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1 Material de Apoio Concurso: Junta Comercial do Paraná - JUCEPAR (edital) Cargo: Agente de Execução - Função Técnico Administrativo Organização: Thais Nunes - blog Concurseiros Atos Administrativos Conceito de Ato Administrativo A Administração Pública realiza sua função executiva por meio de atos os jurídicos que recebem a denominação especial de atos administrativos. Tais atos, por sua natureza, conteúdo e forma, diferenciam-se dos que emanam do Legislativo (leis) e do Judiciário (decisões judiciais), quando desempenham suas atribuições específicas de legislação e de jurisdição. Temos assim, na atividade pública geral, três categorias de atos os inconfundíveis entre si: atos legisla- tivos, atos judiciais e atos administrativos. Ato administrativo é “toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria 1 . Pode parecer provinciano, mas sempre digo para os meus alunos que, quando pensarem em atos administrativos, imaginem folhas de papel. Isto porque, há doutrinadores que defendem a teoria que um ato administrativo pode ser verbal (apenas falado) e essa hipótese não pode ser descartada quando se trata de concursos (veja uma ques- tão a seguir), mas para entender os requisitos, os atributos e toda a matéria que virá a seguir, sempre recomendo que se imagine o ato escrito, pensando em folhas de papel, ou seja, documentos emanados pelo poder público. (TRT 15ª/2007 - Juiz do Trabalho do TRT da 15ª Região) Quanto aos atos administrativos, considerando as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta: II. O ato administrativo usualmente é praticado na forma escrita, mas existem, ainda que excepcionalmente, atos verbais como as ordens dadas a um servidor, e atos mímicos, como ocorre quando o policial dirige manualmente o trânsito e o tráfego. (Correto) A prática de atos administrativos cabe, em princípio e normalmente, aos órgãos do Poder Executivo, incumbidos de administrar a sociedade e o estado, mas as autoridades judiciárias e as mesas legislativas também os praticam restritamente quando ordenam seus próprios serviços, dispondo sobre seus servidores ou expedindo instruções sobre matéria de sua privativa competência. 1 Comentário O conceito - segundo Hely Lopes Meirelles - restringe-se apenas ao ato administrativo unilateral, ou seja, àquele que se forma com a vontade única da Administração.

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Material de Apoio Concurso: Junta Comercial do Paraná - JUCEPAR (edital)

Cargo: Agente de Execução - Função Técnico Administrativo

Organização: Thais Nunes - blog Concurseiros

Atos Administrativos

❶ Conceito de Ato Administrativo

A Administração Pública realiza sua função executiva por meio de atos os jurídicos que recebem a denominação especial de atos administrativos. Tais atos, por sua natureza, conteúdo e forma, diferenciam-se dos que emanam do Legislativo (leis) e do Judiciário (decisões judiciais), quando desempenham suas atribuições específicas de legislação e de jurisdição. Temos assim, na atividade pública geral, três categorias de atos os inconfundíveis entre si: atos legisla-tivos, atos judiciais e atos administrativos.

Ato administrativo é “toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria1”. Pode parecer provinciano, mas sempre digo para os meus alunos que, quando pensarem em atos administrativos, imaginem folhas de papel. Isto porque, há doutrinadores que defendem a teoria que um ato administrativo pode ser verbal (apenas falado) e essa hipótese não pode ser descartada quando se trata de concursos (veja uma ques-tão a seguir), mas para entender os requisitos, os atributos e toda a matéria que virá a seguir, sempre recomendo que se imagine o ato escrito, pensando em folhas de papel, ou seja, documentos emanados pelo poder público.

(TRT 15ª/2007 - Juiz do Trabalho do TRT da 15ª Região) Quanto aos atos administrativos, considerando as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta:

II. O ato administrativo usualmente é praticado na forma escrita, mas existem, ainda que excepcionalmente, atos verbais como as ordens dadas a um servidor, e atos mímicos, como ocorre quando o policial dirige manualmente o trânsito e o tráfego. (Correto)

A prática de atos administrativos cabe, em princípio e normalmente, aos órgãos do Poder Executivo, incumbidos de administrar a sociedade e o estado, mas as autoridades judiciárias e as mesas legislativas também os praticam restritamente quando ordenam seus próprios serviços, dispondo sobre seus servidores ou expedindo instruções sobre matéria de sua privativa competência.

1 Comentário O conceito - segundo Hely Lopes Meirelles - restringe-se apenas ao ato administrativo unilateral, ou seja, àquele que se forma com a vontade única da Administração.

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Esses atos são tipicamente administrativos, embora provindos de órgãos judiciários ou de corporações legislativas, e, como tais, se sujeitam a revogação ou a anulação no âmbito interno ou pelas vias judiciais, como os demais atos administrativos do Poder Executivo. Condição primeira para o surgimento do ato administrativo é que a Administração aja nessa qualidade, usando de sua supremacia de Poder Público, visto que algumas vezes nivela-se ao particular e o ato perde a característica administrativa, igualando-se ao ato jurídico privado. A segunda, é que contenha manifestação de vontade apta a produzir efeitos jurídicos para os administrados, para a própria Administração ou para seus servidores e a terceira, é que provenha de agente competente, com finalidade pública e revestindo forma legal.

Já o fato administrativo é o acontecimento material da Administração, que produz consequências jurídicas. No entanto, não traduz uma manifestação de vontade voltada para produção dessas consequências. Podemos citar como exemplos a construção de uma obra pública ou o ato de realizar uma cirurgia em hospital público. O fato administrativo não se destina a produzir efeitos no mundo jurídico, embora muitas vezes esses efeitos ocorram como, por exemplo, uma obra pública mal executada que causa danos aos administrados ensejando indenização ou uma cirurgia mal realizada em um hospital públi-co, que também resultará na responsabilidade do Estado.

❷ Requisitos de Validade do Ato

Lei n.º 4.717/1965 | Regula a Ação Popular

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:

a) incompetência;

b) vício de forma;

c) ilegalidade do objeto;

d) inexistência dos motivos;

e) desvio de finalidade.

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas:

a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou;

b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;

c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo;

d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente ina-dequada ao resultado obtido;

e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.

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Os requisitos de validade do ato administrativo são os cinco elementos indispensáveis para que um ato seja considerado válido (legal). A lista tem sua origem na lei federal que regula a Ação Popular (Lei n.º 4.717/1965), mas os conceitos foram desenvolvidos de forma detalhada por doutrinadores e por alguns artigos da Lei n.º 9.784/1999, conforme podemos verificar a seguir.

Competência ou Sujeito

É a condição primeira de sua validade. Nenhum ato - discricionário ou vinculado - pode ser realizado validamente sem que o agente disponha de poder legal para praticá-lo. Todo ato emanado de agente incompetente é inválido por lhe faltar um elemento básico de sua perfeição, ou seja, o poder jurídico para mani-festar a vontade da Administração.

Competência | Lei n.º 9.784/1999

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes.

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:

I - a edição de atos de caráter normativo;

II - a decisão de recursos administrativos;

III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.

§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o re-curso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.

§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.

§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado.

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Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a ór-gão hierarquicamente inferior2.

Finalidade

É o objetivo de interesse público a atingir. Não se compreende ato administrativo sem fim público.

Forma

É o revestimento exteriorizador do ato administrativo e, em regra, constitui requisito imprescindível à sua perfeição. Cada ato tem uma forma própria, confor-me pode ser verificado no estudo das espécies de atos administrativos (tópico 7). Enquanto a vontade dos particulares pode manifestar-se livremente, a mani-festação da Administração exige procedimentos especiais para que se expresse.

Motivo ou Causa

É a situação de direito ou de fato que determina ou autoriza a realização do ato administrativo. O motivo, como elemento integrante da perfeição do ato, pode vir expresso em lei, como pode ser deixado ao critério do administrador. No primeiro caso será um elemento vinculado e no segundo, discricionário, quanto à sua existência e valoração. Da diversidade das hipóteses resultará a exigência ou a dispensa da motivação do ato.

Dentro deste requisito, há que se ressaltar a Teoria dos Motivos Determinantes (Gaston Jéze) que, de acordo com o doutrinador Alexandre de Moraes3, “aplica-se a todos os atos administrativos, pois, mesmo naqueles em que a lei não exija a obrigatoriedade de motivação, se o agente optar por motivá-los, não poderá alegar pressupostos de fato e de direito inexistentes”. Esta teoria alimentada pela maioria dos doutrinadores administrativistas brasileiros, afirma que os motivos expostos pela administração que justificam a realização de um determinado ato administrativo associam-se à validade da mesma, de forma que se o agente não estivesse obrigado a motivá-lo e mesmo assim a motivação fosse feita, o pressuposto de fato e de direito há que ser legíti-mo4.

2 Comentário Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, "a avocação é o ato discricionário mediante o qual o superior hierárquico traz para si o exercício temporário de determinada competência atribuída

por lei a um subordinado. De um modo geral, a doutrina enfatiza que a avocação de competência deve ser medida excepcional e devidamente fundamentada. Ainda, prelecionam os principais autores que a avo-

cação não é possível quando se tratar de competência exclusiva do subordinado, o que nos parece irrefutavelmente lógico". (Direito Administrativo Descomplicado - 20ª Edição - página 225)

3MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional Administrativo. Editora Atlas: São Paulo, 2005. Pg. 131.

4 ADMINISTRATIVO. ATO ADMINISTRATIVO. VINCULAÇÃO AOS MOTIVOS DETERMINANTES. INCONGRUÊNCIA. ANÁLISE PELO JUDICIÁRIO. POSSIBILI-DADE. DANO MORAL. SÚMULA 7/STJ. 1. Os

atos discricionários da Administração Pública estão sujeitos ao controle pelo Judiciário quanto à legalidade formal e substancial, cabendo observar que os motivos embasadores dos atos administrativos vinculam a

Administração, conferindo-lhes legitimidade e validade. 2. "Consoante a teoria dos motivos determinantes, o administrador vincula-se aos motivos elencados para a prática do ato administrativo. Nesse contexto,

há vício de legalidade não apenas quando inexistentes ou inverídicos os motivos suscitados pela administração, mas também quando verificada a falta de congruência entre as razões explicitadas no ato e o resul-

tado nele contido" (MS15.290/DF - Rel. Min. Castro Meira - Primeira Seção - Julgado em 26/10/2011). 3. No caso em apreço, se o ato administrativo de avaliação de desempenho confeccionado apresenta incon-

gruência entre parâmetros e critérios estabelecidos e seus motivos determinantes, a atuação jurisdicional acaba por não invadir a seara do mérito administrativo, porquanto limita-se a extirpar ato eivado de ilegali-

dade. 4. A ilegalidade ou inconstitucionalidade dos atos administrativos podem e devem ser apreciados pelo Poder Judiciário, de modo a evitar que a discricionariedade transfigure-se em arbitrariedade, conduta

ilegítima e suscetível de controle de legalidade. 5. "Assim como ao Judiciário compete fulminar todo o comportamento ilegítimo da Administração que apareça como frontal violação da ordem jurídica, compete-lhe,

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Motivação | Lei n.º 9.784/1999

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

§ 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, in-formações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.

§ 2º Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não pre-judique direito ou garantia dos interessados.

§ 3º A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.

Objeto ou Conteúdo

É a criação, modificação ou comprovação de situações jurídicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à ação do Poder Público.

❸ Atributos do Ato Administrativo

Os atos administrativos, como emanação do Poder Público, trazem em si certos atributos que os distinguem dos atos jurídicos privados e lhes emprestam características próprias e condições peculiares de atuação.

igualmente, fulminar qualquer comportamento administrativo que, a pretexto de exercer apreciação ou decisão discricionária, ultrapassar as fronteiras dela, isto é, desbordar dos limites de liberdade que lhe assis-

tiam, violando, portal modo, os ditames normativos que assinalam os confins da liberdade discricionária" (Celso Antônio Bandeira de Mello, in Curso de Direito Administrativo, Editora Malheiros, 15ª Edição). 6. O

acolhimento da tese da recorrente, de ausência de ato ilícito, de dano e de nexo causal, demandaria reexame do acervo fático-probatórios dos autos, inviável em sede de recurso especial, sob pena de violação da

Súmula 7 do STJ. Agravo regimental improvido. (1280729 RJ 2011/0176327-1 - Relator: Ministro Humberto Martins - Data de Julgamento: 10/04/2012 - Segunda Turma)

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Os atos administrativos, qualquer que seja sua categoria ou espécie, nascem com a presunção de legitimidade, independentemente de norma legal que a estabeleça. Essa presunção decorre do princípio da legalidade da Administração. Enquanto não sobrevier o pronunciamento de nulidade, os atos admi-nistrativos são tidos por executáveis e operantes, quer para a Administração, quer para os particulares sujeitos ou beneficiários de seus efeitos. Trata-se de presunção relativa (juris tantum5) que, como tal, admite prova em contrário.

A imperatividade (ou exigibilidade) é o atributo do ato administrativo que impõe a coercibilidade para seu cumprimento ou execução. Esse atributo não está presente em todos os atos, visto que alguns deles o dispensam, por desnecessário à sua operatividade, uma vez que os efeitos jurídicos do ato de-pendem exclusivamente do interesse do particular na sua utilização. Os atos, porém, que consubstanciam um provimento ou uma ordem administrativa (atos normativos, ordinatórios, punitivos) nascem sempre com imperatividade, ou seja, com a força impositiva do Poder Público.

A autoexecutoriedade consiste na possibilidade que, em regra, os atos administrativos têm imediata e direta execução pela própria Administração, por-tanto independentemente de ordem judicial para que seu cumprimento seja exigido.

A tipicidade é o atributo do ato administrativo que determina que um ato deve corresponder a uma das figuras definidas previamente pela lei, como aptas a produzir determinados resultados, sendo corolário, portanto, do princípio da legalidade. Sua função é impossibilitar que a Administração venha a praticar de atos inominados, representando, pois, uma garantia ao administrado, já que impede que a Administração pratique um ato unilateral e coerciti-vo sem a prévia previsão legal. Representa, também, a segurança de que o ato administrativo não pode ser totalmente discricionário, pois a lei define os limites em que a discricionariedade poderá ser exercida.

❹ Classificação dos Atos

Para classificar um ato administrativo é preciso enquadrá-lo numa das opções em cada uma das 8 classificações. Citando, como exemplo, uma certidão de antecedentes criminais elaborada dentro das regras legais e que está pronta para ser retirada por quem a solicitou, podemos classificar este ato como vinculado (ou regrado), simples, individual (ou especial), externo, de gestão, declaratório, perfeito e válido. Vejamos abaixo os detalhes das formas de classificar um ato administrativo.

Quanto à sua formação, os atos administrativos podem ser simples, complexos ou compostos.

1. Ato simples é o que resulta da manifestação de um único órgão, seja unipessoal ou colegiado.

2. Ato complexo é o que se forma pela conjugação de vontades de mais de um órgão administrativo.

3. Ato composto é o que resulta da vontade única de um órgão, mas depende de verificação por parte de outro para se tornar exequível.

Quanto ao seu regramento, os atos podem ser vinculados ou discricionários.

1. Atos vinculados ou regrados são aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua realização. Lei no sentido latu sensu.

5Juris Tantum: Somente de direito, a admitir prova em contrário.

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2. Atos discricionários são os que a administração pode praticar com liberdade de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade e do modo de sua realização.

Competência = Vinculado

Finalidade = Vinculado

Forma = Vinculado

Motivo = Vinculado ou Discricionário

Objeto = Vinculado ou Discricionário

Quanto aos seus destinatários, os atos administrativos podem ser gerais ou individuais.

1. Atos administrativos gerais ou regulamentares são aqueles expedidos sem destinatários determinados, alcançando todos os sujeitos que se encon-trem na mesma situação de fato abrangida por seus preceitos.

2. Atos administrativos individuais ou especiais são todos aqueles que se dirigem a destinatários certos, criando-lhes situação jurídica particular.

Quanto ao alcance, os atos administrativos podem ser internos ou externos.

1. Atos administrativos externos, ou, de efeitos externos, são todos aqueles que alcançam os administrados, os contratantes e, em certos casos, os pró-prios servidores, provendo sobre seus direitos, obrigações, negócios ou conduta perante a administração.

2. Atos administrativos internos são os destinados a produzir efeitos no recesso das repartições administrativas, ou seja, dentro do órgão público.

Quanto ao seu objeto, os atos administrativos podem ser atos de império, gestão e de expediente.

1. Atos de império ou de autoridade são todos aqueles que a Administração pratica usando de sua supremacia sobre o administrado ou servidor e lhes impõe obrigatório atendimento.

2. Atos de gestão são os que a administração pratica sem usar de sua supremacia sobre os destinatários. Tal ocorre nos atos negociais com os particula-res, que não exigem coerção sobre os interessados.

3. Atos administrativos de expediente ou de mero expediente são os atos de rotina interna, que se destinam a dar andamento aos processos e papéis que tramitam pelas repartições públicas.

Quanto ao conteúdo, o ato administrativo pode ser constitutivo, extintivo, modificativo, declaratório, alienativo ou abdicativo de direitos ou de situa-ções.

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1. Ato constitutivo é aquele que cria uma nova situação jurídica individual para seus destinatários em relação à administração.

2. Ato extintivo ou desconstitutivo é o que põe fim a situações jurídicas individuais, como a cassação de uma autorização ou a encampação de um servi-ço público concedido ao particular.

3. Ato modificativo é o que tem por fim alterar situações preexistentes, sem suprimir direitos ou obrigações, como ocorre com aqueles que alteram ho-rários ou locais de reunião.

4. Ato declaratório é o que visa preservar direitos, reconhecer situações preexistentes ou, mesmo, possibilitar seu exercício.

5. Ato alienativo é o que opera a transferência de bens ou direitos de um titular a outro. Tais atos, em geral, dependem de autorização legislativa, por-que sua realização ultrapassa os poderes comuns de administração.

6. Ato abdicativo é aquele pelo qual o titular abre mão de um direito. A peculiaridade desse ato é seu caráter incondicionável e irretratável. Desde que consumado, o ato é irreversível e imodificável, como são as renúncias de qualquer tipo.

Quanto à exequibilidade, o ato administrativo pode ser perfeito, imperfeito, pendente ou consumado.

1. Ato perfeito é aquele que reúne todos os elementos necessários à sua exequibilidade ou operatividade, apresentando-se apto e disponível para pro-duzir seus regulares efeitos.

2. Ato imperfeito é o que se apresenta incompleto na sua formação ou carente de um ato complementar para tornar-se exequível e operante. Acontece, por exemplo, quando um ato depende de publicação oficial para ser perfeito e essa publicação ainda não aconteceu.

3. Ato pendente ou ineficaz é aquele que, embora perfeito, por reunir todos os elementos os de sua formação, não produz seus efeitos, por não verifica-do o termo ou a condição de que depende sua exequibilidade ou operatividade. O ato pendente pressupõe sempre um ato perfeito, mas a sua execução está prejudicada por alguma situação.

4. Ato consumado é o que já foi perfeito, já produziu todos os seus efeitos e tornou-se irretratável ou imodificável por lhe faltar objeto. Acontece, por exemplo, quando um ato tem prazo de existência e este prazo acaba.

Quanto à eficácia, o ato administrativo pode ser válido, nulo ou anulável.

1. Ato válido é o que advém de autoridade competente para praticá-lo e contém todos os requisitos necessários à sua eficácia dentro das regras legais.

2. Ato nulo é o que possui um vício que não pode ser convalidado.

3. Ato anulável é o que possui um vício de possível convalidação, ou seja, pode ser corrigido posteriormente por uma operação jurídica.

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❺ Invalidação dos Atos

A administração pode desfazer seus próprios atos por considerações de mérito e de legalidade. Isso significa que a administração controla seus próprios atos em toda plenitude, exercendo o princípio constitucional da autotutela.

Súmula 473 do STF Lei n.º 9.784/1999

“A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adqui-ridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

Anulação

Lei n.º 9.784 de 29 de janeiro de 1999

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, conta-dos da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.

§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.

É a declaração de invalidade de um ato administrativo ilegítimo e ilegal, feita pela própria Administração Pública ou pelo Poder Judiciário. Baseia-se, por-tanto, em razões de legitimidade ou legalidade, diversamente da revogação, que se funda em motivos de conveniência ou de oportunidade. Os efeitos da anulação dos atos administrativos retroagem às suas origens, invalidando as consequências passadas, presentes e futuras do ato anulado. É o efeito cha-mado de ex tunc. Quando a própria administração anula um ato administrativo é necessário respeito a dois requisitos: a hierarquia, já que somente a pró-pria autoridade que fez o ato ou alguém hierarquicamente acima desta poderá anular o ato e, também, a forma, já que o ato de anulação deve ser da mesma espécie do ato a ser anulado, como por exemplo, apenas uma portaria anula outra portaria.

Revogação

É a supressão de um ato administrativo legítimo e eficaz, realizada pela Administração - e somente por ela - por não ser mais conveniente a sua existência. Toda revogação pressupõe, portanto, um ato legal e perfeito, mas inconveniente ao interesse público. A revogação funda-se no poder discricionário de que dispõe a Administração para rever sua atividade interna e encaminhá-la adequadamente à realização de seus fins específicos. Para revogar um ato administrativo é necessário respeito a dois requisitos: a hierarquia, já que somente a própria autoridade que fez o ato ou alguém hierarquicamente acima desta poderá revogar o ato e, também, a forma, já que o ato de revogação deve ser da mesma espécie do ato a ser revogado, como por exemplo, apenas uma resolução revoga (no todo ou em parte) outra resolução.

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Os efeitos da revogação de um ato administrativo não retroagem às suas origens - o chamado efeito ex nunc. Isto significa que a revogação só surte efeito a partir da sua declaração, através de outro ato administrativo que revogará o ato inconveniente para a administração pública. É importante ressaltar que há um entendimento doutrinário e predominante, muito cobrado em concursos públicos desde meados de 2011, que só é possível e revogação de atos discricionários, tendo em vista o principio da segurança jurídica. Isso significa que, se é opcional conceder um direito, também será opcional retirá-lo do destinatário. Em geral, não poderão ser revogados os seguintes tipos de atos administrativos:

a) Exauridos ou consumados: O efeito da revogação é não retroativo, é para o futuro. Como o ato já não tem mais efeitos a produzir, a sua revogação não faz sentido.

b) Vinculados: Haja vista que a revogação tem por fundamento razões de conveniência e de oportunidade, inexistentes nos atos vinculados.

c) Que geraram direitos adquiridos: É uma garantia constitucional. Se nem a lei pode prejudicar um direito adquirido, muito menos o poderia um juízo de conveniência e oportunidade.

d) Integrantes de um procedimento administrativo: Porque a prática do ato sucessivo acarreta a preclusão do ato anterior, ou seja, ocorre a preclusão administrativa em relação à etapa anterior, tornando incabível uma nova apreciação do ato anterior quanto ao seu mérito. Podemos citar como exem-plo o procedimento licitatório, em que a celebração de contrato administrativo impede a revogação do ato de adjudicação.

e) Meros atos administrativos: Como são os atestados, os pareceres e as certidões, porque os efeitos deles decorrentes são estabelecidos pela lei.

f) Complexos: Uma vez que tais atos são formados pela conjugação de vontades autônomas de órgãos diversos, e, com isso, a vontade de um dos ór-gãos não pode desfazer o ato.

g) Quando se exauriu a competência relativamente ao objeto do ato: Podemos citar como exemplo o ato foi objeto de recurso administrativo cuja apreciação compete a instância superior. Nesse caso, a autoridade que praticou o ato recorrido não mais poderá revoga-lo, pois sua competência no processo já se exauriu.

Cassação

É a supressão de um ato administrativo legítimo e eficaz por uso indevido, ou seja, desvio do objeto para qual o ato foi emitido, com efeito ex nunc (não retroativo). Podemos citar, por exemplo, a cassação de uma licença de funcionamento, haja vista o detentor do documento não cumpriu as regras estabe-lecidas pela administração pública.

Caducidade

É a supressão de um ato administrativo legítimo e eficaz por lapso temporal ou por alteração de legislação, o que geralmente acontece de forma automáti-ca e tem efeito ex nunc. Podemos citar, por exemplo, a invalidação de uma licença haja vista ter expirado o seu prazo de validade. O outro exemplo de caducidade - por alteração de legislação - origina-se quando uma legislação superveniente gera perda de efeitos jurídicos da antiga norma que respaldava a prática daquele ato. Diógenes Gasparini define que “a retirada funda-se no advento de nova legislação que impede a permanência da situação anterior-mente consentida”. Ocorre, por exemplo, a permissão de uso de um bem público é cancelada devido ao advento de uma nova lei editada que proíbe tal uso privativo por particulares. Assim, podemos afirmar que tal permissão caducou.

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Contraposição

Também é chamada por alguns autores de "derrubada", porque acontece quando um ato deixa de ser válido em virtude da emissão de um outro ato que gerou efeitos opostos ao seu, tendo efeito ex nunc. São atos que possuem efeitos contrapostos e, por isso, não podem existir ao mesmo tempo.

Invalidação Competência Motivo

Anulação - Efeito: extunc Administração ou Poder Judiciário Ilegalidade, ilegitimidade e vício.

Revogação - Efeito: ex nunc Somente a Administração Pública Conveniência e oportunidade.

Cassação - Efeito: ex nunc Somente a Administração Pública Uso indevido do Ato Administrativo.

Contraposição - Efeito: ex nunc Automático Derrubada do Ato Administrativo.

Caducidade - Efeito: ex nunc Automático

Mudança na legislação.

Lapso temporal.

❻ Convalidação dos Atos Administrativos

Lei n.º 9.784 de 29 de janeiro de 1999

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

É a declaração de validade de um ato administrativo ilegítimo e ilegal, feito pela própria Administração e com efeito ex tunc. Esta atitude opera dentro do poder discricionário da administração pública e acontece quando o requisito de validade que lhe falta não é essencial para a validade do ato. É importante ressaltar que a convalidação é um ato administrativo. Ele não opera automaticamente, sendo necessário um ato para formalmente convalidar outro ato.

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A Lei n.º 9.784/1999, em seu artigo 55, traz o termo defeito sanável. De acordo com a maioria dos doutrinadores, estes defeitos sanáveis seriam nos requi-sitos da competência, quando o ato preenche os demais requisitos de validade, faltando-lhe apenas a competência, o vício pode ser sanado através de uma ratificação por parte da autoridade competente desde que a competência seja delegável, na forma, quando esta não for essencial para a sua validade e o ato atingir o objetivo e, por fim, no objeto se este for “errado”, porém não for ilegal.

❼ Espécies de Atos Administrativos

Atos Administrativos Normativos

São aqueles que contêm um comando geral da administração pública, visando a correta aplicação da lei, tendo como objetivo direto o de explicitar a norma legal a ser observada pela Administração e pelos administrados.

a) Decretos Em sentido próprio e restrito, são atos administrativos da competência exclusiva dos Chefes do Poder Executivo (federal, estadual e munici-pal), destinados a prover situações gerais ou individuais, abstratamente previstas pela legislação, de modo expresso, implícito ou explícito. De modo geral, o decreto é normativo e geral, podendo ser específico ou individual, e é sempre hierarquicamente inferior à lei. Temos dois tipo de decretos. O decreto Regulamentar ou de Execução é aquele que visa a explicar a lei e facilitar-lhe a execução, tornando claro seus mandamentos e orientando sua explicação. É o tipo de decreto que aprova, em texto à parte, o regulamento a que se refere. Já o decreto Independente ou Autônomo é aquele que dispõe sobre ma-téria ainda não regulada especificamente em lei. A doutrina aceita esses provimentos administrativos praeter legem6 para suprir a omissão do legislador, desde que não invadam as reservas da lei, isto é, as matérias que somente a lei (ordinária ou complementar) pode regular.

b) Instruções Normativas São atos administrativos expedidos pelos Ministros de Estado, ou a quem os mesmos delegarem competência, para a execução das leis, decretos e regulamentos, podendo ser usados, portanto, por outros órgãos superiores com a mesma finalidade.

c) Resoluções São atos administrativos normativos expedidos pelas altas autoridades do Poder Executivo ou pelos presidentes de tribunais, órgãos legis-lativos e colegiados administrativos, para disciplinar matéria de sua competência específica. Por exceção, admitem-se resoluções individuais. As resolu-ções, normativas ou individuais, são sempre atos inferiores aos decretos, regulamentos e regimentos, não podendo inová-los ou contrariá-los, mas tão-somente complementá-los e explicá-los. Têm efeitos internos e externos, conforme o campo de atuação.

d) Regimentos São atos administrativos normativos de atuação interna, destinados a reger o funcionamento de órgãos colegiados e de corporações le-gislativas. Como ato regulamentar interno, o regimento só se dirige aos que devem executar o serviço ou realizar a atividade funcional regimentada, sem obrigar aos particulares em geral. Distinguem-se dos regulamentos porque estes disciplinam situações gerais entre a Administração e os administrados, estabelecendo relações jurídicas.

e) Deliberações São atos normativos ou decisórios emanados de órgãos colegiados. Quando normativas, as deliberações são atos gerais e, quando deci-sórias, as deliberações são atos individuais.

6Diz-se praterlegem o ato que completa ou complementa a lei.

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As deliberações gerais são sempre superiores às individuais. As deliberações devem sempre obediência ao regulamento e ao regimento que houver para a organização e funcionamento do colegiado. Quando expedidos em conformidade com as normas superiores são vinculados para a Administração e podem gerar direitos subjetivos para seus beneficiários.

f) Regulamentos De regra, são atos administrativos postos em vigência por decreto (anexos de decreto), para especificar os mandamentos da lei ou pro-ver situações ainda não disciplinadas por lei. Como exceção, temos regulamentos sem o decreto, como um edital de concurso por exemplo. Embora o re-gulamento não possa modificar a lei, por subordinar-se a ela, tem a missão de explicá-la e prover sobre os detalhes não abrangidos pela lei editada pelo Legislativo. Se contrariar a lei, torna-se sem efeito e nulo.

Atos Administrativos Enunciativos

São todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, sem se vincular ao seu enunciado. Alguns doutrinadores afirmam que estes atos não tem o atributo da coercibilidade, já que não exigem nada do destinatário e não con-tém uma ordem de fazer ou não fazer.

a) Certidões São cópias ou fotocópias fiéis e autenticadas de atos ou fatos constantes de processo, livro ou documento que se encontre nas repartições públicas. Podem ser de inteiro teor ou resumidas, desde que expressem fielmente o que expressa o original. As certidões administrativas, desde que au-tenticadas têm o mesmo valor probante do original, como documentos públicos que são e seu fornecimento independe do pagamento de taxas (artigo 5º XXXIV “b” da Constituição Federal de 1988).

b) Atestados São atos pelos quais a Administração comprova um fato ou uma situação de que tenha conhecimento por seus órgãos competentes. Não se confunde com a certidão por se tratar de uma cópia fiel de instrumento púbico, diferente do atestado, que somente confirma um acontecimento ou um fato de que a administração tem conhecimento.

c) Concessão Ato administrativo mediante o qual a Administração Pública outorga aos administrados um status ou uma honraria, como a concessão de título de cidadão honorário por exemplo.

d) Parecer Os pareceres administrativos são manifestações de órgãos técnicos sobre assuntos submetidos à sua consideração, e tem caráter meramente opinativo, não vinculando a administração ou os particulares à sua motivação ou conclusões, salvo se aprovado por ato subsequente, pois o que subsiste como ato administrativo não é o parecer em si, mas o ato de sua aprovação, que poderá vir revestido de modalidade normativa, ordinatória, negocial ou punitiva. Divide-se em dois formatos. O parecer Normativo, que é aquele que, ao ser aprovado pela autoridade competente, é convertido em norma de procedimento interno, tornando-se impositivo e vinculante para todos os órgãos hierarquizados à autoridade que o aprovou. Já o parecer Técnico é aquele proveniente de órgão ou agente especializado na matéria, não podendo ser contrariado por leigo ou mesmo por superior hierárquico. Nesta modalidade de parecer não prevalece a hierarquia administrativa, pois no campo da técnica não há subordinação.

e) Apostilas São atos enunciativos ou declaratórios de uma situação anterior criada por lei. Ao apostilar um título, a Administração Pública não cria um direito, uma vez que apenas reconhece a existência de um direito criado por lei, por outro ato administrativo ou por um contrato administrativo. Eis a se-guir um exemplo do uso do ato de apostilamento.

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Lei n.º 8.666 de 21 de junho de 1993

Art. 65. (...)

§ 8º A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previsto no próprio contrato, as atualizações, compensações ou penalizações fi-nanceiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a celebração de aditamento.

Atos Administrativos Ordinatórios

São todos aqueles que visam disciplinar o funcionamento da Administração Pública e a conduta funcional de seus agentes. São provimentos, determina-ções ou esclarecimentos que se endereçam aos agentes públicos a fim de orientá-los no desempenho de suas atribuições. Emanam do poder hierárquico e podem ser expedidos por qualquer chefe de serviço aos seus subordinados, nos limites de sua competência.

a) Instruções São ordens escritas e gerais a respeito do modo e forma de execução de determinado serviço público, expedidas pelo superior hierárquico visando orientar os subalternos no desempenho de suas atribuições, assegurando a unidade de ação no organismo. Obviamente, não podem contrariar a lei, os decretos, os regulamentos, regimentos e estatutos de serviços. São de âmbito interno e não pode ser confundido com a Instrução Normativa, ato administrativo normativo elaborado por Ministros de Estado.

b) Circulares São ordens escritas de caráter uniforme, expedidas a determinados funcionários ou agentes administrativos incumbidos de certos serviços ou atribuições, e de menor generalidade que as instruções.

c) Portarias São atos administrativos internos pelos quais os chefes de órgãos, repartições ou serviços expedem determinações gerais ou especiais aos seus subordinados ou designam servidores para funções e atividades secundárias, tais como designação para função de confiança ou para compor uma comissão de processo administrativo disciplinar. Também é através de uma portaria que se iniciam procedimentos, tais como as licitações, as autorizações para concurso público, as sindicâncias e os processos administrativos.

d) Ordem de Serviço São determinações especiais dirigidas aos responsáveis por obras ou serviços públicos autorizando o seu início, ou então, contendo imposições de caráter administrativo, ou especificações técnicas sobre o modo e a forma de sua realização.

e) Ofícios São comunicações escritas que as autoridades fazem entre si, entre subalternos e superiores, e entre Administração Pública e particulares, em caráter oficial.

f) Despachos São decisões que as autoridades executivas (ou legislativas e judiciárias, em funções administrativas) proferem em papéis, requerimentos e processos sujeitos à sua apreciação. Tais despachos não se confundem com os atos judiciais proferidos pelos juízes e tribunais do Poder Judiciário.

Atos Administrativos Negociais

São aqueles que visam a concretizam de negócios jurídicos de interesse da Administração e do próprio administrado, regidos pelo direito privado (civil e comercial), ou seja, são declarações de vontade da autoridade administrativa, destinadas a produzir efeitos específicos e individuais para o particular in-teressado, mas não se confundem com contratos administrativos.

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a) Homologação É o ato administrativo de controle pelo qual a autoridade superior examina a legalidade e a conveniência de ato anterior da própria Administração Pública, de outra entidade ou de particular, para dar-lhe eficácia.

b) Visto É o ato administrativo vinculado e definitivo pelo qual o Poder Público controla outro ato da própria Administração ou do administrado, aferin-do a sua legitimidade formal para dar-lhe exequibilidade. Não se confunde com a homologação, porque nesta, há exame de mérito, e no visto não se al-cança a análise do seu conteúdo.

c) Admissão É o ato administrativo vinculado e definitivo pelo qual o Poder Público, verificando a satisfação de todos os requisitos legais pelo particular, defere-lhe determinada situação jurídica de seu exclusivo ou predominante interesse, como ocorre no ingresso aos estabelecimentos de ensino mediante concurso de habilitação (vestibular). O direito à admissão, desde que reunidas todas as condições legais, nasce do atendimento dos pressupostos legais, que são vinculantes para o próprio poder que os estabelece.

d) Dispensa É o ato administrativo normalmente discricionário (regra geral) que exime o particular do cumprimento de determinada obrigação até en-tão exigida por lei, como por exemplo, a dispensa da prestação de serviço militar.

e) Renúncia É o ato administrativo vinculado e definitivo pelo qual o Poder Público extingue unilateralmente um crédito ou um direito próprio, liberan-do definitivamente a pessoa obrigada perante a Administração. Tem caráter abdicativo (renunciante), por isso não admite condição e, uma vez consuma-da, é irreversível.

f) Aprovação É o ato administrativo pelo qual o Poder Público verifica a legalidade e o mérito de outro ato ou de situações e realizações materiais de seus próprios órgãos, de outras entidades ou de particulares, dependentes de seu controle, e consente na sua execução ou manutenção. Pode ser prévia ou subsequente, vinculada ou discricionária, consoante os termos em que é instituída, pois em certos casos limita-se a confrontar os requisitos da lei.

g) Protocolo Administrativo É o ato pelo qual o Poder Público acerta com o particular a realização de determinado empreendimento ou atividade, ou abstenção de certa conduta no interesse recíproco da Administração Pública e do administrado que assinou o instrumento protocolar. Este ato é vinculan-te para todos os que o subscrevem. Inclui-se aí o protocolo de intenções.

Autorização Licença

Para exercer atividade pública ou usar um bem público. Para exercer atividade privada de predominante interesse do particular.

Ato administrativo discricionário e precário. Ato administrativo vinculado e definitivo.

h) Autorização É o ato administrativo discricionário e precário pelo qual o Poder Público torna possível ao pretendente a realização de certa atividade, serviço, ou a utilização de determinados bens particulares ou públicos, de seu exclusivo ou predominante interesse, que a lei condiciona aquiescência pré-via da Administração Pública, tais como o uso especial de bem público e o trânsito por determinados locais.

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i) Licença É ato administrativo vinculado e definitivo, pelo qual o Poder Público, verificando que o interessado atendeu a todas as exigências legais, fa-culta-lhe o desempenho de atividades ou a realização de fatos materiais antes vedados ao particular, como por exemplo, o alvará de funcionamento ou a licença para construção de um edifício.

Atos Administrativos Punitivos

São os que contêm uma sanção (penalidade) àqueles que infringem disposições legais, regulamentares ou ordinatórias dos bens ou serviços públicos. Vi-sam punir ou reprimir as infrações administrativas ou a conduta irregular dos particulares ou mesmo dos servidores, perante a Administração.

a) Destruição de Coisas É um ato da Administração Pública pelo qual se inutilizam alimentos, substâncias, objetos ou instrumentos imprestáveis ou noci-vos ao consumo ou de uso proibido por lei. É típico do poder de polícia administrativa e, via de regra, urgente, dispensando processo prévio, ainda que exija sempre auto de apreensão e de destruição em forma regular.

b) Interdição de Atividade É o ato pelo qual a Administração Pública proíbe alguém a praticar atos sujeitos ao seu controle ou que incidam sobre seus bens. Naturalmente, não se confunde com a interdição judicial de pessoas ou de direitos. A interdição administrativa baseia-se no poder de polícia admi-nistrativa ou no poder disciplinar da Administração sobre seus servidores e funda-se em processo regular com ampla defesa ao interessado.

c) Multa A multa administrativa é toda a imposição ou penalidade pecuniária a que se sujeita o administrado a título de compensação do dano presumi-do da infração. Nesta categoria entram, inclusive, as multas fiscais e multas de trânsito.

d) Atos de Atuação Interna Referem-se aos atos praticados pela Administração Pública visando a disciplinar seus servidores, segundo o regime estatutá-rio a que estão sujeitos. Aqui o poder age com margem discricionária restrita, já que as infrações e as penalidades precisam estar previstas em lei, tanto na apuração das infrações, como na graduação da pena.

Programa Completo de Conhecimentos Específicos: 1. Noções de administração. Ética e responsabilidade social das empresas. 1.1. Almoxarifado. 1.2. Relações humanas, comunicação e expressão, desenvolvimento organizacional, atendimento público, guarda e conservação de materiais sob sua responsabilidade. 2. Rotinas de envio e recebimentos de ofícios, memoran-dos. 3. Gestão eletrônica de documentos. 4. Protocolos: recebimento, registro, distribuição, tramitação e expedição de documentos. 4.1. Classificação de documentos de arquivo. 4.2. Arquivamento e ordenação de documentos de arquivo. 4.3. Tabela de temporalidade de documentos de arquivo. 4.4. Acondicionamento e armazenamento de documentos de arquivo. 4.5. Preservação e conservação de documentos de arquivo. 5. Noções de Direito Administrativo. 5.1. Administração direta e indireta. 5.2. Administração centralizada e descentralizada. 5.3. Ato administrativo: conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies. 6. Agentes públicos. 6.1. Espécies e classificação. 6.2. Cargo, emprego e função públicos. 7. Os Poderes constitucionais na administração pública. Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. 8. Estado, governo e administração pública. Conceitos. Elementos. 9. Constituição Federal - dos Princípios Fundamentais (Título I); dos Direitos e Garantias Fundamentais (Titulo II): dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (Capítulo I), dos Direitos Sociais (Capítulo II); da Organização do Estado (Título III): Da administração pública (Capítulo VII): Disposições Gerais (Seção I), dos servidores públicos (Seção II); da Organização dos Poderes (Título IV). 10. Lei Estadual n.º 6.174/70. 11. Lei n.º 8.429/92. 12. Lei n.º 12.846/13.