metodologia

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Professora: Karine Nunes Uninovafap 24/01/2015 QUESTIONÁRIO Assunto - TRIBUNAL DO JÚRI 1. Justifique de que forma a Democracia influencia no procedimento do Tribunal do Júri Costuma-se afirmar que o Tribunal do Júri seria uma das mais democráticas instituições do poder judiciário, sobretudo pelo fato de submeter o homem ao julgamento de seus pares e não segundo a justiça togada. É dizer: aplicar-se-ia o Direito segundo a sua compreensão popular e não segundo a teoria dos tribunais. Negar ao povo a possibilidade de julgar seus pares deixa claro que, para alguns, o homem médio não possui capacidade intelectual para diferenciar o certo do errado. A sociedade quer justiça, porém quando lhe é transmitido o direito de exercê-la, muitas vezes é dispensado por relevância da mídia ou até da não importância para àquele jurado, do fato gerador do problema. O ordenamento jurídico deve ser um instrumento de harmonia entre sistema positivo e os fundamentos do Estado Democrático de Direito no exercício da pretensão punitiva.O princípio da presunção de inocência deve ser elevado á condição de dogma constitucional em decorrência da observância da dignidade da

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Page 1: Metodologia

Professora: Karine Nunes Uninovafap

24/01/2015

QUESTIONÁRIO

Assunto

- TRIBUNAL DO JÚRI

1. Justifique de que forma a Democracia influencia no procedimento do

Tribunal do

Júri

Costuma-se afirmar que o Tribunal do Júri seria uma das mais democráticas

instituições do poder judiciário, sobretudo pelo fato de submeter o homem ao julgamento

de seus pares e não segundo a justiça togada. É dizer: aplicar-se-ia o Direito segundo a

sua compreensão popular e não segundo a teoria dos tribunais.

Negar ao povo a possibilidade de julgar seus pares deixa claro que, para alguns, o

homem médio não possui capacidade intelectual para diferenciar o certo do errado. A

sociedade quer justiça, porém quando lhe é transmitido o direito de exercê-la, muitas

vezes é dispensado por relevância da mídia ou até da não importância para àquele

jurado, do fato gerador do problema.

O ordenamento jurídico deve ser um instrumento de harmonia entre sistema

positivo e os fundamentos do Estado Democrático de Direito no exercício da pretensão

punitiva.O princípio da presunção de inocência deve ser elevado á condição de dogma

constitucional em decorrência da observância da dignidade da pessoa humana,

fundamento do Estado Democrático de Direito brasileiro.

  Destarte o estado de inocência preserva o cidadão, não podendo ser

considerado objeto do jus puniendi, nem ter tratamento incompatível com os direitos e

garantias inerentes na relação processual penal. Também o princípio do in dubio pro reo é

o componente substancial do estado de inocência, como um dos instrumentos

processuais previstos para a sua respectiva preservação.

Data Vênia é importante que haja justiça e que o cidadão possua o direito de

ser jurado, mas que use esse de forma correta e com conhecimento preciso para fazer

um julgamento justo para todos.

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2. Correlacione os seguintes institutos jurídicos: Sociedade x Constituição x

Trib.Juri

Destarte, a considerar que nos tempos modernos a formação da opinião

pública se dá a partir de pressupostos que estão além da simples conversação, isto é,

constroem-se sobre as pilastras dos interesses midiáticos, quase sempre em confronto

com os princípios processuais constitucionalmente assegurados às partes, e tendo-se em

conta que o júri, sob os holofotes da sociedade, é vítima preferencial da pressão exercida

por quem se arvora em julgador, intitulando-se "quarto poder", propugna uma sociedade

que se quer realmente democrática mudanças drásticas no funcionamento do

denominado "júri popular", ou mesmo sua extinção.

Com efeito, como dito alhures, não constituem aliança legítima as pressuposições

próprias de quem prejulga e condena, em nome de uma "sede de justiça do povo", com o

devido processo legal, através do qual a presunção de inocência só é derrogada pelo

confronto das provas produzidas nos autos. O júri, como conjunto de atores privilegiados

desse cenário, havia por bem estar imune a essas influências, que em nada contribuem

para o florescimento da justiça social, mas dado que a construção da discursivização do

direito, em nossos dias, está umbilicalmente ligada aos fenômenos midiáticos, é

impossível preservar incólume o corpo de jurados.

Nesse sentido, urge que a sociedade, sem prejuízo do trabalho de desconstruir a

excessiva manipulação cultural patrocinada pelos meios de comunicação de massa,

também se preocupe em salvaguardar o direito, procurando realizar cada vez mais,

através do Poder Judiciário, julgamentos sadios. E se, para tanto, necessário for sacrificar

essa instância decisória do ordenamento jurídico nacional, o Tribunal do Júri, que se

convoque uma Constituinte e assim se faça, já que elencado dentre os direitos

fundamentais e, portanto, cláusula pétrea. De forma contrária, continuaremos assistindo a

um espetáculo em que, no mais das vezes, o roteiro já fora traçado por quem não é

legítimo autor e em cujo final a vítima, antes de qualquer coisa, é a verdade.

3. Faça um levantamento sucinto sobre a evolução histórica do Tribunal

do Juri no mundo e no Brasil

   Nas fases primitivas da civilização usava-se a auto-tutela, pois inexistia um poder que pudesse apreciar e solucionar os conflitos existentes entre os cidadãos e, desta forma cada indivíduo que se sentisse prejudicado, mensurava seu prejuízo e os resolvia de sua maneira, através da "vingança privada". De acordo com Ada Pellegrini Grinover, em sua obra Teoria Geral do Processo: 

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                Para superar os ímpetos individualista dos homens e impor o direito acima da vontade dos particulares, não só inexistia um órgão estatal que, com soberania e autoridade, que garantisse o cumprimento do direito, como ainda não havia se quer as leis (normas gerais e abstratas impostas pelo Estado aos particulares). Assim, quem pretendesse alguma coisa que outrem o impedisse de obter haveria de, com sua própria força e na medida dela, tratar de conseguir, por si mesmo, a satisfação de sua pretensão. A própria repressão aos atos criminosos se fazia em regime de vingança privada e, quando o Estado chamou a si o jus punitionis, ele o exerceu inicialmente mediante seus próprios critérios e decisões, sem a interposição de órgãos ou pessoas imparciais independentes e desinteressadas. A esse regime chama-se a autotutela (ou autodefesa) e hoje, encarando-a do ponto-de-vista da cultura do século XX, é fácil ver como era precária e aleatória, pois não garantia a justiça, mais a vitória do mais forte, mais astuto ou mais ousado sobre o mais fraco ou mais tímido 2005, p. 23).                 O Código de Hamurábi foi criado, como primeiro instrumento escrito que disciplinava a vingança privada e continha regras de acordo com a agressão: "olho por olho e dente por dente". Tal código foi talhado em uma rocha e tinha mais de dois metros de altura e continha 282 normas que deveriam ser observadas pelos cidadãos à época.                 O Código de Hamurábi foi encontrado na Babilônia e suas normas regulavam a vida e o cotidiano daqueles que habitavam a Mesopotâmia, para que fosse alcançada a paz social para a regular convivência em comum. No seu epílogo, Hamurabi afirma que elaborou o conjunto de leis "para que o forte não prejudique o mais fraco, a fim de proteger as viúvas e os órfãos" e "para resolver todas as disputas e sanar quaisquer ofensas". Atualmente está no Museu do Louvre, em Paris.                 De acordo com Luiz Marques, em sua obra "a solução das disputas":                 Os artigos do Código de Hamurabi fixam, assim, as diferentes regras da vida quotidiana, entre outras: a hierarquia da sociedade divide-se em três grupos: os homens livres, os subalternos e os escravos;  os preços: os honorários dos médicos variam de acordo com a classe social do enfermo; os salários variam segundo a natureza dos trabalhos realizados; a responsabilidade profissional: um arquiteto que construir uma casa que se desmorone, causando a morte de seus ocupantes, é condenado à morte; o funcionamento judiciário: a justiça é estabelecida pelos tribunais, as decisões devem ser escritas, e é possível apelar ao rei; as penas: a escala das penas é descrita segundo os delitos e crimes cometidos. A lei de talião é a base desta escala 2009, p. 31).                 Dentre as civilizações mais citadas pelos autores, tais como Gilherme Nucci e Rogério Tucci, a grega também merece destaque, quanto ao estudo dos primórdios do Júri. O Areópago e a Heliéia, instituições judiciárias pertencentes à Atenas clássica, primavam pela manutenção da ordem social.                 Areópago julgava os crimes de sangue e seus integrantes julgavam pela sua íntima convicção. Haliéia era um tribunal formado por um número muito grande de heliastas, que podia chegar a ter mais de 2.500 pesoas e que também julgavam pelo seu senso pessoal de justiça.                 A sociedade hebraica possuía um conselho dos anciãos, que era formado por cidadãos de notório saber e vasta experiência, capazes de julgar seus pares com o bom senso que lhes era comum.                 Muitas sociedades entendiam que o julgamento de um cidadão por outros cidadãos em igual situação era a decisão mais sábia a se tomar e não um julgamento monocrático, pois se uma pessoa cometia um ato lesivo à sociedade, nada mais justo que ela mesma decida sobre que medida tomar para com o ator do fato punível. 

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                De acordo com Guilherme Nucci, o modelo romano é o que mais se adéqua aos moldes que temos atualmente no Tribunal do Júri, pois é iniciado com um procedimento inquisitório (inquisitio), onde as decisões eram proferidas pelos magistrados, sem nenhuma fundamentação, de modo arbitrário.                 Posteriormente, o anquisitio foi um período que dependia da votação popular, mas era realizada sem técnica e com poucos formalismos. O período acusatório caracterizou-se pela criação das quaestiones perpetuae, passando a inexistir a figura de um acusador particular.                 Entretanto, a noção de Tribunal Popular, como se conhece hoje, vem do segundo período mencionado, iniciando no ano de 149 a.C., quando da criação da Lex Calpúrnia, no princípio do direito clássico romano.                 A quaestio consistia numa espécie de comissão de inquérito, onde eram investigados e julgados crimes praticados por funcionários estatais contra provincianos. Mais adiante, com a criação de outras quaestiones (quaestio de falsis, quaestio de adulteris, quaestio de vi, quaestio de iniuriis, etc.), de caráter temporário e para outros assuntos, firmou-se no ordenamento jurídico romano as quaestiones perpetuae, dando início à jurisdição penal romana.                 Os jurados (iudices iurati), cidadãos romanos escolhidos de uma lista oficial, eram presididos por um pretor (praetor vel quaesitor), cabendo a este decidir questões como competência. Competia-o também analisar as provas e realizar o juramento das partes, além de presidir a sessão do julgamento em si, ordenar os debates e executar a sentença, sem, no entanto, impor pena, vez que esta já era disposta em lei.                 Percebe-se que são muitas as semelhanças com nosso atual sistema processual adotado no Tribunal do Júri, tendo em vista que a figura dos jurados e do pretor, que atualmente é o juiz presidente, que não julga o fato. Parece que, como organização judiciária, aqui se encontra o berço do tribunal do júri, dando norte inicial e definitivo a todos os institutos subseqüentes. 1.2 Tribunal do Júri no Brasil                 A instituição do Júri surgiu no Brasil no ano de 1822, para tratar de crimes de opinião e de imprensa. Composto por vinte e quatro cidadãos, o Conselho emanava suas decisões ainda sem força soberana, cabendo recurso, em grau único, ao Príncipe-regente.                 Em 1824, o Tribunal do Júri foi incluído na Constituição. Aumentou-se a sua competência para incluir questões cíveis. Estas últimas, entretanto, por falta de regulamentação própria, nunca se efetivou.                 No ano de 1891, a então vigente Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, por em seu artigo 72, expõe a vontade do legislador de cuidar desta instituição. Mantido o Tribunal do Júri, resguardava-se também sua soberania. A partir desse momento, o Júri salta da esfera comum do ius puniendi para o patamar de direitos e garantias individuais e coletivos.                 Durante a "Era Vargas", o Tribunal do Júri não teve muita significância na Constituição de 1937, inclusive tal Carta Magna silneciava sobre o instituto do Tribunal do Júri, contudo, com o fim desta ditadura, o instituto retona para a categoria de Direito Fundamental e recupera sua soberania, firmando-se como instituto da democracia nacional.                 Através do legislador ordinário, tinha o Júri definidas as características principais, regulamentando, entre outros, a competência  para crimes dolosos contra a vida. Do mesmo modo, o Conselho de Sentença seria composto agora por número ímpar, vedando empates. 

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                O Tribunal do Povo, definitivamente, ganhava sua conotação mais similar com a de hoje. Entretanto, ainda sofreria mais um golpe na sua estrutura, antes da Constituição Cidadã, ancorada por Ulysses Guimarães.                 Em 1967, fora mantido o Tribunal do Júri na Carta Magna,  entretanto, a Emenda nº 1 de 1969 retirou o caráter soberano das decisões proferidas pelo Pleno, mantida a competência para os crimes dolosos contra a vida, que sejam: homicídio, infanticídio, aborto e instigação ao suicídio, em suas formas consumada e tentada, elencados nos artigos 121 usque 128, do Código Penal Brasileiro.                 No fim do ano de 1973, a Lei número 5.941, de 22 de novembro de 1973, conhecida como “Lei Fleury”, alterou algumas regras pertinentes ao Júri, dentre elas a redução do tempo dos debates (duas horas para defesa e acusação) e a possibilidade de aguardo, por parte do réu pronunciado, do julgamento em liberdade, observada a primariedade e os bons antecedentes.                 Chegamos a atual Constituição Federal de 1988, que é conhecida por ser uma carta democrática, incluiu o Tribunal do Júri como direito fundamental inserido no artigo 5º, XXXVIII: É reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:a plenitude de defesa;o sigilo das votações;a soberania dos veredictos;a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.                 Vale ressaltar que, tal como qualquer inciso inserido no artigo 5º, o citado é considerado cláusula pétrea. Do mesmo modo, o Tribunal do Júri deve ser reconhecido como órgão do Poder Judiciário, com detalhes que lhe são peculiares, como a soberania dos veredictos, reflexo da soberania do povo.                 Certo é que, conforme o tratamento dado pela Constituição atual ao Júri Popular, este ganhou um conceito jamais visto no Brasil, refletindo o avanço político-social da sociedade.                 A Constituição brasileira de 1988, sem dúvida, inovou no trato ao Júri, impondo importância inegável à Instituição. Todavia, seus elementos basilares ainda são criticados, e com certa veemência, tornando necessária uma comparação de sua evolução com o surgimento e modernização da democracia, a fim de se desvendar se o real objetivo do Pleno Popular está sendo respeitado: a efetiva participação popular (representando os interesses da sociedade) nos julgamentos de seus pares. 

Há uma grande imprecisão doutrinária sobre a origem do Tribunal do Júri. A controvérsia é tamanha que Carlos MAXIMILLIANO, após muita pesquisa, chegou a afirmar que “as origens do instituto, são tão vagas e indefinidas, que se perdem na noite dos tempos”.

   O grande dissenso nos posicionamentos deve-se a uma conjuntura de fatores: 1º) falta de

acervos históricos seguros e específicos; 2º) o fato de o instituto estar ligado às raízes do direito e quase sempre acompanhar quaisquer aglomerações humanas, desde e principalmente as mais antigas, esparsas e menos estudadas, dificultando o estudo e a pesquisa; 3º) e de maior relevância, o fato de não se conseguir destacar um traço mínimo essencial à identificação de sua existência, para se poder afirmar a sua presença em determinado momento da história.

  Geralmente os mais liberais indicam a origem do Júri na época mosaica, alguns o

sugerem na época clássica de Grécia e Roma, enquanto os mais conceitualistas preferem afirmar o seu berço na Inglaterra, em época do Concílio de Latrão. Os adeptos da idéia mosaica dizem que surgiu entre os judeus do Egito que, sob a orientação de Moisés, relataram a história das "idades antigas" através do grande livro, o Pentateuco. Apesar das peculiaridades do sistema

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político-religioso local, em que o ordenamento jurídico subordinava os magistrados ao sacerdote, as leis de Moisés foram as primeiras que interessaram aos cidadãos nos julgamentos dos tribunais. Lá, para quem assim defende, estariam os fundamentos e a origem do Tribunal do Júri, em muito pelo culto à oralidade exposta nos dispositivos, apesar do forte misticismo religioso. O julgamento se dava pelos pares, no Conselho dos Anciãos, e em nome de Deus.

 O Conselho tinha suas regras definidas. Segundo relatam, funcionava a sombra de

árvores, e a pena a se fixar não tinha limites. O julgamento hebraico exigia ampla publicidade dos debates, relativa liberdade do acusado para defender-se, garantia contra o perigo de falsas testemunhas e necessidade de duas testemunhas, no mínimo, para a condenação. Outra característica importante era a proibição de que o acusado que se encontrasse detido até definitivo julgamento sofresse interrogatório oculto e, além disso, só eram aceitas recusas motivadas. Os tribunais eram subdivididos em três, em ordem hierárquica crescente, o ordinário, o pequeno Conselho dos Anciãos e o grande Conselho d’Israel. O Tribunal ordinário era formado por três membros, sendo que cada parte designava um deles e estes escolhiam o terceiro. Das decisões por eles proferidas cabia recurso para o pequeno Conselho dos Anciãos, e destas outras para o grande Conselho d’Israel.

  Outra corrente de estudiosos, mais céticos, prefere apontar nos áureos tempos de Roma o

surgimento do Júri, com os seus judices jurati. Também na Grécia antiga existia a instituição dos diskatas, isso sem mencionar os centeni comites que eram assim denominados entre os germânicos. Abordemos as mais importantes. Na Grécia, o sistema de órgãos julgadores era dividido basicamente em dois importantes conselhos, a Heliéia (julgava fatos de menor repercussão) e o Areópago(responsável pelos homicídios premeditados).

             Entretanto, em que se pese a autoridade das palavras que se sucederam, a maior parte da doutrina não exita em afirmar que a verdadeira origem do Tribunal do Júri, tal qual o concebemos hoje, se deu na Inglaterra, quando o Concílio de Latrão, em 1215, aboliu as ordálias ou Juízos de Deus, com julgamento nitidamente teocrático, instalando o conselho de jurados. Ordálias correspondiam ao Juízo ou julgamento de Deus, ou seja, crença de que Deus não deixaria de socorrer o inocente.             Após uma análise minuciosa da história do surgimento e formação do Júri, concluímos que ele não nasceu na Inglaterra, mas, o que realmente aconteceu foi que o Júri adotado no Brasil, é de origem inglesa. Em decorrência da própria aliança que Portugal sempre teve com a Inglaterra, em especial, depois da guerra travada por Napoleão na Europa, onde a família real veio para o Brasil e, com ela todos os costumes e seguimentos europeus que tinham.

2. História

 No Brasil, o Tribunal do Júri teve um histórico mais favorável, apesar de em determinados períodos passar certas crises institucionais. Foi disciplinado em nosso ordenamento jurídico pela primeira vez pela Lei de 18 de junho de 1822, a qual limitou sua competência ao julgamento dos crimes de imprensa, sendo que o mesmo era formado por Juízes de Fato, num total de vinte e quatro cidadãos bons, honrados, patriotas e inteligentes, os quais deveriam ser nomeados pelo Corregedor e Ouvidores do crime, e a requerimento do Procurador da Coroa e Fazenda, que atuava como o Promotor e o Fiscal dos delitos. “Os réus podiam recusar dezesseis dos vinte e quatro nomeados, e só podiam apelar para a clemência real, pois só ao Príncipe cabia a alteração da sentença proferida pelo Júri”.

   Com a Constituição Imperial de 1824, passou a integrar o Poder Judiciário como um de

seus órgãos, tendo sua competência ampliada para julgar causas cíveis e criminais. Em 1832 foi

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disciplinado pelo Código de processo Criminal, o qual conferiu-lhe ampla competência, só restringida em 1842, com a entrada em vigor da lei n. 261.

  Após várias discussões, quando da promulgação da Constituição da República dos

Estados Unidos do Brasil, de 24 de fevereiro de 1891, foi aprovada a emenda que dava ao art. 72, § 31, o texto “é mantida a instituição do Júri”. O Júri foi, portanto, mantido, e com sua soberania.

  Importante inovação adveio da Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 16 de julho de 1934, com a retirada do antigo texto referente ao Júri das declarações de direitos e garantias individuais, passando para a parte destinada ao Poder Judiciário, no art. 72, dizendo: “É mantida a instituição do Júri, com a organização e as atribuições que lhe der a lei”.

              Pouco mais adiante, “com a Constituição de 1937, que não se referia ao Júri, houve opiniões controvertidas no sentido de extingui-la face ao silêncio da Carta. Contudo, logo foi promulgada a primeira lei nacional de processo penal do Brasil republicano, o Decreto-lei n 167, em cinco de janeiro de 1938, instituindo e regulando a instituição”. 

  A Constituição democrática de 1946 restabeleceu a soberania do Júri, prevendo-o entre os direitos e garantias constitucionais. A Constituição do Brasil de 1967, em seu art. 150, § 18, manteve o Júri no capítulo dos direitos e garantias individuais, dispondo: “São mantidas a instituição e a soberania do Júri, que terá competência no julgamento dos crimes dolosos contra a vida”. Da mesma forma, a Emenda Constitucional de 1969, manteve o Júri, todavia, omitiu referência a sua soberania. O art. 153, § 18, previa: “é mantida a instituição do Júri, que terá competência no julgamento dos crimes dolosos contra a vida”.

              Por fim, a Lei nº 5.941, de 22 de novembro de 1973, alterou em alguns pontos o Código de Processo Penal, estabelecendo a possibilidade de o réu pronunciado, se primário e de bons antecedentes, continuar em liberdade, o que foi disposto no art. 408, § 2º, além da redução do tempo para os debates para duas horas e meia hora, para a réplica e a tréplica, consecutivamente. 

 Na atual Carta Magna, é reconhecida a instituição do Júri estando disciplinada no artigo 5º, XXXVIII.

 

4. É possível o pedido de reforma da decisão

Depende. Se for da decisão do júri a resposta é negativa, visto que há soberania nos veredictos do pleno, porém, se for decisão proferida pelo juiz presidente, esta sim poderá sofrer mudanças. Da decisão do Juri

cabe apenas nulidade, pleiteando-se novo júri.

5. Poderá, em alguma hipótese, o juiz presidente proferir decisão divergente do

veredicto

6. O recurso poderá pleitear mudança no veredicto

7. A Revisão Criminal das decisões do Tribunal do Juri fere a

soberania dos veredicto

Tem se entendido que a soberania dos veredictos é apenas inflexível quando se garanta a liberdade do réu. Assim, pela manutenção do jus libertatis, Frederico Marques é decisivo:

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A soberania dos veredictos não pode ser atingida, enquanto preceito para garantir a liberdade do réu. Mas, se ela é desrespeitada em nome dessa mesma liberdade, atentado algum se comete contra o texto constitucional. Os veredictos do Júri são soberanos enquanto garantirem o   jus libertatis . Absurdo seria, por isso, manter essa soberania e intangibilidade quando se demonstra que o Júri condenou erradamente. [46]

Esta noção de garantia individual, também é a lição esposada por Júlio Fabbrini Mirabete:

Não se pode pôr em dúvida que é admissível a revisão de sentença condenatória irrecorrível proferida pelo Tribunal do Júri. A alegação de que o deferimento do pedido revisional feriria a "soberania dos vereditos", consagrada na Constituição Federal, não se sustenta. A expressão é técnico-jurídica e a soberania dos vereditos é instituída como uma das garantias individuais, em benefício do réu, não podendo ser atingida enquanto preceito para garantir a sua liberdade. Não pode, dessa forma, ser invocada contra ele. Assim, se o tribunal popular falha contra o acusado, nada impede que este possa recorrer ao pedido revisional, também instituído em seu favor, para suprir as deficiências daquele julgamento. Aliás, também vale recordar que a Carta Magna consagra o princípio constitucional da amplitude de defesa, com os recursos a ela inerentes (art. 5°, LV), e que entre estes está a revisão criminal, o que vem em amparo dessa pretensão. Cumpre observar que, havendo anulação do processo, o acusado deverá ser submetido a novo julgamento pelo Tribunal do Júri. [47]

possibilidade de recurso de apelação, prevista no Código de Processo Penal, quando a decisão dos

jurados for manifestamente contrária à prova dos autos não afeta a soberania dos veredictos, uma vez que

a nova decisão também será dada pelo Tribunal do Júri.

Assim, entende o Supremo Tribunal Federal, que declarou que a garantia constitucional da soberania do

veredicto do júri não exclui a recorribilidade de suas decisões. Assegura-se tal soberania com o retorno dos autos ao Tribunal do Júri para novo julgamento.

O mesmo entendimento prevalece em relação à possibilidade de protesto por novo júri.

8. Mediante a inexistencia da sala especial é possível a votação ser

efetuada em plenário.Explique como.

9. Explique se é possível uma testemunha ser ouvida em uma

comarca diferente daquela em esta sendo o acusado julgado.

10. Identifique quais sao as fases do Tribunal do Juri

11. Descreva o andamento da primeira fase que tem inicio com o

oferecimento da exordial e seu fim com a decisão de pronuncia, importância …

12. Responda se qualquer pessoa possui capacidade de fato e

capacidade processual para ser arrolada como testemunha em um Tribunal do Juri

13. Qual a importancia do veredicto ser sigiloso

14. Na duvida, qual principio deve ser aplicado pelo Juiz para julgar o

mérito da primeira fase, conhecida por sumario de culpa

15. Explique qual a importancia de se identificar o momento do

recebimento da Ação

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Penal.

Obrigada pela parceria de vocês ! Foi um enorme prazer te-los em

companhia esses dois fins de semana ! Deus os abençoem ! Boa Sorte! Abraços profa

Karine Nunes

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