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1 MATRIMÓNIO O CASAMENTO ENQUANTO SACRAMENTO A realidade do amor que nos une não é um mero: sentimento; jogo de prazeres individuais; contrato de vida em comum; um mérito ou conquis- ta do nosso esforço; acaso… sem significado…; nem sequer, um destino… sem liberdade. Ao invés, este amor que nos une é: obra de Deus em nós («o amor vem de Deus»); escolha de Deus, por amor a cada um de nós («fui Eu que vos escolhi»); uma história do amor de Deus em (por) nós! Na verdade, diante da Igreja, este «amor conjugal» oferece-se publi- camente como um grande «sinal»! Sinal vivo, sinal eficaz, sinal operativo: do amor gratuito de Deus ao seu Povo (um amor fiel, eterno, um amor de «aliança», de entrega); do amor de Cristo pela sua Igreja (um amor crucifica- do, sacrificado, oblativo). Quer dizer que, no nosso amor de esposos, se sig- nifica, realiza e exprime o amor de Deus pelo seu povo, concretizado no amor de Cristo que se entregou pela Igreja. Portanto este «encontro das nossas vidas» cruzadas no «amor de Deus» por nós, é um Sacramento! Assim, ao celebrar «em Igreja, diante da «comunidade» o nosso amor, como «sacramento» do amor divino, nós, os esposos, não vamos: simplesmente «legalizar moralmente» o casamento; fazer nenhuma «apólice» de seguro de casamento; ou magicamente buscar o que ainda não temos… Mas vamos: tornar presente, de maneira pública e diante de toda a Igreja, um amor indiviso, fiel e fecundo que é reconhecido como «graça de Deus»; «levar ao altar» o que Deus primeiro fez chegar aos nos- sos corações…; acolher a graça de Deus, o seu «sim» irrevogável; como ministros do sacramento, celebrar uma comunhão que é presença plena da

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MATRIMÓNIO

O CASAMENTO ENQUANTO SACRAMENTO A realidade do amor que nos une não é um mero: sentimento; jogo de prazeres individuais; contrato de vida em comum; um mérito ou conquis-ta do nosso esforço; acaso… sem significado…; nem sequer, um destino… sem liberdade. Ao invés, este amor que nos une é: obra de Deus em nós («o amor vem de Deus»); escolha de Deus, por amor a cada um de nós («fui Eu que vos escolhi»); uma história do amor de Deus em (por) nós! Na verdade, diante da Igreja, este «amor conjugal» oferece-se publi-camente como um grande «sinal»! Sinal vivo, sinal eficaz, sinal operativo: do amor gratuito de Deus ao seu Povo (um amor fiel, eterno, um amor de «aliança», de entrega); do amor de Cristo pela sua Igreja (um amor crucifica-do, sacrificado, oblativo). Quer dizer que, no nosso amor de esposos, se sig-nifica, realiza e exprime o amor de Deus pelo seu povo, concretizado no amor de Cristo que se entregou pela Igreja. Portanto este «encontro das nossas vidas» cruzadas no «amor de Deus» por nós, é um Sacramento! Assim, ao celebrar «em Igreja, diante da «comunidade» o nosso amor, como «sacramento» do amor divino, nós, os esposos, não vamos: simplesmente «legalizar moralmente» o casamento; fazer nenhuma «apólice» de seguro de casamento; ou magicamente buscar o que ainda não temos… Mas vamos: tornar presente, de maneira pública e diante de toda a Igreja, um amor indiviso, fiel e fecundo que é reconhecido como «graça de Deus»; «levar ao altar» o que Deus primeiro fez chegar aos nos-sos corações…; acolher a graça de Deus, o seu «sim» irrevogável; como ministros do sacramento, celebrar uma comunhão que é presença plena da

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graça de Deus entre os homens; através da bênção, nós, os esposos, recebe-mos o Espírito Santo, como «comunhão de amor»! Pelo facto de sermos batizados e pelo facto de aceitarmos uma missão, nós, os esposos casados cristãmente, constituímos uma família cristã e somos chamados a receber os filhos com um dom de Deus, e a educá-los segundo a lei de Cristo e da Igreja. Os esposos casados apenas civilmente podem, se for o caso, viver esta mesma realidade de amor. Nem por isso o seu amor deixa de ser obra de Deus! Mas falta-lhes a consciência e o sentido, a experiência e a vivência, do casamento como «obra de Deus», como «testemunho de vida cristã», como «sacramento do amor de Cristo». Não o tendo celebrado «em Igreja», a realidade do amor deste casamento, embora existente, não foi assumida nem celebrada nem testemunhada como obra do amor de Deus!

CARACTERÍSTICAS DO CASAMENTO CRISTÃO - O amor no centro da vida do casal e da família cristã. O amor é uma exi-gência e um dom. Fala-se de amor “eros”, mas, necessariamente, de amor “agapê”! - O matrimónio como escola de fidelidade, uma entrada progressiva no mistério do amor único. Da mesma maneira que Deus é o Único Senhor, os cristãos aprendem a viver com uma única pessoa ao longo dos dias, a enve-lhecer em conjunto com essa pessoa, e amando-se sempre. É uma escola de unidade e unicidade indissolúveis. - A diferença sexual como um valor incontornável. A humanidade é homem e mulher. Homem e mulher Deus os criou. - O lugar reservado aos filhos (abertura à fecundidade do amor). Desde sempre judeus e cristão negam infanticídios e abortos. Além disso a vida não é apenas uma realidade biológica. Biblicamente, os pais dão a vida bio-lógica e ensinam depois o que fazer com ela. E tudo isso é “dar vida”. - O sentido de pertença a um corpo mais vasto. O Cristianismo fala de famí-lia como célula, mas nunca esquecerá a família como pertencendo a uma realidade mais vasta: uma célula que não vive se não estiver integrada num corpo. Isolada terá todas as oportunidades para morrer. Integrada num cor-po, a família tornar-se-á ela mesma integradora.

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IMPEDIMENTOS - Idade (c.1083): não pode contrair matrimónio válido, o homem menor de 16 anos e a mulher antes dos 14 anos. - Impotência (c.1084, & 1): Esse estado “consiste na incapacidade antece-dente e perpétua, quer absoluta, quer relativa, de realizar a cópula conju-gal”. Esclarece-se que a impotência que impede o matrimónio é diferente da esterilidade que, no caso, não proíbe nem dirime o matrimónio. - Vínculo Matrimonial (c. 1085): a existência de um vínculo anterior traduz-se em impedimento para contrair novas núpcias, mesmo que não tenha havido consumação do matrimónio anterior. - Ordem Sagrada (c. 1087): é inválido o matrimónio de quem recebeu ordens sagradas. Esse impedimento afeta também os diáconos permanen-tes que, embora não estejam sujeitos à lei do celibato, ao se tornarem viú-vos estão submetidos ao impedimento de ordem sagrada para contrair novas núpcias. - Profissão Religiosa (c.1088): é inválido o matrimónio dos que estão ligados por voto público de castidade a instituto religioso de direito pontifício. - Rapto (c.1089): dá-se quando a mulher é violentamente arrebatada e reti-da para fins matrimoniais; e cessa quando a mulher, colocada em lugar seguro, manifesta o seu consentimento. - Crime (c.1090): é inválido o matrimónio de quem, com o intuito de con-trair núpcias com determinada pessoa, causa a morte do cônjuge dessa pes-soa ou do próprio cônjuge. Também é inválido o matrimónio quando existe a cooperação dos dois futuros esposos no homicídio. Quem é mandante na morte de seu cônjuge, também incorre nesse impedimento. O homicídio deve ser necessariamente doloso. - Consanguinidade (c.1091): na linha reta de consanguinidade é nulo o matrimónio entre todos os ascendentes e descendentes, tanto legítimos como naturais. Na linha colateral, a nulidade matrimonial estende-se até ao quarto grau inclusive. Por consanguinidade, entende-se a relação existente entre um grupo de pessoas que procedem, por geração, de um tronco comum. Após a mudança na contagem dos graus na linha colateral, de acor-do com o Código de Direito Canónico, “ficam proibidos os casamentos entre colaterais até primos irmãos (antes, até primos em segundo grau), e entre tio (a), avô (avó), sobrinho (a) e neto (a)”. - Afinidade (c. 1092): a definição de afinidade, conforme o cânone 109, é a relação existente entre um cônjuge e os consanguíneos do outro. Essa afini-

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dade, sendo em “linha reta torna nulo o matrimónio em qualquer grau”. Na reforma do Código de Direito Canónico, desapareceu o impedimento de afinidade na linha colateral. - Pública Honestidade (c.1093): esse impedimento tem a sua origem no matrimónio inválido após instaurada a vida em comum ou concubinato notório ou público. O impedimento surge das seguintes circunstâncias: matrimónio inválido depois de instaurada a vida em comum sob a aparência de vida matrimonial, concubinato público ou notório, isto é, deve existir uma união estável com aparência de vida matrimonial. - Parentesco Legal (c. 1094): contraem invalidamente matrimónio entre si os que são ligados por parentesco legal surgido de adoção, isto em linha reta ou no segundo grau da linha colateral. Portanto, é inválido o matrimó-nio nos seguintes casos: entre o adotante e o adotado; entre o adotante e o cônjuge do adotado; entre o adotado e o cônjuge do adotante; entre o ado-tado e o filho superveniente ao pai ou a mãe adotiva. Porém não existe impedimento entre o adotado e o filho nascido antes da adoção. Ter em conta também: - Incapacidades (c. 1095): São incapazes de contrair matrimónio: l.° os que carecem do uso suficiente da razão; 2.° os que sofrem de defeito grave de discrição do juízo acerca dos direitos e deveres essenciais do matrimónio, que se devem dar e receber mutuamente; 3° os que por causas de natureza psíquica não podem assumir as obrigações essenciais do matrimónio. - Ignorância (c. 1096): é necessá-rio que os contraentes pelo menos não ignorem que o matrimónio é um consórcio permanente entre um homem e uma mulher, ordenado à procriação de filhos, me­diante alguma coopera-ção sexual. Tal ignorância depois da puberdade não se presume. - Engano involuntário (c. 1097): O erro acerca da pessoa ou da qualidade da pessoa torna inválido o matrimónio. - Engano voluntário (c. 1098): Quem contrai matrimónio enganado por dolo, perpetrado para obter o consentimento, acerca de uma qualidade da outra parte, que, por sua natu­reza, possa perturbar gravemente o consór-cio da vida conjugal, contrai-o invalida­mente. - Condição futura (c. 1102): Não se pode contrair validamente matrimónio sob condição de um facto futuro. O matrimónio contraído sob a condição de um facto passado ou presente é válido ou não, consoante existe ou não o objeto da condição.

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- Violência ou medo grave (c. 1103): É inválido o matrimónio celebrado por violência ou por medo grave, incutido por uma causa externa, ainda que não dirigido para extorquir o consentimento, para se libertar do qual alguém se veja obrigado a contrair matri­mónio. - Presença (c. 1104): Para contraírem validamente matrimónio é necessário que os contraentes se encontrem simultaneamente presentes, por si mes-mos ou por procurador. - Assistência (c. 1108): somente são válidos os matrimónios contraídos perante o Ordinário do lugar ou pároco, ou o sacerdote ou diácono delega-do por um deles, e ainda perante duas testemunhas.

VAMOS CASAR E AGORA?

1. MARCAÇÃO DO MATRIMÓNIO Os nubentes que pretendem contrair matrimónio católico devem dar conhecimento da sua intenção ao Pároco onde vai ser celebrado o matrimó-nio, pelo menos com seis meses de antecedência, agendando o local, a hora, e a data da celebração, bem como da respetiva preparação pastoral. Na nossa Unidade Pastoral de Cantanhede, a marcação faz-se na Secretaria Paroquial.

2. INSTRUÇÃO DO PROCESSO PARA CASAMENTO CATÓLICO a. PROCESSO CIVIL - Cabe aos nubentes organizarem o Processo Civil para casamento. Este é tratado, na Conservatória do Registo Civil, da residência de um de vós (regra geral, da noiva), mas, se vos for conveniente, pode ser tratado noutra Con-servatória. - Na Conservatória, é obrigatória a presença pessoal de ambos. Devem fazer-se acompanhar dos respetivos documentos de identificação: Bilhete de

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Identidade, Cartão de Cidadão ou Passaporte (no caso dos anteriores não estarem válidos). - Se já sois casados civilmente, basta pedir na Conservatória uma cópia do Assento de Casamento, devidamente certificada e autenticada (tendo em conta o prazo de validade da sua emissão - 6 meses). - Se não sois casados civilmente (solteiros, divorciados civilmente ou viú-vos), deveis comparecer na Conservatória - 5 meses antes da data prevista para o casamento - para dar início ao Processo Preliminar de Publicações do Registo Civil, e assim obterdes, o Certificado para Casamento Católico. Deveis mencionar a data do casamento e a paróquia onde se vai realizar. Neste Certificado deve constar o regime de bens, que decidistes adotar (comunhão geral de bens, separação de bens, comunhão de bens adquiri-dos). - A cópia do Assento de Casamento ou o Certificado para Casamento deve ser entregue, logo que obtido, na Paróquia onde for instruído o Processo Canónico (ou religioso) de Casamento. b. PROCESSO CANÓNICO - O Processo canónico é instruído pelo pároco de um dos noivos, através do Cartório Paroquial; regra geral, é o pároco da noiva a fazê-lo. - Deveis tratar com o Cartório Paroquial a organização do Processo, no míni-mo com 4 meses de antecedência (se um de vós tiver nascido ou viver no estrangeiro, este prazo precisa de ser mais alongado, uma vez que é conve-niente pedir, através do Pároco, o seu Certificado de Batismo e de Estado Livre). - Para tal é necessário:

˃ Documentos de identificação civil; ˃ Locais confirmados de batismo de ambos os noivos; ˃ Apresentação da certidão de casamento civil (caso já estejam casados civilmente), ou da declaração da Conservatória que o auto-riza; ˃ Poderão ser solicitados outros documentos.

- O pároco avisar-vos-á de que será feita a averiguação pública da ausência de impedimentos, por meio de afixação na igreja, que deverá abranger dois domingos. - Deveis mencionar se quereis adotar apelidos um do outro, informando como ficarão os vossos nomes após o casamento.

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- Também é necessário mencionar quem serão as vossas Testemunhas de Casamento:

˃ São indispensáveis, no mínimo, duas testemunhas, (mas podem ser três ou quatro). ˃ As testemunhas não têm a mesma missão dos «padrinhos» no Batismo; são apenas testemunhas da celebração. Têm de ser de maior idade, saber e poder assinar no dia do casamento. Procurai que sejam pessoas capazes de participar dignamente na celebração. ˃ É preciso indicar os dados identificativos de duas das testemunhas (nome completo, estado civil, residência completa) e anexar ao pro-cesso religioso, as fotocópias dos respetivos bilhetes de identidade ou cartões de cidadão. No caso de serem cidadãos estrangeiros, ou residirem fora do país, o documento mais indicado é o passaporte.

- Casos processuais específicos ˃ No caso de os nubentes residirem numa paróquia fora da Diocese de Coimbra, o pároco do lugar de residência enviará o Processo para a Cúria da Diocese a que pertence, indicando a Paróquia e a Diocese em que se realizará o matrimónio, de forma a obter a licença reque-rida. Obtida a licença, o Pároco do lugar de residência encaminhá-la-á para a Paróquia onde se realizará o matrimónio, que por sua vez pedirá a atestação final à Cúria Diocesana de Coimbra. ˃ No caso de os nubentes residirem numa paróquia dentro da Dioce-se de Coimbra, mas fora da nossa Unidade Pastoral, o pároco do lugar de residência enviará o Processo para a Cúria Diocesana de Coimbra, indicando a Paróquia em que se realizará o matrimónio, de forma que a Diocese já fará chegar à paróquia que organiza o Processo a atestação final (que por sua vez a fará chegar à Paróquia onde se realizará o casamento). ˃ No caso de emigrantes, com residência fora de Portugal, que tenham casado civilmente no estrangeiro, devem pedir numa C.R.C. portuguesa a autenticação da sua Certidão de Casamento estrangei-ra (autenticação válida durante 6 meses). ˃ No caso de emigrantes, com residência fora de Portugal, a organi-zação do processo religioso fica a cargo da sua paróquia de residên-cia (no estrangeiro). O pároco ou Cúria Diocesana do lugar de resi-dência, normalmente, transfere o Processo diretamente para a Cúria Diocesana de Coimbra, que por sua vez enviará a atestação final para a paróquia onde se celebrará o matrimónio, com a indica-

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ção dos emolumentos necessários a pagar. ˃ Como norma, não é possível celebrar o matrimónio sem que este tenha efeitos civis.

3. PREPARAÇÃO PASTORAL DO SACRAMENTO - A preparação para o matrimónio, para a vida conjugal e familiar, é de importância relevante para o bem da Igreja. De facto, o sacramento do Matrimónio tem um grande valor para toda a comunidade cristã e, em pri-meiro lugar, para os esposos, cuja decisão é tal que não poderia ser sujeita à improvisação ou a escolhas apressadas. - A vossa preparação pastoral faz-se, pela vossa frequência assídua num “CPM” (Centro de Preparação para o Matrimónio). Não se trata de um “curso” mas de um conjunto de reflexões partilhadas, que vos ajudam a compreender o alcance, as exigências e consequências do casamento católi-co.

ASPETOS A CONSIDERAR NA PREPARAÇÃO MATRIMONIAL Um projeto de vida em comum Ter um projeto de casal é saber o que queremos como casal, pensar o que queremos fazer tu e eu juntos, e como o vamos conseguir. Mas cuida-do, que não seja um projeto que é o somatório do que quereis fazer cada um de vós, mas o que quereis ser os dois como casal, do que ides viver jun-tos e partilhar. Para isso, é necessário: desenvolver uma atitude positiva, (dialogar sobre o projeto a elaborar); confiar mutuamente um no outro; estar abertos à realidade de nosso par; e ser realistas (devemos saber quais são as nossas possibilidades para não fazer um projeto que nos seja impos-sível levar à prática). Por outro lado, num projeto de par devem estar contempladas as diferentes dimensões que é capaz de desenvolver o ser humano: religiosa, afetiva, sexual, paternidade-maternidade, relação com as famílias respeti-vas, cultural-intelectual, trabalho, amizades, lazer, uso dos bens e do dinhei-ro, etc.

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Sexualidade: um dom para amar A sexualidade deve situar-se sempre na esfera do amor à pessoa do outro e converter-se no sinal expressivo desse amor. Frequentemente, na nossa sociedade atual, existe um conhecimento pormenorizado da ativida-de sexual, mas falta muitas vezes conhecer o seu sentido e significado para o ser humano, falta uma visão unitária e integradora da sexualidade na tota-lidade do ser humano como ser pessoal. Por outro lado, o Papa João Paulo II diz-nos que “o amor conjugal fecundo se expressa num serviço à vida que tem muitas formas, das quais a geração e a educação são as mais imediatas, próprias e insubstituíveis”. O Concílio Vaticano II pede aos esposos que cumpram a sua missão de trans-mitir a vida com responsabilidade humana e cristã. Os filhos devem ser fru-to do amor maduro e responsável dos cônjuges. Corresponde, pois, aos esposos decidir com responsabilidade sobre a sua fecundidade. Para isso devem: atender ao seu bem pessoal; atender ao bem dos filhos, tanto dos já nascidos como dos que podem vir a nascer; discernir sobre as circunstâncias (de saúde, habitação, económicas); avaliar, no âmbito do planeamento familiar, a escolha do método a usar (segundo um critério médico e moral, e segundo a consciência do casal). Matrimónio e relações externas As famílias respetivas

É bonito verificar que partindo de duas famílias ides criar uma nova. Ao criar a vossa família há uma percentagem muito grande de possibilida-des que tomeis como modelo de referência a vossa própria família e isto pode acontecer mesmo no caso de gostardes pouco da forma de atuar da vossa família ou que tenhais prometido a vós mesmos que não faríeis a mesma coisa. Isto significa que as vossas famílias respetivas são um ponto de referência importante e estão, de alguma forma, presentes na hora de iniciardes a vossa caminhada. Apesar disto, não significa que o vosso matrimónio seja uma conti-nuação do dos vossos pais, nem que a vossa família seja uma prolongação da deles. Deveis ter cuidado com as ingerências ou intromissões dos vos-sos pais no vosso projeto familiar. Seguramente que o farão com a sã intenção de vos ajudar nos primeiros passos de casados, uma vez que tam-

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bém o fizeram no início da vossa vida. Mas não é a mesma coisa; agora sois adultos e é a vossa felicidade que está em jogo. São muitos os casos de separação matrimonial que de têm a sua origem precisamente na intro-missão dos pais na vida novo casal.

Amizades

O facto de se terem descoberto como “um para o outro” não supõe que abandoneis as vossas amizades. Pelo contrário podeis enriquecer-vos incorporando os amigos de cada um aos dois e fazendo novos amigos jun-tos. Não podemos viver fechados em nós mesmos, temos de estar abertos aos outros. Num primeiro momento podeis precisar de estar sozinhos para vos irdes fazendo como casal (matrimónio), mas logo dareis conta que o vosso crescimento como casal é mais profundo se vos abrirdes às outras realidades que vos rodeiam e que encerrais em vós mesmos.

Lazer (ócio) Nós precisamos de ter um lazer e um tempo livre para a nossa realiza-ção pessoal. Muitas vezes temos que realizar um trabalho que não é o que tínhamos desejado nem o que melhor satisfaz a nossa vocação, mas é o que temos e que nos permite viver e realizar o nosso projeto. Nestas situações o lazer e o tempo livre são o caminho ideal para realizar os nossos desejos e aspirações. E quando o trabalho responde à nossa vocação o tempo livre torna-se o complemento ideal para não nos esgotar nesse trabalho que, porque gostamos e nos preenche pode acabar por nos deixar sem tempo livre para nós e para o outro. Não esqueçamos que, numa perspetiva cristã, o lazer e o tempo livre devem ser bons para nós e para ajudar os outros.

É bom tentar algum tipo de atividade em comum, de desfrutar juntos ou pelo menos aumentar a variedade de interesses, tentando saber e par-ticipar do que faz o cônjuge, em vez de a reduzir porque ao outro não lhe agrada o que faz o seu par.

Economia

A economia familiar viu-se modificada favoravelmente com o traba-lho da mulher fora de casa, mas isto pode supor um esforço maior para a esposa, que nem sempre encontra a sua compensação no apreço e com-preensão que merece. Por isso, é aconselhável que no projeto de casal se tenha em conta estes aspetos e se realce o facto de partilhar tudo, os

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benefícios e o esforço. Já é frequente que um casal pense numa partilha equilibrada das tarefas domésticas e tomem decisões juntos nas despesas da casa e da família. Este novo estilo de vida exige maior diálogo e comunicação entre o casal para chegar a acordos e compromissos sobre o que é necessário, conveniente e o que pode ser prescindível em determinadas situações. Mas o mais importante neste tema é perguntarmo-nos pelas atitudes que devemos adotar frente ao dinheiro. Que prioridades vamos ter em conta. Vai ser só para nós ou vamos poder ajudar outros. Temos de estar conscientes que há necessidades no mundo que nós devemos ajudar com nossa contribuição económica.

Trabalho profissional

O trabalho de ambos os cônjuges deve servir para procurar um bom desenvolvimento harmónico da sua personalidade, de forma a que os dois possam ver realizadas as suas aspirações profissionais. Mas isto que pode e deve ser positivo para o par não deve ser um obstáculo nas suas relações pessoais e familiares. O trabalho não deve separar o casal, e se os horá-rios de ambos lhes dificulta a comunicação e o diálogo, devem fazer um esforço comum para superar este inconveniente da melhor maneira possí-vel em vez de se resignar a “como temos estes horários nós apenas nos vemos e apenas falamos”. Como crentes temos que procurar um sentido para o trabalho, e podemos encontrá-lo se o vemos como a nossa contribuição e colabora-ção no plano criador de Deus.

Deus na vida do Casal Cristão O sacramento do Matrimónio é um sacramento de celebração contí-nua. A nossa vida torna-se liturgia. Tu e eu, marido e mulher, somos sacra-mento para os nossos filhos. É o primeiro lugar onde Deus se faz próximo e se torna presente. E a nossa casa deverá ser para todos os que a visitam lugar de encontro com Deus. Lugar onde se sintam acolhidos, escutados, compreendidos. Para isso precisamos descobrir no evangelho como acolhia, escutava e compreendia Cristo aos que se aproximavam dele. Sugestões de vivência cristã do Matrimónio: oração conjugal; viver a fé em comunidade; o diálogo conjugal.

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4. PREPARAÇÃO PRÓXIMA DA CELEBRAÇÃO - Preparar bem a Celebração Litúrgica do Matrimónio é muito importante. A Paróquia fornece um guião, com o esquema da celebração, com propostas de orações e leituras bíblicas diversificadas, que os noivos podem escolher ou então deixar a sua seleção ao critério do sacerdote ou do diácono, ofi-ciantes da celebração. - Se tiverdes intenções de fazer um guião para o dia do vosso casamento, devereis apresentar a proposta do mesmo, para ser aprovado pelo oficiante da celebração (se este não for o pároco, também devereis apresentar a pro-posta ao pároco). - Em princípio, deve oficiar o casamento o pároco ou um dos diáconos ao serviço da paróquia. Mas nada impede que algum padre (ou diácono) fami-liar ou amigo o faça, com o conhecimento e consentimento do pároco (para que possa ser emitida a devida jurisdição, devem fornecer ao Cartório, os dados e o contacto do oficiante). - A Preparação próxima para a celebração (pormenores da celebração, leitu-ras, cânticos, comunhão, entrega do ramo…) é feita nas semanas que ante-cedem o casamento, em encontro marcado com o pároco. Se desta prepa-ração se concluir que irão Comungar no dia do casamento, terão que mar-car o Sacramento da Reconciliação – Confissão - com o pároco (normalmente acontece na semana do casamento; mas podem confessar-se com outro padre).

5. ORNAMENTAÇÃO FLORAL - Vós não sois obrigados a providenciar a ornamentação floral da Igreja. Por norma existe sempre uma ornamentação básica (exceto durante o Advento e a Quaresma). Se pretenderdes uma ornamentação mais condigna ou festi-va, tereis de o sugerir previamente. - A compra das flores (tipo e quantidade), o arranjo, assim como os lugares da ornamentação, devem ser sempre combinadas por vós com a zeladora.

6. MÚSICA LITÚRGICA NA CELEBRAÇÃO DO MATRIMÓNIO

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- Não é obrigatória a participação de um grupo coral, na celebração do matrimónio. Mas ela é bem-vinda. - A Paróquia não possui nenhum grupo coral que preste serviço na celebra-ção litúrgica do casamento, mas, em último recurso pode fornecer um ou outro contacto de pessoas ligadas à paróquia que vos podem ajudar nesse sentido. Neste caso, os noivos não pagam qualquer emolumento à paróquia pelo serviço da música ou pela permissão do mesmo, mas, como forma de moderação dos pedidos e de gratificação pelo serviço, é normal que os noi-vos tenham que pagar uma verba (a combinar com a pessoa que prestará o serviço). - Se outro coro ou solista ou entidade cultural, pretender fazer a animação litúrgico-musical da celebração, deverão obter autorização do pároco e sub-meter previamente o programa musical à aprovação do mesmo.

7. REPORTAGEM FOTOGRÁFICA E DE VÍDEO - É justo que queirais fazer um registo fotográfico e de vídeo da celebração do matrimónio. Para tal, deveis optar por um fotógrafo profissional, exigin-do-se a autorização do pároco, bem como o consentimento do oficiante, dado antes da celebração. - Na celebração, não deverá haver mais que um fotógrafo e um operador de vídeo. Estes devem ocupar, durante a celebração, o lugar que lhes foi pre-viamente indicado e autorizado.

8. DESPESAS a. PROCESSO CIVIL

Certificado para Casamento – sem convenção 120,00€ Certificado para Casamento – com convenção 220,00€ Certidão de Casamento Civil 20,00€ Certidões de Nascimento (cada) 20,00€

Mediante os casos, pode haver necessidade de ter que se obter mais algum documento, para além dos acima mencionados, por exemplo, traduções de documentos, certificados de capacidade matri-monial, autenticações consulares, etc.

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b. PROCESSO CANÓNICO - A organização do Processo Canónico comporta custos que a Paróquia paga antecipadamente. O valor final desses custos é variável, conforme o número de documentos a pedir aos párocos e conforme as opções do casal, quanto à forma e local escolhidos para a celebração. Aos custos inerentes aos docu-mentos necessários à organização do processo canónico, acrescessem os custos com o cuidado da Igreja, e com o serviço religioso. - No início do processo ou aquando da marcação não vos é pedido qualquer valor, mas é imperativo que liquidem a despesa quando o vosso processo de casamento canónico estiver concluído.

9. NO FINAL DA CELEBRAÇÃO DO MATRIMÓNIO No final da celebração do matrimónio, os nubentes, as testemunhas, [o ofi-ciante], e o pároco assinam o Assento de Casamento Católico e o seu dupli-cado. O pároco, dentro de três dias, envia o duplicado integral do Assento de Casamento Católico à repartição competente do registo civil: para ser aí transcrita (a transcrição deve ser feita no prazo de dois dias e comunicada pelo funcionário respetivo ao pároco até ao dia imediato àquele em que foi feita, com indicação da data); ou, caso já fossem casados civilmente, para

a) “Nihil obstat” 25,00€ b) Dispensa de proclamas 15,00€ c) Igreja par. estranha a qualquer dos nub. (dentro da diocese) 15,00€ d) Igreja não par. (estranha a qualquer dos nubentes) 25,00€ e) Diocese estranha a qualquer dos nubentes 15,00€ f) Estranhos à Diocese, em igreja paroquial 7,50€ g) Justificação de estado livre 7,50€ h) Dispensa de impedimentos 15,00€ i) Dispensa de certificado civil 10,00€

Todas as provisões sobre matrimónios têm a taxa de "nihil obstat" a que se soma as outras aplicá-veis, exceto a f). A todas as alíneas soma-se o valor correspondente ao número de pedidas. Mediante os casos, pode haver necessidade de se somar o pedido de algumas Certidões (neste caso, correspon-derá a 10,00€ cada certidão).

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ser feito o respetivo averbamento. Ao mesmo tempo, o pároco: faz o averbamento ou participação para aver-bamento nos assentos de Batismo dos nubentes; e coloca no Assento de Casamento a data do averbamento ou participação para averbamento nos assentos de batismo dos nubentes, e a data de transcrição ou averbamento na Conservatória do Registo Civil. Por fim, o pároco preenche o verso da Atestação Diocesana e guarda-a (juntamente com o Certificado ou Certidão de Casamento, e com a Comuni-cação da transcrição pela Conservatória) a fim de enviar tudo para a Diocese no final do ano.

10. CONTACTOS

UNIDADE PASTORAL DE CANTANHEDE Centro Social e Paroquial de S. Pedro

Rua dos Bombeiros Voluntários, nº 330 3060-163 CANTANHEDE

231422870; 961697759; [email protected]

CÂMARA ECLESIÁSTICA DE COIMBRA Casa Episcopal, Rua do Brasil, nº 45, 3030-175 COIMBRA

Tel. 239 708 324 | [email protected]

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