matosinhos valoriza - biodiversidade

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VALORIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO AMBIENTAL E TERRITORIAL DOS ESPAÇOS CLASSIFICADOS DO CONCELHO DE MATOSINHOS m a t o s i n h o s v a l o r i z a ! • biodiversidade • RESUMO NÃO TÉCNICO

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Page 1: Matosinhos Valoriza - biodiversidade

F O R M A T O V E R D E

B I O D I V E R S I D A D E

VALORIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO AMBIENTAL E TERRITORIAL DOS ESPAÇOS CLASSIFICADOS DO CONCELHO DE MATOSINHOS

m

atosinhos•

•valoriza!•

• biodiversidade •

RESUMO NÃO TÉCNICO

Page 2: Matosinhos Valoriza - biodiversidade

F O R M A T O V E R D EC Â M A R A M U N I C I P A L D E M A T O S I N H O S

M A T O S I N H O S VA L O R I Z A B I O D I V E R S I D A D E

• matosinhos valoriza! •

VALORIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO AMBIENTAL E TERRITORIAL DOS ESPAÇOS CLASSIFICADOS DO CONCELHO DE MATOSINHOS

MATOSINHOS, 2013

COMPONENTE BIODIVERSIDADE

Faculdade de Ciências da

Universidade do Porto

Equipa Técnica

Paulo Santos (coordenação)

João Honrado (coordenação)

Nuno Formigo

Paulo Célio Alves

David Gonçalves

Page 3: Matosinhos Valoriza - biodiversidade

F O R M A T O V E R D EC Â M A R A M U N I C I P A L D E M A T O S I N H O S

M A T O S I N H O S VA L O R I Z A B I O D I V E R S I D A D E

ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO

2. METODOLOGIAS

3. PRINCIPAIS RESULTADOS

4. ÍNDICE BIOLÓGICO GLOBAL E CONCLUSÕES

Page 4: Matosinhos Valoriza - biodiversidade

F O R M A T O V E R D EC Â M A R A M U N I C I P A L D E M A T O S I N H O S

M A T O S I N H O S VA L O R I Z A B I O D I V E R S I D A D E

Com o Projeto “Valorização e qualificação ambiental e territorial - Sistema de gestão

e informação ambiental dos espaços classificados do concelho de Matosinhos -

Componente Biodiversidade”, pretendeu a autarquia dotar-se de um instrumento

pioneiro de apoio à gestão do território baseado em conhecimento científico, bem

como promover a divulgação desse conhecimento aos cidadãos e na comunidade

científica e técnica.

O trabalho de campo, efetuado em compromisso com os apertados prazos de

execução, permitiu atingir os objetivos almejados. A informação produzida lançou

as bases para uma avaliação constante do território em termos de Biodiversidade

e estabeleceu as linhas orientadoras metodológicas para que o conhecimento

obtido seja periodicamente atualizado.

Na área metropolitana em que Matosinhos se insere, em que algumas autarquias

começaram já a reconhecer a importância da Biodiversidade e dos serviços

prestados pelas suas componentes, é importante afirmar a liderança técnica e

científica no apoio à decisão, pelo que o trabalho agora desenvolvido, bem como a

observância das implicações que dele resultam e a continuidade dos trabalhos de

base, constituem uma demonstração de inteligência.

1. INTRODUÇÃO

I N T R O D U Ç Ã O / 7

Page 5: Matosinhos Valoriza - biodiversidade

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M A T O S I N H O S VA L O R I Z A B I O D I V E R S I D A D E M E T O D O L O G I A S /9

2. METODOLOGIAS

Para efeitos de amostragem e prospeção de biodiversidade em ecossistemas

terrestres, foi utilizada uma grelha regular com quadrículas de 0,25km2 representada

sobre fotografia aérea. A seleção das quadrículas baseou-se num esquema de

amostragem aleatório estratificado, considerando também as áreas de RAN e REN

identificadas no território. Como tema estratificador principal foi utilizado um

indicador sintético de pressão humana previamente calculado para o concelho de

Matosinhos.

Foram selecionadas no total 20 células da grelha, sendo o número de células

por classe de pressão humana proporcional à representatividade dessa classe

no concelho, e assegurando também que todas as classes de pressão humana

estariam representadas por pelo menos três células da grelha. Foram excluídas

as células correspondentes ao nível mínimo de pressão humana, por incluírem

maioritariamente áreas marinhas. Complementarmente, foi ainda calculada para

cada uma destas a percentagem de área ocupada por cada classe de ocupação do

solo, com base na cartografia de ocupação do solo produzida para o concelho de

Matosinhos.

A estratégia amostral para a zona intertidal considerou como unidade de paisagem

Page 6: Matosinhos Valoriza - biodiversidade

F O R M A T O V E R D EC Â M A R A M U N I C I P A L D E M A T O S I N H O S

M A T O S I N H O S VA L O R I Z A B I O D I V E R S I D A D EM E T O D O L O G I A S /1 0

e compartimento ecológico contínuo toda a faixa de praias rochosas e arenosas

desde o Rio Onda até à praia de Matosinhos. Nesta estratégia pretendeu-se

complementar a informação recolhida em trabalhos anteriores realizados por esta

equipa bem como complementar a informação recolhida na bibliografia.

A estratégia amostral para os cursos de água consistiu em dividir os rios em troços

que permitissem avaliar a integridade do ecossistema, de montante para jusante.

No caso do rio Leça, definiram-se 3 troços de amostragem, tendo sido escolhido,

em cada um, um ponto de amostragem para recolha da informação físico-química

e biológica, que seria depois extrapolada para o troço. No caso do rio Onda, apenas

se considerou um troço e um ponto de amostragem, face à sua reduzida extensão.

M E T O D O L O G I A S /1 1

Page 7: Matosinhos Valoriza - biodiversidade

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M A T O S I N H O S VA L O R I Z A B I O D I V E R S I D A D E

Durante as amostragens realizadas nas 20 quadrículas definidas pela metodologia

foram contabilizados cerca de 418 táxones de flora vascular, sendo que destes, 74

são táxones alóctones e 344 são táxones autóctones, que corresponde a quase

um quinto de espécies não nativas. Esse valor é muito elevado mas é explicado

pelo grau de artificialização do território e pelos fenómenos de perturbação de

origem antrópica que favorecem a colonização por espécies exóticas de carácter

invasor. Desses 418 táxones, apenas nove foram classificados como RELAPE

(Raras, Endémicas, Localmente Ameaçadas ou em Perigo de Extinção), um valor

relativamente baixo e que normalmente é inversamente proporcional ao número

de espécies não nativas.

No que respeita à flora vascular, o valor médio do valor final obtido para todas as

quadrículas é de 3 (“Médio”) (Figura 1). As quadrículas com valor “Bom” a “Excelente”

correspondem a áreas com elevado número de habitats e/ou elevada cobertura

de florestas e meios naturais ou seminaturais. As quadrículas com valor “Mau” a

“Muito Mau” correspondem a áreas com elevada pressão urbana e/ou uma grande

percentagem de área com agricultura intensiva.

P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F L O R A VA S C U L A R E H A B I TA T S

D O A N E X O I D A D I R E T I VA /1 3

3. PRINCIPAIS

RESULTADOS

Flora vascular e Habitats do Anexo I da Diretiva

Page 8: Matosinhos Valoriza - biodiversidade

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M A T O S I N H O S VA L O R I Z A B I O D I V E R S I D A D E

No que respeita aos habitats, o valor médio do valor final obtido para os Habitats

em todas as quadrículas é de 3 (“Médio”), que corresponde igualmente ao

valor mais frequente (maior número de quadrículas) no território (Figura 2). As

quadrículas de maior valor correspondem a zonas com elevada percentagem de

florestas e meios naturais e seminaturais e percentagens mais baixas de zonas com

agricultura intensiva. As zonas com maior pressão humana (grande percentagem

de áreas agrícolas e áreas artificiais) possuem um número de habitats do Anexo I

relativamente reduzido, e portanto um menor valor global.

Figura 1 - Mapa de valoração global da flora vascular do concelho de Matosinhos.

Carta de Valoração Global da Flora Vascular

Legenda Valoração Global Flora Vascular

1 2 3 4 5

P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F L O R A VA S C U L A R E H A B I TA T S

D O A N E X O I D A D I R E T I VA /1 5

P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F L O R A VA S C U L A R E H A B I TA T S D O A N E X O I D A D I R E T I VA /1 4

N

0 0,5 1 2km

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M A T O S I N H O S VA L O R I Z A B I O D I V E R S I D A D E

Figura 2 - Mapa de valoração global dos habitats para o concelho de Matosinhos.

Carta de Valoração Global dos Habitats

Legenda Valoração Global Habitats

1 2 3 4 5

P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F A U N A T E R R E S T R E /

1 7

P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F L O R A VA S C U L A R E H A B I TA T S D O A N E X O I D A D I R E T I VA /1 6

N

0 0,5 1 2km

// AVES

Durante as contagens efetuadas nos 40 pontos de amostragem foram contabilizados

1355 indivíduos, pertencentes a 37 espécies diferentes (21 famílias). A ordem

mais representada foi a dos Passeriformes, com cerca de 69,37% das observações

e 72,97% das espécies. O valor médio do número de aves registado por minuto

de contagem foi de 3,42 indivíduos, com o número de indivíduos avistados em

cada ponto de contagem, durante os 10 minutos, a variar entre os 10 (categoria

“Florestas de folhosas”) e os 158 (“Territórios artificializados”).

O valor médio da valoração global de avifauna nidificante obtido para o conjunto

de pontos de observação das categorias de paisagem amostradas no concelho de

Matosinhos é de 3. Este valor foi obtido para a grande maioria das categorias de

paisagem amostradas, com a exceção da categoria “Praias, dunas e areais”, na qual

os dois pontos de observação registaram um valor médio de 2. Em relação aos

valores não arredondados à unidade do cálculo da valoração, estes variaram entre

1,5 (obtido para um ponto de observação na categoria “Territórios artificializados”)

e 3,2 (calculados para um conjunto de sete pontos de observação nas categorias

“Culturas temporárias de regadio”, “Floresta de folhosas”, “Matos”, “Territórios

artificializados” e “Vegetação esparsa”). Estes resultados sugerem uma grande

Fauna terrestre

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M A T O S I N H O S VA L O R I Z A B I O D I V E R S I D A D E

homogeneidade na capacidade de suporte de comunidades de avifauna nas várias

categorias de paisagem, com valores não muito elevados de diversidade e outros

indicadores no concelho de Matosinhos, fruto provavelmente das várias fontes de

pressão humana que se estendem de forma regular pela área do concelho.

Espacialmente (Figura 3), verifica-se que as quadrículas pertencentes à classe de

valoração global 2 (5 quadrículas em 20), se concentram próximas da zona litoral

do concelho, refletindo o que se obteve na maioria dos indicadores individuais. As

restantes quadrículas pertencem todas à classe 3. O litoral do concelho apresenta

muitas fontes de pressão antrópica, com extensas áreas urbanizadas, industriais e

de agricultura intensiva, o que poderá explicar a concentração de quadrículas com

piores resultados nessa zona.

P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F A U N A T E R R E S T R E /

1 9

P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F A U N A T E R R E S T R E /1 8

Figura 3 - Mapa de valoração global de avifauna nidificante no concelho de Matosinhos.

Carta de Valoração Global de Avifauna Nidificante

Legenda Valoração

1 2 3 4 5

N

0 0,5 1 2km

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2 1

P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F A U N A T E R R E S T R E /2 0

// MAMÍFEROS

Nas armadilhas foi capturado um total de 45 indivíduos, pertencentes a seis espécies de

micromamíferos. A espécie mais frequentemente capturada foi o musaranho-grande-de-

dentes-brancos (Crocidura russula), capturado em 13 das 20 quadrículas. Esta espécie é

generalista, podendo ocorrer numa grande variedade de habitats. Outras espécies mais

capturadas foram o rato-das-hortas (Mus spretus) e o rato-cego (Microtus lusitanicus). Uma

espécie detetada com frequência pelos indícios foi o esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris), e será

ainda de destacar a presença da toupeira (Talpa occidentalis) e do coelho-bravo (Oryctolagus

cuniculus). A primeira é uma espécie endémica da Península Ibérica, com estatuto de

conservação “pouco preocupante” (LC) em Portugal. A segunda é uma espécie considerada

“quase ameaçada” (NT) em Portugal continental. Com base nos indícios de presença foi possível

identificar três espécies de carnívoros (raposa - Vulpes vulpes; geneta - Genetta genetta; doninha

- Mustela nivalis) num total de 4 quadrículas. Através das emissões sonoras registadas durante

o período de amostragem foram distinguidas duas espécies de quirópteros, Morcego-anão

(Pipistrellus pipistrellus) e Morcego-arborícola-pequeno (Nyctalus leisleri) e foram constituídos

três grupos de espécies, P. pygmaeus/M. schreibersii, Nyctalus spp. e Eptesicus spp.

O valor médio da valoração global de mamíferos obtido para o conjunto das quadrículas

em que foi possível estimar todos os indicadores (n=18) é de 2,383 (valores variam

entre 1,6 e 3,2) (Figura 4).

Figura 4 - Mapa de valoração global de mamíferos no concelho de Matosinhos para as 20 quadrículas amostradas.

Carta de Valoração Global de Mamíferos

Legenda

1 2 3 4 5

N

0 0,5 1 2km

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M A T O S I N H O S VA L O R I Z A B I O D I V E R S I D A D E P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F A U N A T E R R E S T R E /

2 3

P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F A U N A T E R R E S T R E /2 2

// HERPETOFAUNA (RÉPTEIS E ANFÍBIOS)

Por observação direta ou indireta, no total da amostragem foram registadas oito

espécies de herpetofauna em 19 das 20 quadrículas: duas de anfíbio (ordem Anura)

e seis de réptil (quatro da Família Lacertidae e duas das Família Colubridae).

A espécie mais comum foi a lagartixa de Bocage (Podarcis bocagei), presente em 16

quadrículas. Esta espécie é abundante no norte do país e está presente na maior

parte dos habitats, inclusive habitats dunares. Será também de destacar a presença

do lagarto-de-água (Lacerta schreiberi), espécie endémica da Península Ibérica,

tendo em Portugal o estatuto de conservação de “pouco preocupante”.

O número de espécies de anfíbios registados foi baixo para o que seria de esperar

nesta época do ano. Só foi possível encontrar rã-verde (Pelophylax perezi) em

dois charcos, enquanto o sapo-comum (Bufo bufo) foi observado em zona rurais,

associadas a campos húmidos. A baixa abundância de anfíbios pode dever-se às

alterações bruscas das condições meteorológicas observadas antes e durante o

período de inventariação, com períodos de frentes frias com ou sem pluviosidade,

alternados por dias de elevado calor e baixa humidade.

O valor médio da valoração global de herpetofauna obtido para o conjunto de

quadrículas em que foi possível calcular todos os indicadores (n=8) é de 2,45 (valores

variam entre 2,3 e 2,6) (Figura 5).

Figura 5 - Mapa de valoração global de herpetofauna no concelho de Matosinhos para as 20 quadrículas amostradas.

Carta de Valoração Global de Herptofauna

Legenda

1 2 3 4 5

N

0 0,5 1 2km

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2 5

P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F A U N A T E R R E S T R E /2 4

// FAUNA DULCIAQUÍCOLA

A comunidade de macroinvertebrados bentónicos no rio Leça e rio Onda é

dominada por duas ou três famílias resistentes à poluição (anelídeos, quironomídeos

e gasterópodes), estando as restantes famílias representadas por muito poucos

indivíduos. Os grupos sensíveis à poluição estão praticamente ausentes.

O facto de a valoração global da comunidade de macroinvertebrados bentónicos ser

medíocre em todos os troços estudados (Figura 6) reflete a baixa qualidade ecológica

desta comunidade.

Figura 6 - Carta de valoração global da comunidade de macroinvertebrados bentónicos dos rios Leça e Onda – EQR.

Carta de Valoração Global dos Macroinvertebrados Bentónicos Dulciaquícolas

Legenda

1 2 3 4 5

N

0 0,5 1 2km

Não aplicável Rio Leça Rio Onda ou Calvelhe

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2 7

P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F A U N A T E R R E S T R E /2 6

Para a comunidade piscícola dos rios Leça e Onda foram encontrados indivíduos das

seguintes espécies:

// Enguia (Anguilla anguilla)

// Góbio (Gobio lozanoi)

// Escalo do norte (Squalius carolitertii)

// Ruivaco (Achondrostoma oligolepis)

// Perca-sol (Lepomis gibbosus)

// Taínha (Mugil cephalus)

Destas, as espécies perca-sol e Góbio são espécies exóticas, sendo a perca-sol um

predador de ovos e juvenis de outras espécies.

Escalos e ruivacos são espécies autóctones que apenas foram encontradas no rio

Onda. A sua presença é um indicador indireto de que, apesar de má, a qualidade

da água deste rio não se encontra tão degrada como a do Rio Leça (conforme já foi

referido, o principal problema é a eutrofização: ora estas duas espécies costumam

usar a vegetação aquática como zona de refúgio, o que explica, pelo menos em

parte, a sua presença). Outra causa possível para a sua presença pode ser a ausência

de predadores, ao contrário do que acontece com o rio Leça.

Comparativamente a outros cursos de água do norte de Portugal, a fauna piscícola

do rio Leça é bastante pobre. Tendo em conta o que foi referido relativamente à

qualidade da água do rio, tal como aferida pelos resultados físico-químicos e pela

comunidade de macroinvertebrados bentónicos, não é de estranhar que as poucas

espécies que aparecem sejam espécies bastante resistentes à poluição.

A valoração global desta comunidade, obtida através do cálculo do índice de

integridade biótica, classifica como razoável o troço inicial do rio Leça e o troço do rio

Onda que foram estudados (Figura 7). Este facto deve-se essencialmente à ausência

de espécies exóticas (no caso do ponto 1 do rio Leça a enguia é a única espécie que

foi capturada).

Page 15: Matosinhos Valoriza - biodiversidade

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2 9

P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F A U N A T E R R E S T R E /2 8

Figura 7 - Carta de valoração global da comunidade piscícola dos rios Leça e Onda – IIB.

Carta de Valoração Global da Fauna Piscícola Dulciaquícola

Legenda

1 2 3 4 5

N

0 0,5 1 2km

Não aplicável Rio Leça Rio Onda ou Calvelhe

// FAUNA INTERTIDAL

Reunindo a informação disponível, considerando praias rochosas, praias arenosas e

fozes de rios e ribeiras, estão contabilizados 312 taxa de fauna intertidal do litoral

de Matosinhos. 113 taxa pertencem ao filo Arthropoda, 101 ao filo Anellida, 57 ao

filo Mollusca, 18 ao filo Cnidaria, 6 ao filo Porifera, 6 ao filo Echinodermata, 6 ao filo

Chordata, 1 ao filo Bryozoa, 1 ao filo Nematoda, 1 ao filo Nemertea, 1 ao filo Sipuncula

e 1 ao filo Platyhelminthes. Nas praias rochosas contabilizaram-se 301 taxa e nas

arenosas 25.

O valor médio da valoração final obtido para todas as praias é de 2. Considerando

todas as praias rochosas do concelho de Matosinhos, a valoração final variou entre 2

nas praias de Agudela, Marreco e Cabo do Mundo e 3 nas praias de Angeiras Norte,

Angeiras Sul, Pedras do Corgo, Boa Nova e Fuzelhas. A valoração nas praias arenosas

e fozes de rios e ribeiras variou entre 2 na foz do Rio Onda, Praia Pedras Brancas +

Praia Funtão, Praia Quebrada + Praia Agudela + Praia Pedras do Corgo, Foz Ribeira

da Agudela e Praia de Matosinhos e 3 na Praia Angeiras Sul + Praia Angeiras Norte,

Foz da Ribeira da Carreira/Certagem, Praia da Memória, Foz Ribeira da Guarda, Praia

Aterro + Praia Azul Conchinha e Praia de Leça da Palmeira. Os valores representados

por este indicador revelam uma maior diversidade nas praias rochosas em relação às

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M A T O S I N H O S VA L O R I Z A B I O D I V E R S I D A D E

praias arenosas e fozes de rios e ribeiras.

A Carta de Valoração Global de Fauna do Intertidal permite concluir a inexistência de

um padrão global para a variação deste indicador ao longo do litoral do concelho de

Matosinhos (Figura 8).

Figura 8 - Mapa da Valoração Global da Fauna do Intertidal utilizando uma média ponderada da valoração da Riqueza Específica, Índice de Equitabilidade de Pielou, Índice de Diversidade de Shannon-Wiener, presença de Espécies com Estatuto de Conservação “Ameaçado” e presença de Espécies Exóticas para as praias rochosas e praias arenosas e fozes de rios e ribeiras do intertidal do litoral de Matosinhos.

Carta de Valoração Global da Fauna do Intertidal

Legenda Valoração Global Fauna Intertidal

1 2 3 4 5

N

0 0,5 1 2km

Não aplicável

P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F A U N A T E R R E S T R E /

3 1

P R I N C I P A I S R E S U L TA D O S /F A U N A T E R R E S T R E /3 0

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M A T O S I N H O S VA L O R I Z A B I O D I V E R S I D A D E

O valor do Índice Biológico Global obtido para as quadrículas do concelho de

Matosinhos está ilustrado na Figura 9.

O valor modal do Índice Biológico Global obtido para o conjunto das quadrículas do

concelho de Matosinhos é 3, numa escala de 1 a 5. Esta avaliação mostra um valor

intermédio predominante no concelho, que resulta de uma forte pressão humana

e de uma grande fragmentação dos habitats. Deve salientar-se que o valor deste

índice para cada quadrícula corresponde ao valor mais frequente obtido para os

diversos indicadores usados:

// Valoração Global da Flora

// Valoração Global dos Habitats

// Valoração Global de Aves

// Valoração Global de Mamíferos

// Valoração Global de Herpetofauna

// Valoração Global de Fauna Piscícola Dulciaquícola

// Valoração Global de Macroinvertebrados Bentónicos: IPTIN

// Valoração Global de Fauna do Intertidal

Assim, o mesmo valor do índice global, para duas quadrículas diferentes, pode

resultar de combinações distintas de valores para os indicadores elementares.

4. ÍNDICE BIOLÓGICO

GLOBAL E CONCLUSÕES

Í N D I C E B I O L Ó G I C O G L O B A L E C O N C L U S Õ E S / 3 3

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M A T O S I N H O S VA L O R I Z A B I O D I V E R S I D A D E Í N D I C E B I O L Ó G I C O G L O B A L E C O N C L U S Õ E S / 3 5

Í N D I C E B I O L Ó G I C O G L O B A L E C O N C L U S Õ E S / 3 4

A variação espacial do Índice Biológico Global mostra uma separação entre a zona norte,

mais agroflorestal, com maior valor global, e uma zona sul, mais urbana, com um valor menor

do índice biológico global. Assim, o tipo de coberto florestal, e a flora associada, acabam por

se revelar como os indicadores que mais influência têm sobre o valor biológico global.

O vale do rio Leça constitui também um corredor local de valor biológico mais

elevado, não devido às espécies associadas ao ecossistema dulciaquícola, que se

demonstrou estar bastante degradado, mas ao carácter agroflorestal da matriz

paisagística, e à vegetação marginal bem como à sua importância por funcionar

como um corredor ligando diferentes elementos da paisagem.

No que se refere à zona costeira, deve referir-se que grande parte da mesma tem

um valor elevado (4), o que deve ser encarado como um reforço das pretensões da

autarquia para a criação de uma área protegida na faixa costeira.

Sintetizando, o acervo de informação obtido com o presente trabalho só será plenamente

explorado se houver uma continuidade na monitorização dos indicadores utilizados,

preferencialmente alargando, dentro do possível, o esforço amostral. Se isso for feito, a

informação recolhida configura um sistema de apoio à decisão que permitirá otimizar,

significativamente, a relação custo-benefício das decisões de intervenção nesta área.Figura 9 - Mapa de valoração do Índice Biológico Global no concelho de Matosinhos.

Carta de Valoração do Índice Biológico Global no Concelho de Matosinhos

Legenda Valoração

1 2 3 4 5

N

0 0,5 1 2km

Page 19: Matosinhos Valoriza - biodiversidade

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