mÊs de nossa senhora do santÍssimo sacramento.pdf

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    MS DE NOSSA SENHORA DO SANTSSIMO SACRAMENTO

    MEDITAES EXTRADAS DOS ESCRITOS

    do

    BEM-AVENTURADO PEDRO JULIAO EYMARD

    Fundador

    DA CONGREGAO DO SANTSSIMO SACRAMENTO

    pelo

    Revmo. Pe. ALBERTO TESNIRE

    DA MESMA CONGREGAO

    Com um exemplo, uma prtica e uma jaculatria

    para cada dia.

    Traduo do Francs

    por uma adoradora.

    Nihil obstat

    quominu imprimatur.

    So Paulo, 11 de fevereiro de 1946.

    Festa de Nossa Senhora de Lourdes.

    P. ANGELO SCAFATI,

    Censor ad hoc S. S. S.

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    PREFCIO

    "De Maria numquam satis!" Nunca se fala demasiado acerca de Maria, ensinam os doutores e Santos da Igreja.

    Eis uma primeira razo catlica que justifica esta traduo do francs das meditaes

    sobre Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, extradas dos escritos do Apstolo da Eucaristia

    ,o Bem-aventurado Pedro Julio Eymard, fundador da Congregao dos Padres do SSmo.

    Sacramento e das Servas do SSmo. Sacramento.

    uma obra original, como, alis, todos os escritos do Bem. Eymard; um pequeno tratado

    sobre a devoo a Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, destinado, temos certeza, a fazer

    grande bem s almas.

    Baseia-se esta nossa convico no fato doloroso porm real, entre ns, da quase absoluta

    carncia de livros sobre Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, e fato no somente doloroso

    mas tambm prejudicial para a piedade e a vida crist, que se ressentem, em muitas almas, do

    conhecimento das relaes entre Nossa Senhora e Jesus Cristo Sacramentado. Ah!!

    quisramos em poucas palavras fazer ressaltar o mal imenso que representa para a piedade

    crista esta falta de orientao eucarstico-mariana, principalmente para as almas que aspiram a perfeio e as que trabalham no campo da Ao Catlica ou desejam ingressar em suas fileiras.

    A devoo a Nossa Senhora do SSmo. Sacramento necessria, pois que descortina s almas

    novos e encantadores horizontes de piedade e de apostolado, e lhes revela inesgotveis recursos de

    doutrina e de energia para os maiores empreendimentos e sacrifcios. . Descobre-lhes, ainda, novos

    aspectos da santidade de Nossa Senhora. Me da Vida, em suas relaes profundas e teolgicas com o

    Mistrio da Vida, o SSmo. Sacramento, em torno do qual gravitam todos os problemas da graa, da

    Redeno e salvao.

    A devoo a Nossa Senhora do SSmo. Sacramento uma das mais teolgicas e fecundas que se

    pode cultivar para com Maria SSma.; o prolongamento de sua divina Maternidade, Maternidade que

    constitui o fundamento slido e divino de todas as demais devoes que a piedade crist, guiada pelo

    Esprito Santo, lhe consagra. Ainda mais: esta devoo a mais atual de todas e a mais necessria

    para ns que invernos no sendo da SSma. Eucaristia e da Ao Catlica, porquanto, por meio de

    Nossa Senhora do SSmo Sacramento que temos livre acesso a Jesus-Eucaristia, e por Maria, Me e

    Modelo dos adoradores, que recebemos todas as graas que dimanam do Corao Eucarstico de

    Jesus.. E a Virgem adoradora que nos ensina a adorar, amar e servir dignamente a Jesus Cristo

    Sacramentado em seu trono da Adorao perptua.

    "A SSma, Eucaristia Jesus Cristo passado, presentemente e futuro", o centro de todas as graas,

    o Sacrifcio da Cruz que se renova perpetuamente na Santa Missa, verdadeiro Sacrifcio,

    Sacrifcio propriamente dito, como o definiu o Conclio de Trento, aplicao atual e universal

    de todos os merecimentos e satisfaes de Jesus Cristo Crucificado, antdoto contra todas as

    enfermidades espirituais, fermento de imortalidade, como chamado pelos Santos Padres,

    a rvore da Vida, o Man da Nova Lei, o Testamento do amor infinito do Sagrado Corao

    Eucarstico de Jesus o penhor da futura ressurreio.........

    Ora, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento a irradiao de Jesus Cristo Sacramentado, a

    projeo luminosa da vida e das obras de Jesus Cristo Eucaristia, a transparncia de suas

    virtudes e das maravilhas que realiza nas almas. Maria Santssima, no dizer de Santo

    Agostinho, a forma de Deus "forma Dei", um Cristo abreviado, segundo Bossuet, o molde

    de Jesus Cristo nas almas, conforme So Luiz Grignion de Montfort.

    Ora, a SSma. Virgem efetua estas obras divinas nas almas, atravs dos sculos, em virtude

    de sua dependncia de Jesus Cristo Sacramentado, e de seu papel de Medianeira de todas as

    graas, e ainda pelo seu influxo de intercesso junto ao trono de todas as misericrdias do

    Eterno e Sumo Pontfice Jesus Cristo, na SSma. Eucaristia.

    Eis, carssimos leitores, almas piedosas, devotos de Jesus Cristo Sacramentado e de Nossa

    Senhora do SSmo. Sacramento, algumas das muitas razes que nos levaram a empreender

    esta traduo e publicao das belssimas e originais meditaes do Bem. Pedro Julio

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    Eymard sobre a devoo a Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, adaptadas para o ms de

    maio.

    Alimentamos a esperana de que este livro, que poderamos definir um manual de educao e formao eucarstico-mariana h de fazer um bem imenso a todos os que tiverem a boa vontade de l-lo e medit-lo. So estes os nossos votos ao entregar ao pblico

    cristo este mimo do Bem. Eymard para com a sua Me SSma., Nossa Senhora do SSmo.

    Sacramento, a quem se confessara devedor de todo o bem de sua vida.

    Com as bnos de Deus, de Maria Santssima, do Bem-aventurado Eymard e dos nossos

    Superiores, esperamos que os nossos votos no sero frustrados.

    S. Paulo. 13 de abril de 1946

    Pe. Primo Mason. S. S. S.

    PREFCIO

    da Stima Edio Francesa

    Transcrevemos, como prefcio desta nova edio, um artigo publicado na revista "O

    Santssimo Sacramento" em janeiro de 1906; mostrar-nos- ele que poderoso incentivo

    devoo para com Nossa Senhora do Santssimo Sacramento recebeu do Soberano

    Pontfice, e a preciosa sano concedida iniciativa do Bem-aventurado Pedro Julio

    Eymard, de conferir este novo ttulo Santssima Virgem.

    " conhecido de nossos leitores o culto piedoso com que a famlia eucarstica do

    venerando Padre Eymard honra este nome bendito de NOSSA SENHORA DO

    SANTSSIMO SACRAMENTO, que ele conferiu Santssima Virgem para exprimir, numa

    palavra caracterstica, todos os laos que unem Maria a seu Filho Sacramentado, e todos os

    motivos que nos impelem a recorrer-lhe como medianeira necessria entre nossa indigncia e

    a admirvel santidade de seu Filho. Aprovado por um certo nmero de Bispos e enriquecido

    de indulgncia para suas respectivas dioceses, aclamado no Congresso Eucarstico de

    Lourdes, este novo nome de uma coisa muito antiga comeou a se propagar entre as almas

    devotas da Eucaristia, que sentem a necessidade de no separar o Filho de sua Me, tanto no

    culto que lhes prestam como em seus coraes. Faltava porm a este ttulo, a fim de que

    pudesse desferir seu voo alm dos limites diocesanos e se propagar livremente no universo

    catlico, a bno do Pastor da Igreja universal.

    E esta bno ele recebe agora: autntica, como no-lo prova o Rescrito que temos em

    nossas mos e que vamos transcrever; espontaneamente concedida, como nos informa uma

    carta bem noticiosa chegada de Roma.

    Eis o Rescrito, do prprio punho de Sua Santidade Pio X:

    "Cunctis qui coram SSmo. Sacramento publicae adorationi exposito, recitaverint hanc

    jaculatoriam:

    "Domina nostra Sanctissimi Sacramenti, ora pro nobis". Indulgentiam tercentorum dierum

    concedimus".

    Die 30 Mensis Decembris an. 1905. PIUS P. P. X.

    "A todos que diante do Santssimo Sacramento exposto recitarem a orao jaculatria

    seguinte:

    "Nossa Senhora do Santssimo Sacramento rogai por ns, concedemos uma indulgncia de 300 dias".

    30 de Dezembro de 1905, PIO X, PAPA.

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    As circunstncias que acompanharam a redao e a concesso, pelo Santo Padre, desse

    precioso Rescrito, tm alguma coisa de gracioso e de tocante como uma pgina de lenda,

    alguma coisa tambm de espontneo e de decisivo como um motu prprio.

    Um arcebispo do Canad, cuja piedade para com a Eucaristia to grande quanto a sua

    cordialidade, Mons. Gauthier, arcebispo de Kingston, visitando, h pouco tempo, Roma, foi

    solicitado pelo Revmo. Padre Estvenon, Superior geral da Congregao do Santssimo

    Sacramento, cuja residncia, na Igreja de So Cludio, bem conhecida dos peregrinos da

    Cidade Eterna, a pedir ao Soberano Pontfice, em favor dos fiis de sua diocese, uma

    Indulgncia para a recitao desta frmula: NOSSA SENHORA DO SANTSSIMO

    SACRAMENTO, Me o Modelo dos adoradores, rogai por ns. Sua Excelncia, acolhendo

    favoravelmente este desejo, redigiu uma splica para submeter ao Santo Padre numa

    audincia fixada para 30 de dezembro ltimo. No decorrer da audincia, tendo recebido o

    consentimento para fazer a leitura da referida splica, em vo a procura nos seus bolsos e

    manda procur-la, com igual resultado, em seu sobretudo, deixado na antecmara. Grande

    embarao para o bondoso Prelado, que expe ento de viva voz o objeto da splica

    extraviada; e Pio X, sorridente e solicito, com a espontaneidade atenciosa e amvel que lhe

    peculiar, toma da pena e escreve, sem um instante de hesitao, o texto acima transcrito,

    entregando-o a Mons. Gauthier, que se sentiu duplamente sensibilizado: pela graa que

    acabava de receber e pela boa vontade com que lhe era a mesma concedida.

    O mui caro correspondente que nos relatou este acontecimento, acrescenta: "Bem avaliais

    a imensa alegria que esta noticia causou a todos ns. Exultantes de emoo, fomos

    imediatamente nos lanar aos ps da Santssima Virgem (diante da mesma imagem da capela

    de So Mauricio (1) onde nosso venerando Pai aclamou Maria pela primeira vez.

    Nossa Senhora do Santssimo Sacramento), e entoamos o Magnificat, e repetimos com ardor

    a invocao abenoada".

    Nossos leitores partilharo conosco estes sentimentos de ao de graas. Temos, de ora

    avante, na linguagem da Igreja, uma frmula autntica e definitiva do ttulo de Nossa Senhora

    do Santssimo Sacramento que o Padre Eymard exprimiu em francs.

    Vrias vezes havamos desejado traduzi-lo em latim, no somente para apresent-lo

    aprovao de Bispos estrangeiros, mas tendo ainda em vista obter dos Soberanos Pontfices

    indulgncias para a sua recitao. E hesitvamos em fazer a traduo litoral diante da objeo

    de que a palavra "Domina" parecia dar a Maria, sobre o Cristo Eucarstico, uma autoridade

    ou superioridade que ela no possui. A objeo, entretanto, apesar de no ser destituda

    inteiramente de fundamento, no se apresentava irrefutvel. A f, simples e terna, do

    Soberano Pontfice, a generosa e ardente piedade que ele manifesta em todos os seus atos

    pontificais, no o detiveram a discutir as diversas opinies; com sua mo que somente assina

    palavras de verdade e de vida, escreveu com simplicidade: "Domina nostra Sanctissimi

    Sacramenti, ora pro nobis.'" E a traduo literal da invocao inspirada pela f e pelo amor

    de nosso Pai por Maria: "Nossa Senhora do Santssimo Sacramento, rogai por ns!"

    Eis-nos sem receio: rezamos apoiados na verdade, nosso louvor autntico; Maria se

    reconhecer sob este ttulo, e, portanto, h de prestar ouvidos nossa voz quando a Ela nos

    dirigirmos suplicantes chamando-a Nossa Senhora do Santssimo Sacramento. Sim, Ela

    nossa me, nossa mestra e nosso modelo, por conseguinte "Nossa Senhora"; sim, ela a Me

    do Cristo Eucarstico, a dispensadora do Dom eucarstico e de todas as graas que ele

    encerra, e, por conseguinte, Nossa Senhora do Santssimo Sacramento!; e no queremos

    __________

    (1) Casa do primeiro Noviciado da Congregao, na diocese de Versailles, fundada e habitado

    pelo Beato Padre Eymard e extinta em consequncia dos decretos de 1880 contra as Congregaes

    religiosas

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    mais de hoje em diante, nos acercar do Santssimo Sacramento para Lhe render qualquer

    homenagem, seja consagr-lO, receb-lO, ador-lO ou torn-lO conhecido, sem nos

    acolhermos sombra da proteo, dos mritos, das virtudes, do nome de Nossa Senhora do

    Santssimo Sacramento. E nos lembraremos ainda de que as almas queridas que sofrem

    esperam que o repitamos muitas vezes, pois que este nome estende at a sua priso de fogo a

    uno da esperana para lhes dar alivio e os tesouros das indulgncias para libert-las.

    Domina nostra Sanctissimi Sacramenti, ora pro nobis! A. TESNIRE, S. S. S.

    MEDITAES EXTRADAS DOS ESCRITOS DO BEM-AVENTURADO

    PEDRO JULIO EYMARD

    Meditao preparatria

    O ms de Maria o ms das bnos e das graas, porque, como assegura So Bernardo, e

    com ele muitos santos, todas as graas nos vm por Maria. uma festa de trinta e um dias em

    honra da Me de Deus e uma preparao ao belo ms do Santssimo Sacramento.

    I. A profisso especial que fazemos de honrar a Eucaristia no deve diminuir a nossa

    devoo para com a Santssima Virgem. Longe disso! Proferiria uma blasfmia quem

    dissesse; Basta-me o Santssimo Sacramento; no preciso de Maria! Mas, onde encontraremos Jesus na terra seno em seus braos?

    No foi Ela que nos deu a Eucaristia? Foi o seu consentimento Encarnao do Verbo no

    seu seio que iniciou o grande mistrio de reparao para com Deus e de unio conosco que

    Jesus realizou durante sua vida mortal e continua agora no Santssimo Sacramento.

    Sem Maria no poderamos ir a Jesus, porque Ela O possui em seu corao: a encontra

    Ele as suas delcias, e todos que quiserem conhecer as virtudes ntimas de Jesus, seu amor

    recndito e privilegiado, devem procur-los no Corao de Maria; os que amam esta boa Me

    encontram Jesus em seu corao to puro.

    Oh! jamais separemos Jesus de Maria; no poderamos ir a Ele sem passar por Ela. Ouso

    mesmo afirmar que quanto mais amarmos a Eucaristia, tanto maior ser nosso amor para com

    a Santssima Virgem; amamos tudo quanto ama um nosso amigo; ora, existe por ventura uma

    criatura mais amada de Deus, me que tenha sido mais ternamente querida por seu filho do

    que foi Maria por Jesus?

    Oh! sim, Nosso Senhor teria grande pesar se ns, servos de sua Eucaristia, no

    honrssemos deveras a Maria, porque Ela sua Me; Nosso Senhor tudo lhe deve na ordem

    de sua Encarnao e de sua natureza humana; foi pela carne que d'Ela recebeu que Ele tanto

    glorificou a seu Pai, que nos salvou e que continua a alimentar e salvar o mundo no

    Santssimo Sacramento.

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    Nosso Senhor quer que A honremos tanto mais agora quanto em sua vida mortal Ele

    pareceu ter se descuidado de fazer. Sem dvida Ele A honrou em sua vida particular; porm,

    em pblico, deixou-A na sombra; antes de tudo tinha que afirmar e sustentar a sua dignidade

    de Filho de Deus.

    Mas hoje Nosso Senhor quer que de algum modo indenizemos Santssima Virgem de tudo

    quanto Ele no pde fazer exteriormente por Ela; e somos obrigados, no interesse de nossa

    salvao, a honr-l'A como Me de Deus e como nossa prpria Me.

    II. Visto que somos consagrados de uma maneira especial ao servio da Eucaristia, e que

    somos adoradores, nessa qualidade que devemos um culto particular a Maria.

    Religiosos do Santssimo Sacramento, Servas do Santssimo Sacramento. Agregados do

    Santssimo Sacramento, somos, pelo nosso estado, adoradores da Eucaristia; o nosso belo

    ttulo, abenoado por Pio IX. Que quer dizer adoradores? Quer dizer que somos ligados

    Pessoa adorvel de Nosso Senhor vivendo na Eucaristia. Mas, se pertencemos ao Filho,

    tambm pertencemos Me; se adoramos o Filho, devemos honrar a Me, e somos

    obrigados, para entrar plenamente na graa de nossa vocao, e nela permanecer, a prestar um

    culto especial Santssima Virgem como Nossa Senhora do Santssimo Sacramento.

    Esta devoo no est muito espalhada, e este culto ainda no foi explicitamente adotado

    pela Igreja. que o culto de Maria segue o de Jesus; segue-lhe as fases e o desenvolvimento.

    Quando honramos Nosso Senhor na Cruz, oramos a Nossa Senhora das Dores; quando

    meditamos a vida submissa e retirada de Nazar, tomamos por modelo Nossa Senhora da

    vida oculta; a Santssima Virgem acompanha todos os estados de seu Filho.

    Maria ainda no tinha sido saudada com esse belo ttulo de Nossa Senhora do Santssimo

    Sacramento.

    Eis que o culto da Eucaristia se propaga; jamais, como em nossos dias, foi le to grande, to

    universal; espalha-se por toda parte.

    a graa trazida ao mundo pela Imaculada Conceio. Sem dvida, a devoo ao

    Santssimo Sacramento no nova; mas, presentemente, h uma outra manifestao da

    Eucaristia: o Deus oculto sai de seu Tabernculo; por toda parte, dia e noite, faz-se a

    Exposio do Santssimo Sacramento; a Eucaristia vai se tornar uma fonte de salvao para

    este sculo; o culto da Eucaristia ser a sua glria e grandeza. Pois bem; a devoo a Nossa

    Senhora do Santssimo Sacramento crescer com o culto da Eucaristia.

    Ainda no encontrei esta devoo explicada em livro algum; jamais ouvi falar nela, a no

    ser nas revelaes da Madre Maria de Jesus, onde li alguma coisa da Comunho de Maria, e

    nos Atos dos Apstolos, em que vemos Maria no Cenculo.

    III. Que fez a Santssima Virgem no Cenculo? Adorou; foi a Rainha e a Me dos

    adoradores; foi, numa palavra, Nossa Senhora do Santssimo Sacramento. Vossa ocupao

    durante este ms ser honr-lA sob este belo ttulo, meditar o que Ela fazia, e procurar

    compreender como Nosso Senhor aceitava as Suas adoraes; descobrireis a perfeita unio

    desses dois coraes: o de Jesus e o de Maria, perdidos num s amor, em uma nica e mesma

    vida. necessrio que a vossa piedade levante o misterioso vu que esconde a vida adoradora

    de Maria.

    Ficamos admirados de que os Atos dos Apstolos nada nos digam a respeito, e se

    contentem em deixar Maria no Cenculo. Ah! que toda a sua vida a foi unicamente uma

    vida de amor e de adorao.

    Como descrever o amor e a adorao? Como exprimir esse reinado de Deus na alma, e esta

    vida da alma em Deus? No se pode explicar; a linguagem no tem expresses para

    interpretar as delcias do cu, e assim acontece com a vida de Maria no Cenculo.

    So Lucas apenas nos diz que ali Nossa Senhora vivia e orava. Compete meditao e ao

    amor estudar o interior desta vida. Tudo o que nos for possvel avaliar de potncia no amor, e

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    de santidade e perfeio nas virtudes, podemos atribuir a Maria; mas, porque Ela viveu ali de

    unio ao Santssimo Sacramento, durante mais de vinte anos, todas as suas virtudes se

    revestiam do carter eucarstico, alimentadas que foram pela comunho, pela adorao, por

    uma constante unio a Jesus Eucaristia. As virtudes da Santssima Virgem atingiram no

    Cenculo o apogeu de sua perfeio, uma perfeio ilimitada, por assim dizer, e somente

    ultrapassada pela perfeio das virtudes de Jesus Cristo.

    Pedi a Nosso Senhor que vos revele o que se passava no Cenculo entre Ele e sua Me;

    Ele vos dir, certamente, algumas dessas maravilhas; no todas, porque no podereis

    entend-las, porm uma parte, e isso far a vossa felicidade.

    Quanto me sentiria feliz se pudesse compor um ms de Maria adoradora! Para isto

    necessrio rezar e meditar muito; preciso compreender a ao de graas do amor de Maria.

    Eis o que eu desejo ardentemente; mas, para consegui-lo, mister maior preparao. (1)

    IV. Efetivamente, todos os mistrios da vida de Nossa Senhora revivem no Cenculo. Se

    meditardes o nascimento de seu Filho em Belm, completai o Evangelho, e vereis o

    nascimento eucarstico deste mesmo Filho no altar. A fuga para o Egito? No vedes que

    Nosso Senhor ainda est no meio de brbaros e de estranhos em tantas cidades e aldeias nas

    quais se fecham as Igrejas e onde ningum vai visit-lO? E sua vida oculta em Nazar? No

    est Ele ainda mais escondido aqui? Completai pela Eucaristia todos os mistrios e meditai a

    parte que Nossa Senhora tem neles.

    O essencial procurar praticar uma das virtudes da Santssima Virgem; escolhei, de

    preferncia, as mais humildes, as mais pequeninas; j as conheceis; depois, gradualmente,

    chegareis at as suas virtudes interiores, at o seu amor.

    Ademais, oferecei todo dia um sacrifcio; vede o que mais vos h de custar; h sacrifcios

    que podemos prever, como tal pessoa a visitar, certa coisa a fazer. Oferecei, pois, esse

    sacrifcio, que h de contentar a Santssima Virgem e ser mais uma flor acrescentada na

    coroa que Ela deseja oferecer em vosso nome a seu Filho no dia de sua festa, a bela festa do

    Corpo de Deus.

    Se no puderdes prever sacrifcios particulares, conservai-vos pelo menos no propsito

    firme e generoso de aceitar todos os que Deus vos enviar; cuidai em apanhar em pleno voo

    esse pssaro do cu. H mensageiros de Deus que nos trazem graas ocultas em uma coroa de

    espinhos. Deveis receb-los bem. Um sacrifcio pressentido d lugar reflexo, e o raciocnio

    diminui-lhe o valor; ao passo que os sacrifcios imprevistos, feitos generosamente, sem

    exame, so mais meritrios. Deus nos quer surpreender, e nos diz apenas: "Estai preparados!"

    E a alma fiel est disposta para tudo que Deus quiser. O amor gosta de surpresas. No deixeis

    passar tais ocasies. Para isso, bastante ser generoso.

    Oh! quanto bela a alma generosa! Deus por ela glorificado; e referindo-se a esta alma,

    o Senhor repete, com um sentimento de jbilo e admirao, o que dissera de Job: "Viste meu

    servo Job?..." Quem ama no deixa passar esses sacrifcios; est sempre alerta, e ao sentir que

    se aproxima uma cruz, prepara-se para receb-la bem.

    Vamos, honrai a Santssima Virgem por um sacrifcio cotidiano; ide a Jesus por Maria;

    segui-lhe os passos, abrigai-vos sob seu manto; revesti-vos de suas virtudes; sede apenas uma

    sombra de vossa Me; oferecei a Nosso Senhor todas as suas virtudes, seus mritos e aes;

    para isto, nada mais tendes a fazer do que tom-los de Maria e dizer a Jesus: "A vs ofereo

    as riquezas adquiridas por minha boa Me." E Nosso Senhor ficar contente convosco.

    __________

    (1) 0 Bem-aventurado ps mos obra; deixou-nos algumas meditaes sobre a vida adoradora de

    Maria. Penetrou no ntimo da vida de Nossa Senhora e procurou nos revelar os sentimentos de seu

    corao, a intensidade do seu amor. So estas as meditaes que se encontram no presente volume.

    A fim de apresentar diariamente, no ms de maio, uma delas, reunimos todas as instrues do Bem-

    aventurado sobre a SSmn. Virgem, nas quais, sem excepo, ele nos apresenta Maria unida a Jesus

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    Cristo e d'Ele recebendo ou a Ele referindo todas as suas graas e perfeies; e visto que a Eucaristia

    o prprio Jesus Cristo, a Santa Virgem , consequentemente, nestas meditaes, Nossa Senhora do

    SSmo. Sacramento.

    * * *

    O capelo de Nossa Senhora do Santssimo Sacramento

    Sentimos necessidade de um modelo, um patrono, um guia, em nossa devoo a Nossa

    Senhora do Santssimo Sacramento. Escolheremos So Joo Evangelista. Jesus lhe confiou

    sua Me, e So Joo celebrava diariamente a Santa Missa em presena de Maria; era ele que,

    tomando de sobre o altar o Po divino, o depunha nos lbios da Santssima Virgem: "Me, eis

    vosso filho!" Ecce filius Tuus! meu Deus! que palavra e que momento! So Joo foi

    testemunha das adoraes de Maria; foi o confidente de seu amor; e se ele conseguiu falar to

    divinamente da Eucaristia, se entoou esse belo cntico de ao de graas que o seu Evangelho

    encerra, foi porque, alm de o haver recolhido dos prprios lbios de Jesus, escutou a Santa

    Virgem repeti-lo. "O Salvador deu So Joo Maria, diz M. Olier, no somente para que ele

    ficasse em seu lugar de filho, mas ainda para que proporcionasse a sua Me Santssima, pelos

    santos mistrios que celebrava para Ela, e segundo suas intenes, o meio de lhe satisfazer os

    anelos ardentes do corao quanto ao estabelecimento da Igreja; e tambm o meio de se

    consolar da ausncia de seu Filho, que era a felicidade de se nutrir diariamente de seu divino

    Corpo." (Vida de M. Olier, tomo II, 3. parte, p. 207).

    Haveis de nos ensinar, glorioso Capelo do Cenculo, a conhecer os mistrios da vida de

    Nossa Senhora do Santssimo Sacramento; fazei que possamos partilhar as suas disposies,

    todas s vezes, que, a seu exemplo, recebermos ou adorarmos o Deus da Eucaristia.

    PRTICA Cumprir todos os deveres eucarsticos em unio a Nossa Senhora do Santssimo Sacramento.

    JACULATRIA Salve, Maria, de quem nasceu Jesus-Hstia!

    MS DE NOSSA SENHORA DO SANTSSIMO SACRAMENTO

    PRIMEIRO DIA

    Maria Me dos adoradores da Eucaristia

    V). Louvores e graas se deem a todo momento.

    R). Ao Santssimo e Divinssimo Sacramento.

    (300 dias de ind. Plenria ao ms P. et P. O. 110).

    V). Bendita seja a Santa e Imaculada Conceio.

    R). Da Bem-aventurada Virgem Maria. Me de Deus.

    (300 dias de ind. Plenria ao ms P. et P. O. 324).

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    ORAO PREPARATRIA PARA TODOS OS DIAS

    V). Vinde, Esprito Santo, Enchei os coraes de vossos fiis e acendei neles o fogo do

    vosso amor.

    V). Enviai, Senhor, o vosso esprito e tudo ser criado.

    R). E renovareis a face da terra.

    Oremos Deus, que instrustes os coraes de vossos fiis com a luz do Esprito Santo, concedei-nos por esse mesmo Esprito o conhecimento e o amor da justia e fazei com que

    Ele nos encha sempre de suas divinas graas, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.

    R). Amen.

    I. Se nossa vida no estivesse sob o patrocnio de Nossa Senhora, poderia haver dvidas

    quanto nossa perseverana e salvao. Nossa vocao, que de modo especial nos liga ao

    servio do divino Rei dos reis, exige terminantemente que recorramos a Maria. No

    Santssimo Sacramento Jesus Rei, e quer a seu servio servos adestrados e que tenham feito

    o seu tirocnio; antes de algum se apresentar ao rei, aprende a servir. Jesus nos deixou sua

    divina

    Me para ser a Me e o Modelo dos adoradores. Segundo a opinio mais aceita, deixou-A

    vinte e cinco anos na terra para que nos ensinasse a ador-lO perfeitamente. Quo sublime foi

    esta vida de vinte e cinco anos passados na adorao! Quando se considera o amor que Jesus

    dedicava a sua Me, fica-se admirado de que tenha consentido separar-se d'Ela. Acaso no

    atingira o seu termo a santidade de Maria? No tinha sofrido bastante no Calvrio, onde

    padeceu mais do que todas as criaturas? Sem dvida; porm os interesses da Eucaristia

    reclamavam sua presena; Jesus no queria ficar no Santssimo Sacramento sem a companhia

    de sua Me; no desejava que a primeira hora da adorao eucarstica fosse confiada a pobres

    adoradores, incapazes de ador-lO dignamente. Os Apstolos, obrigados a se dedicar

    salvao das almas, no dispunham do tempo necessrio adorao eucarstica; apesar do

    amor que os teria retido aos ps do Tabernculo, a sua misso de apstolos chamava-os a

    outros lugares. Aos cristos, semelhantes a criancinhas ainda no bero, era necessrio uma

    boa me que os educasse e um modelo que pudessem copiar; e foi a Sua Me Santssima que

    Jesus Cristo lhes deixou.

    II. Se bem a considerarmos, a vida de Maria se resume nesta palavra: adorao, porque a

    adorao o servio de Deus em toda a sua perfeio, abrangendo os deveres da criatura para

    com o seu Criador.

    Nossa Senhora foi a primeira adoradora do Verbo Encarnado, pois Ele j estava em seu

    seio e ningum sabia na terra. Oh! como Nosso Senhor foi bem servido no seio de Maria!

    Jamais encontrou Ele um cibrio ou vaso de ouro mais precioso e mais puro do que o seio de

    sua Me. Esta sua adorao lhe era mais agradvel do que a de todos os anjos. O Senhor colocou o seu Tabernculo no sol, diz o Salmista, e este o corao de Maria.

    Em Belm, a primeira a adorar seu divino Filho, reclinado no prespio. Adora-O com o

    perfeito amor de Virgem Me, um amor de dileo, segundo a palavra do Esprito Santo;

    depois d'Ela, adoram-nO So Jos, os pastores e os Magos; foi Maria quem abriu este sulco

    de fogo que se estender pelo mundo.

    Que coisas sublimes, que palavras divinas no diria Ela, vivendo num estado de amor que

    no podemos avaliar nem medir!

    Maria continua a adorar Nosso Senhor em sua vida oculta de Nazar; depois, em sua vida

    pblica, e enfim no Calvrio, onde sua adorao foi o sofrimento. Considerai a natureza da

    adorao da Santssima Virgem; adora Nosso Senhor conforme os seus diversos estados,

    adaptando sua adorao ao estado de Jesus; mais: o estado de Jesus determina o car ter

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    de sua adorao. Maria no permaneceu numa adorao invarivel; adorou o Deus

    aniquilado em seu seio, depois pobre em Belm, trabalhando em Nazar, e mais tarde

    evangelizando e convertendo os pecadores; adorou Jesus nos sofrimentos do Calvrio,

    padecendo com Ele; sua adorao acompanhava todos os sentimentos de seu divino Filho,

    que lhe eram conhecidos e manifestos, e seu amor A fazia entrar em perfeita conformidade de

    pensamentos e de vida com Ele.

    III. A vs, adoradores, tambm se recomenda: Adorai sempre Jesus Eucaristia, mas a

    exemplo da Santssima Virgem, variai as vossas adoraes. Relacionai todos os mistrios

    com a Eucaristia, fazendo-o reviver nela. Sem isto, caireis na rotina. Se o esprito, de vosso

    amor no for alimentado de uma forma, de um pensamento novo. haveis de vos sentir

    lnguidos e ridos na orao. necessrio, pois, celebrar todos os mistrios na Eucaristia,

    como fazia a Santssima Virgem no Cenculo.

    Nos aniversrios dos grandes mistrios que se haviam realizado sob os seus olhos, pensais

    por acaso que Ela no renovava em si as circunstncias, as palavras e as graas desses

    mistrios? Na festa do Natal, por exemplo, julgais que Maria no recordava a seu Filho, ento

    oculto sob os vus eucarsticos, o amor de seu nascimento, seu sorriso, suas adoraes, bem

    como as de So Jos, dos pastores e dos Magos? Procurava, neste como nos demais mistrios,

    regozijar o Corao de Jesus, relembrando-Lhe o seu amor.

    Que fazemos ns com um amigo? Acaso lhe falamos sempre do presente? No, de certo;

    evocamos o passado, fazendo-o reviver. E quando queremos cumprimentar o nosso pai ou a

    nossa me, no lhes recordamos o imenso amor, a dedicao constante e generosa que nos

    prodigalizaram em nossa infncia? Pois bem; da mesma forma, em suas adoraes no

    Cenculo, a Santssima Virgem repetia a Jesus tudo o que Ele havia feito para a glria de seu

    Pai; lembrava-Lhe seus grandes sacrifcios, e assim penetrava na graa da Eucaristia. O

    Santssimo Sacramento o memorial de todos os mistrios e renova-lhes o amor e a graa.

    Deveis imitao de Maria, corresponder a esta graa, reavivando as aes de Nosso

    Senhor, adorando todos os seus estados, e unindo-vos a eles.

    A Santssima Virgem tinha uma atrao to forte pela Eucaristia, que no lhe era possvel

    separar-se do Santssimo Sacramento; vivendo, portanto, n'Ele e por Ele. Passava os dias e as

    noites aos ps de seu divino Filho; porm, sem deixar de se entreter com os Apstolos e os

    fiis que A procuravam; seu ardente amor para com o Deus oculto transluzia ento em seu

    semblante, e comunicava seus ardores a todos que A cercavam.

    Maria, ensinai-nos a vida de adorao! Fazei-nos encontrar, como vs, todos os

    mistrios e todas as graas na Eucaristia; reviver o Evangelho, e ler as suas pginas na vida

    eucarstica de Jesus. Lembrai-vos, Nossa Senhora do Santssimo Sacramento, que sois a

    Me dos adoradores da Eucaristia.

    * * *

    Nossos Modelos

    Entre os santos personagens que ilustraram o sculo XVII, muitos nos mostram como

    podemos unir o culto da Eucaristia devoo para com a Santssima Virgem, fazendo-os se

    auxiliarem mutuamente.

    O venervel Cardeal de Brulle, que mereceu do Papa Urbano VIII o ttulo de Apstolo do

    Verbo Encarnado, e cuja predileo por Maria era mais anglica do que humana, e o Padre de

    Condren, que recebeu, conforme atestam os mais ilustres doutores de seu tempo, luzes

    sublimes sobre os mistrios, tinham o costume de oferecer a Santa Missa, aos sbados, em

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    honra da Santssima Virgem. Mons. Olier, o santo fundador de So Sulpcio e o reformador

    do clero na mesma poca, imitou-lhes esta piedosa prtica; fazia celebrar diariamente trs

    missas, cujos frutos colocava entre as mos da Santa Virgem, a fim de que, oferecendo-os a

    seu Filho, obtivesse para a Igreja tesouros infinitos de graas.

    Houve tambm um piedoso missionrio jesuta, em Qubec, que props a So Joo Eudes,

    fundador da Congregao que tem o seu nome, um projeto de associao de padres, que se

    chamariam os Capeles de Nossa Senhora, e que se deveriam unir para oferecer o Santo

    Sacrifcio segundo as intenes desta augusta Rainha do Cu, a fim, dizia ele, de que o Filho

    de Deus se apresentasse ao seu Pai, no estado de Hstia, pelas mos purssimas d'Aquela de

    quem se servira para descer at ns em se fazendo homem.

    (Vida de M. Olier, t. II, passim,).

    PRTICA Oferecer nossas adoraes a Jesus Sacramento pelas mos de Maria.

    JACULATRIA Bendita sois entre as mulheres, Maria, e bendito o fruto do vosso ventre, Jesus Eucaristia!

    Orao Final

    Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que

    vivestes depois da Ascenso, fostes modelo perfeito de servio Divina Eucaristia: Vs que

    passveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exlio,

    ensinai-nos a avaliar o tesouro que possumos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o

    SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e

    receber em troca as homenagens que Lhe so devidas por tantos ttulos.

    Me cheia de bondade e Modelo admirvel dos adoradores da Eucaristia, j que sois a

    Medianeira das graas do Altssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exerccio, as

    virtudes que, tornando-nos menos indignos do servio de vosso Divino Filho, obter-nos-o a

    vida eterna. Assim seja.

    Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Ns.

    SEGUNDO DIA

    A Imaculada Conceio e a Comunho

    I. A Imaculada Conceio de Maria foi predita desde o paraso terrestre. A Santssima

    Virgem aquela mulher privilegiada que com o seu calcanhar esmagou a cabea da serpente

    infernal. Deus, criando Maria Imaculada, alcanou a maior vitria sobre o demnio,

    restabeleceu o Seu imprio sobre a terra e assumiu, na sua criao, o seu papel de senhor

    absoluto. Foi acima de tudo para a Sua glria que Ele preservou Maria da culpa original,

    porque, em todas as suas obras, Deus considera, em primeiro lugar, os interesses desta mesma

    glria.

    A criatura pela culpa e mancha de seu nascimento no podia ser inteiramente possesso de

    Deus; Satans se apoderava da alma logo ao ser criada. Deus criava e Satans se apossava da

    obra de Deus. A glria de Deus era humilhada em suas criaturas, e quando o Senhor expulsou

    Ado e Eva do paraso terrestre, Satans triunfou de Deus; foi esta a sua vitria.

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    Eis que aparece Maria; Deus A protege e preserva por um privilgio todo particular; Ela

    passa pela concepo natural como todos os homens descendentes de Ado, porm Deus,

    para sua honra, quer conserv-lA pura. Eva, a primeira me, foi manchada; Maria, a

    verdadeira me dos vivos, ser imaculada. Deus A encobre com sua sombra; Ela seu jardim

    fechado, sua fonte selada; somente o Rei h de beber de suas guas. Satans no ousar se

    aproximar de Maria; ela nasce entre os braos do amor de Deus: "Dominus possedit me in

    initio viarum suarum" (Prov. VIII, 22); a verdadeira filha de Deus: Primogenita ante

    omnem creaturam. (Eccli. XXIV, 5.) O Verbo no devia se envergonhar de sua Me. Por

    isso, dotou-A com a plenitude de seus dons, de tal modo que, em Maria, Deus contemplava

    sua honra e sua glria!

    As trs pessoas da Santssima Trindade concorreram para a Imaculada Conceio da

    Virgem, como exigia a glria de Deus. Quando Satans precede a Deus, vencedor; quem

    nasce escravo, por mais que se reabilite, conserva sempre alguma coisa de sua ignomnia. E,

    desta maneira, foi restabelecida a glria de Deus na humanidade; a imagem de Deus foi

    restaurada e reconstituda; o Senhor poder descer e habitar em Maria sem receio; Ela um

    tabernculo mais puro do que o sol, e, por sua pureza o paraso de Deus que, com Ela,

    renovar o mundo. Vede o que nos deu a Imaculada Conceio; em primeiro lugar, Jesus

    Cristo, este belo sol de justia de que a aurora; em seguida, os santos, astros refulgentes do

    firmamento da Igreja, pois que foram todos formados por Maria; tudo nos vem deste paraso

    do Senhor. A Imaculada Conceio o grmen de todas as graas que nos tm sido

    concedidas; semelhante nuvenzinha que o profeta Elias avistou, , em si mesma, apenas um

    ponto, que vai ento se estendendo, se dilatando, e suas divinas influncias atingem a terra

    inteira.

    II. Devemos ns, adoradores, considerar outra coisa ainda no mistrio da Imaculada

    Conceio. Se Deus preserva Maria deste modo, porque deseja habitar nEIa, o quer encontrar um santurio puro e perfeito. O Pai Celeste e o Esprito Santo purificam Maria

    unicamente para fazerem d'Ela o digno tabernculo do Verbo de Deus, um novo cu; a fim de

    receber em si o Verbo Divino era indispensvel que Maria no tivesse mancha. A Imaculada

    Conceio, portanto, a preparao para a Comunho. Oh! com que prazer o Verbo

    contemplava esta morada, cujos adornos eram feitos por Ele mesmo, e qual se precipitou

    em passos de gigante. Exultavit ut gigans. (Ps. XVIII. 6.)

    Seria preciso que para a Santa Comunho Jesus fizesse outro tanto em relao a ns, que

    suspirasse pelo momento em que O fizssemos sair do seu Tabernculo e descesse s nossas

    almas com o mesmo prazer, como fez para com Maria. Assim suceder se formos puros.

    Jesus espera de ns esta preparao de pureza, e isso unicamente o que nos pede. Uma

    grande pureza, para a Comunho, eis o fruto que devemos retirar da Conceio Imaculada de

    Maria; sem a pureza, de nada nos valeriam as demais virtudes. Nosso Senhor sentiria

    repugnncia em descer ao nosso corao, que ser-lhe-ia como uma priso: "Ah! deveria Ele

    dizer ao Sacerdote, seu ministro, onde me levas? a um corao que no me pertence, que est

    ocupado por meu inimigo! Deixa-me, deixa-me, no meu Tabernculo!"

    Maria, emprestai-nos vosso manto de pureza, revesti-nos da candura e do esplendor de

    vossa Imaculada Conceio, pois compete me adornar seu filho para os dias solenes.

    Revestido por vs, Maria, serei bem acolhido por Jesus, que vir a mim com prazer, e,

    vendo-vos em mim, far suas delcias em habitar no meu corao.

    * * *

    Maria pede que se prestem honras ao Santssimo Sacramento

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    Em um mosteiro de Beneditinas, em Florena, no ms de dezembro de 1230, uma gota de

    vinho consagrado, deixada no clice por um venerando Sacerdote, cuja vista estava

    enfraquecida pela idade avanada, foi subitamente, no momento das ablues, transformada

    em vermelho sangue. Trs dias depois, registrava-se um outro milagre: esta gota de vinho

    consagrado transformada em sangue, e que fora guardada com a abluo em uma ampola de

    cristal, tomou o aspecto de carne humana e ficou suspensa dentro desse receptculo, sem

    tocar as superfcies internas do cristal; ao mesmo tempo, o vinho no consagrado, que servira

    s ablues e enchia quase a metade da ampola, tomou uma cor rsea e se evaporou

    instantaneamente, sem deixar vestgio de humildade.

    Foi para esta Santa Espcie miraculosa que, por duas vezes, o cu pediu homenagens. Em

    primeiro lugar, ao prprio Bispo de Florena. Durante o sono, certa vez, uma voz estranha lhe

    murmurou por trs vezes: " Bispo, me recebeste nu, e nu me fizeste voltar!" exprobrando-

    lhe assim a dureza e irreverncia para com a santa relquia de que por um momento tinha sido

    possuidor, e que devolvera ao mosteiro, que a reclamava, sem lhe prestar as devidas honras.

    Em reparao de sua falta, o referido Bispo mandou fazer um magnfico tabernculo de

    marfim, ornado de lminas de ouro e revestido de prpura, para servir de morada ao Corpo do

    Salvador.

    Um outro apelo do cu se fez ouvir, pedindo novas homenagens para o milagroso

    Sacramento. A Santssima Virgem, que, hoje em dia, tal como outrora para com o prespio de

    seu Divino Filho em Belm, vela o seu bero eucarstico, apareceu em sonho a uma jovem do

    mosteiro, em que se dera o milagre, e pediu: "Vai dizer Irm Margarida (sacrist do

    mosteiro e mais tarde Abadessa de Ripoli) que bem perto desta Igreja se encontra sem abrigo

    o objeto sagrado da Omnipotncia de meu Filho". Ildebandesca, como se chamava a moa,

    obedeceu Virgem desempenhando logo de manh a sua misso. Irm Margarida,

    esclarecida pelo cu, compreendeu o misterioso aviso; um rico cibrio foi encomendado a

    artistas de renome e o Bispo veio colocar nele, solenemente, a Santa Espcie milagrosa. (Os

    Milagres histricos do Santssimo Sacramento, pelo Padre Eugnio Couet).

    PRTICA Preparar-se Santa Comunho com grande desvelo e em unio a Maria.

    JACULATRIA O seio purssimo de Maria para Jesus Sacramentado uma habitao mais querida do que todos os Tabernculos de Jacob.

    TERCEIRO DIA

    O dote de Maria Imaculada

    I. No dia da sua Imaculada Conceio. Maria recebeu um dote magnfico, proporcionado

    aos seus deveres sublimes e a sua incomparvel dignidade de Me de Deus; recebeu, nesse

    momento, o tesouro de graas que faria d'Ela a co-redentora do gnero humano, associando-

    A a obra de nossa salvao.

    No duvido que o privilgio da Imaculada Conceio supere todas as graas concedidas a

    Maria, mesmo a graa da sua maternidade divina. , sim, menor que esta quanto dignidade;

    porm, aos olhos de Deus e para Maria, mais importante; o fundamento e a origem de

    todas as dignidades e de todos os privilgios que lhe sero conferidos mais tarde.

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    Valeria pouco ser Me de Deus e ao mesmo tempo pecadora. O que constitui a grandeza

    diante de Deus no a dignidade que Ele confere, porm a santidade e a pureza com que a

    sustentamos. Lanai sobre os ombros de um mendigo um manto de prpura, no deixar de

    ser um mendigo. A Imaculada Conceio, tendo sido a causa da pureza e da santidade de

    Maria, , pois, a mais sublime de suas graas; por isso, desde o momento de sua criao, foi a

    Santssima Virgem mais agradvel a Deus do que todos os seres reunidos, e um s ato de

    amor dessa dbil criatura, ainda oculta no seio materno, mais meritrio e de maior glria para

    Deus do que todo o amor dos santos e dos anjos em conjunto. Os juros so sempre

    proporcionados ao capital; Maria possui um fundo de graas ilimitado, que produz o

    cntuplo.

    II. A Imaculada Conceio o ponto de partida de todas as virtudes de Maria; a sua

    virtude soberana, no sentido de que Ela trabalhou sempre, e fez render o cabedal de graas

    ento recebido. princpio aceito que Maria jamais foi infiel menor inspirao do Esprito

    Santo, e fez frutificar, em toda a sua extenso, as graas que lhe foram concedidas. Nenhum

    santo atingiu esse ponto; fica-se, de ordinrio, muito aqum da correspondncia s graas.

    Por isso, o Anjo A sada "cheia de graa" O Senhor convosco, lhe diz ele, convosco sempre, em toda parte; em vs no se encontra vcuo que no seja preenchido pela graa.

    Ah! Maria foi fiel a todos os seus deveres, fiel a todos os desejos do Senhor! Jamais se

    descuidou da menor parcela do bem a praticar; recebeu sempre os raios da santidade de Deus,

    absorvendo-os inteiramente sem desperdiar nenhum.

    E esta fidelidade a todas as graas f-la progredir continuamente nas virtudes. Maria

    velava sobre o seu tesouro como se o pudesse perder. Grande lio para ns! Quaisquer que

    sejam as graas que recebermos, sejamos atentos em conserv-las! Maria, confirmada em

    graa, no por natureza, mas em consequncia de sua unio com Deus, Ela, de quem jamais

    tentao alguma ousou se aproximar, vela sobre si mesma, trabalhando incessantemente na

    obra de sua santificao; caminha e se eleva sempre. Recolhe-se ao Templo na idade de trs

    anos, para fugir do mundo; treme diante da presena de um anjo, puro esprito, a lhe falar

    exclusivamente de Deus! Contudo, no julga fazer bastante. Mais tarde, sofrer um

    verdadeiro martrio, e sem conforto; vai assim bordando a veste de sua Imaculada Conceio,

    enriquecendo-a e adornando-a das mais belas flores de virtudes. sempre esta graa inicial

    que Ela desenvolve e embeleza por suas virtudes e sacrifcios.

    III. A Imaculada Conceio ainda a medida de seu poder e de sua glria. Somente a

    pureza e a santidade nos tornam poderosos junto de Deus, que opera as grandes coisas por

    meio das almas puras; s atende Ele s vozes inocentes ou purificadas. E a pureza de Maria

    jamais foi empanada pela menor mancha. Qual ser, pois, o seu poder? Diz-se que a me

    omnipotente sobre o corao do filho; mas, quando perde a sua dignidade, no tem mais

    poder.

    Que se poder recusar, porm, se Ela for pura? Salomo disse a sua me, depois que ela fez

    penitncia: "Nada vos posso recusar". Que diremos ento de Maria, visto que todas as graas

    passam por suas mos e que Ela o reservatrio dessas graas? Na ordem da salvao, Jesus

    lhe entregou todos os poderes.

    E a glria de Maria? Sua pureza lhe mereceu tornar-se Me do Rei, e hoje est sentada

    num trono direita do seu Filho; exceto a adorao, recebe todas as honras e homenagens;

    to bela e to gloriosa, que por si s faria a felicidade do paraso!

    IV. Assim, pois, todas as graas, as virtudes, o poder e a glria de Maria derivam de sua

    Imaculada Conceio e formam seu magnfico dote. O Batismo nos purifica, nos tornando

    imaculados, sem mancha; logo que a criana o recebe, se transforma em templo de Deus,

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    num paraso; com que vigilncia devemos conservar essa pureza batismal! E se a tivermos

    perdido podemos nos purificar por meio da Penitncia; necessrio ser puro. No falo

    somente da pureza dos sentidos; mister, alm disso, uma grande pureza em todas as nossas

    aes, em nossa vontade, em todas as nossas intenes: em resumo, a pureza da vida; nisto se

    encerra tudo. Sem a pureza no podemos agradar ao Deus da Eucaristia, que todo pureza;

    somente os coraes puros conseguem v-LO, atravessando os vus que O encobrem.

    Manifesta-se Ele unicamente ao corao puro porque a pureza o amor, a delicadeza da

    amizade que no quer desagradar. Por isso que a finalidade de Nosso Senhor vindo s

    nossas almas, purifcar-nos cada vez mais; purificando-nos, nos santifica; santificando-nos,

    nos une mais intimamente a Ele, e quando estivermos bem puros nos atrair a Si e nos

    coroar no cu.

    * * *

    A Santa Virgem vela sobre as Santas Hstias

    Paterno (Itlia) 1772

    Em 28 de janeiro de 1772, a aldeia de So Pedra de Paterno, situada a cerca de duas milhas

    de Npoles, foi teatro de horrvel sacrilgio: uns ladres roubaram do tabernculo dois

    cibrios contendo uma centena de hstias consagradas, que foram depois encontradas graas

    a uma interveno milagrosa: apareceram luzes nos dois lugares onde haviam sido

    escondidas. A primeira vez, na manh de 26 de fevereiro desse mesmo ano, um Sacerdote de

    Npoles, cavando a terra ao p de um lamo que se tornara resplandecente, teve a consolao

    de recolher quarenta: apesar de um rigoroso inverno e chuvas torrenciais, estavam brancas,

    intactas, em perfeito estado de conservao, tendo apenas as bordas levemente salpicadas de

    lama. Alm disso, a terra que estivera em contacto com o Corpo de Jesus Cristo, e que se

    recolhera absolutamente seca em uma toalha muito limpa, comeou a destilar uma gua

    purssima. Na tarde da quinta feira seguinte as outras hstias foram encontradas da mesma

    maneira milagrosa: como as primeiras, estavam perfeitamente conservadas.

    Apraz-nos citar aqui o testemunho do Cura de Paterno, Matias d'Anna, e que constitui o

    eco de uma tradio corrente no lugar. Durante o tempo decorrido entre o roubo sacrlego e a

    apario das luzes, um arrieiro chamado Francisco Jodice, de 27 anos de idade, ao voltar de

    Npoles tarde, via sempre, no lugar onde as hstias haviam sido enterradas, uma senhora

    que se apoiava numa rvore. Uma tarde, atreveu-se a perguntar-lhe o que fazia to sozinha

    nesse lugar: "Estou aqui, lhe responde Ela, fazendo companhia a meu Filho!" Quando as

    hstias consagradas foram descobertas, todos compreenderam que esta senhora devia ser a

    augusta Virgem Maria.

    O Vigrio Geral de Npoles fez o reconhecimento cannico das santas Espcies, objeto de

    tantas maravilhas, e encerrou-as em dois cilindros de cristal fechados com aros de prata, a fim

    de que pudessem elas ser expostas a venerao dos fiis. (Os Milagres histricos do

    Santssimo Sacramento, pelo Padre Eugnio Couet).

    PRTICA Em todas as comunhes pedir, por intercesso de Maria, a pureza de uma vida perfeita.

    JACULATRIA Cantaremos vossos louvores, Maria, gloriosa cidade do Deus Eucarstico!

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    QUARTO DIA

    A Natividade da Santssima Virgem

    I. Alegremo-nos e saudemos jubilosos o bero de Maria. O nascimento de nossa Me e

    Soberana faz a alegria do Cu, a consolao da terra, e o terror do inferno. Eis que aparece a

    mulher forte, a Me predestinada do Messias.

    O lugar e as circunstncias de seu nascimento so desconhecidos, mas de crer que tenha

    nascido na pobreza, como seu divino Filho, e em Jerusalm. SantAna e So Joaquim eram pobres, e viviam do dzimo do Templo, como pertencentes famlia levtica. Maria porm,

    nasce com a aurola de grandezas que ultrapassam todas as riquezas das filhas deste

    mundo.

    II. Maria possui todas as dignidades humanas; nasce filha, irm e herdeira dos Reis de

    Jud. O Verbo quer que sua Me pertena estirpe real; quer, segundo a carne, ser irmo de

    reis, a fim de mostrar sensivelmente que d'Ele procede toda a realeza; por isso, os prprios

    reis viro ador-lO como a seu Senhor e soberano dominador. Sua Me portanto, rainha.

    verdade que, assim como seu Filho ser um rei sem domnio terrestre, sem riquezas, nem

    exrcitos, Ela tambm ser pobre e desconhecida; tudo isto no constitui a realeza, mas

    somente o seu esplendor; o direito subsiste ainda mesmo quando no reconhecido. Alis,

    dia vir em que a realeza de Maria, bem como a de seu Filho, h de ser proclamada e

    honrada: a Igreja a saudar como sua Rainha, a Rainha do cu e da terra. Salve Regina! O

    anjo anunciara: "Dabit illi sedem David patris ejus". (Luc. I, 32). O Senhor restituir a vosso Filho, Maria, o trono de David seu pai. Mas ser preciso reconquist-lo por meio do

    combate da humildade, da pobreza e do sofrimento.

    III. Maria possui todas as grandezas sobrenaturais. A grandeza sobrenatural o reflexo de

    Deus sobre uma criatura que Ele associa ao seu poder e sua glria. Ora, o que faz Deus por

    Maria? Quis associ-la ao seu grandioso e divino mistrio; o Pai lhe d o nome de filha, o

    Filho A venera como sua Me, e o Esprito Santo A protege como sua Esposa. Maria foi

    chamada a cooperar nas grandes obras da omnipotncia divina, e foi associada ao imprio do

    prprio Deus. Contemplai-A, pois, nesse belo dia do seu nascimento! Vede-A, com So Joo,

    revestida de sol "amicta sole", provinda de Deus e resplandecente dos fulgores divinos; est, por assim dizer, invadida pelos raios da Divindade, semelhante a um cristal purssimo

    penetrado completamente pelo sol. E a lua, sob os seus ps, significa que o seu poder

    inabalvel, que a Virgem Santssima desafia a inconstncia, tendo vencido, para sempre, o

    drago infernal. Sua fronte est cingida por um diadema de doze estrelas que representam as

    graas e virtudes de todos ou eleitos. Maria como que o centro da criao; Jesus colocou em

    suas mos todos os meios da Redeno; e os santos formam a sua coroa, porque todos so

    obras de seu amor e de seu patrocnio.

    IV. Maria nasce com todas as grandezas pessoais. Fora enobrecida com os dons de Deus.

    mas isso no basta; ao nascer, ostenta a riqueza de mritos pessoais; possui tesouros infinitos

    de merecimentos adquiridos durante os nove meses de adorao silenciosa e ininterrupta no

    seio materno, onde, penetrada pela luz divina, se entregou inteiramente a Deus, consagrando-

    Lhe um amor de que no podemos fazer a menor ideia. Nasce, pois, com os tesouros que

    conquistou, e com as riquezas que agenciou. Oh! se tivssemos podido presenciar

    espiritualmente o nascimento de Maria, contemplar este sol no momento em que surgiu no

    oceano do amor de Deus! Em sua inteligncia, a mais pura luz; em seu corao, o mais

    ardente amor; em sua vontade, a mais completa dedicao; jamais criatura alguma teve igual

    nascimento.

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    Assim, no seu pequenino bero, objeto das complacncias da Santssima Trindade e da

    admirao dos anjos! Quem esta criatura privilegiada, perguntam eles entre si, rica de tantas

    virtudes e cumulada de tamanha glria desde o alvorecer da vida? Quae est ista?

    E os demnios estremecem; veem-na adiantar-se para eles, forte como um exrcito em

    ordem de batalha; pressentem a humilhao da derrota de seu chefe, antevendo a guerra

    implacvel que lhes far essa recm-nascida: Sicut acies ordinata...

    O mundo, porm, rejubila. Vemos chegar nossa libertadora; seu nascimento nos anuncia o

    nascimento de nosso Salvador. Oh! sim, alegremo-nos: "Nativitas tua gaudium annuntiavit

    universo mundo." (Sacr. Liturg. in fest.).

    E ns, adoradores, devemos nos regozijar porque Maria nos traz o nosso Po de vida, e,

    desde esse dia, cumpre-nos saud-lA como a aurora da Eucaristia, porque sabemos que

    d'Ela que o Senhor h de tomar a substncia do corpo e do sangue, que nos ser dada em

    alimento no Mistrio de Seu amor.

    ** *

    So Pedro de Verona e os maniqueus

    Um rico e fervoroso catlico do territrio de Milo costumava oferecer hospitalidade a

    So Pedro de Verona em suas viagens apostlicas. Certa noite, Pedro chega exausto de

    fadiga; seu amigo, sempre to respeitoso e solcito, limita-se apenas a lhe abrir a porta. Como

    explicar semelhante transformao?... No correr da palestra, se desvenda o segredo. Um

    herege maniqueu, em visita ao bom hospedeiro, lhe exprobara a hospitalidade que oferecia ao

    "inimigo da verdade", dizendo-lhe ainda: "Vem, e te mostrarei a Santa Virgem, que h de te

    falar melhor". Vencido pela curiosidade, acompanhou o seu interlocutor assembleia dos

    maniqueus. Uma senhora, refulgente de luz, apareceu sobre o altar, com o seu filho

    nos braos: "Meu filho, disse ela, ests vivendo no erro, a verdade est aqui e no com os

    catlicos; a prpria Me de Jesus que assim te fala". Convencido, o infeliz se tornara

    maniqueu.

    "Ide avisar ao homem que vos falou, que eu tambm me tornarei maniqueu se ele me

    mostrar a Santa Virgem", disse Pedro. O hoteleiro se apressou em dar a notcia ao seu novo

    amigo, que o recebeu com alegria. Pedro passou a noite em orao. Pela manh, ao celebrar a

    Santa Missa, encerrou uma hstia consagrada em um pequeno cibrio porttil, que colocou

    respeitosamente sobre o peito. Assim limado, dirigiu-se assembleia dos maniqueus. O

    sectrio que desempenhava o papel de mdium fez aparecer sobre o altar a refulgente

    senhora, que lanou em rosto do visitante sua ignorncia da verdade. Pedro, ento, elevando a

    Hstia santa, exclamou: "Se s verdadeiramente a Me de Deus, adora o teu Filho!" A estas

    palavras, o fantasma se desfez em nuvem de fumaa negra, deixando a sala impregnada de

    um mau cheiro horrvel. O demnio fugira vista do seu Senhor.

    (Os Milagres histricos do Santssimo Sacramento).

    PRTICA Oferecer a Deus pelas Mos do Maria os frutos do Santo Sacrifcio da Missa.

    JACULATRIA Ns vos saudamos, Maria, que nos trazeis, de to longe, o nosso Po de vida, a Divina Hstia!

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    QUINTO DIA

    A apresentao de Maria no templo

    I. Maria no teve infncia, no sentido rigoroso da palavra; no se entregou a folguedos

    pueris, nem conheceu a volubilidade, a inconstncia e ignorncia das crianas. Desde sua

    conceio teve o conhecimento de Deus, e comeou a merecer; todas as suas faculdades se

    elevavam para o seu Deus e n'Ele se fixavam; Deus era sua vida. Somente o seu corpo foi

    submetido debilidade e pequenez da infncia. Logo que pode caminhar sozinha, pediu a

    seus pais que lhe permitissem recolher-se ao Templo: contava apenas trs anos de idade.

    Recebida entre as donzelas consagradas ao Senhor, ali permaneceu doze anos. Nada sabemos

    acerca de sua vida nesse lugar, a no ser que vivia oculta aos olhos dos homens e que

    praticava todas as virtudes. Piedosos escritores e santos Doutores, tais como Cedreno e So

    Joo Damasceno, dizem que Maria procurava, de preferncia, conviver com as crianas que

    sofriam, dispensando-lhes cuidados nas enfermidades e consolando-as em suas pequenas

    tristezas. Quando surgia qualquer desavena, a pequenina Maria era logo chamada pura

    conciliar as partes e restabelecer a paz, que sabia difundir onde se encontrava. A sua vida, de

    grande simplicidade, no chamava a ateno, fazendo-se Ela a serva e a ltima de todas, de

    nada se desgostando, e acorrendo ao encontro dos desejos de suas pequeninas companheiras.

    Os anjos A protegiam estava sempre rodeada pelos espritos celestiais; o demnio no podia

    se aproximar dEla, assim protegida por to fiis guardas; Maria, portanto, era esse jardim fechado que ningum pde abrir a no ser o Esposo dileto.

    II. justamente nessa vida oculta no Templo que Maria deve ser nosso modelo. Deus

    preparava Maria, no segredo, no silncio, e sem que Ela percebesse, para a grandiosa misso

    que deveria desempenhar. Mais tarde, Nosso Senhor h de se preparar tambm para sua

    misso evanglica por trinta anos de silncio em Nazar; e. depois, preparou os seus

    discpulos durante trs anos para a manifestao do mistrio da Eucaristia, revelando-lhes

    somente na vspera de sua morte todo o seu amor.

    O retiro e o silncio so a alma das grandes coisas. Nosso Senhor no permitiu que

    Satans conhecesse que Ele era o Filho de Deus; se o demnio tivesse disto a certeza, jamais

    teria instigado os judeus a darem a morte a Jesus. Satans ignorava, do mesmo modo, que

    esta donzela seria mais tarde a Me de Deus. Enquanto uma obra permanece em segredo,

    desconhecida do mundo, est garantido o seu desenvolvimento; porm, apenas o demnio a

    descobre e a revela ao mundo, este investe contra ela, combatendo-a com todas as foras. Se

    o gro lanado na terra for muitas vezes revolvido no poder germinar; importa deix-lo em

    repouso, enterrado. O mesmo suceder convosco; se quiserdes crescer, escondei-vos e

    permanecei ignorados do mundo; do contrrio, o demnio h de vos suscitar muitas

    contrariedades, e o sopro do amor prprio vos perder.

    III. Nosso Senhor vem nos preparando h muito tempo; desde a infncia nos rodeou de

    graas, a fim de nos introduzir mais tarde no Cenculo de Sua Eucaristia; agradeamos pois,

    muito, a Deus. Apesar de no nos termos dado a Ele em to tenra idade como Maria, estamos,

    contudo, na infncia da vida eucarstica, cuja manifestao apenas se inicia. E Nosso Senhor

    nos escolheu como os primeiros a quem seria concedida esta graa.

    A Santssima Virgem no Templo adorava a Deus em esprito e em verdade: apressava, por

    suas oraes e ardentes desejos, a vinda do Messias Salvador.

    Quanto a ns, O adoramos realmente presente em nossos altares, sem precisarmos clamar

    por Ele, de longe, como Maria. Est conosco, no meio de ns, possumo-1O sempre.

    Imitemos este silncio, este retiro, esta vida oculta na Eucaristia.

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    Hoje em dia s se pensa em galgar posies e gozar imediatamente as suas vantagens;

    ningum sabe esperar: fora-se a planta; esta, ao princpio, produz muito, mas no fim de

    algum tempo se esgota e morre.

    Abraai, portanto, a vida simples e oculta, os empregos modestos de vossa posio;

    alegrai-vos por no serdes conhecidos, escondei debaixo do alqueire a pequenina chama de

    vossa lmpada, pois o menor sopro poderia apag-la.

    Maria se consagra a Deus prontamente, inteiramente, e para sempre. Faz a doao total de

    si mesma: seu esprito, seu corao, sua liberdade; nada se reserva. Oh! entreguemo-nos

    inteiramente a Jesus Sacramentado, que, por sua vez, se d todo a ns! fcil dizer: "Meu

    Deus, consagro-me totalmente a vs" porm difcil realizar plenamente esta resoluo.

    Contemos com a sua graa e o auxilio de nossa Me, e quando se apresentarem as ocasies,

    lembremo-nos de sua perfeita consagrao a Deus; seu exemplo ser o nosso estmulo e a

    nossa fora.

    * * *

    Jamais separemos Jesus de sua Me Santssima

    So Jacinto, da Ordem dos Irmos Pregadores, tendo notcia de que os Trtaros iam atacar

    a cidade de Kiew, onde ele morava, correu Igreja do Convento e retirou o santo Cibrio, a

    fim de subtrair seu divino Mestre impiedade desse brbaros infiis. Ao sair da Igreja,

    levando seu tesouro, uma esttua de Maria, grande e pesada, que se achava perto da porta,

    chama-o por trs vezes. Jacinto, admirado, pergunta Santssima Virgem o que deseja e

    Maria lhe responde: '"Meu querido Jacinto, como queres tu subtrair o Filho aos ultrajes dos

    brbaros e lhes deixas sua Me?" E ante a excusa do Santo alegando no lhe ser possvel

    carregar uma esttua to pesada, a Virgem replicou: "Oh! se me tivesses um pouco de amor,

    seria fcil carregar-me; pede a meu Filho e Ele tornar leve esse fardo." O Santo, sem hesitar,

    toma a imagem e a transporta to facilmente como se fora uma flor.

    E assim, com o Santssimo Sacramento sobre o peito, e a imagem de Maria entre os

    braos, atravessou, sem ser importunado, as linhas inimigas, e se dirigiu para Cracvia, onde

    chegou sem incidente desagradvel. (Rossignoli).

    PRTICA Repetir continuamente: Maria o Jesus! Jesus e Maria!

    JACULATRIA Encontraram o Menino com sua Me e prostrando-se O adoraram.

    SEXTO DIA

    A Anunciao

    (Luc. T. 26 e seg..)

    I. Ao meditarmos as circunstncias do mistrio da Anunciao, descobrimos em Maria as

    mais sublimes qualidades.

    Que glria para Maria ter sido chamada a tomar parte nessa obra da Encarnao do Verbo,

    a mais grandiosa das obras divinas! Que sublimes virtudes nos ensina com seu exemplo!

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    Um arcanjo enviado por Deus: o arcanjo da fora divina, e vem trazer da parte de Deus

    uma mensagem a uma criatura. Foi esta a misso mais importante que a um mensageiro

    celeste coube desempenhar. E esse anjo baixa dos cus cheio de glria, belo como um astro,

    resplandecente dos raios da divindade.

    A quem se dirige ele? Ah! se o mundo tivesse sido informado da partida desse mensageiro

    celeste, sem dvida teria procurado entre os ricos e poderosos do sculo o feliz mortal a quem

    era destinada a grande mensagem, porque o mundo julga de boa mente que a perfeio se

    encontra na grandeza. Mas o Anjo se dirige a uma virgem humilde, desconhecida, de

    quinze anos de idade, legalmente desposada com um modesto operrio, e habitando uma

    casinha pobre, em cidade pouco conhecida e mesmo desprezada. Dirige-se a Maria! Como possvel?! Tanto aparato para uma jovem de condio to modesta?! Sim. O prestgio social desaparece bem depressa, no ? Isto serve de confuso para o orgulhoso esprito

    humano, que d valor somente ao que tem, brilho, e apreo ao ouro e aos diamantes; mas, que

    tudo isso? No dia do juzo final sero estas coisas calcadas aos ps como o lodo da terra,

    servindo de pavimento ao inferno. O Anjo se dirige, pois a uma virgem. Deus no estabelece

    intimidade seno com as almas puras; perdoa o pecador, mas se une to somente s almas

    em que reina uma pureza extrema.

    O Anjo se apressa em saudar Maria, porque, efetivamente, inferior a Ela. Maria, nesse

    momento, soberana, e desde que se tornou objeto dos desgnios divinos, tem nas suas mos

    a sorte do mundo. Quo poderosa , ento, esta humilde virgem!

    Ave, cheia de graa! Maria a nica cheia de graa entre as filhas de Eva. Quanto a ns,

    somos cheios de misrias do pecado original; Maria pura como o sol; Deus plasmou-A de

    uma argila especial, moldando-A com particular esmero.

    O Senhor convosco. Sim, porque Ele habita na pureza de vosso corao como num paraso de delcias, e vossas virtudes so flores que exalam em sua presena os mais suaves

    perfumes. A que hora apareceu o Anjo? O Evangelho no diz; pensam os comentadores que

    foi meia noite, no instante em que termina um dia e comea o outro. Maria a aurora

    mstica que separa as trevas da luz. A chegada do Anjo, estava em orao, suspirando pela

    vinda do Messias, o que se pode presumir, sem receio de errar, baseado em que Deus concede

    geralmente s almas um dom de orao em conformidade com a graa que lhes deseja

    comunicar, preparando-as para isto. Orai tambm vs com Maria, nessa hora solene da

    Encarnao, e, mais tarde, no Nascimento do Filho de Deus feito homem, e adorai em unio

    com Ela o Deus que se encarna por vosso amor.

    Maria se perturba. prprio das virgens, diz Santo Ambrsio, perturbar-se aproximao

    de um homem e recear suas palavras. Maria se perturba tambm com os elogios que lhe so

    dirigidos, se bem que os merecesse; a verdadeira virtude, porm, no se reconhece.

    O Anjo tranquiliza Maria. Eis o caracterstico das vises divinas; a princpio, perturbam;

    depois, infundem a paz. Ao contrrio, as vises diablicas comeam pela paz e acabam pela

    guerra.

    Concebereis um filho a quem chamareis Jesus. Nome celeste, nome divino, que nenhum

    homem podia inventar, mas que devia ser trazido do cu por um Anjo. Este filho ser

    poderoso, e chamado o Anjo do grande Conselho, o Forte, o Admirvel.

    A Santssima Virgem porm dedicava um tal amor virgindade que consagrara a Deus,

    que no acede logo. "Como se cumprir esse mistrio?" pergunta Ela. "Sou virgem, e virgem

    quero permanecer". Que momento! Maria tem, por assim dizer, os cus e a terra suspensos! Deus espera o consentimento dessa humilde donzela! No podia dispens-lo, e

    Maria, nesse instante, mais poderosa que o prprio Deus. Como pode o Senhor submeter-se

    a essa espcie de inferioridade diante de Maria? Ah! porque a tudo mais Ele preferia a

    virgindade de sua Me!

    O Anjo cede, pois, em nome de Deus. Maria triunfa e ouve estas palavras: "A virtude do

    Altssimo vos cobrir com sua sombra, e, vos tornando Me, permanecereis virgem."

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    E Maria responde: Esse ancilla Domini Eis aqui a Serva do Senhor, faa-se em mim segundo a vossa palavra. Oh! palavra profunda, palavra admirvel e cheia de humildade! Quantas coisas se encerra nesse Ecce! Quando a Igreja vos apresenta a sagrada Hstia antes

    da Comunho, vos diz: Ecce agnus Dei; quando So Joo quis mostrar Nosso Senhor a seus

    discpulos, tambm lhe disse: Ecce.

    porque esta palavra encerra o dom completo de si mesmo Eis-me aqui inteiramente

    disposio do Senhor. um ato de f perfeito.

    Maria no diz: "Eis aqui a Me do Senhor, se bem que assim fosse no mesmo instante;

    quanto mais Deus eleva os santos, tanto mais se tornam humildes. Com muita razo pode So

    Bernardo dizer de Maria: Virginitate placuit, humilitate concepit. Tornou-se agradvel ao

    Senhor por sua virgindade, e O concebeu por sua humildade.

    Notai a sobriedade das palavras de Maria; apenas diz o estritamente necessrio; o silncio

    e a modstia so a salvaguarda da pureza.

    O Esprito Santo opera ento em Maria sua obra divina. O consentimento dessa pobre

    donzela transformou a face da terra. Deus reassume o seu domnio: vai recomear suas

    relaes com os homens de um modo mais perfeito e mais duradouro do que no paraso

    terrestre.

    Este mistrio nos enobrece, trazendo Deus terra. no mesmo tempo um mistrio todo

    interior, um mistrio de comunho. Na Santa Comunho, Jesus Eucaristia se encarna em ns

    de uma certa maneira, e a Comunho o fim de sua Encarnaro. Ao comungarmos

    dignamente, entramos no plano divino e o completamos. A Encarnao prepara e anuncia a

    Transubstanciao.

    Maria no recebe o Verbo somente para si; compraz-se em que participemos de sua

    felicidade. Una-mo-nos pois, Virgem quando recebemos Jesus, entoemos seu Magnificat;

    grandes coisas operou nEla o Senhor, nesse mistrio, e vindo a ns tambm realiza grandes coisas.

    Oxal possamos imitar suas virtudes, a fim de que Jesus Cristo encontre em ns, como em

    sua santa Me, uma digna e agradvel morada!

    * * *

    A Santssima Virgem recompensa Santo Andr Corsini por sua devoo para com a

    Santa Eucaristia

    Santo Andr Corsini, j ilustre por suas virtudes e santidade, foi, por insistentes pedidos de

    seu povo, e no obstante as resistncias de sua humildade, elevado s sagradas Ordens.

    Apesar dos desejos de seu pai de que a sua primeira Missa fosse celebrada na Matriz da

    cidade, com toda a pompa possvel, o Santo obteve de seu Superior licena para oferecer seu

    primeiro Sacrifcio em um convento solitrio e perdido no meio do bosque, onde pde ento

    se abismar no amor da Hstia Santa que imolava. A atitude corajosa do Santo foi to

    agradvel a Maria que, lhe aparecendo logo depois da Comunho, lhe disse: "s meu servo,

    eu te escolhi e me glorificarei em ti, Andr."

    Esta boa Me nos manifesta, por esta graa, o prazer que lhe causam o nosso respeito e

    amor para com seu divino Filho presente no Santssimo Sacramento. (Bolland. 5 fevereiro).

    PRTICA Evitar toda palavra, movimento brusco e dissipao na presena do Santssimo Sacramento.

    JACULATRIA O fruto de meu seio. Jesus-Hstia, mais precioso do que todo o ouro e prata do mundo. Et fructus meus pretiosior auro et argento. (Eccles.)

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    STIMO DIA

    A primeira adoradora do Verbo Encarnado (1)

    Eis aqui o meu modelo, minha Me: Maria, a primeira adoradora do Verbo Encarnado, em

    seu prprio seio! Oh! quo perfeita em si mesma e quo bem aceita por Deus e rica de graas

    deve ter sido essa primeira adorao da Virgem Me!

    Meditemos essa perfeita adorao de Maria no primeiro instante da Encarnao.

    1. Foi uma adorao de humildade, de aniquilamento ante a soberana majestade do Verbo pela escolha que fez de sua pobre serva, impelido por um excesso de bondade e de amor para

    com Ela e para com a humanidade. Tal deve ser o primeiro ato, o primeiro sentimento de

    minha adorao, ao comungar. Foi este o sentimento de Isabel ao receber a visita da Me de

    Deus, levando-lhe o Salvador, ainda oculto no seio. Unde hoc mihi? Donde me vem esta honra que eu to pouco mereo?" Foi tambm esta a palavra do centurio, em cuja casa se

    dispunha Jesus a entrar: "Senhor, eu no sou digno!"

    2. O segundo ato de adorao de Maria foi, naturalmente, de gratido jubilosa pela inefvel e infinita bondade de Deus para com os homens; um ato de humilde reconhecimento

    por ter escolhido sua indigna mas feliz serva para uma graa to insigne. O reconhecimento

    da Santssima Virgem se exprime em atos de amor, de louvor e de aes de graas; Ela exalta

    a bondade divina, pois a gratido abrange tudo isto. a expanso da alma para com a pessoa

    do benfeitor; expanso magnnima e amorosa: a gratido o corao do amor.

    3. O terceiro ato da adorao da Virgem Santssima deve ter sido um ato de homenagem: a oferta, o dom de si mesma, de toda a sua vida ao servio de Deus: Ecce ancilla Domini; um

    ato de pesar por se reconhecer to pequena e to pobre, no podendo servi-lO dignamente.

    Maria se oferece para servi-lO como Ele quiser, disposta a todos os sacrifcios que Ele se

    dignar pedir-lhe, julgando-se ditosa de poder agradar a Deus por tal preo, e de assim

    corresponder ao amor que Ele patenteou aos homens na Encarnao.

    4. O ltimo ato da adorao de Maria foi indubitavelmente um ato de compaixo pelos pobres pecadores, por cuja salvao o Verbo se encarnara. Soube interessar a divina

    misericrdia em favor deles, oferecer-se para reparar e fazer penitncia em lugar deles, a fim

    de lhes alcanar o perdo e a volta para Deus. Procurou obter que lhes fosse concedida

    a graa de conhecer seu Criador e Salvador, de am-lO e servi-lO, tributando assim

    Santssima Trindade a honra e a glria que lhe so devidas por toda a criatura, mas

    especialmente pelo homem, terno objeto das misericrdias e do amor de Deus, to grande

    e to bom! Oh! eu desejaria adorar a Nosso Senhor como O adorava essa boa Me, pois que,

    na Santa Comunho, eu O possuo do mesmo modo que Ela!

    Oh! meu Deus, fao-vos um pedido importante e grandioso: dai-me a Santssima Virgem

    adoradora por minha verdadeira Me; fazei-me participar de sua graa, desse estado de

    adorao contnua em que se manteve durante todo o tempo em que vos trouxe em

    seu purssimo seio, este cu de virtudes e de amor.

    Sinto, meu Deus, que seria esta uma das maiores graas de minha vida; quero, doravante,

    fazer todas as minhas adoraes em unio com esta Me dos adoradores, a Rainha do

    Cenculo.

    __________ (1) Esta meditao foi publicada, em parte, na segunda srie dos escritos do Bem-aventurado Pedro

    Julio Eymard. aqui, porm, o seu lugar competente; por isto a reproduzimos, completando-a.

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    A casula da Maria

    So Bonnet, bispo de Clermont, devoto servo de Jesus e Maria, se recolhera, na vspera da

    Assuno, Igreja de So Miguel, a fim de passar a noite era orao e se preparar melhor

    para a grande festa de sua querida Soberana. Enquanto se expandia em suspiros e ardentes

    desejos, chegaram-lhe do cu aos ouvidos acordes de uma doce melodia; o templo se ilumina

    de repente, e suas abbadas ressoam como nos dias solenes em que regurgita de fiis.

    Admirado e como que fora de si, v o santo a Virgem Me, cercada de uma multido de anjos

    e de virgens, dirigir-se em procisso para o altar. As virgens e os anjos cantavam louvores

    sua Rainha e ao seu divino Filho. Ento os anjos perguntaram quem celebraria os santos

    Mistrios, e Maria lhes responde: Ser meu servo Bonnet, que reza em segredo nesta Igreja. Os Anjos vo chamar o santo, que amedrontado se escondera num recanto da Igreja. Revestem-no de magnficos ornamentos e lhe servem de aclitos na celebrao da Santa

    Missa, a que assiste Maria.

    Terminado o Santo Sacrifcio, a Santssima Virgem abenoa o seu devoto servo, e, como

    lembrana de sua visita cheia de amor, deixa-lhe a bela casula que trouxera do cu. Este belo

    ornamento milagroso estava guardado em Clermont, antes da Revoluo. Jamais se pode

    saber de que material era feito, to fino e to delicado era, alm de macio e to habilmente

    bordado que somente os dedos de um anjo, ou antes, da Rainha dos anjos, poderiam t-lo

    feito.

    (Bolland, 15 de janeiro).

    PRTICA Fazer, com a maior fidelidade, a ao de graas da Comunho em unio a Maria.

    JACULATRIA Maria, recebi vosso querido Filho; no O deixarei afastar-se de mim.

    OITAVO DIA

    Grandeza da maternidade de Maria

    Maria, Me de Jesus, Filho de Deus! Maria de qua natus est Jesus, eis o sublime elogio

    que o Evangelho faz da Santssima Virgem. O Esprito Santo no louva os seus dons nem as

    suas virtudes; contenta-se em apontar o princpio divino, a lei de convenincia desses dons e

    virtudes, isto , a maternidade divina. Maria recebeu todas as graas e todas as honras porque

    devia ser Me de Deus, e esse ttulo diz tudo de Maria, narra-lhe todas as grandezas.

    I. Veio Ela reerguer o gnero humano, restituindo me a coroa de glria e de nobreza

    que Eva perdera pelo pecado. Satans destronara nossa primeira me, Maria a reabilita.

    Representada pelas nobres figuras da antiga lei, Judite, Ester, Dbora, Maria se apresenta

    como Rainha e libertadora. Por esta razo, o Anjo A sada com profundo respeito, sem

    se atrever a pronunciar seu nome: Ave gratia plena. Notai a diferena entre a linguagem do

    anjo verdadeira me dos viventes, e a do serafim decado nossa infeliz Eva.

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    Maria habitao de Deus: traz consigo o Salvador do mundo, o foco do amor, Aquele

    que vem trazer a paz aos homens, enquanto Caim, o primognito de Eva, um pecador, um

    fratricida.

    Maria recebe as homenagens dos pastores e dos reis dos pobres e dos ricos; sua qualidade

    de Me do Messias a constitui soberana do universo e o prprio Filho de Deus A reconhece

    como sua verdadeira Me, tributando-lhe todos os deveres de um bom filho; e nos d, assim,

    o exemplo perfeito da observncia deste mandamento: "Honrar pai e me".

    II. Eva, por culpa prpria, perdeu a liberdade e o poder, sub potestate viri eris; "Ficars,

    diz-lhe o Senhor, sob o domnio do homem"; e desde ento a mulher se tornou escrava ou

    tutelada do homem.

    Eis, porm a mulher forte, a me por excelncia! A me deve ter direito sobre seu filho,

    seja ele rei, ou seja, Deus, e por isso Maria manda em Jesus. E Aquele diante de quem as

    potestades celestes tremem, obedece a Maria. Somente Ela O governa, Lhe fala em pblico,

    reivindica seus direitos de me: Fili, quid fecisti nobis sic? (Luc. II, 48.) Compreendeis agora

    o poder de Maria? Foi Ela que, em Can, desligou a omnipotncia de Jesus e Lhe deu, de

    algum modo, o gozo da maioridade. Coroa de soberania , portanto, o segundo privilgio da

    maternidade divina.

    III. Esta graa ainda confere a Maria uma coroa de glria. Eva, por sua ambio, perdeu

    toda a glria; foi expulsa vergonhosamente do paraso e condenada a conceber na dor e na

    ignomnia.

    Maria Santssima concebe o Salvador na alegria, sem conhecer as dores da maternidade.

    Ao passar em seu bendito seio, o Salvador deixa nele os vestgios de sua glria, e Maria se

    torna ento Rainha, por ter dado ao mundo Jesus Rei.

    Rainha dos Anjos e Rainha da Igreja ver os soberanos depositarem a seus ps os seus

    imprios, os povos lhe confiarem a prpria salvao, e em todo o lugar em que se oferecer

    um trono a Jesus, ter, igualmente, o seu. O altar de Maria estar sempre ao lado do de Jesus!

    Eis a honra, o poder e a glria da maternidade divina: Maria venerada, poderosa e

    gloriosa em Jesus e por Jesus; sua divina Me!

    ***

    O Conclio de feso

    Houve um Bispo de Constantinopla, chamado Nestorius, que ousou dizer que a Santssima

    Virgem no era Me de Deus.

    a Me de Cristo, dizia ele, isto , de um homem a quem o Filho de Deus se uniu. E atreveu-se a pregar este seu erro do alto do plpito, aos fiis de Constantinopla; mas o povo

    protestou indignado, exclamando que Jesus Cristo era Deus e no um homem

    simplesmente, e que a Santssima Virgem sendo sua verdadeira me, era, portanto, Me de

    Deus. O caso foi submetido ao Papa, chefe dos Bispos e juiz infalvel nas questes de f.

    So Celestino I, o Papa reinante, convocou ento na cidade de feso, na sia Menor, um

    grande Conclio geral de todos os Bispos, a fim de condenar a heresia de Nestorius.

    No ano de 431, iniciou-se o Conclio, com grande solenidade. Desde manh cedo o povo

    cercava a Igreja de Santa Maria, onde se deviam reunir os membros do Conclio. Os fiis

    pediam em altas vozes que fosse vingada a honra da Santssima Virgem. Nestorius, intimado

    trs vezes a comparecer diante do Conclio, no se apresentou. A casa em que ele se refugiara

    estava guardada por uma tropa de soldados que um certo conde, chamado Canddio,

    embaixador do Imperador, pusera sua disposio.

    Finalmente, tarde, as portas da Igreja se abriram e So Cirilo, patriarca de Alexandria,

    legado do Santo Padre, proclamou o decreto do Conclio que declarava ser a Santa Virgem

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    verdadeiramente Me de Deus, e que Nestorius, culpado de blasfmia por ter afirmado o

    contrrio, estava destitudo de seu mnus pastoral, deixando assim de ser Bispo e Patriarca

    de Constantinopla.

    No mesmo momento toda a cidade de feso vibrou em cnticos de jbilo; por toda a parte

    se ouvia clamar: "Viva Maria, Me de Deus!" Ao sarem da Igreja, os Bispos foram levados

    s suas residncias em triunfo, ao claro de mil tochas. O ar se embalsamara com os perfumes

    que as senhoras, em honra dos Padres do Conclio, queimavam em caoulas. A cidade foi

    iluminada de modo extraordinrio, e a alegria dos filhos de Deus se estendeu em breve por

    todo o universo.

    Nestorius ainda tentou resistir ao Papa e ao Conclio, porm o imperador, informado da

    verdade, o abandonou e condenou ao exlio; e o infeliz nunca se submeteu ao dogma e

    autoridade da Igreja. Viveu ainda oito anos, com o rancor no corao e a blasfmia sobre os

    lbios, morrendo miseravelmente, o corpo todo estragado e a lngua, que blasfemara contra

    a Santssima Virgem, dizendo e repetindo: Seja antema quem disser que Maria Me de Deus, foi devorada pelos vermes antes que ele exalasse o ltimo suspiro. (Mgr. de Sgur).

    PRTICA Receber frequentemente o Deus da Eucaristia como remdio concupiscncia e salvaguarda da pureza.

    ASPIRAO Salve, Maria, paraso espiritual de Deus, onde floresceu o lrio perfumoso e imaculado. Jesus Eucaristia.

    NONO DIA

    A Vida Interior de Maria

    I. Maria, ornada de todos os dons, enriquecida com todas as virtudes, perfeita em todas as

    suas graas, aparece no entanto ao mundo sob um exterior vulgar. Seus atos nada tm de

    extraordinrio; suas virtudes parecem comuns; sua vida transcorre no silncio, na

    obscuridade, e o prprio Evangelho no a menciona. porque Maria deve ser o modelo da

    vida oculta em Deus com Jesus Cristo que ns devemos honrar e retraar fielmente em nossa

    conduta, pois desejo vos mostrar como a lei da santidade que Deus segue em nossas almas a

    mesma que seguiu em Maria.

    Ora, a Igreja canta de Maria: "Toda a glria da filha do rei est no seu interior." Tal o

    carter da santidade de Nossa Senhora: nada de exterior nem de ostensivo; tudo para Deus e

    somente d'Ele conhecido. E, entretanto foi Ela a mais santa e a mais perfeita das criaturas, e

    amada por Deus acima de todas, deve ter recebido de sua bondade as graas mais abundantes

    e inestimveis, e os mais excelentes dons. O Pai Eterno lhe concedeu todas as virtudes de

    me; o Filho, todas as graas da Redeno; o Esprito Santo, todas as graas do amor.

    Contudo, Maria levou uma vida comum, oculta e desconhecida. Que concluir disto seno que

    este estado de vida retirada e interior o mais perfeito? A vida exterior, mesmo quando

    dedicada a Deus menos perfeita. Foi por isso tambm que Nosso Senhor se ocultou mais do

    que se manifestou, e os santos todos so formados por esse molde, porquanto, para ser amigo

    de Deus preciso ser pulverizado e reduzido a nada, preciso aniquilar-se como Jesus e

    Maria.

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    II. Donde, concluindo, vos digo: Quereis ser santos? Tornai-vos interiores. Sois a isto obrigados por vossa vocao adoradora; como pretendeis orar sem este esprito interior? Se

    no podeis passar um instante sem livro na presena de Nosso Senhor, se nada Lhe sabeis

    dizer de vosso corao, que vindes fazer aos seus ps? Que tristeza, nunca falar por si

    mesmo e andar sempre pedindo emprestado pensamentos e palavras dos outros!

    Oh! trabalhai para vos tornardes interiores. No possvel, de certo, ser tanto quanto Jesus

    e Maria, porm cada qual poder conseguir o grau que lhe proporcionam sua graa e sua

    virtude. Sem isto jamais recebereis consolaes nem incentivo, e vos sentireis infelizes na

    adorao.

    Para ser adorador necessrio ser interior, saber conversar no genuflexrio, consultar

    Nosso Senhor e esperar sua resposta; preciso, em resumo, gozar de Deus. Devemos nos

    sentir felizes em sua companhia, felizes em seu servio; precisamos gozar de sua intimidade

    to suave e to animadora! Mas, para atingir o Corao e o amor de Jesus, mister que a

    alma seja interior. E o que isto, afinal? amar bastante, de modo a poder conversar e viver

    com Jesus; porm no se faz Ele ouvir pelos nossos ouvidos naturais, nem se deixa ver pelos

    nossos olhos do corpo; fala somente alma recolhida. Jesus no Santssimo Sacramento todo

    interior; no penetra mais os coraes com o seu olhar como durante sua vida mortal,

    vai diretamente alma para lhe falar em segredo. Quando vossa alma no se expande em sua

    presena porque Ele no atua sobre ela; existe algum obstculo entre ela e Jesus.

    Ah! que no deixe de ser verdadeira a palavra de Nosso Senhor. Disse Ele que seu jugo

    suave e o seu fardo leve; mas isto somente para quem vive de orao e de vida interior; do

    contrrio, tornar-se- pesado e enfadonho. Quando no somos interiores, tudo se ressente em

    nossa vida. Oh! como eu desejaria que se cumprisse em vs esta sentena to perfeitamente

    realizada na Santssima Virgem: "O reino de Deus est dentro de vs", reino de virtudes, de

    amor e de graas interiores, pelo qual comeareis a ser adoradores e santos!

    A erva dos campos morre todos os anos porque no tem razes profundas, mas o carvalho,

    a oliveira e o cedro no morrem, porque as suas razes penetram o seio da terra. Para

    perseverar, para ser forte, mister descer at o fundo de si mesmo, cavar at atingir o prprio

    nada;