matÉria 06: sociologia - piritubanos.com.br · apostila atualizada em abril de 2009 pelo 1°ten pm...

23
1 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO DIREITORIA DE ENSINO ESCOLA SUPERIOR DE SOLDADOS “CORONEL PM EDUARDO ASSUMPÇÃO” CURSO SUPERIOR DE TÉCNICO DE POLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA Departamento de Ensino e Administração Divisão de Ensino e Administração Seção Pedagógica Setor de Planejamento APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd

Upload: doandiep

Post on 30-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

1

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

DIREITORIA DE ENSINO

ESCOLA SUPERIOR DE SOLDADOS

“CORONEL PM EDUARDO ASSUMPÇÃO”

CURSO SUPERIOR DE TÉCNICO DEPOLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO

DA ORDEM PÚBLICA

MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA

Departamento de Ensino e Administração Divisão de Ensino e Administração

Seção Pedagógica Setor de Planejamento

APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd

Page 2: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

2

SOCIOLOGIA

ÍNDICE

O CONHECIMENTO COMO CARACTERÍSTICA DE HUMANIDADE..................... 2AS CULTURAS HUMANAS COMO PROCESSOS ................................ ................... 4CIÊNCIAS SOCIAIS ................................ ................................ ................................ ..5PEQUENA HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS ................................ ..................... 5DIVISÃO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS ................................ ................................ ..........6SURGE A SOCIOLOGIA............................................................................................5OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS ................................................................ .............6SISTEMAS DE STATUS E PAPÉIS SOCIAIS...........................................................9ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO SOCIAL ................................ ............................. 10INSTITUIÇÃO SOCIAL ................................ ................................ ........................... 11SOBRE A FAMÍLIA ................................ ................................ ................................ .11A QUESTÃO DA POBREZA....................................................................................10A POBREZA CONTEMPORÂNEA...........................................................................11A RESPONSABILIDADE DO ESTADO PELA POBREZA ................................ ......13A RESPONSABILIDADE DO SISTEMA CAPITALISTA PELA POBREZA .............. 13A POBREZA E A CAPACIDADE INDIVIDUAL ................................ ....................... 14A POBREZA CRESCENTE E INCÔMODA ................................ ............................. 14URBANIZAÇÃO E CRIMINALIDADE ................................ ................................ ......15O "EXÉRCITO DE RESERVA" ................................ ................................ ............... 16A QUESTÃO DA VIOLÊNCIA..................................................................................16A VIOLÊNCIA ENTRE OS HOMENS................................ ................................ ......17A SEGURANÇA PÚBLICA E A VIOLÊNCIA ................................ ........................... 18A VIOLÊNCIA INDIVIDUAL ................................ ................................ ..................... 18SOCIOLOGIA DA VIOLÊNCIA ................................ ................................ ................ 19PROBLEMAS SOCIAIS................ ...........................................................................18MARGINALIZAÇÃO SOCIAL...................................................................................19DESEMPREGO E SUBEMPREGO................................................ .........................20MIGRAÇÃO E URBANIZAÇÃO...............................................................................20O IDOSO..................................................................................................................21A MULHER NA SOCIEDADE..................................................................................21BIBLIOGRAFIA ................................ ................................ ................................ .......23

SOCIOLOGIA

Page 3: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

3

O CONHECIMENTO COMO CARACTERÍSTICA DE HUMANIDADE

Nas várias espécies animais existentes sobre a Terra encontramos formasestabelecidas de relacionamento que nos fazem pensar na existência de regras queordenam sua vida comunitária. Percebemos facilmente que os diversos animais seagrupam, convivem, se acasalam, sobrevivem e se rep roduzem de forma mais oumenos ordenada, em função de suas potencialidades e do ambiente em que vivem.

A preservação da espécie e seu aprimoramento parecem ser os objetivos dassuas formas de vida, convivência e sociabilidade. Assim alguns animais têm um ciclode vida que lhes permite a reprodução e a manutenção de sua sobrevivência e a deseus descendentes. Estabelecem para isso modos de vida mais ou menoscomplexos, como os sistemas de acasalamento, alojamento, migração, defesa ealimentação.

O homem como uma dentre várias espécies existentes, também desenvolveutodos os processos de convivência, reprodução, acasalamento e defesa observáveisnos demais seres vivos. Desse modo, o homem apresenta, como os animais, umasérie de atividades "instintivas", ist o é ações e reações inatas como respirar,engatinhar, sentir fome, medo, frio. Além disso, porém, quer por dificuldadesimpostas pelo ambiente, quer por particularidades da própria espécie, o homemdesenvolveu capacidades que dependem do aprendizado. Assim , as criançasaprendem a comer, beber e dormir em horários regulares; aprendem a brincar e aobedecer; mais tarde, aprenderão a trabalhar, comerciar, administrar, governar.

O homem, portanto, se distingue das demais espécies existentes porque nemtudo que faz surge de sua estrutura genética, nem se desenvolve automaticamenteem sua relação com a natureza, nem se transmite à sua descendência através degens. É o único animal que necessita de aprendizado para uma série de atividadesque lhe são próprias.

Tarzan, aquele que, mesmo abandonado na selva sem a companhia de outroshomens, pôde desenvolver todas as suas características humanas, na verdade nãopassa de uma lenda. Para se tornar humano, o homem tem que aprender com seussemelhantes uma série de atitudes que lhe seriam impossíveis desenvolver noisolamento. Já entre os demais animais, se separarmos uma cria de seu grupo deorigem, ela apresentará com o tempo as mesmas capacidades e atitudes de seussemelhantes, pois essas decorrem, sobretudo de caracte rísticas genéticas.

O cineasta alemão Werner Herzog trata justamente deste tema seu filme Oenigma de Kaspear Hauser , de 1976. Ele mostra como um homem criado longe deoutros seres de sua espécie é incapaz de se humanizar, desenvolvendo apenascaracterísticas instintivas e animais.

Portanto, para que um bebê humano se transforme em um homempropriamente dito, capaz de agir, viver e se reproduzir como tal, é necessário umlongo aprendizado, pelo qual as gerações mais velhas orientam e passam àsgerações subseqüentes suas experiências adquiridas. Essa característicaessencialmente humana só se tornou possível porque o homem tem a capacidadede criar sistemas de símbolos, como a linguagem, através dos quais dá significadoàs suas experiências vividas e as tra nsmite a seus semelhantes.

Se podemos detectar em outros animais certa capacidade de comunicação,nunca foi neles percebida a possibilidade de transmitir uma experiência particular. Ocachorro que aprende a pegar o jornal para o seu dono executa um compor tamentoconsiderado "inteligente". Tal conduta, porém difere do comportamento humano namedida em que o animal não é capaz de passar para outro ser da mesma espécie oque aprendeu. A atitude do cachorro só se repete frente ao mesmo estímulo: amesma casa, há mesma hora, o mesmo objeto, o mesmo lugar. Ele não é capaz de

Page 4: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

4

reutilizar o comportamento aprendido em outra situação que envolva lugares,pessoas e objetos diferentes.

As capacidades características dos animais se desenvolvem de maneirapredominantemente instintiva e se transmitem aos descendentes pela cargagenética.

O homem, por sua vez, deve transmitir por uma série ordenada de símbolos,suas experiências e interpretações da realidade.

Por isso dizemos que o Homo Sapiens é a única espécie que pensa, que écapaz de transformar a sua experiência vivida em um discurso com significado etransmiti-la aos demais seres de sua espécie e a seus descendentes. É o únicocapaz de imaginar ações sob forma simbólica, isto é, mesmo na ausência deestímulos concretos que provoquem medo, alegria, fome ou rancor, ele pode reviveressas situações que o estimulam. Além disso, é o único a diferenciar as experiênciasno tempo e, em conseqüência, a projetar ações futuras.

O homem, portanto, é capaz de recriar situações e emoções, é capaz desimbolizar, de atribuir significados às coisas, de separar, agrupar, classificar omundo que o cerca segundo determinadas características. Esse é o cerne de suacapacidade simbólica e de sua humanidade.

Ao pensar, ao ser capaz de orden ar, de prever, de aprender, o homem,sempre vivendo em grupos, começou a travar com o mundo ao seu redor umarelação dotada de significado de avaliação. Nisso se baseou seu conhecimento demundo, que organizado, comunicado e compartilhado com seus semelhan tes etransmitido à descendência, se transformou em cultura humana propriamente dita.Essa reelaboração sob forma simbólica da experiência fez com que os homensrecriassem o mundo segundo suas necessidades e pontos de vista, transformando -oem conhecimento ou em abstração. A partir dessa conquista do desenvolvimentodessa capacidade genuinamente humana de representar e transformar o ambientenatural, cada grupo compartilhando experiências comuns adaptadas ao seu modopróprio de vida, criou formas próprias d e cultura. É por isso que encontramos formasde existência, crenças e pensamento tão diversos. Porque elas não sãoconseqüências de uma estrutura genética da espécie, mas da criação de formas deação e reação decorrentes da experiência particular vivenciad a por um grupo dehomens.

Uma vez que cada cultura tem suas próprias raízes, seus próprios significadose características, todas elas são qualitativamente comparáveis. Todas sãoigualmente, enquanto culturas, simbólicas, fruto da capacidade criadora do ho mem eadaptadas a uma vida comum em determinado espaço e tempo nesse contínuorecriar, compartilhar e transmitir a experiência vivida e aprendida.

AS CULTURAS HUMANAS COMO PROCESSOS

Foi dessa capacidade de pensar o mundo, de atribuir significado à reali dade,que o homem criou o conhecimento. Desde os primeiros vestígios arqueológicos dohomem sobre a Terra, percebemos que os problemas por ele enfrentados desobrevivência, defesa e perpetuação da espécie, lhe aparecem como problemasontológicos, isto é, problemas que dizem respeito à busca de explicações sobre simesmo e sobre o mundo no qual vive.

Os mais antigos "cemitérios" humanos, onde encontramos ossadas dispostasnuma certa posição acompanhadas de alguns objetos, mostram que mesmo o ato deenterrar os mortos respondia a questões relativas à vida e à morte e implicava umaescolha da "melhor forma" de ação. Aceita pelo grupo, essa "melhor forma" tende ase repetir, transformando-se em ritual - uma ação revivida em grupo e explicada emfunção da resposta coletiva dada ao "para quê" e ao "porquê" da existência humana.

Page 5: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

5

Podendo escolher, julgar, pensar sobre situações passadas e futuras, ohomem passou da simples experiência imediata às explicações que lhe garantiam oconhecimento de si e do mundo à sua v olta, formulando justificativas para certoscomportamentos. Toda a ação humana é, portanto, resultado de uma atribuição designificados, relações de caráter abstratas estabelecidas entre os grupos humanos eas coisas que vêem, vivem e sentem. Essas abstraç ões, a que chamamosconhecimento, criaram soluções para necessidades concretas de vida esobrevivência e se mantiveram sempre operantes enquanto foram percebidas comoadequadas a tais necessidades. Quando aos homens se colocaram novosproblemas, surgiram novas elaborações tidas como mais adequadas, mais úteis àsdificuldades enfrentadas. Assim, se por um lado as culturas humanas tendem aritualização e a repetição, amparadas na tradição e no aprendizado, elasapresentam também a possibilidade de mudança e a daptação. Podemos entãoconcebê-las como processos.

Essa idéia de processo, baseada no vínculo existente entre as culturashumanas e as condições de vida de cada agrupamento humano, nos mostra que asdiferenças entre as culturas não são de qualidade nem d e nível: devem-se àscircunstâncias específicas que as cercam. Durante muito tempo se pensou que asculturas de sociedades iletradas ou ágrafas eram menos complexas ou menoselaboradas do que as de sociedades onde se havia desenvolvido a escrita. Hoje sesabe que os conhecimentos passados pela tradição oral, através dos contadores dehistória, são de complexidade e profundidade comparáveis àqueles veiculadosatravés da escrita. Se certas sociedades não desenvolveram o alfabeto e alinguagem gráfica, é porque o modo de vida de tais indivíduos não lhes despertounecessidade, não porque sua capacidade mental fosse "inferior". A capacidadesimbólica e os padrões de todas as culturas humanas são igualmente abstratos,significativos e dão respostas úteis aos probl emas de compreensão do mundo.

CIÊNCIAS SOCIAIS

Ramo científico responsável pelos estudos sistemáticos do comportamentosocial do homem. Portanto o objetivo de estudo das ciências sociais é ocomportamento social humano, portanto buscam explicar, compreen der, interpretaros motivos pelos quais os homens se agrupam em comunidades e sociedades, asformas de construção desses agrupamentos, a durabilidade e flexibilidade (ou não)dessas associações, as normas à sua volta e todos os aspectos que dão conta derefletir sobre o homem e seu meio social.

PEQUENA HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

As primeiras tentativas de compreender as forças sociais não tiveram êxito.Tais tentativas baseavam-se mais na imaginação, na fantasia, na especulação doque na investigação científica dos fenômenos. Recorriam, por exemplo, a deuses eheróis para explicar certos fenômenos sociais.

Assim para os gregos, Zeus, senhor dos homens e dos deuses, era o deusjusticeiro e bom, que mantinha a ordem no mundo moral e físico. Hera, esposa d eZeus, protegia o casamento e era a divindade tutelar da vida familiar.

Ainda na Antigüidade, durante a Idade Média e até o início da Idade Moderna,as tentativas de explicação da sociedade foram muito influenciadas pela filosofia epela religião, as quais propunham normas para melhorar a sociedade de acordo comseus princípios.

Essas tentativas de estudo sistemático sobre a sociedade humanacomeçaram com os filósofos gregos Platão (427 a.C.) em seu livro “A República” e

Page 6: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

6

Aristóteles (384 a.C.) com a obra “A Política”. É de Aristóteles a afirmação “o homemnasce para viver em sociedade” .

Na Idade Média, como acontecia na Antigüidade, os filósofos continuaram adescrever a sociedade em que viviam e a propor normas para que o homem vivessenuma sociedade ideal. Santo Agostinho, por exemplo, na sua obra “A cidade deDeus”, achava que os homens viviam na cidade onde não houvesse pecado.Propunha então normas para se viver numa cidade onde não houvesse pecado. Deoutro teor de inspiração, mas próximo das ciências, também propuseram sociedadesmais aprimoradas para se viver os escritores: Thomas Morus em “Utopia”; FrancisBacon, em “Nova Atlântida”.

Com o Renascimento, começaram a surgir autores que passaram a tratar osfenômenos sociais num nível mais realista. As sim escreveram sobre a sociedade daépoca: Maquiavel em “O Príncipe”, Montesquieu em “O Espírito das Leis” e ThomasHobbes em “O Leviatã”.

Já no século XVIII, Jean Jacques Rousseau escreveu “O Contrato Social”. Eleafirma que: “O homem nasce puro e a sociedade é que o corrompe”.

Contudo foi no século XIX com Augusto Comte, Herbert Spencer, GabrielTerde e, principalmente, Émile Durkheim, Max Weber, Karl Marx que a investigaçãodos fenômenos sociais ganhou um caráter verdadeiramente científico,especialmente no que tange aos conhecimentos sociológicos.

DIVISÃO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

Sociologia - estuda as relações sociais e as formas de associação,considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade. Abrangendo oestudo dos grupos sociais, da divisão da sociedade em camadas e demaiselementos formadores dos grupos.

Economia - estuda as atividades humanas ligadas à produção e à circulaçãode bens e serviços. Entre os exemplos, a ciência econômica estuda a distribuição derenda no país, a política salar ial, a produtividade de uma empresa, entre outrosaspectos.

Antropologia - estuda e pesquisa as semelhanças e diferenças culturaisentre os vários agrupamentos humanos, assim como a evolução das culturas. Seusobjetos de estudo são os tipos de organização familiar, as religiões, a magia, as leisdo parentesco, entre outros aspectos.

Ciência Política - estuda a distribuição de poder na sociedade, bem como aformação e o desenvolvimento das diversas formas de governo. Estuda os partidospolíticos, os mecanismos eleitorais, os sistemas de poder e de sua distribuiçãodentre a sociedade, entre outros aspectos.

As Ciências Sociais têm por objetivo aumentar ao máximo possível oconhecimento sobre o homem e a sociedade, através da investigação científica.

Conseqüentemente, pode-se afirmar que a Sociologia busca, como finalidade,aumentar o conhecimento que o homem tem de si mesmo e da sua sociedade epoder contribuir para a solução de problemas que ele enfrenta.

SURGE A SOCIOLOGIA

Em 1839, Augusto Comte usa pel a 1ª vez o termo sociologia em seu “ CursoFilosofia Positiva”.

Embora Augusto Comte seja considerado o pai da Sociologia, entre outrascoisas por assim tê-la assim batizado, Durkheim é apontado como um de seus

Page 7: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

7

primeiros grandes teóricos, pois com ele a soc iologia passou a ser considerada umaciência. Durkheim e seus colaboradores se esforçaram por emancipar a Sociologiadas filosofias sociais e constituí -las definitivamente como disciplina científicarigorosa. Em seus livros e registros, era sua preocupação definir com precisão oobjeto, o método e as aplicações dessa nova ciência.

Em uma de suas obras fundamentais, “As regras do método sociológico” ,publicada em 1895, Durkheim formulou com clareza o tipo de acontecimentos sobreos quais o sociólogo deveria se debruçar: os Fatos Sociais. Estes constituiriam oobjeto da Sociologia.

Fatos Sociais são os modos de pensar, sentir e agir de um grupo social. Esão três as características que Durkheim distingue nos fatos sociais que lhes atribuia sua normalidade ou anormalidade à sociedade:

1. Coercitividade: os indivíduos vêem-se obrigados a seguir ocomportamento estabelecido, sendo que sua desobediência pode ter comoconseqüências sanções;

2. Exterioridade: o fato social é externo ao indivíduo, existeindependentemente de sua vontade, posto que é o social que lhe dá vida epermanência;

3. Generalidade: o fato social é comum aos membros de um grupo, portanto,atinge a todos sem distinção.

OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS

Para o sociólogo Karl Mannheim, os contatos e os pro cessos sociais queaproximam ou afastam os indivíduos, provocam o surgimento de formas diversas deagrupamentos sociais, de acordo com o estágio de interação social. Tais formas sãoos grupos sociais e os agregados sociais.

1. Os Grupos Sociais :O Grupo Social é a reunião de duas ou mais pessoas, associadas pela

interação, e, por isso, capazes de ação conjunta, visando atingir um objetivo comum. Vamos analisar inicialmente os grupos sociais: aqueles que, devido aos

contatos sociais mais duradouros, result am em formas mais estáveis de integraçãosocial. Nos grupos sociais há normas, hábitos e costumes próprios de funçõesdefinidas. Como exemplos temos: a família, a escola, o clube, o Estado, a PolíciaMilitar, o Pelotão de alunos do CFSd, entre outros.

O indivíduo, ao longo de sua vida, participa de vários grupos sociais.

Os principais são:

Grupo Familial – família ou familiar;Grupo vicinal – vizinhanças;Grupo educativo – escolas;Grupo religioso – igrejas;Grupo de lazer – clubes, associações;Grupo profissional – empresa;Grupo político – Estado, partidos políticos.

Principais características de um grupo social são:

Pluralidade de indivíduos – Há sempre mais de um indivíduo no grupo;Interação social - No grupo, os indivíduos comunicam -se uns com os outros;Organização – Todo grupo para funcionar bem, precisa de certa ordem;

Page 8: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

8

Objetividade e exterioridade – Quando a pessoa entra no grupo, ele já existe;e quando sai ele continua a existir;

Conteúdo intencional ou objetivo comum – Os componentes unem-se emtorno de um só propósito, porém se dividem quando ocorre conflito ou discórdias;

Consciência grupal ou sentimento de “nós” – São as maneiras de pensar,sentir e agir próprias do grupo;

Continuidade – Existe a necessidade de se formar grupos organizados q uetenham relativa duração, principalmente porque a união se dá em razão de objetivosque devem ser alcançados e de forma complexa.

Classificação:

Os grupos sociais podem ser classificados em:Grupos primários – São aqueles que predominam os contatos pri mários, isto

é, os contatos mais pessoais, diretos, como a família, grupo de amigos, pequenosgrupos culturais como o grupo religioso, o grupo musical, o grupamento de policiaisde um turno de serviço;

Grupos secundários – São os mais complexos, regidos no rmalmente porregras pré-estabelecidas e de difícil mudança, as quais as sanções são tidas comolegais. Como exemplos cita-se: Igreja, o Estado, as Instituições Públicas e asEmpresas Privadas em que predominam os contatos secundários; os contatossociais, neste caso realizam-se de maneira pessoal e direta, porém sem intimidades,pois permeados de formalidade;

Grupos intermediários – São os que se alteram e se complementam nas duasformas de contatos sociais (primários e secundários), e como exemplos cita -se:Escola, Grupos desportivos, grupos vicinais e condôminos.

Mecanismos de sustentação dos grupos sociais:Toda sociedade tem uma série de forças que mantêm os grupos sociais.As principais são: a liderança, as normas e sanções, os valores sociais e os

símbolos sociais.Liderança: É a ação exercida por um líder, que é aquele que corrige o grupo

consegue transmitir-lhe idéias e valores. Há dois tipos de liderança:a) Liderança Institucional : Derivada da autoridade que uma pessoa tem em

virtude da posição social ou cargo que ocupa; seu poder de mando vem de seucargo ou posição no grupo, Ex: pai de família, diretor de uma escola, chefe de turmada sala, etc;

b) Liderança Pessoal: Origina-se das qualidades pessoais do líder(inteligência, prestígio social e m oral, poder de comunicação, atitudes, encantopessoal). É entre estes líderes que costumam aparecer os líderes carismáticos.Exemplo: Padre Marcelo para os católicos brasileiros, Fidel Castro para os cubanos.

Normas e Sanções: São as regras de conduta que orientam e controlam ocomportamento das pessoas. Indica o que é permitido e proibido em uma sociedade.“Toda norma social corresponde a uma sanção social”. Esta sanção pode ser umarecompensa ou uma punição.

Valores Sociais: Significado ou preço que a sociedade atribui às idéias, fatos,conhecimentos, objetos e normas.

A sociedade estipula o que é bom e o que é ruim, o que é bonito e o que éfeio, o que certo e o que é errado. Assim na vida em sociedade, as idéias asopiniões, os fatos, os objetos não são avaliados isoladamente, mas dentro de umcontexto social que lhes atribui um significado, um valor e uma qualidadedeterminados. Estes valores variam no espaço e no tempo, em função de cadaépoca, cada geração, cada sociedade. Ex: serviço doméstico, que e ra exclusivo das

Page 9: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

9

mulheres, a divulgação do sexo, antes proibida e hoje aceita nos meios decomunicação.

Símbolos: É algo cujo valor ou significado é atribuído pelas pessoas que outilizam.

Exemplos: (A linguagem, a cor, os hinos, gestos, etc.), a aliança simboliza aunião e a fidelidade entre os cônjuges; a cruz simboliza a fé para os cristãos quetomam atitudes de respeito e reverência, seja ela de madeira, de pedra ou metal.

2. Agregados Sociais:

Agregado Social é uma reunião de pessoas frouxamente agl omeradas que,no entanto, mantêm entre si um mínimo de comunicação e de relações sociais.

O agregado social não é organizado e as pessoas que dele participam sãorelativamente anônimas.

Exemplos de agregados sociais :

Multidão: Agregado físico de pessoas, instável e transitório, que sofreinfluência de um impulso ou emoção comum, cujos membros são capazes de açãoconjunta.

Principais características:Falta de Organização – apesar de poder ter um líder, a multidão não possui

um conjunto próprio de normas, nem seus membros ocupam posições definidas noagregado.

Anonimato: Os componentes da multidão são anônimos, pois, ao seintegrarem à multidão, seu nome, sua profissão, sua posição social, não são levadosem conta, não têm importância.

Objetivos comuns – os interesses, as emoções e os atos têm o mesmosentido.

Indiferenciação: Não há espaço para diferenças individuais se manifestarem,o que torna iguais os membros da multidão.

Proximidade física: Os componentes da multidão ficam próximos uns dosoutros, mantendo contato direto e temporário.

Obs: A multidão pode assumir forma pacífica ou tumultuosa.

Público: É um agrupamento de pessoas que seguem os mesmos estímulos. Éespontâneo, baseia-se no contato físico. Exemplos: Os indivíduos que assistem aum jogo ou uma representação teatral formam públicos, bem como os manifestantesde em uma greve durante a negociação. (formam -se de forma mais ou menosintencional, como na compra de um ingresso, por exemplo).

O público não tem uma atitude passiva diante de mensagens que recebe, eleopina através de palmas, críticas, discussões.

Observação: os modos de pensar, agir e sentir do público compõem o que éconhecido como opinião pública.

Massa: É formada por indivíduos que recebem, de maneira, mais ou menospassiva, opiniões formadas, que são veiculadas pelos meios de comunicação demassa. Consiste num grupamento relativamente grande de pessoas separadas edesconhecidas umas das outras. não obedecendo a normas, todavia, como todoagregado social, sua formação é espontâne a. Numa sociedade de massa, o tipo decomunicação que predomina é aquela transmitida pelos veículos de comunicação demassa, que possuem grande influência na formação da opinião pública, influênciaesta que, contraditoriamente, é medida por esses próprios meios de comunicação.

Page 10: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

10

SISTEMAS DE STATUS E PAPÉIS SOCIAIS.O Status Social:O Status Social implica direitos, deveres, prestígio e até privilégio, conforme o

valor social conferido a cada posição.A posição ocupada por cada indivíduo no grupo social de signa seu Status

Social.Exemplo: Os diretores de uma grande empresa têm certas regalias - altos

rendimentos, carro à disposição, sala bem decorada, secretárias, tratamentocerimonioso por parte dos funcionários que as pessoas com posição inferior naempresa não possuem. Ou seja, têm Status mais elevado. Também seus deveres eresponsabilidades estão ligados a esse Status, pois devem tomar decisões cruciaispara a empresa.

Numa sociedade um indivíduo ocupa tantos Status quantos são os grupossociais a que pertence.

Dependendo da maneira pela qual o indivíduo obtém seu Status, este podeser classificado em Status atribuído e Status adquirido.

O Status atribuído é o que não é escolhido voluntariamente pelo indivíduo enão depende de suas ações ou qualidades. Os principais fatores atribuídos deStatus são: idade, sexo, raça, laços de parentesco, etc.

O Status adquirido é obtido em função das qualidades pessoais do indivíduo,de sua capacidade e habilidade. São os Status que uma pessoa obtém ao longo davida como resultado de competição e luta, pois dependem das habilidades pessoaisdo indivíduos e supõem a vitória sobre os rivais e o reconhecimento de tal êxito pelogrupo social.

Os Papéis Sociais:Papéis sociais são os comportamentos que o grupo espera de qualq uer

pessoa que ocupe determinado Status Social, portanto diretamente ligados àPosição Social do indivíduo. Correspondem mais precisamente às tarefas, àsobrigações inerentes ao Status.

Status e papéis sociais são coisas inseparáveis e só os distinguimos p ara finsde estudo. Não há Status que não corresponda a um papel social e vice -versa.

As pessoas sabem o que esperar ou exigir do indivíduo, de acordo com oStatus ocupado no grupo ou na sociedade. E a sociedade sempre encontra meiosde cobrar ou penalizar aqueles que não cumprem seu papel.

ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO SOCIAL

Estrutura social é o conjunto ordenado das partes sociais encadeadas queformam um todo, ou seja, a estrutura social é a totalidade dos Status existentes numdeterminado grupo social ou numa sociedade.

O conjunto de todas as ações que são realizadas quando os membros de umgrupo desempenham seus papéis sociais compõe a organização social. Estacorresponde, portanto ao funcionamento do organismo social.

Assim sendo, enquanto estrutura socia l dá idéia de algo estático, quesimplesmente existe, a organização social dá idéia de uma coisa dinâmica, queacontece.

Obs: A estrutura social se refere a um grupo de partes (reunião de indivíduos,por exemplo), enquanto a organização social se refere às relações que seestabelecem entre essas partes.

Page 11: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

11

INSTITUIÇÃO SOCIAL

É o conjunto de regras e procedimentos produzidos, reconhecidos, aceitos esancionados pela sociedade e que tem grande valor; são os modos de pensar, desentir e de agir que a pessoa enc ontra pré-estabelecidos e cuja mudança se fazmuito lentamente, com dificuldade.

O que basicamente diferencia a instituição social do grupo social, é que, oque forma um grupo Familiar, por exemplo, são os pais e filhos (se existirem), e ainstituição social é o conjunto de regras e procedimentos que formam a base dafamília.

SOBRE A FAMÍLIA

É o grupo social constituído pela união de um homem com uma mulher epelos filhos nascidos desse casamento, portanto, como é uma definição que seperfaz por si mesma e possui regularidade, se trata também de uma instituiçãosocial.

A família é o primeiro grupo social a que pertencemos.

Classificação:1. Família conjugal ou consangüínea é o grupo que reúne o marido, a esposa

e os filhos;2. Família consangüínea ou extensa é a que reúne, além do casal e seus

filhos, outros parentes, como avós, netos, genros e noras.Tipos de casamentos (União):1. Monogâmico: É em aquela que cada esposo tem apenas um cônjuge, ou

vice-versa. (lei brasileira).2. Poligâmico: É aquela que em que cada esposo (a) pode ter mais de dois

cônjuges:2.1. Poliandria: O casamento de uma mulher com dois ou mais homens

(existe entre as tribos do Tibete e entre os esquimós);2.2. Poliginia: Casamento de um homem com várias mulheres (encontrada

entre certas tribos africanas e entre povos que seguem a religião muçulmana).Principais funções da família :Funções: reprodutiva, econômica, emocional e educacional. As demais

instituições sociais existentes também possuem estrutura própria, formas deorganização diferenciadas e funções específicas.

A QUESTÃO DA POBREZA

A pobreza só pode ser entendida em função da riqueza e dos recursos de quedispõe uma sociedade para viver e se reproduzir. A pobreza existe quando se supõeque os bens provenientes da natureza e do trabalho não são suficientes parasatisfazer as necessidades vitais e sociais de todos. A pobreza é, portanto, umconceito relativo.

Por mais que economistas, biólogos e antropólogos tenham tentado criarmodelos universais de consumo médio para a vid a e sobrevida do homem, emqualquer tempo e lugar, tais tentativas só resultam em estereótipos. Na realidade,cada grupo, em função do meio natural, dos produtos disponíveis e do seu estilo devida, organiza a produção e reprodução de sua vida biológica e social. E somenteem relação a essa organização, podemos avaliar a pobreza e a riqueza, a penúria ea abundância dentre de uma determinada sociedade.

Page 12: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

12

Não é apenas pela quantidade bruta de bens produzidos ou de energiasconsumidas por uma população que pod emos caracterizar uma sociedade comopobre ou rica. Só existe a pobreza em relação à riqueza, isto é, só existe carência dealimentos, moradia, saúde, quando parte da população tem pouco ou nenhumacesso aos bens que a sociedade efetivamente produz ou pode produzir.

Desse modo, a constatação de que sempre existiu pobreza no mundo nãodecorre necessariamente de mau aproveitamento dos recursos naturais e humanos,mas do fato de que esses recursos, de alguma maneira, são mal distribuídossocialmente.

A pobreza, portanto, não pode ser um conceito classificatório, proveniente dacomparação entre sociedades diferentes, tendo em vista o padrão das modernassociedades de consumo. Ela se refere às condições de produção material de cadasociedade - seus recursos, bens, necessidades sociais - e à maneira pela qual seestabelece a participação dos indivíduos na distribuição do produto social. Existemsociedades que, apesar de contarem com recursos limitados, organizam formasmais igualitárias de distribuição dos bens s ociais e não podem, portanto, serconsideradas pobres, num sentido absoluto. O geógrafo Melhem Adams lembra, arespeito, o caso do Butão, pequeno país asiático, cuja renda per capita é baixa e, noentanto, seus habitantes vivem em condições melhores em com paração às pessoasde muitos países de renda maior, pois se dedicam a atividades que lhe suprem asnecessidades básicas de alimentação e vestuário, sem precisar pagar por essesbens. Da mesma forma, é incorreto considerar as sociedades indígenas brasileira scomo "pobres" tomando-se o padrão da civilização pré-cambriana do Peru e doMéxico, Incas e Astecas, ou mesmo as sociedades atuais que residem nas cidades.

A POBREZA CONTEMPORÂNEA

Uma vez compreendido que a pobreza só existe em relação a uma sociedadedeterminada, percebe-se que ela está vinculada às formas de distribuição dos benssociais e à participação dos membros de uma sociedade nas atividades por elasvalorizadas e às quais eles aspiram.

A distribuição desigual desses bens é que, em última inst ância, configura apobreza. Assim, podemos afirmar que a pobreza, entendida desse modo, muitoembora se faça presente em todas as épocas nas mais diversas sociedades, jamaisalcançou a proporção em que se apresenta na sociedade industrial. Antes dasociedade industrial, nunca se conheceu tão vasta quantidade de bens emcirculação ao lado de tão desigual distribuição.

Assim, mesmo considerando a pobreza um conceito específico de análiseestrutural de cada sociedade, se tomarmos as sociedades ao longo da his tória,verificaremos que nunca a pobreza adquiriu caráter tão agudo como na épocacontemporânea. É alarmante o contraste entre o acúmulo de bens produzidos, aosquais os indivíduos aspiram e o número de seres que têm pouca ou nenhumapossibilidade de acesso a tais bens. Esse estado de carência e pobreza é agravadopor toda a ideologia da sociedade industrial capitalista, baseada num desenfreadoapelo ao consumismo, ao desfrute do conforto, do bem estar e da sofisticaçãoproporcionados pela vida moderna.

É essa flagrante contradição que faz da pobreza uma questão contemporâneae, nesse sentido, nova na história humana: uma crescente pobreza em meio a umaincalculável acumulação de bens. E no caso dos estudos de violência há certatendência a realizar uma correlação direta entre pobreza e criminalidade.

Page 13: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

13

A RESPONSABILIDADE DO ESTADO PELA POBREZA

Além de sua agudeza, do seu crescimento e das contradições que expressa, apobreza tem uma particularidade: ela não é vista como resultado da ganância ou dosprivilégios de que desfrutam os ricos, mas como conseqüência da má administraçãodo Estado.

Na segunda metade do século XIX, as revoluções nacionalistas,principalmente na Alemanha e na Itália, transformaram o Estado não no simplesguardião dos direitos naturais do homem, nem no controlador das condições deliberdade das relações sociais, como pregava o liberalismo, mas na instituiçãoresponsável por toda a economia nacional, planejada e dirigida. O Estado alemãounificado surgiu preliminarmente da união aduanei ra entre principados e a pobrezada nação deixou, desde então, de ser vista como conseqüência das relaçõesdesiguais entre os homens para ser percebida como fruto de mau planejamento emá administração da vida econômica nacional.

Representa bem essa situação a frase de Marx a respeito do direito aotrabalho assegurado pela constituição francesa de 1848: "Que Estado moderno nãoalimenta de forma ou de outra a seus pobres?" (In: O Dezoito Brumário de LuísBonaparte), pergunta ele ironicamente se referindo à massa de indigentes queocupava Paris na época da proclamação da Segunda República Francesa.

No século XX, sobretudo após a Primeira Guerra Mundial, a cobrança deimposto e outras taxas, o poder crescente do Estado e a ampliação de suas funçõestiraram da classe enriquecida pelo comércio, pela indústria e pelas atividadesfinanceiras, a responsabilidade para com a pobreza e a indigência. O Estado setransformou em empregador, financiador, responsável pela saúde pública, promotordo bem-estar social, encarregado do estabelecimento de preços e salários, daadministração do capital que arrecadava pelos impostos. Ao Estado se passou aatribuir a responsabilidade pelas condições de vida da população.

A RESPONSABILIDADE DO SISTEMA CAPITALISTA PELA POBREZA

Há teorias econômicas, políticas e sociais que pensam a pobreza não sócomo conseqüência e responsabilidade do Estado, mas atribuem como sua maiorcausa o sistema capitalista de produção.

Malthus e Ricardo afirmaram que o desenvolvimento do capitalismo indust rialalcançaria um nível em que os recursos mundiais estariam esgotados e aspopulações seriam assoladas pela fome.

Karl Marx, no “Manifesto do Partido Comunista” , afirmou que odesenvolvimento industrial levaria necessariamente à concentração de riquezas nasmãos de uma parcela cada vez menor da população, enquanto o resto ficariareduzido ao nível da subsistência, portanto pobreza ou miséria.

Alfred Marshall, em 1927, também se preocupou com a degradaçãomanifestada pelo trabalho demasiado, falta de ins trução e saúde e baixa expectativade vida.

Se por um lado, essas teorias tinham um caráter de denúncia, espalharam opessimismo e a revolta e nos melhores casos, levaram a desconfiança e a umceticismo diante do desenvolvimento industrial, elas também ti raram dos agentessociais, dos próprios indivíduos, a responsabilidade pelas desigualdades sociais.Assim como ocorrera com o Estado, agora é o sistema produtivo, funcionando porprincípios impessoais, o responsável pela pobreza da maioria e pela riqueza d ealguns.

Page 14: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

14

Aliás, encontramos na história das idéias da sociedade moderna econtemporânea a constante tendência de eximir a responsabilidade dos indivíduosdiretamente implicados nas relações desiguais da sociedade. Se, na Idade Média, olucro e a usura eram considerados pecados de responsabilidade única e exclusivade quem os praticava, o calvinismo, como bem demonstrou Weber, tratou deconsiderar a riqueza como sinal do agrado de Deus e da predestinação à salvaçãoeterna. As atuais teorias, condenando o E stado e o capitalismo, também eximem deresponsabilidade, apesar de seu caráter de denúncia, os indivíduos implicados nasrelações sociais concretas.

A POBREZA E A CAPACIDADE INDIVIDUAL

Outra forma de camuflar o problema da pobreza foi a tendência à cr escenteburocratização. A industrialização criou, no interior das empresas, diversos cargoshierarquizados entre os quais, nos mais altos escalões, estão trabalhadoresdiretamente responsáveis pela administração. São os chamados "executivos" ou"colarinhos brancos" que não só dirigem as empresas como efetivamente recebemaltos salários, que aumentam na medida em que a produção se expande.

Em termos ideológicos esse grupo de empregados se transforma no exemplovivo de que o desenvolvimento industrial permit e elevar o padrão de vida dostrabalhadores. Cria-se a impressão de que tal privilégio pode ser estendido aooperariado como um todo.

De fato, nos países industrializados como Alemanha, Inglaterra, França, EUA,o operariado industrial teve significativa m elhora em seu nível de vida, ocasionadaem parte pelos lucros obtidos pelas empresas sediadas nesses países, com suasfiliais no Terceiro Mundo.

Para todos os ideólogos e pesquisadores aplicados em defender o sistemacapitalista, a pobreza, em vista dessa ascensão social, se transforma numa questãode competência. Só se mantêm, em níveis salariais baixos, aqueles trabalhadoresque não demonstraram adestramento adequado e qualidades pessoais relevantes.

Para tais ideólogos, nem o Estado nem o sistema são c ulpados pelo padrãode vida de grande parte da população, mas a desigualdade natural entre ascapacidades humanas. Exemplos não faltam: inúmeras biografias traçam o caminhofeérico da vida desses self -made-men, como Pelé, por exemplo, cuja imagem refleteuma posição que pode ser alcançada por todos segundo suas qualidades.

A POBREZA CRESCENTE E INCÔMODA

Tratada como resultado da incompetência do Estado ou da capacidadeindividual a pobreza não deixou, entretanto, de aumentar e de se tornar maisevidente, principalmente nas grandes concentrações urbanas e de maneirasignificativa nos países do Terceiro Mundo.

A instrução oficial se tem mostrado impotente, cresce a evasão escolar e osíndices de repetência. A saúde pública cai constantemente na qualidade d e serviçose pouco se tem feito no sentido de assegurar uma vida longa e saudável aoscidadãos.

A especulação imobiliária tem jogado a população carente para zonasperiféricas e os terrenos desocupados têm sido usados por populações carentes.Crescem as favelas, o subemprego, a criminalidade e a mendicância.

Uma grande parte da população não usufrui nenhum dos benefícios ouconfortos trazidos com a expansão da produção: são pessoas que não completamos estudos; trabalham desde cedo em serviços braçais de baixa remuneração; não

Page 15: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

15

tem assistência médica nem trabalho regular; não desfrutam das redes desaneamento básico; não freqüentam cinemas; não tem conta bancária; alimentam -seprecariamente; vestem-se como indigentes e só consomem objetos de segundamão, que lhes chegam através de movimentos assistenciais.

Alguns teóricos definem essa população pobre pela pouca produtividade queproporcionam, a pouca renda com que sobrevivem, a ausência de bens e dereservas quer sob a forma de dinheiro quer sob a forma de provisões. Abastecem-separcamente e a pequenos intervalos, o que faz sua subsistência mais custosa.

Outros pesquisadores, mais preocupados com os valores culturais, definem apopulação pobre como um grupo que, mesmo tendo introjetado valores dasociedade burguesa como o casamento monogâmico e legal, o trabalho regular e aparticipação na vida pública, mostra, no comportamento efetivo, completadissonância em relação a eles: as uniões são periódicas e ilegítimas, o trabalhoirregular e com alta porcentagem de subemprego, isto é, trabalhos ocasionais eautônomos, demonstrando-se portanto que a adaptação a um mundo capitalista depoucos privilegiados grandes dificuldades de aculturação.

A presença constante, próxima e crescente dessa massa de pobres que,segundo alguns cálculos, chega a 2/3 da população do Terceiro Mundo, incomoda econstrange por todos os motivos: porque demonstra a ineficiência da administraçãodo Estado do qual se espera tomada de medidas racionais; porque parece crescer aquantidade de pessoas excluídas do contingente de consumidores nacionais; porquese teme que essa população crescente se organize e aja politicamente contra umsistema que os marginaliza; porque se constitui num sintoma evidente do malogro deuma sociedade que se pressupõe orientada para o bem comum.

URBANIZAÇÃO E CRIMINALIDADE

O desconcertante fenômeno do aumento da pobreza crônica tem sidoexplicado como efeito da atração dos centros urbanos sobre um setor agrário etambém empobrecido. As taxas indicam que cerca de 35 % da população pobre doscentros urbanos é composta de migrantes.

Essa explicação é inquietante não por mostrar que o setor agrário tende aexpelir trabalhadores, pois essa parece ser uma característica do processo deindustrialização e de racionalização do trabalho agrícola com o uso de máquinas ede mão-de-obra assalariada sazonal. Ela é inquietante porque mostra que aodecréscimo de utilização da mão -de-obra no setor agrário, não correspondeproporcionalmente ao aproveitamento dessa mesma mão -de-obra na indústria e nosetor de serviços das grandes cidades. Logo se conclui que, excluídas dos meioslegais de trabalho, mais pessoas passam a depender dos serviços municipais e deuma expansão de produção. Por outro lado, essa expansão não pode resultar de umaumento da população composta de pessoas sem qualquer rendimento oupossibilidade de fazer aumentar a demanda de produtos.

À percepção da incompetência do sistema econômico e político se soma aodesconforto de se saber que, nos grandes centros, milhares d e pessoas não seencontram sob a vigilância das instituições sociais, vivem como podem, à deriva e àrevelia dos planejamentos oficiais. Cria -se, em relação a essa população, umsentimento de desconfiança e de insegurança; a relação que se estabelece entreseu crescimento e o aumento da criminalidade nos grandes centros urbanos vai dosenso comum ao estudo científico.

O perfil social dos criminosos também ajuda a reforçar essa associação entrepobreza e criminalidade: os autores dos crimes que são oficialm ente denunciadossão pessoas geralmente analfabetas, trabalhadores braçais e predominantementede cor negra.

Page 16: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

16

Entretanto, sociólogos mais cuidadosos têm estabelecido outras relações.Constata-se que inúmeros crimes não são denunciados, que as estatísticas apenasrevelam aquela população que, tida de início como suspeita, é sistematicamentecontrolada. Existe, portanto, em relação aos dados, uma distorção provocada pela"suspeita sistemática" como a definiu o cientista social brasileiro Paulo SérgioPinheiro. Segundo essa ótica é contra a população pobre e estigmatizada que seconduz a prática policial, a investigação e as formas de punição. Conclui o autorcitado que a prática policial preconceituosa, somada à desproteção das classesmenos favorecidas, torna a relação entre pobreza e criminalidade uma profeciaautocumprida. Forma-se um círculo vicioso em que o indivíduo, para ter trabalho,precisa ter domicilio, registro, carteira profissional e uma situação civil legal. Semtrabalho, ele passa a fazer parte dos pobres e marginalizados sob constantevigilância policial.

O "EXÉRCITO DE RESERVA"

Há ainda outro aspecto a ser considerado. Essa população pobre e carenteconstitui o que Marx chamou de "Exército industrial de reserva", isto é, umcontingente populacional subempregado, mobilizável para o trabalho sempre que aluta por melhores salários ou condições dentro das empresas chega a um pontocrítico.

Semiqualificado ou sem qualificação nenhuma, esse reduto de mão -de-obraestá sempre pronto a aceitar salári os mais baixos em troca de uma situação regulare um rendimento fixo. Vimos que o subemprego desses homens e mulheres nãodepende de uma incapacidade ao trabalho ou de uma indisposição para com otrabalho, mas de falta de elasticidade na oferta de emprego da indústria. Em épocasde crise, quando os operários reivindicam melhores salários ou aderem às greves,trabalhadores empregados podem ser substituídos por essa mão -de-obra menosexigente e mais carente.

Sobre essa população já pesam o preconceito e o es tereótipo damarginalidade. Além disso, sendo virtual competidora dos operários já integrados àsindústrias, ela é discriminada também por estes. Existe preconceito dos própriosoperários em relação a essa população mais pobre e semi -empregada, de quemquerem se diferenciar.

Trabalhos que analisam o quanto à população operária é a favor da pena demorte mostram que essa adesão à repressão das populações carentes e faveladasdecorre, a princípio, do fato de que os trabalhadores são vítimas do banditismo.Além disso, existe o desejo do trabalhador regular de se distinguir dessa "massamarginal" e estigmatizá-la como perigosa e suspeita.

Por ocasião dos movimentos operários de metalúrgicos do ABC paulista,desde o final dos anos 70, fotos nas primeiras página s dos jornais mostravam queapós um grande número de demissões, filas de candidatos se apinhavam em frentedas indústrias, prontos para ocuparem os lugares vagos. Fatos como esse tendem ainstigar o conflito entre os trabalhadores regulares e o "exército d e reserva".

Na Europa, assiste-se também à discriminação efetuada pelos grandessindicatos franceses e ingleses contra trabalhadores portugueses e espanhóis que,segundo lideranças sindicais, perturbam o movimento operário por estarem sempredispostos a trabalhar por menores salários.

Portanto, mesmo nas classes despossuídas, a pobreza inspira suspeita eameaça. É por isso também que a Sociologia se dedica cada vez mais ao estudo dapobreza. Para perceber suas causas, suas dinâmicas e suas influências no modo depensar e ser das classes sociais.

Page 17: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

17

A QUESTÃO DA VIOLÊNCIA

Todos os animais lutam entre si. Os membros de uma mesma espécie atacamuns aos outros na competição por dominância, alimentos, fêmeas ou territórios.

A luta dos gamos, animais mamíferos , se processa da seguinte maneira: ascabeças ficam levantadas, os oponentes olham -se com os cantos dos olhos.Quando ficam face a face, abaixam as cabeças e atacam. Seus chifres seencontram e eles lutam durante algum tempo. Esse enfrentamento permanece a téque um deles se cansa e mostra sinais de rendição: não encara mais o oponente oufoge.

Esse processo de luta é obedecido por todos os gamos de diferentes regiões.Este combate espelha as características das lutas entre a maioria dos animais:ausência de ferimentos que ponham em risco a vida dos oponentes, a não utilizaçãode armas mortais, o cessar da luta aos primeiros sinais de rendição de um dosoponentes. Nem mesmo as cobras, cuja mordida é mortal, utilizam este recurso emseus confrontos.

Todos os estudiosos de lutas e confrontos entre animais mostram que elestêm um caráter "ritual": encerrar uma disputa pela qual o macho mais maduro (nemsempre o mais forte ou o mais frágil) conquista ou conserva a dominância sobre ogrupo e o território.

Outra característica é que essa forma de luta se desenvolve instintivamente:animais separados de seus grupos desde o desmame desenvolvem os mesmoscomportamentos diante de um oponente e até mesmo frente à simulação de umaagressão por parte do homem.

Portanto, pode-se inferir que a violência entre os animais e de certa formatambém utilizada muitas vezes pelo homem tem o caráter instintivo, de herançagenética ou apreendida sem racionalidade, que visa principalmente a garantia dasobrevivência, a perpetuação e o aprimoramento da espécie. A violência utilizadanas capturas de alimentos animais é um exemplo clássico dessa violência.

A VIOLÊNCIA ENTRE OS HOMENS

O homem é um animal que não mantém a ética de não enfrentamento letal emsuas formas de ataque. Ele põe em risco a vida de seus oponentes, usa armasmortíferas contra membros de sua espécie, portanto dotada de racionalidade.

Assim, considerar a violência humana como parte de uma reação instintivapresente entre todos os animais é absolutamente impossível. As formas de lutahumana são totalmente diferentes e só os ataques humanos a seres da mesmaespécie podem receber o nome de violência, na acepção moderna do termo. Só ohomem se arma premeditada e perpetuamente contra seus semelhantes, o queequivale a dizer que só o homem adota uma postura de permanente ataque epermanente ameaça.

A guerra, mesmo que justificada por alguns estudiosos como forma decontrolar a taxa populacional, é uma invenção humana culturalmente aprendida. Nãohá indícios de que o homem, longe de seu grupo de origem, desenvolva atitude deconstante ataque e defesa.

Ao lado da cooperação originária da qual resultou a vida em sociedade, ohomem desenvolveu formas de violência e dominação, presentes tanto nas relaçõesentre indivíduos de um mesmo grupo ou sociedade quanto entre indivíduos degrupos ou sociedades diferentes.

A violência de homens contra homens, mais expressiva sob a forma deguerra, surge com a civilização humana e tinha como objetivo garantir a posse deterritórios, a dominação de uma sociedade sobre a outra, produtos e mão -de-obra

Page 18: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

18

para os trabalhos mais pesados e difíceis. Podemos dizer, portanto, que a civilizaçãose ergueu com o auxílio da força e da violência através das quais os povos, mesmocom pequeno número de membros, podiam contar com um contingente extra quegarantia os meios de sobrevivência, ou seja, a produção de alimentos, bem comopara a guerra, construção de estradas, portos ou monumentos.

Mantida a civilização pela força e violência, a ruptura d esses impérios só seefetua pela reação também violenta e guerreira. Gregos aprenderam com oscretenses a usar de armas de ferro; romanos aprenderam com cartagineses o usode barcos de guerra; europeus aprenderam com chineses o uso da pólvora.

Portanto, a violência humana, a agressão premeditada e mortífera deindivíduos e grupos para com outra da mesma espécie surgiu junto com acivilização, foi aprendida culturalmente e, em todos os tempos, caracterizou asrelações de poder.

A SEGURANÇA PÚBLICA E A VIOL ÊNCIA

Não só os países dotados de armamento nuclear ameaçam a vida de seuspróprios cidadãos e praticam a violência contra eles. Os Estados pressupõem aautodefesa como princípio básico para sua continuidade. Essa postura é tanto dúbiaquando se pensa que o Estado hoje se sente ameaçado pela comunidade que,segundo a doutrina liberal, ele deveria representar e zelar. Hoje esse mesmo Estadose organiza como se estivesse também, constantemente sob ameaça deconspirações internas. Tal atitude põe em xeque o princípio da legitimidade e darepresentatividade.

As agências nacionais e internacionais de investigação, os chamados serviçossecretos, se organizam como prática cotidiana dos Estados, antecipando -se muitasvezes a qualquer evidência de desestabilização . Sentem-se ameaçados o Estado eo cidadão criando-se entre um e outro a sensação de que, de alguma forma, seusinteresses não são comuns e não se identificam mutuamente como seria de esperar. Pensar essa relação entre a construção de um sistema de segurança públicae a constante ameaça interna de erosão do poder estatal ou de eclosão de revoltasque questionem a existência e legitimidade do Estado é refletir sobre os papéis dosórgãos responsáveis pela preservação da ordem pública: são essenciai s, a partir domomento em que se considera o Estado Moderno a forma de sociabilidade que maisdá garantias à existência de formas pacíficas de convivências entre os homens e taisórgãos os mantenedores desse Estado e, portanto, responsáveis pela paz entre oshomens que o integram. Portanto, trabalhar com a Ordem Pública econseqüentemente a Segurança Pública é manter o Estado e manter as pessoas emconvívio pacífico.

A VIOLÊNCIA INDIVIDUAL

Não são só os Estados e as organizações que se sentem ameaçados, nemsão os cidadãos agredidos, apenas pelas formas institucionalizadas de violência. Ocidadão comum é vítima de um sem -número de violências a que se assistediariamente ou do qual tem notícia através de jornais, rádio e televisão. São roubos,estupros, homicídios, extorsões, constrangimentos, lesões corporais querepresentam, dentre outras, a violência de caráter individual. Cresce a criminalidadecom o aumento de pessoas nos centros urbanos, com a pobreza somada àineficiência das iniciativas para solucio nar os problemas sociais ou recuperar oscriminosos.

Ao mesmo tempo em que os serviços secretos se tornam mais eficientes e apolícia mais aparelhada, a segurança do cidadão comum se mostra cada vez maisprecária. O anonimato e o desinteresse parecem impe dir qualquer ação

Page 19: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

19

verdadeiramente eficaz em termos sociais, posto que a relação entre a tecnologia desegurança aumenta, mas os crimes também.

Nos países subdesenvolvidos, a impunidade dos crimes, que aumentaconforme a classe social a que pertence o crim inoso, faz parecer dispensável a açãopolicial. Prova disso é a qualidade de crimes que permanecem sem registro dequeixa.

SOCIOLOGIA DA VIOLÊNCIA

O estudo da criminalidade tem sido objeto de amplas análises sociológicas,que procuram qualificar e discr iminar os criminosos, os crimes, as sanções, aopinião pública e como tudo isso interfere na vida social.

A conclusão principal é que não existe na sociedade humana uma violênciainstintiva, na maioria dos casos, como entre os animais. Também não existe u manoção absoluta de violência. Existem violências, sob diversas formas, em diferentescircunstâncias. Há a violência institucionalizada, oficial, praticada pela polícia, peloEstado que pode auferir o caráter legítimo quando postada nos termos das leisvigentes e o caráter ilegítimo quando se distancia dos ditames legais; a violênciainternacional, que ocorre entre dois ou mais países em conflito; a violência política,entre facções de uma mesma nação, que tem caráter coletivo; as violências decaráter coletivo organizada entre bandos armados que se defrontam pelo domínio deatividades ilegais (drogas, jogo, armas, dinheiro) ou pelo domínio de terras (como osbandos de jagunços dos proprietários rurais ou as milícias de sem -terras); aviolência como explosão dos movimentos coletivos, com os linchamentos; aviolência resultante do preconceito contra mulheres, negros, homossexuais, sob aforma individual ou organizada.

A sociologia estuda também formas de violência que, embora não semanifestem por agressão f ísica, são igualmente ofensivas à integridade humana,como a discriminação, a miséria e o abuso do poder.

A sociologia como ciência da sociedade e das relações entre os homens, nãopode ignorar a violência que constitui, em suas mais diversas formas, um e lementocotidiano dessas relações. Mesmo que não encontrarem soluções, esses estudostêm o poder do diagnóstico e da denúncia.

PROBLEMAS SOCIAIS

Conceito: É aquele que não envolve apenas um indivíduo na sociedade e simuma grande parcela, direta e indir etamente, sendo que para sua solução, amobilização de diversos setores da sociedade.

Problemas Sociais mais comuns : desemprego subemprego, menorabandonado, discriminação racial, reforma agrária, miséria, prostituição.infantil,violência, superlotação presídios, evasão escolar, violência contra mulher, entreoutros.

Causas dos problemas sociais : Os grandes proprietários de terra, ou seja, oslatifundiários só detêm a terra para visar renda, as indústrias que detêm tecnologiapara competição desigual, as g randes empresas que detêm o monopólio dasmercadorias, a educação e a saúde de boa qualidade ofertadas apenas àqueles quepossuem condições de comprá-las, a reserva de bons empregos e bons saláriosàqueles que possuem condições de auferir boa qualificação profissional, entreoutros.

Conseqüências dos Problemas sociais . geração de outros tipos, tais comofome, movimentos coletivos para uma melhora, e quando for individual poderá ser

Page 20: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

20

criminosa como furto, roubo, saque, estupros, uso de drogas, prostituição; p ortanto,pode-se dizer que há uma retro e auto -alimentação dos problemas sociais.

Reflexos na atuação do Policiamento: o representante público deve seconscientizar das condições díspares pelas quais as pessoas da comunidade estãocondenadas e identificar em seu próprio proceder cotidiano e evitar atitudespreconceituosas, buscando tratar as pessoas de forma igual evitando tratamentodesumanos a menores, idosos, mendigos, pobres, negros e buscando oatendimento imediato, sem distinções, realizando assim a p revenção e o combate àcriminalidade, preservação e manutenção da ordem pública de forma democrática,ou seja, como direito de todos, sejam ricos ou pobres, estabelecidos oumarginalizados. Prova disso é o caráter muitas vezes assistencialista que o polici almilitar possui no atendimento às pessoas mais carentes que, despossuídas de bensa serem roubados, são vitimados por tipos outros de crimes e contravenções.

MARGINALIZAÇÃO SOCIAL

“A capacidade de tolerância dos pobres provém desua ignorância das alternativas” Simone deBeauvoir

Conceito: Marginalização social é a exclusão de determinado grupo deindivíduos de uma sociedade do processo de decisão a respeito de suas própriasvidas e da vida de seu país. Sua participação não é estimulada, antes é difi cultadapor uma série de obstáculos, sendo certo que pode ser considerada uma formaeficaz de controle social. Suas formas de expressão podem ser culturais,econômicas e políticas.

1. Marginalização cultural : A cultura é uma herança que um grupo socialtransmite a seus membros através da aprendizagem e da convivência social. NoBrasil, 20% não ouve rádio, 50% não vêem TV, 80% não lêem jornais, mais de 90%dos que começaram o Ensino fundamental não chegam ao Ensino Superior, mais de75% não lêem livros a não ser didáticos, sendo que a sociedade ignorante, nosentido de sem cultura, supõe-se que aceita com mais facilidade a imposição e,portanto, é mais fácil de ser dominada.

2. Marginalização econômica: Na sociedade capitalista, os meios de produçãopertencem a particulares, que exploram o trabalho com vistas à obtenção de maioreslucros e uma acumulação sempre maior de capital, portanto sempre está excluída daposse dos bens privilegiados a maioria da população.

3. Marginalização política: A constituição diz que todo poder emana do povo eem seu nome será exercido, no entanto na sociedade brasileira isto não ocorre,somente as pessoas com posses e influências conseguem se eleger, não possuemproblemas de saneamento básico, educação, saúde, moradia e portanto podemexercer com maior fidelidade a seus interesses os poderes políticos, seja em nívelestatal, seja nas searas da vida particular.

Objetivo da Marginalização Social : é o efetivo controle social por parte daminoria mais favorecida, pois enquanto esta g rande maioria menos favorecida dasociedade ficar à margem, lutando sem descanso pela própria sobrevivência,sobram-lhes poucas forças ou oportunidades para engajar -se na luta pela mudançadas condições sociais.

Page 21: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

21

DESEMPREGO E SUBEMPREGO

Desemprego: É a falta de ofertas de vagas na empresas para que oscidadãos consigam trabalhar e com isto viver com dignidade. Podemos conceituardesempregado o um indivíduo, em idade produtiva, que se encontra sem trabalho,por circunstâncias alheias a sua vontade.

Subemprego: É o trabalho desenvolvido sem as garantias trabalhistas, ouseja, trabalhos sem registros em carteira, com registros irregulares, sem as totaiscondições de segurança e salubridade.

Entre as principais causas do desemprego e do subemprego podemosdestacar a recessão, crescimento populacional desordenado, automatização dasempresas, falta de investimentos em projetos, entre outras.

Discussão das principais causas:Recessão: Grave problema causador de desemprego, pois ela dá início a um

ciclo vicioso que aumenta os problemas sociais, no sentido de que só alarma ealimenta a si própria: se o comércio não vende seus produtos, a indústria diminui aprodução, diminuindo assim o número de trabalhadores, aumentando o número dedesempregados e subempregados, aumentando o contingente de marginalizados eassim por diante.

Crescimento populacional desordenado : Representado pelo descontrole danatalidade, por mulheres e os adolescentes que não têm acesso aos métodoscontraceptivos, pelo constante e desenfreado êx odo das áreas menosdesenvolvidas, pela aceleração de marginalizados .

Efeitos do desemprego: Na abolição dos escravos isto ficou patente, pois osnegros não tinham empregos e sem trabalho para garantir sua sobrevivência e desua família foram obrigados a habitar as periferias urbanas e rurais o que lhesrendeu como herança uma marginalização econômica e cultural que perdura até osdias atuais; como efeitos atuais pode -se destacar o aumento do subemprego,também chamado de economia informal, da miséria, dos pedintes urbanos, dasfamílias alocadas às periferias e aos centros pauperizados das metrópoles, àformação de uma Exército Industrial de Reserva cada vez maior.

MIGRAÇÃO E URBANIZAÇÃO.

Migração: Movimento populacional que ocorre dentro de um país, nãoalterando sua população total, provocando, no entanto, significativas mudançaseconômicas e sociais na áreas em que ocorre.

Migração inter-regional: É aquela onde a população se desloca de uma regiãopara outra, como por exemplo do nordeste para o sudeste .

Êxodo rural: é o movimento característico de deslocamento das populaçõesdas áreas rurais para as áreas urbanas e que pode ter seu conceito expandido parao deslocamento dos centros menos desenvolvidos para os centros maisdesenvolvidos.

Fatores que influenciam a migração:a) Existência de grandes latifúndios e portanto má distribuição do solo;b) Baixos salários pagos na zona rural;c) Escassez de emprego na zona rural;d) Baixa qualidade de vida nos meios rurais ou menos desenvolvidos;c) Atração às oportunidades dos centros urbanos e das metrópoles.Urbanização: É o processo de criação e de concentração de população em

determinado território, através da origem da cidade que cotidianamente aumenta em

Page 22: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

22

quantidade pela sua própria progressão interna de popu lação e pela recepção doêxodo rural.

O IDOSO

Conceito de idoso: Para efeito de estudos considera -se idosa (velha) apessoa acima de 60 (sessenta) anos.

Fundamentação legal do amparo ao idoso: Capítulo VII da ConstituiçãoFederal, artigos 229 e 230.

Importância da valorização do idoso: Os idosos têm garantidos os seusdireitos na CF e na Legislação ordinária; postula -se que isso não seria necessário,pois em uma sociedade em que almeja o desenvolvimento e valorização docrescimento individual dos seus int egrantes, estas questões devem estar naconsciência dos cidadãos. No Brasil o idoso é marginalizado e visto comoempecilho, ou seja, como uma pessoa que atrapalha a família, o trânsito, as filas, aaposentadoria dos demais. Na condição de mantenedores da O rdem Pública, cabeaos funcionários públicos essa conscientização de forma primeira e à efetivação deum tratamento diferenciado aos idosos.

A MULHER NA SOCIEDADE

A mulher na sociedade: A sociedade como um todo sempre tratou a mulhercomo um ser menor, pois nossa sociedade é patriarcal, ou seja, o homem sempreteve os poderes para tomar as decisões na família. Tal condição fez com que asmulheres achassem que era natural sua condição, pois estavam acostumadas comesta situação, porque cresciam em ambient es onde se achava correto que a mulherdeveria ser subserviente ao marido, casar virgem, tomar conta da casa e dascrianças. Com o passar dos tempos esta situação mudou um pouco, mas nasregiões onde há carência de cultura isto ainda ocorre com naturalidad e. E isto fazcom que muitas mulheres sofram diversos tipos de violência.

A violência contra a mulher ocorre de diversas maneiras, mas a principal é adiscriminação, discriminação esta que ultrapassa os limites da legislação e da ordemestabelecida, atingindo o trabalho e em sua própria casa.

No emprego:1. Através do salário: 23 milhões de mulheres trabalham, mas recebem 43%

menos que os salários dos homens, ou seja, enquanto a média de salário doshomens é de 4,9 salários mínimos, a média das mulheres é de 2,8 salários mínimos.

2. Através do assédio sexual: nos países industrializados de 15% a 20% dasmulheres empregadas já foram assediadas sexualmente e uma a cada doze tiveramque abandonar seu emprego por causa disto.

3. Nos cargos ocupados: em quase todas as empresas privadas ou estataisos cargos de direção são em sua maioria ocupadas por homens.

Em casa: Dentro de casa é o lugar que a mulher mais sofre violênciasobretudo nas classes de renda mais baixas da sociedade, principalmente asagressões sofridas pelo próprio marido que, devido sua condição biológica, agrideindiscriminadamente a mulher e esta prefere sofrer calada, pois nos distritos policiaisnão encontram solução para seus problemas, ao contrário muitas vezes sãohumilhadas e retornam para casa onde são vítimas de novas agressões econstrangimentos; se a solução é outra, sofrem o preconceito social contra suadecisão.

Com a dupla jornada: As mulheres, mesmo com todas as dificuldadesrelatadas, vêm conquistando seu espaço, principalmente com a tomada de

Page 23: MATÉRIA 06: SOCIOLOGIA - piritubanos.com.br · APOSTILA ATUALIZADA EM ABRIL DE 2009 PELO 1°TEN PM RODRIGUES ALVES DA ESSd. 2 SOCIOLOGIA ... Estabelecem para isso modos de vida mais

23

consciência de que não são minoria, o que as leva a se organizarem e com istopassaram a adquirir direitos e garantias que até bem pouco tempo não tinham, comodireito a votar e a ser votada, licença gestante, acesso a cargos relevantes nasempresas.

A situação e o papel da mulher na sociedade moderna está distante do ideal,todavia há um movimento crescente de conquistas que faz supor sua colocação emtermos igualitários aos homens na sociedade contemporâneo com o passar dotempo o que por sua vez traria um recrudescimento dos atos de violência,alarmantes até os dias atuais.

Papel da Polícia Feminina: No caso de violência contra a mulher, as policiaisfemininas são de vital importância, pois, em muitos casos, a única organizaçãocapaz de dar apoio para as vítimas é a Polícia Militar, e se forem mulheres,pressupões-se mais confiança às vítimas, já que enxergam com maior facilidade opapel e a posição da mulher na sociedade e são mais receptivas, portanto, aos seusanseios.

BIBLIOGRAFIA

PÉRSIO SANTOS DE OLIVEIRAINTRODUÇÃO À SOCIOLOGIAEDITORA ÁTICA - 4ª EDIÇÃO / 1991

MARIA CRISTINA CASTILHO COSTASOCIOLOGIA - INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DA SOCIOLOGIAEDITORA MODERNA - 2ª EDIÇÃO / 1998.

JOHM DREXEL“A CRIANÇA E A MISÉRIA”EDITORA MODERNA, 12ª Edição , SP, 1995.

GILBERTO DIMENSTEIN“O CIDADÃO DE PAPEL” EDITORA ÁTICA, 13ªEDIÇÃO, SP, 1.997.

NELSON PELLETE“SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO" EDITORA ÁTICA, 7ª EDIÇÃO, SP, 1989.

EVA MARIA LAKATOS e MARIA DE ANDRADE MARCONI“SOCIOLOGIA GERAL"EDITORA ATLAS, 7ª EDIÇÃO, SP, 1999