nematoide metodologia

42
Resumo — Neste trabalho foram utilizadas duas espécies de ocafezal.asp?SE=4&ID=27 nematóides de galhas provenientes de cafeeiro, Meloidogyne paranaensis e Meloidogyne incógnita raça 2, com o objetivo de estudar a seletividade fisiológica ou preferência de hospedeiros dessas duas espécies às plantas de café e tomate. As duas espécies de Meloidogyne foram multiplicadas nessas plantas durante dois anos. Plântulas de tomate cv. Santa Cruz e café cvs. Mundo Novo e Catuaí, com aproximadamente 15 cm de comprimento, foram inoculadas com 10.000 ovos/planta, sendo o delineamento inteiramente ao acaso, com seis repetições. Após três meses foram avaliadas as plantas de tomate e, após oito meses, as plantas de café. A multiplicação dos nematóides foi avaliada pelo índice de galhas ou ootecas e pelo fator de reprodução. Sobrevivência diferencial de indivíduos em populações de M. incognita e M. Paranaensis foi observada nos dois cultivares de cafeeiros, quando essas plantas foram inoculadas com nematóides multiplicados em tomateiros. Essas duas populações de nematóides perderam significativamente a virulência ao cafeeiro após, aproximadamente, oito gerações em tomateiro. Tais populações são aparentemente polimórficas nos locus de virulência, de maneira que os alelos de virulência só podem ser detectados quando as populações multiplicadas em tomateiro são inoculadas em cafeeiro. As populações de nematóides das galhas multiplicadas em cafeeiro mostraram virulência intermediária quando inoculadas em tomateiro ‘Santa Cruz’.

Upload: benedito-de-brito

Post on 14-Dec-2014

153 views

Category:

Documents


72 download

TRANSCRIPT

Resumo — Neste trabalho foram utilizadas duas espécies de ocafezal.asp?

SE=4&ID=27nematóides de galhas provenientes de cafeeiro, Meloidogyne

paranaensis e Meloidogyne incógnita raça 2, com o objetivo de estudar a seletividade

fisiológica ou preferência de hospedeiros dessas duas espécies às plantas de café e

tomate. As duas espécies de Meloidogyne foram multiplicadas nessas plantas durante

dois anos. Plântulas de tomate cv. Santa Cruz e café cvs. Mundo Novo e Catuaí, com

aproximadamente 15 cm de comprimento, foram inoculadas com 10.000 ovos/planta,

sendo o delineamento inteiramente ao acaso, com seis repetições. Após três meses

foram avaliadas as plantas de tomate e, após oito meses, as plantas de café. A

multiplicação dos nematóides foi avaliada pelo índice de galhas ou ootecas e pelo fator

de reprodução. Sobrevivência diferencial de indivíduos em populações de M. incognita

e M. Paranaensis foi observada nos dois cultivares de cafeeiros, quando essas plantas

foram inoculadas com nematóides multiplicados em tomateiros. Essas duas

populações de nematóides perderam significativamente a virulência ao cafeeiro após,

aproximadamente, oito gerações em tomateiro. Tais populações são aparentemente

polimórficas nos locus de virulência, de maneira que os alelos de virulência só podem

ser detectados quando as populações multiplicadas em tomateiro são inoculadas em

cafeeiro. As populações de nematóides das galhas multiplicadas em cafeeiro

mostraram virulência intermediária quando inoculadas em tomateiro ‘Santa Cruz’.

Introdução — Sobrevivência diferencial ou seletividade fisiológica de indivíduos de

uma determinada espécie ou população são o resultado da variabilidade genética

dentro dessa população. Pesquisas realizadas nos últimos 15 anos demonstraram que

populações de organismos contêm níveis nítidos de diversidade genética. Essa

variação genética existe em todas as populações de nematóides, em muitos locus,

tendo múltiplos alelos. A identificação dessa variação tem sido demonstrada de várias

formas: preferência do hospedeiro ou raças fisiológicas do parasito, perfis de

isoenzimas e proteínas e análises do DNA. Devido à praticidade da seleção de

hospedeiros, uma das primeiras formas de variação a serem reconhecidas é a

diferença inter ou intra-específica na preferência do hospedeiro Nas espécies

partenogenéticas, como é o caso de Meloidogyne spp., a ocorrência de mutações

deverá ser mantida nas gerações subseqüentes, se os hospedeiros e as condições

climáticas forem favoráveis, sobretudo em climas amenos, que permitem várias

gerações do parasito por ano. Mesmo densidades populacionais mínimas podem ser

mantidas, pois para essas espécies não há necessidade do encontro de machos e

fêmeas (Caswell & Roberts, 1987).

Os nematóides de galhas (Meloidogyne spp.) estão amplamente distribuídos nas

plantações de café do Brasil, onde causam grandes perdas para os produtores e para a

economia do País. Meloidogyne incógnita ( Kofoid & White) Chitwood, M. paranaensis

(Carneiro et al., 1996), M. exígua Goeldi e M. coffeicola (Lordello & Zamith) têm sido

reportados em plantações de café nos Estados do ocafezal.asp?SE=6&ID=40Paraná,

São Paulo e Minas Gerais por muitos anos, havendo flutuações na predominância de

uma espécie em relação a outras. Acredita-se que M. coffeicola tenha sido erradicada

de várias plantações, embora ainda venha ocorrendo esporadicamente (Carneiro &

Almeida, 2000). A utilização de populações de Meloidogyne spp. multiplicadas em

tomateiros é normalmente empregada nos ensaios para seleção de resistência

genética em várias culturas, pois o tomateiro propicia alta reprodução da maior parte

das espécies de Meloidogyne. A perda de virulência de M. paranaensis e M. incógnita

ao cafeeiro, quando multiplicados, sucessivamente, em plantas de tomateiros cv. Santa

Cruz, tem sido relatada por nematologistas (Carneiro, R. e Gonçalves, W., informação

pessoal).

O objetivo deste trabalho foi comprovar a seletividade fisiológica ou preferência de

hospedeiros de duas espécies de Meloidogyne, em cafeeiro e tomateiro suscetíveis,

quando inoculados com populações multiplicadas, durante dois anos consecutivos,

nessas duas plantas.

Material e métodos — Neste trabalho foram utilizadas duas espécies de nematóides

de galhas provenientes do cafeeiro, M. paranaensis e M. incógnita raça 2, tendo sido

ambas purificadas previamente pelo método descrito por Carneiro et al. (1996) e

multiplicadas, durante dois anos, em tomateiros (Lycopersicon esculentum) cv. Santa

Cruz e cafeeiros (Coffea arábica) cv. Mundo Novo.

Suspensões de ovos dessas duas espécies de nematóides foram extraídas pelo

método de Hussey & Barker (1973), utilizando-se uma solução a 0,5% de NaOCl.

Plântulas de tomate cv. Santa Cruz e cafeeiros cvs. Mundo Novo e Catuaí, com

aproximadamente 15 cm de comprimento, foram inoculadas com 10.000 ovos/planta,

sendo o delineamento inteiramente ao acaso, com seis repetições. Após três meses

foram avaliadas as plantas de tomate e, após oito meses, as plantas de café. A

reprodução dos nematóides foi avaliada pelo índice de galhas ou ootecas, segundo

Hartman & Sasser (1985) e pelo número total de ovos e juvenis de segundo estádio

(J2) no sistema radicular e no solo (NOJ), sendo os ovos extraídos pelo método acima

mencionado, utilizando-se uma solução de 1,0% de NaOCl. Os J2 do solo foram

extraídos através do método de Jenkins (1964). A partir dos valores de NOJ,

calcularam-se os fatores de reprodução (FR), que são os valores de NOJ/10000.

Resultados e discussão — Através da análise dos resultados (Tabela 1), pode-se

observar que as plantas de cafeeiro infestadas com inóculo de Meloidogyne spp.,

proveniente do tomateiro, apresentaram um índice de galhas (IG) e um fator de

reprodução (FR) significativamente inferiores aos das plantas com inóculo proveniente

do cafeeiro. Embora tenha ocorrido adaptação seletiva de M. paranaensis e M.

incógnita raça 2 do cafeeiro ao tomateiro, foi no caso desta última espécie que a

adaptação foi ainda mais intensa (Tabela 1). Embora o cv. Mundo Novo tenha

apresentado fatores de reprodução superiores aos do cv. Catuaí, ocorreram poucas

diferenças estatísticas entre os dois cultivares de cafeeiros testados, mostrando que

ambos são suscetíveis quando inoculados com populações provenientes do cafeeiro e

praticamente resistentes quando inoculados com populações provenientes do tomateiro

(Tabela 1). Ocorreu também redução significativa do FR em tomateiros cv. Santa Cruz,

tanto para M. incógnita como para M. paranaensis, quando se utilizou inóculo

proveniente do cafeeiro, quando comparado com o inóculo proveniente do tomateiro

(Tabela 1). Dessa maneira, pode-se comprovar neste trabalho que, embora a

adaptação seletiva tenha ocorrido no cafeeiro e tomateiro, ela foi superior no tomateiro.

Um exemplo interessante de um fenômeno similar ao descrito é o comportamento de

populações de M. incognita, M. arenaria e M. javanica, que se tornam virulentas ao

longo do tempo aos cultivares de tomate resistentes, quebrando a resistência ao gene

Mi. Tais populações são aparentemente polimórficas nos locus de virulência, de

maneira que os alelos virulentos só podem ser detectados quando expostos aos

cultivares de tomateiro resistentes (Prot, 1984). Isolados desses Meloidogyne spp.

virulentos ao gene Mi podem ser selecionados ao longo de seis a doze gerações, com

reinoculações sucessivas em plantas contendo o gene Mi (Netscher, 1977).

Populações de M. incógnita e M. paranaensis do cafeeiro devem ser também

polimórficas nos locus de virulência, de maneira que reinoculações sucessivas no

tomateiro selecionaram, ao longo do tempo, indivíduos altamente virulentos a essa

planta, restando poucos indivíduos virulentos ao cafeeiro, e para M. incógnita a pressão

de seleção no tomateiro foi mais acentuada do que para M. paranaensis (Tabela 1).

Mais estudos são necessários no sentido de precisar o número de gerações

necessárias para que as populações de Meloidogyne spp. se adaptem ao tomateiro,

perdendo, significativamente, a sua virulência ao cafeeiro.

Esses resultados devem servir de alerta aos nematologistas e melhoristas quanto ao

uso de inóculos provenientes de tomateiros para seleção de genótipos de cafeeiro com

resistência a Meloidogyne spp.

Conclusões — Populações de M. incógnita raça 2 e M. paranaensis provenientes do

cafeeiro, quando inoculadas em tomateiros cv. Santa Cruz por dois anos consecutivos,

perderam significativamente a virulência a cafeeiros altamente suscetíveis. Essas duas

espécies de nematóides das galhas multiplicadas em plantas de café mostraram uma

virulência intermediária quando inoculadas em tomateiro ‘Santa Cruz’.

Referências bibliográficas

CARNEIRO, R.M.D.G.; ALMEIDA, M.R.A & CARNEIRO, R.G. Enzyme phenotypes of

Brazilian populations of Meloidogyne spp. Fundamental and Applied Nematology,

v.19, n.6, p.555-560. 1996.

CARNEIRO, R.M.D.G. & ALMEIDA, M.R.A. Distribution of Meloidogyne spp. on

coffee in Brazil: identification, characterization and intraspecific variability.

Mejoramiento sostenible del café Arabica por los recursos genéticos, asistido pôr

los marcadores moleculares, com enfasis en la resistência a los nematodos.

Publication Especial CATIE/IRD: 43-48. 2000.

CASWELL, E.P. & ROBERTS, P.A. Nematode population genetics. Pp.390-396 in J.

A. Veech & D. W. Dickson eds. Vistas on Nematology. De Leon Springs, Florida,

USA:E. O. Painter Printing Co. 1987.

HARTMAN, K.M. & SASSER, J.N. Identification of Meloidogyne species on the basis of

differential host test and perineal pattern morphology. In: Carter, C. C. & Sasser, J. N.

eds. An advanced treatise on Meloidogyne, vol. II, Methodology. Raleigh: North

Carolina State University Graphics: p.69-77. 1985.

HUSSEY, R. S. & BARKER, K.R. A comparison of methods of collecting inocula for

Meloidogyne spp., including a new technique. Plant Disease Reporter, v.57, p.1025-

1028. 1973.

JENKINS, W.R. A rapid centrifugal-flotation technique for separating nematodes

from soil. Plant Disease Reporter, v.48, 692p. 1964.

NETSCHER, C. Observations and preliminary studies on the occurrence of

resistance breaking biotypes of Meloidogyne spp. on tomato. Cah. ORSTOM, Ser.

Biol., v.11, p.173-178. 1977.

PROT, J.C. A naturally occurring resistance breaking biotype of Meloidogyne arenaria

on tomato: Reproduction and pathogenicity on tomato cultivars Roma and Rossol.

Revue de Nématologie, v.7,: p.23-28. 1984.

Regina M. Gomes Carneiro e Camila.L. Jorge, são pesquisadoras da Embrapa

(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Fonte: II Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil - Setembro de 2001.

TABELA 1 — Valores médios dos índices de galhas ou

massas de ovos (IG) e fatores de reprodução (FR) de

espécies de Meloidogyne do cafeeiro, após 90 dias no

tomateiro (Lycopersicon esculentum ) e após 210 dias no

cafeeiro (Coffea arabica), quando inoculadas com 10.000

ovos multiplicados, sucessivamente, em tomateiros cv.

Santa Cruz e em cafeeiros cv. Mundo Novo (durante dois

anos)

Cultiv

ar

M. incognita

Raça 21

M. incognita

Raça 22

M.

paranaensis

1

M.

paranaensis

2

Cafeei

roIG FR 3 IG FR 3 IG FR 3 IG FR 3

cv.

Mund

o

Novo

1 0,42 F 5 26,2 C 2,2 3,57 E 5 18,5 D

cv.

Catuaí0,5 0,27 F 5 14,3 D 1,8 2,85 E 5 16,5 D

Tomat

eiro

cv.

Santa

Cruz

5 55,8 A 5 28,4 C 5 38,7 B 5 15,5 D

1 Inóculo de nematóides provenientes de plantas de

tomateiro.2 Inóculo de nematóides provenientes de plantas de

cafeeiro.3 Fatores de reprodução médios seguidos das mesmas

letras não diferem ente si pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade

Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária

Revista Bahia Agrícola

V.2, n.3, novembro de 1998

indice.htm -

indice indice.htm -

indice

Pesquisa Agrícola

Flutuação populacional de Meloidogyne exigua

(Goeldi, 1887) em cafeeiros no município

da Barra do Choça - BA

Sandra Elizabeth Souza*

Luiz Humberto Souza**

Florisvalda da Silva Santos***

Rivaldo Vicente Silva***

INTRODUÇÃO

O planalto de Vitória da Conquista tem no café um importante pólo agrícola do

estado, capaz de gerar emprego, renda e desenvolvimento na região. Nos anos

80, a produção atingiu um milhão de sacas, entretanto, a produção média atual é

de seiscentos mil sacas. Verifica-se que, caso houvesse manejo adequado das

lavouras e aplicação de tecnologias conhecidas, a capacidade de produção

poderia ser dobrada.

Representando um importante ponto de estrangulamento da lavoura cafeeira no

planalto de Vitória da Conquista, destaca-se a ocorrência do nematóide das

galhas, do gênero Meloidogyne, constatado, por Sharma & Sher (1973); Lordello

(1978) e Meloidogyne exigua por Souza et al., 1997. Conforme relatos históricos,

a infestação de Meloidogyne exigua Goeldi, 1887, dizimou os cafezais da antiga

província do Rio de Janeiro no final do século passado (Jobert,1892).

Em áreas infestadas com as espécies do gênero Meloidogyne, o crescimento,

translocação de água e nutrientes e a produção do cafeeiro é seriamente

comprometida (Arruda, 1960). Uma resposta do cafeeiro à presença de

Meloidogyne na raiz é, a formação de células gigantes (galhas) no sistema

radicular, resultado da hipertrofia de células do cilindro central ao redor do corpo

do nematóide que ali se desenvolve comprimindo os vasos do xilema, reduzindo

a absorção e transporte de água e nutrientes. Em conseqüência deste

parasitismo a parte aérea de cafeeiro exibe sintomas de deficiências

nutricionais, queda de folhas, ocorrência do bicho mineiro e cercosporiose com

altas infestações. O sistema radicular é reduzido e observa-se uma queda na

produção.

A fêmea de Meloidogyne instalada no interior de uma raiz parasitada deposita

seus ovos ali mesmo ou no exterior, rompendo o córtex radicular e emergindo

até a superfície. Após a eclosão as larvas, denominadas infestantes ou juvenis,

migram no solo até as raízes novas do cafeeiro, penetrando-as e tornando-se

sedentárias. Durante seu ciclo de vida passam por metamorfose originando

fêmeas, caracterizadas pelo formato de pêra ou machos de aspecto vermiforme

e alongado (Lordello, 1978; Taylor & Sasser, 1978).

Uma fêmea de Meloidogyne coloca em média 400 a 500 ovos podendo chegar

até 2000 ovos (Taylor & Sasser, 1978) e da habilidade da eclosão de suas

larvas e da migração até o hospedeiro depende o seu ciclo de vida. Em média

temperaturas de 20° - 45°C são as mais favoráveis à oviposição de Meloidogyne

exigua, alcançando o ótimo a 22°C (Tronconi et al., 1986; Lima, 1984). Jahen

(1989) verificou que não existe um nascimento uniforme de larvas, podendo

alguns ovos entrarem ou não em diapausa e alguns não mais se

desenvolverem, se as condições não forem favoráveis. Os ovos de Meloidogyne,

sobrevivem a uma ampla variação de umidade do solo, mas em solos muito

secos ocorre pouca ou nenhuma eclosão. O mesmo pode ocorrer com relação

ao volume de oxigênio, decorrente da estrutura do solo (Laughlin & Lordello,

1977).

O sistema ecológico no qual vive os fitonematóides é uma complexa inter-

relação entre nematóides, plantas hospedeiras, microclima, propriedades físicas,

biológicas e químicas do solo. As larvas juvenis de Meloidogyne, após eclosão

enfrentam barreiras físicas do solo durante sua migração até as raízes do

hospedeiro. Esta movimentação mínima, mas de supra importância para a sua

sobrevivência ocorre entre as partículas de solo, no filme de água, podendo ser

nulo o seu deslocamento se a umidade for insuficiente ou excessiva. Ocorrem

circunstâncias nas quais os nematóides podem sobreviver em condições de

seca por muitos anos (Norton, 1978). Solos saturados geralmente são

desfavoráveis pois induzem a produção de toxinas por microrganismos

anaeróbios (Laughlin & Lordello, 1977).

Freqüentemente, as precipitações são mostradas como sendo fatores relevantes

para o crescimento das plantas, bem como responsáveis pelas flutuações

estacionais dos fitonematóides. Conforme Ferris et al. (1971) citado por Carneiro

et al. (1980), plantas e nematóides apresentam semelhança na necessidade de

água. Wallace (1971) sugere que a pluviosidade, embora seja um fator de fácil

obtenção, não apresenta as vantagens dos componentes diretos tal como, a

umidade do solo.

O complexo cafeeiro tem no solo um importante fator de estudo da dinâmica de

vida dos nematóides das galhas do café. O conhecimento da influência dos

fatores edáficos que interagem com a flutuação estacional devem ser a base dos

estudos para planos de manejo das lavouras infestadas e controle de altos

níveis populacionais, ano após ano, acompanhando sua migração.

O presente trabalho estuda a relação da dinâmica populacional, através do

número de galhas na raiz e do número de juvenis de Meloidogyne exigua no

solo, com a umidade do solo e a pluviosidade, em cafeeiros infestados no

campo, com o objetivo de identificar a melhor época para iniciar o controle e o

manejo da população destes fitonematóides.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado na Fazenda Palmeira, no município da Barra do

Choça-BA, região do planalto de Vitória da Conquista, localizado no Sudoeste

do Estado da Bahia, com altitude média de 800m, temperatura média em torno

de 20°C e precipitação anual entre 500 e 1200mm (média mínima e máxima). O

ensaio foi montado num delineamento experimental de blocos ao acaso com 4

repetições em plantações de cafeeiros com quinze anos da variedade Catuaí

vermelho e Catuaí amarelo cultivados em espaçamento de 4,0 x 1,5m, sem

irrigação e em Latossolo Vermelho Amarelo, de textura média, altamente

infestados com Meloidogyne exigua. Esta espécie foi identificada mediante o

estudo da configuração perineal das fêmeas, conforme a técnica de Taylor &

Sasser (1978). A parcela experimental foi composta de dez plantas na linha de

plantio, utilizando-se 6 plantas centrais como parcela útil e as demais como

bordadura.

As coletas de raízes e solo na rizosfera do cafeeiro foram feitas durante um ano

a cada 40 dias, processadas e analisadas no Laboratório de Fitopatologia e

Nematologia da UESB/Vitória da Conquista, sendo monitorada também as

variações de umidade do solo na data da coleta, determinada pelo método da

estufa a 105°C (Fontes, 1992).

A flutuação populacional dos nematóides foi avaliada quanto ao número de

galhas em 2g de raízes e número de juvenis livres em 300cm3 de solo, extraídas

pelo método da flutuação centrífuga em solução de sacarose (Jenkis, 1964). As

estimativas populacionais foram efetuadas a partir de contagens realizadas em

lâmina de Peters, através de microscopia óptica. Os dados de pluviosidade

mensal foram obtidos através da leitura dos pluviômetros instalados no local do

experimento.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A umidade do solo na rizosfera do cafeeiro pode ser um dos fatores que

interagem com a população de Meloidogyne exigua no solo. Na Figura 1,

observa-se que a umidade de solo acima de 10%, condicionou um melhor

crescimento de juvenis. No período compreendido pelos meses de junho, julho,

agosto e setembro, a maior umidade do solo proporcionou maiores índices de

juvenis de Meloidogyne. Estes resultados concordam com Wallace, 1971;

Carneiro et al., 1980; Pinochet et al., 1986; Huang, 1992 e 1997.

O registro das precipitações pluviométricas demonstra ocorrência de dois picos

de chuvas no local do experimento, sendo um em novembro com total acima de

150mm e outro em março em torno de 450mm (Figura 2). Verifica-se na Figura 1

que, os maiores índices de juvenis de Meloidogyne exigua no solo ocorreram

nos meses de julho a início de setembro/96, coincidindo com o período de

baixas precipitações pluviométricas (Figura 2). Nos maiores picos de

pluviosidade, detecta-se menores índices de larvas no solo, exceto ao que se

refere ao mês de março, significando ocorrência da eclosão de ovos e migração

dos juvenis para o solo neste período de alta precipitação.

Com relação a formação de células gigantes, verifica-se uma tendência de

aumento no número de galhas nos meses de agosto e novembro seguido de

pequeno decréscimo, e um outro período de elevação deste índice,

principalmente, nos meses de março a maio, mostrando maior atividade e

concentração de juvenis de Meloidogyne exigua parasitando as células das

raízes novas do cafeeiro, conforme indica a Figura 2. De modo geral observa-se

durante a estação seca, um menor número de galhas, aumentando rapidamente

no início da estação chuvosa, permanecendo alto durante essa estação.

O maior número de juvenis no solo e menor número de galhas na raiz do

cafeeiro no período de julho a início de setembro, indica que nem todas os

juvenis penetraram nas raízes, talvez pela escassez de raízes novas emitidas

pelo cafeeiro devido as baixas precipitações . No período das maiores

precipitações, ocorreu rápida infecção, constatada pelo aumento número de

galhas, reduzindo o número de juvenis no solo, determinada pela abundância de

sítios de infecção (raízes novas), emitidas pelo cafeeiro neste período. De fato,

Mendes et al.(1977); Nakasono et al. (1980) e Jaehn et al. (1983) observaram

que a penetração de juvenis de Meloidogyne exigua ocorre somente em raízes

novas na região do meristema apical. Souza em 1990, estudando a variação

sazonal de Meloidogyne exigua em cafeeiros, observou rápida infecção,

constatada pelo aumento do número de galhas no início da estação chuvosa no

Sul de Minas Gerais.

CONCLUSÕES

Neste primeiro ano de avaliação foi possível encontrar duas épocas para

iniciar o controle e o manejo da população de Meloidogyne exigua, a primeira

ocorrendo entre os meses de julho a início de setembro e a segunda entre os

meses de março a maio.

Modificações ocorridas com a umidade do solo e a pluviosidade

provavelmente produziram interferências na flutuação de juvenis de

Meloidogyne exigua no solo e no número de galhas do meristema radicular

em cafeeiros no campo.

Com a continuação dos estudos, será possível inferir com maior precisão

sobre os efeitos do clima, solo e planta sobre os nematóides no cafeeiro e

desta forma ajudar o agricultor no aumento da eficiência dos métodos

escolhidos para controlar e manejar a população de Meloidogyne exigua.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, H.V. de. Redução no crescimento de cafeeiro com um ano de campo,

devido ao parasitismo de nematóides. Bragantia, v.19, p.179-82, 1960.

CARNEIRO, R. M. G. et al. Flutuação populacional de quatro espécies de

nematóides parasitos da cana-de-açúcar (Saccharum Officinarum L.) em relação

a pluviosidade e umidade do Solo. Revista Brasileira de Nematologia, v.4, p.127-

35, 1980.

FONTES, L. E. F. Caracterização física do solo: Uma nova abordagem. Viçosa:

UFV, 1992. 44 p.

HUANG, S. P. Nematóides que atacam olerícolas e seu controle. Informe

agropecuário, v.16, n.172, p.31-6, 1992.

HUANG, S. P. Ecologia de fitonematóides. In: VARGAS, M. A. T.; HUNGRIA, M.

Biologia dos solos dos cerrados. Planaltina: EMBRAPA-CPAC/Nobel, 1997.

p.447-3.

JAEHN, A . Efeito da temperatura na biologia de três raças de Meloidogyne

incógnita (Tylenchida e Meloidogynidae) em cafeeiro (Coffea arabica) e

estimativa do número de gerações para o Estado de São Paulo. Piracicaba/SP:

ESALQ, 1989. 101p. (Tese D.S.).

JAEHN, A. et al. Efeito de nitrogênio e de potássio em Meloidogyne incognita

( Kofoid e White, 1919). Chtiwood, 1949, como parasito do cafeeiro. Sociedade

Brasileira de Nematologia, Piracicaba, v.7, p.189-208, 1983.

JENKIS, W. R. A rapid centrifugal flotation technique for separating nematodes

from soil. Plant Disease Reporter, Washington, v.48, n.9,p.692, 1964.

JOBERT, M. C. Sur une maladie du cafier observee au Bresil. Archives do

Museu Nacional, Rio de Janeiro, v.8, p.103-5, 1892.

LAUGHLIN, C.W. & LORDELLO, L.G.E. Sistemas de manejo de nematóides:

relações entre a densidade de populações e os dados da planta. Nematologia

Brasileira, Piracicaba, v.2, p.15-24, 1977.

LIMA, R. D’ARC de. Embriogênese, desenvolvimento pós-embriogênico e

caracterização morfométrica de Meloidogyne exigua (Goeldi, 1887). Viçosa:

UFV, 1984. 59p. (Tese M.S.).

LORDELLO, L.G.E. Nematóides das plantas cultivadas. São Paulo: Nobel, 1978,

314 p.

MENDES, B.V. et al. Observações histopatológicas de raízes de cafeeiro

parasitadas por Meloidogyne exigua Goeldi, 1887. Nematologia Brasileira,

Piracicaba, v.2, p.207-9, 1977.

NAKASONO, K. et al. Desenvolvimento de raízes de cafeeiros novos

transplantados e penetração por Meloidogyne exigua. Nematologia Brasileira,

Piracicaba, v.2, p.257-65, 1980.

NORTON, H. V. Ecology of plant-parasitic nematodes. New York: John Wiley &

Sons, 1978. 268 p.

PINOCHET, J. et al. Flutuacion estacional de poblaciones de nematodes en dos

cafetales en Panamá. Turrialba, v.36, n.2, p.149-56, 1986.

SOUZA, S.E. Dinâmica populacional de Meloidogyne exigua (GOELDI, 1887) em

cafeeiros novos (Coffea arabica L.). Lavras, MG: Universidade Federal de

Lavras, 1990. 89 p. (Tese M.S.).

SOUZA, S. E. et al. Ocorrência de nematóide das galhas em cafeeiros no

município da Barra do Choça-BA. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE

NEMATOLOGIA,20., Gramado, 1997. Anais...

SHARMA, R. D. & SHER, S. A. Nematodes associated with coffee in Bahia,

Brazil. Arquivo do Instituto Biológico, São Paulo, v.40, n.2, p.131-5, 1973.

TAYLOR, A.L. & SASSER, J.N. Biology, identification and control of root-knot

nematodes. Internacional Meloidogyne Project. North Carolina: State University,

1978. 111p.

TRONCONI, M.N. et al. Influência da temperatura na patogenicidade e

reprodução de Meloidogyne exigua em mudas de cafeeiro. Nematologia

Brasileira, Piracicaba, v.10, p.69-83, 1986.

WALLACE, H.R. Abiotic influences in the soil environment. In: ZUCKERMAN,

R.M. et al. (eds.). Plants Parasitic Nematodes. New York: Academic Press, 1971.

v. 1. p. 257-80.

Page 1

DISTRIBUIÇÃO QUALI-QUANTITATIVA DE NEMATÓIDES FITOPARASITOS

EM ÁREAS DE PRODUÇÃO DE ALGODÃO EM MATO GROSSO DO

SUL*Guilherme Lafourcade Asmus(1). (1) Embrapa Agropecuária Oeste, Caixa

Postal 661, 79804-970, Dourados, MS, [email protected]. RESUMO

Nos anos agrícolas de 2001/02 e 2002/03, foram amostrados em Mato Grosso

do Sul 184 talhões de lavouras nas regiões de Aral Moreira, Chapadão do Sul,

Costa Rica, Deodápolis, Dois Irmãos do Buriti, Eldorado, Guia Lopes da Laguna,

Itaquiraí, Maracaju, Mundo Novo, Naviraí, Nioaque, Ponta Porã, São Gabriel do

Oeste, Sidrolândia e Sonora. As amostras foram compostas de 10 a 15

subamostras de solo tomadas à profundidade de 0,0 – 0,20 m, na rizosfera do

algodoeiro, embaladas em sacos plásticos, armazenadas em caixas de isopor e

levadas ao laboratório, onde foi realizada a extração, identificação e

quantificação dos nematóides presentes. Os resultados obtidos evidenciaram

que existe grande variabilidade na distribuição dos nematóides fitoparasitos

entre as diferentes regiões amostradas. A freqüência média de ocorrência de M.

incognita, R. reniformis e P. brachyurus foi de, respectivamente, 27,7; 16,8 e

65,2%. As maiores densidades populacionais e freqüências de ocorrência de M.

incognita e R. reniformis foram observadas onde a cotonicultura é praticada

sucessivamente por vários anos em monocultura. Na região mais nova de

produção de algodão no estado (Chapadão do Sul, Costa Rica e São Gabriel do

Oeste), caracterizadas como áreas de cerrado, foram observadas altas

freqüências de ocorrência de P. brachyurus (respectivamente, 81,8; 78,9 e

86,9%), porém em baixas populações. INTRODUÇÃO O conhecimento da

distribuição quali-quantitativa de espécies de nematóides fitopatogênicos

configura-se como uma das informações mais importantes para o manejo de

áreas infestadas. Há três principais espécies de nematóides que atacam o

algodoeiro no Brasil: o nematóide de galhas (Meloidogyne incognita), o

nematóide reniforme (Rotylenchulus reniformis) e o nematóide das lesões

radiculares (Pratylenchus brachyurus). A recente introdução do nematóide de

cisto na região central do País, desencadeou uma mudança do perfil dos

sistemas de produção de grãos, proporcionando o avanço da cultura do algodão

para uso, em rotação, em áreas tradicionalmente cultivadas com soja. Dessa

forma, a cultura do algodoeiro tem logrado uma expressiva expansão de área no

Estado de Mato Grosso do Sul. Tal expansão da região tradicional no centro-sul

do estado para a região de cerrados, trouxe consigo o que há de mais moderno

em termos de tecnologia e, a despeito dos altos investimentos necessários,

possibilitou a diversificação da produção – condição indispensável para a

estabilidade do negócio agrícola. Se por um lado os benefícios obtidos com a

cultura do algodão tornam esta planta atrativa para cultivos em larga escala, é

bem verdade que o uso continuado do solo pela mesma pode acabar por

inviabilizar a produção. Entre outros *Trabalho parcialmente financiado pela

FUNDECT/SEPROD/PLUMA, MS.

--------------------------------------------------------------------------------

Page 2

problemas advindos do uso continuado do algodão em monocultivo, revestem-se

de importância os nematóides fitoparasitos. Este trabalho teve por objetivo

conhecer a distribuição de nematóides fitoparasitos em lavouras de algodoeiro

do Estado de Mato Grosso do Sul. MATERIAL E MÉTODOS Nos anos agrícolas

de 2001/02 e 2002/03, foram amostrados 184 talhões de lavouras de algodoeiro

nos municípios de Aral Moreira, Chapadão do Sul, Costa Rica, Deodápolis, Dois

Irmãos do Buriti, Eldorado, Guia Lopes da Laguna, Itaquiraí, Maracaju, Mundo

Novo, Naviraí, Nioaque, Ponta Porã, São Gabriel do Oeste, Sidrolândia e

Sonora. Cada amostra foi composta de 10 a 15 subamostras de solo tomadas à

profundidade de 0,0 - 0,20 m, na rizosfera do algodoeiro. Após homogeneizadas,

as amostras foram embaladas em sacos plásticos, armazenadas em caixas de

isopor e levadas ao laboratório, onde ficaram sob refrigeração até que fossem

processadas. Cada amostra composta foi representativa de áreas (talhões) de

aproximadamente 100 hectares, à exceção daquelas obtidas em pequenas

propriedades. A extração dos nematóides do solo foi realizada pelo método de

peneiramento e centrifugação (Jenkins, 1964). As suspensões de nematóides

obtidas foram submetidas a 55ºC por 5 minutos e armazenadas em formalina a

2%. As contagens do número de espécimes por amostra foi realizada em duas

alíquotas de 0,5 mL em lâmina de Peters, sob microscópio óptico. As espécies

Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus foram confirmadas através

da análise de características morfométricas (Handoo & Golden, 1989; Robinson

et al., 1997). Toda amostra com presença de formas jovens de nematóide de

galhas (Meloidogyne) foi colocada em vaso de argila para o qual foi

transplantada uma muda de tomateiro “Rutgers”. Após 35 a 40 dias, as fêmeas

obtidas de galhas formadas no tomateiro foram utilizadas para a confirmação da

espécie através da análise da configuração perineal (Taylor et al., 1955).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos evidenciaram uma grande

variabilidade na distribuição dos nematóides fitoparasitos nas diferentes regiões

de produção de algodão de Mato Grosso do Sul (Tabela 1). A freqüência média

de ocorrência de M. incognita, R. reniformis e P. brachyurus nas áreas

amostradas foi de, respectivamente, 27,7%; 16,8% e 65,2%. A população média

observada das três espécies foi de, respectivamente, 260, 997 e 42

nematóides/200 mL de solo. É interessante observar que as maiores densidades

populacionais e freqüências de ocorrência de M. incognita e R. reniformis foram

observadas onde a cotonicultura é praticada sucessivamente por vários anos em

monocultivo. Nestas áreas predominam pequenas propriedades, que não

utilizam rotação de culturas. Na região mais nova de produção de algodão no

estado (Chapadão do Sul, Costa Rica e São Gabriel do Oeste), áreas

caracterizadas como de cerrado, foram observadas altas freqüências de

ocorrência de P. brachyurus (respectivamente, 81,8%; 78,9% e 86,9%), porém

em baixas populações. A relativamente alta freqüência de P. brachyurus

configura-se numa novidade e também motivo de preocupação em áreas de

produção de algodão devido a

Page 3

escassez de informações sobre as relações entre esse nematóide e a cultura .

Além disso outras culturas importantes para os sistemas de produção de grãos

em Mato Grosso, como o milho e a soja, também são suscetíveis a este

fitonematóide. Até o momento, não foram estabelecidos os limites populacionais

de danos causados por fitonematóides em algodoeiro no País. No entanto,

tomando como base dados da literatura internacional (Starr, 1998), com exceção

de Chapadão do Sul e Costa Rica, em todos os municípios onde M. incognita

estava presente, foram encontradas populações superiores ao limite de dano (>

200 formas infecticvas (J2)/200 mL). No caso de R. reniformis, observou-se

populações acima do limiar de danos (entre 600 e 2000 nematóides/200 mL) em

Deodápolis, Naviraí, Nioaque e Aral Moreira; nesta última ocorrendo em

populações variando entre 2680 e 9230 nematóides/200 mL. De uma maneira

geral, as área novas de cultivo de algodoeiro no Estado, especialmente

Chapadão do Sul e Costa Rica, ainda encontram-se com baixa freqüência dos

principais fitonematóides, e especial atenção deve ser dada ao manejo dessas

áreas para que possam continuar livres de seus danos. REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS HANDOO, Z. A.; GOLDEN, A. M. A key and diagnostic

compendium to the species of the genus Pratylenchus Filipjev, 1936 (lesion

nematodes). Journal of Nematology, St. Paul, v. 21, n. 2, p. 202-218, 1989.

JENKINS, W. R. A rapid centrifugal-flotation technique for separating nematodes

from soil. Plant Disease Reporter, Beltsville, v. 48, n. 9, p. 692, 1964.

ROBINSON, A. F.; INSERRA, R. N.; CASWELL-CHEN, E. P.; VOVLAS, N.;

TROCCOLI, A. Rotylenchulus species: identification, distribution, host ranges,

and crop plant resistance. Nematropica, Auburn, v. 27, n. 2, p. 127-180, 1997.

STARR, J. L. Cotton. In: BARKER, K. R.; PEDERSON, G. A.; WINDHAM, G. L.

(Ed.). Plant and nematode interactions. Madison: American Society of Agronomy,

1998. cap. 17, p. 359-380. TAYLOR, A. L.; DROPKIN, V. H.; MARTIN, G. C.

Perineal patterns of root-knot nematodes. Phytopathology, St. Paul, v. 45, n. 1, p.

26-45, 1955. Tabela 1. Freqüência de ocorrência e variação populacional de

Meloidogyne incognita, Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus

associados ao algodoeiro em municípios produtores de Mato Grosso do Sul, nas

safras 2001/02 e 2002/03. Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados, MS, 2003.

Meloidogyne incognita Rotylenchulus reniformis Pratylenchus brachyurus

Município N1Freqüência (%) Pop. Média2Freqüência (%) Pop. Média2

Freqüência (%) Pop. Média2

--------------------------------------------------------------------------------

Page 4

Aral Moreira 3 0,0 - 100,0 5167 (2680-9230) 0,0 - Chapadão do Sul 33 9,1 53,4

(10-120) 0,0 - 81,8 52,2 (10-220) Costa Rica 19 5,3 20,0 (20) 0,0 - 78,9 30,0 (10-

110) Deodápolis 12 75,0 199,4 (20-850) 58,3 1159,3 (40-3930) 16,7 15,0 (10-20)

Dois Irmãos do Buriti 3 66,7 1080 (370-1790) 33,3 130,0 (130) 66,7 80,0 (50-

110) Eldorado 7 28,6 795,0 (590-1000) 0,0 - 85,7 36,7 (10-60) Guia Lopes da

Laguna 4 25,0 1440,0 (1440) 0,0 - 100,0 37,7 (10-70) Itaquiraí 11 45,4 94,0 (10-

250) 0,0 - 72,7 38,7 (20-90) Maracaju 15 0,0 - 6,7 150,0 (150) 33,3 24,0 (20-30)

Mundo Novo 6 66,7 155,0 (10-350) 0,0 - 66,7 20,0 (10-40) Naviraí 18 66,7 140,0

(10-530) 55,5 176,0 (30-920) 50,0 30,0 (10-70) Nioaque 15 46,7 318,6 (20-770)

40,0 718,3 (10-1930) 86,7 54,6 (10-230) Ponta Porã 8 0,0 - 0,0 - 12,5 10,0 (10)

São Gabriel d’Oeste 23 21,7 222,0 (10-1050) 8,7 375,0 (210-540) 86,9 47,0 (10-

120) Sidrolândia 3 0,0 - 0,0 - 66,7 55,0 (30-80) Sonora 4 0,0 - 25,0 190,0 (190)

25,0 60,0 (60) TOTAL 184 27,7 260,3 (10-1790) 16,8 996,9 (30-9230) 65,2 41,6

(10-220) 1Número de amostras. 2Médias calculadas a partir das amostras em

que o nematóide ocorreu. Os dados entre parênteses indicam a variação da

população, em número de nematóides/200 mL de solo.

FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES EM POMARES IRRIGADOS DE CITROS Nas últimas décadas têm se multiplicado as evidências do efeito benéfico das associações micorrízicas com diversas plantas superiores de importância econômica. Em algumas espécies vegetais é tão acentuada a dependência à presença desses fungos que, na ausência total da simbiose, não respondem satisfatoriamente à adubação fosfatada. As fruteiras destacam-se como o grupo de plantas onde as micorrizas merecem especial atenção no que se refere aos efeitos benéficos da simbiose. Muitos avanços científicos foram obtidos com essas plantas, principalmente devido à condição de dependência micorrízica, importância econômica da fruticultura e especialmente porque nesse grupo a infecção micorrízica foi inicialmente explorada. As plantas cítricas, por possuírem um sistema radicular com pêlos absorventes pouco desenvolvidos, exibem elevada dependência à micorrização e as vantagens mútuas dessa associação são expressas em maior disponibilidade de nutrientes, especialmente o fósforo, para o porta-enxerto cítrico e no fornecimento de fotossintatos para o endófito. A magnitude das respostas varia muito com o local, tipo de organismo, condições do solo (pH, nutrientes disponíveis, aspectos físicos), entre outros fatores. O presente estudo objetivou avaliar a intensidade de colonização natural de raízes dos citros por fungos MA em pomares irrigados da região semi-árida do Estado da Bahia, além de estabelecer relações com as combinações copa/porta-enxerto. O trabalho foi conduzido no município de Iaçu, BA, em pomar de citros com quatro anos de idade, cultivado sob condições irrigadas. O sistema de irrigação utilizado foi microaspersão, com uma vazão média de 30 l/hora, sendo que o raio de alcance do jato d'água dos microaspersores, nas diversas parcelas, em torno de 4m. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 4 tratamentos e 4 repetições, onde cada planta constituía uma unidade experimental. Os tratamentos consistiram em diferentes combinações copa/porta-enxerto: 1) lima ácida Tahiti (Citrus� � latifolia Tanaka)/citrumelo Swingle (C. paradisi Macf. x P. trifoliata (L.) Raf.), 2) lima� � ácida Tahiti/limão Cravo (C. limonia Osbeck), 3) lima da Pérsia (C. limettioides� � � � Tanaka)/limão Cravo e 4) laranja Pera (C. sinensis L.)/limão Cravo. � � � � � �Foram coletadas amostras de solo e raízes finas para a determinação de esporos e colonização micorrízica nas plantas cítricas. A amostragem foi repetida 6 vezes, em intervalo bimestral, e as amostras foram retiradas em quatro diferentes pontos, na projeção das copas das plantas, a uma profundidade de 0 a 20 cm da superfície. A colonização micorrízica foi estimada após clareamento das raízes em 10% KOH e coloração em azul de trypan a 0,05% em glicerol. A densidade populacional de fungos MA foi avaliada após extração dos esporos em flutuação centrífuga em solução de sacarose. A contagem desses esporos foi processada em câmara de Peter com auxílio de um microscópio ótico. A lima ácida Tahiti enxertada em citrumelo Swingle apresentou a maior colonização� � � � micorrízica, particularmente no período de avaliação final do experimento. Não se constatou diferença significativa na infecção micorrízica dos demais tratamentos, exceto na combinação lima da Pérsia/limão Cravo que apresentou o� � menor índice de colonização radicular.

Glomus intraradices e G. etunicatum foram as espécies com maior registro de ocorrência em todos os tratamentos. Essa frequência de distribuição dos FMA sugere maior adaptabilidade dessas espécies às condições edafoclimáticas e, principalmente, maior compatibilidade com a planta cítrica hospedeira. Referências Bibliográficas BALOTA, E. L.; KANASHIRO, M. A microbiologia do solo na cultura dos citros. Laranja, Cordeirópolis, v.19, n.1, 167-183, 1998.GIOVANNETTI, M.; MOSSE, B. An evaluation of techniques for measuring vesicular-arbuscular mycorrhizal infection in roots. New Phytologist, Oxford, v.84, p.489-500, 1980.JENKINS, W. R. A rapid centrifugal-flotation technique for separating nematodes from soil. Plant Disease Reporter, Beltsville, v.48, p.692, 1964.PHILLIPS, J. M.; HAYMAN, D. S. Improved procedures for clearing roots and staining parasitic and vesicular arbuscular mycorrhizal fungi for rapid assessment of infection. Transactions of the British Mycological Society, Cambridge, v.55, p.158-161, 1970.REINHARDT, D. H. Potencial da fruticultura irrigada nos Tabuleiros Costeiros. Cruz das Almas, BA: EMBRAPA/CNPMF, 1996. 23p. (EMBRAPA CNPMF. Documentos, 69).�SCHENCK, N.; PÉREZ, Y. Manual for the identification of VA mycorrhizal fungi. INVAM, Gainesville, FL, 1988. 241p.ZAMBOLIM, L.; SIQUEIRA, J. O. Importância e potencial das associações micorrízicas para a agricultura. Belo Horizonte:EPAMIG, 1985. 36p. (Documentos, 26).

Antonio Alberto Rocha Oliveira e Ygor da Silva Coelho

Pesquisadores, Embrapa Mandioca e Fruticultura ([email protected])

Claúdia Melo da Paixão e Robélia Dias Tosta Amorim

Alunas do Curso de Mestrado da Escola de Agronomia da UFBA

NEMATÓIDES ASSOCIADOS A PLANTAS FRUTÍFERAS EM ALGUNSESTADOS

BRASILEIROSJORGE TEODORO DE SOUZA 1CLÉBER MAXIMINIANO 2VICENTE

PAULO CAMPOS3RESUMO - Com o objetivo de estudar a ocorrência e adistribuição

de nematóides em plantas frutíferas,analisaram-se 172 amostras de solo e raízes,

retiradasde abacaxizeiro [Ananas comosus (L.) Merril], acerola(Malpighia glabra L.),

bananeira (Musa sp), citros(Citrus spp.), figueira (Ficus carica L.), fruta-pão(Artocarpus

incisa L.) e pessegueiro (Prunus persicaL.), provenientes de 31 municípios dos Estados

daBahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo.Os gêneros de fitonematóides

encontrados, com aspercentagens de ocorrência em relação ao número totalde

amostras coletadas, foram: Helicotylenchus Steiner,1945 (84,4 %), Meloidogyne

Goeldi, 1887 (50,9%),Criconemella De Grisse & Loof, 1965 e TylenchulusCobb, 1913

(24,9%), Pratylenchus Filipjev, 1936(15,6%), Aphelenchoides Fischer, 1894

(8,1%),Radopholus Thorne, 1949 (6,9%), Xiphinema Cobb,1913 (6,4 %), Rotylenchulus

Linford & Oliveira, 1940,Discocriconemella De Grisse & Loof, 1965,Paratylenchus

Micoletzky, 1922, RotylenchusFilipjev, 1936 e Scutellonema Andrássy, 1958(0,6%). As

espécies mais importantes e freqüênciasde ocorrência em relação ao número total

deamostras foram: Helicotylenchus dihystera (Cobb,1893) Sher, 1961 (54,3%), H.

multicinctus (Cobb,1893) Golden, 1956 (46,8%), Meloidogyne incognita(Kofoid & White,

1919) Chitwood, 1949 (26%),Tylenchulus semipenetrans Cobb, 1913 (24,9%),

M.javanica (Treub, 1885) Chitwood, 1949 (24,3%),Pratylenchus brachyurus (Godfrey,

1929) Filipjev &Schuurmans Steckhoven, 1941 (18,8%) eRadopholus similis Cobb,

1913 (6,9%).TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Plantas frutíferas, fitonematóides,

ocorrência, distribuição.NEMATODES ASSOCIATED WITH FRUIT CROPS IN

SOMEBRAZILIAN STATESABSTRACT - The occurrence and distribution ofnematodes

parasites of fruit crops were studied in 172soil and root samples of pineapple [Ananas

comosus L.Merril], Barbados cherry (Malpighia glabra L.),banana (Musa sp), citrus

(Citrus spp), fig (Ficus caricaL.), bread fruit (Artocarpus incisa L.) and peach(Prunus

persica L.), from 31 counties of Bahia, Ceará,Minas Gerais, Pernambuco and São

Paulo states,Brazil. Plant parasitic nematode genera with theirpercentage occurrence in

relation to the total numberof samples were: Helicotylenchus Steiner, 1945(84.4%),

Meloidogyne Goeldi, 1887 (50.9%),Criconemella De Grisse & Loof, 1965 and

TylenchulusCobb, 1913 (24.9%), Pratylenchus Filipjev, 1936 (15.6%),Aphelenchoides

Fischer, 1894 (8%), Radopholus Thorne,1949 (6.9%), Xiphinema Cobb, 1913

(6.4%),Rotylenchulus Linford & Oliveira, 1940,Discocriconemella De Grisse & Loof,

1965, ParatylenchusMicoletzky, 1922, Rotylenchus Filipjev, 1936 andScutellonema

Andrássy, 1958 (0.6%). The mostimportant species and their frequency of occurrence

inrelation to the total number of samples were:Helicotylenchus dihystera (Cobb, 1893)

Sher, 1961(54,3%), H. multicinctus (Cobb, 1893) Golden, 1956(46.8%), Meloidogyne

incognita (Kofoid & White, 1919)Chitwood, 1949 (26%), Tylenchulus semipenetrans

Cobb,1913 (24.9%), M. javanica (Treub, 1885) Chitwood, 1949(24.3%), Pratylenchus

brachyurus (Godfrey, 1929)Filipjev & Schuurmans Steckhoven, 1941 (18.8%)

andRadopholus similis Cobb, 1913 (6.9 %).INDEX TERMS: Fruit crops, plant

nematodes, occurrence, distribution.1. Eng. Agr., M.Sc., Departamento de

Fitopatologia, UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS(UFLA).2. Eng. Agr.,

Departamento de Fitopatologia/ UFLA, Caixa. Postal 37, 37.200 - 000, Lavras - MG.3.

Eng. Agr., MSc., Ph.D., Prof. Titular, Departamento de Fitopatologia/UFLA

--------------------------------------------------------------------------------

Page 2

Ciênc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.2, p.353-357, abr./jun., 1999354INTRODUÇÃOVárias

espécies de plantas frutíferas cultivadasno Brasil possuem importantes problemas

decorrentesdo ataque de fitonematóides. O abacaxizeiro, por exem-plo, [Ananas

comosus (L.) Merril] pode sofrer prejuízosde até 42 %, devido ao ataque de nematóides

(Raski eKrusberg, 1984). No Brasil, nematóides têm sido asso-ciados a essa cultura

nos Estados da Bahia, Maranhão,Espírito Santo, São Paulo, Pernambuco, Rio de

Janeiro,Minas Gerais, Goiás e Sergipe (Manso et al., 1994). Asperdas causadas por

Radopholus similis Cobb, 1913 nabananeira, variam de 15 a 50% (Tarté e

Pinochet,1981). Nas plantas cítricas (Citrus spp) existem muitasespécies de

nematóides associadas (Manso et al., 1994).Tylenchulus semipenetrans Cobb, 1913 é

considerado onematóide mais importante economicamente para a ci-tricultura brasileira

(Lordello e Lordello, 1991), com am-pla disseminação no país (Ferraz, 1980). Essa

espé-cie pode causar prejuízos de 10 a 30 %, dependendodas condições ambientais e

demais condições locais(Duncan, 1995). Heterodera fici Kirjanova, 1954 é onematóide

mais prejudicial à figueira (Franco ePenteado, 1986), contudo, Meloidogyne

incognita(Kofoid & White, 1919) Chitwood, 1949 encontra-se mais disseminado no

Brasil (Campos, 1997).O presente trabalho foi realizado com o objetivode atualizar

informações acerca da ocorrência e distri-buição de nematóides associados a plantas

de acerola,abacaxizeiro, bananeira, plantas cítricas, plantas defruta-pão, figueira e

pessegueiro nos Estados da Bahia,São Paulo, Minas Gerais, Ceará e

Pernambuco.MATERIAL E MÉTODOSAmostras de 500 cm3de solo e 80 g de raízes

fo-ram coletadas em 31 municípios dos Estados de MinasGerais, São Paulo, Ceará,

Pernambuco e Bahia, numtotal de 172 amostras, obtidas de acerola, bananeira,citros,

figueira, fruta-pão e pessegueiro. As raízes foramlavadas, dissecadas ao microscópio

estereoscópico einvestigadas quanto à presença de fêmeas adultaspertencentes ao

gênero Meloidogyne, mesmo nãoapresentando galhas. Nas infestadas, foram

obtidas10 fêmeas, que foram dispostas lado a lado em gotasde água destilada sobre

lâmina de vidro, recobertascom lamínula 24x50mm e esmagadas para a obser-vação

da configuração perineal. A análise da confi-guração perineal foi feita conforme os

padrões contidosem Taylor e Sasser (1978). Após a análise sob micros-cópio

estereoscópio, as raízes foram trituradas em li-quidificador por 45 segundos, passadas

em peneiras de20 e 325 malhas, sendo que o material coletado na úl-tima peneira foi

centrifugado em sacarose, adaptando-se à técnica de Jenkins (1964). Os nematóides

do soloforam extraídos usando-se o método de Jenkins(1964), a partir de alíquotas de

100 cm3de solo. Assuspensões obtidas tanto do solo quanto das raízesforam

observadas sob microscópio ótico a 250X paraa identificação do gênero. A seguir, os

nematóidesforam fixados em TAF (4,5 ml de trietanolamina,15 ml de formaldeído a 38

% e 80,5 ml de águadestilada) e montados em lâminas semipermanentes,que foram

utilizadas em estudos morfológicos emorfométricos para a identificação das

espécies.Das amostras coletadas, 72,2% provieram doEstado de Minas Gerais, 12,7 %

de Pernambuco, 6,9%da Bahia, 5,8% do Ceará e 2,3% de São Paulo. O maiornúmero

de amostras foi coletado de bananeira (62,4%),seguido por citros (31,2%),

abacaxizeiro, acerola e fi-gueira (1,2 %) e fruta-pão (0,6 %).RESULTADOS E

DISCUSSÕESForam encontrados 14 gêneros de fitonematói-des, com as seguintes

percentagens de ocorrência emrelação ao número total de amostras coletadas: Helico-

tylenchus Steiner, 1945 (84,4%); Meloidogyne sp. (50,9%); Criconemella De Grisse e

Loof, 1965 e TylenchulusCobb, 1913 (24,9%); Pratylenchus Filipjev, 1936 (15,6%);

Aphelenchoides Fisher, 1894 (8,1%); RadopholusThorne, 1949 (6,9%); Xiphinema

Cobb, 1913 (6,4%);Rotylenchulus Linford e Oliveira, 1940; Discocricone-mella De

Grisse e Loof, 1965; Paratylenchus Mico-letzky, 1925; Rotylenchus Filipjev, 1936 e

ScutellonemaAndrássy, 1958 (0,6%) (Tabela 1).As espécies mais importantes e

respectivas fre-qüências de ocorrência em relação ao número total deamostras foram:

Helicotylenchus dihystera Cobb, 1893(54,3%), H. multicinctus (46,8%), M. incognita

(26%),T. semipenetrans (24,9%), M. javanica Treub, 1885(24,3%), P. brachyurus

Godfrey, 1929 (18,8%) e R.similis (6,9%).Plantas de acerola foram encontradas parasi-

tadas por nematóides das galhas pela primeira vezem Minas Gerais (Tabela 1). A

suscetibilidade daplanta de acerola à M. javanica e M. incognita foiconfirmada pelos

testes de hospedabilidade realiza-dos por Ferraz, Monteiro e Inomoto (1989). Essefato

representa um risco para os plantios da regiãomineira dessa frutífera, uma vez que o

ataque denematóides das galhas pode resultar em severos da-nos para essa planta

(Franco e Ponte, 1989; Sharmae Junqueira, 1993).

--------------------------------------------------------------------------------

Page 3

Ciênc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.2, p.353-357, abr./jun., 1999355TABELA 1 -

Nematóides parasitos de plantas frutíferas identificados em amostras coletadas em

municípios de al-guns Estados brasileiros.FrutíferaNematóides IdentificadosMunicípio/

EstadoNodeAmostrasAbacaxizeiro M. incognita, H. dihystera, P.

brachyurusGuaraçaí/SP2Acerola M. incognitaM. javanica, Criconemella sp.,

Helicotylenchus sp.Belo Horizonte/MGParaisópolis/ MG11Bananeira M. javanica, M.

incognita, Meloidogyne sp., H. dihystera, H.multicinctus, Helicotylenchus sp.,

Criconemella sp.Capitólio/MG4M. incognita, Helicotylenchus sp.Carmo da

cachoeia/MG1M. incognita, H. multicinctusCarmo de Minas/MG2M. javanica,

Helicotylenchus sp., Xiphinema sp.Coqueiral/MG2Meloidogyne sp., M. incognita, M.

javanica, H. dihystera, H.multicinctus, Criconemella sp., P. brachyurus, R.

similis,Aphelenchoides sp.Janaúba/MG21M. javanica, M. incognita, H. dihystera,

Criconemella sp.Lavras/MG8M. javanica, H. dihystera, Aphelenchoides

sp.Machado/MG4M. incognita, H. multicinctus, P. brachyurus, R.

similisMauriti/CE10BananeiraM. javanica, H. multicinctusMontes Claros/MG1H.

dihystera, Xiphinema sp.Patos de Minas/MG1M. javanica, M. incognita, H. dihystera, H.

multicinctus,Aphelenchoides sp., P. brachyurusPerdões/MG6M. incognita, Meloidogyne

sp. Helicotylenchus sp., Aphelenchoidessp., P. brachyurusPorteirinha/MG4M. incognita,

M. javanica, H. multicinctus, R. similisRecife/PE4R. similis, Xiphinema sp.Ribeirão

Pires/SP1M. javanica, H. multicinctus, Aphelenchoides sp.Salvador/BA2M. javanica, H.

dihysteraSanta Rita do Sapu-caí/MG2M. incognita, M. javanica, H. dihystera, H.

multicinctus, Helicotylenchus sp., P. brachyurus, Aphelenchoides sp., Criconemella

sp.Santo Antônio do Ampa-ro/MG8M. incognita, M. javanica, Meloidogyne sp., H.

multicinctus, P.brachyurus, R. similis, Scutellonema sp., Paratylenchus sp.São Vicente

Ferrer/PE18M. incognita, H. multicinctus, Aphelenchoides sp.Wagner/BA9Continua...

--------------------------------------------------------------------------------

Page 4

Ciênc. e Agrotec., Lavras, v.23, n.2, p.353-357, abr./jun., 1999356TABELA 1-

Continuação....FrutíferaNematóides IdentificadosMunicípio/

EstadoNodeAmostrasCitrosHelicotylenchus sp., P. brachyurus, Criconemella sp.,

TylenchulussemipenetransAlfenas/MG14H. dihystera, Helicotylenchus sp., T.

semipenetransCampo Belo/MG1H. dihystera, Pratylenchus sp., Aphelenchoides sp.,

Criconemella sp.T. semipenetrans, R. reniformisLavras/MG7Helicotylenchus sp., P.

brachyurus, Criconemella sp.Pará de Minas/MG3H. dihystera, Helicotylenchus sp., P.

brachyurus, Aphelenchoidessp.,Criconemella sp., T. semipenetransPerdões/MG26P.

coffeae, Criconemella sp., T. semipenetransSão Carlos/SP1H. dihystera,

Helicotylenchus sp., T. semipenetrans, Xiphinema sp.São João Del Rei/MG2FigueiraH.

dihystera, Helicotylenchus sp., Discocriconemella sp.Caldas/MG1M. incognita,

Helicotylenchus sp.Salinas/MG1Fruta-PãoHelicotylenchus sp., Rotylenchus sp.,

Xiphinema sp., Criconemella sp.Nova Viçosa/MG1Pessegueiro M. arenaria,

Aphelenchoides sp.Pouso Alegre/MG2H. dihystera, Xiphinema sp., Aphelenchoides

sp.Santana da Vargem/MG1De um total de 107 amostras retiradas de bana-nais, 12

coletadas de municípios nos Estados do Ceará,Minas Gerais, Pernambuco e São

Paulo (Tabela 1), en-contravam-se infestadas por R. similis, que é o nema-tóide mais

danoso à cultura. Esse nematóide provocalesões nas raízes de sustentação, com o

conseqüentetombamento das plantas. Cuidados especiais deverãoser tomados pelos

produtores para evitar a dissemi-nação de R. similis, que é feita, principalmente,

pormeio de mudas infestadas. Helicotylenchus spp. eMeloidogyne spp. ocorreram,

respectivamente, em90,7 % e 75,9 % das amostras coletadas dos bana-nais.De 54

amostras coletadas da rizosfera de plan-tas cítricas, constatou-se a presença de T.

semipenetransem 43, evidenciando a ampla disseminação desse ne-matóide no Brasil.

R. reniformis foi constatado em La-vras - MG, parasitando Citrus sp. Essa espécie foi

de-tectada anteriormente parasitando plantas cítricas emMinas Gerais (Ferraz, 1980);

entretanto, a extensão dosdanos causados às plantações citrícolas

permanecedesconhecida.M. arenaria foi constatada pela primeira vez pa-rasitando

pessegueiro em Minas Gerais, em amostrasprovenientes do município de Pouso Alegre

(Tabela 1).Essa espécie já havia sido encontrada em mudas de pes-segueiro

provenientes do Estado do Rio Grande do Sul(Santos e Lozano, 1988).Em conclusão,

foram encontrados 14 gêneros defitonematóides associados ao abacaxizeiro, plantas

deacerola, bananeira, plantas cítricas, figueira, plantas defruta-pão e pessegueiro nos

Estados da Bahia, Ceará,Minas Gerais, São Paulo e Pernambuco. As espécies

demaior ocorrência nos pomares amostrados foram: H.dihystera (54,3 %), H.

multicinctus (46,8 %), M. in-cognita (26 %), T. semipenetrans (24,9 %), M.

javanica(24,3 %), P. brachyurus (18,8 %) e R. similis (6,9 %).REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICASCAMPOS, V.P. Nematóides na cultura da figueira.Informe

Agropecuário, Belo Horizonte, v.18,n.188, p.33-38, 1997.

--------------------------------------------------------------------------------

Page 5

Ciênc. e Agrotec.,