memorial do processo de institucionalização do serviço social

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0 SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO SERVIÇO SOCIAL – BACHARELADO ABADIA SILVANIA FERREIRA MEMORIAL DO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL

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TRABALHO ACADEMICO

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Page 1: Memorial Do Processo de Institucionalização Do Serviço Social

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADOSERVIÇO SOCIAL – BACHARELADO

ABADIA SILVANIA FERREIRA

MEMORIAL DO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL

ITAPURANGA

Page 2: Memorial Do Processo de Institucionalização Do Serviço Social

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2014 ABADIA SILVANIA FERREIRA

MEMORIAL DO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL

Trabalho apresentado ao Curso de Serviço Social da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, 8ª Semestre como requisito parcial para aquisição de conceito as disciplinas: Gestão Social, Serviço Social, Terceiro Setor e Oficina de Formação, Pesquisa Social e TCC.

Professores: Maria Ângela Santini, Paulo Sergio Aragão, Rodrigo Eduardo Zambon.

ITAPURANGA

Page 3: Memorial Do Processo de Institucionalização Do Serviço Social

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2014SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................03

MEMORIAL DO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL...04

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................08

REFERÊNCIAS..........................................................................................................09

Page 4: Memorial Do Processo de Institucionalização Do Serviço Social

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INTRODUÇÃO

O presente memorial tem como princípio refletir sobre a origem

histórica da profissão, e os avanços, bem como a institucionalização do Serviço

Social no mundo e no Brasil, tendo como referência, os conhecimentos adquiridos

durante os quatro anos de graduação em Serviço Social, refletindo sobre a origem

histórica do mesmo, observando quais habilidades profissionais são exigidas na

prática do assistente social nos diversos campos ocupacionais.

Todavia, no mesmo será abordado o que é o serviço social, como

surgiu, e a quem serve que forças ocorreram no seu surgimento e qual a sua função

na contemporaneidade (dias atuais).

Portanto as políticas de Assistência Social, bem como a profissão de

Serviço Social, foram institucionalizadas a partir do reconhecimento do Estado, em

conformidade com as necessidades de reconhecimento dos direitos humanos e

trabalhistas do indivíduo em sociedade, no âmbito nacional, este surgiu em face à

ascensão do sistema capitalista, em meio à contradição existente entre os

detentoras do capital e a classe trabalhadora.

Toda essa demanda da assistência social e evolução da categoria

podem ser justificadas na emergência da questão social, a partir dos embates do

acirramento da classe trabalhadora com a elite capitalista em sua relação capital

trabalho que constituíram a atuação e reformulação da assistência social e dos

profissionais da categoria desde o rompimento com uma prática que tinha em como

base um cunho caridoso de assistência ao patamar de planejamento e execução de

políticas públicas.

Assim sendo, o serviço social ao longo de sua existência vem junto à

sociedade cumprindo seu papel em suas proposições, no Brasil e no mundo,

contribuindo para a manutenção no campo dos direitos, no universo da família, do

trabalho e do não trabalho, da saúde, da educação, dos idosos, da criança e

adolescente, de grupos étnicos que enfrentam a investida avassaladora do

preconceito, da expropriação da terra, das questões ambientais resultantes da

socialização do setor produtivo, da discriminação a indivíduos homossexuais.

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MEMORIAL DO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL

O Serviço Social é uma profissão interventiva que busca diminuir as

disparidades sociais, o assistente social deve atuar, através de pesquisas e análises

de realidade social, na formulação, execução e avaliação de serviços, programas e

políticas sociais que buscam a preservação, defesa e ampliação dos direitos

humanos e a justiça social.

O trabalho do assistente social tem como objetivo principal garantir o

direitos e assistência para a população desamparada, fazendo isso por meio de

políticas sociais, de forma organizada e planejada, lutando contra os problemas das

injustiças que podem afetar os desamparados socialmente.

Todavia, pode-se afirma que o serviço social é uma profissão de

curso superior cujo objeto de intervenção é as expressões multifacetadas da

questão social.

O mesmo é uma profissão de caráter sócio-político, crítico e

interventivo, que se utiliza de instrumental científico multidisciplinar das Ciências

Humanas e Sociais para análise e intervenção nas diversas refrações da “questão

social”, isto é, no conjunto de desigualdades que se originam do antagonismo entre

a socialização da produção e a apropriação privada dos frutos do trabalho.

A profissão de assistente social surgiu no final do século XIX em

1898, na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos. Com a ascensão da sociedade

burguesa com o aparecimento de classes sociais, a burguesia necessitava de um

profissional que cuidasse da área social assistindo a classe proletária.

Sendo assim, a classe dominante exercia certo controle sobre os

proletários, e no momento, não existia uma metodologia ou teoria acerca da

profissão ou o que era a mesma.

Segundo NETTO, o surgimento do Serviço Social como profissão,

está vinculado à emergência da questão social, ou seja, o conjunto de problemas

políticos, sociais e econômicos que reclamados pela classe operária no curso da

consolidação do capitalismo; portanto a mesma está atrelada aos conflitos da

relação capital/trabalho.

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Segundo o autor, sem esse entendimento histórico-social,

contextualizado, a gênese do Serviço Social, enquanto profissão pode ser

falsamente identificada como resultado do status “sócio-ocupacional das condutas

filantrópicas e assistencialistas que convencionalmente se consideram as suas

plataformas” (Netto, 1992, p.14).

A profissão serviço social surgiu no Brasil advindo de uma

necessidade que foi apresentada a partir do término do período escravista que teve

como uma de suas primordiais consequências o surgimento das questões sociais no

país. Assim, o conceito que então percorria era de que havia uma grande urgência

da entrada do país na era do desenvolvimento industrial, sendo necessário repensar

a sociedade a fim de que a mesma se adequasse à nova ordem social, econômica e

política do país.

Portanto, a decorrência mais imediata deste processo foi a

exploração abusiva da classe operária, que começou a se organizar com a

finalidade de reivindicar por melhores salários e condições de trabalho, tornando-se

uma ameaça para o modelo capitalista que então emergia.

Diante disto às elites e o governo deram como resposta às questões

sociais um tratamento como casos de polícia. Dadas as acentuadas contradições

sociais do regime capitalista em tela, as oligarquias industriais e os representantes

oficiais das frentes de atuação pública, de forma a reduzir essas contradições sem

causar nenhuma alteração ou superação dos modelos de produções, daí então

passaram a responder as questões sociais com a implementação de políticas

sociais, buscando nesta manobra política resguardar a sua legitimidade.

Portanto, o serviço social serve para estudar e melhorar a vida de

pessoas, grupos sociais, o objetivo é mudar as condições em que as pessoas vivem

para que possam ter uma vida mais digna e usar totalmente a capacidade de cada

um para a melhoria da sociedade como um todo.

Assim, o serviço social atua principalmente junto às populações

pobres e carentes, desenvolvendo campanhas de educação, esclarecimento,

cuidados pessoais e principalmente a saúde, seja ela clínica ou de caráter sócio-

econômico.

Todavia, se resgatar-mos o histórico do serviço social, poderemos

ver que após o golpe militar da década de 1964, o espaço de atuação profissional do

assistente social limitou-se à execução das políticas sociais em expansão dos

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programas de desenvolvimento da comunidade, atuando na eliminação da

resistência cultural que representasse obstáculos ao crescimento econômico e na

integração aos programas de desenvolvimento do Estado.

Assim, a proposta de um estudo amplo e aprofundado pelos

profissionais de serviço social define conceitos aceitos e valores de base e a busca

pela delimitação de uma prática eficiente para nortear a ação profissional.

Portanto os assistentes sociais, envolvidos na intensa busca da

discussão interna envolta pela identificação de um novo perfil profissional, de uma

identidade com as classes trabalhadoras, iniciam um processo de renovação frente

aos paradigmas apresentados pelo serviço social tradicional e conservador.

Paralelamente ao processo de renovação do serviço social no Brasil,

fundamentados pelos seminários de Araxá, Teresopólis, Sumaré e Alto da Boa

Vista, depara-se com o movimento de reconceituação iniciado nos países da

América Latina, influenciados por manifestações européias e americanas, nos anos

de 1960, por meio dos questionamentos sociais, políticos e econômicos do serviço

social, de forma globalizada, além das questões ideológicas, teóricas e

metodológicas, assim como o direcionamento social da prática e o seu modo de

operacionalização.

Todavia, o serviço social, como profissão, situa-se na reprodução

das relações sociais, fundamentalmente como uma atividade auxiliar e subsidiária

no exercício do controle social e difusão da ideologia da classe dominante entre a

classe trabalhadora, isto é, na criação de bases políticas para o exercício do poder

de classe.

Assim sendo, na trajetória de sua institucionalização, passa a

questionar o suporte teórico-operativo, chamado de método tradicional,

acompanhando o movimento social do continente latino contra o imperialismo norte-

americano.

O Serviço Social na contemporaneidade se deu através crescimento

da pressão na demanda por serviços, cada vez maior, por parte da população

usuária mediante aumento de sua pauperização, esta se choca com a já crônica - e

agora - falta de verbas e recursos das instituições prestadoras de serviços sociais

públicos, em consequência, amplia-se cada vez mais, a seletividade dos

atendimentos, fazendo com que a proclamada universalização dos direitos sociais

se torne letra morta.

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IAMAMOTO ressalta que o assistente social, por estar inserido na

ponta final da prestação dos serviços, vê-se institucionalmente, cada vez mais

compelido a exercer a função de um juiz rigoroso da pobreza, técnica e

burocraticamente conduzida, como uma aparente alternativa á cultura do arbítrio e

do favor.

Todavia, não deve ser necessariamente levados ao imobilismo, a

descrença, á desilusão profissional. Há que superar essa posição fatalista, como

também aquelas visões idealizadas, pois nessa perspectiva, a realidade torna-se o

obstáculo vista como o que impossibilita o trabalho.

Portanto, IAMAMOTO ressalta mais uma vez que esse não é o único

encaminhamento possível para a prática profissional. Para a autora, nessa mesma

sociedade, com o perfil supra assinalado, existem outras forças sociopolíticas

presentes, as quais podem nos unir, como profissionais e cidadãos, forças essas

que vêm lutando pela defesa dos direitos sociais conquistados e sua ampliação, pela

crescente participação dos usuários e das organizações da sociedade civil na gestão

dos serviços públicos.

IAMAMOTO (2011) destaca que; “Pensar o Serviço Social na

contemporaneidade requer os olhos abertos para o mundo contemporâneo para

decifrá-lo e participar da sua recriação [...]”.

Por fim o serviço social na atualidade, implica na tensão entre a

reprodução da desigualdade que gera exclusão, desemprego, e outro que causa a

rebeldia e resistência. Entre estes dois movimentos, ele faz pressão sobre o Estado,

juntamente com a população, através de fóruns populares, passeatas,

manifestações diversas, para que se criem situações que possam contribuir na

superação destas dificuldades.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os avanços e tropeços emblemáticos oriundos da relação capital

trabalho atuantes no sistema capitalista do Brasil ao longo das quatro décadas

desencadearam um processo peculiar do reconhecimento da questão social por

parte do Estado e o aumento crescente da demanda da assistência social.

Assim, diante da política de imposições autoritárias do regime

ditatorial as classes trabalhadoras foram desconsideradas com isso culminando

numa maior demanda do serviço social que então passou a ter uma notoriedade

maior e, fazendo-se cada vez mais necessário ao enfrentamento das causas sociais,

bem como a sua qualificação e dos profissionais engajados neste processo de

batalha pela inserção da profissão no cenário social, juntamente com todo o aparato

social corrente.

Todavia, a sua transmutação ao longo dos acontecimentos e a

perspectiva da política pública da assistência social vêm se justificar a abdicação ao

conservadorismo e a sua total adequação à realidade social vigente, o que culminou

no movimento de reconceituação da categoria, a inserção do serviço social no

circuito universitário e sua total notoriedade, quando este pós década de oitenta já

se encontra amadurecido teórico politicamente.

Portanto, diante do exposto pode-se concluir que o serviço social é

uma profissão de curso superior cujo objeto de intervenção são as expressões da

sociais, e seu surgimento está na emergência da questão social do conjunto das

expressões da desigualdade social, econômica e cultural, ou seja, problemas da

sociedade capitalista madura, do antagonismo entre o Capital e o Trabalho.

Assim sendo, Serviço Social nasce para atender aos interesses do

capital, com o desenvolver do capitalismo, surge cada vez mais às desigualdades

sociais, sendo estas cada vez mais gritantes, e para amenizar estes conflitos, e

agindo sobre as expressões da questão social, surge a profissão, que assume um

posicionamento político, portanto, os profissionais de assistência social servem a

toda população que se encontra em estado de vulnerabilidade social.

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Contudo, para que a profissão se legitimasse teve que passar pelo

processo de renovação e de reconceituação, ambos, muito significativos para que o

serviço social pudesse se legitimar como profissão.

REFERÊNCIAS

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