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A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA ESTRATÉGIA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO Autoria: Marcos Junio Ferreira de Jesus, Luiz Tatto RESUMO O objetivo do presente ensaio é circunscrever um constructo visando alargar a compreensão de como ocorre a institucionalização da estratégia no campo dos estudos organizacionais. Procura identificar e classificar os elementos que constituem o processo de institucionalização da estratégia na perspectiva institucional. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa exploratória com base no estudo bibliográfico da produção científica pertinente ao assunto, representada por seus principais autores: Berger; Luckmann, (2005); Dimaggio; Powell, (2005); Machado-da-Silva, Fonseca; Crubellate, (2005); Machado-da-Silva; Vasconcellos, (2005); Machado-da-Silva; Gonçalves, (1998); Meyer; Rowan, (1977); Mintzberg; Ahlstrand; Lampel, (2000); Powell, (2003); Tatto, (2005); Tolbert; Zucker, (1998). Os resultados evidenciam que os mecanismos que servem de base para a institucionalização da estratégia a partir das vertentes da teoria institucional, são calcados no caráter legitimado das regras institucionais, dos mitos e das crenças que moldam a realidade social e o processo pelo qual, organizações tendem a tornar-se impregnadas de valor e significado social. Portanto, sugere- se o desenvolvimento de novos estudos, visto que ainda há uma lacuna na literatura existente sobre esses fatores. Palavras-Chave: institucionalização da estratégia; processo de institucionalização; teoria institucional; fatores facilitadores e restritivos. 1 INTRODUÇÃO Os estudos em estratégia no Brasil apresentam-se centrados mais nos aspectos econômicos e de natureza prescritiva, baseando-se em uma abordagem essencialmente instrumental economicista. Apesar disso, nota-se, um crescente interesse em explorar outras direções. Decisões de natureza não-econômica construídas a partir da estratégia, são percebidas influenciando os resultados e configurações das empresas para além dos objetivos econômicos. Nesta perspectiva a teoria institucional vista como um processo de institucionalização reflete a busca de conformidade das organizações às normas socialmente criadas e legitimadas, enquanto tentam adequar suas estruturas e práticas às demandas ambientais, tentando obter legitimidade institucional e, consequentemente, aumentar suas chances de sobrevivência (AMARAL FILHO; MACHADO-DA-SILVA, 2006). Diante de tais perspectivas, o objetivo do presente ensaio é circunscrever um constructo visando alargar a compreensão de como ocorre a institucionalização da estratégia no campo dos estudos organizacionais, procurando identificar e classificar os elementos, os fatores facilitadores e restritivos que constituem o processo de institucionalização. Portanto, no sentido de facilitar o esforço investigativo, elaborou-se um esquema de análise para proporcionar maior clareza ao estudo. No esquema desenvolvido, o conjunto das setas indica que o estudo parte de uma revisão bibliográfica referente a duas categorias de análise: os pressupostos da institucionalização, e outra da teoria institucional no intuito de se aproximar à identificação dos fatores facilitadores e restritivos da institucionalização da estratégia. Com base no suporte teórico reunido derivou-se para a busca de uma congruência de entendimento entre esses termos, conforme (Figura 1) a seguir.

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A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA ESTRATÉGIA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO

Autoria: Marcos Junio Ferreira de Jesus, Luiz Tatto

RESUMO O objetivo do presente ensaio é circunscrever um constructo visando alargar a compreensão de como ocorre a institucionalização da estratégia no campo dos estudos organizacionais. Procura identificar e classificar os elementos que constituem o processo de institucionalização da estratégia na perspectiva institucional. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa exploratória com base no estudo bibliográfico da produção científica pertinente ao assunto, representada por seus principais autores: Berger; Luckmann, (2005); Dimaggio; Powell, (2005); Machado-da-Silva, Fonseca; Crubellate, (2005); Machado-da-Silva; Vasconcellos, (2005); Machado-da-Silva; Gonçalves, (1998); Meyer; Rowan, (1977); Mintzberg; Ahlstrand; Lampel, (2000); Powell, (2003); Tatto, (2005); Tolbert; Zucker, (1998). Os resultados evidenciam que os mecanismos que servem de base para a institucionalização da estratégia a partir das vertentes da teoria institucional, são calcados no caráter legitimado das regras institucionais, dos mitos e das crenças que moldam a realidade social e o processo pelo qual, organizações tendem a tornar-se impregnadas de valor e significado social. Portanto, sugere-se o desenvolvimento de novos estudos, visto que ainda há uma lacuna na literatura existente sobre esses fatores. Palavras-Chave: institucionalização da estratégia; processo de institucionalização; teoria institucional; fatores facilitadores e restritivos.

1 INTRODUÇÃO

Os estudos em estratégia no Brasil apresentam-se centrados mais nos aspectos econômicos e de natureza prescritiva, baseando-se em uma abordagem essencialmente instrumental economicista. Apesar disso, nota-se, um crescente interesse em explorar outras direções. Decisões de natureza não-econômica construídas a partir da estratégia, são percebidas influenciando os resultados e configurações das empresas para além dos objetivos econômicos. Nesta perspectiva a teoria institucional vista como um processo de institucionalização reflete a busca de conformidade das organizações às normas socialmente criadas e legitimadas, enquanto tentam adequar suas estruturas e práticas às demandas ambientais, tentando obter legitimidade institucional e, consequentemente, aumentar suas chances de sobrevivência (AMARAL FILHO; MACHADO-DA-SILVA, 2006).

Diante de tais perspectivas, o objetivo do presente ensaio é circunscrever um constructo visando alargar a compreensão de como ocorre a institucionalização da estratégia no campo dos estudos organizacionais, procurando identificar e classificar os elementos, os fatores facilitadores e restritivos que constituem o processo de institucionalização. Portanto, no sentido de facilitar o esforço investigativo, elaborou-se um esquema de análise para proporcionar maior clareza ao estudo. No esquema desenvolvido, o conjunto das setas indica que o estudo parte de uma revisão bibliográfica referente a duas categorias de análise: os pressupostos da institucionalização, e outra da teoria institucional no intuito de se aproximar à identificação dos fatores facilitadores e restritivos da institucionalização da estratégia. Com base no suporte teórico reunido derivou-se para a busca de uma congruência de entendimento entre esses termos, conforme (Figura 1) a seguir.

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Figura 1 – Roteiro de análise

2 METODOLOGIA Visando alargar a compreensão de como ocorre a institucionalização da estratégia no

campo dos estudos organizacionais, procurando identificar e classificar os elementos que constituem o processo de institucionalização da estratégia através da perspectiva institucional de análise como forma de identificar, clarificar, classificar e entender os fatores facilitadores e restritivos da institucionalização, procurou-se realizar uma pesquisa exploratória a partir da identificação, seleção e estudo do trabalhos existentes da produção científica pertinente ao assunto.

Como técnica, a pesquisa bibliográfica compreende a leitura, seleção, fichamento e arquivo dos tópicos de interesse para a pesquisa em pauta, com vistas a conhecer as contribuições científicas que se efetuaram sobre determinado assunto (FERRARI, 1982). Como assinala Richardson (1999) a revisão teórica ou pesquisa bibliográfica permite saber o que tem sido feito em relação ao fenômeno em estudo. O estudo exploratório da bibliografia pertinente ao objeto em estudo constitui-se na análise dos trabalhos realizados pelo pesquisador e na interpretação do fenômeno, historicamente ou apenas na fase atual, analisando criticamente as diversas concepções e perspectivas apresentadas, mediante referência a tudo que se tem escrito sobre o fenômeno. Essa análise deve levar em consideração proposições, leis, princípios, entre outros que compõem uma teoria.

3 PRESSUPOSTOS PARA A INSTITUCIONALIZAÇÃO

Estudos recentes sobre a questão da institucionalização para a explicação de processos de conformação da realidade social e organizacional vêm buscando superar as dicotomias tradicionais existentes entre organizações e instituições (MACHADO-DA-SILVA, FONSECA; CRUBELLATE, 2005). No entanto, muitas das abordagens dominantes da teoria organizacional supõem que as organizações têm propósitos claros e progridem na direção de formas mais eficientes e adaptativas. A abordagem institucional questionando essas suposições interroga como e de onde surgem as noções de racionalidade, buscando tratar do surgimento das organizações modernas e das leis e práticas que as governam como objetos de estudo (POWELL, 2003). A institucionalização ou “processo pelo qual um dado conjunto de unidades e um padrão de atividades vêm a ser normativa e cognitivamente mantidos, e praticamente considerados leis” (MEYER; BOLI; THOMAS, 1987, p.13) torna-se um objeto de questionamento (POWELL, 2003).

Apresentando-se como um conjunto de influências que exercem sobre as características das organizações e sobre a mudança organizacional, a institucionalização,

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passou a ser tipificada como uma abordagem simbólico-interpretativa da construção social da realidade organizacional (BERGER; LUCKMANN, 2005). Portanto, busca explicar os fenômenos organizacionais através do entendimento do como e do porquê estruturas e processos organizacionais tornam-se legitimados e suas conseqüências nos resultados alcançados (DIMAGGIO; POWELL, 2005).

Segundo Tatto (2005, p.35), a palavra instituição tende a ser tratada como normas de conduta e como algo semelhante a estrutura, tanto no contexto das ciências sociais puras como aplicadas. Enquanto norma de conduta, o termo instituição refere-se ao processo de internalização de regras e normas de ação, sempre de natureza duradoura. Portanto, são desenvolvidas, socialmente aceitas e legitimadas através do tempo. Porém, “dentro da literatura especializada pode significar desde conceitos relacionados ao verbo instituir que diz respeito a termos como criar, constituir ou estabelecer, até referindo-se a outras aplicações, como por exemplo, um componente ou fenômeno, produto da ação social”. Geertz (1973, p.17) a esse respeito nos indica que “acessamos sistemas simbólicos somente por meio do fluxo do comportamento – ou, mais precisamente, da ação social”. Neste sentido, a institucionalização leva obrigatoriamente, a uma definição de papéis, cujo desempenho assegura o intercâmbio e o funcionamento das normas. Gera padrões de comportamento institucional, definidos como legítimos numa dada situação social e que regulam o acesso a diferentes posições. Apóia-se em normas sociais sustentadas pelo consenso e pelas sanções contra sua violação. Assim, a institucionalização social apresenta-se como um processo constante que não só resulta da formação de novas instituições, mas ocorre potencialmente dentro de instituições existentes que se transformam em outras, ou ampliam sua área de vigência e validade. Esse processo só é desacelerado pelos próprios limites de variabilidade dos diversos sistemas e subsistemas sociais e pelas peculiaridades da cultura. Isso torna o comportamento social previsível, definindo tudo o que pode ser objeto de expectativa e considerado legítimo no desempenho de papéis sociais específicos (TATTO, 2005). Neste contexto, pode-se apontar que o processo de institucionalização se encontra em todas as sociedades, mas comporta vários graus nos diversos sistemas e subsistemas da vida social dentro da mesma sociedade. Pois, as organizações se transformam em instituições na medida em que são constituídas de valor, isto é, quando deixam de representar apenas simples instrumentos e passam a ser identificadas como fontes de referência de gratificação pessoal e integridade de um determinado grupo social (TATTO, 2005, p.37-38).

Tendo como base o conceito desenvolvido por Berger e Luckmann (1991), para instituição, resultado ou estágio final de um processo de institucionalização, como uma tipificação de ações tornadas habituais por tipos específicos de atores, pode-se apontar que esse conceito implica reconhecer e aceitar que os significados atribuídos à ação tornada habitual se generalizem, isto é, independentes de indivíduos específicos que desempenham a ação.

A habitualização, em um contexto organizacional, envolve a geração de novos arranjos estruturais em resposta a problemas ou conjuntos de problemas organizacionais específicos, como também a formalização de tais arranjos em políticas e procedimentos de uma dada organização, ou conjunto de organizações que encontrem problemas iguais ou semelhantes. Esses processos derivam em estruturas que podem ser classificadas como um estágio de pré-institucionalização (TOLBERT; ZUCKER, 1998). Assim como a ação de objetificação constitui-se em fator de institucionalização e representa um dos componentes-chave do processo de institucionalização. Neste sentido, Zucker (1977) procurou demonstrar que o aumento do grau de objetificação e exterioridade de uma ação também aumentaria o grau de institucionalização – indicado pela conformidade dos indivíduos ao comportamento de outros – e que, quando a institucionalização é alta, a transmissão da ação, a manutenção desta ação ao longo do tempo, e sua resistência à mudança também são altas.

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Nelson e Winter (1982) em seus estudos identificaram um processo semelhante em curso na criação de tarefas rotineiras dentro de organizações. Para os autores, quanto mais institucionalizadas as rotinas, mais prontamente elas são transmitidas aos novos empregados (colaboradores). Desse modo, a transmissão é casual e, conseqüentemente, relacionada à institucionalização. A objetificação envolveria, portanto, o desenvolvimento de certo grau de consenso social entre os decisores da organização a respeito do valor da estrutura, e a crescente adoção pelas organizações com base nesse consenso. Estruturas que se objetificaram e foram amplamente disseminadas podem ser descritas, segundo Tolbert e Zucker (1998), como estando no estágio de semi-institucionalização.

Para Tolbert e Zucker (1998), à medida que a teorização se desenvolve e se explicita, deve diminuir a variação na forma que as estruturas tomam em diferentes organizações. Apesar de tais estruturas geralmente terem uma taxa de sobrevivência mais longa comparadas àquelas no estágio pré-institucional, é certo que nem todas perduram indefinidamente. Nesse sentido Abrahamson (1991) aponta que, o destino geralmente, as investe de uma qualidade de moda ou mania. Isso parece ocorrer porque estruturas no estágio de semi-institucionalização têm, via de regra, uma história relativamente curta. Assim, apesar de terem adquirido certo grau de aceitação normativa, os adotantes não obstante, estarão conscientes de sua qualidade relativamente não testada e, conscientemente, monitorarão a acumulação de evidências – de sua própria organização, bem como de outras – a respeito da eficácia das estruturas.

Um outro componente-chave ou fator no processo de institucionalização indicado por Tolber e Zucker (1998) é a sedimentação. Ela apóia-se na perspectiva da continuidade histórica da estrutura e, especialmente, em sua sobrevivência pelas várias gerações de membros da organização. Caracteriza-se tanto pela propagação, virtualmente completa de suas estruturas por todo o grupo de atores teorizados como adotantes adequados, quanto pela perpetuação de estruturas por um período consideravelmente longo de tempo. Desse modo, a sedimentação implica uma bidimensionalidade (‘largura’ e ‘profundidade’) das estruturas. Ela materializa um estágio de institucionalização total, em que está relacionada com a perpetuação da estrutura por longo período, passando por diversas gerações de seus gestores (TOLBERT; ZUCKER, 1998). O conjunto de processos seqüenciais – habitualização, objetificação e sedimentação – sugere variabilidade nos níveis de institucionalização, implicando desse modo, que alguns padrões de comportamento social estão mais sujeitos do que outros à avaliação crítica, modificação e mesmo eliminação (ver Figura 2). Tais padrões de referência comportamental podem variar em relação ao grau em que estão profundamente imbricados no sistema social (mais objetivo, mais exterior) e, desse modo variar em termos de sua estabilidade e de seu poder de determinar comportamentos (TOLBERT; ZUCKER, 1998). Em relação aos três processos que no seu conjunto explicariam a institucionalização Machado-da-Silva e Gonçalves (1998) interpretam que estes processos corresponderiam à transposição dos momentos apresentados por Berger e Luckmann (2005) do nível individual para o organizacional, e que estariam divididos em três estágios: “pré, semi e completo”. Sugerem uma seqüência evolutiva, conduzindo indicações de “pré-testar, estar parcialmente e estar totalmente institucionalizado”, uma vez que, na verdade, os estágios poderiam ocorrer simultaneamente.

No esquema desenvolvido (Figura 2), o conjunto das setas, indica que no processo de institucionalização a passagem de um estágio para outro seria ideal, se os atores do campo organizacional considerassem a inovação como positiva aos interesses organizacionais (MACHADO-DA-SILVA; GONÇALVES, 1998; TOLBERT; ZUCKER, 1998). Todavia, a abordagem institucional, pelo que se conhece é, tipificada como “uma abordagem simbólico-interpretativa da realidade organizacional, apresentando uma posição epistemológica predominantemente subjetivista, em que é salientada a construção da realidade organizacional” (FACHIN; MENDONÇA, 2003, p.29). Isto implica, nos termos de Berger e

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Luckmann (2005), que se trata, de uma das formas possíveis, entre outras, de se interpretar (e construir) a realidade que nos cerca. O que inclui evidentemente, o ambiente organizacional. Estes autores se posicionam em uma corrente de teóricos institucionalistas que tomam a realidade como certa (taken for granted). Tratam as instituições basicamente como resultado de processos de interação e de interpretação da realidade (PRATES, 2000). A partir de um determinado grau de habitualização dos indivíduos com determinado contexto social, este lhes parece algo objetificado, como uma espécie de “coisa” que existe independente de sua vontade. Este estágio precede a sedimentação nesta perspectiva, ocasião em que já se pode falar em institucionalização, pois um mundo institucional “é experimentado como realidade objetiva” (BERGER; LUCKMANN, 2005, p.86), conforme Figura 2.

Figura 2 – Processos Inerentes à Institucionalização Fonte: Tolbert e Zucker (1998, p.207).

Dando continuidade a compreensão a partir da referência dada (Figura 2), pode-se

destacar também que esta realidade objetivada é uma construção humana, possuída de elevada complexidade porque envolve um ambiente caracterizado pela “elaboração e difusão de regras e procedimentos, que proporcionam às organizações legitimidade e suporte contextual” (FONSECA, 2003, p.55). Mesmo que a indicação de Prates (2000, p.91), não apresente clareza conceitual no que diz respeito ao que definitivamente são instituições, o termo aponta para a “idéia de valores e normas sociais estáveis que impõem restrições as alternativas de ação ou estabelecem ‘scripts’ e rotinas comportamentais adequadas a contextos específicos de ação social”. Sob esta abordagem, o contexto institucional não é só um ambiente para o intercâmbio de recursos materiais, mas também – talvez, principalmente – “fonte e destino de recursos simbólicos (reconhecimento social e legitimação)” (CARVALHO; GOULART; VIEIRA, 2004, p.9).

Recorrendo a interpretação de Machado-da-Silva e Gonçalves (1998) os estudos de Tolbert e Zucker (1998) contribuem para que a teoria institucional sobre os estudos organizacionais, aumentem a compreensão do processo de construção dos arranjos estruturais em organizações. A análise efetuada baseia-se na evidência de que predominam na teoria institucional pesquisas de natureza restritiva, tratando as instituições como dadas pelo ambiente, e a institucionalização como um estado qualitativo, isto é, dado arranjo estrutural está ou não institucionalizado na organização.

Legislação

Forças do Mercado Mudança Tecnológica

Inovação

Habitualização Objetificação Sedimentação

Teorização

Monitoramento interorganizacional Impactos positivos

Defesa de Grupo

de Interesse

Resistência de Grupo

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A teoria institucional assume que fatores de natureza mais ampla configuram as ações de indivíduos, grupos e organizações em um determinado contexto, de acordo com uma lógica sugerida pelas instituições dominantes naquele campo (MACHADO-DA-SILVA; GONÇALVES, 1998; FONSECA, 2003). Nesta interpretação, como apontam Tolbert e Zucker (1998, p.196), “a institucionalização aparece tanto como processo quanto como variável-atributo”. Isto significa dizer, como sustentam Berger e Luckmann (2005, p.80), que se trata simultaneamente de uma construção socialmente partilhada pelos membros deste contexto e de um adjetivo para os fenômenos considerados legítimos naquele ambiente, pois “dizer que um segmento da atividade humana foi institucionalizado já é dizer que este segmento da atividade humana foi submetido ao controle social”. A institucionalização, assim, relaciona-se “à continuidade histórica das tipificações e, em particular, à transmissão das tipificações aos novos membros que, não tendo conhecimento das suas origens, estão aptos a tratá-las como ‘dados sociais’” (TOLBERT; ZUCKER, 1998, p.205). A institucionalização, nesta perspectiva, é um processo que se desenrola historicamente, sendo sustentado pela legitimidade de seus elementos constituintes (CARRIERI; SARAIVA; PIMENTEL, 2007). Assim as ações levadas a cabo ao longo do processo refletem, por conseguinte, as ações dos atores no sentido de aumentar (ou manter) seu “poder de fogo” em um quadro em que as regras estão definidas para os participantes (BERGER; LUCKMANN, 2005).

Todavia, observa-se a interferência de vários fatores atribuídos aos conceitos de instituição e de institucionalização, uma vez que estes se concentram em três grandes pilares (o regulativo, o normativo e o cognitivo) que constituem a base da legitimação institucional. Esses pilares são apresentados a seguir como elementos básicos da institucionalização.

3.1 Elementos Básicos da Institucionalização – “Grandes Pilares”

Como assinala Chanlat (1989), na perspectiva organizacional, são indicadas três orientações distintas para conhecer-se a institucionalização: uma econômica, outra política e uma terceira sociológica. É na vertente sociológica onde se evidenciam diferenças significativas entre conceitos de instituição e processo de institucionalização. Isso indica que a institucionalização é um processo genérico que pode ser aplicado a qualquer hora e a qualquer forma de inovação social que não seja coercitiva em qualquer segmento de uma sociedade.

A institucionalização, como salientado, implica em legitimidade, e na concepção estrutural é identificada através de três grandes pilares básicos: o regulativo, o normativo e o cognitivo (SCOTT, 2001).

Os elementos de caráter regulador distinguem-se dos demais por sua ênfase na fixação de normas ou, no controle direto dos colaboradores e nas ações de sanção e de coerção. Elementos como: força, temor e oportunismo são ingredientes centrais no pilar regulador, mas temperados, em via de regra, pela existência de normas, seja na forma de costumes informais ou de normas formais e leis. Sob a versão reguladora da perspectiva institucional volta-se à idéia do indivíduo motivado para atender seus próprios interesses numa lógica utilitarista de custo-benefício. Para esta versão da teoria institucional, que dá prioridade a um processo estrito de regulamentação da ação nas organizações, é mais “convencional” no sentido de que é a que, “com mais moderação se aproxima de uma visão clássica da teoria das organizações, que defende a idéia de que os atores têm interesses ‘naturais’ que perseguem racionalmente” (SCOTT, 2001, p.36).

A proposição normativa tenta desvendar de que modo as opções estruturais assumidas pelas organizações são derivadas da pressão exercida pelas normas e valores. Para esta versão, os valores representam concepções do preferível ou desejado junto com a construção de princípios nos quais, estruturas e comportamentos existentes podem ser comparados e avaliados. As normas especificam como deveriam ser realizadas as coisas.

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Definem os meios legítimos para perseguir os fins desejados (SCOTT, 2001, p.37). Os dois conceitos sugerem uma idéia de estabilidade para as organizações posto que, tanto os valores como as normas, com o passar do tempo e em sua utilização cotidiana e repetida, são interiorizados pelos indivíduos transformando-se numa obrigação social (MACHADO-DA-SILVA; GONÇALVES, 1998). Como salientam Amaral Filho e Machado-da-Silva (2006), a lógica de ação é a da conformidade. Conduzida por uma dimensão moral fundamentada no contexto social, onde valores e normas se tornam papéis formais ou informais, a serem desempenhados pelos atores sociais no enfrentamento de determinadas situações restringindo sua escolha. A preocupação básica aqui é com o comportamento adequado, uma vez que, com o seu uso cotidiano e repetitivo, valores e normas são interiorizados como padrão de conduta, que se apóia na busca por legitimidade institucional..

O elemento cognitivo da teoria institucional propõe que sejam valorizadas também as interpretações subjetivas das ações, somando as representações que os indivíduos fazem de seus ambientes configuradores de suas ações. Pois, a perspectiva cognitiva considera os indivíduos e as organizações como realidades socialmente construídas, com diferentes capacidades e meios para a ação, e objetivos que variam de acordo com seu contexto institucional (MACHADO-DA-SILVA; GONÇALVES, 1998; MACHADO-DA-SILVA; VASCONCELOS, 2005). Sob esse pilar a atenção é direcionada para os aspectos simbólicos das ações, resultando em lógica baseada no conjunto de conhecimentos e de significados cultural e socialmente criado, difundido e aceito, empregado como parâmetro de conduta. Nesse caso, a legitimidade decorre do seu compartilhamento pelos atores sociais (AMARAL FILHO; MACHADO-DA-SILVA, 2006).

Como apresentado, os três pilares se diferenciam entre si face os pressupostos que definem a sua orientação. Os pilares regulativo e normativo tem sua base na realidade social, apesar do foco de análise do pilar normativo ser deslocado para elementos não-racionais de caráter coletivo, que moldam o comportamento dos atores. O cognitivo se fundamenta no que é sustentado no contexto social de acordo com a prática social. Portanto, o pilar normativo difere do cognitivo pela ênfase que o normativo coloca nas expectativas que guiam o comportamento, expressas nos papéis sociais, enquanto reflexo da conduta moralmente desejável, e que o cognitivo imprime à identidade social dos atores (AMARAL FILHO; MACHADO-DA-SILVA, 2006).

Do exposto, se reconhece a necessidade de algumas considerações complementares advindas da teoria institucional, uma vez que os elementos institucionais decorrentes do processo institucional pelo qual padrões sociais de natureza regulativa, normativa e cognitiva passam incorporar em suas proposições a idéia de instituições e de padrões de comportamento, de normas, de valores e crenças e, de pressupostos, nos quais se encontram imersos indivíduos, grupos e organizações (MACHADO-DA-SILVA; FONSECA; CRUBELLATE, 2005; MACHADO-DA-SILVA; GONÇALVES, 1998).

4 TEORIA INSTITUCIONAL

Das origens da teoria institucional até hoje, ela vem desenvolvendo um corpo teórico

diverso, multifacetado e complexo, abordando temas como valores, poder, inovação, isomorfismo, racionalização, modernização, uniformização, formalismo, conformidade, resistência, contestação, adaptação ambiental, intersubjetividade, linguagem, formação de coalizões políticas e mecanismos de estabelecimento da ordem e da mudança social (MACHADO-DA-SILVA; VASCONCELLOS, 2005). Por causa da diversidade teórica com que vem sendo abordada, a teoria institucional para Zucker (1977, 1987), recebe tratamento distinto. Por exemplo. Ao tratar o ambiente enquanto instituição assume que há um processo de reprodução ou cópia do amplo sistema social por parte do nível organizacional. Do mesmo

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modo, ao tratar a organização como instituição, assume que o processo central é gerado no nível organizacional. Porém, são nos estudos apresentados por Selznick (1949) que a estrutura organizacional é vista como um veículo adaptativo formado em relação às características dos participantes como as influências e forças do ambiente (SCOTT, 2001).

Nas décadas de 40 e 50 (século vinte) foram acrescentados aos estudos empíricos realizados no campo das organizações os enfoques estrutural e comportamental às contribuições da perspectiva institucional. Tolbert e Zucker (1998) evidenciam que desde a publicação do clássico artigo de Meyer e Rowan (1977), análises organizacionais proliferaram baseadas em uma perspectiva institucional. No início, as versões da teoria institucional, apresentadas por Berger e Luckmann (2005) e Selznick (1949), enfatizavam o caráter legitimado das regras institucionais, dos mitos e das crenças que moldavam a realidade social e o processo pelo qual, organizações tendem a tornar-se impregnadas de valor e significado social.

A ampliação conceitual da visão de ambiente em termos técnicos e institucionais foi proposta por Meyer e Rowan (1977). Neste sentido, Machado-da-Silva e Gonçalves (1998), interpretaram que o ambiente técnico caracteriza-se pela troca de bens e serviços, enquanto o ambiente institucional conduz o estabelecimento e a difusão de normas de atuação, necessárias ao alcance da legitimidade organizacional. Deste modo, organizações submetidas a pressões do ambiente técnico e do ambiente institucional são avaliadas, respectivamente, pela eficiência e pela adequação às exigências sociais.

Nas análises pioneiras sobre as organizações realizadas, os ambientes eram percebidos como meras categorias residuais sem nenhuma importância e influência sobre a própria organização, que era o único foco da investigação (MEYER; ROWAN, 1977). Segundo Scott (2001) e Tolbert e Zucker (1998) posteriormente, o ambiente transformou-se em tudo o que estava do outro lado da organização, ou que não fazia parte dela. De uma definição demasiado ampla, a investigação organizacional começou a focar as relações interorganizativas específicas. A partir de então, o ambiente é considerado um fator cujas influências nas estruturas organizacionais determinam algumas das múltiplas características das organizações. Os estudos sobre o ambiente e sobre as relações organização-ambiente passaram a desenvolver perspectivas diferentes e ao mesmo tempo divergentes sobre esses temas (MEYER; ROWAN, 1977).

Na visão de Meyer e Rowan (1977) a proposta dos institucionalistas é de que a essa visão de ambiente formado em sua totalidade por fluxos e intercâmbios técnicos, há que acrescentar um sistema de crenças e de normas institucionalizadas que juntos representam uma fonte independente de formas organizacionais racionais. Assim, o ambiente institucional representa um enriquecimento do que se compreende como ambiente técnico, ampliado ao domínio do simbólico. O ambiente técnico é desse modo definido como domínio no qual um produto ou serviço é trocado no mercado e as organizações são premiadas pelo controle eficiente e eficaz do processo de trabalho (SCOTT, 2001; MACHADO-DA-SILVA; GONÇALVES, 1998). Nessa perspectiva, o ambiente técnico exerce controle sobre os produtos gerados pelas organizações (CORAIOLA; MACHADO-DA-SILVA, 2007). Por outro lado o ambiente institucional é caracterizado pela elaboração de normas e exigências a que as organizações são obrigadas a se conformar se desejarem obter apoio e legitimidade do ambiente (SCOTT, 1995; MACHADO-DA-SILVA; GONÇALVES, 1998). Assim é sugerido que o foco do ambiente institucional situa-se nos fatores que, indiretamente, dão forma à ação organizacional (CORAIOLA; MACHADO-DA-SILVA, 2007).

Nos estudos realizados por Meyer e Rowan (1977), pode-se observar que cada um dos ambientes “conforma-se” a um conceito de organização próprio, seja como sistema de coordenação dos intercâmbios e de controle das atividades de produção, seja como um conjunto de “mitos racionais” que buscam resguardar sua legitimidade. Nos primeiros estudos

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realizados sob a perspectiva institucional, as definições que tentavam distinguir entre os ambientes técnicos e institucionais eram vagas. Desta forma, os ambientes técnicos e institucionais sustentam diferentes racionalidades: num ambiente técnico o “racional” é o que permite às organizações ser eficientes, produzir bens ou serviços aceitos pelo mercado e assim lograr os seus objetivos. Num ambiente institucional, por sua vez, a ação racional está representada nos procedimentos capazes de proporcionar legitimidade no presente e no futuro organizacional. Em resumo, podem ser encontradas forças e pressões exercidas pelos dois modelos de ambiente, em diferentes proporções, em todos os tipos de organizações (CORAIOLA; MACHADO-DA-SILVA, 2007).

Pode-se destacar também que apesar da proliferação dos estudos organizacionais serem fundamentados na teoria institucional devido ao alto poder analítico demonstrado a partir desta perspectiva, a proposta institucional possibilita suficiente clareza para a compreensão dos fenômenos sociais e organizacionais sem incorrer nos mesmos equívocos teológicos ou deterministas (MACHADO-DA-SILVA; FONSECA; CRUBELLATE, 2005). Visto que, mais recentemente, o institucionalismo na teoria organizacional tem recebido novo impulso denominado de neo-institucionalismo (MEYER; ROWAN, 1977; ZUCKER, 1987; DIMAGGIO; POWELL, 2005). Assim, auxilia a compreender como as pressões institucionais agem a favor ou contra as mudanças organizacionais e, em particular auxiliam na análise dos eventos que geram estas mudanças.

A partir dessa linha de análise, Machado-da-Silva, Fonseca e Crubellate (2005) salientam que a teoria neo-institucional se situa mais apropriadamente em posição intermediária no continuum entre as orientações determinista e voluntarista da ação organizacional. Tal posicionamento expressa uma compreensão de que ela é formulada de acordo com a reciprocidade entre exigências internas e externas, a partir de escolhas guiadas pela interpretação intersubjetiva dos atores sociais sobre a racionalidade predominante no próprio contexto social (FONSECA, 2003; MACHADO-DA-SILVA; FONSECA; CRUBELLATE, 2005).

O novo institucionalismo fez voltar o foco da teoria institucional em organizações para o fenômeno da difusão de estruturas e comportamentos (DIMAGGIO; POWELL, 2005), como resposta a incertezas em face da realidade percebida como complexa e multifacetada. Um dos pressupostos centrais dessa perspectiva é o de que a realidade é socialmente definida e construída, na medida em que os agentes sociais interagem e definem para si, por processos pouco conscientes ou intencionais, o significado do mundo circundante. Aqui as instituições são compreendidas como definidoras de nossa visão de mundo e, com isso, importantes influenciadoras do comportamento social (CRUBELLATE; GRAVE; MENDES, 2004).

Na perspectiva do neo-institucionalismo DiMaggio e Powell (2005), evidenciam vários mecanismos que promovem o isomorfismo, isto é, um conjunto de restrições que tencionam uma unidade de uma população a parecer-se com outras unidades que se colocam em um mesmo conjunto de condições ambientais. Portanto, na tentativa de distinguir tipos de isomorfismo e, posteriormente, marcos da teoria institucional, estabelecem a divisão entre isomorfismo coercitivo, mimético e normativo, bem como entre o que denominam velho e novo institucionalismo. A abordagem sugere que as características organizacionais são modificadas na direção do aumento de compatibilidade com as características ambientais. Assim, utilizando o conceito de isomorfismo para explicar a forma como as características organizacionais são modificadas para aumentar a compatibilidade com as características ambientais, os autores argumentam que o isomorfismo institucional é a razão dominante pela qual as organizações assumem determinadas formas.

O comportamento dos atores, tanto individuais quanto coletivos, resulta da influência de instituições tais como regras sociais que acabam formando as teorias culturais, as ideologias dominantes e as prescrições sociais. As pressões exercidas para que a organização

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se ajuste a essas regras e normas, acabam guiando seus comportamentos, os quais tenderão a ser compatíveis às forças institucionais. A preocupação em se adequar às regras e normas ditadas pelo ambiente, originam uma uniformidade nas organizações. Essa tendência à similaridade de forma e estrutura em relação ao ambiente institucional é denominada isomorfismo (ZUCKER, 1987). Onde, o isomorfismo institucional aparece como responsável pela homogeneidade estratégica das organizações que pode ocorrer a partir de três mecanismos (DIMAGGIO; POWELL, 2005). Esta uniformidade imposta às organizações refere-se às forças coercitivas do ambiente, como a influência política, as regulações governamentais e as forças culturais.

Por outro lado, o mimetismo organizacional formado pelo isomorfismo se dá em resposta às incertezas ambientais. As organizações buscam respostas a incertezas com base nas formas com que outras organizações enfrentam as mesmas incertezas ambientais. Porém, existe uma terceira fonte de isomorfismo que ocorre proveniente das pressões normativas que se originam da profissionalização da força de trabalho, especialmente da gerência. Todavia, na medida em que as pessoas participam de associações profissionais e de negócios, suas idéias tendem a ser homogêneas (DIMAGGIO; POWEL, 2005), e acabam modelando suas organizações de modo a parecerem uniformes.

O isomorfismo, no entanto, não se refere a um fenômeno totalizante, ou mesmo unitário. Ele acolhe e define uma pluralidade de práticas, modelos e estruturas adotados, em maior ou menor intensidade, por determinado conjunto de organizações, que tende a crescer na medida em que aquelas práticas adquiram legitimidade. Essas práticas são calcadas em significados e interpretações compartilhadas pelos indivíduos na sociedade e nas organizações (GIDDENS, 2003; MEYER; ROWAN, 1977; RANSON; HININGS; GREENWOOD, 1980; WHITTINGTON, 1992).

Todavia, devido à adaptação organizacional ter assumido que mudanças ambientais levam à mudança organizacional, os estudos do processo de adaptação estratégica organizacional têm sido enfatizados como de fundamental importância pelos teóricos das organizações, e vêm sendo questionado a respeito do aspecto gerencial e ambiental estar dominado por visões de natureza deterministas e voluntaristas. Particularmente no Brasil, esta tendência determinista foi observada por Carvalho, Goulart e Vieira (2004) como conservadorismo moral. Ao tratarem como equivalentes os conceitos de determinismo e de conservadorismo, os autores deslocam o debate do campo científico e o remetem ao plano moral de juízo de valor. Ao procederem assim, parecem ignorar o conjunto de valores que sustentam a prática científica, que constituem o critério pelo qual uma teoria deve ser avaliada como racionalmente aceitável, para se posicionarem no terreno movediço e contraditório dos valores morais (MACHADO-DA-SILVA; FONSECA; CRUBELLATE, 2005). Por outro lado, na visão determinista do ambiente organizacional a preocupação básica das organizações estaria no ajuste entre suas estruturas e processos e, o ambiente, onde a função gerencial está apenas em adequar as estruturas organizacionais à dinâmica organizacional. Isto é, às contínuas mudanças no ambiente da organização, desconsiderando os processos pelos quais fazem suas escolhas e as implantam (CARVALHO; GOULART; VIEIRA, 2004). Enquanto na visão voluntarista a escolha das estratégias pelos tomadores de decisão nas organizações, obedece ao fato de que o ambiente não elimina o espaço de decisão.

A adaptação organizacional refere-se à habilidade dos administradores em reconhecer, interpretar e implementar estratégias, de acordo com as condições e mudanças percebidas no seu ambiente, de forma a assegurar suas vantagens competitivas (CRUBELLATE; GRAVE; MENDES, 2004). A perspectiva é voluntarista no concernente à relação organização-ambiente, porque compreende o ambiente como produto da ação interessada e racional, e também no que diz respeito às relações entre importantes e influentes agentes sociais. A estratégia pode ser entendida como o esforço para constituição de uma

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ordem limitadamente intencional que permita maximizar a liberdade dos agentes pela busca da realização de interesses (CRUBELLATE; GRAVE; MENDES, 2004). As teorias formadas a partir destas visões, serviram de pressupostos para novas abordagens sobre os processos de adaptação estratégica organizacional, como é o caso da teoria institucional, que surgiu enfatizando o processo pelo qual organizações tendem a tornar-se impregnadas de valor e significado social, apresentando um conjunto de influências sobre as características das organizações e a mudança organizacional (ALVES; KOGA, 2003).

Por fim, no âmbito da teoria neo-institucional, qualquer ator social, em qualquer situação diária de resolução de problemas, por exemplo, necessita de referências para agir. Tais referências se apresentam em termos de orientações do passado, ou hábitos, orientações para o presente, ou julgamentos, e orientações para o futuro, ou projeções, e são delineadas e consolidadas por instituições como o Estado, a indústria, associações profissionais, entre outras, conforme DiMaggio e Powell (1983). Portanto, acessar tais referências é interpretar estímulos contemporâneos que sobrevêm no fluxo cotidiano das práticas instauradas por estruturas sociais (CRUBELLATE; GRAVE; MENDES, 2004).

Do exposto, procura-se apreender e compreender que tais referências emergem por meio da interpretação, do significado que se atribui ao contexto no qual ocorre a prática social. Portanto, uma vez apresentados e conhecidos os pressupostos da teoria institucional e neo-institucional na formação do processo de institucionalização, fica evidente que para se institucionalizar a estratégia a perspectiva institucional sugere oferecer a possibilidade de identificação de consistentes insights para alargar a compreensão de aspectos do pensamento e ação estratégica. Todavia, alguns fatores facilitadores e restritivos estão presentes neste processo e devem ser identificados, circunscritos e conhecidos.

5 FATORES FACILITADORES E RESTRITIVOS PARA A

INSTITUCIONALIZAÇÃO DA ESTRATÉGIA Tradicionalmente a perspectiva estratégica e a perspectiva da teoria institucional em

organizações vêm sendo percebidas como abordagens antagônicas e mesmo excludentes. Hoje, contudo, estudos partem da teoria institucional para alargar a compreensão de fenômenos vinculados ao pensamento e ação estratégica em organizações. A tentativa de conciliar padrões institucionais e estratégia, sugerem tornar-se crescentemente aceitos no âmbito da teoria organizacional. Entretanto, parece ainda não ter obtido ressonância no âmbito dos estudos específicos de estratégia organizacional (CRUBELLATE; GRAVE; MENDES, 2004).

Observado o fenômeno mais atentamente, a estratégia organizacional é tradicionalmente explicada com base em teorias fundamentadas no pressuposto de adaptação racional da organização a conjuntos externos e objetivos de condições ambientais. Essa visão é, por vezes e ultimamente com crescente ênfase, confrontada com perspectivas menos voluntaristas sobre a natureza do pensamento estratégico, que buscam entendê-lo como desenvolvimento de processos mais ou menos involuntários de cognição, de relacionamento cultural, de negociação política ou mesmo de respostas pouco padronizadas em relação às contingências imediatas de uma realidade complexa e mutável (CRUBELLATE; GRAVE; MENDES, 2004). Contudo, as poucas tentativas experimentadas de conciliação entre a teoria institucional e o pensamento estratégico podem estar vinculadas não somente à tradição racionalista dos estudos em estratégia, mas também à visão mais difundida do institucionalismo em teoria organizacional, que preconiza a natureza taken for granted dos processos institucionalizados e, portanto, a conseqüente passividade das organizações em face de seus ambientes institucionais (CRUBELLATE; GRAVE; MENDES, 2004).

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Nesse sentido, as estratégias adotadas pela organização, podem ser compreendidas como decorrentes dos padrões institucionalizados no ambiente organizacional visto que podem ser influenciados por mecanismos coercitivos, normativos ou miméticos, levando a teoria institucional a ser interpretada, em certo grau, como uma abordagem mais próxima do determinismo (DIMAGGIO; POWELL, 2005). Com o tempo, em resposta às pressões ambientais tanto internas quanto externas, as organizações que atuam no mesmo ramo tendem a parecer umas com as outras. Assim, refletindo nessa perspectiva, as opções estratégicas e as intenções de controle da organização seriam entendidas como originárias da ordem institucional em que uma empresa se vê inserida e não dentro de uma lógica de eficiência e eficácia. Desse modo, os padrões institucionalizados acabam influenciando as opções com que se deparam os tomadores de decisão, uma vez que suas decisões são produto de suas interpretações que, por sua vez, são baseadas em suas crenças e valores socialmente construídos a partir de suas interações sociais (MACHADO-DA-SILVA; FONSECA, 1996).

Os decisores organizacionais mesmo quando supõem estar agindo conforme padrões lógicos e racionais, podem estar apenas seguindo padrões interpretados como racionais influenciados pelo ambiente institucional como respostas racionais à determinada situação (CRUBELLATE, GRAVE; MENDES, 2004), levando a destacar que a mudança estratégica é difícil e quando esta ocorre, acaba se dando a partir de respostas graduais a pressões ambientais e institucionais.

Mediante tais constatações vale relembrar que a estratégia tem sido uma das áreas de estudo mais evidenciada nos dias de hoje conforme se observa pela literatura produzida e, que pensar estrategicamente tornou-se um fator indispensável para a condução e administração das organizações. Tenham elas fins lucrativos ou não, tanto para os dirigentes organizacionais, quanto para os estudiosos da administração.

Afonsêca, Teodósio e Paixão (2007) evidenciam que os estudos sobre estratégia, de algum modo, avançaram significativamente ao longo dos anos, tornando a compreensão desse fenômeno empresarial mais profunda e larga. Possibilitando desse modo o aumento da complexidade para sua análise e compreensão. Mas por outro lado, tornando-a mais consistente, sobretudo diante das transformações estruturais do capitalismo contemporâneo. Portanto, as teorizações sobre o tema têm possibilitado incorporar diferentes e singulares narrativas teóricas e, com isso, seu campo de investigação vem se tornando cada vez mais transdisciplinar. Assim, embora não haja uma unanimidade na definição simples de estratégia, existem áreas gerais de concordância a respeito da sua natureza. Ou seja, no que diz respeito tanto à organização como ao ambiente; sua natureza é complexa; afeta o bem-estar geral da organização; envolve questões tanto de conteúdo como de processo; não é puramente deliberada; existe em níveis diferentes e envolve vários processos de pensamento (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000; PEREIRA; AGAPITO, 2005; SANTIN, 2006).

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) enfatizam que um papel importante da estratégia nas organizações consiste em resolver grandes questões para que as pessoas possam cuidar de detalhes. Entretanto, existe uma tendência de descrever o executivo principal como um estrategista que fica concebendo grandes idéias, enquanto todos os outros cuidam de pequenos detalhes, o que não é verdadeiro, pois os pequenos detalhes fazem parte dos deveres que competem à sua posição. Os mesmos autores ao enfatizarem a aprendizagem organizacional percebem a estratégia como uma força mediadora entre a organização e o seu meio envolvente, centrando-se nas decisões e ações que vão surgindo naturalmente. Aqui a formulação da estratégia não se limita aos processos intencionais, mas podem surgir como um padrão de ações tomadas em um período que podem ou não ser formalizadas (Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000).

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Volberda (2004) destaca que na perspectiva da gestão estratégica, sob um enfoque mais social, a realidade é socialmente definida e a estratégia será fruto de esquemas estratégicos ou por modelos de referência, permitindo que a organização e o ambiente sejam compreendidos por seus stakeholders, de tal forma que a preocupação essencial passe a ser o desenvolvimento de esquemas adequados que possibilitem que a organização crie ou se adapte às mudanças competitivas. Conforme explicita o autor, a estratégia “...de acordo com esta abordagem, envolve a criação e a manutenção de sistemas de significados compartilhados que facilitam a ação organizada” (VOLBERDA, 2004, p. 35).

Nessa linha de raciocínio, vale destacar que as práticas da estratégia na construção institucional do campo organizacional são decorrentes do fato da institucionalização ser vista como um processo, ou seja, como prática e, portanto, merecer maiores reflexões. Dessa forma, como o processo de institucionalização, a estratégia também pode ser entendida como um processo, em que a interação da práxis e da interpretação gera novas práticas. Na indicação de Amaral Filho e Machado-da-Silva (2006, p.7) essa interpretação é decorrente dos modelos cognitivos que os praticantes desenvolvem como instâncias mediadoras entre as práticas e as práxis. Assim, os aspectos recursivos da práxis e os aspectos institucionais podem complicar a vida do praticante: “o processo, enfim, não é nem evolutivo como nas ciências naturais, nem tampouco determinista, como nas teorias econômicas. Por sua racionalidade basear-se na interpretação, ela é falha, limitada e, muitas vezes, dependente do acaso”.

Pela revisão construída aponta-se que os fatores facilitadores e restritivos presentes na institucionalização da estratégia emergem da ação social, ou seja, da prática social. Por isso, de difícil e complexa identificação. Todavia, diante dos pressupostos apresentados, pode-se apontar a legitimidade e o isoformismo como fatores facilitadores vitais para a sobrevivência das organizações, tal como proposto pela teoria neo-institucional. Já, os fatores restritivos encontram-se no fato dos estudos focalizarem um extremo do continuum, sob a pena de obscurecer a compreensão e a aplicação do outro (MAHCADO-DA-SILVA; FONSECA; CRUBELLATE, 2005), pois o ideal seria o que propõem Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), Escrivão Filho; Perussi Filho; Terence (2007), ou seja, tratar o processo de geração de estratégia de forma integrada e não isoladamente.

Certamente, os fatores restritivos e facilitadores estariam associados à incongruência ou congruência das dimensões e dos elementos da administração estratégica (ESCRIVÃO FILHO; PERUSSI FILHO; TERENCE, 2007). Então, fatores facilitadores e restritivos emergem da ação estratégica, ou seja, da maneira pela qual uma estratégia é desenvolvida e colocada em prática.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente ensaio evidenciou nas seções precedentes que a literatura especializada

tem mapeado, identificado, apresentado e prescritivamente defendido as técnicas de concepção, formulação e prescrição de estratégias capazes de responder aos desafios tanto organizacionais quanto individuais, de assegurar sua concretização, na forma de um padrão adequado, isto é, institucionalizado.

De certo modo, a teoria institucional contribuiu, para que os estudos organizacionais seguissem uma ênfase sociológica, ao introduzirem variáveis como valores compartilhados, busca de legitimidade e isoformismo na análise sobre as relações entre organizações e, entre organizações e ambiente.

Diante de tais proposições, e buscando superar as dicotomias tradicionais existentes entre organizações e instituições, constata-se que a abordagem institucional vem questionando como e onde surgem as leis que governam as organizações, diante das suposições de que as

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organizações têm propósitos claros e de que progridem na direção de formas mais eficientes e adaptativas, pois a abordagem institucional busca explicar os fenômenos organizacionais através do entendimento, da interpretação da construção social da realidade organizacional.

Alguns padrões de comportamento social estão mais sujeitos do que outros, à avaliação crítica, modificação e até mesmo à eliminação, levando a afirmação de que a abordagem institucional, por seu caráter simbólico-interpretativo, é capaz de interpretar a realidade que nos cerca, visto que a institucionalização é um processo que pode ser aplicado a qualquer hora e a qualquer forma de inovação social que seja coercitiva em qualquer segmento de uma sociedade.

Assim sendo, sugere-se que novos trabalhos e estudos sejam elaborados tanto no campo da produção do conhecimento como na sua aplicabilidade, visto que é necessário que se dê continuidade à execução de trabalhos para futuros refinamentos. Para tal fim, é importante estabelecer caminhos a serem seguidos, ou seja, é preciso que a pesquisa seja conduzida por uma dimensão fundamentada no contexto social. Sugere-se então, que sejam elaborados estudos empíricos no sentido de que estes possam identificar, clarificar e interpretar como as pressões institucionais agem a favor ou contra as mudanças organizacionais e como auxiliam na análise dos eventos que geram estas mudanças em outras realidades brasileiras, uma vez que os trabalhos publicados no Brasil ainda apresentam-se com pouca aplicação. Lembrando, todavia, de que alguns fatores facilitadores e restritivos estão presentes neste processo e devem ser identificados, circunscritos e conhecidos, levando a realização de mais pesquisas na perspectiva apresentada.

Portanto, do exposto, fica evidente que os estudos organizacionais sobre o processo de institucionalização da estratégia, ainda esbarram na lacuna existente na pesquisa científica sobre a complexidade da institucionalização da estratégia. Assim, julga-se pertinente a realização de estudos empíricos, a partir de uma leitura da realidade mais circunscrita a fenômenos locais, e do desenvolvimento teórico para evidenciar maior clareza em que condições e em que processos as estruturas são institucionalizadas.

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