medição da actividade económica · na interpretação da pergunta; exemplo 2 a violência...

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Aula 2 Etapas da investigação social: a pergunta de partida e a etapa exploratória. Bibliografia: QUIVY, R.; VAN CAMPENHOUDT, L. - Manual de Investigação em Ciências Sociais: Trajectos. 6ª ed. Lisboa: Gradiva, 2013. p.31-86. Sociologia

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Page 1: Medição da Actividade Económica · na interpretação da pergunta; Exemplo 2 A violência associada ao islamismo explica a diminuição dos fluxos turísticos para os países árabes

Aula 2Etapas da investigação social: a pergunta de partida e a etapa exploratória.

Bibliografia:QUIVY, R.; VAN CAMPENHOUDT, L. - Manual de Investigação em Ciências Sociais: Trajectos. 6ª ed. Lisboa: Gradiva, 2013.p.31-86.

Sociologia

Page 2: Medição da Actividade Económica · na interpretação da pergunta; Exemplo 2 A violência associada ao islamismo explica a diminuição dos fluxos turísticos para os países árabes

Procedimento científico

O problema do conhecimento

científico coloca-se da mesma

forma para os fenómenos sociais e

para os fenómenos naturais.

Há hipóteses teóricas que devem ser confrontadas com dados de observaçãoou de experimentação

Toda a investigação científica assenta em procedimentos idênticos ainda que seguindo percursos diferentes

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Processo de construção de conhecimento científico

O facto científico é:

Conquistado sobre os preconceitos

Implica distanciamento por parte do

investigador

Construído pela razão

Baseado na razão e não no senso

comum, religião, teorias espontâneas;

etc...

Verificado pelos factos

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Etapas do procedimento científico

Rutura

Romper com preconceitos e falsas

evidências

Construção

As proposições ou hipóteses devem ser o

produto de um trabalho racional,

fundamentado na lógica e numa bagagem

conceptual validamente constituída

Verificação (pelos factos)

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AS ETAPAS DO PROCEDIMENTO DE INVESTIGAÇÃO

Etapa 1 – A pergunta de partida

Etapa 2 – A exploração

As LeiturasAs entrevistas

exploratórias

Etapa 3 – A problemática

Etapa 4 – A construção do modelo de análise

Etapa 5 – A observação

Etapa 6 – A análise das informações

Etapa 7 – As conclusões

RU

PTU

RA

CONSTRUÇÃO

VERIF

ICAÇÃO

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Etapa 1 – A pergunta de partida

Etapa 2 – A exploração

As LeiturasAs entrevistas

exploratórias

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Enunciar o projeto de investigação na forma de

uma pergunta que exprima o mais exatamente

possível o que se procura saber.

Etapa 1 - Pergunta de partida

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Qualidades de uma boa pergunta de partida

1. Clareza

• Precisa - as interpretações

convergem e correspondem à

intenção do autor.

• Concisa - unívoca e tão curta

quanto possível

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Exemplo1

Qual a importância da agricultura biológica para a vida dos portugueses?

Vaga; não deixa clara a intenção do investigador

O que se entende por vida dos portugueses? Refere-se a aspetos profissionais, de lazer, de rendimento?

A importância do turismo é vista na perspetiva económica, social, de ordenamento do território?

Forte possibilidade de falta de convergência na interpretação da pergunta;

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Exemplo 2

A violência associada ao islamismo explica a diminuição dos fluxos turísticos para os países árabes e a falta de investimento hoteleiro nesses países?

Contém suposições/preconceitos

É demasiado longa e desorganizada (inclui duas perguntas numa)

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Qualidades de uma boa pergunta de partida

2. Exequibilidade

• Realista – os conhecimentos do

investigador e os recursos disponíveis,

em tempo, dinheiro e meios logísticos,

devem ser suficientes para permitirem

uma resposta adequada à pergunta

formulada.

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Exemplo 3

Qual a perceção da população europeia relativamente às vantagens da agricultura biológica face à agricultura convencional?

Muito exigente em recursos – para realizar, por exemplo, um inquérito a uma amostra significativa e tratar os respetivos dados seria necessário muito tempo, bem como vários colaboradores poliglotas e meios logísticos com custos muito elevados

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Qualidades de uma boa pergunta de partida

3. Pertinência

• Não moralizadora – não procura julgar mas sim

compreender

• Aberta – à partida devem poder ser encaradas diversas

respostas possíveis; não há a certeza de uma resposta

(preconcebida).

• Estuda o que existe – não pretende fazer prognósticos

que não estejam firmemente assentes no exame do

funcionamento de uma dada realidade.

• Visa um melhor conhecimento dos fenómenos e não a

sua simples descrição

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Exemplo 4

A forma como o sistema fiscal está organizado no nosso país é socialmente justa?

Confusão entre análise e juízo de valor.

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Exemplo 5

O número de consumidores de produtos biológicos tem aumentado?

Resposta puramente descritiva; não há o objetivo de compreender e explicar qualquer fenómeno; trata-se de uma simples intenção de agrupamento não crítico de dados.

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Etapa 2 - Exploração

Destina-se a adquirir maior

conhecimento sobre a temática e o

contexto da investigação através da

leitura ou de contacto com a realidade

vivida pelos atores sociais.

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- Leitura

- Entrevistas exploratórias

Exploração

selecionar os textos

ler com método

resumir

comparar

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Qual a importância da revisão bibliográfica?

A investigação procura ultrapassar as interpretações estabelecidas a fim de fazer aparecer novas significações dos fenómenos estudados, mais esclarecedoras e mais perspicazes do que as precedentes.

Um caminhar sobre reflexões de outros investigadores predispõe a colocar boas questões, a adivinhar o que não é evidente e a produzir ideias.

Todo o trabalho de investigação se inscreve num continuum e deve ser situado dentro de, ou em relação a, correntes de pensamento que o precedem e influenciam.

É importante situar claramente o trabalho em relação a quadros conceptuais reconhecidos

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ESCOLHA E ORGANIZAÇÃO DAS LEITURAS

OBJECTIVO – Fazer o ponto da situação acerca dos conhecimentos que interessam para a pergunta de partida.

CITÉRIOS DE ESCOLHA:

1º - Usar a pergunta de partida como «fio condutor» até nova ordem.

2º - Escolher obras que apresentem uma reflexão de síntese.

3º - Procurar autores que não se limitem a apresentar dados, mas incluam também elementos de análise e de interpretação.

4º - Recolher textos que apresentem abordagens diversificadas do fenómeno estudado.

5º - Não decidir de uma só vez o conteúdo preciso de um programa de leitura; reservar, com intervalos regulares, períodos de tempo dedicados à reflexão pessoal e às trocas de pontos de vista com outros investigadores.

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ONDE ENCONTRAR OS TEXTOS:

Peça conselhos ao seu orientador/colegas/especialistas

Pesquise em bibliotecas on-line credíveis (Ex. B-On; Google Scholar)

Consulte as revistas especializadas e selecione os artigos que parecem mais interessantes com base no abstrat e nas palavras-chave.

Utilize aplicações informáticas de gestão de bibliografia para arquivar os textos que selecionar (Ex. Mendeley; Endnote)

Confronte as referências bibliográficas de vários autores e destaque as obras citadas pela maioria. Use obras muito recentes para esse levantamento.

Depois do 1º levantamento bibliográfico discuta-o com o orientador/colegas/especialistas

ESCOLHA E ORGANIZAÇÃO DAS LEITURAS

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COMO LER?

É necessário um método de leitura o qual se compõe

por duas etapas indissociáveis:

• grelha de leitura

• fichas de leitura

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1 GRELHA DE LEITURA

OBRA: Durkheim, E.(1992) O Suicídio, Lisboa: Presença, pp.135 - 144 (trabalho original em francês publicado em 1897)

1. O suicídio está pouco desenvolvido nos países católicos e atinge o seu máximo nos países protestantes.

2. No entanto, o contexto socioeconómicos destes países é diferente; para evitar qualquer erro e especificar o melhor possível a influência destas religiões é preciso compará-las no seio de uma mesma sociedade.

3. Quer se comparem entre si os diferentes estados de um mesmo país (Alemanha), quer as diferentes províncias de um mesmo estado (Baviera), observa-se que os suicídios estão na razão direta do número de protestantes e na razão inversa do número dos católicos.

4. A Noruega e a Suécia parecem ser exceções. Mas existem demasiadas diferenças entre estes países escandinavos e os países da Europa central para que o protestantismo aí produza os mesmos efeitos. Se compararmos estes dois países com os que têm o mesmo nível de civilização, a Itália, por exemplo, observamos que nos primeiros as pessoas se matam duas vezes mais. Estas duas «exceções» tendem, assim, a confirmar a regra.

5. Entre os judeus os suicídios situam-se ao mesmo nível que os católicos, por vezes abaixo. Os judeus são minoritários. Nos países protestantes, os católicos também o são. O facto de ser minoritário tem, portanto, alguma influência.

6. O facto de ser minoritário apenas explica uma parte da diferença de influência das religiões sobre o suicídio. Com efeito, quando os protestantes são minoritários, suicidam-se mais do que os católicos maioritários.

Tópicos para a estrutura do textoIDEIAS - CONTEÚDOS

Projeto: precisar o efeito da religião no suicídio

Estabelecimento dos factos com ajuda dos dados

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Exemplo de Ficha de Leitura

LANZ, R. (2003), A Pedagogia Waldorf: caminho para uma ensino mais humano, S. Paulo:

Antroposófica, 247p.

Localização: B. M. P. cota L / 109-R Consulta em: Abril/2006

Síntese da Obra

Na primeira parte, intitulada A imagem do homem à luz da Antroposofia, o autor procura dar ao leitor aslinhas gerais da filosofia antroposófica de Rudolf Steiner, principalmente da sua Antropologia filosófica,que entende o homem na sua tripla dimensão (física, emocional e espiritual). A segunda parte édedicada ao desenvolvimento da criança, na perspetiva steineriana, que decorre em ciclos,aproximadamente de 7 anos, aos quais Steiner chama de setênios ( a infância; a juventude; aadolescência). Na terceira parte o autor apresenta-nos os fundamentos e princípios gerais da PedagogiaWaldorf, para numa quarta parte nos fornecer dados para a aplicação concreta desses princípiospedagógicos, referindo-se de forma particular ao jardim de infância e ensino fundamental (ensinobásico). Aqui tece algumas considerações sobre o currículo Waldorf. Ainda nesta parte, refere-se aalguns problemas da atualidade e sua relação com a pedagogia Waldorf (o brincar, a televisão, os áudio-visuais; a alfabetização na fase pré-escolar; o ensino programado; a relação criança- religião e aeducação sexual na escola. Finalmente numa quinta parte o autor apresenta-nos o modelo educativodesenvolvido nas escolas Waldorf: como surgiram, o papel do professor waldorf, o papel dos alunos edos pais, e o modelo de formação preconizado. Em apêndice, que surgiu a partir da 6ª edição Lanzapresenta-nos a sua visão pessoal quanto à utilização de computadores na educação (por quê?, quando?Como?) e alerta-nos para os riscos dos jogos electrónicos na fase infantil.

PALAVRAS – CHAVE Pedagogia WaldorfRudolf SteinerFilosofia AntroposóficaModelos Educativos

Notas: . Existe um filme

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Entrevistas exploratórias

As entrevistas exploratórias contribuem para

descobrir os aspetos a ter em conta e alargam ou

retificam o campo de investigação das leituras

É essencial que decorram de uma forma aberta e

flexível. Servem para encontrar pistas de reflexão,

ideias e hipóteses de trabalho, e não para verificar

hipóteses preestabelecidas

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Com quem é útil ter uma entrevista?

Docentes, investigadores e peritos no domínio da investigação: pessoas que conhecem o tema e têm experiência de investigação

Testemunhas privilegiadas: pessoas que pela sua posição, ação ou responsabilidades, têm um bom conhecimento do problema

Público potencial do estudo: pessoas que podem indicar a relevância do projeto de investigação na perspetiva do cliente final

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Alguns sítios interessantes

Tutorial Mendeley (CINEP) https://www.youtube.com/playlist?list=PL9OEWlKG0AkLYh9wTFARLliN4Bs3TOQou

Algumas plataformas de pesquisa de trabalhos científicos

RCAAP – Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (www.rcaap.pt)

B-on (www.b-on.pt)

Science Direct (www.sciencedirect.com)

Web of Knowledge (www.webofknowledge.com)

Google Scholar (www.scholar.google.com)