maturidade feminina na contemporaneidade amor papeis e hormonios
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PERETTI, Cllia (Org.) Congresso de Teologia da PUCPR, 10, 2011, Curitiba. Anais eletrnicos... Curitiba: Champagnat, 2011.Disponvel em: http://www.pucpr.br/eventos/congressoteologia/2011/
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Maturidade feminina na contemporaneidade: amor, papis e hormnios
The female maturity in modernity: love, papers and hormones
Iris Costa Locatelli1
Rosangela Lopes de Camargo Cardoso2
Resumo
A mulher tem em sua histria a constante e veemente luta, tanto pelo seu reconhecimento
quanto pela sua emancipao. No se conhece no quadro histrico mritos dados mulher, a
no ser o de rainha do lar, que no fosse custa de muito esforo e manifestaes. Neste
estudo exploro a identidade da mulher de 45 a 55 anos na contemporaneidade, a partir dealgumas terminologias usadas nos recortes considerados como falta de vnculos amorosos,
papis e hormnios. Propondo uma reflexo sobre a produo da noo dessa mulher na
contemporaneidade.
Palavras-chave:Mulher. Papis. Amores. Hormnios.
Abstract
The woman has in her history the constant and intense fight, even for own acknowledgmenteither for her emancipation. Its not knew over the historic merits given to the women, taking
of the title of queen of the house, other had to be joined with extreme effort and manifests.
In this study is explored the identity of the women from 45 to 55 years over the
contemporaneity, since some terminologies used over the records considered as missing of
love laces, papers and hormones. Proposing a reflexion over the production and notion about
women in contemporaneity.
Keywords:Women. Papers. Love. Hormones.
Introduo
O ambiente ps-moderno povoado pela ciberntica, pela robtica industrial, pela
biologia molecular, pela medicina nuclear, num mundo traduzido por imagens e signos, cuja
principal caracterstica ser regido pela informao, processado em bits. A velocidade com
que a tecnocincia se estabeleceu desenhou uma nova cartografia contempornea, comandada
1Biloga pela Universidade Federal do Paran. Psicloga pela Faculdade Evanglica do Paran. Especialista em
Psicoteologia e Biotica e atuante na rea clinica. E-mail:[email protected] Mestre em Educao pela Universidade Tuiuti do Paran. Psicloga pela Universidade Tuiuti do Paran.
Professora titular do Centro Universitrio Positivo. Professora adjunta da Universidade Tuiuti do Paran.
Conselheira Vice-Presidente do Conselho Regional de Psicologia, CRP 08.
mailto:[email protected]:[email protected] -
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pela transitoriedade e pela efemeridade. Essa velocidade sobre a qual o sujeito no tem
nenhuma ascendncia pode alterar a homeostase do aparelho psquico. Influncia na
capacidade de absoro de situaes novas e desconhecidas utilizando a experincia prvia,
como facilitadora desse processo, por se encontrar, continuamente, diante de algo indito, que
no se aplica ao que j est assimilado. Incorporar ou participar do turbilho contemporneo
de mudanas pode se tornar um complicador a mais para as mulheres que esto na menopausa
que, por si s, j uma poca de mudanas significativas.
Nesse contexto de verdades transitrias, a possibilidade de sentimentos de insegurana
e desamparo se instalarem muito grande. A transitoriedade e a efemeridade podem estar na
base de distrbios psicossomticos de mulheres, maciamente submetidas
superestimulaes sensoriais e cognitivas. A velocidade do novo pode suscitar tanto
distores perceptivas, quanto interferir na capacidade de pensar e simbolizar do sujeito. O
objetivo da pesquisa fazer uma reflexo sobre a mulher de 45 a 55 anos na
contemporaneidade,que se enquadram na faixa etria definida pela rea da ginecologia, como
sendo do climatrio e menopausa. Explanar como essa mulher afetada pelo contexto
contemporneo, no sentido da produo de sintomas, papis, relacionamento amoroso,
menopausa e identificar a importncia da sua independncia financeira na
contemporaneidade.A amostra foi de 50 mulheres, independentes do estado civil, religioso e
social. Todas residentes na cidade de Curitiba- Pr. O instrumento utilizado foi um
questionrio semi-estruturado com questes abertas e fechadas.
O panorama contemporneo
Bauman (2004) lembra que as mudanas no cenrio atual sejam elas de ordem poltica,
econmica, cultural ou social, aceleradas pelo avano tecnolgico, principalmente a Internet
caracteriza a contemporaneidade. No contexto da contemporaneidade (preferiu-se este termo a
modernidade ou ps-modernidade) vrios socilogos lanam olhares nostlgicos, crticos em
relao ao mundo marcado por essas mudanas, pela volatilidade.
Continuando Bauman (2000) utiliza a metfora da liquidez para caracterizar a
contemporaneidade, pois o mundo est sempre em movimento. A contemporaneidade lquido-
moderna no mais aceita modos de vida estveis, as relaes so volteis, o poder no mais
centralizado e tudo perde consistncia.
Segundo Giddens (1993) abre-se espao para um tipo de relacionamento caracterstico
do momento atual: o relacionamento puro. O relacionamento passa a ser subjetivado como
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vnculo emocional ntimo balizado pela satisfao mutuamente extrada, podendo ser
finalizado, unilateralmente, em qualquer momento da relao.
Costa (1998) afirma que a moral conjugal de hoje indica que prefervel uma solido,
articulada possibilidade de outra relao, a manter uma unio baseando-se na comodidade
ou hbito. A sociedade contempornea ocidental possui uma importante caracterstica: o
individualismo. Tal caracterstica sustentada, primeiramente, pela lgica liberal do
capitalismo, assim como pela tecnologia da informao.
A evoluo da mulher na sociedade.
Conforme Arajo (2004) conquista da mulher por um espao no mercado de trabalho
comeou de fato com a I e II Guerras Mundiais (1914-1918 e 1939-1945, respectivamente),
quando os homens foram para as frentes de batalha e as mulheres passaram a assumir os
negcios da famlia e a posio dos homens no mercado de trabalho. Mas a guerra acabou, e
com ela a vida de muitos homens que lutaram pelo pas. Alguns dos que sobreviveram ao
conflito foram mutilados e impossibilitados de voltar ao trabalho. Foi nesse momento que as
mulheres sentiram-se na obrigao de deixar a casa e os filhos para levar adiante os projetos e
o trabalho que eram realizados pelos seus maridos.
Lucena (2003) lembra que nas dcadas iniciais do sc. XX, no que se refere estrutura
familiar, o modelo consagrado o da famlia patriarcal, que se caracterizou por um longo
tempo como a espinha dorsal da sociedade, desempenhando os papis de procriao,
administrao econmica e direo poltica.
Lucena (2003) afirma que no Brasil, a mulher s pde votar por meados do sc. XX e
a ser discriminada em suas habilidades profissionais, por salrios abaixo dos pagos a homens
em igual funo. No limiar do sc. XXI v-se, com satisfao, que o quadro comea a ser
alterado e a mulher passa a ocupar outro lugar na sociedade. Num mundo globalizado, gil,
com rapidez de informaes e permanentes transformaes, ela precisou romper com o papel
que vinha desempenhando atravs dos sculoso de ser somente procriadorae passar a ter
vontade, empreendimento e ao. Seu ingresso no domnio pblico est trazendo
transformaes nas estruturas psquicas, tanto de homens quanto de mulheres e,
conseqentemente, mudanas nas atuais estruturas sociopoltico-econmicas. Com o tempo, a
mulher v sua razo se fortalecer.
Gikovate (2010) complementa que a maturidade o resultado de um crescente
autocontrole, a mulher torna-se mais independente, emocionalmente auto-suficiente, tolera
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melhor as frustraes inevitveis da vida, e no precisa usar de subterfgios para se livrar
delas.
Conforme Gouveia et al (2006) na contemporaneidade, a prevalncia do estresse
feminino tem se elevado bastante, apontando para uma realidade que merece ser estudada e
aprofundada. Percebe-se, ento que a mulher no foi trocando de papel, mas sim, acumulando
cada vez mais funes no mbito social. Ou seja, se antes ela s cuidava da casa e dos filhos,
agora ela se apropria de mltiplas capacidades: me, dona de casa, boa amante, companheira e
profissional de alto nvel.
Famlia
Anton (2002), a idia de famlia expressa por uma infinidade de imagens, como casa,
lar e ninho, quase sempre associados proteo, aconchego, calor e alegrias compartilhados.
Na prtica, porm muitas famlias seriam mais bem representadas por uma priso, uma vez
que suas leis so intransigentes e limitadoras e seus laos transformam-se em grilhes.
Minuchin (2009) lembra que a formao de um casal um ato de alquimia no qual
dois indivduos tentam juntar suas vidas sem desistir de suas individualidades. Acomodao
permite-lhes tornarem-se um, definio de fronteiras permite-lhes permanecerem dois. Poucas
coisas na vida so to difceis de acertar. E diferente da maioria das coisas, no fica mais fcil
na segunda tentativa.
Hackner et al (2002), a famlia contempornea enfrenta diversas mudanas em sua
configurao e estrutura, no entanto, o casamento continua sendo um momento significativo
do ciclo vital individual e familiar.
Amor
Braz (2006) relata que o amor a condio fundamental para o nascimento
ontogentico da pessoa. Ele participou e participa ativamente da evoluo e estruturao do
self,porque capaz de aproximar a pessoa de sua essncia, por propiciar o desenvolvimento
de relaes sociais dentre outras coisas.
Continuando Braz (2006) ainda lembra que o amor uma caracterstica prpria do ser
humano, uma tendncia inata da espcie e um dos responsveis pelo crescimento e
desenvolvimento de todos ns humanos. As pessoas ainda colocam o amor como um valor;
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elas podem interessar-se por vrias pessoas, mas no amar mais que uma. Em outras palavras,
as pessoas vivem a exclusividade no relacionamento amoroso.
Casamento
Anton (2002) lembra que cada cultura tem seus ritos de passagem, merecendo
destaque o casamento. Krom (2000), escreve que no momento em que se executam os
rituais,freqentemente a memria familiar resgatada e se contam histrias,validam-se a
experincia de estar juntos.
Cicchelli (2000) diz que a idia de casamento indissolvel j no a nica forma de
conceber os relacionamentos conjugais, pois so muitos os casais que, por exemplo, decidem
viver em unio no formalizada, ou mesmo os que casam, mas permanecem morando em
locais separados. Alguns fatores, como um aumento da individualidade e de uma diminuio
da tolerncia frente s dificuldades inerentes ao cotidiano, levam os casais a optar pela
separao.
Cicchelli (2000) sob esse prisma, os relacionamentos adquirem uma nova perspectiva,
sendo vividos como temporrios e descartveis. As relaes conjugais atingiram sua
maturidade representando, verdadeiramente, um ato de vontade, regidas pelas necessidades e
anseios de prazer e realizao estabelecidos livremente pelo casal.
Divrcio
Carter (1995) em todo o mundo, o conceito de famlia nuclear e a instituio
casamento intimamente ligada famlia, passaram por transformaes. A expresso mais
marcante dessas transformaes ocorreu no final da dcada de 60: cresceu o nmero de
separaes e divrcios, a religio foi perdendo sua fora, no mais conseguindo segurar
casamentos com relaes insatisfatrias, a igualdade passou a ser um pressuposto em muitas
relaes matrimoniais.
Carter (1995), o divrcio o maior rompimento no processo de ciclo de vida familiar,
aumentando a complexidade das tarefas desenvolvimentais que a famlia est experenciando
naquela fase. As tarefas normais do ciclo de vida, interrompidas e alteradas pelo processo de
divrcio, continuam com maior complexidade, devido s fases concomitantes deste processo.
Cada fase seguinte do ciclo de vida fica afetada pelo divrcio e, portanto, deve serconsiderada no contexto dual do prprio estgio e dos efeitos residuais do divrcio.
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Os especialistas sustentam que as relaes familiares, ao longo das ltimas dcadas
nos pases ocidentais passaram por mudanas nos padres familiares, antes imaginveis. No
mundo contemporneo, a grande diversidade de famlias e formas de agregados familiares
tornou-se um trao distinto.
Hormnios
Fernandes e Wehba (1995); Ren Junior (2002) na fisiologia humana, no climatrio,
ocorrem decrscimos hormonais ovarianos progressivos, culminando com a falncia ovariana
decorrente do esgotamento folicular. A diminuio progressiva da produo de estrgeno
pelos ovrios provoca irregularidades menstruais, num processo de mudanas gradativas, com
abrangncia de cerca de 30 anos. Seu incio se d por volta dos 40 anos e, sua fase final
denominada climatrio tardio se localiza ao redor dos 65 anos de idade.
Os fatores psicolgicos mais comumente mencionados so nervosismo, depresso,
insnia, irritabilidade, labilidade emocional e alteraes de humor, problemas de memria,
diminuio da libido e pr-disposio ao estresse. Bossemeyer (1999); Lopes (1999); Halbe
(1999); Soares e Almeida (1999); Melo e Pompei (2002); Ren Jnior (2002). Quanto aos
aspectos cognitivos, h evidncias de falhas de memria em mulheres climatricas.
As pesquisas constataram que a habilidade verbal fica preservada. Na sociedade
contempornea ocidental, na qual se inclui o Brasil, a representao social do climatrio est
associada ao envelhecimento. Estar fora dos padres idealizados e veiculados pela mdia pode
fazer com que algumas mulheres de meia idade se sintam diante de certa excluso. Numa
cultura de culto ao corpo, de investimento macio na imagem, as perdas de atrativos
decorrentes dos processos corporais presentes no climatrio, podem ser vivenciadas atravs de
sentimentos de rejeio, de excluso e de desamparo.
Papis
Bauman (2004) diz que a mulher vem mudando o seu papel na sociedade no decorrer
das dcadas. Anteriormente, restrita ao ambiente familiar, hoje ela assume diferentes papes e
vem conquistando espaos at ento restritos, como a valorizao profissional, a
independncia a busca da beleza para satisfao pessoal. O ideal da boa esposa e me no
desaparece de modo algum, mas a retrica sacrifical que a acompanhava at ento se encontramascarada pelas normas individualistas do bem estar e da seduo.
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Confortin (2003) sintetiza as caractersticas da mulher da contemporaneidade
atribuindo-lhe o esprito de liderana na construo de uma nova cultura social, familiar, na
conduo de atitudes sociais e de novas formas de pensar que conduzem a novos horizontes
ideolgicos, culturais, espirituais e, tambm, artsticos, esportivos e tcnicos. Ela deve ser
capaz de lidar com a baixa auto-estima, isto , trabalhar com sentimentos como o afeto, o
autoritarismo, a afetividade, caractersticas da maturidade.
Resultados e discusso
A anlise, feita atravs da discusso dos dados levantados pela pesquisa, mostrou que
no mundo contemporneo, h um declnio das velhas identidades (tradies). Conforme dados
da pesquisa 18% das mulheres desejam continuar trabalhando, 14% querem estudar, 12%
continuar feliz, 12% viajar, 8% aposentar e 36% viver em famlia. Observou-se que 64%
dessas mulheres tm vida social ativa e 36% regular.
Para Costa (2000) as relaes conjugais atingiram sua maturidade representando,
verdadeiramente, um ato de vontade. Observou que 58% das participantes so casadas, 20%
delas so divorciadas, 10% so separadas, 8% so solteiras e 4% delas esta namorando.
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Gouveia et al (2006) lembra que a mulher no foi trocando de papel, mas sim,
acumulando cada vez mais funes no mbito social. Ou seja, se antes ela s cuidava da casa
e dos filhos, agora ela se apropria de mltiplas capacidades: me, dona de casa, boa amante,
companheira e profissional.
Atravs dos resultados desta pesquisa percebeu-se que uma vida scio-afetiva
satisfatria aliada a investimentos em qualidade de vida, constitui suporte positivo, para esta
fase da vida. Quanto s atividades que lhe do prazer, 68 % tm vrias atividades prazerosas,
28% tm uma atividade prazerosa e 4% no tem nenhuma atividade prazerosa.
Outra pergunta feita as participantes em relao menopausa, 90% delas respondeu
que no se incomodam e 10% dizem se incomodar. Isso se deve porque 68% vo ao mdico e
32% no vo buscar informaes sobre os sintomas da menopausa. Quanto aos aspectos
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cognitivos pesquisa mostrou que 60% no apresentam comprometimento cognitivo e 40%
apresentam, falhas de memria.
Concluso
Neste breve percurso sobre o tema da maturidade feminina percebeu-se que as
mulheres devem ser vistas biopsicossocial e holisticamente, em toda a sua complexidade e
subjetividade. A pesquisa mostrou que diante de tantas mudanas o casamento continua sendo
um momento significativo no ciclo vital individual e familiar e os laos familiares continuam
essenciais no declnio sistmico. Devemos estar alerta para o fato de a menopausa estar sendo
vista como doena, quando, na verdade, trata-se de mais uma etapa natural do ciclo
reprodutivo feminino e este momento de crise deve ser visto como oportunidade de
crescimento e de reavaliao. Opes passadas, atuais e futuras podem ser reconsideradas sob
o prisma de novas necessidades.O pensamento contemporneo prope novos horizontes para
a ao humana no sentido da liberdade, diversidade e tolerncia. A pesquisa revelou ainda que
a contemporaneidade pede um trabalho no s com a mulher,mas com o sistema e
subsistemas. Adaptar-se ao mundo com menos sofrimento o objetivo do trabalho do
psiclogo.Quem pensa sistematicamente no trabalha com erros, trabalha com situaes no
mximo inadequadas. No podemos pensar numa psicologia sistmica sem pensarmos na
tica e na moral.
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