas no seu mercado de atuação. Uma mudança apenas no seu

mercado de atuação tem como resposta ótima um aumento da produção. Um

aumento do nível de preços agregados tem como resposta ótima o não aumento da

produção, apenas dos preços. Lucas e Sargent não acreditavam que a desinflação

pudesse realmente ocorrer sem algum aumento do desemprego. Mas Sargent, após

examinar os dados históricos relativos ao custo do desemprego associado à eliminação

de diversos episódios de hiperinflação, concluiu que o aumento do desemprego

poderia, de fato, ser menor. O fator essencial da desinflação bem-sucedida seria a

credibilidade. Caso fosse possível aumentar a credibilidade da política, os agentes que

determinam os salários poderiam alterar o modo como formam suas expectativas e,

assim, abreviariam os custos da desinflação. Os autores argumentam ainda que um

programa de desinflação rápido e transparente tem maiores chances de ter

credibilidade maior.

F

Page 138: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Fatores fixos - aqueles cujos quantidades utilizadas não variam com a realização do

processo produtivo. Fatores de produção - é o conjunto de bens (matéria-prima,

material secundário), e serviços (mão-de-obra) empregados na produção (insumos).

Fatores variáveis - aqueles cujas quantidades utilizadas variam com a realização do

processo produtivo.

FOB - (Free on Board) significa que o preço da mercadoria é na fábrica, o frete é por

conta de quem compra.

G

Ganho de escala - é a redução de seu custo em função de um aumento na produção

decorrentes de aumento de produtividade, provocando o ganha de escala da empresa.

I

Insumos - entende-se como insumos, as matérias-primas e serviços utilizados no

processo de produção, são também chamadas de bens de consumo intermediários.

Isoquanta - representação gráfica também conhecida por linha de igual produção.

linha de isso produto e curva de indiferença de produção.

J

Justo lucro - significa que o lucro não pode possibilite ao artesão enriquecer (juízo de

valor). Justo preço = é aquele que possibilita o consumidor comprar (ponto de vista

econômico), sem extorsão (ponto de vista moral) e suficientemente alto que provoque

o interesse do vendedor em vender e provoque um ganho suficiente para viver de

forma descente.

Justo salário - é aquele que permite o trabalhador e sua família viver com dignidade de

acordo com os costumes de sua classe e região.

L

Laissez-faire – Abreviatura da expressão francesa “laissez-faire, laissez-passer”. Palavra

de ordem do liberalismo econômico, foi cunhada no século XVIII pelos fisiocratas

Page 139: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

franceses, que proclamavam a mais absoluta liberdade de produção e comercialização

de mercadorias. Em tradução direta significa "deixar fazer, deixar passar".

Lucro - é a diferença positiva (maior) entre a receita total menos o custo total.

Lucros distribuídos - Lucros de uma empresa que são distribuídos como dividendos

aos acionistas.

Lucros retidos - Lucros de uma empresa que não são distribuídos como dividendos aos

acionistas.

M

Mais-valia – Conceito introduzido por Karl Marx, segundo o qual o valor de um bem é

determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para sua produção.

Segundo Marx, o lucro não se realiza por meio das trocas de mercadorias - que

geralmente se trocam por seu valor -, mas sim em sua produção. Em tal produção, os

trabalhadores não recebem o valor correspondente a seu trabalho, mas só o

necessário para sua sobrevivência. Nascia assim o conceito da mais-valia: diferença

entre o valor incorporado a um bem e a remuneração do trabalho que foi necessário

para sua produção. Para Marx, essa não é, porém, a característica essencial do sistema

capitalista, mas, sim a apropriação privada de tal mais-valia. A partir dessas

considerações, o pensador alemão elaborou sua crítica do capitalismo, trazendo um

olhar que transcendeu os limites da pura economia e se converteu numa reflexão geral

sobre o homem, a sociedade e a história.

Mão invisível – Para alguns, a grande contribuição de Adam Smith para o pensamento

econômico é exatamente a chamada "Teoria da Mão Invisível". A lógica desta teoria é

de que todos aplicam o seu capital visando à máxima rentabilidade. Ao fazer isto, a

pessoa não leva em conta o interesse geral da comunidade, mas sim o seu próprio

interesse. Neste sentido, é uma ação egoísta. O paradoxo evidenciado por Adam Smith

em sua concepção teórica é de que, ao promover o interesse pessoal, o indivíduo

acaba por ajudar no interesse geral e coletivo. Ele costumava citar o exemplo do

padeiro e do açougueiro, afirmando que não é pela benevolência de um ou de outro

Page 140: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

que nós temos o nosso jantar, o egoísmo deles os faz agir segundo seu próprio

interesse. Todavia, esse interesse individual acaba ajudando o resto da sociedade, cuja

economia, neste sentido, é conduzida e guiada por uma espécie de Mão Invisível.

Moeda - Bem aceito em pagamento de bens e serviços, geralmente definido como M1.

O

Oligopólio - é um pequeno número de empresas em conjunto (combinados)

dominarem um ramo de atividade de negócios.

P

Partida dobrada - toda transação afeta o lançamento de duas contas uma credora e

outra devedora e a soma de cada uma deve ser igual, é uma técnica utilizada na

contabilidade das organizações.

PIB - Produto interno bruto

PNB - Produto Nacional Bruto

PNL - Produto Nacional Líquido.

Postulado - significa princípios, maneira de se efetuar as coisas, caminhos a serem

seguidos, passos lógicos de se desenvolver uma teoria, um trabalho.

Q

Quadripartida - o estudo da economia em quatro partes: produção, repartição,

Circulação e Consumo.

Quase moeda - ativos financeiros não monetários, como Títulos do Tesouro Nacional e

depósitos de poupança, que possuem grande liquidez.

R

Receita - É o resultado da venda de um produto ou serviço, a receita é a contrapartida

que a empresa recebe ao repassar um bem para outro agente (empresa, família etc.).

Page 141: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Receita marginal - Receita incremental provocada pela venda de mais uma unidade de

produto e decorrente de um esforço além da normalidade da empresa.

Renda per capta - É o total da renda de um país dividido pela população desse, onde o

resultado é a media de receita por pessoa.

Resto do Mundo - Um país realiza uma série de transações com o resto do mundo,

envolvendo mercadorias, serviços e transações financeiras. Estas transações são

denominadas Conta com o Resto do Mundo.

S

Subconsumo - Interpretação particular da teoria da demanda efetiva que atribui a

insuficiência de consumo frente à capacidade de produção da economia as causas das

crises de superprodução.

Subsídios - É o benefício a pessoas ou empresas pago pelo governo sem contrapartida

em produtos ou serviços; é uma despesa do governo na transferência de recursos de

uma esfera para outra.

Superávit – Quando a soma das receitas estimadas é maior que às das despesas

orçamentárias previstas.

T

Teoria geral dos sistemas - Fundamenta-se em três premissas básicas: os sistemas

existem dentro dos sistemas; os sistemas são abertos; as funções de um sistema

dependem de sua estrutura (CHIAVENATO, 1993). Ainda segundo o mesmo autor, os

pressupostos básicos da Teoria Geral de Sistemas são:

tendência para a integração nas várias ciências naturais e sociais;

maior abrangência nos estudos dos campos não-físicosdo conhecimento

científico, especialmente as ciências sociais;

adoção de princípios unificadores que atravessam verticalmente os universos

particulares das diversas ciências envolvidas, o que a aproxima do ideal de

unidade na ciência;

integração na educação científica.

Page 142: AULAS DE ECONOMIA DA GRADUAÇÃO (word)

Teoria valor trabalho - Desenvolvida pelos economistas clássicos que considerava que

o valor de um bem se forma do lado da oferta, mediante os custos do trabalho

incorporado ao bem, os custos de produção eram representados basicamente pelo

fator mão-de-obra, em que a terra era praticamente gratuita e o capital pouco

significava. Os meios de produção eram: terra, trabalho e capital.

Títulos - Documento que certifica a propriedade de um bem ou de um valor. O termo

se aplica genericamente a todos os valores mobiliários.

Tributos - Corresponde a toda prestação pecuniária compulsória, expressa em moeda,

instituída em lei e cobrada pelo setor público com o objetivo de prestar serviços

públicos de interesse geral. Ex: impostos, taxas etc.

V

Valor de troca - Forma-se pelo preço no mercado, pelo encontro da oferta e demanda

do bem ou do serviço.

Valor de uso - É a utilidade ou satisfação que um bem provoca ao consumidor.

Vantagem comparativa - Custos comparativo, conceito de custos introduzido em

teoria do comércio exterior por David Ricardo em 1817, A vantagem comparativa

ocorre quando dois países produzem um determinado produto e um país consegue

produzir o produto com um custo menor.

Variação de estoques - Diferença entre os valores dos estoques de mercadorias finais,

de produtos semimanufaturados, bens em processo de fabricação e matérias-primas

dos setores produtivos no início e no fim do ano, avaliados aos preços médios

correntes do período.