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MESA DE DEBATES – FGV-SPTRIBUTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕESFUNDOS SETORIAIS – FISTEL E FUST
Daniela Silveira Lara
26.10.2018
1. Contexto Geral da Privatização dos serviços de Telecomunicações e da LGT
2. Criação e arrecadação Fundos Setoriais de Telecom
3. Fundo de Fiscalização das Telecomunicações – FISTEL
• Arrecadação, destinação, desvios e questionamentos.
4. Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações – FUST
• Arrecadação, destinação, desvios e questionamentos.
5. Objetivo - Ampliação da Conectividade – FUST e FISTEL
Agenda
Constituição de 1988 – Maiores deveres sociais do Estado Democrático de Direito:
Justiça social e solidariedade
Pacto Federativo - Descentralização
Após 1995 – Contexto da Privatização do setor de telecomunicações:
Agravamento da crise financeira das estatais – utilização como instrumento
de política econômica
Crise fiscal
Emenda Constitucional nº 08/1995
Reformulação do papel do Estado na economia:
A CR/88 e a Privatização dos serviços de telecom
Estado produtor Estado
regulamentador
A Lei Geral de Telecomunicações
LGT – Lei nº9.472/1997
Art. 21, XI da CR/88 (EC nº 08/95);
Criou a Agência Reguladora – ANATEL;
Alteração do modelo de exploração do serviço de
telecom: monopolista para competição privada;
Determinação de Criação dos Fundos para
Universalização dos Serviços de Telecomunicações
(FUST) e para o Desenvolvimento Tecnológico das
Telecomunicações (FUNTTEL);
Manutenção do Fundo para Fiscalização do Serviço de
Telecomunicação (FISTEL).
Pilares da LGT
UNIVERSALIZAÇÃO
Serviços essenciais
Regime Público
COMPETIÇÃO
Livre Iniciativa
Regime Privado
Essencialidade do setor x alta carga tributária:Atraso no desenvolvimento econômico e social.
Fonte da imagem: Apresentação Sinditelebrasil – Audiência Pública Câmara dos Deputados – set/2015.https://slideplayer.com.br/slide/7381885/
Carga Tributária do Setor de Telecomunicações
Fonte da imagem: Apresentação Sinditelebrasil – Audiência Pública Câmara dos Deputados – set/2015.https://slideplayer.com.br/slide/7381885/
Carga Tributária do Setor de Telecomunicações
1988 – CF
1997 – LGT Lei nº
9.472 com alteração do FISTEL – Lei nº
5.070/66
2000 -Criação do FUST – Lei nº 9.998
2000 -Criação
do FUNTTEL – Lei nº 10.052
2008 –Criação da CFRP – Lei nº 11.652
2011 -Criação da Condecine-Telecom –
Lei nº 12.485
2016 - PLC 79
Criação dos Fundos e contribuições setoriais
Criado pela Lei nº 5.070/66 e alterado pela LGT;
Finalidade: prover recursos para cobrir despesas para a fiscalização dos serviços de
telecomunicações delegado aos particulares, de interesse público – art. 78 do CTN;
Receitas: Custeado pelas taxas de fiscalização (TFI e TFF); pagamentos pela outorga
de exploração do serviço e de uso de radiofrequência; multas; outras receitas;
Destinação legal:
• Lei nº 5.070/66 – Tesouro Nacional; FUST e aplicações exclusivas para
fiscalização do setor de telecom e custeio da Agência;
• Lei nº 11.437/06 – FNC;
• Lei nº 11.540/07 – FNDCT (CT-Infra);
• Lei nº 11.652/08 – CFRP;
• Lei nº 12.485/11 – Condecine-Telecom – FNC.
FISTEL
As receitas do FISTEL são formadas: 58% por outorgas e 41% de taxas de fiscalização, 1% demultas e receitas financeiras.
Fonte: Anatel e Telebrasil: O desempenho do setor de telecomunicações no Brasil: séries temporais 2018/ Junho 2018. Elaboradoem Parceria com o Teleco.
Arrecadação - FISTEL
Sem DRU até 2016 – EC nº 93/2016;
Gastos com TN: 71% de beneficios previdenciários e assistência social (bolsa familia);
Foco da Anatel: gerenciar os recebimentos das taxas e pagamentos das outorgas.
Fonte: Acórdão TCU nº 749/2017.
Aplicação - FISTEL
Taxas TFI e TFF – 41% da arrecadação do FISTEL;
• Poder de polícia pela fiscalização do serviço de telecomunicação X inexistência
de Fiscalização;
Características das taxas:
• Proporcionalidade com o custo da fiscalização/serviço;
• Retributividade;
• Vinculação integra a norma de competência.
TAXAS DO FISTEL POSSUEM CARACTERÍSTICA DE IMPOSTO EM
RAZÃO DA DESVINCULAÇÃO À FINALIDADE?
Taxas - FISTEL
Acórdãos TCU nºs 2127/2017 e 749/2017 (2320/2015 e 28/2016) - DestinaçãoLegal:
Desde 1997, foi arrecadado o montante de R$ 85,4 bilhões, masapenas 5% do valor aplicado foram destinados às atividadesoriginalmente previstas. O Tesouro Nacional utilizou 81% do total emoutras ações, com destaque para o pagamento de benefíciosprevidenciários e a promoção da assistência social.
EC nº 93/2016 – Desvinculação de 30% das taxas.
Desvios - FISTEL
Acórdão TCU – FISTEL nº 983/2018 – Solicitação do Ministério do Planejamento
para utilização livre do superávit do FISTEL:
Em razão da previsão legal de destinação para outras finalidades, desde
que garantida a operação da Anatel e assegurados os repasses para o
FUST, FNC e FNDCT, há a possibilidade de livre utilização do superávit
financeiro do Fundo pelo Tesouro Nacional.
Decisões Judiciais: previsão legal para outras destinações dos recursos do FISTEL:
Ação Declaratória (Operadoras) nº 14603-44.2013.4.01.3400, JF/DF;
OAB: ACP nº 65319-70.2016.4.01.3400.
Desvios - FISTEL
TCU: necessidade de reavaliação dos Fundos - atual papel arrecadatório;
Plano de Ação Internet das Coisas – dispositivos M2M/taxas (PLS 349/2018);
Projetos de Lei para utilização em outras finalidades:
• PL nº 9.979/2018 – utilização do superávit FISTEL para previdência social;
• PERT: Plano Estrutural de Redes de Telecomunicações - análise junto com o
FUST – possibilidade de maior repasse do FISTEL para o FUST para
investimento em banda larga.
DESNECESSIDADE DO FISTEL? COMO PAGAR O ORÇAMENTO DA
ANATEL SEM O FISTEL?
FIM DAS TAXAS: VALOR DAS OUTORGAS É SUFICIENTE PARA
ORÇAMENTO DA ANATEL.
FISTEL – O que fazer?
Art. 79 e 81 da LGT: Universalização dos serviços essenciais de interesse coletivo.Criado pela Lei nº 9.998/00;
UNIVERSALIZAÇÃO = ISONOMIA
Dever do Estado, via concessão, de prestar o serviço de telecomunicação mínimo,essencial, a toda sociedade, independente da condição social e localização;
Receitas: 51% da CIDE e encargos pagos pelas operadoras nos regimes público eprivado e 49% derivadas do FISTEL;
Destinação legal: projetos em linha com o PGMU, vinculados ao regime público:serviço essencial de interesse coletivo, Direito fundamental à comunicação.
MCTIC propõe políticas públicas e Anatel executa via inclusão na lei orçamentária.
FUST
Apenas 0,002% dos recursos do FUST foram utilizados para Universalização; Maior parte desvinculada por MP: pagamento de dívida pública e benefícios
previdenciários.
Fonte: Acórdão TCU nº 749/2017.
Aplicação - FUST
CIDE – 51% da arrecadação do FUST;
• Finalidade: Cobrir custos de universalização de serviço essencial de telecomque não pode ser custeado pela exploração eficiente do serviço;
Pressupostos de validade da CIDE:
• Necessidade de Intervenção - corrigir a distorção no setor: equalização doscustos para universalizar serviço essencial de interesse coletivo;
• Referibilidade – ao menos indireta;
• Destinação à sua finalidade.
CIDE-FUST CUMPRE OS REQUISITOS? O NÃO CUMPRIMENTO DO
REQUISITO DA DESTINAÇÃO À FINALIDADE PODE LEVÁ-LA À
DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE?
CIDE - FUST
Acórdão TCU nº 2148/2005:
• Lei constitucional: deficiência de formulação de políticas públicas pelo MCTIC;
• Importante mecanismo para inclusão digital - novo serviço no regime público.
Acórdãos TCU nºs 2127/2017 e 749/2017 (28/2016):
• Desvinculação MP - benefícios previdenciários, dívida pública: sem ilegalidade
– está sendo analisado em outro processo no TCU – alerta para
descumprimento do art. 73 da Lei nº 4.320/64 e art. 8º da LRF;
• Necessidade de alteração lei para utilização do FUST e não contingenciamento.
OAB: ADO nº 37/2015 – Decisão Min. Ricardo Lewandowski.
Desvios - FUST
Estudo Telebrasil: O desempenho do setor de telecomunicações no Brasil: séries
temporais 2018/ Junho 2018. Elaborado em Parceria com o Teleco:
“Cumpre relembrar que estas prestadoras, em conjunto, realizaram o maior plano de
investimento da história na expansão, modernização e melhoria da qualidade da
prestação de serviços na economia brasileira: R$ 398,8 bilhões de 1998-2017, dos
quais R$ 271,9 bilhões nos últimos dez anos 2007-2017.
Nos últimos cinco anos (2012,2013, 2014, 2015, 2016 e 2017), superaram o até então
maior investimento já feito por um único setor da economia num ano (2001): R$ 24,5
bilhões, equivalentes a 10,1% da Formação Bruta do Capital Fixo.
Além do plano de investimento na expansão, modernização e melhoria da qualidade
da prestação de serviços de telecomunicações foram aplicados R$ 47,9 bilhões na
aquisição de outorgas para a prestação dos serviços de 1998-2017, além dos R$ 22,4
bilhões arrecadados na privatização”.
Investimentos das principais operadoras de telecom
Avanço tecnológico e obsolência do STFC (entre 2003 e 2017):
• Redução de 38% dos acessos em STFC;
• Aumento de 409% do SMP - 1,3 milhões de acessos em 2013 para 102,3 em 2017;
• Banda larga fixa (SCM) - 1,2 milhões de acessos para 28,7 milhões (mais de 2.000%).
(Fonte: Estudo Telebrasil 1T 2018).
NECESSIDADE DE OFERTA DE INFRAESTRUTURA E CONECTIVIDADE
(BANDA LARGA) PARA O DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA DIGITAL –
ATUAL SERVIÇO ESSENCIAL
Economia Digital - Evolução do serviço essencial
SERVIÇO ESSENCIAL
EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
Metas de universalização do STFC já cumpridas, sem o FUST;
Rigidez legislativa atual para utilização do FUST - STFC;
Problema crônico de desvinculação das receitas do FUST;
o TCU: desvinculação por MP: Processo nº 008.584/2016-8;
Interesse público em maiores investimentos em infraestrutura e em tecnologia: PNBL,
Brasil Inteligente, IoT;
Desnecessidade do FUST pelo exaurimento da finalidade (CIDE inconstitucional)?Ou necessidade de alteração de diretriz legal para flexibilização e utilização dos
recursos em novos serviços essenciais que precisam ser universalizados?
COMO USAR O FUST PARA O DESENVOLVIMENTO DE CONECTIVIDADE
- BANDA LARGA?
FUST – O que fazer?
INTERESSE PÚBLICO NA MASSIFICAÇÃO DA BANDA LARGA:
PLC nº 79/16: alteração regulatória e necessidade de adequação da Lei do FUST;
PERT: Plano Estrutural de Redes de Telecomunicações (FUST) - Anteprojeto de Leiaprovado pela Anatel e encaminhado ao MCTIC:
• Criação de um Comitê Gestor do FUST;
• Alteração da finalidade do FUST: Estimular a expansão do uso e a melhoria daqualidade das redes e dos serviços de telecomunicações;
• Alteração da destinação na Lei do FUST: (i) cobrir custo de serviço de interessecoletivo em qualquer regime; (ii) financiar projetos para ampliar o acesso dapopulação a serviços de telecomunicações e a expandir as redes no país;
• Redução do FISTEL e aumento do FUST para grandes operadoras;
• Posição Sinditelebrasil.
SOLUÇÃO DO PROBLEMA?
FISTEL e FUST – banda larga
Objetivo – Ampliação da Conectividade
Ampliação da Conectividade
Redução da carga
tributária setorial
FUST para banda larga
Fim do contingenci
amento dos fundos
setoriais
Fim das taxas e
Transf. do FISTEL para
o FUST