medicina legal tanatologia forense

18
SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................. ...................................................... TANATOLOGIA FORENSE 1. CONCEITO DE TANATOLOGIA FORENSE................................................. 2. TIPOS DE MORTE...................................................... .................................. 3. NATUREZA DO EVENTO MORTE...................................................... .......... 4. FENÔMENOS CADAVÉRICOS................................................ ..................... 5. CRONOTANATOGNOSE........................................... ...................................... 6. FAUNA CADAVÉRICA................................................. .................................. 7. CLASSIFICAÇÃO DA MORTE COM BASE EM ASPECTOS JURÍDICOS... CONCLUSÃO.................................................. ...................................................... BIBLIOGRAFIA............................................... ....................................................... 0 3 0 4 0 5 0 6 0

Upload: elen-vasconcellos

Post on 25-Jul-2015

1.488 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Medicina Legal TANATOLOGIA Forense

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................

TANATOLOGIA FORENSE

1. CONCEITO DE TANATOLOGIA FORENSE.................................................

2. TIPOS DE MORTE........................................................................................

3. NATUREZA DO EVENTO MORTE................................................................

4. FENÔMENOS CADAVÉRICOS.....................................................................

5. CRONOTANATOGNOSE.................................................................................

6. FAUNA CADAVÉRICA...................................................................................

7. CLASSIFICAÇÃO DA MORTE COM BASE EM ASPECTOS JURÍDICOS...

CONCLUSÃO........................................................................................................

BIBLIOGRAFIA......................................................................................................

03

04

05

06

07

10

11

12

13

14

Page 2: Medicina Legal TANATOLOGIA Forense

TANATOLOGIA FORENSE

Elen Cristiane Guida Vasconcellos1

Tanatologia é a parte da Medicina Legal que estuda a morte e suas

conseqüências jurídicas.

Independentemente do critério adotado para a caracterização da morte,

o que se procura determinar, na prática, são os sinais indiscutíveis de morte: a

cessação dos fenômenos vitais e o surgimento dos fenômenos ditos abióticos

ou avitais (imediatos e consecutivos).

Relacionados entre os fenômenos abióticos imediatos, ou seja, aqueles

que ocorrem imediatamente após a morte estão: a perda da consciência, a

cessação dos batimentos cardíacos com conseqüente ausência de pulso, a

cessação da respiração, a perda da sensibilidade cutânea, a abolição do tônus

muscular e o relaxamento dos esfíncteres.

Entre os fenômenos abióticos consecutivos, assim chamados os que se

seguem à morte, registram-se: a rigidez e o espasmo cadavéricos, os livores

de hipóstase, o dessecamento e o esfriamento corpóreo.

Outras alterações orgânicas, essencialmente de natureza bioquímica,

são descritas entre os fenômenos consecutivos à morte e são passíveis de

estudo, quando o diagnóstico cronológico da morte (cronotanatognose ou

tanatocronodiagnose) se faz necessário; entretanto, a maioria das alterações

bioquímicas requer, para sua caracterização e sistematização aparelhos

especiais e técnicas próprias, recursos estes nem sempre à disposição da

maioria dos serviços periciais do país.

Deve-se destacar que as condições em que ocorreu a morte a sim como

o local da mesma causam, de maneira geral, alterações significativas no

desenrolar dos fenômenos cadavéricos, havendo necessidade portanto, de

uma análise criteriosa de todos os dados obtidos para que se possa evitar

interpretações errôneas.

1. CONCEITO DE TANATOLOGIA FORENSE :

1 Graduada em Licenciatura Plena em História pelo ISE e Bacharelanda em Direito pela FDV, ambos pela Fundação Dom André Arcoverde, Valença/RJ.Brasil. E-mail: [email protected]

3

Page 3: Medicina Legal TANATOLOGIA Forense

A TANATOLOGIA vem do grego tanathos (morte) tem como raiz o Indo-

europeu dhwen, “dissipar-se, extinguir-se” + logia (estudo), MORTE: do latim

"mors, mortis", de "mori" (morrer) e CADÁVER: do latim "caro data vermis"

(carne dada aos vermes). Temos então Tanatologia a área da medicina legal

que se ocupa da morte e os fenômenos a ela relacionados.

A conceituação da morte é de extremamente dificultosa, assim como,

em algumas oportunidades, o diagnóstico da realidade de morte.

Há 460 a .C., Hipócrates definia o quadro de morte: “Testa enrugada e

árida, olhos cavos, nariz saliente cercado de coloração escura, têmporas

endurecidas, epiderme seca e lívida, pêlos das narinas e cílios encobertos por

uma espécie de poeira, córneas de um branco fosco, pálpebras semi-cerradas

e fisionomia nitidamente irreconhecível”. Durante muitos anos definiu-se morte

como a cessação da circulação (morte circulatória) e da respiração (morte

respiratória).

Até recentemente aceitava-se conceituar a morte como o cessar total e

permanente das funções vitais. Atualmente, este conceito foi ampliado a partir

do conhecimento de que a morte não é um puro e simples cessar das funções

vitais, mas sim uma gama de processos que se desencadeiam durante um

período de tempo, comprometendo diferentes órgãos.

Atualmente prevalecem dois conceitos de morte: a morte cerebral,

indicada pela cessação da atividade elétrica do cérebro e a morte circulatória,

indicada por parada cardíaca irreversível às manobras de ressuscitação e

outras técnicas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define morte como: Cessação

dos sinais vitais a qualquer tempo após o nascimento sem possibilidade de

ressuscitamento. Como a morte se apresenta como um processo (dinâmico) e

não como um evento (estático), quando se coloca a questão: “Quando ocorreu

a morte?” a resposta é dada quando se consegue definir o momento em que o

processo de morte atingiu o seu ponto irreversível.

2. TIPOS DE MORTE

4

Page 4: Medicina Legal TANATOLOGIA Forense

Não há consenso quanto ao momento real da ocorrência da morte, pois

a morte, observada desde o ponto de vista biológico, e atentando-se para o

corpo como um todo, não é um fato único e instantâneo, antes o resultado de

uma série de processos, de uma transição gradual.

Quando se leva em consideração a diferente resistência vital das

células, tecidos, órgãos e sistemas que integram o corpo à privação de

oxigênio, é necessário admitir que a morte é um verdadeiro "processo

incoativo", que passa por diversos estágios ou etapas no devir do tempo.

Cada campo do conhecimento e cada ramo da medicina acabaram por

tomar um momento desse processo, adotando-o como critério definidor de

morte. A Medicina Legal teve de adotar uma determinada etapa do citado

processo como o seu critério de morte e, para tanto, optou pela etapa da morte

clínica.

Há pouco tempo atrás uma das grandes questões era poder determinar

se uma pessoa, realmente, estava morta ou se encontrava em um estado de

morte aparente. Tudo isto visando evitar a inumação precipitada, que seria fatal

nesta última situação. O fato assumiu tal importância que chegou a influenciar

aos legisladores que acabaram por colocar, na legislação adjetiva civil, prazos

mínimos para a implementação de certos procedimentos como o sepultamento

e a necropsia.

O aparecimento das modernas técnicas de ressuscitação e de

manutenção artificial de algumas funções vitais como a respiração -

respiradores mecânicos, oxigenadores - e a circulação - bomba de circulação

extracorpórea - mesmo na vigência da perda total e irreversível da atividade

encefálica, criou a necessidade de rever e readaptar os critérios de morte.

A atividade neurológica é a única das funções vitais que, até o presente

momento, não teve condições, em que pesem os avanços tecnológicos, de ser

suplementada nem de ter suas funções mantidas por qualquer meio artificial.

Daí que os seus prejuízos, sua irrecuperabilidade ou a sua extinção sejam,

praticamente, sinônimos da própria extinção da vida.

Mas, e quiçá por isso mesmo, é a nível neurológico que ocorrem os mais

variados e sutis estados intermediários entre a vida e a morte, denominados

"estados fronteiriços". Alguns destes "estados fronteiriços" se encontram mais

próximos da morte, como aqueles chamados "estados de vida parcial", como

os "comas ultrapassados" (carus ou "coma dépasé"), com desaparecimento da

5

Page 5: Medicina Legal TANATOLOGIA Forense

vida de relação e conservação da vida vegetativa; de duração variável, como

os sub-crônicos ou "prolongados", com duração superior a três semanas, e os

crônicos ou irreversíveis. Outras formas, contrariamente, se encontram mais

próximas da vida como os denominados estados de "morte aparente".

A morte aparente se apresenta através de estados patológicos do

organismo simulam a morte, podendo durar horas, sendo possível a

recuperação pelo emprego imediato e adequado de socorro médico. Ocorre

uma diminuição das funções vitais a um mínimo que dão a impressão errônea

de morte, exemplo disso são as intoxicações graves produzidas por soníferos

ou nos congelamentos.

Já a morte relativa estado em que ocorre parada efetiva e duradora das

funções circulatórias, respiratórias e nervosas, associada à cianose e palidez

marmórea, porém acontecendo a reanimação com manobras terapêuticas

(reanimação). Enquanto a morte absoluta ou morte real estado que se

caracteriza pelo desaparecimento definitivo de toda atividade biológica do

organismo, podendo-se dizer que parece uma decomposição.

Na morte real ou absoluta ocorre paralisação total, definitiva e

irreversível de todos os fenômenos e atividades vitais. Atualmente os critérios

atuais para o diagnóstico de morte é o estabelecido pelo CFM (Resolução

1480/97), ou seja, parada total e irreversível das atividades encefálicas

3. NATUREZA DO EVENTO MORTE

A natureza do evento morte pode ocorrer de diversas maneiras,

chamamos de morte natural aquela que sobrevém por causas patológicas ou

doenças, como malformação na vida uterina; de morte suspeita aquela que

ocorre em pessoas de aparente boa saúde, de forma inesperada, sem causa

evidente e com sinais de violência definidos ou indefinidos, deixando dúvida

quanto à natureza jurídica, daí a necessidade da perícia e investigação. È

denominada morte súbita quando acontece de forma inesperada e imprevista,

em segundos ou minutos e de morte agônica aquela em que a extinção

desarmônica das funções vitais ocorre em tempo longo e neste caso, os livores

hipostáticos formam-se mais lentamente. Ainda há a conhecida morte reflexa,

que é aquela em que se faz presente a tensão emocional, ou seja, uma

6

Page 6: Medicina Legal TANATOLOGIA Forense

irritação nervosa (excitação) de origem externa, exercida em certas regiões,

provoca, por via reflexa, a parada definitiva das funções circulatórias e

respiratórias. E entendemos por morte violenta aquela que resulta de ação

exógena e lesiva, mesmo tardiamente no organismo; ocorre em razão de

práticas criminosas ou acidentais e na infortunística (relações de trabalho),

podendo ser: morte acidental, morte criminosa, morte voluntária ou suicídio.

4. FENÔMENOS CADAVÉRICOS

Os fenômenos transformativos do cadáver ocorrem de forma progressiva

e promovem a destruição ou a conservação do corpo inerte.

Os Fenômenos Destrutivos: iniciam-se logo após a cessação da vida, a

partir da lise das células, agora destituídas de nutrição e oxigenação. No

entanto, só começarão a ser percebidos na exterioridade do cadáver de forma

mais tardia. São eles:Autólise, Putrefação, Maceração .

A autólise é um processo auto-destrutivo de células e tecidos, que se

opera sem interferência externa, decorrente do aumento da permeabilidade das

membranas plasmáticas, que possibilita a liberação enzimas proteolíticas

contidas nos lisossomas ("suicide bags"). Isto leva a uma acidez temporária

que, pela putrefação se neutraliza e inverte pela alcalinização progressiva com

valores de pH da ordem de 8,0 a 8,5.

Quando há um o processo de decomposição da matéria orgânica por

bactérias e pela fauna macroscópica, que acaba por devolvê-la à condição de

matéria inorgânica, chamamos de putrefação. A putrefação do corpo não é um

processo resultante do evento morte, apenas. É necessária a participação ativa

de bactérias cujas enzimas, em condições favoráveis, produzem a

desintegração do material orgânico. Daí, que nas condições térmicas que

impeçam a proliferação bacteriana, ou pela ação de substâncias antissépticas,

o cadáver não se putrefaz. As bactérias encarregadas da putrefação do

cadáver, na sua maioria, são as mesmas que, em vida, formam a flora

intestinal do indivíduo.

Algumas das substâncias intermediárias formadas durante o processo

de decomposição das proteínas são altamente fétidas, tornando-se as

responsáveis pelo cheiro característico dos corpos em putrefação. A

7

Page 7: Medicina Legal TANATOLOGIA Forense

decomposição catalítica dos glúcides e dos lípides, praticamente não exala

odores nauseabundos.

Este processo de decomposição paulatina, é bastante lento. As larvas

de insetos todas com atividade necrofágica, se deixadas agir livremente,

podem destruir o cadáver em um tempo bem menor: de 4 a 8 semanas.

Com efeito, em um cadáver exposto à intempérie, a putrefação se vê

acelerada, sendo certo que os corpos enterrados, têm a sua decomposição

retardada até em oito vezes, com relação aos primeiros.

A putrefação se desenvolve em quatro fases ou períodos distintos e

consecutivos, a saber: 1º - Período cromático (período de coloração, período

das manchas; 2º - Período enfisematoso (período gasoso, período

deformativo); 3º - Período coliquativo (período de redução dos tecidos) e o 4º -

Período de esqueletização. No final do período coliquativo, a putrilagem acaba

por secar, desfazendo-se em pó. Desta maneira, aparece o esqueleto ósseo,

que fica descoberto e poderá conservar-se por longo tempo.

Ainda encontramos no cadáver a maceração, que é o processo de

transformação destrutiva em que ocorre o amolecimento dos tecidos e órgãos

quando os mesmos ficam submersos em um meio líquido e nele se embebem.

O mais freqüente é que aconteça com a água e o líquido amniótico.

Na maceração, a pele se torna esbranquiçada, friável, corruga-se e faz

com que a epiderme se solte da derme e possa até se rasgar em grandes

fragmentos. Isto é bastante evidente nas mãos, onde a pele de desprende a

modo de "luvas". Externamente, a derme, pelas razões acima apontadas, fica

exposta, mostrando-se em geral vermelha brilhante, luzidia, por causa do

próprio edema que a embebe e a torna túrgida.

Já os fenômenos Conservadores são as ocorrências biológicas ou físico

químicas – artificiais ou naturais, provocadas ou espontâneas –, determinam a

preservação, por maior ou menor tempo, dos tecidos orgânicos e inorgânicos

formadores do cadáver. Em alguns casos chega haver paralisação de um

estado de putrefação já iniciado. As condições de clima e ambiente influenciam

significativamente estes processos.

Nem sempre o destino do cadáver é a sua transformação destrutiva.

Muitas vezes, as formas macroscópicas ou anatômicas, podem ser

relativamente conservadas pela saponificação, a mumificação, a congelação,

petrificação e a coreificação.

8

Page 8: Medicina Legal TANATOLOGIA Forense

A saponificação acontece quando o corpo ou parte dele, seja, colocado

em um meio que obedeça a duas exigências: ambiente muito úmido (pântano,

fossa séptica, alagado ou terra argilosa), e ausência de ar ou escassa

ventilação. O processo tem início por volta de dois meses após a inumação e

se completa em torno de um ano. A putrefação este sofre um desvio, pára, e

algumas enzimas microbianas provocam mudanças nas estruturas moles que

se transformam em sabões de baixa solubilidade, conhecidos pela

denominação genérica de adipocera. Esta é uma substância de início branco-

amarelada, de consistência mole, com aspecto característico de sabão ou de

queijo, e com um cheiro próprio, rançoso, "sui generis". Com o passar do

tempo, esta massa passa a apresentar uma cor mais escura, amarelo-

pardacenta, tornando-se mais seca, dura, friável e quebradiça.

Como na saponificação, a mumificação também depende que o corpo ou

parte dela seja colocado em um meio que obedeça a certas exigências. No

caso da mumificação é necessário que esteja em ambiente muito seco, em

torno de 6% de umidade relativa do ar, e temperatura elevada, acima dos 40ºC;

tudo com abundante ventilação. O processo tem início desde logo, uma vez

que é impedida a putrefação e se completa entre seis meses e um ano.

Todavia em climas propícios a mumificação pode ocorrer em poucas semanas.

Em decorrência da perda de água, a pele fica coriácea, se retrai, enruga

e endurece, adquirindo uma coloração terrosa, entre marrom e preto. O

processo tem início na parte distal dos quirodáctilos e dos pododáctilos, nos

lábios e no dorso e ponta do nariz. A perda da água de constituição faz com

que o corpo diminua notavelmente o ser peso, chegando a atingir valores da

ordem de 10 a 5 kg, ao todo.

A congelação ocorre quando o corpo fica conservado por meio de sua

manutenção em ambientes de baixa temperatura (locais de neve permanente,

câmera frigorífica, tambores de nitrogênio líquido) O tempo de conservação é,

nestes casos indeterminados, enquanto durar o processo de congelamento.

Esta técnica apresenta relevância cientifica, uma vez que presta para

conservação de cadáveres, ou mesmo de partes ou apenas material genético,

para fins de estudo.

A Petrificação ou calcificação trata-se de um processo transformativo

cada vez mais raro, em que ocorre a infiltração dos tecidos do cadáver por sais

de cálcio, as quais acabam por precipitar em meio às estruturas celulares e

9

Page 9: Medicina Legal TANATOLOGIA Forense

teciduais. Assume o aspecto de uma verdadeira "calcificação" generalizada.

Sói encontrar-se, quase que exclusivamente nos embriões ou fetos mortos, por

vezes "intra utero" e, mais freqüentemente, nos resultantes de gravidezes

ectópicas, tubárias ou peritoniais, retidos, nos quais, até pelas próprias

características individuais do meio ou do local, o corpo asséptico, ao invés de

entrar em maceração, sofre uma incrustação por sais calcários. O resultado

deste processo é a formação de um litopédio (criança de pedra), somente

passível de retirada cirúrgica.

A coireficação representa uma modalidade de processo transformativo

que ocorre em cadáveres conservados em urnas metálicas - notadamente de

zinco galvanizado - herméticamente seladas. O ambiente assim criado dentro

da urna, inibe parcialmente os fenômenos de decomposição. A pela do cadáver

assume o aspecto, a cor e a consistência uniforme de couro recentemente

curtido. Começa a observar-se no primeiro ano de colocação do cadáver na

urna metálica, atingindo o seu máximo no segundo ano. Excepcionalmente,

pode completar-se em apenas dois ou três meses.

5. CRONOTANATOGNOSE

Não há técnica que precise o tempo do óbito, no entanto, diversas

técnicas são utilizadas em conjunto para proporcionarem uma avaliação

aproximada.

De forma bem simplista apresentaremos abaixo um calendário

tanatológico, claro que outros dados mais complexos serão levados em conta

pelos peristas legistas.

CORPO QUENTE, FLÁCIDO E SEM LIVORES MENOS DE 2 HORAS

RIGIDEZ:

DA FACE, NUCA E MANDÍBULA

DOS MÚSCULOS TÓRACO-ABDOMINAL

DOS MEMBROS SUPERIORES

1 A 2 HORAS.

2 A 4 HORAS

4 A 6 HORAS

10

Page 10: Medicina Legal TANATOLOGIA Forense

GENERALIZADAS Mais de 8H e menos

de 36 HORAS

LIVORES CADAVÉRICOS:

INICIO

FIXAÇÃO MACROSCÓPICA

2 A 3 HORAS

8 A 12 HORAS

MANCHA VERDE ABDOMINAL ENTRE 18 A 24

HORAS

EXTENSÃO DA MANCHA VERDE ABDOMINAL 3 A 5 DIAS

FLACIDEZ:

INICIO

GENERALIZADA

CERCA DE 36

HORAS

MAIS DE 48 HORAS

GASES DE PUTREFAÇÃO ENTRE 9 E 12

HORAS

FAUNA CADAVÉRICA:

INICIO

“FINAL”

8 DIAS

36 MESES

ESQUELETIZAÇÃO MAIS DE 36 MESES

Fonte: CD MEGA CURSOS.

6. FAUNA CADAVÉRICA

A fauna cadavérica nada mais é que um conjunto de pequenos animais

(principalmente insetos), de diferentes espécies que se nutrem de restos

cadavéricos em decomposição, ajudando na consumação da matéria orgânica

apodrentada. Aparecem em cadáveres que não foram sepultados, que

permanecem sobre o solo por algum tempo.

A importância destes animais na perícia é a questão de

cronotanatognose, haja vista que eles seguem uma ordem cronológica para se

apresentarem no cadáver. Há uma “ordem” de instalação destes animais:

moscas comuns; moscas verdes; coleópteros, lepidópteros etc.

11

Page 11: Medicina Legal TANATOLOGIA Forense

A fauna cadavérica pode ser classificada em aquática (Exemplo:

piranhas, jacarés, caranguejos, etc.), terrestre (Exemplo: cães, lobos, besouros

não voadores, etc.) e aérea (Exemplo: urubus, gaviões, insetos voadores, etc).

Ao se levar em conta a época do ano, o clima de cada região e o

conhecimento científico sobre os ciclos vitais dos insetos necrófagos permite

uma datação do óbito o mais aproximadamente possível.

7. CLASSIFICAÇÃO DA MORTE COM BASE EM ASPECTOS JURÍDICOS

7.1) Morte natural (Patológica; Etária)

7.2) Morte violenta (Suicídio; Homicídio;Acidente)

7.3) Morte suspeita (Sem evidências ou imprevista; ou ainda simuladamente acontecida)

7.4) Morte agônica (previsível e esperada, dentro de um prognóstico médico como conseqüência da evolução de uma doença ou após um estado pós-traumático;

7.5) Morte súbita (inesperada ou imprevista). O paciente apresentava boa saúde, mas, na maioria dos casos, já era portadora de qualquer doença potencialmente fatal.

CONCLUSÃO:

12

Page 12: Medicina Legal TANATOLOGIA Forense

Juridicamente, morte é a ausência da vida, representada pela atividade

cerebral da qual depende a realização de todas as funções do encéfalo e por

conseguinte, de todo o corpo humano.

Todos os fenômenos relacionados à morte são passíveis de estudo,

quando o diagnóstico cronológico da morte (cronotanatognose ou

tanatocronodiagnose) se faz necessário; entretanto, a maioria das alterações

bioquímicas requer, para sua caracterização e sistematização aparelhos

especiais e técnicas próprias, recursos estes nem sempre à disposição da

maioria dos serviços periciais do país. O sujeito é considerado morto quando

sua passagem pelo protocolo não revela possibilidade de sobrevivência. Este

conceito clínico é albergado juridicamente para permitir o transplante de

órgãos. Quando os peritos atestam a respeito da cessação da atividade

cerebral, apontam que, na prática, não exista mais vida, ao menos do ponto de

vista jurídico, já que o paciente perde o direito sobre o seu próprio

corpo,cedendo-o ao transplante de órgão.

Enfim, a polêmica quanto ao fato de não haver consenso entre as

definições de início e fim da vida é grande e não temos a pretensão de findá-lo

com este trabalho, apenas apresentamos de forma resumida este estudo sobre

o evento morte (tanatologia) dentro da Medicina Legal, com ênfase aos

aspectos jurídicos e cruciais para o aluno de Direito.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

13

Page 13: Medicina Legal TANATOLOGIA Forense

Audiência pública no STF. Folha de S. Paulo. São Paulo, 21 mar. 2005.

Disponível em: <htpp://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u

100200.stml>. Acesso em: 13 out. 2010.

BARCHIFONTAINE, P.; PESSINI, L Problemas atuais de bioética. 5. ed. rev.

e ampl. São Paulo: Loyola, 2000.

BUSATO, P.C. Tipicidade material, aborto e anencefalia. Revista Eletrônica

de Ciências Jurídicas. 01 abr. 2004. Disponível em:

<http://www.pgi.ma.gov.br/ampem/ampem1.asp>. Acesso em 12 out.2010.

CROCE, D.; CROCE JÚNIOR, D. Manual de medicina legal. 4. ed. rev. e

ampl. São Paulo: Saraiva, 1998.

FÁVERO, F. Medicina legal: introdução ao estudo da medicina legal,

identidade, traumatologia. 12.ed. Belo Horizonte: Villa Rica, 1991.

  

14